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A POLITÉCNICA
Daniel O. Mualeque
Orientador:
Julho de 2008
0
I. RESUMO
1
mensais, uma simples e outra com uma componente sazonal. O comprimento
assimptótico (L∞) encontrado foi de 19,0 cm para um coeficiente de crescimento (K) de
0,7 ano-1. Aparentemente, o crescimento (somático) das coortes é marcadamente maior na
época das chuvas (Novembro-Fevereiro). Os parâmetros da função de crescimento
sazonal de von Bertalanffy foram usados para converter a composição de comprimentos
em idades. Através da análise da curva de captura obteve-se uma taxa instantânea de
mortalidade total de 2,30 ano-1. Apesar da mortalidade natural esperada para esta espécie
ser alta, este valor de mortalidade total indica uma mortalidade por pesca relativamente
alta.
ABSTRACT
Orangemouth anchovy (Thryssa vitrirostris), is small pelagic of the Engraulid family
explored mainly along the coast of Mozambique by the artisanal beach-seining
fishery.This anchovy is widely distributed along the margins of the West Indian Ocean,
but, in spite of the wide geographical distribution, only summary information exists about
this species. Reports of the research surveys of the R/V DR. FRIDTJOF NANSEN
performed in the period 1980-1990 and on 2007, indicate that the acoustic biomass of all
small pelagic fish has been largely decreasing offshore. Original fishery statistics
obtained for this coastal artisanal fishery in the districts of Angoche, Mogincual, Moma,
Pebane and Beira, in the period between 1998 and 2007, were used to study the
temporary and geographical trends of the landings and harvest rates (CPUE, kg/net/day),
and the seasonal variations of the CPUE. The results indicate that the captures and CPUE
tended to decrease along this period, mainly in the boundary area of population
distribution. Pebane can be the center of the distribution; from there segments of the
population may migrate to the north, with seasonal regularity and, more strongly, in
special years. For additional biological studies in the district of Moma, monthly data of
individual length and weight composition were collected, and otoliths and maturity stages
of selected specimens were analysed, between July of 2007 and January of 2008. A
2
logistic regression of maturity on fish length indicated that the size of first maturation,
L50, was 13,2 cm total length for the combined sexes (or, 13,4 cm for females and 13,9
cm for males). The analysis of the length frequencies and maturation showed that
recruitment to the fishery starts in March, and that the main spawning period occurs
between October and December, at the end of the first year of life. The mean length-
weight relationship was Wt = 0,0073*TL3,0120 , but there was considerable variation on an
individual basis, particularly for maturing fish.. Modal Progression Analysis was used to
study mean length at age of the different cohorts. Two von Bertalanffy growth functions
were adjusted, one with simple shape and the other accounting for seasonal trends.
Somatic growth appeared to have a strong seasonal component, with highest growth
observed during the rainy season (November-February). The parameters of seasonal
VBGF (L∞ = 19,0 cm; K = 0,7 year-1) were used to convert the length composition in
age. An instantaneous rate of total mortality (Z) of 2,30 year-1 was estimated by catch
curve analysis. Although the natural mortality of this species is expected to be high, this
value of Z may indicate a strong fishing mortality as well.
3
II. ÍNDICE
I. RESUMO......................................................................................................................... 1
II. ÍNDICE .......................................................................................................................... 4
III. DEDICATÓRIA ........................................................................................................... 9
IV. AGRADECIMENTOS ............................................................................................... 10
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11
1.1. Descrição da pescaria e sua importância ............................................................... 11
1.2. Biologia e distribuição da família Engraulidae no mundo..................................... 13
1.3. Biologia e distribuição de Thryssa vitrirostris no mundo e em Moçambique ....... 14
1.4. Antecedentes e objectivos do estudo ..................................................................... 18
1.5. Sistema actual de gestão da pescaria ..................................................................... 19
2. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 22
2.1. Área de estudo........................................................................................................ 22
2.2. Fonte de dados e análise ........................................................................................ 25
2.3. Análise de reprodução............................................................................................ 29
2.4. Análise de idade e crescimento.............................................................................. 31
2.5. Análise de mortalidade .......................................................................................... 35
3. RESULTADOS............................................................................................................. 37
3.1. Distribuição e importância da família Engraulidae nos distritos de Mogincual,
Angoche, Moma e Pebane ............................................................................................ 37
3.2. Reprodução e modelo de maturação ...................................................................... 45
3.3. Idades e crescimento .............................................................................................. 49
3.4. Determinação de mortalidade total por curva de captura ...................................... 57
4. DISCUSSÃO ................................................................................................................ 58
4.1. Distribuição e importância da família Engraulidae nos distritos de Mogincual,
Angoche, Moma e Pebane ............................................................................................ 59
4.2. Reprodução e ogiva de maturação sexual.............................................................. 63
4.3. Idade e crescimento................................................................................................ 65
4.4. Determinação de mortalidade por curva de captura .............................................. 69
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................... 70
5.1. Conclusões ............................................................................................................. 70
5.2. Recomendações...................................................................................................... 71
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 73
7. APÊNDICE................................................................................................................... 77
4
FIGURAS
5
modelo de crescimento proposto, a coorte mais velha (linha amarela) terá tido o seu
início em 2004................................................................................................................... 50
Figura 19. Otólitos de Thryssa vitrirostris em vista dorsal, imersos em glicerol e
iluminados com luz transmitida. O otólito pequeno, extraído dum peixe de comprimento
total de 8.8 cm, apresenta um nucleo central bem definido. O otólito dum peixe grande
(17 cm) parece apresentar um anel mais marcante ao longo do rebordo inferior............. 52
Figura 20. Estudo de secções finas de otolitos de Thryssa vitrirostris amostrados em
Moma em Janeiro de 2008. Vista dorsal do otólito inteiro (à esquerda) de peixes com
comprimento total de 3.5 cm, 13.5 cm e 18.0 cm, cujos otólitos mediam cerca de 1.5 mm,
5 mm e 6 mm, respectivamente. Vistos em secção fina, o otólito do peixe #17 (centro)
parece ter formado um primeiro anel hialino, enquanto o do peixe #18 (direita) parece já
mostrar a formação completa dum segundo anel e um claro início duma zona opaca..... 53
Figura 21. Curvas de crescimento de von Bertalanffy simples e sazonal ajustadas a
Thryssa vitrirostris no distrito de Moma. As barras indicam o erro padrão das médias ds
distribuições analisadas..................................................................................................... 54
Figura 22. Relação peso-comprimento de Thyssa vitrirostris amostrado em Moma no
período de Fevereiro de 2007 a Janeiro de 2008: (a) pesos médios por classe de
comprimento; (b) peixes pequenos e c) peixes grandes.................................................... 56
Figura 23. Curva de captura linearizada baseada na composição etária média das capturas
de Thryssa vitrirostris do distrito de Moma no período de Fevereiro de 2007 a Janeiro de
2008................................................................................................................................... 57
Figura 24. Distribuição de frequencies de comprimento de T. vitrirostris entre Fevereiro
de 2007 e Janeiro de 2008 no distrito de Moma. .............................................................. 78
Figura 25. Distribuição de frequencies de comprimento de T. vitrirostris entre Janeiro e
Outubro de 2007 no distrito de Pebane............................................................................. 79
Figura 26. Distribuição de frequencies de Comprimento da T. vitrirostris amostrada nos
meses de Março e Julho, mostrando uma estrutura bimodal, sendo primeira moda em
Julho constituida de indivíduos de tamanho menor (7 cm). ............................................. 81
Figura 27. Variação mensal de CPUE de Thryssa vitrirostris nos distritos de Mogincual,
Angoche, Moma, Pebane e Beira entre 1998 à 2007........................................................ 82
6
TABELAS
7
LISTA DE ABREVIATURAS E CÓDIGOS DE ESPÉCIES FAO
8
III. DEDICATÓRIA
Mualeque Namulaquela,
Dedico.
