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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
tensões e deformações em aterros estaqueados capitéis moldados in loco de 0,8 x 0,8 x 0,35m
reforçados a partir de um aterro estaqueado e aterro com 1,3m de altura.
experimental construído no Rio de Janeiro. As estacas utilizadas eram pré-moldadas de
Após a validação do modelo numérico concreto de seção quadrada com 0,18 x 0,18m e
proposto, o mesmo foi utilizado para a capacidade estrutural de 35kN, atingindo
simulação da obra do SESC/SENAC, a qual profundidades entre 16 e 20m. Toda a área
possui configuração semelhante à seção do experimental foi reforçada por uma geogrelha
modelo numérico validado. bidimensional de resistências nominais
longitudinal e transversal iguais a 200kN/m e
rigidez variando entre 1.200 e 1.400kN/m
2 CASO DE ESTUDO (Spotti, 2006).
Foram realizadas escavações com 1m de
A área experimental do aterro estaqueado profundidade abaixo do trecho instrumentado
reforçado localiza-se na Sede Nacional do para acelerar a mobilização de cargas do
SESC/SENAC no Rio de Janeiro – RJ e foi sistema e, conseqüentemente, a obtenção rápida
monitorada por cerca de 190 dias por SPOTTI dos resultados do monitoramento. Um trecho da
(2006). seção experimental 1 não foi escavado para
O perfil típico da região da obra é efeito de comparação com os valores medidos
constituído por uma camada superficial de turfa na área escavada.
com 1 a 2m de espessura sobrejacente a uma O monitoramento da seção experimental 1,
camada de argila orgânica muito mole com consistiu em três placas de recalque, uma célula
espessura variando de 2 a 13m. Sob a camada de tensão total e onze medidores de
argilosa encontra-se uma camada de solo deformações, conforme apresentado na Figura
arenoso e de solo residual. Ensaios de 1.
caracterização indicaram um depósito de baixa
resistência e alta compressibilidade com
umidade elevada, variando de 100 a 500%.
A área experimental monitorada estava
localizada no fundo do terreno, região com uma
camada de argila orgânica muito mole com 10m Figura 1. Esquema da seção experimental 1 modelada.
de espessura. O aterro estaqueado reforçado na
área experimental atingiu alturas entre 1,1 e
1,3m e foi construído em um período de 3 MODELAGEM NUMÉRICA
aproximadamente 35 dias.
A construção do aterro sobre a área 3.1 Considerações Gerais
experimental foi realizada em algumas etapas
de carregamento. A primeira etapa consistiu em Os estudos numéricos realizados respeitaram a
uma camada de areia com 0,20m de espessura seqüência construtiva do aterro, simulando a
para proteção dos equipamentos de compactação das camadas, o tempo de
instrumentação e as camadas seguintes eram construção e a espessura de cada camada.
compostas por aterro de primeira categoria O cálculo das tensões in situ foi realizado
(silte arenoso, pouco argiloso) com 0,30m de pelo procedimento através do coeficiente de
espessura, compactado com rolo pé-de-carneiro empuxo no repouso K0 disponibilizado pelo
CA25 e selagem com rolo liso a 95% do PLAXIS v8.2. com introdução de valores de K0
Proctor Normal (Spotti, 2006). pelo usuário. Este coeficiente foi calculado em
A seção modelada numericamente foi a função do ângulo de atrito φ pelas equações 1 e
seção experimental 1. Esta seção apresentava 2 a seguir, para solos normalmente adensados e
uma configuração tridimensional com pré-adensados, respectivamente:
espaçamento de 2,5m entre os eixos das estacas,
K 0 = 1 − senφ (1)
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Tabela 3. Parâmetros dos aterros novo, pré-existente e bastante inferiores aos resultados da
camada drenante. instrumentação na placa PR 03. A maior
Aterro Pré- Camada
Parâmetro Aterro Novo
Existente Drenante
diferença foi observada no modelo TC0, 23,8%
do valor lido no campo. Os modelos TCM e
γ (kN/m³) 18,0 18,0 17,5
CIC apresentaram recalques iguais a 52,8% e
c' (kPa) 1,0 1,0 0 72,2%, respectivamente, do valor medido no
φ' (°) 49 35 35 campo.
