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Teorias Literárias PDF
Teorias Literárias PDF
LITERÁRIAS
LETRAS LIBRAS | 47
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TEORIAS LITERÁRIAS
PESQUISE:
Para ampliar seus conhecimentos sobre os
significados da palavra literatura, consulte AGUIAR
E SILVA, Vitor Manuel de. Teoria da Literatura. São
Paulo: Martins fontes, 1976. Disponível em:
http://www.ufrgs.br/proin/versao_1/aguiar/index.
html. Consulte também o verbete Literatura em um
dicionário e/ou um site de busca/pesquisa.
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UNIDADE 1
GÊNERO ÉPICO
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Na pintura vê-se uma mulher lendo um livro. O livro apresenta uma história. Esta história é contada
por alguém. O narrador é quem conta uma história.
Atenção: O narrador é responsável pelos valores transmitidos ao longo do enredo. Mas, o narrador
não é o escritor. O narrador não pode ser confundido com quem escreve um texto literário
Das Dores é isso, só isso - boazinha. Não possui outra qualidade. É feia, é
desengraçada, é inelegante, é magérrima, não tem seios nem cadeiras
nem nenhuma rotundidade posterior; é pobre de bens e de espírito; é
filha daquele Joaquim da Venda, ilhéu de burrice ebúrnea - isto é dura
como o marfim. Moça que não tem por onde se lhe pegue fica sendo
apenas isto - boazinha.
Só tem uma coisa a mais que as outras - cabelo. A fita da sua trança
toca-lhe a barra da saia. Em compensação, suas idéias medem-se por
frações de milímetro, tão curtinhas são. Cabelos compridos, idéias curtas
- já o dizia Schopenhauer.
O conto fala de uma moça. Essa moça se chama Das Dores. Ela é a personagem do conto. Quem
fala sobre Das Dores é o narrador. O narrador não participa da história. Mas, dá opiniões sobre Das Dores.
Na teoria Literária classifica-se o narrador que não participa da história de heterodiegético.
Reflita: O narrador diz que Das Dores é uma pessoa sem muita inteligência. Será que ele precisaria
citar Schopenhauer para dizer isso? Schopenhauer é um filósofo. Você sabe o que faz um filósofo? Você
conhece Schopenhauer?
Agora vamos ler um fragmento do romance O triste fim de Policarpo Quaresma do escritor Lima
Barreto:
Como lhe parecia ilógico com ele mesmo estar ali metido naquele
estreito calabouço? Pois ele, o Quaresma plácido, o Quaresma de tão
profundos pensamentos patrióticos, merecia aquele triste fim? (...)
Não estava ali há muitas horas. Fora preso pela manhã, logo ao erguer-
se da cama; e, pelo cálculo aproximado do tempo, pois estava sem
relógio e mesmo se o tivesse não poderia consultá-lo à fraca luz da
masmorra, imaginava podiam ser onze horas
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O romance tem muitos personagens. O personagem central é Policarpo Quaresma. A história gira
em torno dele. Ele é o protagonista. O narrador fala sobre o protagonista, o que acontece com ele, sobre
seus pensamentos e etc. O narrador não participa dessa história. O narrador é heterodiegético.
Leiamos outro fragmento. Desta vez do romance São Bernardo do escritor Graciliano Ramos.
O romance São Bernardo fala da vida de Paulo Honório. Paulo Honório é um personagem. Ele é o
protagonista. Ele é quem narra sobre sua vida. Paulo Honório também é o narrador. O narrador, que é
Paulo Honório, participa da história. Na teoria literária, classifica-se o narrador que participa da história e é
protagonista de narrador autodiegético. Se o narrador é uma personagem, mas não é o protagonista a
teoria literária o classifica como narrador homodiegético.
Resumo da lição:
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REFLITA
Você já sabe o que é o protagonista. O protagonista é o
personagem principal. Você também já sabe o que é o
narrador. O narrador é quem conta a história. Agora releia
com calma e atenção o fragmento do conto Cabelos
Compridos do escritor Monteiro Lobato. Das Dores é uma
protagonista? Por quê? É Das Dores quem narra a história?
Discuta com os seus colegas.
Agora é
sua vez O Projeto Nupill disponibiliza na internet a íntegra do romance O triste
fim de Policarpo Quaresma. Caro aluno surdo e ouvinte, acesse o link a
seguir e procure ler esta, que é uma obra representativa da literatura
brasileira: http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/quaresma.html. Há
também uma adaptação fílmica deste romance. Você pode assisti-lo no
you tube e, assim, complementar o seu entendimento acerca do
enredo.
