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HOMEM
É TÃO
ESPECIAL?
Pedro Dong
São Paulo
Editora Árvore da Vida
© 2015 Editora Árvore da Vida
Capítulo um
QUE É O HOMEM?
Capítulo dois
A MARAVILHOSA CRIAÇÃO DO HOMEM
Capítulo três
QUE ACONTECEU COM O HOMEM?
Capítulo quatro
QUE PLANO DEUS TEM PARA O HOMEM?
Capítulo cinco
FRUTO DA EVOLUÇÃO OU DESTINATÁRIO DE UM PROPÓSITO
MAIOR?
Capítulo seis
PARA ONDE A FÉ PODERÁ LEVAR O HOMEM?
PREFÁCIO
A primeira frase de Deus, que deu origem ao universo que conhecemos, foi
“Haja luz”. Por meio dessa ordem divina o visível passou a existir a partir do
invisível. Nada no universo é mais rápido que a luz. Sua velocidade alcança
300 mil quilômetros por segundo. Esse número é a chave para a compreensão
de outra maravilha da criação de Deus: o tamanho real que o universo
conhecido possui. A terra tem 12 mil quilômetros de diâmetro. O sol mede
1,4 milhões de quilômetros em seu diâmetro e não é uma das maiores estrelas
do universo. Canis Majoris, uma das maiores estrelas conhecidas, possui o
diâmetro de 2,9 bilhões de quilômetros.
Embora os números sejam extraordinários, para as medidas maiores
precisamos de uma unidade ainda mais ampla: o ano-luz. Em um ano a luz
percorre a distância de 9,5 trilhões de quilômetros, um número quase
inconcebível aos seres humanos. O universo observável possui entre 100 a
200 bilhões de galáxias. A Via Láctea, a galáxia espiral onde a terra se
encontra, mede 100 mil anos-luz de diâmetro e possui entre 100 a 400 bilhões
de estrelas. Se compararmos essas dimensões com o ser humano, que pode
medir até 2,4 metros de altura, que é o homem? Não somos mais que pó,
somos menos que nada em comparação à totalidade da criação (Sl 103:14; Is
41:24). Vivemos no máximo 120 anos de idade, tempo este que nada
representa se compararmos à existência de nosso planeta ou do próprio
universo.
Ao mesmo tempo, sabemos que o universo avança inexoravelmente para
sua própria destruição. Cada estrela consumirá completamente todo seu
combustível. O nosso sol não é exceção, pois sua luz diminuirá até mergulhar
os planetas ao seu redor em completa escuridão. Dentro do universo, que
caminha para sua total decadência, o milagre da vida se faz conhecido apenas
numa pequena circunferência azul: a terra, girando em torno do sol, a estrela
amarela. Mas um único meteorito errante poderá colidir com a terra causando
o fim da civilização humana, o que para o universo não passaria de uma
ocorrência comum, corriqueira, tão insignificante como a folha que cai de
uma árvore, um cabelo arrancado pelo passar de um pente ou ainda uma
formiga empurrada pelo vento. Entretanto, isso seria o fim da orgulhosa
história da humanidade. Todos os heróis, toda ciência e toda arrogância
passariam como um sopro.
Os cientistas, especialmente os astrofísicos, têm feito muitas descobertas
desde o lançamento do telescópio Hubble. Com o avanço da tecnologia torna-
se possível comprovar teorias físicas que estavam somente no papel, como o
bóson de Higgs, que explicaria o surgimento da matéria, isto é, de tudo aquilo
que possui massa. O pouco que o homem desvenda das maravilhas do
universo torna-o mais seguro de suas equações, excluindo Deus delas.
Foi com essa preocupação que resolvemos elaborar esta obra que ora temos
a honra de apresentar, para comprovar, à luz da Bíblia, não somente a
existência de Deus, mas principalmente a importância do homem no contexto
do plano sapientíssimo do Criador. O salmista Davi, conhecedor desse
maravilhoso plano, já indagava o Senhor em sua época: “Quando contemplo
os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é
o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? (Sl 8:3-4).
Hoje, também, não há como não fazer a mesma pergunta: “Por que o homem
é tão especial para Deus?
A grande maravilha é que o homem é o único ser vivo na terra capaz de ter
acesso a Deus por meio da fé. O homem que pertence ao universo físico,
material, também foi projetado para contatar Deus que habita a eternidade.
Por essa razão, se analisarmos a existência do homem apenas do ponto de
vista da ciência, nunca chegaremos a alguma conclusão plausível; é
necessário passarmos para o plano da fé, para o plano das coisas que se não
veem.
Este livro foi feito com base na ajuda espiritual que recebemos durante
mais de 40 anos do ministério da palavra de nosso querido irmão Dong Yu
Lan. Dentre tantos assuntos de grande importância que foram abordados por
ele nesse período de tempo, destacamos sua visão acerca do reino vindouro.
Em Hebreus 2 o autor afirma que Deus não mais sujeitará aos anjos o mundo
que há de vir, e, sim, ao homem (vs. 5-8). Essa revelação não somente indica
a importância do homem no plano de Deus, mas também a razão de Deus tê-
lo feito de maneira tão especial: governar com Cristo em Seu reino e servir a
Deus por toda a eternidade!
Esperamos que a leitura deste livro cause um impacto em você, caro leitor,
e mude radicalmente o rumo de sua vida.
Pedro Dong
São Paulo, agosto de 2015.
Capítulo um
QUE É O HOMEM?
