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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS


DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA
CURSO: LICENCIATURA EM HISTÓRIA
DISCIPLINA: HISTÓRIA E MEMÓRIA
PROF°: TALYTA MARJORIE
ALUNA: ANDRESSA ARYELLE FONTENELE ARAÚJO

Memória de cidade: lembranças paulistanas


Ecléa Bosi, 2003

Teresina/PI
2011
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RESENHA

BOSI, Ecléa. Memória de cidade: lembranças paulistanas. In: Revista Estudos


Avançados, v.17, n.47, São Paulo, jan./abr. 2003.

Baseando-se na memória de alguns velhos moradores da cidade de São Paulo,


a autora Ecléa Bosi, professora de Psicologia Social na USP, desenvolve um
capítulo onde destaca a importância de se escutar as lembranças das pessoas de
cada rua, cada bairro, defendendo que ali há uma fonte riquíssima de
informações.
O capítulo é subdividido em dois tópicos, onde ela aborda a questão da
memória como intermediário cultural e os caminhos familiares feitos por
habitantes de um mesmo bairro, utilizando uma linguagem clara e objetiva.
Introduzindo o assunto a autora já declara que a memória alarga os horizontes
da cultura de uma forma que faz crescer junto com ela o pesquisador e a
sociedade envolvida, visto que traz novas informações, novas visões sobre um
determinado fato. E falando sobre como tratar os relatos orais, ela adverte que
não basta apenas recolhe-los, deve-se fazer uma interpretação fiel, buscar o
significado por trás daquela biografia.
No primeiro tópico, “A memória como intermediário cultural”, ela aborda a
relação de cultura que a memória tem dentre as gerações, uma troca de pontos
de vista diversos, citando como exemplo a rivalidade entre comunistas e
integralistas. E também comenta sobre a importância da coletividade no sustento
da memória, que encontra sua dificuldade quando as testemunhas se dispersam,
nos deixando sem relatos para reafirmar as outras memórias.
Já em “Caminhos familiares”, segundo tópico do capítulo, a atenção é mais
direcionada aos bairros, cujos caminhos são comuns aos seus habitantes. Mas no
bairro a memória também encontra dificuldade, uma vez que se iniciou o
processo de urbanização pessoas são afastadas, lembranças são perdidas,
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memórias dispersadas pela mudança do espaço decorrente do tempo, ao que a


autora declara “recuperar a dimensão humana do espaço é um problema político
dos mais urgentes”.
Existem hoje vários livros que tratam de memória, pois embora tenha sido
abordado antigamente, o assunto vem ganhando maior repercussão nos dias
atuais. O texto de Ecléa Bosi é interessante porque atenta a duas características
centrais da memória: sua importância e suas dificuldades, o que deixa um leitor
iniciante no assunto mais claro sobre o que se trata.
É importante destacar a importância da coletividade para poder reafirmar os
depoimentos das pessoas, pois aqui se põe em questão a memória coletiva e
individual, porque nossas lembranças também são as lembranças de quem viveu
o momento conosco, e é importante ouvi-los também para confirmar a história.
Outro fato relevante é sobre a urbanização dos bairros, que afasta pessoas, que
modifica os locais, o que é uma grande dificuldade para pesquisadores que
trabalham com a memória, pois as testemunhas se dispersam, se distanciam. E
como levar as pessoas a lembrar de um local que já é completamente diferente?
Como a autora destaca, recuperar a “humanidade” que há no espaço é um
problema que deve ser tido como urgente.
“Memória de cidade: lembranças paulistanas” é ideal para o graduando que está
iniciando no campo da pesquisa, pois fica a par das importâncias e dificuldades
dos relatos orais, auxiliando numa maior compreensão do assunto.
Ecléa Bosi é autora de Memória e sociedade, publicado pela Companhia das
Letras em 2002, pouco antes da obra a qual abordamos um capítulo, O tempo
vivo da memória: ensaios de Psicologia Social, Ateliê, 2003.

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