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Goiânia, GO
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2019
Elinne Luzia De Souza Dantas
Goiânia, GO
2019
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Me. Humberto Rodrigues Mariano (IFG)
Presidente/Orientador
______________________________________________
Me. Giovane Batalione (IFG)
Examinador Interno
_______________________________________________
Me. Divino Saba (IFG)
Examinador interno
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AGRADECIMENTOS
O caminho percorrido desde o início da graduação até a fase conclusiva do TCC foi
gratificante e nele muitas pessoas foram envolvidas. Cada uma delas foi de grande
importância em determinada etapa ou até mesmo estiveram presentes durante toda a execução
da pesquisa. O que, hoje, eu posso afirmar e garantir é que toda a colaboração recebida foi
imprescindível para a conclusão deste trabalho. Talvez não consiga me expressar tão bem e
não agradecer o suficiente perante toda a ajuda recebida ou até mesmo incorrer no erro de, por
algum descuido, deixar de citar alguém. Entretanto, é necessário correr este risco.
Primeiramente, agradeço a Deus, pelo dom da vida, por sua presença de luz e
mansidão em situações inesperadas e por bem guiar todos os meus passos.
Ao professor e orientador Humberto Rodrigues Mariano, presente, participativo,
pesquisador competente e de grande discernimento, sou grata pela sua atenção e orientação
em todas as etapas do presente trabalho. Seu entusiasmo e determinação de que os obstáculos
não eram intransponíveis constituíam forças que impulsionavam este trabalho.
Ao corpo docente e administrativo desta instituição (Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia De Goiás) que me acolheu e contribui para que eu me tornasse uma
pessoa melhor.
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EPÍGRAFE
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O concreto de alta resistência (CAR) é um material que apresenta um grande interesse para a
comunidade técnica e cientifica, devido a suas claras vantagens em termos de resistência
mecânica e durabilidade. Devido a estas características, o CAR, em suas diversas formas, vem
substituindo gradualmente o concreto de resistência normal, especialmente em estruturas
expostas a ambientes rigorosos. Contudo há um problema, a microestrutura muito densa e a
baixa permeabilidade típica do CAR podem resultar em uma ruptura explosiva em certas
condições térmicas e mecânicas, tais como quando se submete o concreto a rápidos aumentos
de temperaturas durante um incêndio. Este comportamento é causado pelo aumento da
pressão interna da água nos poros durante o aquecimento, e pelas tensões originadas a partir
dos gradientes de deformação térmica. Ainda assim, existe um número limitado de programas
experimentais nesta área, alguns investigadores sugerem que a incorporação de fibras de
polipropileno no CAR é uma maneira conveniente de evitar a ruptura explosiva na presença
do fogo. Esta mudança no comportamento se produz porque as fibras de polipropileno se
fundem em altas temperaturas deixando assim um caminho para que o vapor quente escape do
centro da estrutura de concreto, com a saída do vapor, tem-se uma redução da pressão interna
dos poros. O presente trabalho investiga o comportamento do CAR em altas temperaturas,
especialmente quando se adiciona uma massa de fibras de polipropileno.
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High performance concrete (HPC) is an interesting material that has been long attracting the
interest from the scientific and technical community, due to the clear advantages obtained in
terms of mechanical strength and durability. Given these better characteristics, HPC, in its
various forms, has been gradually replacing normal strength concrete, especially in structures
exposed to severe environments. However, the very dense microstructure and low
permeability typical of HPC can result in explosive spalling under certain thermal and
mechanical conditions, such as when concrete is subject to rapid temperature rises, during a
fire. This behavior is caused by the build-up of internal water pressure, in the pore structure,
during heating, and by stresses originating from thermal deformation gradients. Although
there are still a limited number of experimental programs in this area, some researchers have
reported that the addition of polypropylene fibers to HPC is a suitable way to avoid explosive
spalling under fire conditions. This change in behavior is derived from the fact that
polypropylene fibers melt in high temperatures and leave a pathway for heated gas to escape
the concrete matrix, therefore allowing the outward migration of water vapor and resulting in
the reduction of internal pore pressure. The present research investigates the behavior of high
performance concrete on high temperatures, especially when polypropylene fibers are added
to the mix.
