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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

Área Departamental de Engenharia Mecânica

2º Parte do Trabalho de Avaliação


Limpeza dos Sistemas de Ventilação

Semestre de Verão 2018-2019

40339 – Rui Ribeiro


40628 – Pedro Saraiva
40630 – Paulo Renato

Trabalho realizado no âmbito da unidade curricular de Manutenção de


Instalações Técnicas do Mestrado em Engenharia Mecânica

Orientadores:
Professor Nuno Henriques
Professor Filipe Martins Rodrigues

Maio de 2019
(Esta página foi intencionalmente deixada em branco)

2
Resumo

Os sistemas de ventilação representam potenciais fontes de poluição nas


instalações e a garantia da higiene das condutas de ar e da qualidade do ar interior, tem
vindo a ganhar muita importância ao longo dos anos. As partículas e outros tipos de
contaminantes ficam acumulados nas superfícies do sistema tanto na sua construção
com durante a sua utilização. Como consequência podem gerar-se consumos de
energia excessivos redução de caudais e avarias no sistema de ventilação. Um sistema
de ventilação deve então, ser inspecionado regularmente e deve proceder-se á sua
limpeza quando o resultado da sua inspeção assim o recomendar.

Palavras-chave: Qualidade, Limpeza, Sistema de Ventilação, Poluição

3
Abstract
Ventilation systems represents one of most potential sources of pollution in the
installations and the guarantee of hygiene of air ducts and indoor air quality, has gained
a lot of importance over the years. Particles and other types of contaminants
accumulated on the surfaces of the system due their own construction or during use.
Consequently, excessive energy consumption, reduction of flows and malfunctions in the
ventilation system can be generated. A ventilation system should then be inspected
regularly and cleaned when the result of its inspection so recommends.

Keywords: Quality, Clean, Ventilation System, Polution

4
Índice
Índice .......................................................................................................... 5

Índice de Imagens ....................................................................................... 8

Índice de Tabelas ........................................................................................ 9

Introdução ................................................................................................. 10

Critérios de Limpeza em Sistemas de Ventilação ...................................... 11

5.1. Regulamentos, normas e recomendações ............................................. 11

5.2. Critérios de Limpeza para Sistemas e Componentes Novos ................. 11

5.3. Critérios de Limpeza em Sistemas Existentes ....................................... 14

5.3.1. Filtros ............................................................................................. 14

5.3.2. Permutadores de Aquecimento e de Arrefecimento ....................... 14

5.3.3. Humidificadores.............................................................................. 15

5.3.4. Torres de Arrefecimento ................................................................. 15

Práticas Recomendáveis de Projeto.......................................................... 16

6.1. Atividades durante as Diferentes Fases do Projeto................................ 16

6.2. Princípios de Projeto para a totalidade do sistema e das unidades de


tratamento de ar ......................................................................................................... 16

6.3. Localização e Distância entre Aberturas ................................................ 18

6.4. Documentos de Contrato ....................................................................... 18

6.5. Aspetos de Projeto e Instalação ............................................................ 19

6.6. Requisitos para os componentes das condutas para facilitar a manutenção


da rede 19

Ventilação Industrial .................................................................................. 21

Transporte de Poluentes ........................................................................... 23

8.1. Velocidade de Transporte ...................................................................... 23

8.2. Ventilação Geral .................................................................................... 24

5
Ventilação Localizada ............................................................................... 27

9.1. Componentes de um Sistema de ventilação localizada ......................... 28

9.1.1. Dispositivos de Captação ............................................................... 30

Dispositivos de envolvimento total .............................................................. 32

Cabines Fechadas ...................................................................................... 33

Cabines Abertas ......................................................................................... 33

9.1.2. Dispositivos exteriores à fonte de emissão ..................................... 35

9.1.3. Condutas ........................................................................................ 37

9.1.4. Dispositivo de limpeza do ar/Filtro .................................................. 38

9.1.5. Elemento motor .............................................................................. 40

Sistemas de Ventilação ............................................................................. 43

10.1. 3 Tipos de sistemas de controlo de poeiras ........................................... 43

10.2. Seleção de um sistema de controlo de poeiras...................................... 43

10.3. Teste de sistemas de controlo de poeiras.............................................. 44

10.4. Como testar um sistema de controlo de poeiras .................................... 44

11. Instalação de um Sistema de Ventilação Limpo ........................................ 47

11.1. Proteção contra impurezas .................................................................... 48

11.2. Corte de chapa metálica ........................................................................ 49

11.3. Níveis de limpeza para a entrega, instalação e proteção de condutas ... 49

12. Verificação do Estado de Limpeza de Sistemas de Ventilação ................. 51

12.1. Plano de inspeção ................................................................................. 53

12.2. Seleção e avaliação dos locais de inspeção .......................................... 53

12.3. Métodos de avaliação de acumulação de partículas .............................. 54

12.4. A inspeção visual ................................................................................... 55

12.5. Métodos de inspeção de depósitos de partículas .................................. 55

12.6. Quantificação de micro-organismos....................................................... 56

6
13. Intervenções de Limpeza em Sistemas de Ventilação............................... 57

13.1. Plano de Limpeza .................................................................................. 58

13.2. Métodos de Limpeza ............................................................................. 59

13.3. Seleção dos métodos de limpeza e do equipamento ............................. 61

Conclusão ................................................................................................. 64

Referências ............................................................................................... 65

7
Índice de Imagens
Figura 1- Ventilação localizada .......................................................................... 21

Figura 2- Ventilação geral .................................................................................. 22

Figura 3- Velocidade de transporte mínimas para vários tipos de poluentes...... 23

Figura 4- Ventilação geral - ideal e real ............................................................. 24

Figura 5- Ventiladores eólicos............................................................................ 25

Figura 6- Exaustor de telhado motorizado e Insuflador de telhado .................... 26

Figura 7- Sistema de ventilação por aspiração localizada .................................. 29

Figura 8- Linhas da fração da velocidade .......................................................... 31

Figura 9- Campânula, com deflector em redor da entrada do ar ........................ 32

Figura 10- Geometrias de vários bocais de aproximação .................................. 36

Figura 11- Esquema de um filtro de mangas ..................................................... 39

Figura 12 - Dispositivo de limpeza a utilizar para as várias dimensões e para vários


poluentes .................................................................................................................... 40

Figura 13- Ventilador centrífugo......................................................................... 41

Figura 14- Ventilador axial ................................................................................. 41

Figura 15- Ponto de funcionamento de um ventilador ........................................ 42

Figura 16 - Fluxograma dos procedimentos que permitem manter um sistema de


ventilação limpo. ......................................................................................................... 52

Figura 17 - Nível de fiabilidade dos resultados, consoante os métodos de avaliação


de acumulação de partículas ...................................................................................... 54

Figura 18 - Diagrama esquemático de um sistema de limpeza de uma conduta a


seco, recorrendo a escovagem mecânica. .................................................................. 58

8
Índice de Tabelas

Tabela 1 - Valores Limite para acumulação de partículas em condutas e sistemas


de tratamento de ar novos .......................................................................................... 12

Tabela 2 - Categorias e Métodos de Avaliação .................................................. 12

Tabela 3 - Requisitos das classificações de limpeza para condutas e acessórios á


saída da fábrica (FISIAQ 2001) .................................................................................. 13

Tabela 4-Velocidades de captura dos contaminantes ........................................ 31

Tabela 5 - Velocidades de captação mínimas a adoptar no caso de captação de


contaminantes por meio de dispositivos de envolvimento total ou cabines abertas .... 34

Tabela 6 - Velocidades de captação mínimas a adoptar, para várias geometrias


de bocais, para diferentes caudais.............................................................................. 36

Tabela 7 - Quadro de velocidades de transporte aconselhadas em condutas ... 38

Tabela 8 - Os três níveis de limpeza possíveis para entrega, proteção e transporte.


................................................................................................................................... 51

Tabela 9 - 3 métodos de limpeza a seco e suas características. ....................... 57

9
Introdução

Na maioria dos países, as exigências para a limpeza dos sistemas de ventilação


estão concentradas na prevenção de incêndios. Assim o foco destes requisitos estão
nos materiais inflamáveis presentes nas condutas de extração de ar (Extração de fumos
das cozinhas ou de instalações industriais).

Além da prevenção de incêndios, nos dias de hoje é importante garantir que a


qualidade do ar anterior de qualquer instalação está assegurada, fazendo com que o
ambiente dessa instalação seja um saudável e produtivo. Ao longo dos anos a qualidade
do ar no interior das instalações está a tornar-se num ponto cada vez mais exigente por
parte dos donos das obras. Um mau funcionamento de um sistema de ventilação pode
ser extremamente prejudicial para a saúde, provocando sintomas causados por
pequenas partículas, aumento de micróbios e concentração de poluentes (dióxido de
carbono, partículas e compostos voláteis).

A saúde e a produtividade são as preocupações prioritárias em escritórios, e uma


má qualidade do ar interior origina uma redução de produtividade e consequentemente,
os lucros da empresa.

10
Critérios de Limpeza em Sistemas de Ventilação
A principal função de sistema de ventilação é garantir o fornecimento de ar fresco,
limpo e saudável no interior de uma instalação, mas se nestes sistemas não forem
mantidas as condições de higiene necessárias, podem tornar-se numa das maiores
fontes de poluição de uma instalação. O objetivo é instalar um sistema de ventilação
que possa ser mantido limpo durante o período de vida da instalação.

5.1. Regulamentos, normas e recomendações


As principais exigências para permitir a limpeza e manutenção das condutas estão
documentadas na EN12097 da responsabilidade do comité CEN/TC 156 “Ventilação
para edifícios”. Os regulamentos e recomendações nacionais definem:

• Intervalos entre inspeções de limpeza de sistemas de ventilação;


• Valores limite para acumulação de partículas;
• Operações de limpeza de sistemas de ventilação.

5.2. Critérios de Limpeza para Sistemas e


Componentes Novos
Muitos documentos orientadores por onde os engenheiros se baseiam, definem valores
limite para a acumulação de partículas em condutas no final da instalação, enquanto
outros fornecem conhecimentos detalhados de como fabricar um sistema de ventilação
limpo. A tabela abaixo indica-nos os requisitos relativos á acumulação admissível de
partículas em condutas e sistemas de tratamento de ar logo após a instalação.

