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Capítulo 1
1 Em colaboração com o Dr. Valdecir Angelo Quarcioni - Laboratório de Materiais de Construção Civil –
Área de Química, Centro de Tecnologia de Obras de Infra-Estrutura-CT-Obras, Instituto de Pesquisas
Tecnológicas – IPT. Revisão em 2018: Prof. Antonio Carlos Vieira Coelho – PMT – EPUSP
1
A análise é qualitativa quando se identificam os elementos ou os cátions e ânions
constituintes, e é quantitativa quando se dosam os seus teores individuais, em ambos os
casos por meio de reações características a cada elemento ou íon. Ao analisar uma
amostra desconhecida, o químico é levado a identificar previamente a natureza dos seus
constituintes, lançando mão de determinações qualitativas que permitirão orientar o
procedimento a ser seguido.
Uma vez identificados os constituintes de uma amostra, o analista parte então para
a quantificação de todos, ou de determinados constituintes. Estas determinações
pertencem ao campo da análise quantitativa, existindo uma variedade de técnicas
analíticas disponíveis.
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Repetitividade (também chamada repetibilidade) é a variação de uma medida em função
do dispositivo de medição. Ela é analisada quando o mesmo operador realiza a mesma
medida várias vezes, usando o mesmo medidor, sob as mesmas condições.
Outro ponto importante é que cada método tem o seu limite de detecção, o que
orienta a seleção do mais adequado para cada elemento ou íon a dosar.
Sendo os métodos clássicos realizados por via úmida, isto é, em solução aquosa,
duas questões devem ser resolvidas. A primeira é a dissolução da amostra, para que os
constituintes, uma vez separados na forma de íons, possam ser dosados pelos métodos
selecionados. A segunda é, existindo vários íons em solução, como dosar cada um para
que não haja interferência dos íons restantes. Existem métodos que dosam um só íon, ou
grupos de íons. Ou ainda, é possível a dosagem em sucessão, na mesma solução,
separando-os um a um, numa sequência de diferentes reações.
4 Esse conceito está relacionado com o conceito de PRECISÃO – o medidor A é capaz de fornecer
resultados mais precisos do que os que podem ser obtidos com o uso do medidor B.
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Outra questão que também se coloca é a finalidade da análise química, ou seja, o
nível de reconstituição da composição que se deseja obter. Os ligantes minerais, por
exemplo, são constituídos de espécies químicas reativas, isto é, efetivamente ligantes, e as
inertes, que podem ser consideradas como impurezas, cujos teores é importante
conhecer-se. Sendo assim, a análise química é essencial no controle da qualidade dos
ligantes.
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dadas separadamente. Quando a umidade ou água livre não estão indicadas na tabela,
entende-se que a análise química foi feita sobre o material seco. Em nota da tabela de
resultados devem estar indicados o teor encontrado e a temperatura em que foi feita a
determinação.
O que a análise química pode não dar é a composição exata de cada material. No
entanto, podem ser feitas aproximações para cada caso, como nos exemplos que serão
citados (cal virgem e hidratada, gesso de construção e os cimentos). Em cada caso existem
aproximações a serem feitas e que merecem discussão detalhada. Os ligantes são
constituídos de mais de uma espécie química e os resultados selecionados exemplificam
várias situações. Não se pode negar que o cálculo é aproximado, mas é um recurso
importante para a análise quantitativa do material.
5 “Sempre que dois elementos combinam-se para formar mais de um composto, as massas de um dos
elementos que combinam com uma dada massa do outro (mantido fixo) são múltiplos simples” (Quagliano e
Vallarino, 1979).
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sílico-aluminosos: britas, argilas, pozolana natural, cinza volante, metacaulinita,
refratários sílico-aluminosos e materiais cerâmicos;
aluminosos: cimento aluminoso, bauxita, refratários aluminosos;
sílico-alumino-cálcicos: cimentos Portland, escórias;
carbonáticos: calcários e dolomitos;
sulfáticos: gipso e gesso de construção;
óxidos: cal virgem;
hidróxidos: cal hidratada.
1.3 Amostragem
A amostra enviada para o laboratório, em geral, tem massa entre 100 g e 500 g. Ela
deve ser homogeneizada e quarteada, recolhendo-se num frasco de vidro uma porção
entre 50 g e 100 g, que será utilizada para análise química. Os materiais, tanto a amostra
que for analisada, quanto a quantidade que restar como testemunha, deverão ser
mantidos em condições de armazenamento que não os adulterem (é inconveniente, por
exemplo, que eles sejam mantidos em um ambiente excessivamente quente).