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Figura 2.1 - Armadura exposta do Storebælt Tunnel (Great Belt Tunnel) por lascamentos
instantâneos por ocasião do incêndio em 1994 (GALSKJÆR (2001)).
Figura 2.3 - Anéis de concreto (lajes) do Channel Tunnel destruídos por lascamentos térmicos
explosivos os primeiros minutos do incêndio, expondo a armadura à ação direta do fogo
(ULM (2000)).
Figura 2.4 - Armadura exposta por meio de lascamentos explosivos nos diversos segmentos
do Channel Tunnel ao longo de 35 km de extensão (ULM (2000)).
Figura 2.5 - Incêndio no Aeroporto Santos Dumont (RJ) com duração de 8 horas chegou a
temperatura aproximada de 900°C. (BATTISTA et al. 2000).
Figura 2.6 - Cavidades visíveis nos anéis de concreto do Mont Blanc Tunnel por lascamentos
instantâneos e progressivos (ULM (2000)).
Figura 2.7 - Tauern Road Tunnel – Áustria – 29 de maio de 1999: uma colisão causou uma
série de explosões em aproximadamente 600m de extensão do túnel sito a oeste da Áustria
(BBC NEWS 1999).
Figura 2.8 - Colapso estrutural de partes dos anéis de concreto do Gotthard Tunnel induzido
por lascamentos térmicos explosivos e instantâneos.
Figura 2.16 - Incêndio no edifício da CESP em São Paulo (Revista Incêndio (2000) apud
COSTA & SILVA 2003)).
Figura 2.17 - Danos nos pilares do Edifício Cacique em Porto Alegre (KLEIN et al. (2000)).
Figura 2.18 - Desabamento de fábrica de roupas em Alexandria – Egito (BBC News (2000)
apud COSTA & SILVA (2003)).
Figura 2.19 - Desabamento de edifício em São Petersburgo – Rússia (O Estado de São Paulo
(2002) apud COSTA & SILVA (2003)).
°C - graus Celsius.
Ca(OH)2 - hidróxido de cálcio.
CaO - óxido de cálcio.
C-H - hidróxido de cálcio.
C-S-H - silicato de cálcio hidratado.
CAR - concreto de alta resistência.
CESP - companhia energética de São Paulo.
ET AL - e outros (as).
FCK - Feature Compression Know) foi traduzida para o português como Resistência
Característica do Concreto à Compressão .
ISO - Organização Internacional para Padronização.
km - quilômetro.
Kg/m³ - quilograma por metros cúbicos.
M - metro.
MPA - mega pascal.
MM - milímetro.
NBR – normas brasileiras.
pp - polipropileno.
T - temperatura.
TG - Termogravimetria.
˃ - maior.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 13
1.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 14
1.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 14
1.3 Justificativa ....................................................................................................... 14
1.4 Limitação do Assunto........................................................................................ 14
2 REVISÃO LITERÁRIA......................................................................................... 15
2.1 A Construção Humana...................................................................................... 16
2.2 O Concreto de Alta Resistência........................................................................ 16
2.3 Estudo de Acidentes Antigos............................................................................ 18
2.4 Prédios e Incêndios........................................................................................... 22
2.5 Principais Características do Fenômeno Spalling............................................. 29
2.5.1 Ação térmica nas estruturas de concreto....................................................... 30
2.5.2 Efeito do calor nas estruturas de concreto armado........................................ 30
2.6 Comportamento do Concreto Endurecido em Altas Temperaturas.................. 33
2.6.1 Degradação da microestrutura do concreto endurecido................................ 33
2.6.2 Degradação da macroestrutura do concreto endurecido............................... 34
2.6.3 Evolução da zona de baixa condutividade térmica no elemento estrutural... 35
3 METODOLOGIA.................................................................................................. 37
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................................... 37
4.1 Fibras Como Solução Para Efeito Spalling....................................................... 37
4.2 O efeito spalling e as fibras de polipropileno.................................................... 38
5 CONCLUSÃO...................................................................................................... 40
6 TRABALHOS FUTUROS..................................................................................... 41
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 42
1 INTRODUÇÃO
deuses demonstrarem sua fúria para com a humanidade. No entanto, quando o homem
percebe as inúmeras vantagens que este traz desde que bem manuseado o fogo foi
transformando paulatinamente em fonte de energia para o trabalho, se constituindo em uma
ferramenta versátil e usada em praticamente todas as situações.
