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FTC – Faculdade de Tecnologia e Ciência

ESTUDO DA ACEITAÇÃO DE PLANTAS


MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS (PMF) NO SUS,

EM CAMAMU (BA)

Autor: Vilmar Oliveira Barbosa

Orientadora: Prof(a). Alessandra Guedes

Salvador/2008
1

ESTUDO DA ACEITAÇÃO DE PLANTAS


MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS (PMF) NO SUS,
EM CAMAMU (BA)

AUTOR:

Vilmar Oliveira Barbosa

ORIENTADORA:

Prof. Alessandra Guedes

Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado como avaliação
para a disciplina Iniciação a Prática
Científica.
2

ABREVIATURAS

AIS Ações Integradas de Saúde

ANVISA Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

CEME Central de Medicamento

CFM Conselho Federal de Medicina

CIPLAN Comissão Interministerial de Planejamento e Coordenação

CNS Conselho Nacional de Saúde

MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial de Saúde

ONG Organização não Governamental

PMF Plantas Medicinais e Fitoterápicos

PNPIC Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no


SUS

PNPMF Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos

PPPM Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais

PSF Programa de Saúde da Família

REMUME Relação Municipal de Medicamentos

RENAME Relação Municipal de Medicamentos

RENAME-FITO Relação Nacional de Medicamentos Fitoterápicos e Plantas


Medicinais

SINPAS Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social

SUDS Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde

SUS Sistema Único de Saúde

SVS Secretaria de Vigilância Sanitária

USF Unidade de Saúde da Família


3

TABELA DE GRÁFICOS E TABELAS

DESCRIÇÃO PAG

TABELA 01 – Perfil dos pacientes usuários do SUS, Camamu – Bahia,


36
Janeiro de 2008
TABELA 02 – Prevalência dos Locais de acesso aos
medicamentos\remédios dos pacientes usuários do SUS, 37
Camamu – Bahia, Janeiro de 2008.
TABELA 03 – Utilização de Plantas Medicinais (PM) com finalidades
Terapêuticas, dos pacientes usuários do SUS de Camamu 38
(Ba), Janeiro de 2008.
GRÁFICO 01 – Usuários do SUS de Camamu-BA que atenderiam ou não a
recomendação/prescrição médica de Plantas Medicinais como 39
finalidades terapêuticas, em Janeiro de 2008.
GRÁFICO 02 – Motivos pelos quais os usuários do SUS de Camamu–BA
atenderia a recomendação/prescrição médica de Plantas 40
Medicinais,em Janeiro de 2008
GRÁFICO 03 – Motivos pelos quais os pacientes usuários do SUS de
Camamu-BA NÂO atenderiam a recomendação/prescrição 40
médica de Plantas Medicinais, em Janeiro de 2008
GRÁFICO 04 – Conhecimento dos Usuários do SUS de Camamu-BA sobre
41
FITOTERAPIA, em Janeiro de 2008.
GRÁFICO 05 – Conceitos dos Usuários do SUS de Camamu-BA sobre
42
FITOTERAPIA, em Janeiro 2008.
GRÁFICO 06 – Opção dos Usuários do SUS de Camamu-BA entre
Fitoterápicos e Medicamentos Sintéticos/Semi-sintéticos, 43
Janeiro de 2008.
TABELA 04 – Perfil dos Médicos Prescritores do SUS de Camamu-BA, em
44
Janeiro de 2008.
TABELA 05 – Relatos dos Médicos Prescritores do SUS de Camamu-BA,
sobre o seu conhecimento Terapêutico das Plantas Medicinais 44
e Fitoterápicos (PMF), em Janeiro de 2008.
TABELA 06 - Relatos dos Médicos Prescritores do SUS de Camamu-BA,
sobre a comunidade assistida, com relação ao uso de Plantas 45
Medicinais e Fitoterápicos (PMF), em Janeiro de 2008.
TABELA 07 – Relatos dos Médicos Prescritores do SUS de Camamu-BA,
com relação à Prescrição\Indicação de Plantas Medicinais e
46
Fitoterápicos (PMF) com finalidades Terapêuticas, em Janeiro
de 2008.
GRÁFICO 07 – Motivos pelos quais os Médicos do SUS de Camamu – Ba
prescreve ou não Plantas Medicinais e Fitoterápicos, em 46
Janeiro de 2008.
TABELA 08 – Opções Terapêuticas dos Médicos do SUS de Camamu-BA,
47
em Janeiro de 2008.
GRÁFICO 08 – Principais justificativas dos Médicos Atendentes do SUS de 48
4

