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O estudo desenvolvido por Brown (1973) assinala que não devemos supor
que costumes sejam peculiares a uma determinada tribo, pois o mesmo costume pode ser
observado em outras tribos ao redor do mundo. No seu estudo, ele foca nas tribos
baThonga, os Nama e os Toga, destacando suas semelhanças e as comparando. O autor
faz generalizações afirmando que
Nesse trecho pode-se observa uma espécie de conduta geral cristalizada no tange a
maioria das sociedades primitivas.
O costume não teria chamado a atenção de teorizadores sociais até então, pois
para ela ele constituía a própria lente utilizadas por eles sem as quais eles não poderiam
ver. Isso porque a vida moderna colocou diversas civilizações em contato, sendo que no
período que ela escrevia a manifestação latente que predominava era a ebulição do
nacionalismo e o “snobismo racial”. De maneira poética ela diz “nos orgulhamo-nos das
nossas vistas desempoeiradas” (Idem, p. 23), sem conseguir compreender as diferenças
nos hábitos culturais, de não conseguir obter prazer nas relações humana com outros
povos, ou sequer gozar da confiança deles.
Continuando a falar sobre costume, ela da o exemplo que uma criança asiática
criada em uma família Ocidental aprenderá o idioma do país que estiver, vai brincar e
agir como outras crianças e pensará nas mesmas profissões que elas. Sendo assim, a
cultura não poderia ser um complexo a ser transmitido por via biológica. Para Ruth
(2000), estudar as sociedades primitivas era importante por conta das formas e dos
processos culturais, para entender o que é específico de um local e o que é geral à
Humanidade.
Ele faz uma crítica à corrente evolucionista que prevaleceu durante uma
década na antropologia, sendo alguns de seus expoentes Spencer, Morgan e Tylor. A
perspectiva evolucionista acreditava que todo o gênero humano passava por um processo
de evolução geral da cultura de maneira simular. Isso se daria por conta do curso da
história ter leis predeterminadas, aplicadas em qualquer raça ou povo. A crítica de Boas
à essa mentalidade vai no sentido de que ela deveria ter “um alto grau de estabilidade de
trações culturais, tal como são aparentemente observados em várias tribos primitivas” (p.
42).
O método que o autor propõe para o estudo das culturas é observar mudança
na sociedade que possam ser observadas na contemporaneidade. Essa proposta vai de
encontro a não tentar buscar compreender problemas de desenvolvimento geral da
civilização até que não já se tenha esclarecimento o suficiente sobre os processos que
ocorrem no nosso dia-a-dia. Ele faz essa provocação por conta de não acreditar que as
hipóteses formadas por alguns antropólogos se verifiquem na realidade da maioria dos
povos do mundo.
A partir da exposição das ideias centrais de Brown, Benedict e Boas, podemos
observar que os três autores compreendem a antropologia de maneira distinta uns dos
outros. Enquanto Brown estava preocupado em entender a função de determinados entes
familiares nas estruturas de um povo, uma vez que acreditava que cada um desempenha
um papel social de engrenagem na estrutura. Ruth Benedict, por outro lado, tentará
interpretar a cultura a partir do conceito de costume, o qual para ela é fundamental que
seja compreendido antes de serem desempenhados outros estudos na antropologia. Já
Franz Boas irá debater com os métodos empenhados nos estudos das sociedades
destacando a falta de consistência do método comparativo e etnológico de alguns
pesquisadores.