A formação do universo
Os cientistas defendem a teoria do “Big Bang” para a formação do
universo. Essa teoria está baseada, em linhas gerais, nas seguintes
constatações: as galáxias estão se afastando a velocidades muito grandes pela
observação do astrônomo Edwin Hubble, feita em 1929; fato comprovado
pelo efeito Doppler que diz que, quando um corpo luminoso ou emissor
sonoro se aproxima de um observador, o comprimento de onda da luz ou de
som diminui, e, quando se afasta, aumenta. Podemos constatar isso
observando que quando um carro se aproxima de nós o som é mais agudo, e,
quando se afasta, torna-se mais grave. No caso dos corpos estelares, quando
se afastam, a cor tende para o vermelho, de comprimento de onda maior.
Ora, concluem os cientistas, “se as galáxias estão se afastando, isso
significa que elas já estiveram mais próximas em tempos remotos. Se
voltarmos ao ponto inicial do tempo, não estariam concentradas em um único
ponto?”. Nasceu assim a teoria do “Big Bang”: uma grande explosão a uma
altíssima temperatura. Segundo os físicos, “a partir daí o universo começou a
se expandir e a se esfriar”. Pela velocidade dessa expansão, estimou-se que a
idade do universo esteja por volta de 13,7 bilhões de anos.
O tamanho
O universo é o que há de mais fascinante para o homem; sua imensidão
foge da compreensão da mente humana. No universo observável deve haver
entre 100 a 200 bilhões de galáxias, e o seu tamanho é estimado em 93
bilhões de anos-luz, sendo que um ano-luz equivale a 9,5 trilhões de Km, um
número fora do entendimento humano. Isso ainda sem falar no universo não
conhecido.
A nossa galáxia é a Via Láctea, que é espiral e tem a forma de um disco,
cujo diâmetro é de 100.000 anos-luz, sendo sua espessura entre 1.000 a 3.000
anos-luz. O número de estrelas da nossa galáxia é estimado entre 100 a 400
bilhões. A terra gira em torno do sol, que é a nossa estrela. O sistema solar é
formado pelo sol mais oito planetas conhecidos.
A insignificância do homem
Diante dos números astronômicos, ressalta-se mais ainda a insignificância
do homem. Não é sem razão que os filósofos querem nos alertar acerca da
nossa pouca importância no contexto universal. Certo filósofo
contemporâneo e muito conhecido entre nós deu palestras afirmando que o
homem é uma espécie dentre 3 milhões de espécies classificadas que vivem
no planeta Terra, situada numa única galáxia entre outras 200 bilhões
existentes, num dos universos possíveis e que vai desaparecer. Nesse
contexto é presunçoso dizer que o homem tem alguma importância. Por que
razão Deus faria tudo isso para o homem existir nesse planeta que some
diante da imensidão do universo? Parece não fazer nenhum sentido.
As maravilhas da terra
A Bíblia diz que Jó se julgava tão justo que considerava sua justiça maior
que a de Deus (Jó 35:2). Todavia, quando Ele finalmente lhe apareceu, disse-
lhe: “Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem
conhecimento?” (38:2); e passou a mostrar-lhe as maravilhas da criação da
terra.
Os fundamentos da terra
Deus começa perguntando a Jó: “Onde estavas tu, quando eu lançava os
fundamentos da terra? Dize-mo, se tens entendimento. Quem lhe pôs as
medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre que
estão fundadas as suas bases ou quem lhe assentou a pedra angular, quando
as estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os
filhos de Deus?” (Jó 38:4-7). Segundo a engenharia civil, a primeira
providência para se fazer uma construção é ter um terreno; sobre ele faz-se a
locação precisa da obra a ser realizada com equipamento adequado para,
depois, pôr as medidas, estendendo o cordel para a demarcação da obra. Em
seguida, constroem-se as bases para a fundação do edifício, assentando-lhe a
pedra angular.
A grande maravilha é que o “terreno” onde Deus fundou a terra é o espaço.
Como lançar os fundamentos no espaço? Como “fazer a locação exata da
terra”, pôr-lhe as medidas, estender sobre ela o cordel? Somente o Deus
Criador é capaz dessa proeza! Não é sem razão que os arcanjos, as estrelas da
alva (Is 14:12) e os anjos, os filhos de Deus (Jó 1:6), alegremente cantavam e
rejubilavam na criação da terra.
O mar
O SENHOR continua a indagar Jó: “Ou quem encerrou o mar com portas,
quando irrompeu da madre; quando eu lhe pus as nuvens por vestidura e a
escuridão por fraldas? Quando eu lhe tracei limites, e lhe pus ferrolhos e
portas, e disse: até aqui virás e não mais adiante, e aqui se quebrará o orgulho
das tuas ondas?” (Jó 38:8-11). De fato, o mar tem as nuvens por vestidura e a
escuridão por fraldas em suas profundezas. Devido ao movimento da terra, do
sol e da lua, e pela ação do vento, o grande volume das águas dos oceanos se
movimenta; seria impossível conter a extraordinária força de suas ondas, se
não fosse pela providência divina.
Se Deus não tivesse traçado limites às águas do mar, não haveria como
refrear o devastador poder delas. Deus, em Sua infinita sabedoria, pôs a areia
para limite do mar: “Não temereis a mim? – diz o SENHOR; não tremereis
diante de mim, que pus a areia para limite do mar, limite perpétuo, que ele
não traspassará? Ainda que se levantem as suas ondas, não prevalecerão;
ainda que bramem, não o traspassarão” (Jr 5:22). A energia das ondas do mar
é tão grande que o homem tem muita dificuldade para lidar com ela nas obras
de engenharia marítima. O Criador, entretanto, usou a areia, uma solução
muito simples, para dissipar a gigantesca energia das águas do mar.