Como prática comum, duas amostras são ensaiadas simultaneamente pelo mesmo
procedimento, tomando-se como resultado final a média aritmética dos resultados dos
ensaios de amostras distintas.
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Uma vez que a dosagem de um cátion ou ânion baseia-se na reação quantitativa
com o reagente, a sua concentração vai depender da concentração do íon a ser dosado na
amostra. Assim, para a precipitação ou insolubilização do íon cálcio presente na fração
solúvel de um cimento Portland, no qual ele está em teor ao redor de 60 %, utiliza-se uma
solução saturada de oxalato de amônio [ (NH4)2C2O4 ], e na precipitação do magnésio, cujo
teor está abaixo de 5%, emprega-se fosfato de amônio [ (NH4)2HPO4 ], a 20% ou 200
gramas por litro, que é uma solução insaturada.
Para a execução da análise química por via úmida, como o próprio nome já indica, o
material ou parte dele encontra-se em solução. Os solventes comumente empregados
são:
água pura (destilada ou deionizada);
ácido clorídrico;
ácido nítrico, e
água régia (mistura de 1 parte de ácido nítrico e 3 partes de ácido clorídrico).
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2 Técnicas Empregadas
2.1 Gravimetria
Como o próprio nome diz, é uma determinação de massa onde o cátion ou o ânion é
precipitado da solução em que está sendo dissolvido, em forma tão pouco solúvel que não
ocorra perda apreciável durante a filtração. Todos os precipitados são secos ou calcinados
a fim de se eliminar qualquer remanescente volátil junto ao precipitado. Frequentemente,
o constituinte a ser estimado é pesado sob uma forma diferente daquela em que é
precipitado. Por exemplo, na determinação do magnésio em argamassas, o mesmo é
precipitado sob a forma de fosfato de magnésio e amônio [Mg(NH4)PO4.6H2O], mas é
pesado sob a forma de pirofosfato de magnésio [Mg2P2O7], após calcinação.
Os fatores que determinam uma análise por precipitação com sucesso são:
o precipitado deve ser tão insolúvel que não ocorra perda apreciável quando for
recolhido por filtração; neste caso, além da correta escolha do reagente químico, ou
agente precipitante, estão envolvidos aspectos importantes de técnicas e cuidados
que devem ser tomados para uma precipitação adequada;
a natureza física do precipitado deve ser tal que ele seja prontamente separado da
solução por filtração e possa ser lavado até ficar livre de impurezas solúveis que, se
permanecerem, alterarão a massa da amostra calcinada, conferindo erro de análise.
Portanto, as dimensões das partículas devem ser adequadas para que não passem
através do meio filtrante, nem ser afetada, ou pelo menos diminuídas, no processo
de filtração;
o precipitado deve ser convertido em uma espécie química pura de composição
química definida, por secagem, calcinação ou por tratamento com um reagente
evaporável ao aquecimento.
2.1.1 Filtração
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geral a 800oC ou 1000oC, dependendo do caso). A filtração deve ser quantitativa, isto é,
todo o resíduo deve ficar retido no meio filtrante.
O instrumento mais simples é o funil com papel filtro. O funil deve ter um ângulo tão
próximo de 60o quanto possível e uma haste longa (15 cm) para efetuar a filtração
rapidamente.
Papéis de filtro são feitos com porosidades diversas, e deve-se escolher a que seja
apropriada ao tipo de material a ser filtrado. Por exemplo, na filtração de precipitado de
R2O3 que contém ferro e alumínio na forma de hidróxidos, em forma gelatinosa, emprega-
se um papel filtro com porosidade média. Já na filtração do óxido de magnésio emprega-
se um papel filtro de textura fina por tratar-se de um resíduo fino.
Observa-se também a partir da descrição que acaba de ser feita que o tempo
implicado no conjunto de operações (precipitação, digestão do precipitado, filtração,
lavagem do precipitado, secagem e calcinação) é normalmente elevado.
2.2 Titrimetria
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Estequiometria é a parte da Química em que se investigam as proporções dos elementos que se combinam
ou dos compostos que reagem. Está fundamentada nas leis das combinações.
