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________________________________________________ISSN 1983-4209 – Volume especial – 2012

USO E CONHECIMENTO DE CACTÁCEAS NO MUNICÍPIO DE SÃO MAMEDE


(PARAÍBA, NORDESTE DO BRASIL)

Camilla Marques de Lucena1, Gyslaynne Gomes da Silva Costa2, Thamires Kelly Nunes Carvalho2,
Natan Medeiros Guerra3, Zelma Glebya Maciel Quirino4, Reinaldo Farias Paiva de Lucena5*.
RESUMO - O presente estudo buscou registrar o conhecimento que os moradores da comunidade
rural de Várzea Alegre no município de São Mamede (Paraíba, Brasil) possuem em relação as
cactaceae. Para a coleta de dados etnobotânicos foram realizadas entrevistas utilizando formulários
semiestruturados com 37 informantes (18 homens e 19 mulheres). Os cactos citados foram
organizados em nove categorias de uso (alimento, construção, forragem, mágico religioso,
medicinal, ornamental, sombra, tecnologia, veterinário). Foram registradas seis espécies (Cereus
jamacaru DC., Melocactus sp., Opuntia ficus indica (L.) Mill., Pilosocereus gounellei (F.A.C.
Weber) Byles & Rowley, Pilosocereus chrysostele (Vaupel) Byles & G.D.Rowley, Tacinga
inamoena (K. Schum) N.P. Taylor & Stuppy). Registraram-se 363 citações de uso (159 por
mulheres e 204 por homens). Cereus jamacaru obteve o maior número de citações, já em relação as
categorias de uso a mais citada foi forragem. Em relação ao conhecimento das espécies entre os
gêneros (homens e mulheres) não ocorreu semelhança, visto que a espécie mais citada pelas
mulheres foi Melocactus sp., e para os homens C. jamacaru. Quanto as categorias de uso ocorreu
uma semelhança entre os gêneros, sendo as categorias mais citadas forragem e alimento. Na
disseminação do conhecimento, houve um predomínio da transmissão vertical. Com base nas várias
categorias de uso das espécies de cactáceas, foi retratada a importância das mesmas no cotidiano
dos moradores da comunidade.

Unitermos: Caatinga, Cactos, Etnobotânica.

USE AND KNOWLEDGE OF CACTACEAE IN SÃO MAMEDE CITY (PARAÍBA,


NORTHEASTERN BRAZIL).

ABSTRACT – This study aimed to record the knowledge that the residents from the rural
community of Várzea Alegre in São Mamede city (Paraíba, Brazil) have, regarding the cactaceae.
In order to collect the Ethnobotanical data, semi-structured interviews were carried out with 37
informants (being 18 men and 19 women). The cacti cited were organized into nine use categories
(food, building, fodder, medicinal, magic religious, ornamental, shade, veterinary and technology).
Six species were recorded (Cereus jamacaru DC., Melocactus sp., Opuntia ficus indica (l.) Mill.,
Pilosocereus gounellei (F.A.C. Weber) Byles & Rowley, Pilosocereus chrysostele (Vaupel) Byles
& G.D.Rowley, Tacinga inamoena (k. Schum) N.P. Taylor & Stuppy). It was recorded 363 use
citations (159 by women and 204 by men). Cereus jamacaru got the largest number of citations,
regarding the use categories; the most cited was the forage category. Regarding the knowledge of
species between the genres (men and women) there was not any resemblance, since the most cited
species by women was Melocactus sp., and by men was C. jamacaru. Regarding the use categories,
1
Mestranda em Ecologia e Monitoramento Ambiental pelo Centro de Ciências Aplicadas e Educação, campus IV, da
Universidade Federal da Paraíba. Rio Tinto, Brasil. (camillamlucena@gmail.com).; 2Graduanda em Ciências Biológicas
pelo Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. Areia, Brasil. (laynne_costa@hotmail.com),
(carvalhotkn@gmail.com).; 3Graduando em Agronomia pelo Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da
Paraíba. Areia, Brasil. (natanguerra@hotmail.com).; 4Professora do Centro de Ciências Aplicadas e Educação da
Universidade Federal da Paraíba. Rio Tinto, Brasil. (zelmaglebya@gmail.com).; 5Professor do Departamento de
Fitotecnia e Ciências Ambientais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. Areia, Brasil.
(reinaldo@cca.ufpb.br).

