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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Departamento de Engenharia de Construção Civil

Capítulo 1

ANÁLISE QUÍMICA DOS LIGANTES


FUNDAMENTOS E CÁLCULO DE RECONSTITUIÇÃO DA COMPOSIÇÃO1

1 Fundamentos da Análise Química

A Química como Ciência Experimental faz uso do laboratório para verificação de


suas leis e princípios, sendo a química analítica indispensável para o conhecimento das
bases químicas e físico-químicas desta ciência. Os métodos de ensaio químico, do campo
da química analítica, estão alicerçados nas leis ponderais das combinações químicas de
Lavoisier, Proust, Dalton e Richter2, nas leis volumétricas estabelecidas por Gay Lussac e
na Teoria Atômica de Dalton, aplicados quando se visa o conhecimento da natureza ou
composição dos materiais, às quais estão associadas as suas propriedades e desempenho
em uso.

A Química Analítica está fundamentada também no conhecimento das


características específicas das espécies químicas presentes no material, a partir das quais
se definem os vários métodos analíticos, qualitativos ou quantitativos, que são sequências
de procedimentos laboratoriais visando a sua identificação e quantificação.

Por definição, a análise é a decomposição do todo em suas partes. A


análise química tanto de uma mistura, quanto de uma espécie
química, é a sua decomposição em seus constituintes.

1 Em colaboração com o Dr. Valdecir Angelo Quarcioni - Laboratório de Materiais de Construção Civil –
Área de Química, Centro de Tecnologia de Obras de Infra-Estrutura-CT-Obras, Instituto de Pesquisas
Tecnológicas – IPT. Revisão em 2018: Prof. Antonio Carlos Vieira Coelho – PMT – EPUSP

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A análise é qualitativa quando se identificam os elementos ou os cátions e ânions
constituintes, e é quantitativa quando se dosam os seus teores individuais, em ambos os
casos por meio de reações características a cada elemento ou íon. Ao analisar uma
amostra desconhecida, o químico é levado a identificar previamente a natureza dos seus
constituintes, lançando mão de determinações qualitativas que permitirão orientar o
procedimento a ser seguido.

Por exemplo, é possível identificar o sulfeto, presente em escória de


alto forno e seus derivados, pelo odor característico que este exala
quando reage com ácido clorídrico, ao dar origem ao gás sulfídrico
(H2S). Trata-se de uma reação química específica, seletiva, que
permite ao químico analista assegurar a presença de sulfeto na
amostra a analisar.
Outro exemplo, a presença de cloreto numa argamassa tratada com
ácido nítrico pode ser comprovada qualitativamente pela adição de
nitrato de prata. A formação de turbidez esbranquiçada na solução
teste permite confirmar a presença de cloreto em teores muito
baixos. Em maior teor dará origem a um precipitado branco de
cloreto de prata, que escurece quando exposto à luz.

Existem outros métodos de análise qualitativa tais como alguns métodos


espectroscópicos e a fluorescência de raios X3, cada um com equipamento específico. O
resultado é uma indicação dos elementos presentes, detalhados segundo seja o teor
predominante, baixo, ou da ordem de traços, assim denominados por ser uma avaliação
comparativa.

Uma vez identificados os constituintes de uma amostra, o analista parte então para
a quantificação de todos, ou de determinados constituintes. Estas determinações
pertencem ao campo da análise quantitativa, existindo uma variedade de técnicas
analíticas disponíveis.

A análise quantitativa adota como princípio básico a dosagem de cada constituinte,


espécie química a espécie química e, em seguida, a sua reconstituição por cálculo. Às
vezes ela é exata, às vezes requer que sejam admitidas hipóteses, nem sempre reais,
permitindo um resultado aproximado, mas válido para a finalidade desejada.

Dos métodos empregados para a análise quantitativa, existem os denominados


métodos clássicos, por terem sido os primeiros adotados e que permanecem ainda como
métodos de referência para aferir outros mais modernos. Todos os métodos ao serem
concebidos são testados quanto à repetitividade, reprodutibilidade e exatidão.

3A técnica de fluorescência de raios X, se adequadamente apoiada por curvas de calibração construídas a


partir de padrões confiáveis, pode permitir a obtenção de resultados semi-quantitativos (ou até mesmo
quantitativos).

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Repetitividade (também chamada repetibilidade) é a variação de uma medida em função
do dispositivo de medição. Ela é analisada quando o mesmo operador realiza a mesma
medida várias vezes, usando o mesmo medidor, sob as mesmas condições.

EXEMPLO: Um operador mede uma única peça


com o medidor A vinte vezes e, depois, mede a
mesma peça vinte vezes com o medidor B.

A linha sólida representa o conjunto de medições


do medidor A. A linha pontilhada representa o
conjunto de medições do medidor B.

O medidor A tem menor variação, por isso é mais


do repetitível do que o medidor B4.

Reprodutibilidade é a variação devida ao sistema de medição. Ela é analisada quando


diferentes operadores realizam a mesma peça várias vezes, usando o mesmo medidor,
sob as mesmas condições

EXEMPLO: Três operadores medem a mesma peça


vinte vezes com o mesmo medidor.
As três linhas são as medições dos operadores 1, 2 e
3. A variação nas medições médias entre os
operadores 1 e 2 é bem menor do que a variação
entre os operadores 1 e 3.
Portanto, a reprodutibilidade do medidor é baixa.

Outro ponto importante é que cada método tem o seu limite de detecção, o que
orienta a seleção do mais adequado para cada elemento ou íon a dosar.

Sendo os métodos clássicos realizados por via úmida, isto é, em solução aquosa,
duas questões devem ser resolvidas. A primeira é a dissolução da amostra, para que os
constituintes, uma vez separados na forma de íons, possam ser dosados pelos métodos
selecionados. A segunda é, existindo vários íons em solução, como dosar cada um para
que não haja interferência dos íons restantes. Existem métodos que dosam um só íon, ou
grupos de íons. Ou ainda, é possível a dosagem em sucessão, na mesma solução,
separando-os um a um, numa sequência de diferentes reações.

4 Esse conceito está relacionado com o conceito de PRECISÃO – o medidor A é capaz de fornecer
resultados mais precisos do que os que podem ser obtidos com o uso do medidor B.

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Outra questão que também se coloca é a finalidade da análise química, ou seja, o
nível de reconstituição da composição que se deseja obter. Os ligantes minerais, por
exemplo, são constituídos de espécies químicas reativas, isto é, efetivamente ligantes, e as
inertes, que podem ser consideradas como impurezas, cujos teores é importante
conhecer-se. Sendo assim, a análise química é essencial no controle da qualidade dos
ligantes.

As operações básicas de laboratório envolvidas na análise de ligantes e seus


produtos – as argamassas e concretos – são:
 amostragem adequada de modo a garantir que a amostra encaminhada ao
laboratório seja representativa do material em estudo (um lote de ligante, um
revestimento em argamassa, uma estrutura em concreto);
 ataque ou solubilização da amostra com um reagente em solução aquosa
selecionado;
 separação da fração insolúvel por filtração; determinação por secagem e pesagem;
 análise da fração solúvel, isto é, dos íons presentes, um a um, por gravimetria,
titrimetria, complexometria, espectrofotometria de absorção atômica, etc.;
 determinação da fração volátil da amostra por aquecimento a uma temperatura
selecionada. Em geral, a temperatura é de 1000 °C. Qualquer temperatura diferente

1.1 Expressão dos resultados

Os resultados dos teores das espécies químicas dosadas, independente do método


empregado, são expressos em óxidos. Sendo inorgânicos, são desmembrados em óxidos
básicos (formadores dos cátions) e óxidos ácidos (formadores dos ânions). Como o que se
visa é a análise completa, os resultados são expressos em porcentagem.

Para espécies químicas em baixa concentração o resultado é expresso em ppm, ou


seja, partes por milhão, equivalendo a mg/kg para materiais sólidos, ou em mg/L para
materiais líquidos. Quando a determinação não é quantitativa mas a espécie química foi
identificada qualitativamente, o resultado é dado como traços. Quando o ensaio
qualitativo não indicou a presença da espécie química pesquisada, é comum encontrar-se
a expressão latina nihil (nada), ou a indicação n.e., ou seja, não encontrado. É possível
também que alguma espécie química comumente dosada no material, em uma dada
análise não tenha sido dosada: nesse caso, indica-se n.d., ou seja, não determinado.

Os resultados em tabelas são indicados em linhas separadas por traços fortes e


ressaltado o total para um grupo de determinações. Deve-se entender que os resultados
restantes, apresentados em separado, de alguma forma, podem estar incluídos nesse
total. Por exemplo, a perda ao fogo engloba água livre, água combinada e anidrido
carbônico. Este valor estará incluído no total, enquanto as outras determinações são

4
dadas separadamente. Quando a umidade ou água livre não estão indicadas na tabela,
entende-se que a análise química foi feita sobre o material seco. Em nota da tabela de
resultados devem estar indicados o teor encontrado e a temperatura em que foi feita a
determinação.

1.2 Reconstituição da composição


As relações entre os óxidos seguem a lei de Dalton5 ou das proporções múltiplas. Ao
escrevermos que uma espécie química reage com outra em proporções relativas às suas
massas moleculares, estamos aplicando esta lei. Exemplo: para cada mol de CaO, para
formar o hidróxido de cálcio [ Ca(OH)2 ] reage 1 mol de H2O, ou 1 mol de CO2 para formar
o carbonato de cálcio [ CaCO3 ]. Neste caso, não existe a multiplicidade. Mas, se nos
referirmos à dolomita [ Ca,Mg(CO3)2 ], veremos que há multiplicidade, pois 1mol de CO2
está ligado a 1mol de CaO, e 1mol de CO2 está ligado a 1mol de MgO, ou seja, na
composição da dolomita a proporção é: 1CaO.1MgO.2CO2.

