Você está na página 1de 5

1) Explique detalhadamente a formação histórica do Estado Moderno e as

consequências da Paz de Vestfália ao Direito Internacional.


O Estado Moderno se consolida na sociedade internacional como seu principal
ator e também como poder soberano, livre de qualquer vínculo de dependência a outros
poderes inferiores ou superiores e a Paz de Vestfália não apenas marcou a derrocada
da supremacia da Igreja e do Império e, portanto, da descentralização do poder, mas
também assinalou o surgimento da sociedade internacional moderna integrada por
Estados iguais, independentes e soberanos.
2) Explique as teorias que justificam ou tentam justificar a legitimidade e a
obrigatoriedade aos soberanos dos Estados plurais e laicos.
Na doutrina de Alexandre de Moraes, o preâmbulo da Constituição pode ser
definido como o documento de intenções do diploma e consiste em uma certidão de
origem e legitimidade do novo texto e uma proclamação de princípios, demonstrando
a ruptura com o ordenamento constitucional anterior e o surgimento jurídico de um
novo Estado.
“O preâmbulo não é juridicamente irrelevante. Faz parte do documento
constitucional e foi aprovado juntamente com a Constituição. O seu valor jurídico é no
entanto subordinado. Funciona como elemento de interpretação – e, eventualmente
de integração – das normas constitucionais. [...]. Mas o preâmbulo desempenha ainda
uma outra importante função constitucional. Ele exprime, por assim dizer, o título da
Legitimidade da Constituição, quer quanto à sua origem, quer quanto ao seu conteúdo
(Legitimidade constitucional material)”
3) Qual a diferença entre sociedade e comunidade internacional? Explique
e dê exemplos.
A SOCIEDADE INTERNACIONAL pode ser compreendida como um “grupo de
comunidades políticas independentes” que, longe de formarem um sistema de
comportamento único, buscam por meio do “[...] diálogo e do consenso de regras e
instituições”, organizar “[...] suas relações, tendo em vista o interesse que os ligam em
torno de certos acordos, pactos e princípios” na busca de seus interesses comuns.
Diferencia-se da COMUNIDADE INTERNACIONAL que “constitui uma unidade
natural e espontânea, enquanto a sociedade se apresenta como uma unidade de certa
forma artificial”. Na comunidade prevalecem os “valores convergentes, éticos,
comuns; na sociedade, valores divergentes, primando a legislação, a convenção, o
normatizado”.
Sociedade Internacional é o conjunto de sujeitos internacionais em continua
convivência global, relacionando-se e compartilhando interesses comuns e recíprocos
através da cooperação, o que demanda certa regulamentação. É baseada na vontade
legítima de seus integrantes (Sujeitos de Direito Internacional Público) que se
associaram diplomaticamente para atingir certos interesses em comum, é um conjunto
de vínculos estabelecidos por motivos políticos, econômicos, sociais e culturais. É
formada por Estados, pelos Organismos Internacionais e, Pelas Organizações não
Governamentais (ONGs), e até mesmo empresas num rol exemplificativo, pois
atualmente existem vários atores no Direito Internacional Público que são
significativamente atuantes, e sobretudo pelos homens, como membros atuantes
dentro de cada organização.
A comunidade é definida por Robert Redfield como sendo:

• Um agrupamento distinto de outros agrupamentos humanos, sendo “visível


onde uma comunidade começa e onde ela acaba”;
• Pequena, a ponto de seus limites estarem sempre ao alcance da visão daqueles
que a integram;
• Autossuficiente, “de modo que atenda a todas às necessidades e ofereça as
atividades necessárias para as pessoas que fazem parte dela.” Independente
dos que estão de fora.
4) A sociedade internacional possui quais fontes para a elaboração de
normas internacionais? Explique!
As convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam
regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; o costume internacional,
como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; os princípios gerais de
direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; sob ressalva da disposição do Artigo 59,
as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações,
como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
“As razões que determinam a produção das normas jurídicas, bem como a
maneira como elas são reveladas”. (SOARES, 2004).
5) Existe Estado sem nação? E nação sem Estado? Dê exemplos.

Quanto ao Estado sem nação frisa-se que o Estado possui três elementos
constitutivos, sendo que a falta de qualquer elemento descaracteriza a formação do
Estado. Para o reconhecimento do Estado perfeito se faz necessário a presença do
povo, território e soberania.
Contudo é possível identificarmos grupos étnicos que estão inseridos no
contexto de um Estado-nação, mas que, diante de suas distinções étnicas,
posicionam-se de forma bastante diferente dos demais grupos regidos pelo mesmo
Estado. Alguns dos exemplos mais claros são o País de Gales e a Escócia, que são
reconhecidos na Grã-Bretanha como entidades minimamente independentes por
possuírem aspectos culturais e históricos divergentes do restante do Reino Unido.