9
IV. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho não teria sido possível sem ajuda de muitas pessoas e instituições.
Profundo e especial agradecimento ao Prof. Dr. Jorge Santos, meu supervisor, pelos
ensinamentos, conselhos, correcções e paciência na humilde condução deste trabalho (Dr.
Jorge Santos, muito obrigado).
Para os meus colegas de curso, Mafuca (papai), Tânia, Halare, Narci, Alice, Isabel,
Rabia, Claúdia, Thuzine, Avene e Silvia, muito obrigado pelo apoio que me deram
durante o curso.
Agradeço igualmente aos colegas da Delegação do IIP em Nampula, aos meus familiares
e a todos aqueles que directa ou indirectamente contribuiram para que este trabalho fosse
uma realidade.
10
1. INTRODUÇÃO
1
(www.fao.org).
2
Legislação. Regulamento Geral da Pesca Marítima, I Série, no. 50, da Lei 3/1990, de 26 de Setemro, Lei
das Pescas.
11
cintura para facilitar o processo de tracção (observação pessoal). A manobra desta arte é
similar em toda a região estudada, diferindo apenas no número de pescadores por rede,
característica que está relacionada com o tamanho da rede. Nos últimos anos tem-se
disseminado a utilização de rede mosquiteira no saco desta rede, o que resulta na captura
elevada de juvenis (Brito et al., 2006, não publicado). De acordo com o censo realizado
pelo IDPPE no ano de 2002 (Anon., 2004) em Angoche, 329 (68%) das 487 redes de
arrasto para a praia possuíam redes mosquiteiras, enquanto que em Moma, das 498 redes
apenas 25 (5%) possuíam redes mosquiteiras.
12
Figura 2. Pescadores artesanais de arrasto para a praia e a embarcação típica usada, uma
canoa tipo Moma.
13
1.3. Biologia e distribuição de Thryssa vitrirostris no mundo e em Moçambique
Trata-se de uma espécie pouco estudada em toda a sua distribuição. Apesar da sua
importância em Moçambique, não existe um grande número de trabalhos realizados a seu
respeito no país. Assuntos previamente estudados no litoral moçambicano incluem, ainda
que sumariamente: a selectividade das artes de pesca (Pinto, 1995), estimativas das
capturas da pesca artesanal no Banco de Sofala, a sul da província de Nampula (Balói et
al., 2002; 2003; 2004a; Mualeque & Uetimane, 2006); relações peso-comprimento,
índices gonadossomáticos e estados de maturação (Brinca et al., 1982). T. vitrirostris é
uma espécie zooplanctívora pelágica; estuarina ou marinha, e que ocorre em cardumes
em intervalos de profundidade que variam de 0 até 50 m (Blaber, 1979). Gislason &
Sousa (1985) referem que T. vitrirostris se alimenta de pequenos camarões (Palaemon
styliferus) e eufausiáceos. Consideracões teóricas indicam que as populações poderão ter
uma alta resiliência, com um coeficiente de crescimento K = 0.5 ano-1 (parâmetro da
14
função de von Bertalanffy) e um tempo mínimo de duplicação da população menor que
15 meses (Whitehead et al., 1988). Na Baía de Maputo, os valores de K obtidos
anteriormente variaram de 0,52 a 0,77 ano-1 para um comprimento total assimptótico (L∞)
entre 22,8 e 28,5 cm (Gjøsaeter & Sousa, 1987). Outros estudos realizados no Banco de
Sofala indicam que o recrutamento ocorre de Abril a Junho e de Setembro a Outubro
(Gjøsaeter & Sousa, 1983). A desova principal ocorre em Dezembro (Saetre & Silva,
1979, in Gjøsaeter & Sousa, 1983), sendo a área de desova no Banco de Sofala, desde a
foz do rio Zambeze até Angoche (Gjøsaeter & Sousa, 1983).
Para esta espécie, foi registado um comprimento total (CT) máximo de 22,5 cm no banco
de Sofala, em Moçambique (Gjøsaeter & Sousa, 1983; Gislason & Sousa, 1985), e 18 cm
no Irão (Whitehead et al., 1988). Ainda segundo Gislason & Sousa (1985), peixes
pequenos até 4 cm são apanhados principalmente para norte da foz do rio Zambeze e até
Pebane. No entanto, a maior parte dos peixes capturados variam entre os 12 e 17 cm de
comprimento. Outros estudos realizados em KwaZulu-Natal, na África do Sul, referem
que esta espécie atinge o comprimento de maturação aos 8 cm (Wallace, 1975, in Balói
et., 2002).
15
Tabela 1. Biomassa acústica estimada de pequenos pelágicos em vários periodos ao longo
da costa de Moçambique (Fonte: Sætersdal et al., 1999).
3
http://www.fao.org/WAIRDOCS/FNS/FN130E/BEGIN.HTM ( Dr. Fridjof Nansen, Fao)
16
Figura 4. Mapa de distribuição dos pequenos pelágicos no Banco de Sofala. Fonte: Dados
do cruzeiro do navio Dr. Fridjof Nansen, 2007, não publicados.
17
1.4. Antecedentes e objectivos do estudo
T. vitrirostris tem sido uma espécie bastante importante na pescaria artesanal de arrasto
para a praia, que é, provavelmente, a maior pescaria do país. De 1997 a 2005, a espécie
que predominou nas capturas do arrasto para a praia no distrito de Moma foi T.
vitrirostris com uma média de 53,3 toneladas anuais correspondente a 23% do total (Brito
et al., 2006). Brito et al. (2006, não publicado) constataram que o esforço de pesca desta
arte em Angoche baixou cerca de 1/3 nos últimos seis anos devido ao abandono da pesca,
o que se tem reflectido nas capturas. Segundo estes autores, de 1997 a 2005 estiveram
activas no distrito de Angoche uma média anual de 2226 redes e foram capturadas, em
média, 224 toneladas. Em 2005 operaram 2384 redes, tendo sido capturadas cerca de 64
toneladas, o valor mais baixo registado até então. De acordo com os mesmos autores, o
declínio da captura total anual desta arte em Angoche poderá estar associado com a
redução das capturas de T. vitrirostris que, tradicionalmente, contribuía com o maior
volume: a produção desta espécie baixou drasticamente de 17,3 para 0,05 toneladas, entre
2003 e 2005 (Figura 5).
250
200
Captura (t)
150
100
50
0
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Ano
Figura 5. Capturas de Thryssa vitrirostris por arrasto para a praia no distrito de Angoche
entre 1997 e 2005. Fonte: Brito et al. (2006, não publicado).