PESQUISAR:
O texto de Lima Barreto aborda um período importante da
história do Brasil. O romance O triste fim de Policarpo
Quaresma é uma crítica a esse período histórico brasileiro.
Pr
Procure na internet informações a esse respeito e amplie o seu
conhecimento.
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UNIDADE 2
GÊNERO DRAMÁTICO
O gênero dramático é feito para ser representado no teatro. Os personagens agem. Os
personagens são responsáveis pelo desenvolvimento da ação. Por isso, o texto dramático não precisa de
um narrador para contar a história. A base do texto dramático é o diálogo. No texto dramático os
personagens dialogam entre si e desenvolvem a ação.
Vamos ler um trecho da peça O pagador de promessas de Dias Gomes.
Zé
Rosa para também, junto dos degraus, cansada, enfastiada e deixando já entrever uma
revolta que se avoluma.
Rosa
Zé
Rosa
Esperar? Aqui?
Zé
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Rosa
(Olha com uma raiva e vai sentar-se num dos degraus. Tira o sapato). Estou com cada bolha
d’agua no pé que dá medo.
Zé
Eu também (Num ricto de dor, despe uma das mangas do paletó.). Acho que meus ombros
estão em carne viva.
Zé
(Convicto) Não era direito. Quando eu fiz a promessa. Não falei em almofadinhas.
Rosa
Então: se você não falou, podia ter botado; a santa não ia dizer nada.
Zé
Não era direito. Eu prometi trazer a cruz nas costas, como Jesus. E Jesus não usou
almofadinhas.
Este fragmento que você acabou de ler é um diálogo entre Zé-do-Burro e sua esposa, Rosa. Eles
são personagens. O diálogo entre Zé-do-Burro e Rosa não precisa ser apresentado por um narrador. O que
diferencia o gênero dramático dos demais gêneros é a ação associada à predominância quase que absoluta
de diálogos.
Outra característica do gênero dramático é o conflito. O conflito é a oposição entre forças. Essas
forças/vontades acreditam na legitimidade de suas ações. O gênero dramático se desenvolve a partir do
choque entre duas vontades, gerando o conflito dramático.
No caso da peça O Pagador de Promessas, a vontade de Zé-do-Burro é de cumprir sua promessa. A
promessa é a de colocar uma cruz no altar da igreja de Santa Bárbara. A promessa foi feita em um terreiro
de Candomblé. Para o padre da igreja de Santa Bárbara, a promessa de Zé-do-Burro não é legitima porque
não foi feita de acordo com o ritual católico. O padre representa o ponto de vista da igreja católica.
Percebe-se um conflito: Zé-do-Burro quer colocar a cruz dentro da igreja e o padre não quer deixar.
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Zé
(Em desespero.) Mas, padre, eu prometi levar a cruz até o altar-mor! Preciso cumprir a minha
promessa!
Padre
Fizesse-a então numa igreja. Ou em qualquer parte, menos num antro de feitiçaria.
Zé
Eu já expliquei...
Padre
Zé
Padre...
Padre
Um ritual pagão, que começou num terreiro de candomblé, não pode terminar na nave de
uma igreja!
Zé
Padre
Zé
Padre, eu não andei sessenta léguas para voltar daqui. O senhor não pode impedir a minha
entrada. A igreja não é sua, é de Deus!
Padre
Zé
Padre
(Para o Sacristão.) Fecha a porta. Quem quiser assistir à missa que entre pela porta da
sacristia. Lá não dá para passar essa cruz. (Entra na igreja.)
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Resumo da lição:
Agora é
com
você
Muitas obras literárias dos gêneros épico e dramático viraram
filme. Pesquise na internet e descubra informações sobre quais
textos literários foram adaptados para o cinema. Afinal, os
filmes que são adaptados podem ajudar o aluno surdo e ouvinte
a conhecer um pouco mais uma determinada obra literária.
ATENÇÃO
Os filmes que se baseiam em uma obra literária nunca são
iguais às obras literárias. As obras literárias sempre passam
por alguma adaptação. Filmes não são iguais a obras
literárias, porque cinema não é literatura. Literatura é um
tipo de arte e cinema é outro tipo de arte.
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UNIDADE 3
GÊNERO LÍRICO
O gênero lírico também é chamado de poesia. O gênero lírico se diferencia dos demais gêneros por
uma voz poética que é chamada de eu - lírico. A voz poética do eu - lírico não é a voz do autor/escritor. O
eu - lírico, portanto, não deve ser confundido com o escritor de um poema.