11
Antes de Limpar Método de
Pais Aplicação Categoria Referência
as Condutas Avaliação
P1a 1 g/m2 Visuald ou
Finlândia Insuflação Teste de FISIAQ, 2001
P2a 2,5 g/m2 Aspiraçãoe
Altab
Visualmente suja VDI,
Alemanha Geral Médiab Visualf
6022/Parte1
Básicab Muita sujidade
Classe Ac 3% Ópticog
Noruega Insuflação Juell et al. 1994
Classe Bc 5% Ópticog
Não
Suécia Insuflação --- 1 g/m2 SNBH, 1994
Mencionadoh
EUA Geral --- Visualmente suja Visuali NADCA, 2001
Tabela 1 - Valores Limite para acumulação de partículas em condutas e sistemas de tratamento de
ar novos

Categorias: Métodos de Avaliação:


d
a Inspeção visual com escala de referência como método
categoria de limpeza
primário Narvanne et al. 2002
b e
níveis de limpeza Teste de aspiração (FISIAQ-teste 2)
f
Requisitos para as categorias especificas (A e B) e
c
classes de níveis de limpeza formação prévia necessária para os inspetores (VDI
6022/Parte 1)
g
Método ótico com fitas de gelatina (Schneider et al.
1996)
h
Requisitos de qualificação especifica (Classes K e N) e
experiência prévia necessária para os inspetores
i
Requisitos de qualificação e experiência prévia para os
inspetores
Tabela 2 - Categorias e Métodos de Avaliação

Durante o funcionamento do sistema, uma superfície com resíduos de óleo tende a


acumular partículas mais rapidamente, tornando-se numa pelicula pegajosa e difícil de
remover, logo, é importante recorrer apenas a equipamentos e componentes que não
libertem substâncias, fibras ou odores desagradáveis e prejudiciais.

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De acordo com a FISIAQ (2001), as superfícies internas das condutas e
acessórios devem satisfazer os requisitos da tabela abaixo:

Critérios de
Poluente
classificação
Densidade superficial do óleo
nas condutas1

Densidade superficial de óleo


nos acessórios, unidades 0,05 g/m2
terminais e registos de ar e
registos contra-fogo1
Peças fabricadas por corte,
quinagem ou união
Peças fabricadas a partir de
chapa metálica (processos que 0,3 g/m2
requerem lubrificação de óleo)
Fibras minerais libertadas no < 0,01 pc/cm3
caudal de ar (MMVF)2
Partículas depositadas na 0,05 g/m2
superfície
1
Este requisito é baseado em medições que correlacionam
a intensidade do odor libertado e a massa de resíduo de
óleo, com recurso ao lubrificante "Solvac"
2
A concentração de fibras minerais no caudal de ar aplica-
se apenas a componentes que tenham sido fabricados
recorrendo a materiais que contenham fibras.
Tabela 3 - Requisitos das classificações de limpeza para condutas e acessórios á saída da fábrica
(FISIAQ 2001)

13
5.3. Critérios de Limpeza em Sistemas
Existentes

Não existem muitos critérios de limpeza para a manutenção dos sistemas de


ventilação. Na maior parte dos casos são definidos intervalos de manutenção,
especificando apenas os componentes a verificar. De acordo com um estudo realizado
por Muller (2000), o critério de limpeza das condutas para sistemas já existentes varia
entre 1 e 6g/m2.

5.3.1. Filtros
Existem várias medidas a tomar para que os filtros não sejam um dos principais
poluentes do ar:

• Verificar o efeito de poluição regularmente, ao nível sensorial, químico e


biológico.
• Mudar de filtros quando o filtro polui o ar invés de o purificar; o diferencial
máximo de pressão é excedido; Após 1 ano de utilização em zonas de
baixa poluição e semestralmente em zonas de alta poluição.
• Mudar os filtros no Outono, quando a maioria das partículas de origem
biológica (pólen) estão a um nível baixo.
• Manter sempre o filtro seco.

5.3.2. Permutadores de Aquecimento e de


Arrefecimento
• Garantir o escoamento da condensação para dreno sifonado.
• O condensado não deve contar mais de 1000 UFC/ml
• Não deve ser permitido o crescimento visível de fungos nas superfícies
dos permutadores

14
5.3.3. Humidificadores
• Nível máximo permitido de germes na água é de 1000 UFC/ml (VDI 3803)
• Legionella 0 UFC/ml (VDI 3803)
• Limpar regularmente o humidificador, a seco ou com água (semestral)
• Mudar a água durante períodos de não operação e não exceder uma
semana de utilização
• As superfícies devem estar completamente secas.

Estes testes efetuados á água (2 primeiros pontos), podem ser feitos de forma
rápida, utilizando fitas de imersão ou podem ser mais demorados utilizando placas de
gel para culturas de micro-organismos.

5.3.4. Torres de Arrefecimento


• As torres de arrefecimento devem ser instaladas de modo a que os
aerossóis emitidos não possam entrar pelas aberturas de captação do
sistema de ventilação.
• Recorrer ao separador de gotas mais eficaz
• A limpeza e a drenagem completa do sistema são necessárias:
o Antes do comissionamento;
o No fim da estação de arrefecimento ou antes de longos períodos
de inatividade;
o Pelo menos semestralmente;

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Práticas Recomendáveis de Projeto
O projectão é uma fase importante de maneira a obter um sistema de ventilação
limpo. Sem a devida documentação, desenhos claros e concisos a fase de projeto pode
tornar-se numa fase muito difícil.

6.1. Atividades durante as Diferentes Fases do


Projeto
Numa fase inicial do projeto-base o proprietário, o cliente, o arquiteto e o
engenheiro de sistemas têm de definir os aspetos fundamentais para um sistema de
ventilação limpo tais como: materiais, requisitos do cliente e produtos. Nesta fase são
também definidas as categorias do clima interior, da limpeza na construção e da limpeza
do sistema de ventilação.

Durante a fase de projeto o arquiteto define os materiais de construção devem ser


definidos de maneira a respeitar os requisitos da qualidade do ar interior segundo as
normas (ex. FISIAQ 2001). O engenheiro responsável pelo design do sistema de
ventilação tem de especificar o método, as ferramentas que serão utilizadas no processo
de instalação bem como os requisitos de manuseamento dos componentes, durante o
fabrico, o transporte e o armazenamento. O gestor de projeto tem de garantir que os
empreiteiros cumprem os requisitos gerais.

6.2. Princípios de Projeto para a totalidade do


sistema e das unidades de tratamento de ar
As partes mais importantes de um sistema de ventilação são: as grelhas de
admissão, plenos de admissão e exaustão, filtros, atenuadores de ruido, baterias de
arrefecimento e aquecimento e unidades de recuperação e calor.

Os requisitos de projeto gerais que têm maior importância são:

• De maneira a evitar a admissão de neve e água da chuva, a velocidade


máxima de ar nas grelhas de admissão deve ser definida. Para diferentes
configurações de admissão, a EN13779 especifica valores máximos,
enquanto a FISIAQ fixa o valor máximo de 1,5 m/s para todas as situações

16
• As grelhas de admissão devem ser localizadas no lado mais limpo do
edifício (normalmente na cobertura). A admissão de ar deve estar afastada
de fontes de contaminação (torres de arrefecimento, parqueamentos e
locais de exaustão)
• As baterias de aquecimento devem ser dimensionadas para um máximo
de velocidade de ar especificado (3.0 m/s – PTIV, Ripatti et. Al 2002 e 2,0
m/s para PEF reduzida). E as baterias de arrefecimento devem estar
equipadas com separadores de gotas.

Existem outros requisitos de projeto que são apresentados na EN13053, para


vários equipamentos:

• Caixa da UTA – A caixa deve ser fabricada com materiais resistentes á


corrosão e á abrasão, e que não permitam a emissão de substâncias
prejudiciais para a saúde.
Deve ser possível inspecionar, limpar e desinfetar todos os componentes
de uma forma acessível. Logo todos os componentes devem ser
projetados de maneira a terem fácil acesso para limpeza através de painéis
de inspeção a montante ou jusante.
• Ventiladores – Com o intuito de reduzir as despesas de manutenção e por
razões de higiene, é recomendado que os ventiladores de insuflação sejam
instalados de forma que minimize entradas indesejáveis de ar no lado da
baixa pressão.
• Baterias de Arrefecimento e Aquecimento – Por razões de higiene e
energéticas a distância entre as alhetas dos permutadores de um
desumidificador deve ser superior a 2,5 mm. Noutros casos deve ser, no
mínimo, de 2,0 mm. Os permutadores de um desumidificador não devem
ser instalados imediatamente antes de filtros de ar ou de atenuadores de
ruído.
• Humidificadores – É recomendado que as UTA’s que tenham
humidificadores estejam equipadas com, no mínimo, 2 filtros, estando o
humidificador instalado entre o primeiro e o segundo andar de filtragem.
Os vedantes utilizados não devem absorver a humidade.

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Os humidificadores evaporativos devem operar com um caudal de água
por excesso. Em períodos de não operação, o depósito deve ser
completamente drenado.
• Atenuadores de Ruído – Por razões de higiene os silenciadores não
devem ser colocados imediatamente depois de dispositivos de
humidificação. Os silenciadores devem ser construídos de forma a não
ocorrer libertação de fibras no ar durante a operação.
• Filtros – Deve garantir-se espaço suficiente para permitir acesso total aos
elementos de filtragem quer junto ao painel de acesso, quer imediatamente
a montante dos filtros.
• Condutas de ar e acessórios – Devem ser protegidas contra poeiras e
sujidades com tampões durante o transporte e o armazenamento no local
de construção. Para o corte de condutas deve recorrer-se a ferramentas
especialmente concebidas para sistemas de ventilação limpos.

6.3. Localização e Distância entre Aberturas


A dimensão e a localização das aberturas devem ter em conta tanto as ações de
limpeza como o cumprimento dos planos de manutenção. A localização e a distância
entre aberturas dependem da qualidade do ar extraído, como especificado na EN13779.

De acordo com a EN13779, a fim de assegurar os pontos de acesso para limpeza


e manutenção, os plenos devem ter aberturas próximas de ângulos na rede ou em
condutas horizontais, com intervalos inferiores a 10 m. No caso em que o ar de extração
seja de categoria EHA 4, o intervalo não deve exceder os 3 a 5 m, dependendo das
características das impurezas do ar.

6.4. Documentos de Contrato


Os documentos de contrato especificam as ações e as responsabilidades de cada
individuo envolvido no projeto e de garantir a construção de um sistema de ventilação
limpo. Enumeram-se assim os pontos mais importantes a serem incluídos no contrato:

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a) Agendar as atividades por forma a que a instalação de condutas não
coincida com trabalhos de construção que produzam muita sujidade.
b) Manter um estado de limpeza razoável no local de construção
c) Garantir um armazenamento limpo e sexo das condutas e acessórios no
local de construção
d) Limpar regularmente durante os trabalhos de construção e efetuar uma
limpeza geral antes da entrega.
e) Ministrar formação aos trabalhadores sobre sistemas de ventilação
limpos.
f) Na entrega devem constar os documentos relativos aos métodos e
procedimentos de limpeza:
i. Limpeza a seco: Aspiração, ar comprimido e escovagem.
ii. Limpeza húmida: Jato de vapor, limpeza química e desinfeção.

6.5. Aspetos de Projeto e Instalação


As especificações do equipamento devem garantir que a sua limpeza interior,
proteção e armazenamento sejam compatíveis com os níveis de limpeza requeridos
para as condutas.