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pela permanência da coloração violeta na solução, coloração
característica do permanganato de potássio, sinalizando a existência
de excesso de reagente, isto é, que a reação com o oxalato de cálcio
que consome este reagente, descorando-o, foi concluída. Nas reações
ácido-base os indicadores selecionados dependem do pH em que se
dá a reação de neutralização.
Para maior aprofundamento sobre estes pontos abordados, que envolvem conceitos
e práticas de química experimental, é recomendada a consulta a textos básicos como:
KOLTHOFF e ELVING (1959), GUENTHER (1972), BASSETT e DENNEY (1981), OHLWEILER
(1981), OHLWEILER (1981a) e FIFIELD e KEALEY (1995).
3 Determinações Básicas
Os ligantes são todos analisados segundo três frações básicas: a volátil, a insolúvel e
a solúvel.
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cimentos Portland: Ca2+, Mg2+, Fe3+, Na+, K+, SO42-, H2SiO42-, AlO2-.
Cal livre
Método Franke (FRANKE (1941)) – Mistura 3:20 de éster aceto-acético:álcool
isobutílico, com determinação titrimétrica da cal dissolvida com ácido clorídrico.
Método Chang e Chen – dissolução com etilenoglicol, e determinação como acima.
Método Lerch e Bogue (LERCH e BOGUE, 1926, 1930) – dissolução com etanol +
glicerol, e determinação como acima.
Fase intersticial
Método Fratini e Turriziani – Dissolução com nitrato de amônio + hidróxido de
amônio, em pH igual a 11,4.
Método Regourd e Guinier – após dissolução do silicato com ácido salicílico,
separação da fase ferrita por dissolução do aluminato com solução de açúcar a
10%.
Álcalis
Dissolução em água dos sulfatos alcalinos.
Portlandita
Método Daimon – extração com glicerol + etanol.
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4 Análise Química dos Ligantes
Reações de processo:
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CaSO4.2H2O → CaSO4 + 2H2O Equação (1+2)
A Tabela 1 indica também um hemidrato estável com 0,66 mol de água, identificado
por difração de raios X. Ambas as formas podem estar presentes no gesso de construção,
mas para efeito de cálculo assume-se o sulfato com 0,5 mol de água. A Tabela 2 indica os
fatores de cálculo de uma espécie química em outra.
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Informações de apoio
CaO Óxido de cálcio 56,08
MgO Óxido de magnésio 40,30
SO3 Anidrido sulfúrico 80,06
CO2 Anidrido carbônico 44,01
H2O Água 18,02
P2O5 Pentóxido de fósforo 141,94
Ca3(PO4)2 Fosfato de cálcio 309,94
Ca(OH)2 Hidróxido de cálcio 74,09
Mg(OH)2 Hidróxido de magnésio 58,32
CaCO3 Carbonato de cálcio 100,09
MgCO3 Carbonato de magnésio 84,31
CaSO4 Sulfato de cálcio ou anidrita 136,14
CaSO4.0,5H2O Hemihidrato 145,15
CaSO4.2H2O Dihidrato ou gipsita 172,17
Sequência de Cálculos:
a) % H2O x 4,778 = % CaSO4 .2H2O
b) % H2O x 2,22 = % SO3 combinado como CaSO4.2H2O
c) % SO3 total – (b) = % SO3 combinado como anidrita
d) (c) x 1,70 = % CaSO4
e) (a) x 0,3257 + (d) x 0,4119 = % CaO combinado como CaSO4
f) % CaO total – (e) = % CaO combinado como CaCO3
g) (f) x 1,785 = % CaCO3
h) % MgO x 2,09 = % MgCO3
Verificação: % CO2 dosado = (f) x 0,78 + % MgO x 1,09
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A Tabela 3 apresenta os resultados da análise química de gipso e de fosfogesso, para
exercício de cálculo. A composição está indicada na Tabela 4. Observe-se que a
composição calculada reproduz o total da análise química.
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4.1.2 Reconstituição da composição provável do gesso de construção
Sequência de Cálculos:
a) % MgO x 2,09 = % MgCO3
b) % CO2 - 1,09 x % MgO = % CO2 combinado como CaCO3
c) (b) x 2,27 = % CaCO3
d) % CaO total – 0,56 x (c) = % CaO combinado como sulfatos.