A voz poética do eu - lírico é fictícia/criada. O eu - lírico fala de sentimentos, emoções. Portanto, eu
- lírico é uma voz poética que fala de sentimentos e emoções como amor, ódio, alegria, tristeza, angústia,
prazer, dor e etc., ou seja, tende a manifestar o interior do ser humano.
Vamos ler o poema O que fizeram do Natal do poeta Carlos Drummond de Andrade.
Natal.
O sino longe toca fino,
Não tem neves, não tem gelos.
Natal.
Já nasceu o deus menino.
As beatas foram ver,
encontraram o coitadinho
( Natal)
mais o boi mais o burrinho
e lá em cima
a estrelinha alumiando.
Natal.
As beatas ajoelharam
e adoraram o deus nuzinho
mas as filhas das beatas
e os namorados das filhas,
mas as filhas das beatas
foram dançar black-bottom
nos clubes sem presépio.
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O poema fala do Natal. O Natal é uma festa cristã. O dia de Natal é feriado. As pessoas devem
celebrar o nascimento de Jesus. O eu-lírico observa que essa tradição não é seguida pelas novas gerações.
As pessoas mais jovens vão dançar em clubes. Elas esqueceram do nascimento de Jesus. Elas esqueceram o
verdadeiro motivo do Natal.
Você já comemorou o Natal? Você conhece pessoas que se lembram do nascimento de Jesus? Você
conhece pessoas que aproveitam o Natal só para beber e dançar?
A voz poética do eu-lírico não é a voz do escritor, como já falamos. É a representação da
interioridade, de um sentimento. O poema emite a visão individual de mundo do eu-lírico. Ao mesmo
tempo, essa voz é produzida socialmente. Isto significa que os valores são objetivos.
Nesse sentido pense: As pessoas hoje em dia não comemoram mais o Natal como antigamente,
esse fato é determinado historicamente, por motivos diversos. A voz do eu-lírico expressa seus sentimentos
diante deste fato, ao mesmo tempo em que é uma voz que expressa certos valores que são determinados
por questões históricas e sociais.
Agora leia o poema Versos de Natal do poeta Manuel Bandeira.
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Resumo da lição:
Você acabou de estudar os gêneros literários. A forma como os textos são apresentados sinaliza a
que gênero literário pertence cada texto. Essas são as formas mais comuns que representam os
textos literários e seus respectivos gêneros. Nem sempre as formas são suficientes para distinguir
um gênero literário de outro. Por isso é muito importante identificar as principais categorias
distintivas entre cada gênero.
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UNIDADE 4
MISTURA DE GÊNEROS
Os textos literários são divididos em três gêneros: gênero épico, gênero dramático e gênero lírico.
Essa divisão é uma convenção. Um gênero pode possuir características de outro gênero. Para compreender
à qual gênero literário pertence um determinado texto é preciso identificar a principal característica
distintiva do mesmo.
Leia o conto Nossa amiga do escritor Carlos Drummond de Andrade.
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- E a outra de onde você veio?
- Também.
- Quantas casas você tem?
- Esta e aquela.
- De qual você gosta mais?
- Que é que você vai me dar?
- Nada.
- Gosto da outra.
- Tem aqui esta pessegada, esta bananinha...
- Gosto desta casa! Gosto de você!
Não é gulodice nem interesse mesquinho... Será antes prazer de sentir-se cortejada, mimada.
Esquece a merenda para ficar na sala, de mão na boca, olhando os pés estendidos, enquanto
alguém lhe acarinha os cabelos.
Nem tudo são flores, no espaço entre as duas residências. Há Catarina e Pepino.
Catarina foi inventada à pressa, para frustrar certa depredação iminente. Os bichos de cristal
na mesinha da sala de estar tentavam a mão viageira. Pressentia-se o momento em que as
formas alongadas e frágeis se desfariam. Na parede, esquecida, preta, pousara uma bruxa.
- Não mexa nos bichinhos.
Mexia.
- Não mexa, já disse...
Em vão.
- Você está vendo aquela bruxa ali? É Catarina.
- Que Catarina?
- Uma menina de sua idade, igualzinha a você, talvez até mais bonita. Muito mexedeira, mas
tanto, tanto! Um dia foi brincar com o cachorrinho de vidro, a mãe não queria que ela
brincasse. Catarina teimou, mexeu e quebrou o cachorrinho. Então, de castigo, Catarina virou
aquela bruxinha preta, horrorosa. Para o resto da vida.