Para níveis de limpeza do ambiente de instalação mais elevados, os requisitos


são mais apertados, especialmente em fases já avançadas do processo de instalação.
Nas plantas de projeto devem estar bem definidas as localizações de todas as aberturas
para limpeza e as duas dimensões.

A norma VDI 6022/Parte 1 e 2 define a primeira inspeção de higiene como aquela


onde todo o sistema de ventilação é verificado, sendo definido um plano de manutenção
para todos os componentes. Para sistemas já existentes, esta inspeção ocorre depois
de se adjudicar a manutenção.

6.6. Requisitos para os componentes das


condutas para facilitar a manutenção da rede
Deve ser mencionado a localização exata dos componentes que não possam ser
facilmente limpos, de modo a garantir uma manutenção adequada e uma eventual
reconfiguração.

19
O manual de manutenção deve incluir instruções suficientes que permitam
verificar o funcionamento de um componente que tenha sido removido para
manutenção. A direção do caudal de ar deve estar sempre indicada em todos estes
componentes. A instalação destes componentes deve garantir a sua fácil remoção,
manutenção ou inspeção.

Os componentes elétricos amovíveis, devem estar equipados com cablagem e


conectores flexíveis, com vista a uma fácil remoção. Caso seja necessária a regulação
de equipamento no interior da conduta, o painel de acesso deve estar localizado de
forma a permitir eventuais inspeções e intervenções.

Todas as portas e painéis amovíveis devem estar devidamente seguros para


evitar quaisquer eventuais danos causados pela sua queda.

Não é proibido o recurso a rebites ou parafusos que que entrem dentro das
condutas, desde que não interfiram com o processo de limpeza e manutenção.
Parafusos pontiagudos não podem ser utlizados perto dos acessos, pois podem causar
ferimentos na equipa de manutenção e limpeza.

20
Ventilação Industrial
A ventilação, de uma forma geral, é o meio que permite substituir o ar existente
num determinado espaço interior, por ar exterior, com o intuito de diminuir a
concentração de um determinado poluente no ar interior.

Como a saúde dos trabalhadores e a produção podem ser prejudicados pela


poluição do ar interior, utiliza-se a captação e ventilação dos poluentes e espaços para
reduzir a concentração de poluentes nos mesmos, contudo associado a esta redução
da concentração de poluentes existem bastantes gastos energéticos. Desta forma
exige-se eficácia aos sistemas de despoeiramento, assim como a utilização correta dos
mesmos.

De uma forma geral quando um edifício é projetado, também é projetado um


sistema de ventilação para o mesmo, uma vez que este último permite controlar a
temperatura, possíveis odores e se bem projetado as poeiras aerotransportadas no
edifício. O sistema de ventilação pode também ser projetado de forma a captar as
emissões do poluente na sua origem, para assim reduzir a sua diluição no ar ambiente.

Desta forma podem distinguir-se dois tipos de ventilação: a ventilação localizada,


e a ventilação geral ou por diluição.

Figura 1- Ventilação localizada

21
Figura 2- Ventilação geral

Como a ventilação localizada capta o poluente no seu ponto de emissão, esta vai
ter um menor consumo energético relativamente à ventilação geral, uma vez que o
caudal necessário é muito menor. Sabendo que a ventilação geral consiste na
substituição de ar poluído por ar limpo no espaço a descontaminar até à obtenção de
concentrações aceitáveis à laboração, esta deve ser utilizada preferencialmente como
complemento da ventilação localizada, para assegurar as referidas concentrações
aceitáveis.

22
Transporte de Poluentes
O transporte dos poluentes (ou contaminantes) diluídos no ar, no caso da
indústria cerâmica, realiza-se pela diferença de pressão entre a zona de captação e o
ventilador, gerador da referida diferença de pressão. Para que não exista má captação
das partículas ou acumulação das mesmas ao longo das condutas, é necessário
estabelecer-se uma velocidade mínima para o escoamento, seleccionar a melhor forma
de captação, nomeadamente a forma da boca e a distância à fonte e ter em conta as
perdas por atrito, nas ramificações, filtros, curvas e entradas e saídas de ar.

8.1. Velocidade de Transporte


O ar poluído, depois de capturado, é transportado através das condutas até ao
ventilador. A velocidade de transporte do ar é função essencialmente da densidade das
partículas e das suas dimensões. Para reduzir o consumo excessivo de energia, o ruído,
e a abrasão das tubagens, devem evitar-se as altas velocidades. Na figura 3 estão
indicadas as velocidades de transporte mínimas para vários tipos de poluentes.

Figura 3- Velocidade de transporte mínimas para vários tipos de poluentes

23
8.2. Ventilação Geral
A ventilação geral está associada ao movimento de grandes volumes de ar e tem
como objetivo a diluição ou deslocação de contaminantes diluídos no ar, e também
permitir algum conforto térmico. É utilizada para baixas concentrações de poluentes,
embora não seja recomendada quando existem grandes quantidades de poluentes ou
poeiras que possam difundir-se rapidamente por uma grande área. A má utilização deste
tipo de ventilação pode levar à exposição de trabalhadores distantes da fonte de
emissão.

O movimento natural do ar pode ser aproveitado para este tipo de ventilação


através da introdução de ar fresco no nível inferior e aberturas de saída no tecto, contudo
é necessário ter em conta as condições climatéricas que por vezes provocam
desconforto térmico, o diferencial de temperatura (interior/exterior), o diferencial de
altura entre a entrada e a saída de ar e as construções ou obstáculos naturais. Este tipo
de ventilação é chamado de ventilação natural e deve ser preferencialmente utilizado
principalmente por razões energéticas. Por sua vez quando o ar é movimentado por
acção de ventiladores ou máquinas próprias, chama-se ventilação forçada. Este tipo de
ventilação é mais utilizado para grandes áreas ou quando é necessário reciclar grandes
volumes de ar.

Quando se aplica a ventilação geral, deve ter-se o cuidado de direcionar os


poluentes para longe das zonas de respiração dos trabalhadores (situação ideal),
embora seja bastante difícil que os poluentes sigam um caminho ordenado desde a
fonte até à extracção (situação real), como se pode ver na figura seguinte.

Figura 4- Ventilação geral - ideal e real

24
Se os postos de trabalho estão muito próximos da fonte de emissão de poluentes
e as quantidades de emissão são muito elevadas, através da ventilação geral, não se
conseguem obter níveis admissíveis para a laboração.

A toxicidade do poluente é outro fator que pode determinar o tipo de ventilação e


o fator de segurança a utilizar, a ventilação geral apenas pode ser utilizada quando a
toxicidade é reduzida. O fator de segurança toma normalmente valores entre 3 e 10.

De uma forma geral há quatro formas de realizar ventilação:

• Insuflação e exaustão natural do ar;


• Insuflação mecânica e exaustão natural;
• Insuflação natural e exaustão mecânica;
• Insuflação e exaustão mecânicas.

Um dos tipos de exaustores utilizados nos sistemas de ventilação geral, são os


exaustores eólicos. Estes permitem aproveitar o vento, independentemente da sua
direção e assim poupar energia, contudo como o vento é variável e imprevisível, estes
ventiladores não dão garantidas de uniformidade no seu funcionamento, o que por
vezes leva à implementação de exaustores motorizados, como o da figura 5.

Figura 5- Ventiladores eólicos

Tem de existir um equilíbrio relativamente ao caudal, distribuição e orientação


entre a exaustão, natural ou forçada e a insuflação, também natural ou forçada. Esta
última é normalmente adquirida através das portas, janelas ou persianas existentes em
qualquer recinto fechado. Caso não se verifique esse equilíbrio a ventilação será
prejudicada, logo é essencial que se tomem medidas, como a implementação de
insuflação forçada (figura 6).
25
Uma vez que a ventilação geral envolve o movimento de grandes de massas de
ar, esta deve ser utilizada como complemento à ventilação local.

Figura 6- Exaustor de telhado motorizado e Insuflador de telhado

26
Ventilação Localizada
A ventilação por aspiração localizada, ou ventilação localizada, como dito
anteriormente, é um processo que necessita de movimentar menores quantidades de
ar que a ventilação geral, o que leva a um menor consumo energético. Contudo quando
instalado o sistema de ventilação, o processo produtivo não deve ser alterado, para
assim garantir a eficiência do sistema.

Este tipo de ventilação tem como principal objetivo a captação dos contaminantes
o mais próximo possível da fonte de emissão e é preferencialmente instalado entre a
fonte e o trabalhador. Como a ventilação localizada transporta os contaminantes até um
retentor ou coletor, estes podem ser dirigidos novamente para as linhas de produção,
ou seja, este sistema permite uma recuperação dos materiais e uma redução nas
emissões de contaminantes para o exterior. Permite ainda proteger o equipamento do
processo, assim como a qualidade do produto a ser fabricado.

Para a conceção de um sistema de aspiração localizada existem alguns princípios


que devem ser tidos em conta. Esses princípios são os seguintes:

• Envolver ao máximo a zona de produção dos contaminantes, o que permite


aumentar a eficácia dos dispositivos de captação e diminuir os caudais;
• Colocar o dispositivo de captação o mais próximo possível da fonte de
emissão do poluente;
• Não colocar o trabalhador entre a fonte e a captação do contaminante, ou
seja, é necessário verificar se a deslocação do ar está a decorrer no sentido
contrário ao das vias respiratórias do trabalhador;
• Orientar o sistema de aspiração tendo em conta os movimentos naturais dos
poluentes, por exemplo quando estes são mais densos que o ar, o dispositivo
de captação deve ser colocado na parte inferior do ponto de emissão;
• Estabelecer uma velocidade de captura que seja suficiente para capturar os
contaminantes, tendo em conta os efeitos da dispersão, possíveis correntes
de ar e a direção da emissão;
• Assegurar que o caudal de ar que entra seja 10% superior ao caudal de ar
aspirado, para que a captação seja eficiente. Este princípio assegura a
redução de correntes de ar a grande velocidade, provenientes de aberturas,

27
que podem provocar desconforto térmico, e evita a dispersão do
contaminante;
• Afastar as saídas de ar poluído das entradas de ar novo, para que este último
não seja contaminado;
• Evitar correntes de ar e o desconforto térmico através da colocação de
anteparos e do aquecimento do ar de entrada.

9.1. Componentes de um Sistema de ventilação


localizada
A ventilação por aspiração localizada implica a existência de um sistema que
efetue a aspiração do ar contaminado junto à fonte de emissão, para isso é necessário
que existam uma série de componentes que permitam a captação, o transporte, a
filtragem e o movimento desse ar.

