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A NATUREZA

E
A ORIGEM DA MENTE

Bruna Nogueira
• Trata-se de explicar as coisas que deverão seguir-se
necessariamente da essência de Deus, explicada na primeira parte.

• Nem todas essas coisas serão objeto de explicação por parte do


autor, mas tão somente aquelas que podem nos conduzir ao
conhecimento da mente humana e da sua beatitude.

• Conhecimento do corpo/mente humanos e sua relação com a


realidade imanente.

• Dedução da essência humana (proposições 01 - 13).


CORPO
• Definição 1 / Axioma 4 / Proposições 04, 12, 13, 14 / Postulados.

• Definição 1: “Por corpo compreendo um modo que exprime, de uma


maneira definida e determinada, a essência de Deus, enquanto
considerada como coisa extensa”.

• Axioma 4: “Sentimos que um certo corpo é afetado de muitas


maneiras”.

• Corpo humano: porção finita de matéria submetida às leis do


movimento e do repouso que regem o mundo físico.

• Complexidade do corpo: indivíduo extremamente complexo, composto


de vários corpos, cada um dos quais também muito composto.

• É apto a afetar e a ser afetado de diversas maneiras pelos corpos


exteriores, sendo capaz de reter essas afecções, isto é, as modificações
nele causadas por essas interações/encontros.
MENTE
• Definição 3 / Proposições 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 48, 49.

• A mente humana não é um modo finito do pensamento infinito,


determinado exclusivamente pelas leis lógicas e psicológicas que
regem este atributo. A mente humana é uma ideia, a ideia do corpo
humano.

• Complexidade da mente: a ideia que constitui a mente humana


será, necessariamente, composta de várias ideias.

• A mente é apta a perceber um grande número de coisas, numa


aptidão proporcional à de seu corpo a afetar e ser afetado pelos
outros corpos, pois suas percepções serão constituídas a partir das
ideias das afecções do corpo.
INDIVÍDUO

• O que define a individualidade de um corpo composto


qualquer (seja ele humano ou não) é a relação constante
segundo a qual suas partes comunicam seus movimentos
entre si, de tal forma que qualquer variação nos seus
componentes que não destrua esta relação preserva a
composição do indivíduo.

• Compatibiliza permanência e variabilidade - um indivíduo


é uma totalidade em relação às suas partes, mas é ele
mesmo uma parte em relação a totalidades mais
abrangentes, num processo que remonta ao infinito.
• Proposições 7, 12, 13, 14

• Proposição 7: “A ordem e a conexão das ideias é o mesmo que a ordem


e a conexão das coisas”.

• Proposição 12: “Tudo aquilo que acontece no objeto da ideia que


constitui a mente humana deve ser percebido pela mente humana, ou
seja, a ideia daquilo que acontece nesse objeto existirá
necessariamente na mente; isto é, se o objeto da ideia que constitui a
mente humana é um corpo, nada poderá acontecer nesse corpo que
não seja percebido pela mente”.
• E a união da mente e do corpo não é a dupla expressão de uma única
realidade, de uma única modificação da realidade, pois, segundo a tese
do paralelismo, a alma e o corpo são “uma só e mesma coisa expressa
de duas maneiras diferentes” no pensamento e na extensão.

• Em virtude do paralelismo, a complexidade da mente será


proporcional à de seu objeto. Por isso, encontramos também na
segunda parte da Ética um esboço de física, entendida agora no sentido
estrito da ciência geral dos corpos, e alguns postulados referentes à
fisiologia do corpo humano em particular.
• Como a mente humana conhece a si mesma?
- Proposições 23 e 29.
- Proposição 23: “A mente não conhece a si mesma senão enquanto
percebe as ideias das afecções do corpo”.

• Como a mente humana conhece o próprio corpo?


- Proposições 19, 22, 24 e 27.
- Proposição 19: “ A mente humana não conhece o próprio corpo
humano e não sabe que ele existe senão por meio das ideias das
afecções pelas quais o corpo é afetado”.

• Como a mente humana conhece os corpos exteriores?


- Proposições 25, 26 e 31.
- Proposição 26: “A mente humana não percebe nenhum corpo exterior
como existente em ato senão por meio das ideias das afecções de seu
próprio corpo.
• Proposições 40 (demarca quais são o 3 gêneros de
conhecimento), 41, 42, 44 (razão).
• Divisão tripartite dos gêneros de conhecimento.