Para qualquer conjunto de resultados pode-se aplicar o mesmo raciocínio,


lembrando-se sempre:
a) da fórmula molecular de origem da espécie química analisada;
b) da reação segundo a qual ela foi desmembrada nos seus óxidos.

Com base nos resultados da análise química, a partir de hipóteses e admissões,


calculam-se estequiometricamente os teores das espécies químicas presentes na amostra.
As hipóteses formuladas representam um critério de raciocínio que é o do conhecimento
do processo de produção de cada material, suas matérias-primas e impurezas.

O que a análise química pode não dar é a composição exata de cada material. No
entanto, podem ser feitas aproximações para cada caso, como nos exemplos que serão
citados (cal virgem e hidratada, gesso de construção e os cimentos). Em cada caso existem
aproximações a serem feitas e que merecem discussão detalhada. Os ligantes são
constituídos de mais de uma espécie química e os resultados selecionados exemplificam
várias situações. Não se pode negar que o cálculo é aproximado, mas é um recurso
importante para a análise quantitativa do material.

Segundo as espécies químicas presentes, os ligantes, argamassas, concretos, e


materiais em geral podem ser classificados como:
 silicosos: areias quartzosas, sílica ativa, cinza de casca de arroz, refratário de sílica;

5 “Sempre que dois elementos combinam-se para formar mais de um composto, as massas de um dos
elementos que combinam com uma dada massa do outro (mantido fixo) são múltiplos simples” (Quagliano e
Vallarino, 1979).

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 sílico-aluminosos: britas, argilas, pozolana natural, cinza volante, metacaulinita,
refratários sílico-aluminosos e materiais cerâmicos;
 aluminosos: cimento aluminoso, bauxita, refratários aluminosos;
 sílico-alumino-cálcicos: cimentos Portland, escórias;
 carbonáticos: calcários e dolomitos;
 sulfáticos: gipso e gesso de construção;
 óxidos: cal virgem;
 hidróxidos: cal hidratada.

1.3 Amostragem

Considerando que os resultados obtidos para determinados constituintes de uma


dada amostra formam a base de avaliação de uma quantidade muito grande de material
do qual foi extraída, é absolutamente essencial ter-se a certeza de que a amostra utilizada
para análise é verdadeiramente representativa do todo. Quando se trata de um líquido
homogêneo, a amostragem apresenta poucos problemas, mas se o material em questão é
uma mistura sólida e heterogênea será necessário combinar várias porções, a fim de
poder-se garantir que uma amostra selecionada para análise do lote em estudo. O analista
deve, portanto, estar a par dos processos padronizados de amostragem empregados para
os diferentes materiais (BASSETT e DENNEY, 1981).

A amostra enviada para o laboratório, em geral, tem massa entre 100 g e 500 g. Ela
deve ser homogeneizada e quarteada, recolhendo-se num frasco de vidro uma porção
entre 50 g e 100 g, que será utilizada para análise química. Os materiais, tanto a amostra
que for analisada, quanto a quantidade que restar como testemunha, deverão ser
mantidos em condições de armazenamento que não os adulterem (é inconveniente, por
exemplo, que eles sejam mantidos em um ambiente excessivamente quente).

Como prática comum, duas amostras são ensaiadas simultaneamente pelo mesmo
procedimento, tomando-se como resultado final a média aritmética dos resultados dos
ensaios de amostras distintas.

1.4 Soluções reagentes empregadas em Análise Química

São soluções de sólidos em líquidos, onde o líquido é denominado solvente, e o


sólido, soluto. Em todas as dissoluções a quantidade de soluto a ser dissolvida varia com a
temperatura. A solução que contém a quantidade máxima de reagente, ou soluto, que
pode ser dissolvida a uma dada temperatura, é dita solução saturada. Aquela que contém
quantidade menor do que a máxima é insaturada. À quantidade de reagente (dada em
gramas ou número de moles ou porcentagem) dissolvida por litro de solução denomina-se
concentração.

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Uma vez que a dosagem de um cátion ou ânion baseia-se na reação quantitativa
com o reagente, a sua concentração vai depender da concentração do íon a ser dosado na
amostra. Assim, para a precipitação ou insolubilização do íon cálcio presente na fração
solúvel de um cimento Portland, no qual ele está em teor ao redor de 60 %, utiliza-se uma
solução saturada de oxalato de amônio [ (NH4)2C2O4 ], e na precipitação do magnésio, cujo
teor está abaixo de 5%, emprega-se fosfato de amônio [ (NH4)2HPO4 ], a 20% ou 200
gramas por litro, que é uma solução insaturada.

1.5 Dissolução ou ataque da amostra

É talvez a mais importante das operações analíticas e tem a finalidade de separar as


espécies insolúveis das solúveis. A amostra deve estar adequadamente moída antes de ser
tratada com o reagente químico, porque o aumento da superfície de contato da amostra
facilita a dissolução. Do ataque adequado da amostra depende o bom andamento da
análise.

A dissolução é favorecida pela temperatura e por um excesso de solvente. A


temperatura, além de aumentar a solubilidade, para a ampla maioria das espécies
químicas, aumenta a velocidade das reações e, neste caso, a velocidade de dissolução
(BASSETT e DENNEY, 1981).

Para a execução da análise química por via úmida, como o próprio nome já indica, o
material ou parte dele encontra-se em solução. Os solventes comumente empregados
são:
 água pura (destilada ou deionizada);
 ácido clorídrico;
 ácido nítrico, e
 água régia (mistura de 1 parte de ácido nítrico e 3 partes de ácido clorídrico).

O solvente universal é a água pura. Após pulverização e homogeneização cuidadosa


da amostra, esta é tratada com água, primeiramente à temperatura ambiente e, se
necessário, a quente. Esta solubilização é particularmente empregada para extrair de uma
argamassa, por exemplo, sais incorporados dos meios ambiente, marinho ou poluente,
acumulado na forma de eflorescência ou por reação com compostos da argamassa dando
origem a novas espécies químicas, deletérias.

Quando a dissolução da amostra não é completa em água recorre-se a ácidos


diluídos (nítrico e clorídrico), a frio ou a quente. Se necessário, empregam-se estes ácidos
concentrados, o que deve ser evitado, pela periculosidade do seu manuseio. Utiliza-se
ácido nítrico somente quando não se consegue a solubilização em ácido clorídrico, porque
o nítrico, por suas propriedades oxidantes, causa inconveniências à análise química,
oxidando espécies químicas e induzindo erros. O sulfeto, por exemplo, pode ser oxidado a
enxofre, insolúvel em meio aquoso.

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2 Técnicas Empregadas

2.1 Gravimetria

Como o próprio nome diz, é uma determinação de massa onde o cátion ou o ânion é
precipitado da solução em que está sendo dissolvido, em forma tão pouco solúvel que não
ocorra perda apreciável durante a filtração. Todos os precipitados são secos ou calcinados
a fim de se eliminar qualquer remanescente volátil junto ao precipitado. Frequentemente,
o constituinte a ser estimado é pesado sob uma forma diferente daquela em que é
precipitado. Por exemplo, na determinação do magnésio em argamassas, o mesmo é
precipitado sob a forma de fosfato de magnésio e amônio [Mg(NH4)PO4.6H2O], mas é
pesado sob a forma de pirofosfato de magnésio [Mg2P2O7], após calcinação.

Os fatores que determinam uma análise por precipitação com sucesso são:
 o precipitado deve ser tão insolúvel que não ocorra perda apreciável quando for
recolhido por filtração; neste caso, além da correta escolha do reagente químico, ou
agente precipitante, estão envolvidos aspectos importantes de técnicas e cuidados
que devem ser tomados para uma precipitação adequada;
 a natureza física do precipitado deve ser tal que ele seja prontamente separado da
solução por filtração e possa ser lavado até ficar livre de impurezas solúveis que, se
permanecerem, alterarão a massa da amostra calcinada, conferindo erro de análise.
Portanto, as dimensões das partículas devem ser adequadas para que não passem
através do meio filtrante, nem ser afetada, ou pelo menos diminuídas, no processo
de filtração;
 o precipitado deve ser convertido em uma espécie química pura de composição
química definida, por secagem, calcinação ou por tratamento com um reagente
evaporável ao aquecimento.

Independentemente do composto em que o íon é precipitado, o resultado é sempre


expresso em porcentagem do óxido do elemento dosado.

Retém-se que a grande vantagem da análise gravimétrica sobre a titrimétrica é que


o constituinte é isolado e pode ser examinado para outras determinações. Por exemplo: o
teor de material pozolânico do cimento pozolânico é determinado como resíduo insolúvel
em ácido clorídrico; uma vez separado pode ser submetido à análise química ou ao ensaio
Chapelle.

2.1.1 Filtração

A filtração é uma etapa essencial de um método gravimétrico, onde o precipitado


deve ser separado do meio em que se encontra, seco em estufa, geralmente a 100oC ou
outra temperatura em casos específicos, e calcinado (queima a temperatura elevada, em

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geral a 800oC ou 1000oC, dependendo do caso). A filtração deve ser quantitativa, isto é,
todo o resíduo deve ficar retido no meio filtrante.

O instrumento mais simples é o funil com papel filtro. O funil deve ter um ângulo tão
próximo de 60o quanto possível e uma haste longa (15 cm) para efetuar a filtração
rapidamente.

Papéis de filtro são feitos com porosidades diversas, e deve-se escolher a que seja
apropriada ao tipo de material a ser filtrado. Por exemplo, na filtração de precipitado de
R2O3 que contém ferro e alumínio na forma de hidróxidos, em forma gelatinosa, emprega-
se um papel filtro com porosidade média. Já na filtração do óxido de magnésio emprega-
se um papel filtro de textura fina por tratar-se de um resíduo fino.