Os principais componentes de um sistema de ventilação localizada são os


seguintes (figura 7):

• Dispositivos de captação – estes podem envolver parcial ou totalmente a


fonte de emissão ou estar colocado apenas próximo desta. São também o
ponto de entrada do ar contaminado capturado.
• Condutas – nestas, é transportado o ar até ao dispositivo de limpeza do ar;
• Dispositivo de limpeza do ar – este componente retém ou dilui os
contaminantes existentes no ar, antes de este ser lançado para a atmosfera;
• Elemento motor – provoca o movimento do ar através da criação de uma
diferença de pressão.

28
Figura 7- Sistema de ventilação por aspiração localizada

Cada um destes componentes tem um papel muito importante num sistema de


ventilação localizada. O elemento motor, normalmente um ventilador, provoca uma
pressão negativa nas condutas, levando a que se estabeleça um escoamento no interior
das mesmas, no sentido do ventilador, este por sua vez leva à aspiração nos
dispositivos de captação, que se encontram nos pontos de emissão do contaminante.
Normalmente, antes do ventilador, encontra-se o dispositivo de limpeza do ar, que
permite a redução do desgaste/abrasão das pás do ventilador, contudo existem
sistemas em que o dispositivo de limpeza do ar se encontra depois do ventilador. Este
último caso encontra-se aplicado quando o contaminante não é corrosivo ou provoca
pouco desgaste.

Relativamente ao elemento motor deve garantir-se que este seja bem projetado,
pois caso contrário, este poderá ter um consumo excessivo de energia, ser ruidoso e
mais dispendioso, quando sobredimensionado.

A manutenção num sistema deste tipo é fundamental porque assegura que ele se
mantenha nas condições de projeto, ou seja, nas condições de maior eficiência. Para
que esta eficiência se mantenha, normalmente o sistema não pode ser utilizado para
um contaminante diferente daquele para o qual foi projetado, ou seja, este pode não
recolher as partículas da mesma forma ou simplesmente não as recolher.

Quando existem vários pontos de captação, é necessário que todos esses pontos
se encontrem à mesma pressão, ou pelo menos que a pressão não varie, para que a
velocidade de aspiração seja constante.

29
9.1.1. Dispositivos de Captação
Os dispositivos de captação são um dos componentes mais importantes do
sistema porque permitem a captação do ar contaminado. Estes dispositivos podem ter
inúmeras formas e tamanhos, uma vez que têm de estar adaptados à fonte de emissão.
Quando isto não acontece, a aspiração não funciona corretamente, perdendo eficácia e
consequentemente o controlo das emissões, o que leva à situação de risco de exposição
dos trabalhadores.

Na projeção de um sistema de ventilação, quando se seleciona ou projeta o


dispositivo de captação, é necessário ter em conta os seguintes aspetos:

• Tipo, tamanho e posição da fonte emissora;


• Características físicas e químicas dos poluentes emitidos (partículas, nevoeiros,
gases ou vapores);
• Velocidade da emissão do poluente;
• Direção da corrente criada pelo movimento de emissão;
• Local dos postos de trabalho relativamente à fonte emissora;
• Posição do trabalhador quando executa a tarefa;
• Movimento da massa de ar criado pela ventilação geral existente no local.

A velocidade de captação define-se como a velocidade do ar no ponto de emissão


dos contaminantes, suficiente para os transportar para a entrada do dispositivo de
captação. O seu valor mínimo depende da velocidade com que são libertadas as
partículas, e da intensidade das perturbações do campo de escoamento devido às
correntes de ar. Logo a velocidade de emissão é um factor preponderante para se
estabelecer uma velocidade de captação. Os valores que a ACGIH (Association
Advancing Occupational and Environmental Health) estabelece como mínimos, para a
velocidade de captura, apresentam-se no quadro 4.

30
Tabela 4-Velocidades de captura dos contaminantes

Velocidade de captura
Condição de dispersão do contaminante (m/s)
Libertado sem velocidade inicial para ar estagnado 0,25-0,5
Libertado a baixa velocidade em ar com velocidade moderada 0,5-1
Libertado a média velocidade numa zona com fortes correntes de ar 1,0-2,5
Libertado a elevada velocidade numa zona com muito fortes
2,5-10
correntes de ar

Dalla Valle foi um pioneiro neste campo, desenvolvendo uma expressão, que
representa a velocidade do ar, devida exclusivamente à exaustão, ao longo de um eixo
de simetria, em campânulas com secções circulares, quadradas e retangulares.

Em que:

• X – Distância ao centro da boca de aspiração, m


• S – Secção da boca de aspiração, m2

Na fig. 8 pode ver-se que a velocidade de captação diminui consideravelmente


com a distância ao ponto de elevação.

Figura 8- Linhas da fração da velocidade

31
Uma forma de melhorar o desempenho da captação é introduzir um deflector em
redor da entrada do ar (figura 9). A sua presença restringe a extração do ar à zona
frontal da entrada, ao contrário do que se verifica na sua ausência, em que o ar é
captado em todas as direções. Neste deflector, a velocidade do ar sofre um acréscimo
de cerca de 1/3.

Figura 9- Campânula, com deflector em redor da entrada do ar

Posto isto, como existem dispositivos de captação com inúmeras geometrias, não
existe uma expressão que permita calcular a velocidade de captação num qualquer
ponto de emissão. Contudo, através de vários estudos e experiências, foram elaborados
quadros que de acordo com a geometria e dimensão do dispositivo de captação, nos
dão a relação entre o caudal de aspiração e a velocidade do ar induzida pelo dispositivo.

De uma forma geral pode dizer-se que existem quatro tipos de dispositivos ou
exaustores de captação: envolvimento total, cabines fechadas, cabines abertas e
exteriores à fonte de emissão. Nos três primeiros, o ar entra por fendas em faces livres
de forma a compensar o ar contaminado que é extraído pelo sistema de ventilação. Esta
extração pode ser feita por qualquer uma das superfícies, normalmente mais que uma
de cada vez, que envolvem a fonte de emissão do contaminante.

Dispositivos de envolvimento total


Estes dispositivos envolvem totalmente a fonte de emissão de contaminante,
contendo apenas pequenas aberturas para deixarem entrar e sair o produto. Estes
sistemas são os únicos aceitáveis para produtos muito tóxicos e os seus caudais são
geralmente baixos. Geralmente a velocidade varia entre 0,5 a 1 m/s, se o contaminante
for moderadamente tóxico e não for diretamente projetado para a parede.

32
O caudal de aspiração pode ser obtido por:

• S – Área total das aberturas (m2)


• Ve – Velocidade da entrada de ar através das aberturas para o interior
(m/s)

Cabines Fechadas
Nestas cabines, o trabalhador e o elemento contaminante encontram-se dentro de
um local fechado, somente com algumas aberturas para a entrada e saída de ar por
exaustão. O sentido da deslocação do ar no interior destas cabines é imperativo que
seja escolhido tendo em conta que o operador não se encontre entra a fonte de emissão
e a aspiração. A velocidade de captação é na maioria dos casos de 0,5m/s, ao nível das
vias respiratórias do operador.

O caudal de aspiração pode ser obtido por:

• S – Área da secção onde ficam as vias respiratórias (m2)


• Vr – Velocidade do ar ao nível das vias respiratórias do operador (m/s)

Cabines Abertas
A diferença destas cabines face às anteriores é o facto de esta conter uma das
faces aberta, local por onde entra o ar, para que se possa ter acesso à operação. Esta
deve ser suficientemente profunda, de modo a conter a zona natural de contaminação.
A tabela 5, dá também exemplos de velocidades mínimas, para este tipo de dispositivos.
Esta velocidade deve ser uniforme em toda a cabine.

O caudal de aspiração pode ser obtido por:

• S – Área da face abertura (m2)


• Vf – Velocidade do ar na face aberta (m/s)

33
Tabela 5 - Velocidades de captação mínimas a adoptar no caso de captação de contaminantes por
meio de dispositivos de envolvimento total ou cabines abertas

34
9.1.2. Dispositivos exteriores à fonte de
emissão
Estes dispositivos, também chamados de campânulas, bocais de aproximação ou
exaustores de captura, apenas devem ser utilizados quando não for possível optar pelos
anteriores, uma vez que são menos eficazes e mais suscetíveis de perturbações. A
velocidade de captação do ar contaminado a considerar, será a que se fizer sentir no
ponto de emissão. A sua colocação deve ser a mais próximo possível da fonte de
emissão do contaminante, mas deve também permitir a realização da tarefa ali
destinada e, acima de tudo, deve encaminhar o fluxo de ar contaminado na direção
contrária às vias respiratórias do trabalhador.

Na projeção deste tipo de dispositivos de captação, devem seguir-se as seguintes


operações:

1. Posicionamento do dispositivo;
2. Determinar a velocidade de captação em função do processo e do modo de
formação dos contaminantes;
3. Calcular o caudal de aspiração necessário a partir desta velocidade e da
distância entro o dispositivo e a fonte emissora;
4. Em função dos critérios de distribuição das velocidades, das perdas de carga e
da velocidade de transporte do ar contaminado, determinar a partir do caudal as
dimensões das aberturas do dispositivo de captação e das condutas.

As velocidades de sucção devem ser repartidas de igual forma pela zona de


emissão dos contaminantes ou devem ser superiores aos valores mínimos indicados no
ponto de emissão mais distante do dispositivo de captação.

A figura 10 mostra alguns tipos de bocais de aproximação bem com as


velocidades de captação mínimas a adotar para vários caudais.

35
Tabela 6 - Velocidades de captação mínimas a adoptar, para várias geometrias de bocais, para
diferentes caudais

Figura 10- Geometrias de vários bocais de aproximação

36
Nas indústrias onde o transporte de materiais sólidos é normalmente efetuado
através de passadeiras, consoante o material transportado, a transição entre elas e
carga e a descarga, são considerados pontos de emissão de contaminantes, logo é
necessário existirem, nesses pontos, dispositivos de aspiração.

Quando o transporte se faz na horizontal e de forma isolada, é aconselhável de


10 em 10m instalar um ponto de captação, de forma a manter uma ligeira depressão no
seu interior e evitar emissão de partículas.

9.1.3. Condutas
O ar contaminado extraído pelos dispositivos de captação é conduzido através
das condutas até ao dispositivo de limpeza do ar, seguidamente para o elemento motor
e por fim para o exterior.

Na projeção deste componente, o material a selecionar deve ser resistente às


condições de utilização, nomeadamente ao tipo de contaminante e à temperatura de
serviço. O aço galvanizado é o material mais utilizado nos sistemas de captação de
poeiras, de igual forma, geometricamente as condutas mais utilizadas para este
contaminante são as de secção circular, pois têm grande resistência estrutural e menor
perda por fricção. De forma a reduzir ao máximo as perdas de carga, quando se elabora
o desenho do percurso que é necessário cobrir, este deve evitar mudanças bruscas de
direção, sempre que possível com um raio superior a 20º, ou seja, optando sempre pelo
maior raio possível. Isto sempre tendo em conta a limitações devidas ao espaço
disponível. A área da secção transversal dos diversos segmentos do sistema deve
garantir o equilíbrio do sistema, ou seja, que a pressão desenvolvida pelo ventilador seja
suficiente para assegurar as condições de projeto definidas para os vários dispositivos
de captação que compõem o sistema.