A mão imobiliza-se. A bruxa está presa tanto na parede como nos olhos fixos, grandes,
pensativos. Entre os mitos do mundo (entre os seres reais?) existe mais um, alado,
crepuscular, rebelde e decaído.
Pepino tem existência mais positiva. Circula na rua - a rua é o espaço entre as duas quadras,
repleto de surpresas - geralmente à tarde. Vem bêbado, curvado, expondo em frases
incoerentes seus problemas íntimos. Pegador de crianças.
- Vou embora para minha casa. Você vai me levar.
- Mas você mora tão pertinho...
- E Pepino?
- Pepino não pega ninguém. Ele é camarada.
- Pega, sim. Eu sei.
- Pois eu vou dar uma festa para as crianças desta rua e convido Pepino. Você vai ver se ele
pega.
- Eu não vou na festa.
- Você é quem perde. Vem Elzinha, Nesinha, Heloísa, Alice, Maria Helena, Lourdes, Bárbara,
Édison, Careca, João e Adão. Pepino vai dançar para as crianças. Você, como é uma boba, não
toma parte.
- Até logo!
Sai voando, a porta fecha-se com estrondo. Da varanda, ainda se vê o pequeno vulto
desgrenhado.
- Espere aí, você não tem medo do Pepino?
- Não. Estou zangada com você.
Com a zanga, desaparece o temor. Seria realmente temor? Gosta de ser acompanhada, para
dizer à mãe, quando chega em casa:
- Espia quem me trouxe.
Volta meia hora depois, penteada, calçada, vestido limpo.
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- Espia minha roupa nova. Meu sapato branco.
- Mas que beleza! Onde você vai?
- Vou na festa.
Para tomar banho e trocar de vestido, é necessário que se anuncie sempre uma festa, jamais
localizada ou realizada, mas que opera interiormente sua fascinação. Não há pressa em ir
para ela. A merenda, a conversa grave com pessoas grandes, estranhamente preferidas a
quaisquer outras, o brinquedo personalíssimo com o primeiro encontro do dia - um carretel, a
galinha que salta do carrinho de feira - fazem esquecer a festa, se não a constituem. E resta
saber se o enganado não será o adulto, que sugere terrores ou recompensas fantasiosas. Nas
campinas da imaginação, esse galope de formas - será a verdade?
Senta-se no corredor, e com uns panos velhos, lápis vermelho, pedrinha, qualquer elemento
poetizável, representa para si só a imemorial história das mães.
- Comadre, seu filhinho como vai?
- Tá bom, comadre, e o seu?
- Tá com dedo machucado e dodói na barriga. Vai tomar injeção.
- Então vou dar no meu também.
Perguntas e respostas, recolhidas em conversas de adulto, saem da mesma boca
inexperiente. O objeto que serve de filho é embalado com seriedade. A doença existe,
existem os sustos maternais. Mas tudo se desfaz, se acaso um intruso vem surpreender a
criação, tirada em partes iguais da vida e do sonho, e que os prolonga. Assim pudesse a mãe
antiga tornar invisível seu filho, ante os soldados de Herodes.
O conto Nossa amiga pertence ao gênero épico. O conto tem um narrador que conta a história. O
conto tem uma personagem que é Luci Machado da Silva. Mas, ele possui características do gênero
dramático. Perceba os diálogos entre os personagens.
O narrador relata os acontecimentos. Mas, o narrador também expressa um sentimento. É um
sentimento comum às mães. O amor pelo filho, refletido no desejo de protegê-lo de tudo. Perceba que
para falar do sentimento comum às mães o narrador faz referência a um fato bíblico mencionado no
evangelho de Mateus (Mt 2, 16): o massacre dos meninos de Belém, ordenado por Herodes.
Agora leia o Soneto de luz e treva do poeta Vinicius de Moraes
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O poema apresenta um conflito. O conflito é percebido nas oposições luz X treva; Oxalá velho X
Inhansã; signo de capricórnio X signo de libra. O eu-lírico opõe-se a “Ela”. Esta oposição é um traço do
gênero dramático presente no poema.
O eu-lírico fala dEla. Ela é uma personagem. Personagens são característicos do gênero épico.
Portanto, a presença dEla, personagem, é um traço do gênero épico presente no poema.
Resumo da lição
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UNIDADE 5
FORMA
A forma do texto literário é muito importante. Na poesia não é diferente. A forma do poema está
ligada ao conteúdo do poema. A forma apresenta /comunica ideias, amplia o sentido do que se quer dizer.
A forma enriquece o significado do conteúdo.
O poema se compõe de estrofes e versos. A estrofe é a reunião de versos.