No processo de separação por filtração é fundamental que as condições


operacionais sejam favoráveis e que sejam controladas. Por exemplo, temperaturas
elevadas da amostra e das águas de lavagem podem dissolver parte do precipitado
durante a filtração.

Observa-se também a partir da descrição que acaba de ser feita que o tempo
implicado no conjunto de operações (precipitação, digestão do precipitado, filtração,
lavagem do precipitado, secagem e calcinação) é normalmente elevado.

2.2 Titrimetria

O termo análise titrimétrica, anteriormente denominado análise volumétrica, aplica-


se à análise quantitativa com a determinação do volume de uma solução cuja
concentração é exatamente conhecida, requerido para reagir quantitativamente com a
solução da espécie química a ser determinada. A solução cuja concentração é conhecida
com exatidão é chamada de solução padrão. A massa da espécie química a ser
determinada é calculada a partir do volume consumido da solução padrão, aplicando-se as
leis da estequiometria.6

A solução padrão é usualmente adicionada com uma bureta graduada e aferida. O


procedimento da adição da solução padrão até que a reação esteja completa é chamado
de titulação, e a espécie a ser determinada é a titulada. O justo ponto em que ocorre o
término da titulação chama-se ponto de equivalência ou ponto final teórico (ou
estequiométrico). O ponto final da titulação deve ser identificado, via de regra, por
alguma mudança infalível ao olho, produzida pela própria espécie química padrão ou por
um indicador adicionado.

Na determinação do cálcio em ligantes, a solução padrão utilizada é o


permanganato de potássio; o ponto final da titulação é identificado

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Estequiometria é a parte da Química em que se investigam as proporções dos elementos que se combinam
ou dos compostos que reagem. Está fundamentada nas leis das combinações.

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pela permanência da coloração violeta na solução, coloração
característica do permanganato de potássio, sinalizando a existência
de excesso de reagente, isto é, que a reação com o oxalato de cálcio
que consome este reagente, descorando-o, foi concluída. Nas reações
ácido-base os indicadores selecionados dependem do pH em que se
dá a reação de neutralização.

Para maior aprofundamento sobre estes pontos abordados, que envolvem conceitos
e práticas de química experimental, é recomendada a consulta a textos básicos como:
KOLTHOFF e ELVING (1959), GUENTHER (1972), BASSETT e DENNEY (1981), OHLWEILER
(1981), OHLWEILER (1981a) e FIFIELD e KEALEY (1995).

3 Determinações Básicas

Os ligantes são todos analisados segundo três frações básicas: a volátil, a insolúvel e
a solúvel.

A fração volátil refere-se sempre à umidade e constituintes que podem ser


volatizados por uma decomposição térmica como a água quimicamente combinada, como
nos produtos hidratados do cimento, e o anidrido carbônico. Se houver matéria orgânica
presente, por uma contaminação qualquer, ela estará também incluída nessa
determinação, denominada perda ao fogo, realizada a 1000oC. Para cada espécie presente
a reação de decomposição se dá a uma temperatura característica, melhor detalhada por
ensaios térmicos (DTA - Análise Térmica Diferencial ou TG - Termogravimetria). É
preferível determinar a perda ao fogo no material seco, secagem feita em estufa a 100oC .
Para o gesso de construção a temperatura deve ser mais baixa, a 70oC. Se se deseja
determinar a perda ao fogo sem a matéria orgânica presente, a amostra deve ser tratada
previamente com um reagente oxidante a fim de destruí-la, como a água oxigenada (H2O2)
à fervura; ela decompõe-se e tem a vantagem de não alterar a amostra e não introduzir
nenhuma outra espécie como impureza.

O resíduo insolúvel, de modo geral, constitui-se dos minerais acessórios que


acompanham a matéria-prima e que não sofrem alteração no processo de produção, ou
espécies formadas a alta temperatura que permanecem como constituintes refratários e
insolúveis; nos ligantes o seu teor deve ser baixo.

A fração solúvel é a fração ligante propriamente dita que engloba todos os


elementos presentes na forma de íons, que serão dosados um a um ou em grupo; além do
ácido utilizado para tratar a amostra estão presentes na solução os íons:
 gesso de construção: SO42-, Ca2+, Mg2+, Fe3+, Al3+, Na+, Cl-;
 cales virgem e hidratada: Ca2+, Mg2+, Fe3+, Al3+, SO42-;

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 cimentos Portland: Ca2+, Mg2+, Fe3+, Na+, K+, SO42-, H2SiO42-, AlO2-.

3.1 Dissolução seletiva

Baseia-se na solubilidade preferencial de uma ou mais fases de um produto. Na


dissolução completa de uma ou mais fases o restante insolúvel pode ser analisado por
diferentes técnicas sem a interferência daquelas fases que foram solubilizadas, por
exemplo, análise por difração de raios X, ensaios térmicos e observações ao microscópio
óptico ou de varredura. A dissolução pode ser incompleta e, mesmo assim, é vantajosa
por permitir concentrar a(s) fase(s) que se deseja analisar. É aplicada especialmente no
estudo de materiais cimentícios, citando–se em seguida os métodos mais utilizados.

Cal livre
 Método Franke (FRANKE (1941)) – Mistura 3:20 de éster aceto-acético:álcool
isobutílico, com determinação titrimétrica da cal dissolvida com ácido clorídrico.
 Método Chang e Chen – dissolução com etilenoglicol, e determinação como acima.
 Método Lerch e Bogue (LERCH e BOGUE, 1926, 1930) – dissolução com etanol +
glicerol, e determinação como acima.

Silicatos e cal livre


 Método Takashima – dissolução com ácido salicílico ou pícrico + metanol.
 Método Tabikh e Weht – dissolução com ácido maleico + metanol.

Fase intersticial
 Método Fratini e Turriziani – Dissolução com nitrato de amônio + hidróxido de
amônio, em pH igual a 11,4.
 Método Regourd e Guinier – após dissolução do silicato com ácido salicílico,
separação da fase ferrita por dissolução do aluminato com solução de açúcar a
10%.

Álcalis
 Dissolução em água dos sulfatos alcalinos.

Portlandita
 Método Daimon – extração com glicerol + etanol.

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4 Análise Química dos Ligantes

4.1 Gesso de construção

Tanto a matéria-prima, o gipso, como o gesso de construção têm como impurezas os


minerais acessórios da rocha: quartzo e argilominerais insolúveis em ácido, e o cloreto de
sódio solúvel em água; os carbonatos, calcita ou dolomita são solúveis em ácido e por
calcinação a 1000oC, ambos liberam anidrido carbônico, contribuindo para o valor da
perda ao fogo. A água de hidratação, tanto da gipsita quanto do hemidrato, é
determinada até 250oC. Todas as outras espécies, o sulfato, o cálcio e o magnésio totais
(por estarem combinados tanto como sulfato quanto como carbonato), o ferro e o
alumínio são dosados na solução após separação do resíduo insolúvel. A determinação da
umidade neste material é importante uma vez que se não dosada será computada como
água combinada introduzindo erro no resultado das espécies calculadas. A temperatura
indicada é de 70oC.

Para gipsitas residuais, outras impurezas podem estar presentes, dependendo do


processo do qual procedem. A tabela 3 exemplifica resultados para o gipso e o fosfogesso.
Os dados das massas moleculares para o cálculo da composição da matéria-prima ou do
gesso estão apresentados na tabela 1 e os fatores de cálculo na tabela 2.

No cálculo da composição da matéria-prima toda água é considerada como ligada à


gipsita. Uma primeira aproximação é o cálculo do anidrido carbônico em carbonatos de
cálcio e de magnésio por se admitir que ambos vêm da decomposição da dolomita,
mineral acessório da matéria-prima, o qual não se decompõe na calcinação do gipso, por
não atingir a temperatura necessária a essa transformação. Pode-se notar dos cálculos
exemplificados no capítulo 4.1.2 que na composição gesso é indicada a presença de
hemidrato e anidrita ou hemidrato e gipsita porque as temperaturas dessas
transformações estão muito próximas. A composição correta é obtida da
termogravimetria que permite detalhar o teor de água combinada em hemidrato e em
dihidrato.

Reações de processo:

- Entre 140-160°C há perda de 1,5 mol de água formando o hemidrato:

CaSO4.2H2O → CaSO4.0,5H2O + 1,5H2O Equação 1

- Entre 160°C e 190°C, há perda da meia molécula de água do hemidrato, formando


a anidrita III, segundo a equação:

CaSO4.0,5H2O → CaSO4 + 0,5H2O Equação 2

- Até 250°C a gipsita perde a meia molécula de água formando a anidrita; se a


calcinação é feita a essa temperatura a perda é de duas moléculas de água:

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CaSO4.2H2O → CaSO4 + 2H2O Equação (1+2)

A Tabela 1 indica também um hemidrato estável com 0,66 mol de água, identificado
por difração de raios X. Ambas as formas podem estar presentes no gesso de construção,
mas para efeito de cálculo assume-se o sulfato com 0,5 mol de água. A Tabela 2 indica os
fatores de cálculo de uma espécie química em outra.