O presente mundo
Deus havia sujeitado aos anjos o primeiro mundo que criara. Lúcifer, o
arcanjo escolhido para administrar aquele mundo, foi perfeito em sua função
de governá-lo, até o dia que o orgulho entrou em seu coração e o corrompeu.
Uma vez lançado para a terra, juntamente com os anjos que o seguiram,
Satanás usurpou a terra e nela estabeleceu seu domínio ilegítimo. O apóstolo
João afirmou em sua primeira carta: “Sabemos que somos de Deus e que o
mundo inteiro jaz no Maligno” (1 Jo 5:19). O próprio Senhor Jesus também
disse um pouco antes de Seu martírio: “Chegou o momento de ser julgado
este mundo, e agora o seu príncipe será expulso” (Jo 12:31); “Já não falarei
muito convosco, porque aí vem o príncipe do mundo; e ele nada tem em
mim” (14:30); e “O príncipe deste mundo já está julgado” (16:11b).
A rebelião que começou no céu foi isolada na terra, mas Deus não deixou
essa pendência sem solução. Ele deseja restaurar Seu reino na terra, por isso
todas as atenções estão voltadas para ela. Por este motivo, Jesus nos ensina a
orar: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu
reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6:9-10). Deus
não tem nenhuma restrição para fazer Sua vontade no céu, e já que Ele isolou
esse problema na terra, só terá total liberdade quando vier o Seu reino.
A luz
A primeira providência de Deus, para restaurar a terra que estava envolta
em trevas, foi a criação da luz, pois sem ela não há vida: “Disse Deus: Haja
luz; e houve luz. E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as
trevas” (Gn 1:3-4). Essa luz é uma sombra do que Deus é: “Deus é luz, e não
há nele treva nenhuma” (1 Jo 1:5b). Como a verdadeira luz, Deus deseja
resplandecer no coração do homem: “Porque Deus, que disse: Das trevas
resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para
iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo” (2 Co 4:6).
Portanto, para haver vida na terra a primeira coisa que Deus providenciou foi
a luz.
O firmamento
No segundo dia da criação disse Deus: “Haja firmamento no meio das
águas e separação entre águas e águas. Fez, pois, Deus o firmamento e
separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o
firmamento. E assim se fez. E chamou Deus ao firmamento Céus” (Gn 1:6-
8). A palavra firmamento deriva de um verbo que significa expandir;
podemos dizer que é uma expansão. A expansão é simplesmente a atmosfera,
o ar que respiramos. Sem o oxigênio não há vida, o homem não viveria sem o
ar, por isso, a segunda providência de Deus foi criar o ar, a atmosfera.
Todavia, em Sua infinita sabedoria, ao criar a atmosfera Deus proveu outro
elemento tão essencial à vida: a água. As águas que cobriram a superfície da
terra, pelo juízo de Deus, não eram potáveis. O surgimento da atmosfera deu
início ao processo de evaporação, que é a passagem da água em seu estado
líquido para o estado gasoso, em forma de vapor, na temperatura ambiente. O
vapor produzido por esse processo acumula-se no céu em forma de nuvens.
Em determinadas condições climáticas, a água acumulada em forma de vapor
nas nuvens, se precipita em forma de chuva, neve ou saraivas. Essa “água de
cima” é potável, responsável pelo fornecimento a toda terra. Resumindo,
Deus proveu a luz no primeiro dia e, o ar e a água no segundo dia; todos são
vitais para o surgimento e manutenção da vida.
Deus é maravilhoso! No primeiro dia Ele providenciou a luz, e a Escritura
revela que Deus é luz. No segundo dia, Ele proveu o ar e a água potável.
Tanto o ar como a água representam o Espírito, pois em hebraico e em grego,
a palavra “ar” é a mesma usada para Espírito. Certa vez, Jesus disse: “Quem
crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.
Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele
cressem; pois o Espírito até esse momento não fora dado, porque Jesus não
havia sido ainda glorificado” (Jo 7:38-39).
A terra e os mares
Deus prosseguiu na preparação da terra para o homem habitar e disse:
“Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num só lugar, e apareça a porção
seca. E assim se fez. À porção seca chamou Deus Terra e ao ajuntamento das
águas, Mares. E viu Deus que isso era bom” (Gn 1:9-10). Para o surgimento
de vida na superfície da terra era necessário que houvesse uma porção seca da
terra; assim Deus ajuntou todas as águas em um só lugar e fez emergir a terra
no terceiro dia. Isso possibilitou a produção de relva, ervas que dão semente e
árvores frutíferas que dão fruto sobre a terra (v. 11).
Isso ocorreu no terceiro dia, assim como Cristo ressuscitou ao terceiro dia:
“Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos
nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15:3-4). Por meio da ressurreição,
Cristo se tornou a boa terra para produzir vida, representada pela boa terra de
Canaã: “Porque o SENHOR, teu Deus, te faz entrar numa boa terra, terra de
ribeiros de águas, de fontes, de mananciais profundos, que saem dos vales e
das montanhas; terra de trigo e cevada, de vides, figueiras e romeiras; terra de
oliveiras, de azeite e mel; terra em que comerás o pão sem escassez, e nada te
faltará nela; terra cujas pedras são ferro e de cujos montes cavarás o cobre.