(d) / SO3 = X
e1) Se X = 0,7, a relação CaO/SO3 é a teórica
e2) Se X 0,7, existe CaO em excesso, deduzido de: (d) – 0,7 x SO3
e3) Se X 0,7, existe SO3 em excesso, deduzido de: % SO3 – 1,43 x (d)
e4) Se X 0,7, % SO3 x 1,7 = % CaSO4
e5) Se X 0,7, (% SO3 – e3) + d = % CaSO4
Y = % CaSO4 / % H2O = 15,129
f1) Se Y = 15,129 o teor de sulfato combinado como hemidrato é calculado de:
% H2O x 15,129 = % CaSO4;
- O teor de hemidrato é calculado de % H2O + f1
- O teor de anidrita é deduzido de (e4 ou e5) - f1
f2) Se Y 15,129, existe gipsita residual presente, calculada a partir de duas equações a
duas incógnitas (não se admite a presença de anidrita):
% CaSO4 = 0,79 gipsita + 0,94 hemidrato
% H2O = 0,21 gipsita + 0,0622 hemidrato
f3) Se Y > 15,129, existe anidrita presente, deduzida de :
% CaSO4.0,5H2O = % H2O x 16,11
% CaSO4 = % CaSO4 total - 0,938 x % CaSO4.0,5H2O
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A Tabela 5 apresenta os resultados da análise química de gessos de construção, para
exercício de cálculo.
Amostra I
a) 0,69 x 2,09 = 1,44 % MgCO3
b) 2,79 - 1,09 x 0,69 = 2,04 % CO2 combinado como CaCO3
c) 2,04 x 2,27 = 4,63 % CaCO3
d) 39,4 – 0,56 x 4,63 = 36,8 % CaO combinado como sulfatos
e) 36,8 / 49,6 = 0,74
e2) X 0,7, e existe CaO em excesso, deduzido de: 36,8 – 0,7 x 49,6 = 2,08 % de CaO livre
e4) X > 0,7, e 49,6 x 1,7 = 84,32 % CaSO4
Y = 84,32 / 3,80 = 22,19
f3) Se Y > 15,129, existe anidrita presente, deduzida de :
3,80 x 16,11 = 61,21 % CaSO4.0,5H2O
84,32 - 0,938 x 61,21 = 26,89 %CaSO4
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Amostra II
a) 0,62 x 2,09 = 1,30 % MgCO3
b) 1,14 - 1,09 x 0,62 = 0,46 % CO2 combinado como CaCO3
c) 0,46 x 2,27 = 1,04 % CaCO3
d) 38,7 – 0,56 x 1,04 = 38,12 % CaO combinado como sulfatos
e) 38,12 / 53,0 = 0,72
e2) X 0,7, e existe CaO em excesso, deduzido de: 38,12 – 0,7 x 53,0 = 1,02 % CaO livre
e4) X > 0,7, e 53,0 x 1,7 = 90,1 % CaSO4 total
Y = 90,1 / 4,70 = 19,17
f3) Y > 15,129, e existe anidrita presente, deduzida de :
4,70 x 16,11 = 75,72 % CaSO4.0,5H2O
90,1 - 0,938 x 75,72 = 19,07 %CaSO4
Amostra III
a) 0,60 x 2,09 = 1,25 % MgCO3 ;
b) 1,26 - 1,09 x 0,60 = 0,61 % CO2 combinado como CaCO3 ;
c) 0,61 x 2,27 = 1,38 % CaCO3 ;
d)37,9 – 0,56 x 1,38 = 37,13 % CaO combinado como sulfatos.
e) 37,13 / 53,4 = 0,70
e1) X = 0,7, e a relação CaO/SO3 é a teórica;
e4) 53,4 x 1,7 = 90,78 % CaSO4 total;
Y = 90,78 / 5,92 = 15,33;
f3) Y >15,129, e existe anidrita presente, deduzida de :
5,92 x 16,11 = 89,56 % CaSO4.0,5H2O
90,78 - 0,938 x 89,56 = 6,77 %CaSO4
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Amostra IV
a) 0,30 x 2,09 = 0,63 % MgCO3 ;
b) 0,74 - 1,09 x 0,30 = 0,41 % CO2 combinado como CaCO3 ;
c) 0,41 x 2,27 = 0,94 % CaCO3 ;
d) 38,4 – 0,56 x 0,94 = 37,9 % CaO combinado como sulfatos.
