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A Lenda das Treze Matriarcas ou Mães de Clãs Originais

I. Introdução

Durante uma viagem aos Estados Unidos em 1994, Mirella Faur entrou em
contato com Jamie Sans, autora dos livros Cartas Xamânicas, As Cartas do
Caminho Sagrado e The Thirteen Original Clan Mothers, ainda não traduzido para
o português. Encantada com os ensinamentos encontrados neste último livro,
Mirella começou a colocar em prática a tradição nativa das Mães de Clãs nos
rituais que fazia com mulheres em Brasília.
A história das 13 Matriarcas ou Mães dos Clãs Originais é um mito de
criação que representa o princípio feminino. Ela foi transmitida para Jamie Sans
por duas centenárias avós Kiowa no início dos anos 70, quando ela tinha então 22
anos. Cissi “Corvo Risonho” e Berta “Arco Partido” saíram ainda crianças dos EUA
para o México, no séc. XIX, na época da chamada “Trilha das Lágrimas”, quando
os nativos americanos tiveram que deixar suas terras no leste para viver nas
reservas indígenas criadas no oeste pelo governo americano. Muitas famílias,
como as de Berta e Cissi, se recusaram a viver nesses territórios impostos e
preferiram a liberdade nas montanhas do México. As tradições que sobreviveram
por causa da resistência dessas pessoas em perder sua conexão com a Mãe
Terra são a base destas histórias. Cada uma das Matriarcas reflete um aspecto da
sabedoria feminina e juntas elas formam o Círculo de Mulheres Sábias, cuja
missão é trazer o equilíbrio perdido de volta à humanidade e ao planeta Terra.

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II. O Conselho da Casa da Tartaruga

Conta-se que há milhares e milhares de anos a Terra era o próprio paraíso.


Os humanos viviam em paz e equilíbrio com todos os outros seres da criação, o
alimento era abundante, havia respeito entre homens e mulheres e entre os
diferentes povos. Porém, mesmo vivendo em plena harmonia, surgiu, não se sabe
de onde, uma pequena semente de ganância que se plantou nas mentes e
corações da tribo humana. Essa semente germinou a medida em que os homens
começaram a tirar o ouro do ventre da terra, pois eles acreditavam que fosse a
própria luz do Pai Sol materializada e que quem possuísse mais dessa luz teria
mais poder e reinaria sobre os outros. O desejo de poder e de dominação
apoderou-se dos humanos. Não mais havia harmonia entre as cinco raças. Atos
de violência começaram a proliferar, uns contra os outros, contra os animais,
queimavam-se árvores, florestas inteiras, envenenavam-se as águas, até que a
Terra foi completamente destruída, consumida pelo fogo. Mas essa destruição
trouxe também purificação e, para que uma nova humanidade pudesse renascer e
recuperar o equilíbrio perdido, a Mãe Terra concedeu o amor, o perdão e a
compaixão, resguardados nos corações das mulheres.
Assim, durante o ciclo de um ano, 13 aspectos da totalidade da sabedoria
da Mãe Terra foram trazidos para o mundo visível com a ajuda da Avó Lua. A
cada lua cheia, a luz prateada da Avó Lua tecia seus fios e materializava uma
mulher, uma Mãe do Clã. Cada uma delas detinha um conhecimento particular,
um ensinamento especial para ser transmitido aos filhos e filhas da Terra. Elas
criaram uma irmandade que trabalhou com a mais pura dedicação para devolver
às mulheres a força do amor e o bálsamo da compaixão. A Casa da Tartaruga,
como foi chamado o conselho das Mães dos Clãs, compartilhava sua sabedoria
para a cura da Terra, da alma das mulheres e para o restabelecimento do
equilíbrio entre todos os seres.
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O treze é o número da transformação e das lunações ao longo de um giro


da Mãe Terra ao redor do Vovô Sol.
Depois de cumprirem sua missão, elas voltaram para o ventre da Mãe
Terra. Deixaram registrada toda sua sabedoria em 13 crânios de cristal de quartzo
que foram guardados em locais sagrados de diversos pontos do mundo.

III. As 13 Matriarcas ou Mães de Clãs Originais e as Lunações

LUNAÇÃO MÊS ENSINAMENTO QUALIDADES COR

Guardiã das necessidades da


Terra. Ela nos mostra o
parentesco entre todos os seres
da criação, nos ensina a Cor laranja, que
Aquela que ensina
respeitar o ritmo e o espaço representa eterna
a verdade e fala
Primeira Janeiro sagrado de cada manifestação chama do amor
com todos os seres.
de vida e a ter cuidado conosco existente em toda a
Mãe da Natureza.
e com a Mãe Terra. Ela é a criação.
conexão entre todas as formas
de vida.
Palavra-chave: Pertencimento.