k x = ky
2,592.10-3 2,592.10-3 1,0
(m/dia) 1,50
TC0
Recalque (m)
-0,25
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CIC apresentaram uma tensão máxima ao final capitéis. Este trecho possui configuração
da construção do aterro correspondente à 33% e semelhante à da obra do aterro estaqueado do
500% da tensão medida pelo transdutor, SESC/SENAC.
respectivamente. Como o objetivo de comparar os resultados
A seção 1 do aterro experimental foi da simulação numérica foram realizadas
instrumentada com medidores de deformação análises da seção 1 da área experimental não
instalados diretamente na geogrelha. Calculou- escavada. Analisando os recalques experimental
se analiticamente a deformação a partir da e numéricos (Tabela 6), observa-se que os
tração numérica mobilizada no reforço e da deslocamentos verticais foram bastante
rigidez do reforço. satisfatórios para os modelos TCM e CIC. Para
Os resultados (Figura 5) são compatíveis o modelo TC0, o valor obtido corresponde a
com os valores de recalque e de tensões 20% do valor medido no campo.
observados nos três modelos de construção
numéricos. O modelo de construção numérico Tabela 6. Recalques numéricos e experimental.
TC0 apresentou valores de deformação da Campo Simulação Numérica
geogrelha aumentando linearmente com o Placa de Recalque
Modelo de Construção
alteamento do aterro até o máximo de 0,9%. No Numérico
modelo TCM foi verificado o mesmo PR 04 TC0 TCM CIC
comportamento com deformação máxima de 0,10m 0,02m 0,08m 0,10m
3,7% ao final da construção do aterro. No
modelo CIC as deformações foram bastante Adicionalmente, foram realizadas análises
elevadas atingindo até 6,3%, em decorrência do numéricas considerando 2 e 3 anos após o final
efeito da compactação na simulação numérica. da construção do aterro estaqueado reforçado.
Os resultados indicam que o recalque observado
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(0,10m) praticamente se estabilizou dois anos
MD 01
6
MD 02 após o término da construção do aterro
MD 03
estaqueado reforçado, não sendo registrado um
Deformação da Geogrelha (%)
5 MD 05
MD 09
MD 06
acréscimo no deslocamento vertical.
4
MD 10
MD 07
3
MD 08
MD 11
2 MD 12 6 CONCLUSÕES
TC0
1 TCM
CIC
Este trabalho apresentou a validação de um
0
Medidor de Deformação1e Simulação Numérica modelo numérico a partir de um aterro
experimental monitorado. As análises foram
Figura 5. Comparação entre as deformações analíticas e
experimentais.
realizadas utilizando o programa PLAXIS v8.2,
o qual modelou de forma consistente o
Comparando os valores de deformação comportamento do aterro estudado.
calculados analiticamente com os valores do Analisando todos os resultados registrados
monitoramento (Figura 5), verifica-se que nos da modelagem, sugere-se como modelo de
modelos TCM e CIC a deformação analítica foi construção numérico mais adequado para
superior à deformação de campo. Já no modelo simular o processo construtivo de um aterro
TC0, a deformação calculada foi inferior a estaqueado reforçado o modelo TCM, apesar
praticamente todos os valores do campo. deste modelo mascarar o efeito de conjunto em
relação à tensão.
A partir das simulações numéricas, algumas
5 MODELAGEM DO CASO REAL conclusões podem ser apresentadas:
(i) A modelagem da argila mole segundo o
A seção experimental 1 possuía um trecho modelo constitutivo Hardening Soil simulou de
onde não foi realizada a escavação entre os forma adequada o comportamento tensão-
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