TABELA 1 COMPOSIÇÃO TEÓRICA DOS SULFATOS


Massa Composição (%) Relação
Sulfato Fórmula
molecular (g) H2O CaO SO3 CaO / SO3
Anidrita CaSO4 136,14 0 41,19 58,81 0,7
CaSO4.0,5H2O 145,15 6,20 38,63 55,15 0,7
Hemidrato
CaSO4.0,66H2O 148,02 8,03 37,88 54,08 0,7
Dihidrato CaSO4.2H2O 172,17 20,99 32,57 46,50 0,7

TABELA 2 - FATORES DE CÁLCULO DE COMPOSIÇÃO DE SULFATOS


DE PARA MULTIPLIQUE POR
SO3 ( CaSO4) CaO 0,70
SO3 CaSO4 1,70
CaO CaSO4 2,428
H2O CaSO4 15,129
H2O CaSO4. 0,5H2O 16,11
CaO CaSO4. 0,5H2O 2,589
P2O5 CaO 1,18
P2O5 Ca3(PO4)2 2,184
H2O CaSO4. 2H2O 4,778
CaO CaSO4. 2H2O 3,08
SO3 CaSO4. 2H2O 2,15
CaO CO2 0,78
MgO CO2 1,092
CaCO3.MgCO3 CO2 0,477
CaO CaCO3 1,785
MgO MgCO3 2,09
CaO H2O 0,32
MgO H2O 0,45
SO3 (CaSO4. 2H2O) 2H2O 0,45
CaO (CaSO4. 2H2O) 2H2O 0,643
SO3 (CaSO4.0,5H2O) 0,5H2O 0,112
CaO (CaSO4. 0,5H2O) 0,5H2O 0,160
CaSO4. 0,5H2O Ca SO4 0,938

13
Informações de apoio
CaO Óxido de cálcio 56,08
MgO Óxido de magnésio 40,30
SO3 Anidrido sulfúrico 80,06
CO2 Anidrido carbônico 44,01
H2O Água 18,02
P2O5 Pentóxido de fósforo 141,94
Ca3(PO4)2 Fosfato de cálcio 309,94
Ca(OH)2 Hidróxido de cálcio 74,09
Mg(OH)2 Hidróxido de magnésio 58,32
CaCO3 Carbonato de cálcio 100,09
MgCO3 Carbonato de magnésio 84,31
CaSO4 Sulfato de cálcio ou anidrita 136,14
CaSO4.0,5H2O Hemihidrato 145,15
CaSO4.2H2O Dihidrato ou gipsita 172,17

4.1.1 Reconstituição da composição de uma matéria-prima

O cálculo é válido para matérias-primas como o gipso ou fosfogesso, que contêm


dihidrato.

Sequência de Cálculos:
a) % H2O x 4,778 = % CaSO4 .2H2O
b) % H2O x 2,22 = % SO3 combinado como CaSO4.2H2O
c) % SO3 total – (b) = % SO3 combinado como anidrita
d) (c) x 1,70 = % CaSO4
e) (a) x 0,3257 + (d) x 0,4119 = % CaO combinado como CaSO4
f) % CaO total – (e) = % CaO combinado como CaCO3
g) (f) x 1,785 = % CaCO3
h) % MgO x 2,09 = % MgCO3
Verificação: % CO2 dosado = (f) x 0,78 + % MgO x 1,09

14
A Tabela 3 apresenta os resultados da análise química de gipso e de fosfogesso, para
exercício de cálculo. A composição está indicada na Tabela 4. Observe-se que a
composição calculada reproduz o total da análise química.

TABELA 3 - ANÁLISE QUÍMICA DE FOSFOGESSO E DE GIPSO


Resultados em porcentagem
Determinações Fosfogesso Gipso
Água livre 9,75 0,04
Água combinada (< 350C) 20,3 18,0
CO2 0,0 0,92
SiO2 + insolúveis 1,00 0,60
Fe2O3 + Al2O3 0,54 0,17
CaO 32,2 32,7
MgO 0,29 0,56
SO3 46,0 45,9
P2O5 0,32 0,0
Total 100,65 98.85
Acidez livre, ppm (em
422,7 49,9
H2SO4)

TABELA 4 - COMPOSIÇÃO DO FOSFOGESSO E DO GIPSO


Resultados em porcentagem
Constituintes Fosfogesso Gipso
Gipsita (CaSO4.2 H2O) 96,95 86,05
Anidrita (CaSO4) 1,63 10,06
Carbonato de cálcio (CaCO3) - 1,10
Carbonato de magnésio - 1,17
(MgCO3)
Impurezas 1,54 0,77
Óxido de magnésio 0,29 -
Total 100,41 99,15

15
4.1.2 Reconstituição da composição provável do gesso de construção

Sequência de Cálculos:
a) % MgO x 2,09 = % MgCO3
b) % CO2 - 1,09 x % MgO = % CO2 combinado como CaCO3
c) (b) x 2,27 = % CaCO3
d) % CaO total – 0,56 x (c) = % CaO combinado como sulfatos.
(d) / SO3 = X
e1) Se X = 0,7, a relação CaO/SO3 é a teórica
e2) Se X  0,7, existe CaO em excesso, deduzido de: (d) – 0,7 x SO3
e3) Se X  0,7, existe SO3 em excesso, deduzido de: % SO3 – 1,43 x (d)
e4) Se X  0,7, % SO3 x 1,7 = % CaSO4
e5) Se X  0,7, (% SO3 – e3) + d = % CaSO4
Y = % CaSO4 / % H2O = 15,129
f1) Se Y = 15,129 o teor de sulfato combinado como hemidrato é calculado de:
% H2O x 15,129 = % CaSO4;
- O teor de hemidrato é calculado de % H2O + f1
- O teor de anidrita é deduzido de (e4 ou e5) - f1
f2) Se Y  15,129, existe gipsita residual presente, calculada a partir de duas equações a
duas incógnitas (não se admite a presença de anidrita):
% CaSO4 = 0,79 gipsita + 0,94 hemidrato
% H2O = 0,21 gipsita + 0,0622 hemidrato
f3) Se Y > 15,129, existe anidrita presente, deduzida de :
% CaSO4.0,5H2O = % H2O x 16,11
% CaSO4 = % CaSO4 total - 0,938 x % CaSO4.0,5H2O

16
A Tabela 5 apresenta os resultados da análise química de gessos de construção, para
exercício de cálculo.

TABELA 5 ANÁLISE QUÍMICA DE GESSOS DE CONSTRUÇÃO


Resultados em porcentagem
Resultados (%)
Determinações
I II III IV
H2O livre 1,18 0 0,20 0
H2O combinada 3,80 4,70 5,92 6,62
CO2 2,79 1,14 1,26 0,74
RI + SiO2 1,90 0,70 0,47 0,80
Fe2O3 + Al2O3 1,98 0,19 0,60 0,12
CaO 39,4 38,7 37,9 38,4
MgO 0,69 0,62 0,60 0,30
SO3 49,6 53,0 53,4 53,1
Total
100,16 99,05 100,15 100,08
(sem água livre)

Amostra I
a) 0,69 x 2,09 = 1,44 % MgCO3
b) 2,79 - 1,09 x 0,69 = 2,04 % CO2 combinado como CaCO3
c) 2,04 x 2,27 = 4,63 % CaCO3
d) 39,4 – 0,56 x 4,63 = 36,8 % CaO combinado como sulfatos
e) 36,8 / 49,6 = 0,74
e2) X  0,7, e existe CaO em excesso, deduzido de: 36,8 – 0,7 x 49,6 = 2,08 % de CaO livre
e4) X > 0,7, e 49,6 x 1,7 = 84,32 % CaSO4
Y = 84,32 / 3,80 = 22,19
f3) Se Y > 15,129, existe anidrita presente, deduzida de :
3,80 x 16,11 = 61,21 % CaSO4.0,5H2O
84,32 - 0,938 x 61,21 = 26,89 %CaSO4

17
Amostra II
a) 0,62 x 2,09 = 1,30 % MgCO3
b) 1,14 - 1,09 x 0,62 = 0,46 % CO2 combinado como CaCO3
c) 0,46 x 2,27 = 1,04 % CaCO3
d) 38,7 – 0,56 x 1,04 = 38,12 % CaO combinado como sulfatos
e) 38,12 / 53,0 = 0,72
e2) X  0,7, e existe CaO em excesso, deduzido de: 38,12 – 0,7 x 53,0 = 1,02 % CaO livre
e4) X > 0,7, e 53,0 x 1,7 = 90,1 % CaSO4 total
Y = 90,1 / 4,70 = 19,17
f3) Y > 15,129, e existe anidrita presente, deduzida de :
4,70 x 16,11 = 75,72 % CaSO4.0,5H2O
90,1 - 0,938 x 75,72 = 19,07 %CaSO4

Amostra III
a) 0,60 x 2,09 = 1,25 % MgCO3 ;
b) 1,26 - 1,09 x 0,60 = 0,61 % CO2 combinado como CaCO3 ;
c) 0,61 x 2,27 = 1,38 % CaCO3 ;
d)37,9 – 0,56 x 1,38 = 37,13 % CaO combinado como sulfatos.
e) 37,13 / 53,4 = 0,70
e1) X = 0,7, e a relação CaO/SO3 é a teórica;
e4) 53,4 x 1,7 = 90,78 % CaSO4 total;
Y = 90,78 / 5,92 = 15,33;
f3) Y >15,129, e existe anidrita presente, deduzida de :
5,92 x 16,11 = 89,56 % CaSO4.0,5H2O
90,78 - 0,938 x 89,56 = 6,77 %CaSO4

18
Amostra IV
a) 0,30 x 2,09 = 0,63 % MgCO3 ;
b) 0,74 - 1,09 x 0,30 = 0,41 % CO2 combinado como CaCO3 ;
c) 0,41 x 2,27 = 0,94 % CaCO3 ;
d) 38,4 – 0,56 x 0,94 = 37,9 % CaO combinado como sulfatos.
e) X = 37,9 / 53,1 = 0,71
e2) 37,9 - 0,7 x 53,1 = 0,70 % CaO livre
e4) 53,1 x 1,7 = 90,27 % CaSO4 total;
Y = 90,27 / 6,62 = 13,636;
f4) Y  15,129, e existe gipsita residual presente, calculada a partir de duas equações a
duas incógnitas (não se admite a presença de anidrita):
90,27 = 0,79 gipsita + 0,94 hemidrato
6,62 = 0,21 gipsita + 0,0622 hemidrato

Ou :
%hemidrato = 1,4164 x %CaSO4 - 5,3284 x %H2O
%gipsita = 6,3401 x %H2O - 0,4195 x % CaSO4
90,27 - 0,94 hemidrato = 0,79 gipsita
114,26 - 1,19 hemidrato = gipsita
6,62 = 23,99 - 0,25 hemidrato + 0,0622 hemidrato
17,38 = 0, 1878 hemidrato
hemidrato = 92,58 %
gipsita = 114,26 - 1,19 x 92,88 = 4,10 %

19
Em resumo, a composição dos gessos é a indicada na Tabela 6. Desses resultados
pode-se concluir que a matéria-prima é bastante pura, com teor de impurezas inferior a
4,0 %. No processo de produção, o grau de desidratação foi diferenciado observando-se
teores diferentes de hemidrato e, em consequência, teores diferentes de anidrita ou de
gipsita remanescente. Na tabela está ressaltada em cor diferente a fração ligante de cada
amostra.