Camamu-BA, para implantação de Fitoterapia no SUS, em


Janeiro de 2008
TABELA 09 – Indicações das Espécies Botânicas para Grupos Terapêuticos
Farmacológicos, assinalados pelos Médicos do SUS de 49
Camamu-BA, em Janeiro de 2008.
5

RESUMO

Desde as décadas de 1970 para 1980, o Brasil vem discutindo meios de


disponibilizar de modo racional Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PMF), como
terapia complementar, para a população. Diante do insucesso de muitos programas
e do avanço da utilização popular, OMS publicou em 2002 a “Estratégia da OMS
sobre medicina tradicional”, no qual incentivou ao Brasil a publicar em 2006 a
Política Nacional de Praticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e influenciou a
criação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que deliberam
diretrizes para incorporação e implementação de alguma praticas tradicionais para a
população, assim como incluí-las no processo. Diante de tais discussões no Brasil, o
presente trabalho tem como objetivo verificar a aceitação de PMF no Sistema Único
de Saúde (SUS), como terapia complementar em Camamu (Bahia). O estudo
proposto é descritivo, de natureza quantitativa, com delineamento transversal, sendo
realizado através de aplicação de questionários semi-estruturados para 411 usuários
do SUS de Camamu e 07 médicos que atendem no sistema. Tendo como resultados
a aceitação de 94,1% dos usuários do SUS entrevistados e 100% dos médicos,
justificado parte dos usuários por ser uma terapêutica natural (não tem química) com
17,7% dos que aceitariam e 14,5% referenciam ao poder curativo das plantas
medicinais. Enquanto que a maior parte dos Médicos argumentou o baixo custo da
terapia (33,3%), baixa reação adversa (16,7%), pelo poder terapêutico (16,7%) e
terapia alternativa (16,7%). Analisando os dados, constatou que os usuários do SUS
e os profissionais médicos de Camamu aceitam Plantas Medicinais e Fitoterápicos
(PMF) como terapia complementar ou alternativa para as morbidades. Sendo,
portanto necessário uma melhor conscientização e capacitação, tanto dos usuários
quanto dos médicos, com relação à terapia com PMF, para que a possível
implantação de Programa ou Projeto no SUS de Camamu seja efetiva e funcional.

Palavras chaves: Fitoterapia, Plantas Medicinais, SUS, Atenção Primária


6

ABSTRACT

Since decades of 1970 to 1980, Brazil comes debating ways to do available rationally
Medicinais Plants and Phytopharmaceuticals (PMF), as a completing therapy to the
population. Ahead of the failure of many programs and the advance of the popular
use, WHO published in 2002 the “Strategy of the WHO on traditional medicine”, that
stimulated Brazil to publish in 2006 the National Politics Integratives and
Supplementaries’s Practices (PNPIC) and influenced the National Politics of
Medicinais Plants and Phytopharmaceuticals creation, that deliberate lines of
direction for incorporation and implementation of some traditional practices to the
population, as well as including them in the process. Ahead of such discussions in
Brazil, the purpose of the present study was to verify the acceptation of PMF in the
Single System of Health (SUS), as completing therapy in Camamu (Bahia). The
study in question is descriptive, of quantitative nature, with transversal delineation,
being did through application of half-structured questionaries for 411 Camamu’s
SUS’s users and 07 doctors who attend in the system. Considering as resulted the
acceptation of 94,1% SUS´s interviewed users and 100% of the doctors, justified by
the users to be a natural therapeutic (without chemistry) with 17,7% of that would
accept and 14,5% indicate the curative power of the medicinal plants. While most of
the doctors argued the low cost of the therapy (33,3%), low adverse reaction
(16,7%), for the therapeutic power (16.7%) and alternative therapy (16.7%).
Analysing the data, it evidenced that SUS’s users and the medical professionals of
Camamu accept Medicinais Plants and Phytopharmaceuticals (PMF) as a completing
or alternative therapy for the morbidades. Therefore, it’s necessary a better
awareness and qualification, as much of the users how much of the doctors, with
regard to the therapy with PMF, to that the possible implantation of Program or
Project in the Camamu’s SUS is functional and effective.