Recebido para publicação em 02 de março de 2012


Aceito para publicação em 18 de agosto de 2012
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there was a resemblance between the genres, being forage and food the most cited categories. In the
knowledge dissemination, there was a predominance of vertical transmission. Based upon several
use categories of cacti, it was reported the importance of them in daily life of the residents from the
community.

Uniterms: Caatinga, Cacti, Ethnobotany.


INTRODUÇÃO

A vegetação da Caatinga no semiárido nordestino é representada por uma fisionomia


bastante variada, podendo ser constituída de espécies lenhosas, como as da família Euphorbiaceae e
Fabaceae, e não lenhosas como Poaceae e Cactaceae (Zappi, 2008).
A familia Cactcaeae na caatinga está representada por aproximadamente 58 espécies, sendo
42 endêmicas (Taylor & Zappi, 2002). Algumas espécies possuem valor econômico, como
ornamental e forrageira (Rocha & Agra, 2002). As espécies mais comumente encontradas são
Cereus jamacaru DC. (mandacaru), Pilosocereus gounellei (F.A.C.Weber) Byles & G.D. Rowley
(xiquexique), Pilosocereus pachycladus F. Ritter (facheiro) e Melocactus bahiensis (Britton &
Rose) Luetzelb. (coroa de frade) (Cavalcanti & Resende, 2007). Aspectos anatômicos, ecológicos e
fisiológicas peculiares a família Cactaceae, são responsáveis pela adaptação desta ao clima
semiárido (Duque, 2004).
A população humana utiliza espécies de cactáceas para forragem, em ocasiões de longa
estiagem sendo servidas para o gado bovino, caprino e ovino, e possibilita uma maior produção de
leite (Duque, 1980). Contudo, apesar de ser uma fonte de alimento para os rebanhos, alguns
agricultores não realizam um manejo sustentável de tais espécies vegetais, pois as queimam para a
retirada dos espinhos no mesmo local em que se encontram, inviabilizando assim a recuperação das
mesmas nas áreas de vegetação primária e secundária.
Apesar da potencialidade forrageira ser proeminente entre as cactáceas, outras formas de uso
entre as espécies tem sido registradas, como o consumo do fruto fresco de C. jamacaru (mandacaru)
(Lucena et al., 2012) na região sertaneja (Paraíba, Brasil), o miolo de P. pachycladus cozido ou
assado, no cariri paraibano (Lucena, 2011) e Opuntia ficus indica L. Mill. (palma) na alimentação
dos sertanejos baianos (Andrade et al., 2006a). Mas recentemente também foram observados outras
formas de uso, como: o medicinal,por Andrade et al. (2006a) e Lucena (2011) para algumas
espécies de cactos em comunidades rurais do sertão baiano e cariri paraibano, respectivamente,
para tratar enfermidades como infecções e problemas de uretra; na construção de casas, o uso de
ripa para montar os telhados dos domicílios registrado por Andrade et al. (2006a) e Pedrosa (2009).
Além destes, Lucena (2011) e Lucena et al. (2012) encontraram o uso de espécies como P.
gounellei (xiquexique) e C. jamacaru (mandacaru) em construções rurais, como exemplo, as cercas
vivas. Segundo Lucena (2011) no cariri paraibano, alguns produtos para higiene pessoal, como
shampoo e sabão são produzidos a partir da O. ficus indica (palma forrageira).
Uma das populações tradicionais que possuem um bom conhecimento sobre as cactáceas são
os agricultores, porém apesar das várias potencialidades que as espécies apresentam para essa
população, no Brasil são poucos os estudos com enfoque etnobotânico que buscam registrar o
conhecimento sobre os cactos (Andrade et al., 2006a,b; Lucena, 2011; Lucena et al., 2012).
Atualmente estudos etnobotânicos focando as cactáceas vêm sendo realizados em países como
Estados Unidos (Apodaca, 2001), México (Cruz & Casas, 2002; Jiménez-Sierra & Eguiarte, 2010) e
Cuba (Fuentes, 2005).
A partir das potencialidades apresentadas pelas cactaceae, o presente estudo teve como
objetivo registrar e avaliar: 1. usos das principais espécies encontradas, incluindo formas de uso e
partes utilizadas; 2. conhecimento entre homens e mulheres; 3. transmissão e geração de
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conhecimento, que os moradores da comunidade rural de Várzea Alegre, localizada no município