“A Guardiã da Sabedoria”, é
protetora de todas as Tradições
Sagradas e da Memória. Ela
Cor cinza, que
tem uma grande conexão como
representa
Povo das Pedras, pois esses
imparcialidade,
têm registrado todas as
Aquela que honra a amizade e a
experiências já vividas pela Mãe
verdade e guarda aceitação da
Segunda Fevereiro Terra. Ela nos ensina a honrar a
os conhecimentos presença e verdade
Verdade em todos os Sagrados
antigos. alheia, sem querer
Pontos de Vista. Em sua
Mãe da Sabedoria. impor nossos próprios
sabedoria, compreende que
pontos de vista,
existe verdade em todas as
valores e conceitos.
formas de vida.
Palavra chave:
TOLERÂNCIA
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“A Que Pesa a Verdade”, a


Guardiã da justiça que ensina
os princípios da Lei Divina, o
Cor marrom, que
Aquela que avalia a equilíbrio, a lei de ação e
representa o solo fértil
verdade e ensina as reação, a aceitação da verdade
Terceira Março da Mãe Terra e a
leis divinas. e o reconhecimento da nossa
conexão da Terra
Mãe da Verdade. força e fraqueza, focalizando as
com as leis divinas.
qualidades e possibilidades para
expandir a nossa essência.
Palavra chave: COMPAIXÃO

“A Que Vê Longe”, a Guardiã


das Profecias. É a que guia os
espíritos durante os sonhos e as
viagens astrais e ensina como
compreender os símbolos das
Aquela que vê a Cores pastéis, que
visões e os sinais que a vida
verdade em tudo e representam a
Quarta Abril apresenta. Ajuda o buscador a
enxerga longe. projeção da verdade
desenvolver a visão interna e
Mãe das Visões. em todos os matizes.
avaliar as oportunidades e
opções através da intuição.
Embarcar na viagem interior,
superar o medo pela confiança.
Palavra chave: CONFIANÇA NA
INTUIÇÃO

“Aquela Que Ouve”, a Guardiã


do Silêncio nos ensina como
silenciar para ouvir as
mensagens da natureza, dos
Cor preta, que
Aquela que ouve a espíritos, dos Mestres, dos
representa a busca
verdade e escuta as homens, dos nossos corações,
Quinta Maio de respostas e o
mensagens. do Criador. Precisamos ouvir os
silêncio necessário
Mãe da Quietude. pontos de vista de todos para
para encontrá-las.
aprender e progredir,
discernindo a verdade das
mentiras criadas como defesas.
Palavra-chave: SILÊNCIO
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“A Contadora de Histórias”,
ensina a falar sempre com o
coração, dizer a verdade, mas
com amor e sem incluir nossas
Cor vermelha, a cor
Aquela que fala a projeções pessoais e os
do sangue, que
verdade e conta julgamentos a priori. Usar o
Sexta Junho contém no DNA a
histórias que curam. humor para afastar os medos,
sabedoria do legado
Mãe da Fala. equilibrar o sagrado com o
ancestral.
profano, preservar a sabedoria
dos ancestrais e a tradição oral.
Palavra-chave: PODER DA
PALAVRA

“Aquela Que Ama Todos”


Cor amarela (Avô
ensina a compaixão e o amor
Sol). ama todos os
em todas as manifestações da
filhos igualmente,
vida (nosso corpo, nossos
Aquela que ama a sem julgar seus
prazeres, respirar, comer,
verdade em todas comportamentos e
andar, brincar, trabalhar, amar,
Sétima Julho as manifestações permitindo que eles
dançar). É a Guardiã do Amor
da vida. passem pelas lições
Incondicional, alerta para não
Mãe do Amor. da vida arcando com
julgar nossos semelhantes e
as consequências dos
amar o Self sem
seus erros ou
Restrições. Palavra-chave:
escolhas prejudiciais.
DESAPEGO

“A Que Cura” é a Protetora dos


Mistérios da Vida e da Morte.
Ensina as artes de curar e
Aquela que serve à Cor azul, que
conhecimento sobre os ciclos da
verdade e cura os representa intuição,
Oitava Agosto natureza, cura as feridas do
filhos da Terra. verdade, harmonia,
corpo e da alma. Rege os
Mãe da Intuição. água e emoções.
momentos de passagem do
nascimento à morte.
Palavra-chave: AUTO CURA
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“A Mulher Por do Sol”, a


Guardiã das Gerações Futuras
e dos Sonhos, rege a direção
Aquela que ensina Oeste, lugar do princípio
como viver a feminino. Ela ensina como olhar Cor verde, que
Nona Setembro
verdade. para dentro de si e encontrar a representa a verdade.
Mãe da Vontade. verdade pessoal, a encarar o
futuro sem medo e manifestar
os sonhos na Terra.
Palavra-chave: FUTURO

“A Que Tece a Teia” é a


Guardiã da Força Criativa. Ela
ensina como expressar nossa
criatividade, desenvolver nossas
habilidades e materializar
nossos sonhos e idéias,
Aquela que ensina
destruindo as limitações e
como trabalhar com
Décima Outubro saindo da estagnação. Para Cor de rosa.
a verdade. Mãe da
materializar nossos sonhos
Criatividade.
devemos ter o desejo de criar,
decidir fazê-lo e tomar as
medidas necessárias para usar
a força vital.
Palava-chave: AUTO
EXPRESSÃO