Comerás, e te fartarás, e louvarás ao SENHOR, teu Deus, pela boa terra que te
deu” (Dt 8:7-10).
Portanto, no terceiro dia apareceu a terra para o surgimento da vida, como
sombra de Cristo que é a boa terra. Todos esses itens da criação indicam que
Deus não somente se preocupa com a provisão física do homem, que seria em
breve criado, mas também com sua provisão espiritual. No próximo capítulo
veremos os dias subsequentes.
Capítulo dois
O quinto dia
“Disse também Deus: Povoem-se as águas de enxames de seres viventes; e
voem as aves sobre a terra, sob o firmamento dos céus. Criou, pois, Deus os
grandes animais marinhos e todos os seres viventes que rastejam, os quais
povoavam as águas, segundo as suas espécies; e todas as aves, segundo as
suas espécies. E viu Deus que isso era bom. E Deus os abençoou, dizendo:
Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei as águas dos mares; e, na terra, se
multipliquem as aves. Houve tarde e manhã, o quinto dia” (Gn 1:20-23). O
quinto dia foi usado para Deus criar todos os seres viventes que povoam as
águas e as aves que vivem sobre a terra, sob o firmamento dos céus.
As duas árvores
“Do solo fez o SENHOR Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista
e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore
do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2:9). A árvore da vida, que estava no
meio do jardim do Éden, representava o próprio Deus como vida para o
homem. Uma vez que o homem foi criado com um espírito humano pelo
sopro divino, ele também tinha a capacidade de receber a vida eterna de Deus
representada pela árvore da vida. Caso o homem a recebesse, a vida divina
entraria em seu espírito fazendo-o filho de Deus.
Deus é grandioso! Por isso Ele nada impôs sobre o homem; antes, deu-lhe
livre-arbítrio para escolher entre comer da árvore da vida ou não. A árvore do
conhecimento do bem e do mal representa a opção sem Deus, o caminho da
autossuficiência, o mesmo que Satanás tomou, confiando em sua própria
capacidade. Cabe aqui fazer uma observação: o conhecimento, propriamente
dito, não é o problema, mas a árvore do conhecimento do bem e do mal
representa um princípio que é deixar de confiar em Deus para confiar no
próprio homem.
A sedução da serpente
“Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR
Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de
toda árvore do jardim?” (Gn 3:1). A serpente, nesse versículo, representa o
próprio Satanás, conforme podemos verificar no último livro da Bíblia: “Foi
expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o
sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus
anjos” (Ap 12:9).
Salientamos que Deus ordenou explicitamente ao homem que não comesse
da árvore do conhecimento; mas a tática do diabo é suscitar dúvidas com
respeito à palavra de Deus: “Não comereis de toda árvore do jardim?” Por
meio desse questionamento Eva foi levada a dialogar com a serpente:
“Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer,
mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não
comereis, nem tocareis nele, para que não morrais” (Gn 3:2-3). Na tentativa
de dar explicação, Eva foi enredada pela sagacidade da serpente e expôs toda
sua vulnerabilidade. Aproveitando-se disso, Satanás foi ao ataque insinuando
que Deus lhes ocultava a verdade: “É certo que não morrereis. Porque Deus
sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus,
sereis conhecedores do bem e do mal” (vs. 4b-5).
O fogo eterno
A situação do homem pecador é ainda pior do que descrevemos, pois
conforme explicamos anteriormente, o espírito do homem foi criado pelo
sopro de Deus, portanto é eterno, assim como sua alma. A morte de um
homem não é uma morte simples, isto é, tudo não acaba para ele quando
morre seu corpo, pois seu espírito e alma são eternos; a sua morte é, portanto,
uma morte eterna com fogo eterno. O diabo já está condenado pelo mesmo
erro da desobediência e seu destino final será o fogo eterno: “Então, o Rei
dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt
25:41). Isso indica que o homem não foi criado para terminar no fogo eterno,
pois este foi preparado para o diabo e seus anjos, desde sua rebelião no
passado.
Satanás, com sua sagacidade, enganou o homem e o fez cometer o mesmo
ato de desobediência contra Deus. Dessa forma, não restou alternativa para o
nosso Deus justo senão também condenar o homem à morte eterna. Quanta
desgraça! O homem pecador está agora totalmente sem esperança, e sem
Deus no mundo (Ef 2:12); ele passou a andar segundo as inclinações da
carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e destinado para a ira
de Deus (v. 3).
O evangelho de Deus
Quando tudo parecia estar perdido, sem saída para o homem pecador, Deus
anunciou o evangelho. A palavra evangelho significa boa-nova. Essa foi, de
fato, uma excelente notícia para o homem que estava fadado à morte eterna
no fogo eterno. O livro de Romanos, escrito por Paulo, anuncia o evangelho
de Deus, a boa-nova para o homem condenado e sem esperança (1:1-4). A
grande notícia para o homem é Deus ter enviado Seu Filho para resgatar o
homem do pecado e ainda salvá-lo completamente pela vida divina.
Depois do que foi exposto nos capítulos anteriores, surge uma indagação:
“Que Deus espera de nós? Por que Ele pagou tão alto preço para nos ter de
volta”? O apóstolo Paulo em sua carta aos efésios faz uma oração ao Pai:
“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda
espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, iluminados
os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do vosso
chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e qual a
suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia
da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os
mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo
principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa
referir não só no presente século, mas também no vindouro. E pôs todas as
coisas debaixo dos seus pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à
igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as
coisas” (Ef 1:17-23).