A velocidade de transporte não pode permitir a deposição de partículas, o que leva


a que as velocidades estabelecidas no projeto sejam sempre acima das de referência.
No transporte de poeiras contendo sílica é recomendado que a velocidade de transporte
se encontre entre 18 e 20 m/s.

Na tabela 7 encontram-se alguns valores de velocidades aconselhadas no interior


de condutas de diversos diâmetros.

37
Tabela 7 - Quadro de velocidades de transporte aconselhadas em condutas

9.1.4. Dispositivo de limpeza do ar/Filtro


Os dois principais motivos para a existência destes dispositivos são a diminuição
da poluição atmosférica e o reaproveitamento das partículas que se encontram diluídas
no ar contaminado, recolhido pelo sistema de ventilação. Essas partículas poderão
voltar ao processo de produção. Os tipos de dispositivos de limpeza do ar contaminado
são os seguintes:

• Separadores gravíticos;
• Separadores centrífugos;
• Separadores por filtragem;
• Separadores electroestáticos;
• Separadores por via húmida.

38
Os mais aplicados na indústria são os filtros e os separadores por via húmida.

Os filtros contêm mangas alongadas (figura 11) de tecido, que à medida que são
atravessadas pelo ar contaminado retêm o contaminante. A limpeza das mesmas pode
ser feita através do movimento vibratório da estrutura que as suporta ou através de um
jacto brusco de ar comprimido. Esta limpeza pode ser feita de forma cíclica ou apenas
quando a colmatação das mangas atingir um determinado valor para o qual está
calibrado o sistema.

Relativamente aos ciclones, a eficácia de retenção dos filtros é maior, inclusive


para partículas com dimensões inferiores a 10µm. As suas desvantagens são o
tamanho, que é relativamente grande e os custos de manutenção, que também são
mais dispendiosos devido à substituição periódica de mangas. São também
inadequados para filtrar partículas que apresentem uma taxa de humidade elevada.

Figura 11- Esquema de um filtro de mangas

Os separadores por via húmida têm como princípio o contacto de um líquido


(normalmente água) disperso com as partículas a recolher. Eles são indicados para a
limpeza de ar a temperaturas elevadas ou de ar que contenha matérias que apresentem
risco de explosão ou inflamação.

Têm como vantagem a dimensão reduzida, mas como grandes desvantagens a


introdução de perdas de carga elevadas e a elevada quantidade de energia necessária
para recolher partículas de pequena dimensão.

39
Na figura 12 encontra-se um quadro com a indicação do dispositivo de limpeza a
utilizar para as várias dimensões e para vários poluentes.

Figura 12 - Dispositivo de limpeza a utilizar para as várias dimensões e para vários poluentes

9.1.5. Elemento motor


O componente que provoca o movimento do ar num sistema de ventilação é
geralmente um ventilador. Este deve ser selecionado para o sistema de ventilação,
segundo os seguintes parâmetros:

• Tipo de poluente;
• Dispositivo de limpeza do ar;
• Percurso de conduta;
• Tipo de chaminé exigido;
• Velocidade requerida.

O equilíbrio entre a velocidade necessária para transportar as partículas


contaminantes suspensas e uma velocidade exagerada que provoque um gasto
desnecessário e maiores perdas de energia, ruído e abrasão das condutas é um ponto-
chave na implementação de um ventilador.

Existem dois tipos de ventiladores, os ventiladores centrífugos e axiais.

Os ventiladores centrífugos (figura 13 são amplamente usados, devido ao motor


nunca se sobrecarregar (originado paragens), e à sua elevada fiabilidade, que permite
40
o funcionamento contínuo durante décadas sem grandes serviços de manutenção.
Noutras indústrias podem existir gases corrosivos, nesse caso os elementos do
ventilador podem ser de plástico.

Figura 13- Ventilador centrífugo

Os ventiladores axiais (figura 14) são principalmente utilizados em pequenos


sistemas, que não contêm gases corrosivos ou partículas erosivas. São fáceis de
aplicar, no entanto, são mais ruidosos que os ventiladores centrífugos.

Figura 14- Ventilador axial

O ventilador deve ser o último componente do sistema de ventilação e deve ser


colocado entre o dispositivo de limpeza do ar e a conduta de exaustão. O objetivo é criar
uma pressão negativa relativa ao ambiente de trabalho, em todo o sistema, para o caso
da existência de uma fuga. Este procedimento permite que, devido à diferença de
pressão, o ar contaminado nunca seja expelido para o ambiente de trabalho.

Para uma determinada velocidade de rotação, N, o ventilador pode ser


caracterizado por quatro curvas que representam as variações em função do caudal, Q:

41
• Pressão total do ventilador Pt (Pa);
• Altura de elevação, H (m);
• Potência absorvida, Pa (W), potência mecânica fornecida ao ventilador;
• Rendimento do ventilador, definido como a relação entre a potência útil, Pu, e a
potência absorvida, Pa;

De uma forma geral os ventiladores têm rendimentos que variam de 0,3 a 0,85.
Quando a velocidade de rotação, N, varia, com ela variam também o caudal, Q, a
pressão total, Pt, e a potência absorvida Pa.

Para a mesma velocidade quando se representa no mesmo gráfico a parábola


caudal – perda de carga, de um sistema de ventilação e se conhece a curva caudal -
pressão de um ventilador, que é geralmente fornecida pelo fabricante do ventilador, o
ponto em que as duas curvas se cruzam, indicam o ponto de funcionamento do
ventilador, ou seja, o ponto em que o caudal é igual para ambos (sistema e ventilador).
Esta representação pode ver-se na figura 15.

Figura 15- Ponto de funcionamento de um ventilador

A potência a prever para o motor do ventilador deverá ser pelo menos igual a:

• µt – rendimento das transmissões.

42
Sistemas de Ventilação
Os sistemas de controlo de poeiras podem também ser denominados por sistemas
de ventilação ou simplesmente sistemas de despoeiramento.

10.1. 3 Tipos de sistemas de controlo de poeiras


Atualmente existem três tipos básicos de sistemas de controlo de poeira utilizados
na indústria, são eles:

• A recolha de pó, em que os sistemas de despoeiramento utilizam a ventilação


para capturar as emissões de pó e conduzi-lo até ao coletor de poeiras;
• A supressão de pó húmido, que utiliza spray de água para humidificar o material
que dá origem ao pó, para que este reduza as emissões do mesmo;
• A captura de poeira no ar, pode utilizar uma técnica de pulverização de água,
mas as partículas de poeira em suspensão são atingidas por água atomizada,
desta colisão formam-se aglomerados que se tornam demasiado pesados para
permanecer em suspensão.

10.2. Seleção de um sistema de controlo de


poeiras
A seleção de um sistema de controlo de poeiras é normalmente feita com base na
qualidade do ar desejado e regulamentação existente. Os sistemas de despoeiramento
podem fornecer um controlo fiável e eficiente, contudo, os custos de implementação e
operacionais são elevados. A supressão de pó húmido e os sistemas de captura de
poeira no ar, são mais económicos na sua instalação e operação, mas um pouco menos
eficientes, assim requerem alguma atenção na sua conceção, de forma a tornarem-se
mais eficazes.

Os principais pontos a ter em conta são as instalações, o processo, as condições


de funcionamento, as características de funcionamento dos equipamentos, os
problemas associados à poeira e a toxicidade da mesma.

43
Para o projeto de um sistema de despoeiramento deve ter-se em conta o diagrama
de caudal do processo, com indicações acerca do tipo de material que está a ser
processado, das taxas de caudal do processo e do tipo de equipamento implementado,
os pontos principais das emissões de poeiras e as condições que ocorrem nesses
pontos durante as operações normais, o desempenho desejado para o sistema, os
desenhos com a indicação da disposição dos equipamentos, o tempo de retenção
do material em depósitos ou armazém e a disponibilidade de equipamentos elétricos e
outros.

10.3. Teste de sistemas de controlo de poeiras


A disposição de um ambiente de trabalho seguro e saudável implica três
componentes principais:

• Sensibilização para potenciais riscos (reconhecimento);


• Avaliação/conhecimento desses riscos (avaliação);
• Diminuição dos mesmos (controlo);

Embora sendo dada uma grande atenção à sensibilização e conhecimento,


incluindo investigação, estudos epidemiológicos, estabelecimento de normas e
avaliação ambiental, o ponto mais importante – redução ou eliminação do problema –
tem sido um pouco ignorado.

Assim, para a eliminação do problema da contaminação do ar, é necessário


detetar a sua origem. Muitas vezes esta encontra-se no sistema de despoeiramento, por
isso é necessário inspecioná-lo, ou seja, submetê-lo a testes. Estes permitem avaliar a
sua eficácia no controlo de poeiras.

10.4. Como testar um sistema de controlo de


poeiras
Testar um sistema de despoeiramento, envolve principalmente a medição de
caudais de ar. Estas medições podem fornecer os dados necessários para:

• Avaliar se o sistema está a funcionar de acordo com o projeto;


• Identificar as necessidades de manutenção;
• Determinar as capacidades do sistema para a adição de exaustores;

44
• Projetar e operar efetivamente futuras instalações.

É conveniente medir-se a média da velocidade do escoamento do ar, num ponto


onde seja conhecida a área da secção transversal, para que se possa calcular o caudal
através do produto da área pela média da velocidade.

Medições periódicas ao caudal de ar fornecem um histórico de manutenção do


sistema, onde se destacam correções que sejam necessárias fazer. Estas medições
devem ser realizadas por uma pessoa externa ou por um funcionário interno, com
conhecimentos neste sector. Algumas normas internacionais indicam-nos frequências
mínimas, com que se devem realizar os testes nos sistemas de ventilação. Segundo o
COSHH (Control of Substances Hazardous to Health), esta frequência é de 6 meses,
contudo quando se prevê que irá haver uma degradação no funcionamento do sistema,
a frequência de teste deve ser aumentada.

É necessário haver colaboração entre o examinador, o representante da empresa


e o operário, de forma a ambos correrem o mínimo de riscos possíveis e retirarem o
máximo aproveitamento do teste. Desta forma o examinador deve ter acesso a toda a
documentação do sistema, tal como o manual, relatórios de manutenção e de medições
anteriores.

Os testes são normalmente realizados segundo três fases: inspeção visual e


estrutural, medição do desempenho técnico e análise dos resultados.

Na inspeção visual e estrutural procede-se a uma inspeção visual completa,


verificando se o sistema está a funcionar de forma eficiente e em bom estado de
conservação e de limpeza.