“A Que Anda Ereta”, a Guardiã


da Liderança, a Mãe da
Inovação e da Perseverança.
Ensina A termos orgulho das
Cor branco, do uso
Aquela que nossas realizações, afirmar
adequado da vontade
caminha com nossa auto-estima, criar nossa
Décima e autoridade e o lema
Novembro verdade, altivez e reputação pela nossa
primeira é walk you talk
firmeza. integridade e conhecimento.
(pratique aquilo que
Mãe da Beleza. Traz novas idéias aos caminhos
fala).
e verdades dos ancestrais. É a
criadora da tradição da Tenda
da Lua.
Palavra-chave: AUTO ESTIMA
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“A Que Dá Graças” é a Guardiã


da Abundância. Ela ensina a
agradecer por tudo que
recebemos da vida, abrindo
espaço para a futura
abundância. Através de testes e
lições progredimos na nossa
Aquela que louva a
senda, não importa quais os
Décima verdade e ensina a
Dezembro desafios e as dificuldades, Cor púrpura
segunda gratidão. Mãe da
devemos agradecer por estas
Coragem.
oportunidades que nos
permitem desenvolver a nossa
força interior. Ela nos mostra o
valor do dar e receber e a
celebrar a vida e louvar as
bênçãos.
Palavra-chave: GRATIDÃO

A Que Se Torna a Visão”, é a


Guardiã dos Ciclos de
Transformação, a Mãe da
Mudança. Ela é a síntese das
qualidades das outras 12 Mães,
mais do que a soma de todas
Cor cristalina e
Aquela que se torna elas, é aquela que realiza sua
luminosa, como os
Décima a visão e ensina a Orenda (missão espiritual) e cria
Lua azul raios lunares e o
terceira mudança. Mãe da um Sistema de Saber. Ela
brilho dos crânios de
Transformação. ensina como passar através das
cristal.
lições e mudanças para evoluir
espiritualmente, sem nos deixar
desviar pelas ilusões, buscando
sempre a realização da
essência do Ser.
Palavra chave: REALIZAÇÃO

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IV. Meditação para entrar em contato com a Matriarca de qualquer lunação

Transporte-se mentalmente para uma planície longínqua. Ande devagar por entre
os arbustos e diferente tipos de cactos, nascendo do chão pedregoso. O ar está
calmo, o silêncio quebrado apenas pelo canto de alguns pássaros. Veja o Sol se
pondo, colorindo o céu nos mais variados tons de dourado e púrpura.
No meio dos arbustos você enxerga uma construção rudimentar de adobe, meio
enterrada no chão, lembrando o casco de uma tartaruga. Ao redor, há um círculo
de treze índias, algumas idosas, outras jovens, vestidas com roupas e xales
coloridos e enfeitadas com colares e pulseiras de prata, turquesa e coral. A mais
idosa bate um tambor, as outras cantarolam uma canção que lhe parece familiar.
Uma delas lhe faz sinal para que você se aproxime e você a segue
respeitosamente.
Sabendo que chegou à Casa do Conselho, onde receberá apoio e orientação,
você entra na estranha construção de teto, por uma abertura, descendo por uma
escada rústica de madeira. Ao descer a escada, você se percebe dentro de uma
"Kiva", a câmara sagrada de iniciação dos povos nativos. As paredes estão
decoradas com treze escudos, cada um ornado de maneira diferente, com penas,
símbolos, conchas e fitas coloridas. O chão de terra batida está coberto de ervas
cheirosas e algumas esteiras de palha trançada. No fundo da "Kiva", você vê duas
pequenas fogueiras, cuja fumaça sai por duas aberturas no teto. Esses "fogos
cerimoniais" representam os dois mundos - o material e o espiritual - e as
aberturas representam os canais ou "antenas " que permitem a percepção dos
planos sutis. A fumaça representa o caminho pelo qual os pedidos de auxílio e as
preces são encaminhados para o Grande Espírito.
No centro, perto de um caldeirão, está sentada a Matriarca que você veio
procurar. Ajoelhe-se e exponha-lhe seu problema. Ouça, então, sua orientação
sábia ecoando em sua mente. Peça, em seguida, que ela toque seu peito,
acendendo assim o terceiro fogo, a chama amorosa de seu próprio coração. Sinta
o calor de sua benção curando antigas feridas e dissolvendo todas as dores,
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enquanto a chama lhe devolve a coragem, a força, a fé e a esperança. Agradeça à


Matriarca pela dádiva que lhe devolveu seu dom inato e comprometa-se a
restabelecer os vínculos com a Irmandade das mulheres, lembrando e revivendo a
sabedoria ancestral.

Despeça-se e volte pelo mesmo caminho, tendo adquirido uma nova consciência e
a certeza de que jamais estará só, pois a Matriarca da Lunação de seu
nascimento a apoiará e guiará sempre.

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Compreender a Medicina de cada uma das Matriarcas e usá-las como modelo nos
ajuda a desenvolver os nossos talentos e dons pessoais.

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