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CÁLICES DE FUNDAÇÃO
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 2
2. LIGAÇÃO PILAR-FUNDAÇÃO POR MEIO DE CÁLICE ................................ 4
2.1. Profundidade de penetração do pilar (comprimento de engastamento na base) ..... 5
2.2. Transferência de esforços entre o pilar e a fundação ............................................. 7
2.3. Verificação da punção na base do elemento de fundação ...................................... 10
2.4. Dimensionamento do cálice ................................................................................. 11
2.4.1. Armadura de flexão na parte superior da parede ................................................... 11
2.4.2. Cálculo da armadura longitudinal superior nas paredes longitudinais do cálice 12
......
2.4.3. Cálculo da armadura transversal nas paredes longitudinais do cálice 12
.....................
2.4.4 Cálculo das armaduras de suspensão e secundárias ............................................... 13
2.5. Verificação da biela comprimida .......................................................................... 14
2.6. Detalhes e disposições construtivas ...................................................................... 14
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
PÓS-GRADUAÇÃO EM CONSTRUÇÃO CIVIL
Introdução ao estudo das estruturas pré-moldadas: Cálices de Fundação - Jasson R. Figueiredo Filho / Roberto Chust Carvalho
CÁLICES DE FUNDAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Os elementos de fundação devem ser calculados para resistir à totalidade das forças
normais, horizontais e momentos fletores transmitidos pelos pilares, de acordo com o item 6.4.1
da NBR 9062. Para que isso seja possível, a ligação entre pilares e elementos de fundação deve
ser feita de maneira cuidadosa, pelos seguintes meios principais:
a) por meio de cálice (figura 1);
b) por meio de chapa de base (figura 2);
c) por emenda da armadura com graute e bainha (figura 3);
d) com emenda de armaduras salientes (figura 4).
FIGURA 1. Ligação pilar-fundação por meio de cálice (fig. 4.58, EL Debs, 2000)
Na ligação por meio de chapa (figura 2) ela é devidamente unida à armadura principal
do pilar com chumbadores, porcas e argamassa de enchimento. A chapa da base pode ter as
mesmas dimensões da seção transversal do pilar, possibilitando disfarçar a ligação. O nível e o
prumo do pilar são ajustados com o auxílio de porcas e contra-porcas, e o espaço entre a chapa e
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a fundação é preenchido, após a montagem, com argamassa ou graute. Nesse tipo de ligação é
mais fácil a montagem e o ajuste do prumo.
FIGURA 2. Ligação pilar-fundação com chapa de base (fig. 4.59, El Debs, 2000)
Na ligação por emenda da armadura com graute e bainha (figura 3a), uma das
armaduras, do pilar ou da fundação, deve projetar-se para fora, de modo que na montagem essa
armadura é introduzida em bainha previamente colocada no outro elemento. O espaço entre a
barra e a bainha, bem como entre o pilar e a fundação é preenchido com graute. Neste caso é
necessário manter um escoramento e é maior a dificuldade de efetuar os ajustes para manter o
prumo e outros desvios. Uma variante é mostrada na figura 3b, em que são deixados nichos na
fundação para alojamento da armadura do pilar e posteriormente preenchidos com concreto
moldado no local (CML).
Na emenda com parte da armadura do pilar ficando saliente (figura 4), ela é
emendada mediante solda ou acopladores à armadura saliente da fundação, e posteriormente é
feita a concretagem da emenda. Seu emprego é limitado pelas dificuldades que apresenta na
montagem, principalmente quanto à solda em campo e concretagem da emenda.
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FIGURA 4. Ligação pilar-fundação com armadura saliente (fig. 4.61, El Debs, 2000)
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No caso do elemento de fundação ser uma sapata pequena (figura 7a), a profundidade
recomendada do encaixe do pilar é de 1,1 vezes a maior dimensão da seção transversal do pilar,
valor este sugerido pelas normas soviéticas.
Para sapatas médias (figura 7b), a profundidade do cálice, recomendada pela norma
húngara é de 1,5 vezes a maior dimensão da seção do pilar. Existem regras práticas que sugerem
que a profundidade do encaixe seja de 12 % a 15 % do comprimento do pilar.
No caso de sapatas sujeitas a grandes forças de compressão, o encaixe do elemento deve
ter uma altura maior que 1,5 vezes a maior dimensão da seção do pilar e devem ser previstas
folgas laterais entre o colarinho e as faces do pilar com largura entre 5 cm e 10 cm para facilitar
o emprego de vibradores no adensamento do material de enchimento (figura 7c).
De acordo com os itens 6.2.2.1 e 6.2.2.2 da NBR 9062, o comprimento de engastamento
(profundidade) é função da rugosidade da superfície de contato entre o pilar e o colarinho,
devendo ser compatível com o comprimento de ancoragem da armadura do pilar e nunca
menor que 40 cm (6.2.2.4). Destacam-se duas situações de rugosidade entre as superfícies:
a) Superfícies de contato lisas (figura 8a): o comprimento de engastamento do pilar (Leng) na
fundação deve respeitar os seguintes valores mínimos, permitindo-se interpolação linear para
valores intermediários da relação NM⋅h :
M e
L eng ≥ 1,5 ⋅ h para = ≤ 0,15
N⋅h h
M e
L eng ≥ 2,0 ⋅ h para = ≥ 2,00
N⋅h h
onde:
h = dimensão do pilar paralela ao plano de ação do momento fletor M;
N = força normal atuante no pilar;
e = excentricidade da força normal na direção do plano de atuação do momento fletor M.