TABELA 6 COMPOSIÇÃO PROVÁVEL DOS GESSOS DE CONSTRUÇÃO


Resultados em porcentagem
Espécies químicas I II III IV
Umidade 1,18 - 0,20 -
Impurezas 3,88 0,89 1,07 0,92
MgCO3 1,44 1,30 0,61 0,63
CaCO3 4,63 1,04 1,38 0,94
CaO livre 2,08 1,02 - 0,70
CaSO4 30,5 19,07 6,77 -
CaSO4.0,5H2O 57,5 75,72 89,5 92,58
CaSO4.2H2O - - - 4,10
Total 100,03 99,04 99,33 99,89

4.2 Cal virgem e hidratada

No controle da qualidade da cal hidratada, como exigido na norma brasileira, é


suficiente a obtenção dos teores de constituintes efetivamente ligantes, ou seja, os
hidróxidos de cálcio e de magnésio (fração hidratada), e os potencialmente ligantes, os
óxidos de cálcio e de magnésio (fração não hidratada).

Além desses compostos, a cal hidratada ou virgem pode conter uma fração
clinquerizada, também ativa, cujo teor deve ser conhecido, em estudos de maior
profundidade, e sulfato de cálcio formado no processo quando o óleo combustível contém
enxofre. Os calcários e dolomitos podem conter gipsita como mineral acessório, mas este
não foi identificado nas jazidas exploradas para a produção de cal (Cincotto, 1987).

A fração inerte é constituída de argilominerais, quartzo e outros minerais presentes


na matéria-prima, bem como de carbonatos residuais devido à calcinação incompleta. Os
métodos de análise devem permitir a quantificação de cada uma dessas frações. Na
análise química tanto da cal virgem como da cal hidratada, bem como da matéria-prima,
os teores de cálcio e de magnésio são importantes na classificação desses materiais. Com

20
relação à matéria-prima é importante o tipo de carbonato presente, calcita e dolomita, e o
seu teor, uma vez que o produto cal virgem deve ter um teor mínimo correspondente de
88% de óxidos.

Da dissolução em ácido de uma amostra de matéria-prima, cal virgem ou hidratada,


resultam:
 um resíduo insolúvel, constituído pelos minerais não carbonáticos presentes na
matéria-prima; a sua dosagem é feita por simples filtração e pesagem;
 uma efervescência devido à liberação do anidrido carbônico, resultante da reação
do carbonato, cuja intensidade depende da quantidade presente; o anidrido
carbônico é dosado à parte, gasometricamente;
 uma solução contendo os íons das espécies restantes (silicato, sulfato, alumínio,
ferro, cálcio e magnésio).

Se se deseja calcular a composição da fração clinquerizada, emprega-se o ácido


bastante diluído, de modo a não haver o mais leve ataque dos minerais da matéria-prima,
que devem permanecer insolúveis (BERNARD et al., 1975; CINCOTTO, 1987). A diferença
na expressão dos resultados é que, para o cálculo da fração clinquerizada aparecem os
resultados da sílica, óxidos de ferro e de alumínio separadamente e, para o cálculo
segundo a NBR 7175, são dados os teores de resíduo insolúvel, que engloba a sílica, e o de
R2O3 representando os óxidos de ferro e de alumínio.

A Tabela 7 apresenta as massas moleculares das espécies químicas presentes na


matéria-prima e da cal para o cálculo dos fatores de conversão dos óxidos nas espécies
correspondentes, apresentados na Tabela 8. A partir das massas moleculares calculam-se
os fatores de conversão como indicado na equação 1, estando esses valores citados na
Tabela 8

TABELA 7 ESPÉCIES QUÍMICAS CONSTITUINTES DA MATÉRIA-PRIMA E DA CAL


Composto Fórmula molecular Massa
molecular
Água H2O 18,02
Anidrido carbônico CO2 44,01
Carbonato de cálcio CaCO3 100,09
Carbonato de magnésio MgCO3 84,32
Carbonato de cálcio e CaCO3. MgCO3 184,41
magnésio
Hidróxido de cálcio Ca(OH)2 74,09
Hidróxido de magnésio Mg(OH)2 58,32
Oxido de cálcio CaO 56,08
Óxido de magnésio MgO 40,31

21
TABELA 8 FATORES DE CÁLCULO DE COMPOSICÃO DAS ESPÉCIES QUÍMICAS

MULTIPLIQUE
DE PARA
POR
CaO 3,11
MgO 2,24
H2O
Ca(OH)2 4,11
Mg(OH)2 3,24
H2O 0,32
CO2 0,78
CaO Ca(OH)2 1,32
CaCO3 1,78
CaSO4 2,43
H2O 0,45
CO2 1,09
MgO Mg(OH)2 1,45
MgCO3 2,09
CaCO3. MgCO3 4,57
CaO 1,27
CaCO3 2,27
CO2
MgCO3 1,92
CaCO3.MgCO3 2,095
CaO 0,7
SO3
CaSO4 1,70
CO2 0,44
CaCO3
CaO 0,56
MgO 0,48
MgCO3
CO2 0,52
CaO 0,304
CaCO3 MgCO3
. MgO 0,219
CO2 0,477

4.2.1 Reconstituição da composição provável da matéria-prima

Para que uma jazida possa ser explorada para a produção de cal ela deve atender ao
teor mínimo especificado de óxidos totais de cálcio e de magnésio, na base de não
voláteis, isto é: [ (CaO + MgO) / (100 - PF) ] x 100  92 %.

22
Exemplificando, os resultados da Tabela 9 referem-se a amostras coletadas em
fábricas nacionais. Os teores de óxidos totais são de 99,0 % para o calcário, de 96,7 % para
o dolomito calcítico, e de 98,6 % para o dolomito A. O dolomito B apresenta o teor de
óxidos totais de 87,04 %, abaixo do limite, com um teor de 7 % de minerais acessórios da
rocha que se constituem em impurezas. No entanto, é preciso que se ressalte que a
amostra representa um momento da extração e que, na média, a matéria-prima
apresenta a composição especificada. Isto é confirmado pelos resultados da análise
química da cal virgem desse fabricante, constante na tabela 9.

Outro dado que pode ser calculado é a relação CaO/MgO para classificação da
matéria-prima. Para o calcário esse valor não apresenta interesse em virtude do teor de
CaO ser muito superior ao do MgO. O dolomito pode apresentar um teor de calcita, e ele
é tanto mais puro quanto mais próximo de 1,39 for essa relação.

TABELA 9 ANÁLISE QUÍMICA DA MATÉRIA-PRIMA


Resultados em porcentagem
DOLOMITO DOLOMITO
DETERMINAÇÕES CALCÁRIO
CALCÍTICO A B
Perda ao fogo 43,40 45,93 46,60 43,50
SiO2 + RI 0,56 1,49 0,39 7,02
CaO 55,71 31,82 31,26 29,43
MgO 0,34 20,46 21,39 19,75
SO3 0,004 0,002 0,01 0,02
P2O5 0,12 0,002 0,10 tr.
Fe2O3 0,07 0,25 0,09 0,12
Na2O 0,004 0,012 0,007 0,011
K2O 0,003 0,001 0,003 0,003
Total 100,21 100,25 99,85 99,85
CaO / MgO 164 1,56 1,46 1,49

A) Existem diferentes modos de se expressar o teor da fração carbonática da matéria-


prima, exemplificando-se o cálculo com os resultados da Tabela 9.

A primeira coluna refere-se a um calcário, portanto, constituído essencialmente de


calcita.

O teor de calcário pode ser calculado :


a) a partir do óxido de cálcio

23
(CaO x 1,78) → 55,71 x 1,78 = 99,16 % CaCO3
b) a partir do óxido de cálcio, levando em conta que o magnésio pode estar presente no
cristal de calcita,
(CaO x 1,78) + MgO → (55,71 x 1,78) + 0,34 = 99,50 % CaCO3
c) a partir da soma dos óxidos de cálcio e magnésio e da perda ao fogo, admitindo-se que
o calcário não contém matéria orgânica, ou seja:
CaO + MgO + PF → 43,4 + 55,71 + 0,34 = 99,45 % CaCO3
Uma verificação pode ainda ser feita, que é confrontar estes resultados com o
calculado a partir da perda ao fogo:
PF x 2,27 → 43,4 x 2,27 = 98,5 % CaCO3

O último valor está subestimado porque os constituintes restantes somam 0,69 % e,


juntos, não completariam o total de 100,21% dado pela análise química. O primeiro valor
também, uma vez que não leva em conta o teor de magnésio presente, podendo-se
considerar o segundo e o terceiro resultados como coerentes. O anidrido fosfórico foi
desprezado neste cálculo por estar presente em baixo teor. Para levá-lo em consideração
na reconstituição da composição seria necessário saber qual o mineral de fósforo está
presente na matéria-prima.