O ser humano depende do fogo, sendo este um elemento importante para a civilização
como um todo, mas apesar deste convívio, o fogo sempre foi muito imprevisível, e quando sai
do controle humano pode causar danos irreparáveis no ambiente. Além disso, Não é possível
determinar como, onde ou com que severidade os incêndios ocorrerão (GOUVÊIA, 2000).
O incêndio, fogo sem controle que cresce consumindo todo o combustível que
encontrar em seu caminho, pode parecer bonito quando visto de longe, mas que mostra uma
realidade terrível ao ser observado de perto; a combustão transforma os materiais em contato,
química e fisicamente, gerando novas substâncias ou alterando as propriedades de outras
fazendo com que o resultado seja sempre uma incógnita. É um fenômeno difícil de ser
estudado, pois cada ocorrência é única, o fogo para ocorrer precisa de combustível, calor e
comburente, mas estes elementos são inumeráveis e aleatórios, tal fato se deve ao ambiente
humano que gera uma gama tão variada destes elementos, sem possibilidade de controlar
todos estes elementos. Com isso temos desde o fogo das instalações elétricas, até o presente
caso em incêndios tema deste TCC.
Um incêndio é um fenômeno, por definição, sem controle, mesmo com toda
tecnologia e as técnicas atuais de construção, as habitações humanas colocam os residentes
em um perigo real. Situações adversas a vida humana estão presentes neste tipo de evento, do
calor causticante, dos efeitos da falta de oxigênio, do envenenamento com gases tóxicos
liberados pelos materiais, temos as queimaduras das leves às deformantes e o desespero diante
das chamas, poucos desastres são tão marcantes para o ser humano.
A construção civil tem por objetivo a preservação da vida humana, conforto e
elegância são acessórios a obra, conhecer o comportamento dos materiais diante do fogo é
fundamental para tal fim. Isto é o que procura este trabalho, explanar sobre como o concreto
se comporta diante do fogo.
1.3 JUSTIFICATIVA
Para que o estudo possa cumprir com o seu objetivo se faz necessário a delimitação do
assunto a ser abordado.
Este trabalho será baseado totalmente em obras literárias, que abordam sobre o
assunto. Essa opção se deu levando em conta a complexidade do tema e da falta de recursos
para se fazer experimentos com altas temperaturas, que se assemelhassem as condições
descritas no trabalho. Dessa forma optamos por trabalhar baseando em obras de autores com
grande renome e que tem experiência sobre o assunto "spalling".
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2. REVISÃO LITERARIA
tipo “efeito spalling”, considerando como um dos danos mais prejudiciais aos usuários da
edificação, já que o fenômeno acontece no início de incêndios, com as temperaturas não tão
altas, havendo a possibilidade de ainda haver pessoas nas dependências da edificação ou
equipes de resgate e de combate ao fogo. O concreto proveniente desses lascamentos
explosivos pode-se tornar uma chuva de escombros, podendo provocar lesões e bloquear as
vias de passagem.
Buscas-se neste trabalho, alertar para esta possibilidade, e propor soluções para que
isso não ocorra, controlando o tipo de concreto, sua composição, a umidade inicial, o tamanho
da peça e a taxa de crescimento da temperatura, para tanto temos alguns dados a serem
levados em conta:
Sabe se que o spalling se agrava quando se trata de concretos de alta
resistência, e mais ainda em concretos protendidos.
O concreto é composto com pasta de cimento e agregados e tanto a pasta
quanto os agregados são constituídos de componentes que se alteram e se
decompõem, em maior ou menor grau, com a exposição ao calor.
O efeito spalling depende em grande parte da proporção água/cimento do
concreto, sabe-se que com contenção de umidade inferior a 3% não há riscos.
Nos concretos de alta resistência a relação água/cimento é extremamente
reduzida; Uma relação água-cimento da ordem de 0,3 é o suficiente para
hidratar o cimento.
O estudo deste tipo de concreto, suas vantagens e deficiências são pontos centrais para
o desenvolvimento da construção civil, e para evitar novos problemas como os que já
ocorreram.
Figura 2.1 – Armadura exposta do Storebælt Tunnel (Great Belt Tunnel) por lascamentos instantâneos por
ocasião do incêndio em 1994 (GALSKJÆR (2001)).