e) X = 37,9 / 53,1 = 0,71
e2) 37,9 - 0,7 x 53,1 = 0,70 % CaO livre
e4) 53,1 x 1,7 = 90,27 % CaSO4 total;
Y = 90,27 / 6,62 = 13,636;
f4) Y 15,129, e existe gipsita residual presente, calculada a partir de duas equações a
duas incógnitas (não se admite a presença de anidrita):
90,27 = 0,79 gipsita + 0,94 hemidrato
6,62 = 0,21 gipsita + 0,0622 hemidrato
Ou :
%hemidrato = 1,4164 x %CaSO4 - 5,3284 x %H2O
%gipsita = 6,3401 x %H2O - 0,4195 x % CaSO4
90,27 - 0,94 hemidrato = 0,79 gipsita
114,26 - 1,19 hemidrato = gipsita
6,62 = 23,99 - 0,25 hemidrato + 0,0622 hemidrato
17,38 = 0, 1878 hemidrato
hemidrato = 92,58 %
gipsita = 114,26 - 1,19 x 92,88 = 4,10 %
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Em resumo, a composição dos gessos é a indicada na Tabela 6. Desses resultados
pode-se concluir que a matéria-prima é bastante pura, com teor de impurezas inferior a
4,0 %. No processo de produção, o grau de desidratação foi diferenciado observando-se
teores diferentes de hemidrato e, em consequência, teores diferentes de anidrita ou de
gipsita remanescente. Na tabela está ressaltada em cor diferente a fração ligante de cada
amostra.
Além desses compostos, a cal hidratada ou virgem pode conter uma fração
clinquerizada, também ativa, cujo teor deve ser conhecido, em estudos de maior
profundidade, e sulfato de cálcio formado no processo quando o óleo combustível contém
enxofre. Os calcários e dolomitos podem conter gipsita como mineral acessório, mas este
não foi identificado nas jazidas exploradas para a produção de cal (Cincotto, 1987).
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relação à matéria-prima é importante o tipo de carbonato presente, calcita e dolomita, e o
seu teor, uma vez que o produto cal virgem deve ter um teor mínimo correspondente de
88% de óxidos.
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TABELA 8 FATORES DE CÁLCULO DE COMPOSICÃO DAS ESPÉCIES QUÍMICAS
MULTIPLIQUE
DE PARA
POR
CaO 3,11
MgO 2,24
H2O
Ca(OH)2 4,11
Mg(OH)2 3,24
H2O 0,32
CO2 0,78
CaO Ca(OH)2 1,32
CaCO3 1,78
CaSO4 2,43
H2O 0,45
CO2 1,09
MgO Mg(OH)2 1,45
MgCO3 2,09
CaCO3. MgCO3 4,57
CaO 1,27
CaCO3 2,27
CO2
MgCO3 1,92
CaCO3.MgCO3 2,095
CaO 0,7
SO3
CaSO4 1,70
CO2 0,44
CaCO3
CaO 0,56
MgO 0,48
MgCO3
CO2 0,52
CaO 0,304
CaCO3 MgCO3
. MgO 0,219
CO2 0,477
Para que uma jazida possa ser explorada para a produção de cal ela deve atender ao
teor mínimo especificado de óxidos totais de cálcio e de magnésio, na base de não
voláteis, isto é: [ (CaO + MgO) / (100 - PF) ] x 100 92 %.
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Exemplificando, os resultados da Tabela 9 referem-se a amostras coletadas em
fábricas nacionais. Os teores de óxidos totais são de 99,0 % para o calcário, de 96,7 % para
o dolomito calcítico, e de 98,6 % para o dolomito A. O dolomito B apresenta o teor de
óxidos totais de 87,04 %, abaixo do limite, com um teor de 7 % de minerais acessórios da
rocha que se constituem em impurezas. No entanto, é preciso que se ressalte que a
amostra representa um momento da extração e que, na média, a matéria-prima
apresenta a composição especificada. Isto é confirmado pelos resultados da análise
química da cal virgem desse fabricante, constante na tabela 9.
Outro dado que pode ser calculado é a relação CaO/MgO para classificação da
matéria-prima. Para o calcário esse valor não apresenta interesse em virtude do teor de
CaO ser muito superior ao do MgO. O dolomito pode apresentar um teor de calcita, e ele
é tanto mais puro quanto mais próximo de 1,39 for essa relação.