Seguir a Jesus
Se também almejamos ser coroados de glória e de honra, na vinda de nosso
Senhor Jesus, temos de segui-Lo hoje. Depois de ter revelado a igreja a Seus
discípulos, Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue,
tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida (alma)
perdê-la-á; e quem perder a vida (alma) por minha causa achá-la-á. Pois que
aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que
dará o homem em troca da sua alma? Porque o Filho do Homem há de vir na
glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme
as suas obras” (Mt 16:24-27).
Se alguém, hoje, trilhar o mesmo caminho que Jesus, negando-se a si
mesmo, tomando a cruz e seguindo-O, será também coroado de glória e de
honra na vinda de nosso Senhor. Mas se não estivermos dispostos a pagar
esse preço e continuarmos a viver segundo a vontade da nossa alma, esta
continuará intacta, sem transformação; perderemos a oportunidade de que ela
seja totalmente salva pela vida de Deus.
A salvação da alma
Voltemos à Primeira Epístola de Pedro, onde ele menciona a salvação
completa de Deus: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que,
segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou (salvação do espírito) para
uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada
nos céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a
fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo (salvação
completa). Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se
necessário, sejais contristados por várias provações, para que o valor da vossa
fé, uma vez confirmado, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo
apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus
Cristo; a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas
crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da
vossa fé: a salvação da vossa alma (salvação da alma)” (1 Pe 1:3-9).
Depois da salvação do espírito vem a parte mais difícil que é a salvação da
alma. Quando a serpente enganou a Eva, convencendo-a de comer do fruto da
árvore do conhecimento do bem e do mal, e ela o tomou e também o deu a
seu marido Adão, a alma do homem passou a confiar em sua própria
capacidade, em lugar de confiar somente em Deus. A alma, desse modo,
ganhou vida própria, a qual chamamos de vida da alma, com pensamentos e
opiniões que expressam seu ego, totalmente independente de Deus. A
serpente corrompeu a alma de Eva com sua astúcia, apartando o homem de
sua simplicidade e pureza devidas a Cristo (2 Co 11:3). Esse é o motivo de a
nossa alma precisar, urgentemente, da salvação que é obtida pela vida de
Deus.
A alma é composta de mente, emoção e vontade. A mente corrompida
pensa apenas nas coisas da terra; por isso o apóstolo Paulo, na Epístola aos
Colossenses, nos exorta: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com
Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de
Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque
morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus” (3:1-
3).
A nossa emoção também foi corrompida e passou a amar o mundo e as
coisas que há no mundo. Por essa razão o apóstolo João nos alerta: “Não
ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o
amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência
da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai,
mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua
concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece
eternamente” (1 Jo 2:15-17).
Evidentemente, por ter a mente e a emoção corrompidas, a terceira parte da
alma, a vontade, passa a fazer somente aquilo que o homem deseja e não a
vontade de Deus. No episódio em que Jesus mostrou a Seus discípulos que
Lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos,
dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto, e ressuscitado no terceiro
dia, Pedro chamou-O à parte e começou a reprová-Lo dizendo: “Tem
compaixão de Ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá”. Provavelmente
todos os que amam o Senhor fariam isso, mas, para nossa surpresa, Jesus,
voltando-se, disse: “Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço,
porque não cogitas das coisas de Deus, e, sim, das dos homens” (Mt 16:23).
Isso prova que a nossa alma corrompida é um lugar para a atuação de
Satanás, o qual pode estar escondido em nossa bondade natural ou até mesmo
em nosso amor natural para com o Senhor. Por melhor que seja a intenção da
alma, ela não cogita das coisas de Deus, portanto, faz a vontade do homem.
Por isso a nossa alma também precisa de salvação!
A salvação da alma, na prática, não é muito fácil, pois começa com negar-
se a si mesmo, ou seja, negar a vida da alma com suas opiniões, preferências
e vontades (Mt 16:24-25). Por isso Deus deixou registrado na Bíblia as
experiências de Pedro, pois ele foi o discípulo mais exposto quanto às
manifestações da vida da alma. Pedro revela que a nossa alma precisa passar
por um processo semelhante ao de refino do ouro. Assim como o ouro é
purificado em altíssima temperatura, a nossa alma também precisa do fogo do
Espírito, que está em nosso espírito. Nas várias provações diárias do homem,
a luz de Deus expõe o quanto ele ainda vive pela vontade de sua alma, o
quanto prevalecem as opiniões de seu ego. Quando o ser natural de alguém é
exposto pela luz do Senhor, o segredo é não justificar-se, mas voltar-se para
seu espírito e buscar o fogo do Espírito para queimar as impurezas da alma.
Assim, confirmado o valor da nossa fé, que é muito mais preciosa que o ouro
perecível, mesmo apurado por fogo, redundará em louvor, glória e honra na
revelação de Jesus Cristo (1 Pe 1:6-7).