Esta mesma constatação dum declinio considerável já tinha sido feita anteriormente por
Balói et al. (2003; 2004a) e por Mualeque & Uetimane (2006) nos relatórios estatísticos
da pesca artesanal dos distritos de Mogincual, Angoche e Moma em 2002-2004. Balói et
18
al. (2004a) mostraram preocupação por esta tendência, porventura indicadora duma
excessiva redução do stock, e recomendaram uma maior monitorização dos
desembarques de ocar na pesca de arrasto para a praia em Angoche.
Uma análise do estado duma população explorada requer a análise e a síntese de vários
tipos de informação estatística e biológica (King, 2007), entre a qual a definição espaço-
temporal de distribuição. Tentou-se ao longo do presente trabalho atingir os seguintes
objectivos:
o Análise de tendências temporais das capturas e rendimentos, de modo a distinguir
padrões de período curto (dias, meses) de tendências anuais de abundância;
o Análise de tendências geográficas de rendimentos, de modo a compreender a
eventual ocorrência de migrações de longo período do recurso;
o Estudo do padrão de crescimento, mortalidade e de reprodução da população, de
modo a melhor compreender a sua biologia e contribuir para uma boa gestão do
recurso.
4
Legislação. Regulamento Geral da Pesca Marítima, I Série, no. 50, da Lei 3/1990, de 26 de Setemro, Lei
das Pesaacas.
19
Os serviços da Administração Pesqueira de nível central e provincial têm um papel
fundamental no processo da administração pesqueira, por exemplo no licenciamento,
fiscalização e de gestão dos recursos. A gestão da pesca artesanal, e principalmente do
arrasto de praia, assenta num pequeno número de medidas determinadas pela
regulamentação geral nacional:
o Período de defeso entre os meses de Novembro a Fevereiro. Este período tem sido
alterado de zona para zona. De salientar que esta veda é dirigida à pesca de arrasto
para a praia. As outras artes, como as redes de emalhar e a pesca à linha, não estão
sujeitas a esta medida.
o Malhagem mínima permitida para arrasto para a praia (38 mm). Contudo, por
motivos de preservação dos recursos pesqueiros e de gestão das pescarias, esta
malhagem pode ser alterada (alargada) para cada zona de pesca.
o Preservação de espécies ameaçadas. Constituem capturas não permitidas, os
mamíferos e tartarugas marinhas, espécies raras ou em perigo de extinção e outras
espécies internacionalmente protegidas e de interesse para a investigação. Essas
espécies uma vez capturadas devem ser, segundo a lei, devolvidas ao mar.
Além destas regras gerais, poderão ser instituídas a nível provincial regras locais
específicas, o que poderá incluir e.g. a limitação do número de artes, ou tipo de artes,
admissível numa determinada zona ou período. Estes controlos são, no entanto, raramente
exercidos. Do mesmo modo, a observância das regras gerais relativas à veda e malhagem
é geralmente baixa ou variável, em grande parte por falta de inspecção efectiva.
20
encontram-se sob um regime rigoroso de controlo de meios e de produção (quotas). Este
contraste deve-se, em parte, à curta história de monitorização de rotina dos recursos
artesanais, e à natureza dispersa destas pescarias.
Figura 6. Redes mosquiteiras retiradas pelos pescadores dos sacos das suas redes de
arrasto de praia e armazenadas na sede de CCP de Moma-sede.
21
Segundo a regulamentação vigente estes são processos coordenados pelas
Administrações Pesqueiras provinciais. A Administração Pesqueira tem, portanto, o papel
coordenador e executor das decisões relevantes para o sistema de gestão com vista ao
objectivo comum da gestão sustentável dos recursos pesqueiros.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
22
Figura 7. Localização dos distritos analizados no presente estudo, Mogincual, Angoche,
Moma, Pebane e Beira (sombreados). Alterado do mapa que localiza os distritos cobertos
pelo sistema de amostragem do IIP. Fonte: Departamento de Informática do IIP.
Os distritos de Angoche e Moma situam-se na parte norte do Banco de Sofala, uma das
mais importantes áreas de pesca de Moçambique. Dentro desta região, a área que se
encontra dentro da zona delimitada pela cadeia das ilhas de Goa e Fogo (em frente de
Angoche e Moma) pode ser vista como uma sub-região deste grande ecossistema. Nela
foi identificado um círculo de correntes marítimas (Brinca et al., 1983) e um afloramento
costeiro local rico em nutrientes (Steen & Hoguane, 1990 in Balói et al., 2004a).
Observações e modelos recentes indicam que o sistema de correntes costeiras ao longo do
canal de Moçambique é extremamente dinâmico, existindo um certo número de vórtices
persistentes que induzem fortes correntes de norte para sul, além de sistemas de contra-
corrente na direcção oposta (Segtnan, 2006; Lutjeharms, 2007) (Figuras 8 e 9).
23
Figura 8. Modelo da circulação da corrente de Moçambique. Fonte: Segtnan, 2006.
24
A costa dos distritos de Angoche e Moma, é caracterizada por um substrato basicamente
arenoso. Os fundos costeiros são de características estuarinas (sedimentares) devido à
influência dos rios Mutomoti, Meluli, Ligonha, e outros que aí desaguam. Esta região é
coberta por várias espécies de mangal. Comparando Angoche e Moma este último distrito
é o que maior afluência de rios apresenta. O clima é tropical e caracterizado por duas
estações, húmida e seca. A estação chuvosa estende-se desde Outubro até Março, com
chuvas predominantes durante os meses de Janeiro e Fevereiro, enquanto que a estação
seca decorre entre Abril e Setembro (Balói et al. 2004).
25
PSU: o esforço total é a soma do número de unidades activas observadas nessa PSU. O
cálculo da captura total é feita multiplicando a média das capturas totais das unidades
amostradas pelo número de unidades activas naquela PSU. Na etapa temporal (dia ou
noite) ou tipo de dia (dias de semana ou fins de semana), o processamento é feito em
separado. Na etapa seguinte, estrato geográfico, o esforço total é obtido multiplicando a
média do número de unidades de pesca activas por PSU amostrada pelo número máximo
de PSU do estrato. A captura no estrato é calculada multiplicando a captura média das
PSUs amostradas pelo número máximo de PSUs. Da combinação das estimativas do
esforço e desembarques dentro de cada estrato obtêm-se as estimativas do distrito, e, a
partir deste, da província.
O cálculo da CPUE (captura por unidade de esforço) por rede activa é obtido no sistema
Pescart, em qualquer dos níveis de amostragem, dividindo a captura desse nível pelo
respectivo esforço de pesca. Para o cálculo da composição específica usa-se o
procedimento do cálculo da captura considerando a captura de cada espécie
separadamente.
Para qualquer nível de definição desejado (diário, mensal, anual, etc) a composição
específica das capturas é fornecida ao utilizador como uma percentagem do desembarque
total (kg) nesse período. No presente trabalho, o desembarque por espécie foi, portanto,
calculado por uma regra de proporções simples (kg x %). Separadamente, e para os
mesmos períodos de tempo, foi processado o esforço de pesca (artes activas) por distrito.
A partir destes dados base foram calculadas médias aritméticas e ponderadas de captura,
esforço e composição específica.
Uma das tarefas preliminares no processamento dos dados estatísticos foi o controlo da
sua consistência e qualidade. As principais dificuldades encontradas podem-se repartir
entre as seguintes categorias: erros óbvios de introdução de valores na base de dados e
ausência de amostragem em certos meses do período analisado. Os erros de introdução de
valores na base de dados foram detectados apenas num mês, no distrito de Pebane. Este
valor foi ignorado, tendo-se, em substituição, calculado a média aritmética entre os meses
adjacentes ao mês em causa.