A segunda coluna de resultados da Tabela 9 refere-se a um dolomito calcítico.

O cálculo torna-se complexo porque não se sabe se se trata de uma dolomita de


composição teórica. A solução pode ser umas das alternativas seguintes:

a) calcular os teores de carbonato correspondentes aos teores de óxido de cálcio e de


magnésio;
(CaO x 1,78 ) + (MgO x 2,09) → (31,82 x 1,78) + (20,46 x 2,09) = 99,44% Carbonatos
b) somar os teores de óxidos de cálcio e magnésio com o da perda ao fogo, ou seja,
CaO + MgO + PF → 31,82 + 20,46 + 45,93 = 98,21 % Carbonatos

Os constituintes restantes somam 1,76 % e, assim, o primeiro resultado está


superestimado ilustrando um caso em que os minerais podem não estar na proporção
teórica, ou o cálcio e o magnésio não estarem presentes somente como carbonato, sendo,
portanto, preferível a segunda alternativa de cálculo.

A terceira coluna refere-se a um dolomito cuja relação entre os óxidos de cálcio e de


magnésio é superior à teórica (1,39).

Calcular o teor de dolomita a partir do óxido de cálcio superestimará o resultado.


Calcular o teor de dolomita a partir do óxido de magnésio subestimará o resultado.

24
A melhor alternativa é somar o teor desses óxidos com o da perda ao fogo, isto é:
46,60 + 31,26 + 21,39 = 99,25 % MgCO3.CaCO3

A quarta coluna refere-se a um dolomito com um teor elevado de impureza.


Do mesmo modo que no caso anterior, o teor de dolomita é:
43,50 + 29,43 + 19,75 = 92,68 % MgCO3.CaCO3

B) O cálculo da proporção MgCO3:CaCO3 na dolomita é possível também a partir dos


resultados da análise química.

O exemplo dado a seguir considera a composição teórica da dolomita.

CaO: 30,4% CO2: 23.9% MgO: 21,8% CO2: 23,9% [ CO2 total: 47,8% ]

 1 mol de CaCO3 = 100; logo, a massa contida na dolomita (30,4 + 23,9 = 54,3)
corresponde a 54,3/100 = 0,543 mol.
 1 mol de MgCO3 = 84; logo, a massa contida na dolomita é (21,8 + 23,9 = 45,7)
corresponde a 45,7/84 = 0,544 mol.
A proporção é então: 0,543:0,544  1:1.

C) Cálculo da proporção de substituição do carbonato de cálcio por carbonato de


magnésio.

O calcário dolomítico apresenta como resultado da análise química:


31,26 % CaO; 22,0 % MgO; 46,6 % CO2.
Levando em conta os teores teóricos:
31,26 x 0,786 = 24,6 % CO2  31,26 + 24,6 = 55,86 % CaCO3
55,86/100 = 0,5586 mols CaCO3
20,0 x 1,1 = 22,2 % CO2  20,0 + 22,2 = 42,2 % MgCO3
42,2 / 84 = 0,5023 mols MgCO3
0,5586 : 0,5023  1mol : 0,90 mol (CaCO3 : MgCO3)

4.2.2 Cal virgem  cálculo levando em conta a fração clinquerizada

Admite-se:
 resíduo insolúvel ( RI ) constituído das impurezas da matéria-prima;

25
 anidrido sulfúrico presente como sulfato de cálcio;
 a água combinada como hidróxido de cálcio;
 anidrido silícico solúvel como silicato dicálcico ( 2CaO. SiO2 );
 óxido de ferro totalmente combinado como ferrita (4CaO.Fe2O3.Al2O3 );
 alumínio distribuído entre a ferrita e o aluminato tricálcico (3CaO.Al2O3);
 o óxido de cálcio não combinado como a diferença entre o total e o combinado nos
compostos citados acima;
 o óxido de magnésio como totalmente livre.

As operações de cálculo resumem-se em:


a) Impurezas = RI
b) CaSO4 = SO3 x 1,70
c) CaCO3 = CO2 x 2,27
d) Ca(OH)2 = ( PF - CO2 ) x 4,11
e) 2CaO.SiO2 = SiO2 x 2,87
f) 4CaO.Fe2O3. Al2O3 = Fe2O3 x 3,04
g) 3CaO. Al2O3 = 2,6 Al2O3 - 1,69 Fe2O3
h) CaOlivre = CaOtotal - ( 0,70 SO3 + 1,27 CO2 + 3,11 H2O + 1,87 SiO2 + 0,35 Fe2O3
+1,65 Al2O3)

Dados para o cálculo da fração clinquerizada.

Massas moleculares

CaO 56,08 SiO2 60,09 3CaO.SiO2 228,33


Fe2O3 159, 70 SO3 80,06 4CaO. Al2O3. Fe2O3 485, 98
Al2O3 101, 96 2CaO.SiO2 172, 25 3CaO. Al2O3 270,20

Relações moleculares
2CaO.SiO2 / SiO2 = 172, 25 / 60,09 = 2,87
4CaO. Al2O3 . Fe2O3 / Fe2O3 = 485, 98 / 159, 70 = 3,04
3CaO. Al2O3 / Al2O3 = 270,20 / 101, 96 = 2,65
Al2O3 / Fe2O3 = 0,64 (3CaO. Al2O3 / Al2O3) x 0,64 = 2,65 x 0,64 = 1,69

26
CaOC3A = 3CaO / Al2O3 = 1,65 x Al2O3
CaOC4AF = {CaOC4AF - CaOC3A } = {4CaO/Fe2O3 - 3CaO/(Al2O3 x Fe2O3/Al2O3)}xFe2O3
= (1,40 - 1,05) = 0,35 Fe2O3

O cálculo do C4AF, não pode ser feito de 4CaO/ Fe2O3 , por não se tratar do composto
C4F. É pois necessário levar em conta a presença do Al2O3 .Como o cálculo é do teor de CaO
em função de Fe2O3 , o Al2O3 deve ser expresso em Fe2O3 , pela equação: 3CaO / (Al2O3 x
Fe2O3 / Al2O3).

Estes cálculos estão exemplificados para as amostras da Tabela 10, cales virgens
correspondentes às matérias-primas cuja análise química está apresentada na Tabela 9. A
composição provável está indicada na Tabela 11. Para a análise química a amostra é
moída e, nessa condição, é facilmente hidratável, daí o teor de hidróxido de cálcio
presente.

27
TABELA 10 RESULTADOS DE ANÁLISE QUÍMICA DE CAL VIRGEM
Resultados em porcentagem
CAL CAL DOLOMÍTICA
DETERMINAÇÕES CAL CÁLCICA
MAGNESIANA A B
Perda ao fogo 0,87 1,31 0,54 3,54
CaO 96,6 78,2 59,5 55,19
MgO 0,79 19,0 37,2 36,78
RI 0,26 0,04 1,08 1,71
SiO2 0,70 0,73 0,67 2,22
Al2O3 0,23 0,23 0,19 0,32
Fe2O3 0,24 0,18 0,22 0,19
SO3 0,18 0,05 0,08 0,13
Total 99,87 99,08 99,48 100,08
CO2 0,42 0,90 0,12 1,63
Relação CaO/MgO 122,3 4,1 1,6 1,5

TABELA 11 COMPOSIÇÃO PROVÁVEL DA CAL VIRGEM


Resultados em porcentagem
DOLOMÍTICA
ESPÉCIES QUÍMICAS CÁLCICA MAGNESIANA
A B
Quartzo 0,26 0,04 1,08 1,71
Silicato dicálcico
2,01 2,10 1,92 6,37
2CaO.SiO2
Aluminato tricálcico
0,20 0,29 0,12 0,51
3CaO.Al2O3
Ferrita
0,73 0,55 0,67 0,58
4CaO.Al2O3.Fe2O3
Carbonato de cálcio
CaCO3 0,95 2,04 0,27 3,70

Hidróxido de cálcio
Ca(OH)2 1,85 1,69 1,73 7,85

Sulfato de cálcio
0,31 0,18 0,14 0,22
CaSO4
Óxidos livres
93,59 92,94 93,54 79,12
CaO + MgO
Total 99,90 99,74 100,2 100,08

28
4.2.3 Cal virgem  cálculo sem levar em conta a fração clinquerizada

Admite-se que todo o anidrido carbônico esteja combinado como carbonato de


cálcio e que todo anidrido sulfúrico esteja combinado como sulfato de cálcio. Se o valor da
perda ao fogo excede o do teor de anidrido carbônico, a cal virgem já se encontra
parcialmente hidratada, sendo a diferença entre esses dois valores o correspondente à
água combinada. Assim:

a) CaSO4 = SO3 x 1,70


b) CaCO3 = CO2 x 2,27
c) Ca(OH)2 = H2O x 4,11
d) CaOlivre = CaOtotal - CaOcombinado = CaOtotal - ( CaOSO3 + CaOCO2 + CaOH2O)

O teor de cal livre que se obtém é maior do que o obtido no cálculo anterior uma
vez que não é levada em conta a cal combinada com compostos clinquerizados. Não se
considera o óxido de magnésio como combinado; o seu valor é o mesmo da análise
química.

4.2.4 Cal hidratada - cálculo da composição detalhada

Admite-se:
 resíduo insolúvel (RI) constituído das impurezas da matéria-prima;
 anidrido sulfúrico presente como sulfato de cálcio;
 o anidrido carbônico combinado como carbonato de cálcio;
 o óxido de cálcio restante [óxido de cálcio total – (óxido combinado como sulfato +
carbonato)] combinado como hidróxido de cálcio; é verificado se o teor de água é
superior ao requerido pelo óxido de cálcio disponível;
 o teor de água remanescente é calculado em hidróxido de magnésio; é verificado se o
teor de óxido de magnésio é suficiente para a água remanescente; quando
insuficiente esse teor é recalculado como óxido de magnésio livre.