Key Words: Phytotherapy, Medicinais Plants, SUS, Primary Attention


7

SUMÁRIO

Abreviaturas i
Tabela de Gráficos e Tabelas ii
Resumo iv
Abstract v
1. Introdução 13
2 - Revisão Bibliográfica 15
2.1 – O Uso da Fitoterapia no Brasil 15
2.1.1 – A CEME e o Programa de Pesquisa de
18
Plantas Medicinais
2.2 – Políticas Públicas em Fitoterapia na Atenção
20
Primária
2.2.1 – Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares no Sistema Único de 25
Saúde
2.2.2 – Política Nacional de Plantas Medicinais e
27
Fitoterápicos
3. Justificativa 30
4. Objetivo Geral 31
4.1 Objetivos Específicos 31
5. Materiais e Métodos 32
5.1 Tipo de Estudo 32
5.2 População e Área 32
5.3 Amostragem e Critério de Seleção 33
5.4 Instrumento de Investigação 34
5.5 Definições de Variáveis 34
5.6 Plano de Analise 35
6. Resultados 36
6.1 Resultados dos Usuários do SUS 36
8

6.2 Resultados dos Médicos Assistentes do SUS 43


7. Discussão 50
8. Considerações Finais 59
9.Referências 61
Anexos
Questionário ao Usuário do Sistema Único de Saúde
Questionário do Prescritor (Médico)
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
9

1. INTRODUÇÃO

O Brasil vem discutindo, desde década de 1970, meios de re-disponibilizar de forma

racional Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PMF), como terapia complementar para

a população, incentivado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a partir de

discussões e criações de programas com esta temática (SCHEFFER et al, 2006).

O Governo Federal, em 1983, iniciou pesquisas em PMF, com o Programa de

Pesquisa de Plantas Medicinais (PPPM), pela extinta Central de Medicamentos

(CEME), que foi o estimulo para surgimento de grupos ou programas que

disponibilizasse PMF como terapia complementar em todo o país (BRASIL,

2006a;BRASIL, 2006b).

Diante do insucesso de muitos projetos e do avanço da utilização popular de

produtos de origem natural e outras terapias alternativas, sem regulamentação,

investimento e acompanhamento, a OMS publicou em 2002 a “Estratégia da OMS

sobre medicina tradicional”, que recomenda a criação de políticas publicas para

PMF, incentivando o uso racional, a integração destas terapias na atenção primária

e a pesquisa (OMS, 2002).

Em resposta as diretrizes da OMS, o Brasil publicou em 2006 a Política Nacional de

Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC), que delibera diretrizes

para incorporação e implantação de algumas praticas tradicionais que a população

vem usufruindo (Acupuntura, Homeopatia e PMF) no SUS. Tais ações objetivam o

uso de destas terapias de forma racional, com qualidade, eficiência e segurança,


10

além de envolver a comunidade dentre outras iniciativas já existentes. (BRASIL,

2006a)