26
Os erros de ausência de amostragem foram os mais comuns. No distrito de Mogincual foi
verificada a ausência de amostragem em 7 e 9 meses dos anos 1998 e 2000,
respectivamente. Nos distritos de Angoche e Moma registou-se também a ausência de
amostragem no ano de 2000, em 9 e 8 meses, respectivamente. Por impossibilidade de
correcção, estas combinações de anos e distritos foram simplesmente omitidas das
análises. Outro tipo de erros desta categoria foi a ocorrência de espaços em branco para a
captura, esforço e percentagens das espécies da família Engraulidae. Este erro ocorreu em
Mogincual, 2 vezes (2003 e 2006); Angoche, 3 vezes (1998, 2003 e 2006), Moma, 3
vezes, sendo dois em 1998, e um em 2006, e Beira 6 vezes, uma vez nos anos de 2001,
2003 e 2005 e 3 vezes em 2004. Igualmente, no mês de Junho de 2007, não foi feita
amostragem em toda área de estudo, devido ao envolvimento dos amostradores no censo
da pesca artesanal. Foram calculadas médias aritméticas para a captura e o esforço nestes
meses utilizando os valores dos meses contíguos (anterior e posterior) e a média
ponderada das percentagens da composição específica. Espaços em branco foram
também observados para outras espécies menos importantes da família Engraulidae,
frequentemente durante anos inteiros. Discriminando por distrito, estas faltas foram
observadas em Mogincual para: E. heteroloba (2006), T.vitrirostris (2001 e 2006), T.
setirostris (2001 e 2006); Angoche: E. heteroloba (2001 e 2003), E. puntifer (2001-
2003), S. holodon (2001 e 2002) e T. baelama (2002). Igualmente em Moma: T.
vitrirostris um mês em 1998, E. puntifer (2001 e 2004), S. holodon (2002-2005) e E.
heteroloba (2005-2006). Finalmente, em Pebane: T. baelama (1999-2007), S. commerson
(2003, 2004 e 2006), S. holodon (2000, 2003, 2004, 2006 e 2007), S. indicus (2000-2006,
excepto 2005), E. heteroloba (2000-2007), e E. puntifer (2000-20007). Para estes espaços
em branco foram atribuídos valor zero (0), tendo-se, assim, assumido que a falta de
observação correspondia a uma ausência efectiva nos desembarques.
Os dados foram transferidos e armazenados em folhas de cálculo Microsoft Excel e
tratados usando tabelas dinâmicas (pivotTable). Foram igualmente elaborados gráficos
usando Microsoft Excel descrevendo as variações sazonais (anual e mensal) e espaciais
(por distrito) das capturas e rendimentos (CPUE), tal como da distribuição espacial das
diferentes espécies dos géneros da família Engraulidae.
27
2.2.2. Amostragem biológica no terreno
No total, foram amostrados em Moma (estrato de Mucoroge) 1261 indivíduos para fins
de análise da composição de tamanhos: de cada indivíduo foi obtido o comprimento total
(mm). Os dados foram registados numa ficha preparada para o efeito (Tabela 5, anexo).
Desta amostra, foi retirada uma sub-amostra composta por 226 indivíduos (89 fêmeas, 41
machos e 96 de sexo indeterminado): depois de pesados com uma balança electrónica
(precisão, 1 g), foram-lhes extraídos os otólitos e gónadas para o estudo da relação peso-
comprimento, idade e reprodução.
Para fins de comparação geográfica foram tambem utilizadas as frequências de
comprimentos de indivíduos amostrados noutros distritos pelos técnicos do IIP. Estes
dados adicionais foram colhidos em trabalho de rotina desde Fevereiro de 2007 até
Janeiro de 2008, em Mucoroge (510 indivíduos)) e Pebane, Zambézia (759 indivíduos).
28
2.3. Análise de reprodução
Estado Descrição
o Ovários e testículos ocupam, no máximo, 1/3 do comprimento
da cavidade abdominal.
1 Imaturo o Ovários transparentes e de côr rosa, testículos filamentosos,
finos e esbranquiçados. Ovos não são visíveis a olho nú.
o Ovários e testículos ligeiramente maiores ocupando cerca de ½
do comprimento da cavidade abdominal.
2 Em maturação o Ovários transparentes e de côr rosa; testículos esbranquiçados
e quase simétricos. Ovos não são visíveis a olho nú.
o Ovários e testículos atingem cerca de 2/3 do comprimento da
cavidade abdominal.
3 Maduro o Ovários desiguais e de côr rosa a laranja; testículos desiguais e
de côr esbranquiçada a creme. Ovos são visíveis a olho nú.
o Ovários e testículos maiores cerca de 2/3 do comprimento da
Desovado ou cavidade abdominal.
em repouso o Ovários de côr laranja a rosa com vasos sanguíneos
4 superficiais visíveis com parede frouxa com alguns ovos ainda
visíveis; testículos moles de côr branca a creme ou vermelhos
carnudos, desiguais com uma linha mediana vermelha.
29
Figura 10. Estados de maturação para os dois sexos de Thryssa vitrirostris amostrados em
Moma entre Julho de 2007 e Janeiro de 2008.
O cálculo da proporção sexual foi feito com base no número de machos e fêmeas na
amostra. O período de desova foi determinado analisando a frequencia mensal dos vários
estados de maturação: o periodo em que maior proporção dos individuos se encontrava
em estados finais de maturação foi considerado a época de desova.
30
classes de tamanho com uma amplitude de 1 cm. Em cada classe de comprimento foi
determinada a frequência de maduros, tendo sido definido como maduro todos os
indivíduos que se encontrassem pelo menos no estado de maturação 3. Foi ajustada uma
curva sigmoidal simétrica (equação 1). Os parâmetros L50 e MR (intervalo de maturação)
foram calculados pelo método de minimização da negativa da função de máxima
verosimilhança (Kvamme, 2004). Para isso foi usada a ferramenta Solver do Microsoft
Excel. A partir destes parâmetros (L50 e MR) foi determinado o intervalo de maturação
L25 – L75 para sexos separados e agrupados. O L25 foi obtido subtraindo o valor de L50
pela metade de MR; para o L75 adicionou-se o valor de L50 pela metade de MR.
Onde:
Maturação (L) é a proporção de indivíduos maduros na classe de comprimento L
L50 é o comprimento médio de primeira maturação gonadal
L é o ponto central da classe de comprimento
MR é o parâmetro que indica a inclinação da curva.
A análise de crescimento foi efectuada pelo método Análise de Progressão Modal (Sparre
& Venema, 1997). A utilização de métodos integrados (Gayanilo et al., 1989), não
forneceu resultados fiáveis, e preferiu-se, assim, utilizar um procedimento manual. Em
resumo, os vários histogramas ilustrativos da composição mensal de comprimentos
(amostragem aleatória) foram sobrepostos e foram desenhadas à mão linhas que ligavam
grosseiramente a moda de cada coorte ao longo de todo o período de amostragem. O
processo foi repetido para as várias coortes identificadas visualmente nos histogramas.
