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O Movimento Estudantil teve papel fundamental na luta pela redemocratização

do país, mesmo durante o período de ditadura, com a extinção da legalidade do


movimento, os jovens permaneceram na luta pela democracia de forma
clandestina,

Em 1974, Ernesto Geisel assume o poder, sendo o penúltimo presidente militar


da época, além de bons resultados na economia, o presidente Geisel promoveu
as primeiras ações de abertura do regime militar, o que era chamado de “política
de distensão”. Tal política prometia uma abertura lenta e gradual, de forma
controlada, e teve como primeiro passo a suspensão parcial da censura.
Embalados por esta abertura política, o movimento estudantil foi o primeiro a
retomar as ruas, agora de forma “legal”, após anos de repressão da ditadura.

Contudo, as pautas principais defendidas pelo Movimento Estudantil iam além


da redemocratização do país e a aclamação por eleições diretas. O movimento
também lutava pelo ensino público, gratuito, e buscava sua própria legalização,
ora usurpada pelo regime militar, o que culminou com o 31º Congresso da UNE
(União Nacional dos Estudantes), realizado em Salvador, Bahia.

Segundo relatos retirados do site memóriasdaditadura.org.br/estudantes, o


congresso aconteceu em maio de 1079 e reuniu mais de 10 mil estudantes de
todos os cantos país. Entre as palavras de ordem, destacava-se gritos como
“Viva a UNE”, “a UNE somos nós, nossa força nossa voz”. Foi o congresso da
reconstrução, dentre as cinco chapas concorrentes venceu Rui Cesar Costa
Silva, da Universidade Federal da Bahia, que passou a ter missão de comandar
lutas contra o ensino pago, por mais verbas para a educação, a anistia, fomentar
a filiação de entidades de base (diretórios e centros acadêmicos), lutar por uma
Assembleia Constituinte, soberana e livremente eleita, e defender a Amazônia,
o que foi reconhecido como o início da consciência da preservação ambiental no
país.

Nos anos seguintes a UNE se reorganizou em todo país, reativou as unidades


estaduais, as UEEs, e os centros acadêmicos. Nesta época o movimento
estudantil estava totalmente mesclado com movimentos sociais e partidários,
com apoio a greves das classes operárias e professores o que resultou na
participação da criação do Partido dos Trabalhadores (PT).

Entretanto, foi neste momento em que o movimento estudantil perdeu seu


protagonismo, mesmo tendo sido o principal movimento até então, o que se viu
foi o domínio dos movimentos sindicais e sociais a partir daí. O movimento
estudantil, no entanto, não deixou de se mobilizar e esteve presente,
caminhando junto na luta a favor da anistia, direito das mulheres, ao lado dos
trabalhadores nas manifestações de 1º de maio entre outros, como documentado
por Gislene Edwiges de Lacerda, nos Anais do XXVI Simpósio Nacional de
História:

“Neste período, o ME [movimento estudantil] assumiu uma


característica de voltar-se para suas questões especificas,
buscando envolver os estudantes que passavam por um
momento de desmobilização. Esta desmobilização caracteriza
uma diminuição da participação dos estudantes nas ações
propostas pelo ME que muitas vezes ficaram esvaziadas. ”
(LACERDA, 2011, p. 15)

Diretas Já!

Foi um movimento cuja principal pauta era a realização de eleições diretas para
o cargo de presidente da república. A sociedade civil e principalmente as
militâncias sindicais e político-partidárias foram as protagonistas neste
movimento, no entanto o movimento estudantil também teve papel fundamental
e ajudou a lotar as manifestações. No fim do movimento mais de 1 milhão de
pessoas lotaram as ruas do Rio de Janeiro e São Paulo, o que resultou na
conquista por eleições diretas, tendo como resultado direto a eleição do primeiro
presidente civil pós regime militar do país, o senhor Tancredo Neves, que no
entanto, não assumiu o cargo devido ao seu falecimento, por doença, e quem
assumiu de fato foi o presidente José Sarney.

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