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(CaO x 1,78) → 55,71 x 1,78 = 99,16 % CaCO3
b) a partir do óxido de cálcio, levando em conta que o magnésio pode estar presente no
cristal de calcita,
(CaO x 1,78) + MgO → (55,71 x 1,78) + 0,34 = 99,50 % CaCO3
c) a partir da soma dos óxidos de cálcio e magnésio e da perda ao fogo, admitindo-se que
o calcário não contém matéria orgânica, ou seja:
CaO + MgO + PF → 43,4 + 55,71 + 0,34 = 99,45 % CaCO3
Uma verificação pode ainda ser feita, que é confrontar estes resultados com o
calculado a partir da perda ao fogo:
PF x 2,27 → 43,4 x 2,27 = 98,5 % CaCO3
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A melhor alternativa é somar o teor desses óxidos com o da perda ao fogo, isto é:
46,60 + 31,26 + 21,39 = 99,25 % MgCO3.CaCO3
CaO: 30,4% CO2: 23.9% MgO: 21,8% CO2: 23,9% [ CO2 total: 47,8% ]
1 mol de CaCO3 = 100; logo, a massa contida na dolomita (30,4 + 23,9 = 54,3)
corresponde a 54,3/100 = 0,543 mol.
1 mol de MgCO3 = 84; logo, a massa contida na dolomita é (21,8 + 23,9 = 45,7)
corresponde a 45,7/84 = 0,544 mol.
A proporção é então: 0,543:0,544 1:1.
Admite-se:
resíduo insolúvel ( RI ) constituído das impurezas da matéria-prima;
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anidrido sulfúrico presente como sulfato de cálcio;
a água combinada como hidróxido de cálcio;
anidrido silícico solúvel como silicato dicálcico ( 2CaO. SiO2 );
óxido de ferro totalmente combinado como ferrita (4CaO.Fe2O3.Al2O3 );
alumínio distribuído entre a ferrita e o aluminato tricálcico (3CaO.Al2O3);
o óxido de cálcio não combinado como a diferença entre o total e o combinado nos
compostos citados acima;
o óxido de magnésio como totalmente livre.
Massas moleculares
Relações moleculares
2CaO.SiO2 / SiO2 = 172, 25 / 60,09 = 2,87
4CaO. Al2O3 . Fe2O3 / Fe2O3 = 485, 98 / 159, 70 = 3,04
3CaO. Al2O3 / Al2O3 = 270,20 / 101, 96 = 2,65
Al2O3 / Fe2O3 = 0,64 (3CaO. Al2O3 / Al2O3) x 0,64 = 2,65 x 0,64 = 1,69
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CaOC3A = 3CaO / Al2O3 = 1,65 x Al2O3
CaOC4AF = {CaOC4AF - CaOC3A } = {4CaO/Fe2O3 - 3CaO/(Al2O3 x Fe2O3/Al2O3)}xFe2O3
= (1,40 - 1,05) = 0,35 Fe2O3
O cálculo do C4AF, não pode ser feito de 4CaO/ Fe2O3 , por não se tratar do composto
C4F. É pois necessário levar em conta a presença do Al2O3 .Como o cálculo é do teor de CaO
em função de Fe2O3 , o Al2O3 deve ser expresso em Fe2O3 , pela equação: 3CaO / (Al2O3 x
Fe2O3 / Al2O3).
Estes cálculos estão exemplificados para as amostras da Tabela 10, cales virgens
correspondentes às matérias-primas cuja análise química está apresentada na Tabela 9. A
composição provável está indicada na Tabela 11. Para a análise química a amostra é
moída e, nessa condição, é facilmente hidratável, daí o teor de hidróxido de cálcio
presente.
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TABELA 10 RESULTADOS DE ANÁLISE QUÍMICA DE CAL VIRGEM
Resultados em porcentagem
CAL CAL DOLOMÍTICA
DETERMINAÇÕES CAL CÁLCICA
MAGNESIANA A B
Perda ao fogo 0,87 1,31 0,54 3,54
CaO 96,6 78,2 59,5 55,19
MgO 0,79 19,0 37,2 36,78
RI 0,26 0,04 1,08 1,71
SiO2 0,70 0,73 0,67 2,22
Al2O3 0,23 0,23 0,19 0,32
Fe2O3 0,24 0,18 0,22 0,19
SO3 0,18 0,05 0,08 0,13
Total 99,87 99,08 99,48 100,08
CO2 0,42 0,90 0,12 1,63
Relação CaO/MgO 122,3 4,1 1,6 1,5
Hidróxido de cálcio
Ca(OH)2 1,85 1,69 1,73 7,85
Sulfato de cálcio
0,31 0,18 0,14 0,22
CaSO4
Óxidos livres
93,59 92,94 93,54 79,12
CaO + MgO
Total 99,90 99,74 100,2 100,08
28
4.2.3 Cal virgem cálculo sem levar em conta a fração clinquerizada
O teor de cal livre que se obtém é maior do que o obtido no cálculo anterior uma
vez que não é levada em conta a cal combinada com compostos clinquerizados. Não se
considera o óxido de magnésio como combinado; o seu valor é o mesmo da análise
química.