Já quanto nação sem Estado partindo do conceito de nação temos que a partir
do conceito de nação em termos gerais, é entendido como “um grupo de pessoas
unidas por laços naturais e portanto eternos (...) e que, por causa destes laços, se
torna a base necessária para a organização do poder sob a forma do Estado
nacional.”*, ou, ainda, como uma “representação de uma 'pessoa coletiva', de um
'organismo' vivendo vida própria, diferente da vida dos indivíduos que o compõem. A
amplitude destas "pessoas coletivas" coincidiria com a de grupos que teriam em
comum determinadas características, tais como a língua, os costumes, a religião, o
território, etc...”.
A exemplo disso temos os seguintes povos que não tem um Estado constituído
ou deteriorado por conflitos a seguem ao logo do tempo, são eles:
Curdos:
Essa é maior nação sem Estado do mundo. A população de origem curda soma mais
de 26 milhões de pessoas, que estão distribuídas nos territórios da Armênia,
Azerbaijão, Irã, Iraque, Síria e Turquia, que abriga mais de 14 milhões. Os curdos
reivindicam a criação de um Estado próprio (entre o norte do Iraque, oeste da Turquia
e noroeste do Irã), denominado Curdistão.
Palestinos:
Os Palestinos ocupam uma área do Oriente Médio. Essa nação, formada por mais de
7 milhões de pessoas, reivindica a criação do Estado Palestino, além da
reincorporação de terras ocupadas por Israel. Os constantes conflitos envolvendo
árabes e israelenses provocaram grandes fluxos migratórios de palestinos para o
Líbano, Síria, Egito e Jordânia, fato que enfraqueceu a luta pela formação do Estado
Palestino. No entanto, a OLP (Organização para Libertação da Palestina) continua
lutando pela autonomia política e territorial dessa grande nação.
Tibetanos:
Formada por aproximadamente 6 milhões de pessoas, a nação tibetana, de tradição
budista, solicita a criação de um Estado próprio em uma região dominada pelos
chineses. A China oprime de forma violenta os movimentos separatistas no Tibete,
além de estimular a emigração de chineses para essa região com o intuito de
enfraquecer a cultura local.
Bascos:
Com mais de 2,3 milhões de pessoas, a nação basca está presente na porção norte
da Espanha e no sul da França. Esse grupo ocupa essa região há mais de seis mil
anos, possuindo língua e cultura própria. O grupo ETA (Pátria Basca e Liberdade)
realizou vários atentados terroristas como forma de pressão ao governo espanhol para
reconhecer a autonomia do País Basco.
Chechenos:
Majoritariamente mulçumanos, o 1,2 milhão de chechenos vivem nas montanhas do
Cáucaso, que é território da Federação Russa. Com a desintegração da União das
Republicas Socialistas Soviéticas, a Chechênia declarou independência em 1991,
entretanto, não foi reconhecida pelos russos, que oprimiram a população local de
forma violenta, realizando massacres, estupros e torturas.
Caxemires:
Habitada por 5 milhões de pessoas (4 milhões de muçulmanos e 1 milhão de
hinduístas), essa região é dominada pela Índia, Paquistão e China. A maioria dos
habitantes (muçulmanos) solicita que o território seja anexado ao Paquistão, no
entanto, os hinduístas são totalmente contrários a tal fato.

Referências:

RODRIGUES, Lucas de Oliveira. "Nação sem Estado"; Brasil Escola. Disponível em


<https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/nacao-sem-estado.htm>. Acesso em 19 de
marco de 2019.

SILVA JUNIOR, Nilson Nunes. “O conceito de Estado”, Mestre em Direito pela


UNIFIEO; Especialista em Direito Tributário pelo IBET/SP; Professor de Direito de
Direito de Administrativo e Tributário da Anhembi Morumbi; Advogado em São Paulo.
Disponível em: < http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo
_id=6742&revista_caderno=9>Acesso em 19 de marco de 2019.

CASELLA, Paulo BorbaManual de direito internacional público/ Paulo Borba Casella.

ACCIOLY, Hildebrando, G. E. N. E Silva, Casella, Paulo B., Manual de Direito


Internacional Público. 19ª Ed. Saraiva 2011

Você também pode gostar