Figura 2.2 - Düsseldorf Airport – Alemanha – 16 de abril de 1996: lascamentos explosivos destruíram partes
das estruturas de concreto de fck=25MPa num incêndio cuja temperatura atingiu 1000°C (AÏTCIN 1997)
Figura 2.3 - Anéis de concreto (lajes) do Channel Tunnel destruídos por lascamentos térmicos explosivos os
primeiros minutos do incêndio, expondo a armadura à ação direta do fogo (ULM (2000)).
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Figura 2.4 - Armadura exposta por meio de lascamentos explosivos nos diversos segmentos do Channel Tunnel
ao longo de 35 km de extensão (ULM (2000)).
Figura 2.5 - Cavidades visíveis nos anéis de concreto do Mont Blanc Tunnel por lascamentos instantâneos e
progressivos (ULM (2000)).
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Figura 2.6 - Incêndio no Aeroporto Santos Dumont (RJ) com duração de 8 horas chegou a temperatura
aproximada de 900°C. (BATTISTA et al. 2000)
Tauern Road Tunnel – Áustria – 29 de maio de 1999: uma colisão causou uma
série de explosões em aproximadamente 600m de extensão do túnel sito a oeste da
Áustria (BBC NEWS 1999). Fig. 2.7
Figura 2.7 - Tauern Road Tunnel – Áustria – 29 de maio de 1999: uma colisão causou uma série de explosões
em aproximadamente 600m de extensão do túnel sito a oeste da Áustria (BBC NEWS 1999).
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Figura 2.8 – Colapso estrutural de partes dos anéis de concreto do Gotthard Tunnel induzido por lascamentos
térmicos explosivos e instantâneos.
Em todos estes exemplos, temos como problemas centrais os escombros que feriram e
bloquearam as passagens de fuga e resgate, e os gases tóxicos liberados pelas armaduras de
aço.
Uma das catástrofes mais temidas pelo ser humano é ser encurralado pelas chamas em
um ambiente fechado, sem meios de fugir ou se defender das mesmas. Neste aspectos os
prédios de múltiplos andares são uma armadilha terrível para a imaginação humana, um lugar
alto e com poucas vias de fuga possíveis. Felizmente esta visão é, na maior parte dos casos,
fruto mais da desinformação do que da realidade, as modernas técnicas construtivas visam
evitar estes problemas, criando corredores para uma fuga segura e estruturas que resistem
mais as chamas.
Estes meios de defesa usados contra o fogo são frutos de muita dor e sofrimento, pois
foi na prática que se percebeu as fragilidades das construções antigas, vejamos alguns casos:
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Edifício Andraus:
Edifício Joelma:
Nestes casos, o início dos incêndios foi devido a falha da execução do projeto, cujos
níveis de segurança são estabelecidos pela legislação e pela normalização, ou do uso do
prédio. A solução destes seria uma maior preocupação no projeto, e no treinamento e
fiscalização do pessoal que trabalha no local.
Modernamente valem-se de vários meios para combater os incêndios, como a proteção
ativa, acionada (manual ou automaticamente) quando temos um incêndio, são exemplos de
meios de proteção ativa: sistema de alarme manual de incêndio; meios de detecção e alarme
automáticos de incêndio); extintores, hidrantes, chuveiros automáticos, sistema de iluminação
de emergência, sistemas de controle e exaustão da fumaça.
Os meios passivos fazem parte do projeto da construção e não precisam de
acionamento, temos a acessibilidade ao lote e ao edifício, as rotas de fuga (corredores,
passagens e escadas), adequado dimensionamento dos elementos estruturais para a situação de
incêndio, compartimentação para evitar a propagação das chamas, definição de materiais de
acabamento e revestimento adequados.
As reações de uma estrutura de concreto exposta a alta temperaturas variam de acordo
com a natureza do fogo, cujas variáveis são muitas. Outro fator importante é a curva tempo-
temperatura prevista pela norma, que mostra as reações esperadas da estrutura em contato
com o fogo, analisando:
1 – a razão de aquecimento, que influencia o desenvolvimento da temperatura,
umidades e gradientes de poro-pressão dentro do concreto;
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(fig.2.14), comuns em incêndios. Como agravante da situação, este efeito acontece no início
do sinistro, quando ainda temos pessoas no interior do prédio.
velocidade de avanço limitada pelos poros do concreto, o calor acaba atingindo o cerne do
concreto.