de São Mamede, possuem em relação aos cactos presentes em sua região.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo
Para esse estudo foi selecionada a comunidade rural de Várzea Alegre, situada no município
de São Mamede, no estado da Paraíba (Nordeste do Brasil) (Figura 1). Situa-se na mesorregião do
Sertão Paraibano e microrregião do Seridó Ocidental, no centro do estado, a 6 55’37’’S de latitude
e 37 05’45’’O de longitude. Possui 7.748 habitantes, sendo 3.837 homens e 3.911 mulheres, em
uma área de 531 km² (IBGE, 2010).
O acesso pode ser feito a partir de João Pessoa pela Rodovia Federal, a BR-230 no sentido
leste-oeste com um percurso de aproximadamente 278 km. Limita-se com Ipueira (RN) e Várzea
(ao norte), com Várzea e Santa Luzia (ao leste), Areia de Baraúnas, Passagem e Quixaba (ao sul) e
Patos e São José de Espinharas (ao oeste), todas estas no estado da Paraíba.
O clima, segundo a classificação de Köppen é do tipo Bsh (semiárido quente) com chuvas
de verão, temperatura média anual de 28 ºC, e os solos são pedregosos.
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Figura 1: Localização geográfica do município de São Mamede, Estado da


Paraíba, Nordeste do Brasil (Sousa, 2011).

A vegetação é representada principalmente por famílias como Fabaceae e Cactaceae, das


quais, se destacam as espécies Mimosa tenuiflora (Will.) Poir. (jurema preta), Poincianella
pyramidalis Tul. (catingueira), Cereus jamacaru DC. (mandacaru) e Pilosocereus gounellei (F.A.C.
Weber) Byles & Rowley (xiquexique). A economia é baseada na agropecuária com a plantação de
milho, feijão, algodão e mandioca e criação de bovinos, caprinos e ovinos.

Comunidade Várzea Alegre


A comunidade rural de Várzea Alegre é constituída por 25 residências habitadas distando
aproximadamente oito quilômetros do centro urbano. A economia possui destaque para a
agricultura de sequeiro (agricultura apenas em períodos chuvosos) em que se destacam as culturas
de milho e feijão. Quanto a pecuária, a criação de gado bovino para a produção de leite destaca-se
na comunidade, seguida de criação de caprinos e ovinos. A religião predominante na comunidade é
a católica e a capela da igreja mais próxima está localizada na comunidade circunvizinha de Gatos.
Várzea Alegre é auxiliada por um agente de saúde que visita mensalmente cada unidade
familiar. Uma vez por mês os moradores dessa comunidade também podem se deslocar para a
comunidade vizinha, na qual existe o Programa de Saúde da Família (PSF). As crianças assistem
aulas no ensino fundamental no Grupo Escolar Municipal Elizeu Evangelista de Medeiros, na
comunidade de Gatos. Para cursar o ensino médio, todos têm que se deslocar para o centro urbano
do município de São Mamede (Sousa, 2011).

Coleta de dados etnobotânicos


Os dados etnobotânicos foram coletados durante o mês de setembro de 2011, sendo visitadas
100% das residências habitadas da comunidade. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com
37 informantes (chefes domiciliares), entrevistando-se tanto homens (n=18), como mulheres
(n=19), em momentos distintos (Albuquerque et al., 2010). Ocorreu uma diferença entre o número
de homens e mulheres devido a presença de viúvos (as), e pelo fato de alguns chefes domiciliares
não estarem presentes em suas casas durante as.
Antes das entrevistas, uma conversa inicial foi realizada com os moradores da comunidade
explicando o objetivo do trabalho, momento no qual os mesmos foram convidados a assinar o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, exigido pelo Conselho Nacional de Saúde por meio
do Comitê de Ética em Pesquisa (Resolução 196/96). O presente estudo foi aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) do Hospital Lauro Wanderley da Universidade
Federal da Paraíba, em sessão realizada no dia 26 de abril de 2011, registrado com protocolo
CEP/HULW nº 297/11, com folha de rosto nº 420134.
O formulário utilizado nas entrevistas continha perguntas relacionadas ao conhecimento e
uso das cactáceas (Quais os cactos que você conhece? Existe algum cacto que serve para
alimentação das pessoas? Existe algum cacto que é utilizado em construções? Existe algum cacto
que serve como medicamento? Existe algum cacto que serve para alimentação dos animais? Você
aprendeu com quem esse conhecimento? Você ensina a alguém esse conhecimento?).
Os cactos citados foram organizados em categorias de uso, estabelecidas pelos
pesquisadores com o auxílio de material bibliográfico (Albuquerque & Andrade, 2002a,b; Andrade
et al., 2006a; Lucena et al., 2007a,b; Lucena, 2011) sendo elas: alimentação, construção, forragem
(alimento animal), mágico religioso, medicinal, ornamental, sombra e tecnologia. Os espécimes
coletados foram herborizados em campo, sendo incorporados no Herbário Jaime Coêlho de Moraes
(EAN) da Universidade Federal da Paraíba, no Centro de Ciências Agrárias (CCA).