A salvação do corpo
A salvação do espírito ocorreu no momento em que cremos no Senhor
Jesus. A salvação da alma terá a duração de toda a nossa vida, portanto, é a
parte mais difícil. Por fim, a salvação do corpo se dará na segunda vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo. Primeiramente, o espírito do homem precisa ser
tomado pela vida de Deus, que chamamos de salvação do espírito; em
segundo lugar, sua alma também é tomada pela vida de Deus, gradualmente,
dia a dia; a isso chamamos de salvação da alma, ou seja, o crescimento da
vida espiritual até a plenitude de filho maduro de Deus; por fim, o seu corpo,
feito do pó da terra, material, mortal, será trocado por um corpo incorruptível,
espiritual e imortal; a esse processo chamamos de salvação ou redenção do
corpo (Rm 8:23).
O tempo do fim
O Senhor Jesus não retornará sem antes haver um bom número de pessoas
que não somente receberam a salvação do espírito, mas também permitiram
que a vida de Deus transformasse sua alma até o ponto de se tornarem filhos
maduros de Deus, capazes de reinar com Cristo no mundo que há de vir. Por
esse motivo o próprio Senhor Jesus nos insta a pregar o evangelho do reino
por todo o mundo, para testemunho a todas as nações; então virá o fim (Mt
24:14). O tempo do fim será precedido de guerras e rumores de guerras,
porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes
e terremotos em vários lugares; porém, tudo isto é o princípio das dores (vs.
6-8).
Ao aproximar-se o fim acontecerá a grande tribulação com a manifestação
do homem da iniquidade, o anticristo, com poder e sinais e prodígios da
mentira (2 Ts 2:3-9). Pouco antes disso haverá uma nova ordem mundial que
trará paz ilusória às nações; todavia quando andarem dizendo: “Paz e
segurança”, eis que sobrevirá repentina destruição (1 Ts 5:3). Nesse tempo,
pelo período de três anos e meio, haverá grande tribulação, como desde o
princípio do mundo até agora não tem havido nem haverá jamais. Não
tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa
dos escolhidos, tais dias serão abreviados (Mt 24:21-22; Ap 12:6, 14).
A sétima trombeta
Nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta,
cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo Ele anunciou aos Seus
servos, os profetas (Ap 10:7), e quando ele tocar a trombeta, haverá no céu
grandes vozes, dizendo: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do
Seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (11:15). A sétima
trombeta interromperá a grande tribulação e o Senhor Jesus tomará posse do
reino deste mundo.
A vinda do Senhor
De acordo com o Evangelho de Mateus, o Senhor Jesus virá sobre as
nuvens do céu (26:64), e a maioria dos que creram Nele, tanto os que forem
ressuscitados dentre os mortos quanto os que estiverem vivos na ocasião,
serão arrebatados aos ares, pois os vencedores descritos como o filho varão
em Apocalipse 12, teriam sido arrebatados antes da grande tribulação (vs. 5-
6, 14).
O apóstolo Paulo explica que os que creram no Senhor Jesus, ao findar sua
vida terrena, não morrerão, mas dormirão, aguardando a vinda do Senhor
para ressuscitá-los com outro corpo, ao que chamamos de salvação do corpo:
“Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que
dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não tem esperança.
[...] Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os
que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que
dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a
voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos
em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos,
seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do
Senhor nos ares, e assim, estaremos para sempre com o Senhor” (1 Ts 4:13-
17).
O corpo espiritual
Neste momento cabe uma pergunta muito pertinente: “Como ressuscitam
os mortos? E em que corpo vêm”? Paulo responde em sua primeira carta aos
coríntios: “Insensato! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer; e,
quando semeias, não semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão,
como de trigo, ou de qualquer outra semente. Mas Deus lhe dá corpo como
lhe aprouve dar e a cada uma das sementes, o seu corpo apropriado [...]. Pois
assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção,
ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória.
Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural,
ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual”
(1 Co 15:36-44).
A teoria da evolução
Os cientistas afirmam que a seleção natural pela sobrevivência produziu
várias espécies por evolução. Segundo eles, essa evolução, em bilhões de
anos, produziu a diversidade de vidas na terra. O DNA é uma molécula
existente em nossas células. Ela tem o formato de uma longa escada curva ou
dupla hélice, contendo as instruções genéticas que coordenam o
desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos, e ainda
transmitem as características hereditárias de cada um deles. Os degraus da
escada são feitos de quatro diferentes tipos de moléculas menores: são as
letras do alfabeto genético. Arranjos particulares dessas letras dão instruções
a todas as coisas vivas tais como: crescer, se mover, digerir, sentir o
ambiente, se curar e se reproduzir. A hélice dupla do DNA é uma máquina
molecular com cerca de 100 bilhões de peças chamadas de átomos. Há tantos
átomos em uma molécula de DNA do homem quanto ao número de estrelas
em uma galáxia normal. O mesmo ocorre com todos os seres vivos: cada um
de nós é um pequeno universo.
Mutação
A mensagem do DNA, transmitida de uma célula para outra e de uma
geração para outra, é copiada com extremo cuidado. Quando uma célula viva
se divide em duas, cada uma delas leva consigo uma cópia completa do
DNA. Uma proteína especializada faz a revisão, para ter certeza de que só as
letras certas sejam incluídas e o DNA seja copiado com precisão. Porém,
ocasionalmente, pode passar um erro durante o processo de revisão criando
uma pequena mudança aleatória nas instruções genéticas. Vejamos um
exemplo disso supondo que tenha ocorrido uma mutação na célula do óvulo
de uma ursa. Um evento aleatório e tão minúsculo quanto este, pode ter
consequências numa escala muito maior, pois essa mutação pode ter alterado
o gene que controla a cor do pelo dos ursos. Isso afetará a produção do
pigmento escuro dos filhotes da ursa, fazendo com que um deles nasça de
pelo branco. Durante o período de neve o urso branco se sairá melhor na
caça, e, consequentemente, as chances de sobrevivência serão maiores; o urso
de pelo marrom, no entanto, perderá a competição na luta pela sobrevivência
e passará a viver em outras regiões. Assim, por sucessivas gerações, esse
gene passará a toda população de ursos árticos tornando-se duas espécies
diferentes. É o que Charles Darwin quis dizer com “a origem das espécies”.