Realizar-se as ações que se apliquem:

• Exame exterior minucioso de todas as partes do sistema, danos e desgaste;


• Identificar pontos da instalação incorretos ou de má conceção.
• Exame interno às condutas, às vedações e escotilhas;
• Verificar se todos os sistemas de limpeza funcionam corretamente;
• Inspecionar o tecido filtrante. Onde os filtros tiverem medidores de pressão
incorporados, verificar o seu funcionamento;
• Inspecionar o equipamento que proporciona o movimento do ar, por exemplo a
correia do ventilador;

45
• Verificar a existência de indícios de perda de eficácia. Por exemplo a existência
de depósitos significativos de poeiras em baixo ou em redor da zona de captação
do sistema de ventilação localizada.

A medição do desempenho técnico é obtida através da realização do teste ao


sistema de ventilação.

Para se testar o sistema devem seguir-se os seguintes passos:

1. Esboço ou projecto do sistema para indicar o tamanho, comprimento, e posição


relativa de todas as condutas, acessórios e componentes do sistema. Usar o
esboço ou projecto como guia para seleccionar os pontos de medição do caudal.

As medições são feitas normalmente nos seguintes pontos:

• Na face das bocas de aspiração;


• A jusante da boca num ponto do ramo da conduta;
• Na conduta principal, sempre que exista um ponto de perda de carga ou variação
de secção;
• Antes e depois do colector de poeiras (dispositivo de limpeza do ar);
• Antes e depois do ventilador;

2. Medir o seguinte:
• A velocidade do ar e pressão estática em cada ramo e no principal;
• A pressão estática e total à entrada e saída do ventilador;
• O diferencial de pressões entre a entrada e saída do colector de poeiras;
• A temperatura e humidade do ar;

3. Verificar/testar:
• A substituição ou fornecimento de ar;
• A capacidade do alarme detectar uma falha;
• O desempenho do filtro de ar.

A análise dos resultados consiste, de uma forma geral, em verificar o desempenho


do sistema.

46
Devem comparar-se os valores obtidos com valores regulamentares e verificar se
existem quaisquer mudanças relativas ao projecto original, como uma mudança de
velocidade no ramo ou uma mudança no volume de ar extraído através da campânula.

Deve também avaliar-se a eficácia do controlo, que inclui, se aplicável:

• Observação cuidadosa do processo e das fontes;


• Avaliação do grau de eficácia do sistema de despoeiramento relativamente ao
controlo da exposição do operador à poeira;
• Com o processo a decorrer, verificar se há fugas de fumo, turbilhões, fuga de pó
ou névoa e invasão da zona de respiração do trabalhador;
• Observar a forma de trabalhar dos operadores, se eles utilizam os métodos
especificados e se estes métodos são sustentáveis.
• Diagnosticar causas das discrepâncias entre os valores. Com a devida
autorização, o examinador pode fazer alterações simples que restaurem o
desempenho exigido. Se o defeito for fundamental ou obscuro, o examinador
deve parar o processo até que o sistema seja reparado e restabelecido o seu
desempenho original.

É muito importante registar toda a informação recolhida durante um teste a um


sistema de despoeiramento, para que possa haver um histórico do sistema, que
contenha as características e evolução do mesmo. Esta informação pode ser organizada
segundo um relatório de teste.

A empresa deve saber imediatamente dos defeitos críticos e não deve esperar
pelo relatório, estes deve mantê-los durante 5 anos. Uma cópia deve estar disponível
no local onde se encontra o sistema de despoeiramento.

Com base nos dados necessários para um relatório, é elaborado um formulário de


examinação. Este formulário, para além de permitir a recolha de informação, permite
sequenciar os trabalhos e uma melhoria do sistema de ventilação.

11. Instalação de um Sistema de Ventilação Limpo


Partículas e outras impurezas em sistemas de ventilação novos podem ter origem
durante o fabrico, transporte, armazenamento e construção. Mesmo em sistemas
recentemente instalados, a concentração de partículas nas superfícies interiores pode

47
ser considerável caso as condutas e os componentes não sejam devidamente
protegidas contra impurezas. Nestes casos, deve realizar-se uma ação de limpeza ao
sistema após instalação.

A redução da acumulação de partícula nas superfícies de condutas pode ser


conseguida protegendo os elementos durante o período de construção e recorrendo a
componentes e condutas sem resíduos de óleo. Durante a instalação, sãos
recomendados processos de corte que não produzam aparas. Tanto os ensaios de
funcionamento, como a limpeza do sistema não devem realizar-se até que o trabalho de
construção esteja concluído. Adicionalmente, é necessário preparar instruções para as
empresas instaladoras e para o respetivo pessoal sobre os métodos a adotar para e
conseguir obter uma instalação de ventilação limpa no final da construção

11.1. Proteção contra impurezas


A proteção contra a contaminação de condutas e restante componentes revela-se
especialmente necessária sempre que a concentração de partículas no local de
construção é elevada. Após o fabrico, toda as peça devem ser cuidadosamente limpas
(óleo ou pó) e empacotadas, por forma a evitar danos ou contaminação durante o
transporte e armazenamento. Devem evitar-se quaisquer fontes de contaminação ao
longo de todas as fases da montagem da instalação. Todo o pessoal envolvido na
instalação deve seguir uma política de gestão de limpeza. Todos os componentes ainda
armazenados devem estar embalados, protegendo assim as suas superfícies do
contacto com o a, mantendo-as secas e limpas.

A embalagem só deve ser removida imediatamente antes da instalação dos


componentes nas suas posições finais. Caso contrário, deve realizar-se uma inspeção
e, se necessário, uma limpeza dos componentes antes da instalação. Após o sistema
estar instalado, todos os componentes por onde o ar circule, devem ser inspecionados,
limpos e se necessário desinfetados. Devem então existir aberturas em número
suficiente para permitir o acesso a todos os componentes sem que seja necessária
qualquer remoção de equipamento exceto grelhas de entrada de ar. O sistema de
ventilação não deve ser limpo antes que todo o trabalho de construção que liberte
partículas para o ar ambiente esteja concluído.

48
11.2. Corte de chapa metálica
Hoje em dia, a máquina de corte por abrasão é a mais utilizada no trabalho de
instalação de condutas. Com a finalidade de ter uma instalação limpa, essa máquina
deve ser substituída por tesoura que não produzam partículas metálicas. Há que
salientar que as tesouras representam um risco menor de incendio, devido à ausência
de faíscas, têm um nível de poluição sonora inferior e apresenta maior segurança para
os operários.

11.3. Níveis de limpeza para a entrega, instalação


e proteção de condutas
Nível básico

Estado das condutas: Quando as condutas abandonam o local de fabrico podem


apresentar a totalidade ou uma parte dos seguintes elementos:

• Etiquetas adesivas de identificação por dentro e/ou por fora;


• Mastique de vedação visível;
• Revestimento fino de óxido de zinco nas superfícies metálicas;
• Pequenas saliências nas zonas de passagem de ar (rebites);
• Parafusos, porcas e outros componentes de fixação;
• Isolamento interno e respetiva fixação;
• Marcas de descoloração deixadas pelo processo de corte a plasma

As condutas são normalmente limpas nesta fase.

Entrega no estaleiro de obra: As condutas entregues pelo fabricante não são


tipicamente protegidas, salvo indicações contrárias. Instalação: cada troço de conduta
deve ser inspecionado antes da sua instalação, de modo a garantir que não contêm lixo.

Proteção de condutas verticais: todas as condutas verticais devem ser cobertas


para evitar a entrada de lixo. Devem ser postos em prática os requisitos de higiene e
segurança no trabalho. As aberturas horizontais viradas para baixo não necessitam de
ser cobertas.

Nível Intermédio

Para além dos requisitos do nível básico, incluem-se no nível intermédio os


seguintes:
49
Armazenamento: O armazém deve estar sempre limpo, seco e livre de poeiras.
Para isso, pode ser necessário em pavimento elevado uma cobertura impermeável.

Instalação: A área de trabalho deve também estar limpa, seca e protegida. As


superfícies internas nas condutas devem ser limpas imediatamente antes da instalação
com o intuito de remover as partículas acumuladas. As aberturas terminais em condutas
completadas ou no fim de períodos de laboração, devem ser protegidas. Antes da
instalação das unidades terminais, deve remover-se todo o material protetor das
condutas, mantendo os registos dos dispositivos terminais na posição fechada.

Nível avançado

Para além dos requisitos do nível anterior, incluem-se no nível avançados os


seguintes:

Fabrico e entrega: todo o material adesivo usado para identificação deve apenas
ser aplicado na superfície exterior. Durante o transporte, para manter o estado de
limpeza, todas as condutas devem ser seladas, cobrindo ou tapando as suas
extremidades e protegendo todas as superfícies. Todos os pequenos acessórios devem
ser embalados em sacos fechados.

Armazenamento: Deve ser assegurado um ambiente limpo, seco e livre de


partículas para o armazenamento. Todas as juntas devem ser inspecionadas
visualmente e, caso necessário, voltadas a vedar com polietileno ou outro material
apropriado.

Instalação: A área de trabalho deve ser limpa, seca e livre de poeiras. O material
protetor só deve ser removido imediatamente antes da instalação.

50
Tabela 8 - Os três níveis de limpeza possíveis para entrega, proteção e transporte.

Nível Vedação Proteção Proteção Limpeza Proteção das aberturas nas


em durante o durante o do local de condutas durante a construção
fábrica tranporte armazenamento construção

Básico Não Não Não Não Apena condutas verticais

Intermédio Não Não Sim Sim Sim

Avançado Sim Sim Sim Sim Sim

12. Verificação do Estado de Limpeza de Sistemas


de Ventilação
A inspeção da funcionalidade e da limpeza é uma parte importante da manutenção
de sistemas de ventilação. Os proprietários, senhorios e o pessoal de limpeza de
condutas necessitam de métodos objetivos que permitam ao pessoal da manutenção
verificar a limpeza de UTA’s e condutas. A necessidade de inspeção de limpeza surge
por dois motivos:

• Verificar se o sistema de ventilação está sujo e necessita de uma limpeza


(nível de sujidade excessivo);
• Após o processo de limpeza, avaliar o estado de limpeza do sistema
(fiscalização do trabalho de limpeza;

O diagrama abaixo apresenta um procedimento que permite controlar e manter


um sistema de ventilação limpo. No primeiro caso, os métodos de verificação devem ser
consistentes, de modo a que os resultados da inspeção sejam aceitáveis, tanto para os
senhorios, como para os inquilinos, fundamentando assim o pedido de limpeza do
sistema. No segundo caso, os métodos de verificação permitem, por um lado, à empresa
de limpeza, um controlo de qualidade do seu serviço, e por outro, a verificação pelo
proprietário, do resultado da limpeza.