Admite-se:
resíduo insolúvel (RI) constituído das impurezas da matéria-prima;
anidrido sulfúrico presente como sulfato de cálcio;
o anidrido carbônico combinado como carbonato de cálcio;
o óxido de cálcio restante [óxido de cálcio total – (óxido combinado como sulfato +
carbonato)] combinado como hidróxido de cálcio; é verificado se o teor de água é
superior ao requerido pelo óxido de cálcio disponível;
o teor de água remanescente é calculado em hidróxido de magnésio; é verificado se o
teor de óxido de magnésio é suficiente para a água remanescente; quando
insuficiente esse teor é recalculado como óxido de magnésio livre.
Deve-se observar que por essa sequência de cálculo somente nas cales cálcicas é
possível encontrar óxido de cálcio livre.
29
b) CaSO4 = SO3 x 1,70
c) CaCO3 = CO2 x 2.27
d) CaO combinado como hidróxido = CaO total - (CO2 x 1,27 + SO3 x 0,70) (a)
e) Ca(OH)2 = (a) x 1,32
f) H2O como hidróxido de magnésio = Teor de H2O total - Teor combinado com o
óxido de cálcio
g) = (PF - CO2) - a x 0,32 (b)
h) Mg(OH)2 = b x 3,24
i) MgO não hidratado = MgO total - b x 2,24
Cal magnesiana CH I
a) CaSO4 = 0,06 x 1,70 = 0,10%
b) CaCO3 = 5,36 x 2,27 = 12,2 %
c) CaO combinado como hidróxido = 51,5 - (5,36 x 1,27 + 0,06 x 0,70) = 44,7
d) Ca(OH)2 = 44,7 x 1,32 = 58,9%
e) H2O como hidróxido de magnésio = (PF - CO2) - a x 0,32 = 26,3 - 5,36 - 14,3 = 6,64
f) Mg(OH)2 = 6,64 x 3,24 = 21,5%
30
g) MgO não hidratado = 19,3 - 6,64 x 2,24 = 4,43%
Observe-se que a diferença 28,2 - 1,79 = 26,4 (que corresponde a {Mg(OH)2 – MgO}),
dando um resultado maior do que 25,7 é devida às aproximações de cálculo. Na verdade o
teor de água suficiente para hidratar os óxidos de cálcio e de magnésio é igual a:
29,0 x 0,32 + 17,7 x 0,45 = 17,2
Nesta sequência de cálculo adotada para a cal dolomítica ou magnesiana, como toda
água é primeiro atribuída ao óxido de cálcio nunca se tem esse óxido não hidratado. Na
verdade, a termogravimetria mostra que é possível ter cal livre.
Cal cálcica CH I
a) CaSO4 = 0,37 x 1,70 = 0, 63 %
b) CaCO3 = 3,13 x 2,27 = 7,11 %
c) CaO disponível para ser combinado como hidróxido = 72,7 - (3,13 x 1,27 + 0,37 x 0,70)
= 68,5
d) Ca(OH)2 = 68,5 x 1,32 = 90,4 %
e) H2O disponível para combinar como hidróxido de magnésio = ( 24,7 - 3,13) – 68,5 x
0,32 = -0,35 %
Portanto, existe CaO que não hidratou e todo o MgO está livre.