Deve-se observar que por essa sequência de cálculo somente nas cales cálcicas é
possível encontrar óxido de cálcio livre.

As operações de cálculo resumem-se em:


a) Impurezas = RI

29
b) CaSO4 = SO3 x 1,70
c) CaCO3 = CO2 x 2.27
d) CaO combinado como hidróxido = CaO total - (CO2 x 1,27 + SO3 x 0,70) (a)
e) Ca(OH)2 = (a) x 1,32
f) H2O como hidróxido de magnésio = Teor de H2O total - Teor combinado com o
óxido de cálcio
g) = (PF - CO2) - a x 0,32 (b)
h) Mg(OH)2 = b x 3,24
i) MgO não hidratado = MgO total - b x 2,24

Estes cálculos estão exemplificados com os resultados da análise química de cales


hidratadas, constantes da Tabela 12.

TABELA 12 RESULTADOS DE ANÁLISE QUÍMICA DE CAL HIDRATADA


Resultados em porcentagem
MAGNESIANA MAGNESIANA CÁLCICA CÁLCICA
DETERMINAÇÕES
CH I CH III CH I CH III
Umidade 0,19 0,17 0,42 0,25
Perda ao fogo 26,3 31,6 24,7 30,5
Insolúveis em HCl 2,02 3,13 1,28 1,07
Óxidos de ferro e
0,49 0,76 0,55 0,48
de alumínio
Óxido de cálcio 51,5 46,3 72,7 66,5
Óxido de magnésio 19,3 17,7 0,42 0,29
Anidrido sulfúrico 0.06 0,06 0,37 0,27
Total 99,96 99,72 100,44 99,36
Anidrido carbônico 5,36 13,6 3,13 14,8
CaO/MgO 2,67 2,62 173,0 229,3

Cal magnesiana CH I
a) CaSO4 = 0,06 x 1,70 = 0,10%
b) CaCO3 = 5,36 x 2,27 = 12,2 %
c) CaO combinado como hidróxido = 51,5 - (5,36 x 1,27 + 0,06 x 0,70) = 44,7
d) Ca(OH)2 = 44,7 x 1,32 = 58,9%
e) H2O como hidróxido de magnésio = (PF - CO2) - a x 0,32 = 26,3 - 5,36 - 14,3 = 6,64
f) Mg(OH)2 = 6,64 x 3,24 = 21,5%

30
g) MgO não hidratado = 19,3 - 6,64 x 2,24 = 4,43%

Cal magnesiana CH III


a) CaSO4 = 0,06 x 1,70 = 0,10 %
b) CaCO3 = 13,6 x 2,27 = 30,9 %
c) CaO combinado como hidróxido = 46,3 - (13,6 x 1,27 + 0,06 x 0,70) = 29,0
d) Ca(OH)2 = 29,0 x 1,32 = 38,3 %
e) H2O combinado como hidróxido de magnésio = ( 31,6 - 13,6) - 29,1 x 0,32 = 8,7
f) Mg(OH)2 = 8,7 x 3,24 = 28,25 %
g) MgO = 17,7 - 8,7 x 2,24 = -1,79 %

Nesta sequência de cálculo, fica evidente que o valor do hidróxido de magnésio


resulta superestimado se calculado a partir do teor de água.

O cálculo alternativo a partir do óxido de magnésio deve dar o resultado correto:


Mg(OH)2 = MgO x 1,45 = 17,7 x 1,45 = 25,7 %

Observe-se que a diferença 28,2 - 1,79 = 26,4 (que corresponde a {Mg(OH)2 – MgO}),
dando um resultado maior do que 25,7 é devida às aproximações de cálculo. Na verdade o
teor de água suficiente para hidratar os óxidos de cálcio e de magnésio é igual a:
29,0 x 0,32 + 17,7 x 0,45 = 17,2

Nesta sequência de cálculo adotada para a cal dolomítica ou magnesiana, como toda
água é primeiro atribuída ao óxido de cálcio nunca se tem esse óxido não hidratado. Na
verdade, a termogravimetria mostra que é possível ter cal livre.

Cal cálcica CH I
a) CaSO4 = 0,37 x 1,70 = 0, 63 %
b) CaCO3 = 3,13 x 2,27 = 7,11 %
c) CaO disponível para ser combinado como hidróxido = 72,7 - (3,13 x 1,27 + 0,37 x 0,70)
= 68,5
d) Ca(OH)2 = 68,5 x 1,32 = 90,4 %
e) H2O disponível para combinar como hidróxido de magnésio = ( 24,7 - 3,13) – 68,5 x
0,32 = -0,35 %

Portanto, existe CaO que não hidratou e todo o MgO está livre.

31
Verificação:
H2O disponível = 24,7 – 3,13 = 21,57 %
CaO = 21,57 x 3,11 = 67,0
CaO livre = 68,5 – 67,0 = 1,5%

Cal cálcica CH III


a) CaSO4 = 0,27 x 1,70 = 0,46 %
b) CaCO3 = 14,8 x 2,27 = 33,6 %
c) CaO disponível para ser combinado como hidróxido = 66,5 - (14,8 x 1,27 + 0,27 x 0,7) =
47,5
d) Ca(OH)2 = 47,5 x 1,32 = 62,7 %
e) H2O disponível para combinar como hidróxido de magnésio = ( 30,5 - 14,8) - 47,5 x
0,32 = 0,5
f) MgO necessário para combinar com a água disponível = H2O x 2,24 = 0,5 x 2,24 = 1,12

O teor de MgO dado pela análise química é 0,29 < 1,12, portanto, existe água em
excesso e o MgO acha-se completamente hidratado; o teor de hidróxido é dado por:
Mg(OH)2 = MgO x 1,45 = 0,29 x 1,45 = 0,42 %

Em ambos os casos o cálculo indicou água em excesso, porque o aquecimento a


110oC é insuficiente para retirar toda a umidade da amostra. Em conseqüência a perda ao
fogo fica superestimada e o cálculo acusa excesso de água. A menos que a hidratação seja
incompleta, é raro o cálculo apresentar um teor de cal livre; um detalhamento real da
composição é possível com a termogravimetria.

4.2.5 Cálculo da composição segundo a NBR 7175

Admite-se:
 resíduo insolúvel (RI) constituído das impurezas da matéria-prima;
 o anidrido sulfúrico presente como sulfato de cálcio;
 o anidrido carbônico combinado como carbonato de cálcio;
 o óxido de cálcio restante { óxido de cálcio total – (óxido combinado como sulfato +
carbonato) };
 é calculado o teor de água necessário para hidratar todo o óxido de cálcio e o óxido
de magnésio (a);
 do valor da perda ao fogo é deduzido o teor de água disponível para hidratação (b);

32
 se a  b existem óxidos livres dado por ( a - b );
 se a  b não existem óxidos livres e o teor de água em excesso pode ser computado
como umidade.

As operações de cálculo resumem-se em:


a) Impurezas = RI
b) CaSO4 = SO3 x 1,70
c) CaCO3 = CO2 x 2,27
d) CaO disponível para hidratação = CaO total - (CO2 x 1,27 + SO3 x 0,7) = (a)
e) H2O necessária para hidratar o CaO = a x 0,32
f) H2O necessária para hidratar o MgO = MgO x 0,45
g) H2O total necessária = a x 0,32 + MgO x 0,45
h) H2O disponível = PF - CO2 = (b)

Aplicar estes cálculos aos resultados da análise química das cales hidratadas,
constantes da Tabela 12.

Cal magnesiana CH III


a) CaSO4 = 0,06 x 1,70 = 0,10 %
b) CaCO3 = 13,6 x 2,27 = 30,9 %
c) CaO = 46,3 - (13,6 x 1,27 + 0,06 x 0,7) = 29,0
d) H2O necessária para hidratar o CaO = 29,0 x 0,32 = 9,28
e) H2O necessária para hidratar o MgO = 17,7 x 0,45 = 8,0
f) H2O total necessária = 9,28 + 8,0 = 17,28
g) H2O disponível = PF - CO2 = 18,0
h) Há excesso de água, não existem óxidos livres.

Admite-se:

 O resíduo insolúvel (RI) constituído das impurezas da matéria-prima;

Calcula-se:

a) o anidrido sulfúrico presente como sulfato de cálcio: % CaSO4 = % SO3 x 1,70


b) teor de óxido de cálcio combinado como carbonato de cálcio:% CaO = % CO2 x 1,27
c) teor de água combinada nos hidróxidos: % PF - % CO2

33
d) o teor de óxido de cálcio combinado como hidróxido: % CaO = c x 3,11
e) teor de óxido de cálcio não hidratado: % CaO total – (a + b + d)
Se e < 0, parte do óxido de magnésio está hidratado, dado por:
f) óxido de magnésio hidratado: e x 0,71
g) óxido de magnésio não hidratado: % MgO total – f (o resultado pode ser zero ou
positivo) ;
Se e > 0, g > 0, o teor total de óxidos não hidratados é dado por: (e + g)%

4.3 Alita – Exemplo de cálculo da composição real

O C3S no clínquer inclui em sua estrutura cristalina outros elementos substituindo o


cálcio e o silício. A partir da composição elementar pode-se estabelecer relações atômicas
e calcular a composição da alita.

As relações atômicas abaixo (do C3S e da alita) são citadas por Taylor; observe-se
que o sódio, o potássio o magnésio e o ferro substituem o cálcio e alumínio, enxofre e
fósforo substituem o silício.