RESULTADOS
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Inventário Etnobotânico
Na comunidade de Várzea Alegre registraram-se seis espécies de cactáceas: Cereus
jamacaru DC. (cardeiro, mandacaru), sendo citada por 92% dos informantes, Melocactus sp. (coroa
de frade) (78%), Opuntia ficus indica (L.) Mill. (palma) (43%), Pilosocereus gounellei (F.A.C.
Weber) Byles & Rowley (xiquexique) (95%), Pilosocereus chrysostele (Vaupel) Byles &
G.D.Rowley (facheiro) (24%) e Tacinga inamoena (K. Schum.) N.P. Taylor & Stuppy (palmatória
de pêlo) (8%), pertencentes a cinco gêneros (Tabela 1; Figura 2).

A B C

D E F

Figura 2. Ilustração das cactáceas registradas na comunidade de Várzea Alegre (São


Mamede-PB). A. Cereus jamacaru DC.; B. Melocactus sp.; C. Opuntia ficus indica(L.)
Mill.; D. Pilosocereus gounellei (F.A.C. Weber) Byles & Rowley; E. Pilosocereus
chrysostele (Vaupel) Byles & G.D.Rowley; F. Tacinga inamoena (K. Schum.) N.P.
Taylor & Stuppy.

Foram registradas 363 citações de uso, sendo 159 (43,80%) feitas por mulheres e 204
(56,20%) por homens, distribuídas em nove categorias de uso, de acordo com a sua utilidade.
As espécies com maior número de citações de uso foram C. jamacaru (116 citações),
Melocactus sp. (106) e P. gounellei (87), seguidas de O. ficus indica (29 citações), P. chrysostele
(18) e T. inamoena (7).
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Quanto as categorias de uso, as que mais se destacaram foram: forragem (120 citações),
alimento (84), ornamental (46), seguidas de medicinal (41), construção (14) e por último mágico
religioso (7).
As espécies mais versáteis foram: C. jamacaru que se enquadrou em nove categorias, P.
gounellei em oito, Melocactus sp. e P. chrysostele em sete.
Com relação ao uso de diferentes partes vegetais, a espécie C. jamacaru apresentou o maior
número, com seis partes úteis, O. ficus indica cinco, P. gounellei, P. chrysostele e Melocactus sp.
quatro, e T. inamoena, duas. A utilização do “indivíduo completo” foi mais citada, com 168
citações, o que pode ser explicado pelo uso forrageiro em que a planta é queimada por completo
para alimentação dos animais. Em seguida, o fruto obteve 71 citações e a polpa do cladódio (miolo),
64.