No passo seguinte tentou-se estimar o comprimento médio mensal de cada coorte. Para
este efeito utilizou-se o programa MIX (Macdonald e Pitcher, 1979; Macdonald 1986)
31
que permite destrinçar interactivamente misturas de distribuições. Utilizando o método de
máxima verosimilhança este programa permite estimar o comprimento médio, o desvio
padrão de cada distribuição e a proporção de cada coorte na amostra. Assumiu-se que os
comprimentos de cada coorte tinham distribuição normal e definiu-se a priori o número
de componentes normais incluídos em cada distribuição.
Foram ajustados dois modelos de crescimento aos valores médios dos comprimentos
mensais: a função clássica de von Bertalanffy (equação 2: Sparre & Venema, 1997) e
uma função de crescimento com padrão sazonal sobreposto. Para simular este
crescimento sazonal foi usada a versão da equação de crescimento sazonal de von
Bertalanffy proposta por Somers (1988), utilizando a folha de cálculo Excel desenvolvida
por de Graaf e Dekker (s.d), (equação 3):
Lt = L∞*[1-e(-K*(t-t0))] (2)
Onde:
Lt é o comprimento do peixe com idade t (meses)
L∞ é o comprimento assimptótico
K é o coeficiente de crescimento
32
t0 (T-zero) é a idade a qual o comprimento é zero
C é a amplitude ou intensidade (sinusoidal) da oscilação do crescimento
ts é ponto de verão, ts = tw + 0,5, tw é o ponto de inverno e
π = 3,14159...
O ajuste da função de crescimento foi feito utilizando o método dos minimos quadrados
na rotina de optimização Solver de Excel. Os comprimentos mensais médios observados
nas várias coortes diferiam na sua variância, ou eram suportados por um número diferente
de observações. Assim, para compensar estes efeitos, na utilização do método dos
mínimos quadrados os desvios mensais foram ponderados pelo erro padrão da média
(epm):
2
1
min ∑ (L(t )obs − L(t )esp ) (4)
epmL ( t ) obs
Desta maneira, modas bem pronunciadas ou com grande número de indivíduos tiveram
maior peso no ajuste da curva única de crescimento.
Tentou-se fazer uma verificação das observações de idade e crescimento obtidas por
analise de comprimentos utilizando para o efeito a leitura de otólitos. Nessa verificação
foram utilizados 226 indivíduos de T. vitrirostris retirados mensalmente dos
desembarques através de amostragem estratificada. A estes indivíduos foram extraídos
otólitos, que posteriormente foram secos e conservados. Por não existir uma descrição
clara e detalhada na literatura de métodos de tratamento e leitura de otólitos para
engraulídeos fizeram-se testes com vários métodos: leitura a seco e em imersão (água,
glicerol) em lupa estereoscópica dos otólitos inteiros, com luz transmitida ou reflectida.
Tentou-se, além disso, fazer a leitura de um número reduzido de otólitos utilizando
33
secções transversais finas (0.4 mm). O seccionamento foi efectuado na Universidade de
Tromsø, utilizando o método de impregnação e corte descrito por Taylor et al. (2000). A
leitura foi também efectuada sob lupa estereoscópica.
Para evitar deturpação da estrutura do erro estatístico, as unidades de medição não devem
ser alteradas aquando do ajuste do modelo matemático, caso hajam suspeitas de que o
erro não é aditivo e de distribuição normal (Quinn & Deriso, 1999). Após observação da
distribuição dos dados assumiu-se que o modelo deveria ter estrutura multiplicativa, pelo
qual o seguinte modelo estatístico (5) é adequado, e foi utilizado:
P = q. Cb.ε (5)
Nesta relação, o peso P (g) é uma função potencial do comprimento C (cm) de cada
indivíduo medido, e o valor observado está sujeito a um erro estatístico multiplicativo
(log-normal, ε). O ajuste deste modelo foi feito com uma ferramenta que mantenha
intacta a estrutura do erro, havendo várias formas de o fazer. No presente trabalho optou-
se pela utilização de um ajuste não-linear em Excel, seguindo os métodos aconselhados
por Haddon (2001).Tentativas iniciais não demonstraram diferenças relevantes entre o
ajuste pelas técnicas de maxima verosimilhanca e o ajuste por minimização dos
quadrados dos logaritmos, e este último, por ser o método mais simples, foi preferido no
decorrer das análises.
34
2.5. Análise de mortalidade
Onde:
c(l) é a biomassa da classe de comprimento (l) na amostra mensal
n(l) número de individuos da classe l na amostra
L(l) é o comprimento médio da classe l
a e b são os parâmetros da relação peso-comprimento.
35
X = Cmês/∑c(l) (7)
A captura total anual em número para cada classe de comprimento, N(l)a, foi calculada
somando as capturas ponderadas de cada classe de comprimento nos 12 meses (Fevereiro
de 2007 a Janeiro de 2008). Esta foi usada para a construção da curva de captura
linearizada:
N(l)a= N(l)Fev + N(l)Mar + ... + N(l)Jan (9)
36
Z é a taxa de mortalidade total
ti é a idade do comprimento médio da classe de comprimento l
a é uma constante.
3. RESULTADOS
37
T. vitrirostris (TVI) foi a espécie mais capturada com 64% duma captura cumulativa total
estimada em 342 toneladas. A sua importância aumentou de Mogincual (norte) para
Pebane (sul), tendo sido capturado neste último distrito 126 toneladas em 8 anos (1999-
2007) (Figuras 11 e 12). O mesmo padrão de distribuição foi seguido pelas espécies T.
setirostris (TSE), E. heteroloba (EHE), embora estas tenham o distrito de Moma como
centro das capturas. As restantes espécies não apresentaram um padrão regular de
distribuição, além dos acima citados para os diferentes géneros. No distrito de
Mogincual, zona limítrofe a norte do Banco de Sofala, as várias espécies foram
capturadas em quantidades diminutas, menos de 2 toneladas, com a excepção de E.
heteroloba (EHE) cuja captura foi um pouco superior, 4 toneladas em 10 anos.
38
M o g in cu al
TSE 1 TVI 1
TBA 0 SOM 0
SHO 0
E PU 1
ST I 0
EHE 4
An g o c h e
EHE 4 EP U 0
STI 0
SHO 0
T BA 11
SOM 1
TSE 6
T V I 34
Moma
STI 5
EHE 5 EPU 1 TBA 0
SHO 0
TSE 8
SOM 2
T V I 58
Pebane
EPU 0 T BA 0
EHE 2 T SE 3
S T I 60
T V I 126
SHO 3
SOM 5
39
M o g in c u a l
E P U 0 ,3
T B A 0 ,4
E H E 0 ,7
T S E 0 ,4
S T I 0 ,0
T V I 0 ,6
S H O 0 ,0
S O M 0 ,4
An g o c h e
E H E 0 ,6 E P U 0 ,4
S T I 0 ,1 T B A 0 ,1
T S E 0 ,6
S H O 0 ,0
S O M 0 ,2
T V I 5 ,5
M om a
E H E 0 ,8 E P U 0 ,1
S T I 1 ,9 T B A 0 ,1
S H O 0 ,0
T S E 2 ,7
S O M 0 ,8
T V I 1 7 ,5
Peb an e
E P U 0 ,0 T B A 0 ,0
E H E 0 ,2 T S E 0 ,9
S T I 2 3 ,5
T V I 4 5 ,0
S H O 0 ,0
S O M 1 ,4
Figura 12. Rendimentos (Kg/rede.dia) das espécies da família Engraulidae nos distritos
de Mogincual, Angoche, Moma e Pebane desde 2001 a 2007. Códigos: Thryssa baelama
( TBA); Thryssa vitrirostris (TVI); Thryssa setirostris (TSE); Stolephorus commersonii
(SOM); Stolephorus indicus (STI); Stolephorus holodon (SHO); Encrasicholina
heteroloba (EHE) e Encrasicholina puntifer (EPU).