IMPORTÂNCIA:

TODA A VIDA AFETIVA E ÉTICA HUMANA DEPENDE DA


NATUREZA DO SEU CONHECIMENTO!!
PRIMEIRO GÊNERO DE CONHECIMENTO:
IMAGINAÇÃO

• Percepção sensível e a imaginação (representação das coisas


exteriores como presentes a partir das ideias de suas imagens formadas
no corpo humano).

• Imagens: efeitos da interação do corpo com corpos exteriores


(dependem da natureza dos corpos que nos afetam e da natureza e da
situação do nosso corpo).

• Essas naturezas não são conhecidas verdadeiramente pela imaginação,


pois elas são aí percebidas apenas a partir da maneira como afetam nosso
corpo, isto é, tal como nos aparecem.

• Ideias imaginativas: indicam antes o estado do corpo humano do que a


natureza dos corpos exteriores.
PRIMEIRO GÊNERO DE CONHECIMENTO:
IMAGINAÇÃO

• Exemplo Sol: quando percebemos o Sol como um pequeno disco


próximo da Terra, essa percepção indica a maneira como nosso órgão
visual é de fato afetado pelo Sol, mas não representa a sua
verdadeira dimensão nem a sua verdadeira distância.

• Constata os efeitos ignorando suas verdadeiras causas.

• Conhecer verdadeiramente é conhecer pelas causas: a


imaginação, mesmo sendo dotada de uma positividade ao indicar o
estado atual do nosso corpo, não satisfaz as condições do
conhecimento verdadeiro e é a única causa da falsidade.
SEGUNDO GÊNERO DE CONHECIMENTO
RAZÃO OU NOÇÕES COMUNS

• Constituído apenas por ideias adequadas, isto é, ideias


completas, intrinsecamente verdadeiras e dotadas de uma certeza
matemática apreendida de imediato pela mente.

• Entendimento sobre as noções comuns da natureza

• É o que se chama tradicionalmente de conhecimento.

• Nos faz ultrapassar a imaginação e já nos permite conhecer a


realidade, nascendo a possibilidade de uma prática científica.

• Capacidade de conhecer aquilo que está do lado de fora: não ser


mais apenas o resultado de forças que vêm de fora, podendo
conhecer/esquematizar aquilo que já existe para além de nós.
TERCEIRO GÊNERO DE CONHECIMENTO
INTUIÇÃO OU CIÊNCIA INTUITIVA

• Constituído apenas por ideias adequadas, isto é, ideias completas,


intrinsecamente verdadeiras e dotadas de uma certeza matemática
apreendida de imediato pela mente.

• É o pensamento: é o poder de invenção, criação.

• Objetiva produzir modos de vida: a função é como a da arte, produzir


o novo, mas com rigor (matemático).

• Busca ultrapassar aquilo que é para produzir o novo: novos modos de


vida, outras formas de existir, novas linhas, novas formas de
pensamento, outra arte, outra música, outra educação.

• Necessidade de produzir o novo para que a vida possa passar!

• Objetiva acima de tudo a LIBERDADE!


• Definição 4 / Proposições 29, 36, 39, 40, 46, 47.

• Ideias adequadas:
Com as ideias das propriedades comuns das coisas, presentes nas
partes e no todo. Ex: movimento é uma propriedade comum de todos os
corpos, o conhecimento de suas leis gerais nos permite descrever o
comportamento dos corpos. Com a razão atingimos um conhecimento
universal e necessário. Com as ideias adequadas da ciência intuitiva o
conhecimento verdadeiro alcança a singularidade dos objetos (ideias
as essências singulares das coisas). Por exemplo, as essências singulares
de nossos corpos são conhecidas geneticamente como expressões certas
e determinadas do atributo extensão.

• Ideias inadequadas:
• Provenientes da imaginação (única fonte possível do erro, que na
verdade é privação do conhecimento). Por estar separada do
conhecimento das causas, ela é caracterizada como um conhecimento
parcial, mutilado e confuso.
• Proposições 32, 33, 34, 35, 43.
• Proposição 32: “Todas as ideias, enquanto estão referidas a Deus,
são verdadeiras”.

Conhecer verdadeiramente é
conhecer pelas causas!!

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