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São 175 As Espécies Ameaçadas de Extinção No Livro Vermelho Dos Vertebrados de Portugal
São 175 As Espécies Ameaçadas de Extinção No Livro Vermelho Dos Vertebrados de Portugal
Portugal
São 175 as espécies ameaçadas de extinção no Livro Vermelho dos
Vertebrados de Portugal, publicado em 2005. Passados 12 anos, como está a
vida selvagem portuguesa? Neste Dia Mundial da Vida Selvagem, a Wilder
falou com três conservacionistas para saber o que aconteceu a cinco espécies:
lobo-ibérico, lince-ibérico, águia-imperial-ibérica, abutre-preto e saramugo.
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e eliminar os fatores de ameaça não é fácil.” Apesar do crescimento deste
predador no Centro do país ter estagnado, o especialista adianta que “no
Gerês e em Montesinho a situação está estável, tal como entre o Douro e o
Tejo, em que o número de lobos aumentou, vindos de Espanha para Portugal”.
Os casos mais preocupantes são “a zona de Vila Real e Chaves, em que o
número de lobos, infelizmente, continua a decrescer”.
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Mas ainda que a população de linces esteja a aumentar gradualmente, o
problema não está resolvido. “As estimativas revelam sucesso, mas a
preservação do lince implica uma redução ainda maior das principais ameaças,
que ainda se mantêm e são difíceis de prever. Ainda temos um longo caminho
a percorrer.”
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presas silvestres. Estas foram desaparecendo por causa da perseguição direta,
envenenamento ilegais e perda de habitat”.
O especialista identifica os abutres como “aves oportunistas”. “Apesar da
diminuição de espécies predadas em território português, este abutre acabou
por se adaptar ao ambiente de escassez e optou por outras alternativas
alimentares, acabando por usufruir de carcaças de gado, como ovelhas e
cabras.”
A falta de alimento não foi a principal causa de diminuição do abutre à época,
mas sim a perseguição. “Antigamente, na Península Ibérica, a perseguição das
espécies predadoras e necrófagas era incentivada pelo Estado. Eram usados
venenos, na altura algo legal. Por exemplo, uma das funções dos guardas
florestais era eliminar por todos os meios possíveis o máximo de predadores.
Acreditava-se que estes punham em causa os bens e os interesses da
população. Esta mentalidade e maneira de agir persistiram durante longos
anos. Um dos primeiros passos na preservação dos abutres foi a ilegalização
destes métodos”, conta.
Numa primeira fase de conservação da espécie, o Estado deixou, segundo
este biólogo da LPN, “de apoiar a perseguição e a utilização de venenos e
armadilhas, considerando tudo isso ilegal. Posteriormente, prossegue Eduardo
Santos, “o trabalho principal consistiu numa alteração de mentalidades, que
ainda hoje se faz. Em 2010, no Alentejo, começou um projeto de proteção que
pôs em prática medidas como campos de alimentação, ninhos artificiais e
protocolos de proteção com locais que permitiram fixar animais. Tudo isto levou
a que, pela primeira vez em mais de 40 anos, os animais procriassem com
sucesso nessa zona”.
Em 2010, quatro indivíduos de colónias de abutre-preto espanholas
atravessaram a fronteira e reproduziram, com sucesso, em Portugal. “Esse
pequeno núcleo tem vindo a aumentar e somam-se agora aproximadamente 13
casais nessa mesma zona fronteiriça”, confirma Eduardo Santos.
O projeto no Alentejo já trouxe louros para a proteção das espécies. “Temos
quatro casais dos quais nasceram duas crias, já adultas. Estas reproduções
são uma vitória, pois a recuperação desta espécie é fruto de muitos esforços
realizados entre Portugal e Espanha.”
No final da década de 1970, o abutre preto estava reduzido a poucas centenas
de exemplares. Estima-se que, entre Portugal e Espanha, ultrapasse hoje os
dois mil casais.
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Hoje, o saramugo é “uma das espécies de peixe de água doce mais
ameaçadas do país e da Península Ibérica”, afirma Rita Alcazar, mas “só agora
começou a ser preservada”.
Além da predação, “a poluição, a construção de grandes barragens e a
exploração de recursos hídricos também têm contribuído muito negativamente
para a vida desta espécie”.
Desde 2014 está no terreno o projecto LIFE Saramugo que, segundo Rita
Alcazar, “visa reabilitar habitats de abrigo, alimentação e reprodução de
saramugo, e ainda sensibilizar o público para as questões de conservação da
ictiofauna endémica e dos habitats ribeirinhos a que a espécie está associada”.
E acrescenta que o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas
(ICNF) tem criado “uma reserva de exemplares de peixes em cativeiro para
garantir que, caso a espécie desapareça na natureza, exista a salvaguarda em
cativeiro, para que um dia seja, possivelmente, recolocada na natureza”.
Como as medidas de preservação do saramugo são recentes e o trabalho
desenvolvido nesse âmbito é novo, Rita Alcazar considera ser “muito cedo para
saber se dará resultado”, mas confessa-se optimista.
A preservação de animais em vias de extinção tem efeitos, de modo geral,
demorados e avaliáveis apenas a longo prazo. Especialmente a sensibilização
da sociedade.
“A informação e o entendimento das espécies, das suas necessidades e da sua
realidade, são ferramentas essenciais na salvação das mesmas e na melhoria
das suas condições”, defende Francisco Petrucci-Fonseca.
Rita Alcazar partilha a mesma opinião e sublinha que “a sensibilização não é
um trabalho fácil e pode ser bastante demorado”.
Eduardo Santos acrescenta que considera necessário transmitir dados e
conceitos corretos às pessoas. “Muitas vezes diz-se que um animal está extinto
ou quase extinto quando não é correto dizê-lo. Uma espécie só é declarada
extinta quando não haja registo, na natureza, nos últimos 50 anos”, conclui.
Atualmente, o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal tem 175 espécies
classificadas nas três categorias de Ameaça: Criticamente Em Perigo, Em
Perigo e Vulnerável. Dessas 175, há 22 espécies de peixes, duas de anfíbios,
nove de répteis, 111 de aves e 31 de mamíferos. Mas já são muitas as pessoas
que trabalham para baixar estes números.
https://www.wilder.pt/historias/cinco-especies-que-lutam-pela-sobrevivencia-em-portugal/