40
3.1.1. Evolução anual das capturas e rendimentos (CPUE) de T. vitrirostris nos
distritos de Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira
Os índices de densidade (CPUE) indicam que a espécie tem uma abundância crescente do
norte (Mogincual) para o sul (Pebane), parecendo ser o distrito de Pebane o centro da
distribuição. Para sul de Pebane a densidade poderá decrescer de novo, e na Beira os
índices de cpue, embora ainda elevados, são cerca de metade dos de Pebane. Tem havido
uma certa variabilidade nos rendimentos em Pebane tendo sido observadas duas modas,
uma em 2000 e outra em 2002 (Figura 26, anexo), seguidas por alguma estabilidade até
2007. Nos distritos de Moma e Beira, depois de um período de certa estabilidade dos
rendimentos entre os anos 2001 e 2003, seguiu-se uma redução considerável até 2007,
principalmente em Moma. Os valores mínimos de captura e rendimentos na Beira foram
observados em 2004. Após este ano as capturas e os rendimentos aumentaram, tendo
atingido um máximo em 2005, ano em que os rendimentos em Pebane baixaram. No
distrito de Angoche observou-se uma tendência decrescente ao longo do tempo com uma
redução drástica nos últimos três anos.
41
Mogincual
40 3
35
Captura (t) ( )
25 2
20 1,5
15 1
10
5 0,5
0 0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Ano
Angoche
1800 35
1600 30
25
1200
1000 20
800 15
600
10
400
200 5
0 0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Ano
Moma
1000 35
900
30
800
700 25
600 20
500
400 15
300 10
200
5
100
0 0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Ano
Pebane
2500 70
60
CPUE Kg/rede/dia (--)
2000
Captura (t) ( )
50
1500 40
1000 30
20
500
10
0 0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Ano
Beira
1400 50
45
1200
CPUE Kg/rede/dia (--)
40
Captura (t) ( )
1000 35
800 30
25
600 20
400 15
10
200
5
0 0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Ano
Figura 13. Variação anual de captura e CPUE de Thryssa vitrirostris nos distritos de
Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira.
42
3.1.2. Variação sazonal dos Rendimentos
Uma análise do ano médio para cada distrito não revelou a existência de topos marcantes
de rendimentos em épocas especiais do ano (Figura 14). No entanto, uma análise mais
detalhada indica que podem existir dois tipos de padrões. Nos centros de densidade de
ocar de cristal (Moma, Pebane e Beira), os principais picos de rendimentos são
normalmente obtidos na época estendida das chuvas (Outubro-Março). Pelo contrário,
nos distritos a norte, e principalmente no distrito mais setentrional (Mogincual), os picos
de rendimentos tenderam a ser obtidos na estação estendida da seca (Abril-Setembro).
Embora tenha ocorrido uma certa variação inter-anual nestas tendências, como se pode
observar numa análise mais detalhada (Figura 26, anexo), o único ano de excepção óbvia
parece ter sido 2006. Este foi um ano de rendimentos anuais médios, mas os rendimentos
máximos em todos os distritos, mesmo nos mais a sul, foram obtidos no início da época
seca, à excepção de Mogincual onde não se registaram capturas.
43
Ano médio_Mogincual
CPUE (Kg/rede.dia)
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Ano médio_Angoche
CPUE (Kg/rede.dia)
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Ano médio_Moma
CPUE (Kg/rede.dia)
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Ano médio_Pebane
CPUE (Kg/rede.dia)
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Ano médio_Beira
CPUE (Kg/rede.dia)
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Figura 14. Variação mensal (ano médio) de CPUE de Thryssa vitrirostris nos distritos de
Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira entre 1998 à 2007.
44
3.2. Reprodução e modelo de maturação
M
F
1,0
0,9
0,8
Proporção sexual
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
9-10 10-11 11-12 12-13 13-14 14-15 15-16 16-17 17-18
Classe de comprimento total (cm)
Figura 15. Proporção sexual de Thryssa vitrirostris por classes de comprimento entre
Julho de 2007 e Janeiro de 2008 em Moma.
45
se no estado correspondente ao processo de repouso e recuperação. Infere-se assim que
Novembro é o mês principal de desova, pois no mês de Dezembro, embora só três fêmeas
tenham sido amostradas, todas se encontravam no último estado de maturação
(desovadas/repouso) (Figura 16a).
Para este estudo foram usados 91 fêmeas, destas 50 estavam no estágio 3 e 4 (maturas ou
desovadas), perfazendo mais de metade das fêmeas, parecendo que a espécie usa a área
para a desova.
46
a
10 17 13 15 3 33
1
0
Jul-07 Ago-07 Set-07 Out-07 Nov-07 Dez-07 Jan-08
Mês
b
10 7 10 10 4
1
Frequência de estádios
0,8
IV
0,6 III
II
0,4
I
0,2
0
Jul-07 Ago-07 Set-07 Out-07 Nov-07 Dez-07 Jan-08
Mês
c
20 24 23 25 3 37
1
Frequência de estádios
0,8
IV
0,6
III
0,4 II
I
0,2
0
Jul-07 Ago-07 Set-07 Out-07 Nov-07 Dez-07 Jan-08
Mês
Figura16. Estágios de maturação para fêmeas (a), machos (b) e sexos agrupados (c) por
mês de Thryssa vitrirostris
47
3.2.2. Ogiva de maturação sexual
0,75 a
0,5
0,25
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
b
Frequência maduras (>= est 3)
0,75
0,5
0,25
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
c
Frequência maduras (>= est 3)
0,75
0,5
0,25
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Comprimento total ( cm)
Figura 17. Ogivas de maturação sexual para fêmeas (a), machos (b) e sexos agrupados
(c).
48
3.3. Idades e crescimento
Uma ampla distribuição de tamanhos foi observada tanto em Moma como em Pebane
durante grande parte do ano (Figura 18). No entanto, as modas de individuos pequenos
(≤7 cm) ocorreram principalmente entre Março e Setembro de 2007. Em Moma parece
ter existido um indício de recrutamento em Janeiro de 2008. De modo geral, no principio
e final do ano (na época chuvosa) foram individuos maiores (>10 cm) que dominaram as
capturas do arrasto para a praia. Em Pebane, os indivíduos mais pequenos (4 cm) foram
registados no mês de Março e os maiores (18 cm) no mês de Maio; em Moma, os
indivíduos mais pequenos (3,5 cm) foram observados no mês de Janeiro de 2008 e os
maiores em Dezembro de 2007 (Figuras 24 e 25, apêndice).