Isso provoca a evaporação da água do interior da peça. Devido ao aumento da
temperatura e à restrição à expansão, a pressão de vapor nos poros aumenta rapidamente. Se a
tensão de tração do concreto não for suficiente para resistir à pressão de vapor, a camada
externa de concreto será arremessada, na forma de lascamento explosivo ou “spalling”. O
fenômeno do “spalling” é assim descrito por Nince et al (2003), Shuttleworth (2001) e
Kitchen (2001). Fig. 2.15.
Como apontado por Khoury (2002), existem muitos fatores a serem considerados neste
efeito, tais como, os relacionados às propriedades do concreto, à geometria do elemento
estrutural submetido ao fogo e à natureza do fogo, mas os mais relevantes, segundo este autor,
são a taxa de aquecimento, a permeabilidade do material, o grau de saturação e o nível de
carregamento externo.
A alta densidade do concreto de alto desempenho, que é o fator que atrai atenção para
seu uso, e fator responsável pela sua durabilidade, acaba sendo a principal responsável pelo
mau funcionamento deste material diante de condições térmicas externas (Lima, 2003). Pois
este tipo de concreto, os com baixa permeabilidade, estão mais suscetíveis ao lascamento
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explosivo múltiplo, quando se compara com concretos de resistências menores, mesmo tendo
maiores resistências à tração. Tudo devido a baixa permeabilidade, que faz com que a pressão
nos poros aumentem rapidamente em caso de altas temperaturas.
Ainda segundo Khoury, o ponto máximo da pressão nos poros ocorre mais próximo da
superfície quando se trata de concretos com alto desempenho, o que justifica o fato das seções
mais esbeltas apresentarem lascamento múltiplos em incêndios.
Figura 2.16: Incêndio no edifício da CESP em São Paulo (Revista Incêndio (2000) apud COSTA & SILVA
2003)).
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Figura 2.17: Danos nos pilares do Edifício Cacique em Porto Alegre (KLEIN et al. (2000)).
Figura 2.18: Desabamento de fábrica de roupas em Figura 2.19: Desabamento de edifício em São
Alexandria – Egito (BBC News (2000) apud Petersburgo – Rússia (O Estado de São Paulo
COSTA & SILVA (2003)). (2002) apud COSTA & SILVA (2003)).
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Figura 2.20 – Termogravimetria do Silicato de Cálcio Hidratado – C-S-H Fonte: H. F. W. TAYLOR, 1990).
Figura 2.23– Variação da zona de baixa condutividade térmica em função da evaporação da água.
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3 METODOLOGIA
Para cumprimento dos objetivos propostos foi elaborada revisão bibliográfica ou
revisão literária sobre o assunto; apresentando as características do fenômeno spalling nas
construções para temperatura superior 400°C; análise da influência na micro e na macro
estrutura do concreto de alta resistência
Optou-se por um trabalho baseado em revisões bibliográfica devido a dificuldade de
reproduzir este fenômeno em laboratório. Uma vez que para ocorrer o fenômeno spalling é
necessário certas condições, como a elevada temperatura.
Quando uma das faces do concreto entra em contato com o fogo é iniciado um
processo de desidratação da peça acumulando vapor de água no seu interior. Com o
prolongado tempo de exposição a elevadas temperaturas o vapor se concentra e fica restrito a
expansão dentro da placa, aumentando rapidamente a zona de pressão. Quando essa pressão é
maior que a resistência do concreto à tração, parte da peça é arremessada repentinamente.
Esse efeito é conhecido como spalling, que tem suas variáveis na porosidade do
concreto, na propriedade dos agregados, nível de carregamento e na intensidade e forma do
incêndio. A fibra de polipropileno quando exposta a temperaturas próximas à 220°C têm sua
massa e viscosidade alteradas, e essa propriedade permite que o vapor de água saia do
concreto, ou seja, como se a fibra formasse canais de desobstrução da pressão evitando o
spalling.
A redução acentuada da viscosidade e a perda de massa das fibras de polipropileno
permite que o vapor pressurizado possa deformar a massa polimérica e atravessar os canais
permeáveis gerados na estrutura do concreto (Salomão, 2003). Obviamente, quanto maior a
dosagem de fibra maior será o número de canais formados. Valores típicos variam de 1 a 3
Kg/m³ de concreto.