Essa é a evolução por seleção natural segundo os cientistas.
O DNA do homem tem semelhança com outros seres vivos no tocante às
instruções genéticas para as funções mais básicas da vida, como por exemplo,
a digestão de açúcares. Com base nesse conhecimento a ciência montou uma
árvore genealógica para todas as espécies de vida na terra, na qual o homem
está inserido. Será que com toda essa explicação a ciência consegue provar
que o homem veio à existência pela evolução de outros seres vivos? Será que
há inconsistência na Bíblia?
A criação do homem
É importante notar que a Bíblia não dá detalhes de como o nosso corpo
biológico foi criado. A Bíblia apenas diz: “Então formou o SENHOR Deus ao
homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem
passou a ser alma vivente” (Gn 2:7). Cremos que a Bíblia é a palavra de
Deus. Ela apenas informa que o corpo humano foi formado do pó da terra,
portanto os elementos que compõem o corpo humano, biológico, são da terra.
Assim, é possível haver uma correlação entre o nosso corpo com os demais
seres vivos da terra.
O que deu vida ao homem foi o sopro do Deus Criador, conforme vemos
no livro de Jó: “O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me
dá vida” (33:4). Conforme explicamos anteriormente, o fôlego de vida que
entrou no homem feito do pó da terra tornou-se o espírito daquele homem.
Como resultado o homem passou a ser alma vivente, isto é, um ser com
entendimento. A respeito disso, o livro de Jó também elucida: “Na verdade,
há um espírito no homem, e o sopro do Todo-Poderoso o faz sábio” (32:8).
Como consequência da criação do espírito e da alma do homem, seu corpo
ganhou a vida biológica.
O corpo do homem é terreno
Para a existência do homem na terra, Deus formou seu corpo do pó da
terra, portanto ele é terreno (1 Co 15:47; Gn 2:7). O nosso corpo é físico,
limitado pelo tempo e espaço, sujeito às mesmas leis físicas que regem o
universo conhecido. Do ponto de vista físico, os filósofos têm razão em
afirmar que a nossa existência não tem nenhuma importância diante da
vastidão do universo. O apóstolo Paulo afirmou que, se a nossa esperança em
Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os
homens (1 Co 15:19). Nesse caso, não faria sentido a afirmação de que o
homem seja uma criatura especial.
Deus é Espírito
Precisamos entender que Deus não está na esfera física, material, pois Ele é
Espírito, Ele está em uma dimensão diferente do nosso mundo físico. Ele não
é limitado pelo tempo nem pelo espaço; Ele é eterno. O profeta Isaías disse:
“Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da
terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu
entendimento” (Is 40:28).
Ao criar o homem, feito do pó da terra, Deus soprou nele algo de Sua
própria essência eterna; deu-lhe Seu sopro de vida e formou o espírito do
homem com a mesma essência do Deus Eterno. O que faz o homem tão
especial, tão diferente dentre todos os outros seres vivos da terra, é esse
espírito eterno que ele recebeu quando foi criado. O objetivo de Deus ao
formar o homem, soprando nele Sua essência eterna, é que ele seja capaz de
receber a vida eterna de Deus por meio desse recipiente eterno, que é o
espírito humano.
O que torna o homem tão especial não é o seu corpo biológico, que os
cientistas dizem provar sua semelhança com outros seres vivos na terra,
reforçando a teoria da evolução; antes, é o seu espírito humano, que não é
físico, não está sujeito às leis físicas, mas é da mesma natureza eterna de
Deus. Quando o homem morre seu corpo também morre, mas seu espírito e
sua alma não morrem. Por essa razão, o livro do profeta Zacarias dá
indicações de que o céu foi criado para a existência da terra, e a terra foi
criada para o homem existir, destacando a criação do espírito do homem:
“Fala o SENHOR, o que estendeu o céu, fundou a terra e formou o espírito do
homem dentro dele” (12:1).
O próprio Jesus, quando esteve na terra, disse: “Deus é Espírito; e importa
que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:24). E
ainda: “O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é
espírito” (3:6). Fica evidente que a intenção de Deus é criar um ser espiritual,
capaz de receber Sua vida eterna, dentro de um corpo biológico, físico.
A filiação
A todos quantos receberem a Jesus ser-lhes-á dado o poder de serem feitos
filhos de Deus, a saber, aos que creem no Seu nome (Jo 1:12). O plano
maravilhoso de Deus é produzir muitos filhos pela inserção de Sua vida
eterna no homem. O objetivo final de Deus é que Seus filhos cresçam e
amadureçam para herdar o mundo que há de vir (Hb 2:5).