49
C. 2004
C. 2006
C. 2005
C. 2007
Comprimento (cm)
50
3.3.2.Verificação por otólitos
Apesar dos otólitos serem relativamente pequenos (< 7 mm) e translúcidos, a leitura por
métodos simples, utilizando otólitos inteiros, nâo demonstrou ser fácil nem coerente. De
modo geral, a leitura de otólitos de peixes menores de 12 cm deixou a impressão da
inexistência de anéis anuais marcantes. Vistos em luz transmitida, alguns dos otólitos de
peixes maiores deram a impressão da existência de um anel ao longo do rebordo inferior
(Figura 19). No entanto, os resultados nem sempre foram consistentes para as várias
combinações de tamanhos de peixe e estações do ano. Decidiu-se assim selecionar alguns
otólitos provenientes de peixes de variados tamanhos para realização de cortes finos (0.4
mm). Alguns dos otólitos dos peixes de maior tamanho capturados em Janeiro de 2008
mostraram claramente, em secção fina, a formação de um ou dois anéis hialinos (Figura
20). Além disso, alguns deles possuiam na margem um indício de zona opaca, o que
poderia sugerir um período de crescimento rápido. O número de otólitos seccionados foi
pequeno, o que não permitiu uma análise exaustiva do número de anéis e de incrementos
marginais.
51
Figura 19. Otólitos de Thryssa vitrirostris em vista dorsal, imersos em glicerol e
iluminados com luz transmitida. O otólito pequeno, extraído dum peixe de comprimento
total de 8.8 cm, apresenta um nucleo central bem definido. O otólito dum peixe grande
(17 cm) parece apresentar um anel mais marcante ao longo do rebordo inferior.
52
Figura 20. Estudo de secções finas de otolitos de Thryssa vitrirostris amostrados em
Moma em Janeiro de 2008. Vista dorsal do otólito inteiro (à esquerda) de peixes com
comprimento total de 3.5 cm, 13.5 cm e 18.0 cm, cujos otólitos mediam cerca de 1.5 mm,
5 mm e 6 mm, respectivamente. Vistos em secção fina, o otólito do peixe #17 (centro)
parece ter formado um primeiro anel hialino, enquanto o do peixe #18 (direita) parece já
mostrar a formação completa dum segundo anel e um claro início duma zona opaca.
53
3.3.3. Modelo de crescimento
20
18
16
14
12
Lt (cm)
10 Coorte 2004
Coorte 2005
8
Coorte 2006
6
Coorte 2007
4 Ajuste vB
2 Ajuste vB saz
0
0 6 12 18 24 30
Idade (meses)
54
3.3.4. Relação peso-comprimento
55
a
60
50
6
5
4
Peso (g)
3
2
1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Comprimento Total (cm)
c
70
60
50
Peso (g)
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Comprimento Total (cm)
56
3.4. Determinação de mortalidade total por curva de captura
20 y = -2,3017x + 18,742
18 R2 = 0,9933
16
14
Ln(n/dt)
12
10
8
6
4
2
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
Idade (anos)
LN(n/dt)
Pontos seleccionados para a curva de captura
Linear (Pontos seleccionados para a curva de captura)
Figura 23. Curva de captura linearizada baseada na composição etária média das capturas
de Thryssa vitrirostris do distrito de Moma no período de Fevereiro de 2007 a Janeiro de
2008.
57
4. DISCUSSÃO
Uma das fontes de informação usada no presente trabalho consistiu das estatísticas de
pesca recolhidas pelo IIP nos distritos de Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira
entre 1997 e 2007. Este é um vasto e ambicioso programa de amostragem face às
vicissitudes das nossas instituições. Visto as rotinas de extracção e controlo de qualidade
de dados ainda não estarem perfeitamente regularizadas, foi necessario dedicar uma boa
parte do tempo à inspecção da consistência dos dados. Contudo, foi possível usar os
dados verificados para analisar as tendências temporais das capturas e rendimentos, as
quais permitiram distinguir alguns padrões sazonais e anuais de abundância. Foi
igualmente possível analisar as tendências geográficas de rendimentos, o que permitiu
estudar as eventuais ocorrências de migração da população de ocar de cristal na região. A
segunda fonte de informação foi a recolha mensal e análise laboratorial de peixe. Teria
sido recomendável efectuar uma amostragem biológica mais intensiva no terreno. No
entanto, limitações de tempo e dificuldades logísticas e financeiras determinaram que o
estudo fosse optimizado para os escassos recursos existentes.
58
4.1. Distribuição e importância da família Engraulidae nos distritos de Mogincual,
Angoche, Moma e Pebane
59
4.1.1. Evolução anual das capturas e rendimento (CPUE) de T. vitrirostris nos
distritos de Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira
60
distribuição do recurso. Espécies como o ocar tendem muitas vezes a utilizar a zona
costeira, muitas vezes a própria zona litoral de rebentação, como habitat preferido,
possivelmente para escapar à predação por peixes píscivoros em águas mais afastadas
(Blaber, 2000; Sato et al., 2008) . Esta estratégia tanto dificulta o levantamento acústico
por navios de grande porte, como porventura os torna mais acessiveis a artes de arrasto
para a praia.
61
4.1.2. Variação sazonal dos Rendimentos de pesca
A variação mensal dos rendimentos (CPUE) de pesca do ocar pode fornecer informação
sobre possiveis migrações sazonais. Duma maneira geral, a espécie mostrou, num mesmo
ano, mais que duas modas na mesma localidade. Por exemplo, no distrito de Mogincual,
onde o registo da espécie é esporádico, ocorreram duas modas salientes no segundo
trimestre de 2002 e no terceiro de 2003. A tendência geral foi, no entanto, da ocorrência
de modas mais salientes na época estendida das chuvas (Outubro-Março) nos distritos
mais a sul (Pebane e Beira), e na época estendida da seca (Abril-Setembro) nos distritos a
norte, em particular em Mogincual (Figura 14). Embora exista uma grande variabilidade
inter-anual neste padrão (Figura 26, em apêndice), o tempo das chuvas é, segundo os
pescadores artesanais entrevistados em Moma , uma época de boas capturas. Este facto
será porventura devido á maior disponibilidade de nutrientes, que são arrastados pelas
chuvas do interior para a costa, e uma maior produtividade local.
62
tipo sequencial: os rendimentos de pesca a juzante poderão ser comprometidos pela pesca
intensiva em centros de pesca a montante. Este seria mais um desafio à gestão dum
recurso único partilhado.
De um modo geral, a proporção de fêmeas nas capturas foi igual ou superior à de machos
(Figura 15) Estes resultados podem evidenciar a distinta capturabilidade dos dois sexos
para a arte de arrasto para a praia (Figura 2) e particularidades do comportamento dos
dois sexos na zona, que parece ser um local de desova. Encontraram-se individuos
maduros e desovantes ao longo de todo o ano, mas o período principal de desova parece
ter ocorrido em Outubro-Dezembro (Figura 16). Em Dezembro, a maior parte das
fêmeas amostradas encontrava-se no último estado de maturação (desova/repouso). Estes
resultados confirmam os estudos de Saetre & Silva (1979, referidos por Gjosaeter &
Sousa, 1983). O uso desta área como local de desova por T. vitrirostris poderá ser uma
questão estratégica ligada à disponibilidade alimentar para as suas larvas, já que o
ambiente é estuarino e provavelmente mais produtivo (Fisher et al., 1990; Balói et al.,
2002, 2003, 2004). Observou-se no presente estudo que a proporção sexual varia ao
longo dos meses (Figura 16): com a aproximação de Dezembro a diferença entre as
percentagens dos sexos diminui, mostrando que tal tendência pode ser consequência da
proximidade da época reprodutiva..