Ainda em 2006, o MS publica a Política Nacional de Plantas Medicinais e

Fitoterápicos (PNPMF), que estabelece a complexidade da produção, pesquisa e

uso de PMF, discutindo o trabalho interministerial que a envolve. Fomenta também a

inserção da comunidade nesta prática, principalmente na agricultura familiar local,

para o desenvolvimento sustentável. (BRASIL, 2006b)

A aplicação das praticas integrativas e complementares no SUS (dentre elas o uso

de PMF), e sua sustentabilidade, vem sendo estudadas, em decorrência do alto grau

de complexidade e paradigmas que norteiam a temática. Uma das estratégias

utilizadas foi delinear suas ações e efetivar as diretrizes propostas na PNPIC e

PNPMF, fora recorrer a experiências de programas e projetos, já existentes

(BRASIL, 2006c).

O presente trabalho pretende verificar a aceitação de PMF no Município de

Camamu, no baixo sul da Bahia, a 335 km da capital Salvador. Camamu é uma

cidade com 32.172 habitantes, com uma renda média R$223,48, oriunda muita

vezes da agricultura, pois é predominantemente zona rural e apresenta região rica

em biodiversidade (IBGE,2008).
11

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 – O Uso da Fitoterapia no Brasil

A utilização de plantas com finalidades terapêuticas advém de datas muito antigas, a

qual vem sendo aprimorada em todo o mundo no transcorrer dos

tempos.(BARRETO et al, 2006). Especula-se que esta utilização é decorrente das

observações das primeiras civilizações, quando os animais utilizavam plantas com

finalidades terapêuticas, incorporando então a tradição humana. (DE OLIVEIRA et

al, 2008)

No Brasil além dos reprimidos conhecimentos dos índios, os jesuítas europeus

trouxeram suas técnicas e experiências com Plantas Medicinais e Fitoterápicas

oficialmente em 1540, por iniciativa de Inácio de Loyola, os quais disponibilizavam

para população (CALINHO et al, 2006). Em virtude de inúmeros contratempos,

dentre eles o transporte das espécies vegetais para o Brasil, os jesuítas tiveram de

aderir as experiências empíricas dos índios e africanos aqui presentes (CALINHO et

al,2006).

Foram Jesuítas os responsáveis por disseminar no Brasil as boticas, que além de

produtos vegetais, manipulava produtos farmacêuticos de origem mineral e animal.

Durante todo o século XVI, as Boticas eram o referencial terapêutico de atenção

primária de saúde, juntamente com as Santas Casas de Misericórdia (FERNANDES,

2004a).
12

Com o aumento das boticas, e a redução da qualidade do produto oferecido,

fizeram-se necessárias leis que regulamentasse os estabelecimentos e as

atividades, pois já então ocorriam vendas de produtos naturais em armazém e de

forma fetiches (fentiçarias), criando então a figura do boticário (MARQUES and

PETROVICK et al, 2006).

Na busca aprimoramento dos saberes, de entender o empirismo e torná-lo cientifico,

os boticários em 1818 começaram a fazer pesquisa dos seus materiais de trabalho,

com curso de botânica (FERNANDES, 2004a). Entretanto com a inserção do curso

de Farmácia em 1830, o boticário teve um campo de atuação limitado, e como a

matriz curricular deste novo profissional era mais embasada e especializada, levou o

decorrer do tempo a uma substituição das boticas para farmácias, para manipular as

receitas medicas (FERNANDES, 2004a).

Com o advento dos medicamentos sintéticos, produzido em maior escala e

conseqüentemente da Indústria, na década de 1920, a utilização de plantas para fins

terapêuticos gerou desconfiança, em virtude de não está elucidado a concentração

de substância ativa, seu mecanismo de ação, controle físico-químico de

estabilidade, dentre outros fatores (SCHENKEL, 2004).