A Epístola de Paulo aos Efésios é considerada uma obra de extrema
importância para entender a vontade divina, pois ela parte do coração de
Deus para abençoar o homem com toda sorte de bênção espiritual nas regiões
celestiais em Cristo. Trata-se de bênção que provém da esfera espiritual, não
da esfera física, material. Ele nos escolheu antes da fundação do mundo, para
sermos santos e irrepreensíveis perante Ele; e em amor nos predestinou para
Ele, para a filiação, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de Sua
vontade (Ef 1:3-5). Como vemos, Deus nos criou com um espírito capaz de
receber toda a bênção espiritual contida nas regiões celestiais, por meio de
Cristo. Ele nos escolheu dentre tantas outras criaturas para nos dar Sua vida e
natureza santas, fazendo de nós Seus filhos para que Sua vida e natureza
estejam não somente em nosso espírito, mas também assumam o controle de
nossa alma. A isso a Bíblia chama de filiação, ou seja, filhos totalmente
maduros para herdar a herança do Pai.
Filhos e herdeiros
Quem creu no Senhor Jesus recebeu a vida de Deus, portanto, nasceu de
Deus; é um filho de Deus. Na Epístola aos Romanos, Paulo afirma: “O
próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”
(8:16), porque recebemos o espírito de filiação, baseados no qual clamamos:
Aba, Pai (v. 15). A filiação implica não só no fato de nascermos de Deus,
mas em termos maturidade suficiente para assumir a herança do Pai. Por isso,
Paulo prossegue: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros
de Deus e coerdeiros com Cristo; se com ele sofrermos, também com ele
seremos glorificados” (v. 17). Todo filho de Deus, já crescido, é guiado pelo
Espírito de Deus: “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são
filhos de Deus” (v. 14). A palavra “filhos”, neste versículo, em grego é huiós,
que significa filho crescido.
A Fé e a fé subjetiva
Depois que o homem recebe, pela fé, a vida divina em seu espírito, ele se
torna filho de Deus e, potencialmente, Seu herdeiro. Sua fé subjetiva, ou seja,
seu ato de crer, precisa crescer e se desenvolver até se tornar o mesmo que a
Fé objetiva. A Fé tem como conteúdo o evangelho de Deus, que é segundo o
plano de salvação divina para o homem. O conteúdo da Fé está descrito nos
ensinamentos saudáveis dos apóstolos que compõem a verdade do Novo
Testamento. Paulo diz, na Epístola aos Romanos, que o evangelho de Deus é
com respeito a Seu Filho (1:1-3). Dessa forma podemos concluir que o
conteúdo da Fé não é o conjunto de doutrinas referentes à salvação, mas toda
a Escritura, que testifica de Jesus Cristo, o Filho de Deus, pois só Nele
encontramos a vida eterna (Jo 5:39).
O conteúdo da Fé é transmitido ao homem por meio da palavra da verdade,
que é o evangelho da nossa salvação (Ef 1:13). A Palavra de Deus é um
veículo para transportar a realidade da Fé até o homem. Tudo que o homem
tem de fazer é ouvir e aceitar essa palavra. Primeiramente ela passa pelo
ouvido do homem (corpo), depois pelo consentimento da alma, e finalmente é
recebida pelo seu espírito que, ao reagir à Palavra produz a fé subjetiva. A fé
subjetiva é, portanto, o ato de crermos no evangelho. Paulo confirma essa
experiência: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de
Cristo” (Rm 10:17).
A esfera da Fé
A grande maravilha é que o homem é o único ser vivo na terra capaz de ter
acesso às coisas da Fé, a qual não está na esfera física, material, mas na esfera
espiritual. Por esse motivo salientamos que, se apenas analisarmos do ponto
de vista da ciência, nunca chegaremos a nenhuma conclusão plausível para a
existência humana; é necessário passarmos para outra dimensão, a dimensão
da fé.
Há um versículo intrigante na Bíblia a respeito da fé: “Ora, a fé é a certeza
de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb 11:1).
Conforme dissemos, a Fé não está na esfera física, material; antes, ela é da
esfera espiritual, um canal para o homem trazer à existência as coisas de
Deus. No início da Epístola aos Hebreus, o autor diz que “Ele [Cristo], que é
o resplendor da glória e a expressão exata do Seu ser (de Deus)” (1:3). A
palavra grega usada para “ser” pode ser traduzida para “substância”. A frase
poderia ser entendida assim: Cristo é o resplendor da glória e a expressão
exata da substância de Deus. Essa mesma palavra grega foi usada para
“certeza” no versículo que iniciamos este parágrafo. Portanto podemos
entendê-lo assim: Ora, a fé é a substantificação de coisas que se esperam, a
convicção de fatos que se não veem.
O reino milenar
Na segunda vinda de Cristo, Ele tomará posse do reino: “O sétimo anjo
tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo
se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos
séculos” (Ap 11:15). Aqueles que alcançarem a maturidade de vida reinarão
com Cristo durante mil anos: “Bem-aventurado e santo é aquele que tem
parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem
autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão
com ele os mil anos” (20:6). O reino milenar será o galardão para os que
viverem pela fé, isto é, os que viverem e andarem pelo Espírito fazendo a
vontade de Deus na presente era.
No final do milênio, o diabo será lançado definitivamente para dentro do
lago de fogo e enxofre (v. 10). Então virá o fim, quando Cristo entregar o
reino ao Deus e Pai, e houver destruído todo principado, bem como toda
potestade e poder. Porque convém que Cristo reine até que haja posto todos
os inimigos debaixo dos Seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte:
“Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as
coisas lhe estão sujeitas, certamente, exclui aquele (Deus e Pai) que tudo lhe
subordinou. Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o
próprio Filho (Cristo) também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe
sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1 Co 15:27-28).