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Dez passos para entender didaticamente como os bancos nos empurrar... http://outraspalavras.net/maurolopes/2016/10/24/dez-passos-para-ente...

Dez passos para entender didaticamente como


os bancos nos empurraram abismo abaixo
Publicado em 24 de outubro de 2016

— O Casamento Desigual (1525-1530), atribuída a um seguidor do artista flamengo


Quentin Metsys,

Em apenas dez passos você poderá entender claramente como os grandes bancos globais, os
verdadeiros detentores do poder no capitalismo, estão empurraram o planeta e em especial 99% de sua
população abismo abaixo. Eu achava que era coisa para economista com muitos anos de estudo, para
experts. Mas, não -ainda bem! A leitura combinada de um entrevista e um artigo veiculados no Outras
Palavras esclarece tudo.

1. Comece pela entrevista do economista norte-americano Michael Hudson clicando aqui -não se
apavore, é curta. Ele é especialista em sistema financeiro e consultor de governos como os da Grécia,
Islândia e China. Ao lê-la, você entenderá o processo de submissão da economia mundial ao sistema
financeiro explicado de maneira simples, direta. O dilema brasileiro atinge todo o capitalismo neste
momento: “Quando se diz ‘pagar os bancos’, o que eles realmente querem dizer é pagar os detentores de
títulos bancários. São basicamente o 1% mais rico. O que estamos vendo realmente neste relatório [do
FMI, nota minha], neste crescimento de dívida, é que o 1% da população detêm aproximadamente 3/4 de
todos os créditos. Significa que há uma escolha: ou você salva a economia, ou você salva o 1% de
perder um único centavo”.

2. Lendo a entrevista você compreenderá (se eu compreendi todos podem!): é ilusão pensarmos que a
PEC 241, que liquida com gastos públicos no país, e a reforma da Previdência são “invenções” dos
golpistas brasileiros; descobrimos com Hudson que as duas políticas (redução brutal dos gastos públicos
e reforma de sistemas previdenciários) são globais, ditadas pelo processo de financeirização do
capitalismo.
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3. O que deixa claro: o golpe não foi um evento nacional, “bananeiro”, mas parte de um processo global
conduzido pelo sistema financeiro e os rentistas de todo o mundo. Há desmonte de políticas públicas e
reformas dos sistemas previdenciários acontecendo em todo o planeta para, como no Brasil, destinar os
recursos públicos para os bancos e o pagamento dos juros das dívidas públicas a eles e aos
rentistas.

4. Há um agrupamento misto de pessoas que se consideram “moderninhas” com gente que tem muita
clareza do que está em jogo que dizem e escrevem: na pós-modernidade a luta de classes teria acabado
e os conceitos de esquerda e direita estariam superados. Não se deixe enganar. A luta de classes está
em um momento dos mais cruentos da história da humanidade e todos os aparatos ideológicos como as
redes de TV, o jornalismo conservador e a indústria do entretenimento estão mobilizados para
desmobilizar os pobres, confundindo-os e vendendo ilusões e mentiras. Se você está no Brasil: pare
imediatamente de assistir a TV Globo e a imprensa golpista. Eles só veiculam mentiras, pois fazem parte
deste grupo de rentistas que quer liquidar os gastos sociais e a Previdência para que os recursos sejam
direcionados todos para eles.Sim, é só disso que se trata: para quem irá o dinheiro.

5. Leia a seguir este artigo de Ranulfo Paiva Sobrinho e Junior Ruiz Garcia, publicado originalmente
no Portal EcoDebate e depois no Outras Palavras. Clique aqui. Entenda como a situação pré-falimentar
do Deutsche Bank aponta a possibilidade de uma crise muito pior a de 2008.

6. Aprenda com os autores, se você não sabe (eu não sabia), como se dá o processo de criação do
dinheiro no sistema bancário. E como os bancos chamados de dealers primários (entre eles o Deutsche
Bank) definem este processo de criação do dinheiro subordinando os governos nacionais e os bancos
centrais. Descubra, espantado, que estes bancos, verdadeiros gigantes de pés-de barro, são dealers
primários de uma série de governos nacionais e podem desencadear um efeito dominó capaz de levar o
mundo a uma crise sem precedentes –ao que tudo indica tal crise, está a caminho. Não é algo de uma
complexidade apenas para economistas! Você e eu podemos entender!

7.Veja sem falta a figura construída por Ranulfo Paiva Sobrinho e você saberá como há um teia de
aparência forte mas de fato frágil que interliga os grandes bancos e os governos dos países capitalistas.
Clique aqui. Melhor ainda, clique no link a seguir e veja a imagem interativa. Na medida em que você
passar o cursor sobre cada banco, verá o tamanho das conexões e ameaças que eles representam para
o planeta:http://bit.ly/2elIPu0.

8. Por fim, saiba o tamanho da encrenca em que o Brasil está metido. Cinco dos dez dealers primários do
Banco Central brasileiro são bancos estrangeiros!

9. Estes bancos, junto com os brasileiros, especialmente Itaú, Bradesco e BTG Pactual (também dealers
primários) empurram a lógica dos juros goela abaixo do país, com apoio dos rentistas e dos meios de
comunicação. Eles muito provavelmente serão tragados num processo de crise global se de fato o
Deutsche Bank quebrar. Os cinco bancos estrangeiros que criam dinheiro no Brasil são: Santander, Bank
of America/Merryl Linch, Credit Suisse/CSB, JP Morgan e Goldman Sachs. Veja a lista na imagem abaixo
(se quiser, veja a lista na própria página do Tesouro Nacional clicando aqui.