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O poema Retrato de Cecília Meireles apresenta a forma tradicional. É composto de versos e
estrofes. Tem uma linearidade que obedece a sintaxe.
Poesia concreta
A poesia concreta tem sua origem no Brasil. Três poetas iniciaram o movimento concretista. Eles se
chamam Décio Pignatari, Haroldo de Campos e Augusto de Campos.
A poesia concreta propõe o poema-objeto, o que significa que o poema se realiza na sua
construção, no seu modo de fazer. Em outras palavras a forma é que informa.
A poesia concreta utiliza-se de múltiplos recursos: acústico, visual, carga semântica da palavra, o
espaço tipográfico, a disposição geométrica dos vocábulos na página.
A poesia concreta quebra com a tradição da forma poética, ao negar o verso tradicional. A poesia
concreta caracteriza-se pela possibilidade de leituras múltiplas.
Ou seja, a poesia concreta caracteriza-se por inovação formal e maior proximidade com outras
manifestações artísticas.
A poesia concreta busca a essência da palavra, a palavra por si, na sua materialidade.
A poesia concreta aproxima-se do imediatismo da comunicação visual.
Veja o poema
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As letras (tipografia) que compõem cada uma das palavras procuram comunicar o campo
semântico dessas palavras. Por isso a letra da palavra luxo é enfeitada (tem curvas) enquanto a letra da
palavra lixo não é enfeitada (sem curvas).
Essas palavras têm significados opostos. Mas, na medida em que o poeta forma a palavra LIXO a
partir da palavra LUXO, esses significados se unem e se complementam. Então, não há lixo sem luxo e
também não há luxo sem lixo. Lixo é um luxo e luxo é um lixo. Se você tira qualquer uma das palavras, a
outra deixa de existir.
Neste poema a forma informa, sendo uma crítica ao consumo excessivo da sociedade. Um
consumo desnecessário e que gera lixo.
O tamanho das palavras também apresenta uma ideia. Pequenos luxos geram um grande lixo.
REFLITA:
A literatura pode levar a pessoa a refletir. A Literatura pode
estimular uma percepção diferenciada da realidade. Diante
das afirmações, você já parou para pensar na relação entre o
luxo e o lixo? Você saberia da um exemplo de um luxo que
gera lixo? Você contribui no seu dia a dia para uma situação
como a que o poema evidencia? Reflita! Discuta com os seus
colegas!
f o r m a
r e f o r m a
d i s f o r m a
t r a n s f o r m a
c o n f o r m a
i n f o r m a
f o r m a
É um poema concreto. Portanto sua forma visual é muito importante. A forma informa.
Se você olhar em um dicionário, vai ler os seguintes significados para as palavras:
Forma: configuração, molde.
Reforma: formar de novo, melhorar, aprimorar, reconstruir.
Disforma: dis = separação, negação (da forma); remete a deforma: alterar uma forma.
Transforma: dar nova forma, modificar.
Conforma: conciliar, harmonizar.
Informa: Comunicar, participar.
As palavras como estão no poema, portanto, apresentam a seguinte ideia:
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Uma forma inicial é modificada. Ela é muito modificada. Então, não se reconhece a forma original.
Acontece uma transformação. A transformação/modificação resulta em uma nova forma. Então, a nova
forma passa a ser conhecida.
A nova forma pode significar um novo início. Por isso o poema tem uma forma que se assemelha a
um círculo. O movimento de transformação da forma, que gera uma nova forma, pode se repetir. Ideia
reforçada pela possibilidade de se ler o poema de baixo para cima.
Retrato auto-retrato
Vamos associar esta mensagem que o poema apresenta/mostra a partir de sua forma com obras de
arte. Vamos considerar o retrato.
O retrato ou auto-retrato (self-portrait) tradicionalmente é a pintura que representa as pessoas.
Você vê a pintura e reconhece a pessoa retratada. O retrato ou auto-retrato é considerado uma arte
figurativa.
Veja a seguir uma foto do escritor Mário de Andrade:
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A imagem a seguir é uma pintura – retrato – de Mário de Andrade feita pelo pintor Cândido
Portinari.
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A pintura a seguir é uma pintura de Salvador Dalí feita por ele mesmo. Veja:
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Resumo da lição:
Bem, terminamos por aqui nossos estudos, mas lembrando que na teoria literária, onde se
pretende um estudo sistematizado das obras literárias, há inúmeras abordagens que pressupõem conceitos
e formulações básicas, estabelecendo-se assim, um conhecimento acerca do literário.
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