Usos de cactáceas
Alguns dos usos registrados para C. jamacaru foram o uso do fruto (em fresco) e o miolo
(assado, em fresco e como doce) para alimento humano. A planta inteira é usada em construções
(cerca viva). Para forrageio, o fruto é consumido em fresco por pássaros, ou a medula (miolo) é
cortada ou passado na forrageira, e além disso, a planta inteira pode ser queimada para forrageio.
Na categoria medicinal utiliza-se a raiz (de preferência do lado do nascente) como chá (decocção ou
infusão) para tratar problemas renais, inflamação e sinusite. No uso tecnológico, a madeira é
utilizada para fazer colher de pau. A planta inteira é usada para sombra, ornamentação de jardins e
aspectos mágicos religiosos (mal olhado ou inveja). Além de todas as categorias de uso registradas
para tal espécie, C. jamacaru também foi citado como bioindicadora de fenômenos naturais, sendo
sua floração o sinal de um bom inverno.
Melocactus sp. também é utilizada como alimento humano, os frutos sendo consumidos em
fresco e a polpa do cladódio assada, com açúcar ou cozida. No uso como forragem seguem-se os
mesmos usos atribuídos a C. jamacaru. Para o uso medicinal a polpa do cladódio (miolo) é usada
para fazer expectorante (lambedor) (parênquima aquífero com açúcar) eficaz no tratamento de
doenças como ameba, bronquite, cansaço (falta de ar), coqueluche, inflamação de garganta,
expectorante (catarro), gripe, problema pulmonar e tosse. No uso veterinário a polpa do cladódio é
usada cortada e posta dentro da água das galinhas que apresentam “gogo” (gripe). A planta inteira é
usada para ornamentação ou para uso mágico religioso (mal olhado). Também é usada como
bioindicadora de chuva a partir de sua floração.
Pilosocereus gounellei tem seu fruto consumido em fresco e o miolo de forma cozida,
assada e em fresco, como alimento humano. Para construção, a planta é utilizada inteira como cerca
viva. No uso forrageiro, o fruto em fresco é consumido por pássaros e a planta inteira é queimada e
passada na forrageira para criações de caprinos, ovinos e bovinos. Para uso medicinal e veterinário,
a polpa do cladódio (miolo) é usada para tratar inflamações causadas pelo próprio espinho do P.
gounellei, que pode ocorrer nos animais e em humanos. A planta inteira serve de sombra para
animais de pequeno porte (ex: galinhas), ornamentação de jardins e para enfeite de Natal, sendo
colocada a planta dentro de jarros nas salas de estar das casas, e enfeitadas como árvore de Natal. E
além de tudo, é usada como bioindicadora, da mesma forma que Melocactus sp. e C. jamacaru, que
indicam chuva a partir da floração.

Valorização de espécies por homens e mulheres


Na comunidade Várzea Alegre os homens e mulheres não apresentaram um conhecimento
semelhante. Para as mulheres a espécie mais citada foi Melocactus sp. (53 citações de uso) seguido
do C. jamacaru (44) e P. gounellei (32), já as categorias mais citadas foram: forragem (49 citações
de uso), alimento (30) e ornamental (22).
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Já os homens mostraram a preferência pelo C. jamacaru (72 citações de uso), seguido P.


gounellei (55) e Melocactus sp. (53) Quanto as categorias, as mesmas seguiram o modelo das
mulheres, sendo forragem (71 citações de uso), alimento (53) e ornamental (24) as mais citadas.

Transmissão e manutenção do conhecimento


A maioria dos informantes (75,21%) relatou ter adquirido o conhecimento a partir de seus
pais e avós, ou seja, uma transmissão de forma vertical, já 24,79% adquiriu de forma horizontal,
com sozinho ou com os vizinhos.
Em relação a transmissão de conhecimento, 53,17% afirmaram ensinar seu saber aos filhos e
netos, ou seja, transmitem o conhecimento de forma vertical, já 29,75% transmitem de forma
horizontal, para vizinhos e irmãos, e 17,08% não ensina o conhecimento que possuem.