Nas legislações vigentes na época, principalmente a 1ª Edição da Farmacopéia

Brasileira (1929), não existiam estas informações, pelo fato de não serem

pertinentes, o que levou o governo a revisar a Farmacopéia, que reduziu em

dezenas o numero de plantas medicinais presentes da 1ª Farmacopéia, alem de

criar Leis e normas que regulamentasse o setor (MARQUES and PETROVICK et al,

2006).
13

Diante da dificuldade de acesso ao medicamento na segunda Guerra Mundial,

difundiu-se no mundo a indústria farmacêutica e com ela a descoberta de novos

fármacos (FERNANDES, 2004a). E para os locais menos favorecidos e de difícil

localização, predominava o uso de medicina tradicional, com ela o uso de plantas

medicinais e fitoterápicos, que favoreceu o seu reconhecimento terapêutico à

população cientifica e social (DE ÁVILA-PIRES,1995).

O domínio da utilização de produtos farmacêuticos industrializados em todo mundo,

foi fortemente abalado com o problema da talidomida, quando em 1962, milhões de

recém nascido apresentava deformações decorrentes do uso do medicamento

(FONTE, 2004). Tal fato gerou a desconfiança da população, o que levou aos

órgãos fiscalizadores a publicar leis que obrigasse aos laboratórios farmacêuticos a

fazer estudos de segurança e eficácia e riscos potenciais na sua utilização

(SCHENKEL, 2004).

Nos anos 1970, o movimento hippie e a desconfiança dos produtos farmacêuticos

sintéticos/semi-sintéticos, levam a população a regressar à terapia natural e menos

agressiva ao organismo. Observando este crescente uso, a OMS – Organização

Mundial de Saúde reconheceu na declaração de Alma-Ata, em 1978, as

propriedades curativas, profiláticas, paliativas e de diagnósticos de Plantas

Medicinais e estimula sua aplicação no âmbito sanitário (MS, 2001).

Incentivado, o Brasil publica a portaria nº212 do MS, em 1981, com a pretensão de

suprir a carência de investigação clínica das plantas medicinais, e disponibilizar tais

serviços à saúde (OLIVEIRA et al, 2006; BRASIL, 2006c). Isto favoreceu para a

criação do Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais (PPPM), no ano seguinte


14

em 1982, pela então CEME – Central de Medicamentos, vinculada ao MS (BRASIL,

2006c).

2.1.1 – A CEME e o Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais

Instituída em 25 de junho de 1971, pelo então Presidente Emílio Garrastazu Médici,

a CEME – Central de Medicamentos teve a função de produzir medicamento nos

laboratórios oficiais e disponibilizar a população com baixa renda. Tinha como meta

estruturar uma Política Nacional de Medicamentos, diminuir gradativamente a

importação destes e produzi-los no território nacional (FERNANDES, 2004b).

Depois da criação, a CEME passou a ser em 1975 um órgão autônomo do Ministério

da Previdência Social, pelo decreto nº 75.985/75, transferindo posteriormente para o

Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), através do decreto

nº 81.972/78. Finalmente vinculou-se ao MS em 1985, pelo decreto nº 91.439/85, até

sua extinção 1998, que ocorreu pela Lei nº 9.618/98, ocorrendo à fragmentação de

suas atividades, sendo distribuídas pelos setores do MS (BRASIL, 2006c).

No transcorrer dos seus 27 anos, a CEME foi mais uma iniciativa governamental em

Pesquisa e Desenvolvimento para obtenção, geração e distribuição de

medicamentos para população, através de investimentos nos laboratórios oficiais

(modernizando para produção de medicamentos de forma racional) e indústrias

privadas nacionais (adquirindo produto e direcionando desenvolvimento das

necessidades farmacológicas nacionais), para cumprir tais metas (DE SANT’ANA

and ASSAD, 2004).


15

Na sua estrutura, continha dois programas com maior destaque na linha da

pesquisa: o Programa de Nacionalização de Fármacos (PNAF) e o Programa de

Pesquisa de Plantas Medicinais (PPPM). Criado em 1983, o PNAF tinha como

objetivo o desenvolvimento interno de processos de síntese de matérias-primas

químico-farmacêuticas e incluí-las na Relação Nacional de Medicamento (RENAME),

criada pela própria CEME (BRASIL, 2006c).