Relações atômicas dos elementos presentes no C3S e na alita (TAYLOR, 1997)


Elemento K Na Mg Fe Ca P S Al Si O
No. Átomos
C3S - - - - 300 - - - 100 500
(TEÓRICO)
Total 300 100 500
No. Átomos
<1 1 6 2 291 <1 <1 4 96 500
Alita
Total 301 102 500
Composição
<0,01 0,01 0,06 0,02 2,90 <0,01 <0,01 0,04 0,94 5
corrigida

A correção para a composição da alita é feita considerando que a composição


teórica do C3S, (Ca3SiO5 ). Assim, o teórico deveria ser de 3Ca: 1Si : 5O. O número de
átomos de oxigênio permanece o mesmo (5). Com as substituições, o número de átomos
de cálcio e de silício devem diminuir. , ou seja:
102 átomos corresponderiam a 1 Si.

Na alita são encontrados 96 átomos de silício, que correspondem, portanto,


aproximadamente a

34
96
á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑠𝑖𝑙í𝑐𝑖𝑜 = × 1 ≈ 0,94 𝑆𝑖
102

Na alita são encontrados 291 átomos de cálcio. Dessa forma, analogamente ao


cálculo feito para o silício:
301 átomos corresponderiam a 3 Ca

291
á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑖𝑜 = × 3 ≈ 2,90 𝐶𝑎
301

Fazendo os cálculos de forma análoga para todos os outros elementos, chega-se à


composição da alita, que seria, portanto:

(K<0,01 Na0,01Fe0,02Mg0,06Ca2,90) (Al0,04P<0,01S<0,01Si0,94)O5

4.4 Cimento Portland sem adições

O cálculo de Bogue da composição teórica abstrai-se da presença de MgO no


clínquer, podendo-se admiti-lo como parte da estrutura dos silicatos e aluminatos, em
substituição ao cálcio.

Clínquer

Sequência de cálculo admitindo a presença de sulfato proveniente da oxidação do


enxofre do combustível:

a) % C3S = 4,071Ctotal – 7,600S – 6,718A – 1,430F – 2,850 S


b) %C2S = 2,867S – 0,7544 C3S
c) %C3A = 2,650A – 1,692F
d) %C4AF = 3,043F
e) %C S = 1,7 S

O óxido de cálcio que entra na sequência do cálculo anterior deve ser o óxido total
da análise química deduzido o teor de cal livre. Um outro modelo de cálculo aqui
reproduzido é dado por TAYLOR, apresentado somente na edição de 1964. Esse
procedimento pode ser exercitado com os resultados da Tabela 13.

Análise química do clínquer


SiO2 21,27% Na2O 0,34%
Al2O3 6,01 K2O 0,51
Fe2O3 2,73 SO3 1,84
TiO2 0,21 PF 1,32

35
MgO 1,84 Insol. 0,24
*
CaO 63,20 Total 99,51
*CaO total inclui a cal livre, igual a 0,46%.

a) É calculado o número de moles de cada óxido constituinte, dividindo-se a


porcentagem pela respectiva massa molecular. No caso do CaO é deduzido primeiro o
teor de cal livre.
SiO2 = 21,27/60,09 = 0,3540
Al2O3 = 6,01/101,96 = 0.0589
Fe2O3 = 2,73/159,69 = 0,0171
CaO = 62,74/56,08 = 1,1188
SO3 = 1,84/80,06 = 0,0230
b) Calcular o SO3 como gipsita (no caso de um cimento).
Gipsita = 0,0230 x 172,17 = 3,96%
c) Calcular o Fe2O3 como C4AF.
C4AF = 0,0171 x 485,97 = 8,31%
d) Calcular o Al2O3 restante como C3A.
C3A = (0,0589 - 0,0171) x 270,20 = 11,29%
e) Somar as quantidades, em moles, de CaO combinado como gipsita, C4AF e C3A.
Deduzir do número total de mols de CaO dado em (a). Considerar C como o valor
residual de CaO assim obtido e S o número de mols de SiO2 calculado também em (a).
CaO combinado = 0,0230 + (4 x 0,0171) + (3 x 0,0418) = 0,2168
então: C = 1,1188 - 0,2168 = 0,9020
S = 0,3540
f) Calcular C3S e C2S. Se existem x mols de C3S e y mols de C2S, então:
3x + 2y = C e x + y = S
ou x = C - 2S e y = 3S - C
Assim: x = 0,9020 - (2 x 0,3540)
= 0,9020 - 0,7080
= 0,1940
C3S = 0,1940 x 228,33 = 44,30%

y = (3 x 0,3540) - 0,9020
= 1,0620 - 0,9020
= 0,1600

36
C2S = 0,1600 x 172,25 = 27,56 %

Composição global:

C3S 44,30 % CaOlivre 0,46 %


C2S 27,56 % MgO 1,84 %
C3A 11,29 % Gipsita 3, 96 %
C4AF 8,31 % Total 97,72 %

Verificação: Ao total obtido para os constituintes maiores devem ser acrescentados os


constituintes menores (Na2O + K2O + TiO2), o resíduo insolúvel e o teor de água que não
está combinada na gipsita (CaSO4.2H2O).

0,34 + 0,51 + 0,21 + 0,24 + 1,32 - (0,0230 x 36) = 1,79 %

TOTAL = 97,72 + 1,79 = 99,51

4.5 Cimento Portland com adição de filer calcário

O óxido de cálcio que entra na sequência de cálculo deve ser o óxido de cálcio total
da análise química deduzidos o teor de cal livre e o teor combinado como carbonato,
calculado de : % CO2 x 1,27. A norma brasileira especifica que o fíler adicionado deve ter
um teor mínimo de 85% de carbonato de cálcio e, assim, o teor de filler adicionado é
calculado de: % CO2 x 2,27 x 100/85.

Cimento de alto forno

A Tabela 13 exemplifica a composição de um cimento Portland ao lado da composição


da escória e o cálculo exemplificando a composição de um cimento Portland de alto forno,
com 50% de escória, composição comum a esse tipo de cimento.

É possível observar a característica principal que é o teor elevado de sílica e de alumina


e um teor mais baixo de óxido de cálcio. Para o cimento Portland foi possível o cálculo dos
compostos de Bogue e considerar 50% de cada um na composição do cimento de escória,
porque esse cálculo não é possível para esse tipo de cimento, uma vez que a escória está
no estado vítreo, com distribuição homogênea de todos os elementos.

Os compostos de Bogue estão em baixo teor, mas a resistência mecânica recebe a


contribuição da escória ativada pela Portlandita liberada na hidratação do C3S. O mais
importante é a sua contribuição para a durabilidade uma vez que o teor de Portlandita
neste cimento é mais baixa do que para o CP, sendo ela incorporada ao C-S-H durante a

37
hidratação. Não se pode calcular a composição de Bogue porque todos os elementos
presentes são igualmente solubilizados e o que se tem para cada um é a soma da
porcentagem contribuída pelo cimento e pela escória.

O reconhecimento de que se trata de um cimento de alto forno se dá pela observação


da presença de ferro metálico, proveniente tanto da escória quanto das bolas de ferro do
moinho, dada a elevada dureza da escória, maior do que a do clínquer. O mesmo se pode
dizer para o sulfeto, embora ele não esteja indicado nessa análise, assim como o óxido de
manganês (Mn2O3).

Tabela 13 Análise química de cimento Portland, de escória


e de cimento com escória (CP III)

Determinações CP Escória CP III


SiO2 18,51 33,25 25,89
Al2O3 4,32 11,29 7,81
Fe2O3 4,08 0,53 2,31
P2O5 0,94 0.01 0,47
TiO2 0,35 0.53 0,45
CaO 60,14 44,93 52,54
MgO 5,98 6,28 6,13
Na2O 0,12 0,19 0,16
K2O 0,56 0,36 0,46
SO3 3,15 1,60 2,38
Fe0 - 1,00 0,50
CaO livre 0,75 - 0,38
Perda ao fogo 1,32 - 0,66
Resíduo 0,19 - 0,10
insolúvel
Composição Potencial
C 3S 60,27 - 30,14
C 2S 7,61 - 3,81
C 3A 4,55 - 2,28
C4AF 12,42 - 6,21

38
REFERÊNCIAS

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Janeiro : Guanabara Dois. 690p.
BERNARD, A., MILLET, J., HOMMEY, R., POINDEFERT, A., Influence de la température de
cuisson et de la nature du calcaire sur la minéralogie des chaux vives. Bull. Liaison
Lab. Ponts Chauss. (79), 45-50. 1975.
CINCOTTO, M. A. 1987. Influência da Matéria-Prima e dos Fornos de Calcinação nas
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EXERCÍCIO
Os resultados da Tabela 14 referem-se a amostras americanas de gesso de construção
para revestimento, para regularização da superfície e para acabamento, sendo que a
amostra III contém cal hidratada. Como exercício, calcular a sua constituição.

TABELA 14 AMOSTRAS DE GESSOS AMERICANOS


Resultados em porcentagem
Determinações I II III
H2O livre 1,53 1,28 -
H2O < 350oC 4,98 5,06 1,95
combinada > 350oC - - 14,17
CO2 3,53 3,69 2,18
RI + SiO2 6,06 3,80 0,35
Fe2O3 + Al2O3 0,46 0,34 1,31
CaO 36,60 37,43 41,62
MgO 0,71 0,78 16,68
SO3 48,19 48,77 21,97
Total (sem água livre) 100,53 99,87 100,23

Definição de interesse para a Química dos Ligantes

Catálise é o aumento da taxa de reação de uma reação química pela contribuição de uma
espécie química denominada catalisador. Diferentemente de outros reagentes participantes
da reação química o catalisador não é consumido. As reações catalisadas têm baixa
energia de ativaçãodo que a reação correspondente não catalisada, resultando em uma
taxa de reação mais elevada para a mesma temperatura.

As reações químicas dos ligantes inorgânicos com a água, ao contrário, são espontâneas.
São influenciadas pela área específica do ligante, pela temperatura, pelo pH, pelos ions
presentes em solução com os quais interagem. Desse modo não se pode falar em reação
catalisada para os ligantes inorgânicos.

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