DISCUSSÃO
Diversidade biológica e cultural de cactáceas
A família Cactaceae na comunidade de Várzea Alegre apresentou uma diversidade de
espécies e usos aproximados aos números encontrados por Lucena et al. (2012) na região do sertão
da Paraíba. Contudo, registrou-se uma diversidade menor do que a encontrada em outras áreas do
semiárido (Braga, 1976; Andrade et al., 2006a,b; Lucena, 2011), esta diferença pode estar
relacionado com a distribuição geográfica das espécies presentes.
As categorias de destaque, na comunidade do presente estudo, foram forragem e alimento
humano, dados também registrados no município de Cabaceiras no Cariri paraibano (Lucena,
2011).
A categoria forragem foi a mais citada, sendo evidenciada também em outras regiões da
caatinga (Braga, 1976; Andrade et al., 2006a; Cavalcanti Filho, 2010; Lucena, 2011; Lucena et al.,
2012). Na comunidade de Várzea Alegre, as espécies mais utilizadas para a forragem foram C.
jamacaru e P. gounellei, dados também registrados por Lucena et al. (2012) nas comunidades de
Barroquinha e Besouro no município de Lagoa, Paraíba. Uma das maneiras de servir C. jamacaru
ao animal é após a queima dos seus espinhos, como registraram Duque (2004), Andrade et al.
(2006a), Lucena (2011) e Lucena et al. (2012) em seus respectivos estudos no semiárido. Assim
como no presente estudo, o consumo do fruto em fresco pelos pássaros também foi registrado por
Cavalcanti & Resende (2007).
Por outro lado, para Lucena (2011), a espécie mais utilizada para o uso forrageiro foi O.
ficus indica. É possível que no presente estudo a “palma” não tenha sido tão importante para o uso
nesta categoria por questões de adaptação, pois de acordo com Duque (2004) tal espécie exótica não
se desenvolveu tão bem em regiões de baixa umidade como o sertão (região em que está inserida a
comunidade), o Seridó e o litoral, se comparadas as regiões conhecidas como de “noites úmidas”
como a caatinga alta, agreste e as serras.
A citação abaixo reflete a realidade do uso de cactos na comunidade estudada em São
Mamede:
“Antigamente o xiquexique e o cardeiro era mais usado,
queimado para o gado” (M.B.S., 62 anos).

Assim como ocorreu em comunidades do cariri e sertão paraibano (Lucena, 2011; Lucena et
al., 2012) a categoria alimento foi a segunda mais citada na comunidade de Várzea Alegre. A
espécie P. gounellei foi a que mais se destacou no uso alimentício, sendo utilizado de preferência
seu fruto em fresco, conforme, consta em Lucena (2011). Já Andrade et al. (2006a) relata em seu
trabalho que o fruto de tal espécie é pouco apreciada pelos sertanejos baianos, sendo os frutos do
mandacaru e da palma os preferidos, segundo os informantes.
A categoria ornamental foi a terceira mais lembrada, tendo as espécies Melocactus sp. e P.
gounellei como as mais citadas, corroborando com Andrade et al. (2006a) e Lucena (2011). Assim
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como, Andrade et al. (2006a) registraram o uso de algumas espécies, como P. gounellei na
decoração da casa em época natalina, no presente estudo também foi citado tal utilização:

“No natal eu enfeito o xiquexique com bolinhas e pisca-


pisca” (F.C.S.A., 20 anos).