Uma vez formados, os canais podem estabelecer conexões permeáveis entre as
diversas regiões do concreto (canais permeáveis já existentes, porosidade oclusa, interfaces
entre matriz e agregados e os próprios canais deixados pelas fibras). O vapor d’água gerado
pelo calor que pressurizaria os poros naturais do concreto tem à disposição uma rede de
drenagem. A percolação do vapor em direção à superfície é rápida, e a pressão do vapor, se
ainda existir, é menor que a resistência à tração do concreto. Portanto, não há ocorrência de
lascamentos explosivos.
Mas isto não explica totalmente o fenômeno. A relação existente entre o
comportamento térmico do PP e o efeito “anti-spalling” está intimamente associada à faixa de
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temperatura em que isto ocorre. O surgimento em que isto ocorre. O surgimento dos canais
permeáveis deixados pelas fibras e, conseqüentemente, da rede de drenagem por onde o vapor
d’água percolará ocorre numa faixa de temperatura em que a maior parte de água está contida
dentro da estrutura do concreto. Se o aumento da permeabilidade ocorre nesta faixa de
temperatura, o lascamento explosivo é evitado. Por isto as fibras de polipropileno são as mais
adequadas para esta finalidade, em detrimento de outras à base de polímeros que apresentam
maior estabilidade térmica.
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5 CONCLUSÃO
6 TRABALHOS FUTUROS
Uma pesquisa para proporcionar novos meios para combater o efeito spalling, não
apenas baseado em fibras de polipropileno.
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REFERÊNCIAS
AÏTCIN, Pierre-Cloude. Concreto de Alto Desempenho. Trad. Geraldo G. Serra. Ed. PINI.
São Paulo, 2000.
CALLISTER JR., WILLIAM D., Ciência e Engenharia dos Materiais: Uma Introdução.
1a ed., Rio de Janeiro, LTC, 2002, ISBN: 85-216-2188-5
COSTA, Carla Neves; FIGUEIREDO, Antônio Domingues de; SILVA, Valdir Pignatta e.
Aspectos tecnológicos dos materiais de concreto em altas temperaturas. In: NUTAU'2002
– Seminário Internacional – Sustentabilidade, Arquitetura e Desenho Urbano. Anais. São
Paulo: NUTAU/FAU/USP, 2002b.
COSTA, Carla Neves; FIGUEIREDO, Antônio Domingues de; SILVA, Valdir Pignatta. O
fenômeno do lascamento (“spalling”) nas estruturas de concreto armado submetidas a
incêndio – uma revisão crítica. Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro.
17 a 22 de agosto de 2002 - Belo Horizonte - MG.
COSTA, Carla Neves; RITA, Igor de Assis; SILVA, Valdir Pignatta e. Princípios do “Método
dos 500 °C” aplicados no Dimensionamento de Estruturas de Concreto Armado em
Situação de Incêndio, com base nas prescrições da NBR 6118 (2003) para projeto à
temperatura ambiente. In: 46 ° Congresso Brasileiro do Concreto. Anais. Florianópolis:
IBRACON, 2004. [no prelo]
H.F.W. Taylor, “Cement Chemistry”, Academic Press Ltd., Londres, Inglaterra (1990).
KHOURY, G. A. Passive Protection Against fire. Tunnels & Tunnelling International
NOVEMBER 2002.
KLEIN, Dario Lauro; CAMPAGNOLO, João Luiz; GASTAL, Francisco de Paula Lopes.
Ação do fogo em prédios estruturados: estudo de um caso. In: XXIX Jornadas
Sudamericanas de Ingenieria Estructural. Anais. Punta del Este: IET-FIUR/ASIE, 2000.
NINCE, Andreia Azeredo; COSTA, Carla Neves; FIGUEIREDO, Antônio Domingues de;
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Brasileiro do Concreto. Anais. Vitória: IBRACON, 2003.
ULM, Franz-Josef. Fire in Transport Tunnel / Research on Rapidly Heated Concrete. In:
http://cist.mit.edu/fire.htm [acesso em 15.03.2002]. CIST-MIT. Cambridge (Massachusetts,
U.S.A.), 2000.