b) Superfícies de contato rugosas (figura 8b): se a rugosidade for no mínimo de 1,0 cm em
10,0 cm, os valores do item a) podem ser multiplicados por 0,8, resultando:
M e
L eng ≥ 1,2 ⋅ h para = ≤ 0,15
N⋅h h
M e
L eng ≥ 1,6 ⋅ h para = ≥ 2,00
N⋅h h
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É oportuno destacar que esses valores são inferiores aos recomendados por
LEONHARDT (1978), que são os seguintes (os valores para superfícies lisas correspondem aos
de superfícies rugosas multiplicados por 1,4):
a) Superfícies lisas:
M e
L eng ≥ 1,68 ⋅ h para = ≤ 0,15
N⋅h h
M e
L eng ≥ 2,8 ⋅ h para = ≥ 2,00
N⋅h h
b) Superfícies rugosas:
M e
L eng ≥ 1,2 ⋅ h para = ≤ 0,15
N⋅h h
M e
L eng ≥ 2,0 ⋅ h para = ≥ 2,00
N⋅h h
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FIGURA 9. Esforços atuantes, armadura de suspensão e outros detalhes (fig. 5, NBR 9062)
Ainda de acordo com a NBR9062, item 6.4.6, se houver atuação de momento Md e força
horizontal Hd, permite-se o cálculo do colarinho como consolo ligado (engastado) à parte
inferior do elemento de fundação, admitindo-se a atuação de uma força Hod a uma distância “a”
medida a partir do início do colarinho ou pedestal, com os seguintes valores, correspondentes às
situações a) e b) da figura 9, para superfícies lisas e rugosas, respectivamente, sendo h1 a altura
total do colarinho:
Md
a) H od = + 1,25 ⋅ H d com a = h 1 − 0,167 ⋅ L eng (superfícies lisas)
0,67 ⋅ L eng
Md
b) H od = + 1,20 ⋅ H d com a = h 1 − 0,150 ⋅ L eng (superfícies rugosas)
0,85 ⋅ L eng
Md
b) H d ,inf = + 0,20 ⋅ H d (superfícies rugosas)
0,85 ⋅ L eng
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c) a espessura do colarinho seja maior ou igual a um terço da menor distância interna entre as
paredes do colarinho, respeitado o valor mínimo de 10 cm;
b) as pressões nas paredes mobilizam também forças de atrito entre a base do pilar e a face
interna do cálice;
c) uma parcela da força normal do pilar, pois ela é reduzida ao longo da altura da parede interna
do cálice pelo atrito, é transmitida para o fundo do cálice;
d) as pressões na parede 1 (Hsup, chamada de Hod na NBR 9062) são transmitidas por flexão,
quase em sua totalidade, nos casos usuais, para as paredes 3 e 4, por estas serem mais rígidas
para a transferência dos esforços para a base (figura 10b);
e) as forças nas paredes 3 e 4 são transmitidas para a base do cálice comportando-se como um
consolo (figura 10c);
f) as pressões na parede 2 são quase totalmente transmitidas de forma direta para a base;
g) a força normal que chega ao fundo do cálice tende a puncionar a base, principalmente
quando esta for de pequena espessura, como no caso de sapatas;
h) no caso de rugosidade na parte externa do pilar (base) e na parte interna do cálice, além das
forças de atrito, existe também a transmissão das forças por dentes de cisalhamento;
i) com rugosidade, a força normal do pilar chega à base do cálice distribuída na área
correspondente ao pilar mais o colarinho.
No caso de paredes lisas ocorre flexão nas paredes 1 e 2 devido às pressões do pilar, e é
significativa apenas na parte superior da parede 1, devendo ser prevista nessa região uma
armadura Asl, calculada conforme o item 2.4.1.
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FIGURA 11. Esquema geral das armaduras do cálice (fig. 4.83, El Debs, 2000)
FIGURA 12. Esforços e armadura na parte superior da parede 1 (fig. 4.85, El Debs, 2000)
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Com os momentos fletores calculados com o esquema estático do quadro da figura 12, a
armadura Asl é dimensionada para uma seção com altura igual a largura da parede 1 (dimensão
na direção do plano de atuação do momento fletor, Lpar1 ) e largura (dimensão perpendicular ao
plano de atuação do momento) igual a Leng/3. A armadura deve ser disposta nessa região. A
tensão de contato deve ser limitada a 0,6⋅fcd.
(l c − y)
β = ar c tg
(0,85 ⋅ h ext − h c / 2)
h bie
= 0,15 ⋅ h ext ⋅ sen β
2
H d,sup
Rc =
2 ⋅ cos β
H d ,sup
Fvd = ⋅ tg β
2
FIGURA 13. Comportamento da parede como consolo (fig. 4.86, El Debs, 2000)
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Fvd
A svp =
f yd
0,7 ⋅ N d
A s,sus =
f yd
FIGURA 14. Punção na base e armadura de suspensão (fig. 4.92, El Debs, 2000)
As armaduras construtivas Asv e Ash (figura 11) podem ser determinadas conforme as
indicações para consolos curtos ou muito curtos.
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a) Consolo curto
Rc
σc = ≤ 0,85 ⋅ f cd
h bie ⋅ L par
onde Lpar é a largura da parede (dimensão perpendicular ao plano de atuação do momento fletor).
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FIGURA 15. Armaduras em consolos de grande excentricidade (fig. 4.90, El Debs, 2000)
FIGURA 16. Armaduras em consolos de pequena excentricidade (fig. 4.90, El Debs, 2000)
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FIGURA 17. Armadura na base do pilar com paredes lisas (fig. 4.91, El Debs, 2000)
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