Cereus jamacaru obteve destaque na comunidade por ser a espécie mais citada, se
enquadrando em nove categorias de uso.
Na categoria tecnologia, a madeira da espécie é utilizada para fabricar colher de pau, ao
passo que Lucena et al. (2012), relatou o uso tanto da madeira como da raiz para tal finalidade, e no
Ceará, Braga (1976) registrou em seu trabalho o uso da raiz de Pilosocereus pachycladus para
confeccionar tais instrumentos domésticos.
Segundo os informantes, o uso do chá (decocção ou infusão) da raiz de C. jamacaru serve
para tratar sinusite, inflamação e problema renais, além disso, relataram que a raiz usada para fazer
o chá deve ser do lado do nascente, seguindo a tradição dos mais velhos. Andrade et al. (2006b),
Lucena (2011) e Lucena et al. (2012) também mencionam o uso da raiz dessa espécie para algumas
enfermidades. No uso mágico religioso a mesma é plantada nos jardins das residências para evitar
mal olhado ou inveja (Lucena et al., 2012). Em Cuba, o uso para tal finalidade é feito por espécies
do gênero Opuntia, plantadas em jarros e colocadas nas fachadas das casas como amuletos contra os
espíritos do mal (Fuentes, 2005).
O uso de C. jamacaru como bioindicadora de chuva, a partir da sua floração, tem sido
registrado em outras áreas do semiárido (Lucena et al., 2005; Albuquerque et al., 2010; Lucena et
al., 2012). Além desta espécie ser utilizada como indicadora de períodos chuvosos, outros estudos
tem registrado a utilização de outros cactos para tal finalidade, como por exemplo, o uso de P.
pachycladus (Lucena, 2011).
Melocactus sp. apresentou usos alimentícios semelhantes ao C. jamacaru, em que tais usos
são feitos principalmente a partir do fruto em fresco (Andrade et al., 2006a; Lucena, 2011). Com
relação a utilização dessa espécie na medicina tradicional, os dados do presente estudo se
assemelharam aos encontrados por Lucena (2011), que registrou o uso como lambedor ou mel feitos
da polpa do cladódio (miolo) para tratar múltiplas enfermidades, como por exemplo, coqueluche e
ameba. Já Albuquerque et al. (2007) e Agra (2008) relatam que em outras regiões do Nordeste do
Brasil a espécie Melocactus zehntneri (Britton & Rose) Luetzelb. é utilizada no tratamento de
bronquite e tosse. Para uso veterinário, Melocactus sp. foi citado no tratamento de “gogo” de
galinhas, já Lucena (2011) registrou o uso dessa espécie para auxiliar no “desengasgo”
(desobstrução da garganta) do animal, e ambos apresentando a utilização da polpa do cladódio para
tal finalidade.
De acordo com a literatura (Duque, 1980; Andrade et al., 2006a; Lucena et al., 2012),
Melocactus sp., é usada na alimentação do gado após a queima dos seus espinhos, já no presente
estudo, registrou-se o uso da mesma tanto em fresco (cortado ou passado na forrageira) como
também queimada. Além disso, alguns pesquisadores registraram usos para essa espécie,
confirmando assim os registros de São Mamede, como Andrade et al. (2006a) que apresentou o uso
ornamental no sertão baiano; Lucena (2011) com destaque para os usos tecnológicos (colher de pau
feita com a raiz), construção doméstica (tábuas), forragem e alimento (fruto em fresco), Gomes
(1973) com registro forrageiro e Lucena et al. (2012) o uso mágico religioso (indivíduo completo)
para evitar mal olhado.
Em Várzea Alegre foi registrado o uso do P. gounellei nas construções rurais como cerca
viva, assim como registrado por Lucena (2011) na comunidade São Francisco no município de
Cabaceiras, Paraíba. Já Fuentes (2005), em Cuba, registrou o uso de outras espécies, como Nopalea
cochenillifera e O. ficus indica para tal categoria. O uso forrageiro de P. gounellei foi registrado
também em outros estudos (Gomes, 1973; Braga, 1976; Andrade-Lima, 1989; Lucena, 2011,
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Lucena et al., 2012).O uso medicinal e veterinário a partir da polpa do cladódio (baba ou miolo)
também foi registrado por Lucena (2011) no cariri paraibano. Já trabalhos como o de Roque et al.
(2010) registrou, em uma comunidade rural do município de Caicó (RN), um uso diferente dessa
espécies para fins medicinais, sendo utilizada a raiz macerada no tratamento de inflamação da
uretra.
O uso como sombra e ornamentação de jardins na comunidade de Várzea Alegre também já
foi registrado em outros trabalhos realizados no semiárido nordestino (Andrade-Lima, 1989;
Lucena, 2011; Lucena et al., 2012). Já no uso alimentício, P. gounellei apresentou resultados
semelhantes as espécies C. jamacaru e Melocactus sp. em que tanto o fruto como a polpa do
cladódio é consumida, como já foi registrado com os sertanejos baianos e os sertanejos paraibanos
(Andrade et al., 2006a; Lucena et al., 2012). O uso como bioindicadora de chuva, a partir da
floração da espécie, também foi registrado na comunidade de Várzea Alegre, corroborando com os
resultados de Abrantes (2011) que relata o uso de P. gounellei como uma das espécies
biondicadoras de chuva dos moradores do município de Sumé, no cariri da Paraíba.
Valorização de espécies por homens e mulheres
As mulheres citaram mais usos para Melocactus sp., já os homens mencionaram mais
utilizações para C. jamacaru. A preferência distinta pelas espécies pode ser explicada pelo fato
que as mulheres estão mais ligadas a categoria medicinal, e uma das espécies mais utilizadas na
comunidade para tal finalidade é Melocactus sp.. Já os homens citaram mais C. jamacaru, sendo
uma das espécies mais utilizadas para a categoria forragem, sendo utilizada na alimentação dos
rebanhos, atividade de domínio masculino.
Os resultados com relação ao domínio e distribuição das atividades entre homens e mulheres
na comunidade estudada seguem o padrão que a literatura vem evidenciando, a qual separa
nitidamente as funções entre os gêneros, colocando os homens mais relacionados ao conhecimento
e uso de espécies com atributos madeireiros, e as mulheres com plantas de usos não madeireiros
(Luoga et al., 2000; Taita, 2003; Lawrence et al. 2005; Theilade et. al., 2007; Voeks, 2007;
Lucena et al., 2011; Ceolin et al., 2011).
No presente estudo foi possível registrar um conhecimento distinto entre homens e mulheres
referente a categoria medicinal, pois foi uma das categorias mais citadas pelas mulheres, realidade
esta enfatizada por Figueredo et al. (1993). No entanto, estudos realizados em comunidades do
cariri e sertão paraibano (Lucena, 2011; Lucena et al., 2012) relataram que houve um padrão de
conhecimento entre os gêneros, contraposto ao que foi registrado em Várzea Alegre, onde a
espécie mais importante localmente foi diferente para homens e mulheres.
As categorias mais citadas por ambos foram a forragem e alimento, corroborando com os
dados de Lucena (2011) no cariri paraibano e Lucena et al. (2012) no sertão paraibano. Contudo, o
conhecimento entre os gêneros e a utilização das espécies vegetais pode variar de região para
região, podendo ser semelhantes ou distintos (Lucena et al., 2007b).