31
Verificação:
H2O disponível = 24,7 – 3,13 = 21,57 %
CaO = 21,57 x 3,11 = 67,0
CaO livre = 68,5 – 67,0 = 1,5%
O teor de MgO dado pela análise química é 0,29 < 1,12, portanto, existe água em
excesso e o MgO acha-se completamente hidratado; o teor de hidróxido é dado por:
Mg(OH)2 = MgO x 1,45 = 0,29 x 1,45 = 0,42 %
Admite-se:
resíduo insolúvel (RI) constituído das impurezas da matéria-prima;
o anidrido sulfúrico presente como sulfato de cálcio;
o anidrido carbônico combinado como carbonato de cálcio;
o óxido de cálcio restante { óxido de cálcio total – (óxido combinado como sulfato +
carbonato) };
é calculado o teor de água necessário para hidratar todo o óxido de cálcio e o óxido
de magnésio (a);
do valor da perda ao fogo é deduzido o teor de água disponível para hidratação (b);
32
se a b existem óxidos livres dado por ( a - b );
se a b não existem óxidos livres e o teor de água em excesso pode ser computado
como umidade.
Aplicar estes cálculos aos resultados da análise química das cales hidratadas,
constantes da Tabela 12.
Admite-se:
Calcula-se:
33
d) o teor de óxido de cálcio combinado como hidróxido: % CaO = c x 3,11
e) teor de óxido de cálcio não hidratado: % CaO total – (a + b + d)
Se e < 0, parte do óxido de magnésio está hidratado, dado por:
f) óxido de magnésio hidratado: e x 0,71
g) óxido de magnésio não hidratado: % MgO total – f (o resultado pode ser zero ou
positivo) ;
Se e > 0, g > 0, o teor total de óxidos não hidratados é dado por: (e + g)%
As relações atômicas abaixo (do C3S e da alita) são citadas por Taylor; observe-se
que o sódio, o potássio o magnésio e o ferro substituem o cálcio e alumínio, enxofre e
fósforo substituem o silício.
34
96
á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑠𝑖𝑙í𝑐𝑖𝑜 = × 1 ≈ 0,94 𝑆𝑖
102
291
á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑐á𝑙𝑐𝑖𝑜 = × 3 ≈ 2,90 𝐶𝑎
301
Clínquer
O óxido de cálcio que entra na sequência do cálculo anterior deve ser o óxido total
da análise química deduzido o teor de cal livre. Um outro modelo de cálculo aqui
reproduzido é dado por TAYLOR, apresentado somente na edição de 1964. Esse
procedimento pode ser exercitado com os resultados da Tabela 13.
35
MgO 1,84 Insol. 0,24
*
CaO 63,20 Total 99,51
*CaO total inclui a cal livre, igual a 0,46%.
y = (3 x 0,3540) - 0,9020
= 1,0620 - 0,9020
= 0,1600
36
C2S = 0,1600 x 172,25 = 27,56 %
Composição global:
O óxido de cálcio que entra na sequência de cálculo deve ser o óxido de cálcio total
da análise química deduzidos o teor de cal livre e o teor combinado como carbonato,
calculado de : % CO2 x 1,27. A norma brasileira especifica que o fíler adicionado deve ter
um teor mínimo de 85% de carbonato de cálcio e, assim, o teor de filler adicionado é
calculado de: % CO2 x 2,27 x 100/85.
37
hidratação. Não se pode calcular a composição de Bogue porque todos os elementos
presentes são igualmente solubilizados e o que se tem para cada um é a soma da
porcentagem contribuída pelo cimento e pela escória.
38
REFERÊNCIAS
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Características da Cal Virgem, v. 1 e 2 (Tese de Doutorado). EPUSP.
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39
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Paulo : IPT. 25p. (IPT - Publicação, 1160 - ACM, 11).
WAENY, J.C.C. 1983. Amostragem em certificação, garantia da qualidade e confiabilidade
metrológica. São Paulo : IPT. 30p. (IPT - Publicação, 1249 - CT, 11).
EXERCÍCIO
Os resultados da Tabela 14 referem-se a amostras americanas de gesso de construção
para revestimento, para regularização da superfície e para acabamento, sendo que a
amostra III contém cal hidratada. Como exercício, calcular a sua constituição.
Catálise é o aumento da taxa de reação de uma reação química pela contribuição de uma
espécie química denominada catalisador. Diferentemente de outros reagentes participantes
da reação química o catalisador não é consumido. As reações catalisadas têm baixa
energia de ativaçãodo que a reação correspondente não catalisada, resultando em uma
taxa de reação mais elevada para a mesma temperatura.
As reações químicas dos ligantes inorgânicos com a água, ao contrário, são espontâneas.
São influenciadas pela área específica do ligante, pela temperatura, pelo pH, pelos ions
presentes em solução com os quais interagem. Desse modo não se pode falar em reação
catalisada para os ligantes inorgânicos.
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