Existem vários métodos de avaliar a limpeza, dificultando assim a comparação


dos resultados face aos objetivos fixados. Os peritos são unânimes quanto a alguns
fatores que despoletam a necessidade de limpeza de um sistema de ventilação, como

51
por exemplo presença de colónias de micróbios, fezes de aves, entre outros. No entanto,
em sistemas poluídos por partículas, representando um menor risco potencial para a
saúde, os fatores visíveis não são tão claros e é necessária uma avaliação quantitativa
do estado de limpeza para determinar se o sistema deve ou não ser limpo.

Tal facto adquire maior relevância onde sejam necessários níveis elevados de
limpeza, isto é, escolas, hospitais, etc.

Figura 16 - Fluxograma dos procedimentos que permitem manter um sistema de ventilação limpo.

52
12.1. Plano de inspeção
O plano de inspeção e constituído pelos seguintes itens:

• Revisão do traçado do sistema de ventilação e documentação;


• Determinação dos sistemas a serem inspecionados;
• Determinação dos locais de inspeção e de amostragem;
• Checklist de inspeção;
• Escolha de equipamentos e ferramentas.

12.2. Seleção e avaliação dos locais de inspeção


Com objetivo de obter resultados concretos do estado de limpeza de um sistema
de ventilação, é necessário um número suficiente de amostras oriundas de locais
representativos do sistema de ventilação. Regra geral, é conveniente selecionar locais
e recolher amostras onde seja evidente a acumulação de partículas ou a deterioração
da QAI. Para inspeção e amostragem do estado de limpeza, o sistema de ventilação
pode ser dividido em duas partes: a rede de condutas e a rede do sistema.

Os locais de inspeção e amostragem devem ser previamente selecionados ao


acaso, com ajuda dos documentos de projeto. Os locais de amostragem na rede de
condutas devem ser selecionados, começando pela UTA, passando para a conduta
principal, condutas verticais e condutas secundárias, aqueles devem incluir tanto
condutas retas, como condutas com mudança de direção e unidades terminais.
Recomenda-se o mínimo de cinco locais de amostragem para os primeiros mil metros
ou de duzentos em duzentos metros, para condutas mais longas. Cada andar deve ter,
pelo menos, um local de amostragem. Os pontos críticos do sistema, são as entradas
de ar de insuflação, as câmaras de filtros, os atenuadores de ruído e os tabuleiros de
condensados dos humidificadores e dos permutadores calor.

Qualquer que seja o método de medição ou avaliação utilizado, deve sempre


realizar-se uma avaliação visual, documentada, nos locais selecionados. Estas notas
serão úteis após limpeza do sistema ou aquando de uma nova avaliação.

53
12.3. Métodos de avaliação de acumulação de
partículas
É habitual recorrer-se a diferentes métodos para avaliar o estado de limpeza de
sistemas de ventilação. Os métodos mais simples são baseados em observações
visuais subjetivas, combinadas com alguma instrumentação específica. As técnicas
mais avançadas produzem resultados relativamente precisos, que permitem uma
comparação com valores limite. A figura abaixo apresenta as técnicas disponíveis, por
ordem de fiabilidade dos seus resultados. A avaliação deve ser feita recorrendo ao
método mais simples, que tenha fiabilidade suficiente. Por isso, a inspeção visual é
sempre o primeiro passo para determinar o estado de limpeza. É recomendada a
aplicação desde o princípio, antes e depois do processo de limpeza.

Figura 17 - Nível de fiabilidade dos resultados, consoante os métodos de avaliação de acumulação


de partículas

54
12.4. A inspeção visual
O método de inspeção visual é o método mais básico para avaliar o estado de
limpeza de um sistema de ventilação. Ainda que seja subjetivo, produz uma boa
estimativa do estado das superfícies do sistema de ventilação. É tipicamente suficiente
para identificar a presença de colónias de micróbios em reservatórios de água,
depósitos devidos à má filtragem, etc.

A inspeção visual pode ser assistida por meios técnicos, com máquinas
fotográficas ou câmaras de vídeo, endoscópios, robôs, etc. Este método pode ser
repetido de uma forma mais sistemática, recorrendo a formulários e fichas. A título de
exemplo, o manual canadiano, referente à proliferação de micróbios em sistemas de
ventilação, inclui um checklist para a inspeção visual de componentes da admissão de
ar exterior, condutas de ar de extração e insuflação, humidades terminais e outros
locais. O estado de limpeza é classificado numa escala de 1 a 4, em que 1 representa
um sistema limpo e 4 representa uma redução do caudal de ar.

Com a finalidade de incrementar a objetividade das inspeções visuais, os


inspetores devem ter experiência suficiente de inspeção dos sistemas de ventilação. É
importante salientar que este método não produz valores absolutos, pois o seu objetivo,
recorrendo à escala de referência, é avaliar a necessidade de limpeza ou reparação.
Após o processo de limpeza, a inspeção visual por pessoal experiente é um método
adequado para a avaliação final.

12.5. Métodos de inspeção de depósitos de


partículas
A maioria dos métodos utlizados para verificar a limpeza de um sistema de
ventilação, baseia-se na medição de massa de partículas e de lixo depositadas numa
área conhecida da superfície. O método de recolha em filtro, consiste na aspiração da
superfície para um filtro de massa conhecida, com ou sem caixa. No caso em que o filtro
tenha caixa, o pó que se acumula na superfície da caixa é facilmente contabilizável.

Existem vários métodos para libertar as partículas de uma superfície recorrendo-


se, habitualmente, a uma lâmina metálica. Todavia, este método pode libertar partículas
metálicas de zinco das superfícies rugosas, pelo que se aconselha raspadores em
55
plástico, os quais, ainda que não sejam tão eficazes, não danificam as superfícies
metálicas.

A abertura da aspiração do filtro pode também servir para limpar uma área de
forma flexível, com um total de 100 cm2. Outro método consiste na captação de
partículas libertadas por um jato de ar incidente na superfície e nas juntas. Este método
conduz, de forma eficaz, as partículas soltas ao filtro de amostragem, resultando assim,
num método que contabiliza a massa potencial de partículas que pode ser transportada
pelo caudal de ar. Recorre-se a este método para verificar o estado de limpeza após
uma intervenção.

12.6. Quantificação de micro-organismos


Em sistemas de AVAC, o bolor e as bactérias são as espécies que exigem mais
atenção. Uma vez que os bolores não necessitam de tanta humidade como as bactérias,
crescem facilmente em superfícies húmidas e porosas e em superfícies sujas, se a
humidade for suficiente. Por sua vez, as bactérias tenderão a desenvolver-se nos
sistemas de água de humidificadores e zonas de água estagnada. A temperatura não
costuma ser um fator restritivo nos sistemas AVAC.

Para quantificar a contaminação microbiológica recorre-se normalmente ao


método de cultivo que permite também a identificação do tipo e da espécie de micro-
organismo. A contagem de esporos e bactérias pode ser efetuada através da recolha
de uma amostra num filtro, como previamente descrito. A única restrição é que a massa
da amostra seja superior a 100 mg por razões de fiabilidade.

Neste método, a amostra é misturada e agitada num volume conhecido de água


estéril colocada num gel nutriente adequado para bactérias e fungos. As bactérias são
tipicamente cultivadas num gel de extrato de levedura Triptone, enquanto os bolores e
leveduras são cultivados num gel de extrato de malte ou num gel de glicerina diclorada,

56
13. Intervenções de Limpeza em Sistemas de
Ventilação
Existem vários métodos para limpar as condutas de ar. Os métodos de limpeza
são escolhidos por forma a alcançar níveis de limpeza aceitáveis sem com isso danificar
as superfícies do sistema de ventilação.

Existem dois métodos de limpeza de condutas distintos: a seco e com líquidos.


Os métodos de limpeza a seco mais comuns são a limpeza a ar comprimido, aspiração
manual e a escovagem mecânica. A fig. 19 descreve os três métodos mais comuns de
limpeza a seco de condutas.

Tabela 9 - 3 métodos de limpeza a seco e suas características.

O princípio básico destes métodos é idêntico: os contaminantes são soltos das


superfícies das condutas e transportados pelo ar circulantes para uma unidade de
filtragem, onde as partículas são recolhidas. Os dispositivos de recolha com aspiração
devem estar equipados com filtros de ar, de modo a evitar a contaminação com
poluentes de espaço circundante durante o processo de limpeza da conduta. A direção
de limpeza das condutas é a mesma que a do caudal de ar durante o funcionamento
normal da UTA. A velocidade do ar dependo do tipo de contaminantes a transportar,
mas deverá ser superior a 10 m/s. A Figura 20 apresenta um diagrama esquemático de
um sistema de escovagem mecânica.

57
Figura 18 - Diagrama esquemático de um sistema de limpeza de uma conduta a seco, recorrendo
a escovagem mecânica.

Os métodos de limpeza com líquidos são necessários na remoção de


contaminantes pegajosos, tais como depósitos de gordura nas condutas de extração de
ar de cozinhas industriais. No entanto, estes métodos são raramente utilizados para a
limpeza de condutas, uma vez que estas não foram concebidas para serem estanques.
Na limpeza de condutas de extração de cozinhas recorre-se habitualmente a uma
combinação dos métodos de limpeza a seco e com líquidos em função das diferentes
configurações da rede de condutas, bem como dos tipos de gordura e dos depósitos
presentes.

13.1. Plano de Limpeza


Caso o sistema de ventilação necessite de ser limpo, deve ser preparado um plano
de limpeza que deve incluir a seguinte informação:

• Os sistemas de ventilação a serem limpos;


• Os métodos de limpeza;
• Os aparelhos de recolha por aspiração;
• A eficiência de filtros;
• A localização do ar de exaustão;
• Requisitos de segurança e saúde;
• Verificação dos resultados do processo de limpeza.

58
O plano de limpeza deve, inicialmente, ser baseado numa inspeção visual, que
permitirá determinar os melhores métodos e equipamentos a utilizar, deve ser preparada
uma declaração de avaliação de risco e dos métodos de segurança do trabalho de
limpeza, uma vez que as taxas de emissão de material orgânico e inorgânico podem ser
elevadas. Assim, devem ser estabelecidas medidas de controlo efetivas para evitar que
estes contaminantes atinjam áreas adjacentes, expondo residentes e ocupantes a
substâncias potencialmente perigosas.

A experiência demonstra que, caso se verifiquem as condições necessárias, isto


é presença de nutrientes e elevada humidade, os micróbios podem desenvolver-se em
filtros, originando um risco potencial de exposição aos seus derivados. Além do mais,
as unidades de ar concebidas para o trabalho de limpeza por aspiração não têm
capacidade para remover contaminantes gasosos.

A disponibilidade de uma fonte de energia elétrica é um ponto crítico no processo


de limpeza de condutas

13.2. Métodos de Limpeza


Limpeza a seco

Para limpara as superfícies dos permutadores utiliza-se jato de ar. Os depósitos


são libertados das superfícies recorrendo a ar comprimido.