Transmissão e manutenção do conhecimento local


O processo de transmissão e manutenção do conhecimento tradicional nas comunidades
estudadas apresentou-se semelhante ao que vem sendo evidenciado na literatura, se destacando o
conhecimento vertical como forma de aquisição e transmissão do conhecimento (Cavalli-Sforza e
Feldman, 1981, 1982; Ceolin et. al., 2011, Lucena et al. 2012).
O predomínio da transmissão de conhecimento do tipo vertical também foi registrado por
Lucena (2011), que cita a preocupação que os moradores da comunidade do Cariri paraibano
possuem em transmitir o conhecimento que possui para as gerações mais novas.
A preocupação que os moradores da comunidade, no presente estudo, apresentaram em
manter dinâmico o conhecimento que possuem em relação as espécies vegetais úteis também foi
registrado por Lucena et al. (2007b). Entretanto, alguns trabalhos não registraram o mesmo
resultado, como foi relatado por Lucena et al. (2012) em que a maior porcentagem de informantes
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não demonstraram preocupações com relação a transmissão do conhecimento que possuem,


podendo tal fato ser explicado pela baixa diversidade de espécies no local.
Além dessa realidade de baixa diversidade de cactos na região, a perda de interesse em
adquirir o conhecimento sobre os potenciais de uso das cactáceas pode estar sendo influenciado
por outros fatores econômicos e sociais, além dos efeitos causados pela globalização e
modernização das áreas campesinas, o que tem gerado o desinteresse das gerações mais novas em
adquirir o conhecimento de seus pais sobre os recursos naturais (Benz et al., 1994; Nolan &
Robbins, 1999; Luoga et al., 2000; Brodti, 2001; Voeks & Leony, 2004; Ladio & Lozada, 2004;
Shanley & Rosa 2004; Voeks, 2007; Srithi et. al., 2009).

CONCLUSÃO
O presente estudo mostrou que as cactáceas encontradas na comunidade de Várzea Alegre
são de grande importância no cotidiano dos moradores, como foi evidenciado nos registros de
várias categorias e usos distintos dessas espécies.
Em relação a valorização de espécies por homens e mulheres foi evidente que não ocorreu
um conhecimento semelhante entre ambos o que pode variar de comunidade para comunidade
dependendo de suas tradições e/ou cultura locais.
Foi notório também a perpetuação do conhecimento entre as gerações em relação a
importância e versatilidade que as cactáceas possuem.
Diante dos dados obtidos no presente estudo, sugere-se a realização de futuras pesquisas que
busquem avaliar a condição atual e disponibilidade dessas cactáceas nas áreas de vegetação local,
assim buscando evitar o extrativismo em excesso e uma possível extinção local, já que o uso mais
citado foi o de forragem, o qual destrói o individuo inteiro.
Sugere-se também que mais estudos etnobotânicos sejam realizados com foco no
conhecimento tradicional sobre cactáceas, já que são muito poucos os existentes, e as cactáceas são
de extrema importância para a vida das pessoas que residem na zona rural do semiárido brasileiro.

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