63
padrões de crescimento e/ou de mortalidade. Estes são aspectos que merecem estudos
detalhados, e uma maior carga de amostragem biológica, em futuros trabalhos.
Vaz-dos-Santos et al. (2005) referem que, de modo geral, diferentes valores observados
em diferentes estudos para os comprimentos e idades de primeira maturação gonadal
reflectem a variação de recrutamento e do crescimento, que são características intrínsecas
de cada coorte. Os mesmos autores, referindo os trabalhos de Vazzoler (1981; 1996),
referem que a estimativa do comprimento médio de primeira maturação gonadal adquire
importância quando uma população de peixe está sujeita a exploração, pois a pesca em si
pode ter efeitos densito-dependentes sobre os parâmetros reprodutivos da população.
Bezzi & Tringali (2003) in Vaz-dos-Santos et al. (2005), apontam que, quando se regula
a sobrepesca, controla-se, além do esforço de pesca, o atingimento da primeira maturação
gonadal.
64
No contexto da gestão do recurso, o comprimento e idade de primeira maturação gonadal
podem representar pontos de referência biológica utilizados como tamanho mínimo de
captura (Hilborn, 2002). Este é um aspecto que merece futura consideração para o
ordenamento pesqueiro da T. vitrirostris. No entanto, outros indicadores deverão ser
combinados nesta avaliacão, pois em Moçambique a pesca artesanal de arrasto a praia é
de natureza multiespecífica, não havendo esforço dirigido especificamente para T.
vitrirostris. Medidas de gestão de recursos baseadas no comprimento do pescado
implicam que se façam, no futuro, estudos aprofundados da selectividade da arte de
arrasto para a praia. Para tal, as capturas de artes de arrasto munidas de rede mosquiteira
poderão servir de controlos nos mesmos centros de pesca.
65
4.3.2. Modelo de crescimento
Outros estudos referem que a espécie cresce até 20 cm (Fischer et al., 1990). Contudo,
foram encontrados no Banco de Sofala indivíduos com o comprimento máximo de 22,5
cm (Gjosaeter & Sousa, 1983). No presente trabalho o valor de Lmax encontrado foi de
18 cm, e não se encontram justificacões simples para esta disparidade na distribuição
geográfica de comprimentos. No entanto, diferenças temporais entre as duas amostragens
podem explicar parte desta diferença. No cruzeiro do navio Fridjof Nansen efectuado em
Setembro de 2007 ao longo da costa de Mocambique, a distribuição de comprimentos
teve forte semelhancas àquela observada no mesmo mês no presente trabalho: além duma
66
moda dominante para peixes de cerca de 7 cm, a distribuição de comprimentos não se
estendeu além dos 19 cm (dados de cruzeiro não publicados). Dada a falta de dados
históricos contínuos é difícil explicar se esta diminuição aparente do tamanho máximo se
deve a flutuacões naturais ou a sobre-pesca.
O método de leitura de secções finas parece assim bastante promissor para esta espécie, e
talvez para outras afins em águas tropicais. No entanto, a implementação desta técnica
67
requer ainda um grande esforço de calibração, de modo a serem feitos estudos
sistemáticos de deposição de anéis marcantes e de incrementos marginais em otólitos.
Estudos desta natureza são certamente necessários no futuro apesar das vicissitudes. Uma
das principais dificuldades será a de equipar os laboratórios, principalmente os
provinciais, de recursos humanos e técnicos para estas tarefas. O aparente crescimento
rápido das coortes, aliado à alta mortalidade natural desta espécie (ver abaixo), preconiza
que a análise de crescimento num futuro próximo se continue a basear no estudo de
progressão de modas de comprimento. A leitura de otólitos deverá ser efectuada para
verificação pontual.
68
Tabela 4. Comparação dos parâmetros da relação peso-comprimento de T. vitrirostris
(sexos combinados) entre vários estudos efectuados na região. De notar que tanto
comprimento total (CT) como standard (CS) têm sido utilizados.
5
(www. fishbase.org)
69
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusões
o A espécie utiliza a área de estudo (Moma) tanto para reprodução como para o
crescimento e, o período de desova abrange principalmente os meses de
Novembro a Dezembro (dentro do período amostrado).
70
o O ocar de cristal apresenta um padrão de crescimento sazonal com L∞ = 19,0 cm,
K = 0,70 ano-1 e uma amplitude da taxa de crescimento C de 0,9. Assumindo a
eclosão em Novembro, a época de baixo crescimento ocorre na estação seca,
sensivelmente entre Abril e Setembro.
5.2. Recomendações
71
o Devem ser feitos estudos sobre a tendência migratória sazonal da T. vitrirostris
com maior definição geográfica, o que implica maior cobertura no terreno.
72
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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76
7. APÊNDICE
Nr. Ordem Data W t (g) Lt (cm ) Aneis obs. Estágio mat Sexo
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
77
Fevereiro 2007 Moma (n=128)
100
80
60
% 40
20
0
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
Classe de comprimento (cm)
100 100
80 80
60 60
%
%
40 40
20 20
0 0
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
Classe de comprimento (cm) Classe de comprimento (cm)
100 100
80 80
60 60
%
%
40 40
20 20
0 0
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
100 100
80 80
60 60
%
%
40 40
20 20
0 0
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
100 100
80 80
60 60
%
%
40 40
20 20
0 0
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
100 100
80 80
60 60
%
%
40 40
20 20
0 0
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
78
Janeiro 2007 Pebane (n=12) Junho 2007 Pebane (n=112)
100 100
80 80
60 60
%
%
40 40
20 20
0 0
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
Classes de comprimento (cm) Classes de comprimento (cm)
100 100
80 80
60 60
%
%
40 40
20 20
0 0
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
Classes de comprimento (cm) Classes de comprimento (cm)
100 100
80 80
60 60
%
%
40 40
20 20
0 0
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
19-20
100 100
80 80
60 60
%
40 40
20 20
0 0
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
3-4
4-5
5-6
6-7
7-8
8-9
9-10
10-11
11-12
12-13
13-14
14-15
15-16
16-17
17-18
18-19
79
Tabela 6. Captura por unidade de esforço (CPUE) de ocar de cristal nos distritos de
Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira entre 1998 e 2007.
80
30
25
20
Freq. % 15
Março 2007
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Comprimento (cm)
40
35
30
Julho 2007
25
Freq. %
20
15
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Comprimento (cm)
81
TVI Mogincual - CPUE mensal
25
CPUE (Kg/rede/dia) 20
15
10
0
1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Mês [1998-2007]
120
100
CPUE (Kg/rede/dia)
80
60
40
20
0
1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Mês [1998-2008]
120
100
CPUE (Kg/rede/dia)
80
60
40
20
0
1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Mês [1998-2007]
350
300
250
CPUE (Kg/rede/dia)
200
150
100
50
0
1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Mês [1998-2007]
140
120
CPUE (Kg/rede/dia)
100
80
60
40
20
0
1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9 1 5 9
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Mês [1998-2007]
Figura 27. Variação mensal de CPUE de Thryssa vitrirostris nos distritos de Mogincual,
Angoche, Moma, Pebane e Beira entre 1998 à 2007.
82