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— Dealers primários no Brasil. Fonte: Tesouro Nacional.

10. Agora, faça o seguinte: pegue cada um destes bancos estrangeiros e volte às figuras de Ranulfo logo
acima no item 7: você verá as conexões de cada um destes cinco bancos no dominó financeiro global (se
você for à imagem interativa será simples e surpreendente).

Só a mobilização dos pobres e a união das forças progressistas em cada país e globalmente pode frear
esta ameaça que pesa sobre o Brasil e toda a humanidade.

Esse post foi publicado em Sociedade e marcado Bancos, Capitalismo, Democracia por Mauro
Lopes. Guardar link permanente [http://outraspalavras.net/maurolopes/2016/10/24/dez-passos-
para-entender-didaticamente-como-os-bancos-nos-empurraram-abismo-abaixo/] .

6 IDEIAS SOBRE “DEZ PASSOS PARA ENTENDER DIDATICAMENTE COMO OS BANCOS NOS EMPURRARAM ABISMO ABAIXO”

NANCI AUDI
em 24 de outubro de 2016 às 20:37 disse:

Poderia incluir que esses juros, além de abusivos, estão calculados sobre dívidas fraudulentas,
com contratos ilegais. Pois as pessoas pensam que quem questiona essa dívida é caloteiro. E
falar dos esforços e tentativas de se fazer uma auditoria nesses contratos, que encontram
barreiras intransponíveis.

Mauro Lopes
em 25 de outubro de 2016 às 06:08 disse:

Sim, há uma enorme violência dos bancos na relação com as pessoas. Eles são o que de mais
poderoso há na sociedade hoje.

Waldemar De Gregori
em 25 de outubro de 2016 às 09:33 disse:

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Dez passos para entender didaticamente como os bancos nos empurrar... http://outraspalavras.net/maurolopes/2016/10/24/dez-passos-para-ente...
Falta dizer quem são as pessoas, grupos ou etnias que estão no comando desses bunkers de
bandidos que são os bancos. Vamos apontar-lhes o dedo e o gatilho?

Mauro Lopes
em 25 de outubro de 2016 às 09:42 disse:

Dizer quem são sim! Apontar o gatilho, não! O que precisamos é derrotar a proposta de
sociedade deles, os pobres e seus aliados.

Erdnaldo
em 25 de outubro de 2016 às 12:54 disse:

“A crise fiduciária aberta em 2008 (títulos hipotecários podres na crise do subprime3) foi coberta
nos chamados países industrializados com a emissão desenfreada de moedas e inoculação dos
tesouros públicos em quantidades absurdas no sistema financeiro como um todo. O que se viu
nestes países não foi a retração do Estado; ao contrário, teve papel fundamental no quesito
econômico como agente emulador, ao gradualmente se financeirizar de 2008 até os dias atuais
em clara oposição ao capital real produtivo – talvez como única exceção seja a indústria bélica
que tem sólidas raízes fincadas na economia mundial – o que sempre será o prenúncio de uma
crise sistêmica global e base para o endividamento público.”

José Ruiz
em 25 de outubro de 2016 às 16:48 disse:

A democracia “concedida” pelas elites não tem por objetivo atender as aspirações do povo.. serve
apenas para controlar a pressão, de maneira a manter o trabalhador “satisfeito”, produzindo
conforme os interesses do capital.. isso acontece em praticamente todo o mundo, e é preciso
subverter essa condição..

O povo demanda e as lideranças vão surgindo, mas todas elas, em todos os lugares, acabam
sendo absorvidas ou controladas pelo “establishment” (ou são descartadas)..

Vivemos ciclos de lideranças que são criadas e cooptadas (ou destruídas).. altamente frustrante
porque somos focados em super-políticos salvadores da pátria.. que falham..

A culpa é dos políticos? Não! A culpa é das pessoas, que pensam que o exercício político é um
ato passivo.. as pessoas pensam que indo 1 vez a cada 4 anos votar num político resume a sua
responsabilidade cívica.. esse é o problema..

E para resolver esse problema, é preciso compartilhar o poder com o povo, atualmente uma
exclusividade do “político”..

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É preciso estimular o exercício da política..

Algo mais próximo de uma democracia direta (e que ao mesmo tempo contenha movimentos de
massa – pesos e contrapesos de qualquer democracia)..

Isso me parece óbvio, mas não é consenso, nem entre a galera de esquerda supostamente
revolucionária.. porque não estão atentos à mudança de comportamento que a internet produziu
na raça humana.. muitos são tecnofóbicos..

A verdadeira revolução está na forma como as pessoas interagem com o estado.. embora seja
fundamental a intermediação do político, é preciso fazer valer o poder do povo..

Não devemos desprezar uma solução nesse sentido, já que existe uma enorme demanda e temos
tecnologia para implementar algo assim..

A minha sugestão é uma coisa chamada parlamentarismo online.. eu quero manifestar minha
opinião em tempo real, inclusive com direito a arrependimento, e quero que a soma de todas as
opiniões seja, de fato, o poder em nossa sociedade..

Se você pudesse hoje acessar o site do congresso nacional e re-avaliar todos os parlamentares
que ali estão, o que faria? E se pudesse, trocaria algum?

Isso é quase como “fazer política sem intermediários”..

Então, estamos esperando o quê para investir nessa ideia?

O que vc acha?
https://www.facebook.com/groups/setimarepublica/

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