Recorre-se a limpeza de ar comprimido quando outros métodos de limpeza


possam causar danos nas superfícies das condutas (e.g. condutas de betão e condutas
com isolamento de fibra de vidro). O equipamento consiste numa ponteira ligada a uma
mangueira pneumática de limpeza, um compressor de ar, um dispositivo de recolha de
aspiração, uma mangueira de aspiração e uma unidade de filtragem. O ar comprimido
proveniente do compressor entra na conduta, através da mangueira de limpeza e da
ponteira, sendo esta guiada dentro das condutas através mangueira. O caudal e a
pressão necessários para o compressor dependem do tipo de ponteira.

Recorre-se a gelo seco para remover depósitos de gordura nas superfícies de


condutas de exaustão de cozinhas. Os depósitos de gordura são congelados pelas

59
partículas de dióxido de carbono gelado. O depósito sólido é então removido das
condutas através de jato de ar ou por limpeza manual

A escovagem manual é utilizada para limpar individualmente componentes, isto é,


motores elétricos de ventiladores.

A aspiração manual é habitualmente usada para limpar uma área limitada da rede
de condutas, por exemplo junto à abertura de acesso. É também um método recorrente
para a finalização de condutas. O material necessário consiste numa ponteira de
aspiração equipada com uma cabeça de escovagem, uma fonte de sucção com uma
mangueira de aspiração e uma unidade de filtragem. A cabeça de escovagem é guiada
manualmente através das condutas, sendo as partículas soltas transportadas pelo
caudal de ar, através mangueira de aspiração, até à unidade de filtragem.

A passagem de um pano é um método normalmente aplicado quando se deseja


um nível elevado de limpeza de condutas.

A escovagem mecânica é um método de limpeza comum, nomeadamente em


condutas metálicas circulares. O sistema de escovagem consiste numa escova rotativa,
uma fonte de energia com um veio flexível, um equipamento de recolha de aspiração
com uma mangueira de aspiração e uma unidade de filtragem. A escova rotativa é
guiada pelas condutas através do veio ou por meio de um robô. Não existem normas
que definam os efeitos dos diferentes tipos de escova e pelo nas várias superfícies.

Limpeza a seco

Existe um número considerável de aparelhos de limpeza disponível. A seleção


deve depender da configuração das condutas e do tipo de sujidade presente no sistema.
No entanto, é natural que seja necessária uma combinação de equipamento e técnica
para atingir um nível de limpeza adequado.

Todos os aparelhos a serem utilizado devem ser limpos e não podem ser a fonte
de contaminação num ambiente interior ou num sistema de ventilação.

Todo o equipamento deve sofrer ações de manutenção regulares, por forma a


limitar o mais possível uma contaminação devido a uma má higiene e/ou condições de
operação não seguras para o pessoal de serviço e para os ocupantes.

A lavagem manual com detergente é aceitável para a limpeza de unidades


terminais de insuflação e extração.

60
Recorre-se à lavagem a vapor para remover os depósitos de gordura em
superfícies expostas (hottes).

Recorre-se a uma lavagem mecânica não manual quando a remoção de depósitos


é difícil (gordura nas condutas de extração de cozinhas). Este método consiste em
espalhar detergente pela conduta, seguido de uma escovagem mecânica, recorrendo a
uma máquina.

13.3. Seleção dos métodos de limpeza e do


equipamento
Limpeza de condutas

Nos países europeus, as condutas metálicas mais comuns são retangulares ou


circulares. É particularmente difícil efetuar uma boa limpeza aos cantos das condutas
retangulares. Quanto a condutas porosas, necessitam de métodos de limpeza
específicos,

Para efetuar o processo de limpeza, são necessários painéis de acesso


suficientes na rede de condutas. Deve ter-se especial cuidado com a limpeza de
obstruções como registos, atenuadores de ruído e outros que possam estar montadas
nas condutas, necessitando eventualmente de painéis de acesso adicionais (antes e
depois da obstrução) para uma limpeza cuidada.

As condutas são normalmente limpas na mesma direção em que o caudal de ar


circula em funcionamento normal. Condutas de diâmetro mais pequeno (secundárias)
são limpas com máquinas de escovagem de menor dimensão, ao passo que as
condutas principais devem recorrer a escovas de dimensão adequada ou a robôs. Os
componentes da rede de condutas devem ser limpos em ambas as direções, a fim de
garantir uma limpeza aceitável e sem causar danos ao componente.

Limpeza de unidades de admissão de ar

A unidade de admissão de ar é, habitualmente, uma das zonas mais sujas de um


sistema de ventilação porque está sujeita humidade, vento, atividade anima/insetos,
etc., que em conjunto, podem resultar em contaminação forte. Assim, é necessário ter
especial atenção tanto à limpeza como à acessibilidade destas unidades, na medida em
que deve ser limpa cada vez que os filtros de ar são mudados.
61
A unidade de admissão deve ser limpa por aspiração, seguida de passagem
manual com um pano, recorrendo a desinfetantes se necessário.

Limpeza das câmaras de filtros e dos ventiladores

Todas as câmaras e caixas do equipamento devem ser limpas por um processo


de aspiração, seguido de passagem manual com um pano com recurso a desinfetantes
se necessário.

Os filtros devem ser mudados a intervalos bem definidos. O armazenamento de


filtros novos deve ser feito em locais secos e livres de partículas, garantindo que não
possam ocorrer danos. Caso a data de validade estipulada pelo fabricante expire, os
filtros armazenados não devem ser utilizados.

Limpeza de permutadores de calor

A limpeza de permutadores de calor é necessária, mesmo que se verifique um


nível de contaminação pequeno. Caso a limpeza in-situ não seja suficiente (aspiração,
esfregagem, sopragem), o permutador deve ser removido e limpo através de uma
combinação de limpeza a alta pressão e lavagem com líquidos sob pressão. Caso não
seja possível remover o permutador, todos os componentes porosos da secção devem
ser adequadamente protegidos, de forma a garantir que não se molhem e que não exista
contaminação cruzada.

Limpeza de Humidificadores

• Humidificadores evaporativos e de aspersão com água recirculada

Os humidificadores evaporativos e por aspersão recorrem a água que não é


aquecida a uma temperatura de esterilização. A humidificação é controlada por
humidostatos, que ligam ou desligam a aspersão de água ou aquecimento da dâmara
de evaporação.

Nestes humidificadores, a maioria dos problemas é causada por humidade nas


superfícies (gotículas ou condenação), que convida à proliferação microbiológica. A
humidade deve ser cuidadosamente limpa de todas as superfícies. Todas as partículas
e dejetos acumulados bem como lodos depositados na água, têm de ser removidos.

Durante o processo de limpeza, o ventilador e o abastecimento de água devem


estar desligados. As superfícies de drenagem podem ser lavadas recorrendo a panos

62
com detergente, escovagem ou lavagem sob pressão. A desinfeção das superfícies não
é necessária caso não se verifique contaminação microbiológica.

Humidificadores a vapor

Devido às altas temperaturas do vapor e da água, os humidificadores a vapor são


considerados mais higiénicos que os anteriores. No entanto, uma humidificação
excessiva pode causar o aparecimento de condensações nas superfícies a jusante do
humidificador, incrementando o risco de contaminação microbiológica nos isolamentos
porosos. Estes devem ser limpos de forma cuidadosa, recorrendo a um aspirador, uma
vez que uma limpeza agressiva pode causar a libertação de fibras minerais do material.
Os depósitos de lodo devem ser limpos por um processo de raspagem e/ou recorrendo
a químicos adequados.

Limpeza de atenuadores de ruído

Recorre-se a atenuadores de ruído em UTA’s e unidades terminais com vista a


reduzir o nível de ruído oriundo do caudal de ar. São tipicamente cobertos por um
material suave, como fibra de vidro ou chapa metálica perfurada.

Os componentes devem ser limpos sob pressão negativa, através de aspiração.


Deve inspecionar-se o estado das superfícies e, caso se verifique alguma degradação,
a peça/componente deve ser substituída ou reparada, sempre de acordo com as
instruções fornecidas pelo fabricante.

Limpeza de equipamentos terminais

Os equipamentos terminais devem ser limpos antes do comissionamento e devem


apenas funcionar em edifícios previamente limpos. Os plenos de alimentação devem
ser limpos por aspiração. As unidades de aquecimento e arrefecimento presentes nos
equipamentos terminais devem ser limpas como já foi descrito anteriormente.

Desinfeção de condutas

Os componentes devem ser desinfetados num ambiente de pressão negativa


através de um método apropriado. Todas as precauções devem ser tomadas, de modo
a garantir que ninguém seja exposto ao desinfetante, nem mesmo em caso de acidente.
A superfície deve ser limpa antes da aplicação de qualquer tratamento, o que deve
também exigir uma decisão expressa para a sua aplicação.

63
Conclusão
Os processos de ventilação têm por finalidade a limpeza e o controle das
condições do ar, para que homens e máquinas convivam num mesmo recinto sem
prejuízo de ambas as partes. Resolver o problema da ventilação e sua distribuição,
requer do projetista, grande experiência, criatividade e conhecimento dos princípios
físicos em que esta se baseia.

Grande parte das indústrias gera resíduos e desperdícios que, não sendo
tratados, iriam poluir a atmosfera. Daí a necessidade de sistemas de ventilação
industrial.

Em Portugal, os dados relativos à ventilação industrial são muito escassos e os


que existem antigos. Internacionalmente existem instituições dedicadas a este ramo,
mas não permitem o acesso a dados muito concretos, tais como as velocidades ou
caudais de captura dos contaminantes nos diversos tipos de dispositivos que se utilizam
atualmente.

A conceção de um sistema de ventilação, nomeadamente no caso de ventilação


localizada, é relativamente complexa, sempre que se procura a máxima eficiência. O
seu projeto, para além de ser único, deve cumprir um conjunto de objetivos e tomar em
consideração fatores primordiais como a distância de captação e a velocidade de
emissão do contaminante, que conduzam à melhor qualidade do ar. Neste sentido as
condições de projeto devem ser cumpridas, pois a má utilização do sistema ou a sua
alteração sem a realização de um estudo, põem em causa o seu desempenho. Mesmo
com um sobredimensionamento inicial, o sistema pode não ser suficiente para superar
as novas exigências.

Há ainda uma necessidade de melhorar os processos produtivos, dos


equipamentos e dos métodos de trabalho, enquanto isso não suceder as soluções
tecnológicas de ventilação apresentadas não podem garantir, por si só, o cumprimento
dos valores limites de exposição a contaminantes.

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Referências

• Oliveira, Jaime Medeiros – Noções de Ventilação Industrial (2008).


• Sousa, Telmo Filipe - Projeto de uma Instalação de Climatização para um
• Edifício Hospitalar. Lisboa, ISEL, 2014
• Pereira, Alfredo Costa – Sistema de Ventilação e Climatização em Edifícios e na
Indústria.
• Ventura, Daniel Dinis - Ventilação Industrial no Sector da Cerâmica. Coimbra,
FCTUC, 2011.

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