Já o PPPM surge em novembro de 1982, fruto do “Encontro sobre Plantas

Medicinais”, promovido pela própria CEME, com as presenças de especialistas e

dirigentes da comunidade cientifica, instituições governamentais, laboratórios

privados e agencias de fomento (DE SANT’ANA and ASSAD, 2004), com o intuito de

desenvolver pesquisa para validação de espécies botânicas usadas popularmente,

como terapia alternativa e complementar e incluí-las na RENAME (BRASIL, 2006c).

No transcorrer da execução do PPPM, foram selecionadas pelo menos 74 espécies

vegetais, para comprovação das possíveis finalidades terapêuticas (BRASIL, 2006c),

contudo não se sabe em certo os resultados do programa, por perdas de

documentos no seu arquivamento. Já na década de 90, em comemoração pelos dez

anos do programa, a PPPM publicou um informativo divulgando os estudos clínicos,

pré-clínicos e toxicológicos de 28 plantas, confirmadas ou não tais atividades

(BRASIL, 2006c).

A primeira publicação cientifica do PPPM sobre suas pesquisas, foi à falta de

atividade hipnótica do Capim-Santo (Cymbopogon citratus) em 1985, sendo

posteriormente publicada a atividade antibacteriana e analgésica do seu óleo

essencial (BRASIL, 2006c). Em 1988, houve divulgação dos efeitos da Espinheira


16

Santa (Maytenus ilicifolia), uma das poucas espécies que a PPPM e a CEME

encaminharam, sem sucesso, para a disponibilização à população (BRASIL,

2006c). O programa PPPM foi extinto em 1997, pela medida provisória 1576/97 (DE

SANT’ANA and ASSAD, 2004).

A CEME investiu cerca de US$ 7.158.192,27 em 114 projetos, envolvendo 24

instituições, reunindo mais de 50 pesquisadores. Oito espécies estavam em fase

final de estudo – espinheira santa (Maytenus ilicifolia), quebra-pedra (Phyllanthus

niruri), guaco (Mikania glomerata), alho (Allium sativum), maracujá (Passiflora

edulis), sete-sangrias (Cuphea aperta), capim-cidrão (Cymbopogon citratus) e

embaúba (Cecropia glazioui). Entretanto, somente quatro foram retomadas, por

instituições de ensino e pesquisa, sendo três destas em parcerias com laboratórios

privados. Decorrente o grande potencial de cura e o retorno que tais plantas trariam

para instituição. (DE SANT’ANA and ASSAD, 2004)

2.2 – Políticas Públicas em Fitoterapia na Atenção Primária

Nos últimos trinta anos, ocorreram grandes construções de Políticas Públicas de

normatização para se disponibilizar Plantas Medicinais e Fitoterápicos nos serviços

públicos de atenção primária. Tais fatos iniciaram, quando em 1978 houve seu

reconhecimento pela OMS, na declaração de Alma-Ata, no qual inspirou à

publicação da Portaria Nº 212/81 de pesquisa Clinica em plantas medicinais e em

1982 a implantação do Programa de Pesquisa de Plantas Medicinais, pela CEME.

Em março de 1986 realizou-se a marcante 8ª Conferencia Nacional de Saúde, em

Brasília (DF), que levou a mudança do conceito de Saúde Publica no Brasil,


17

iniciando o movimento a reforma Sanitária (TOMAZZONI, 2004). Em seu relatório

final, foi declarada a possibilidade de introduzir práticas alternativas no serviço

publico, como mais uma opção terapêutica ao usuário do sistema (MS, 2001).

No ano seguinte, a Assembléia Mundial de Saúde, deu ênfase ao relatório de Alma-

Ata (1978), completando o discurso que se refere a Plantas Medicinais, para

desenvolver programas na área (MS, 2001). Além disto, discutiu um segundo fator

que seria o controle de qualidade, incentivando o desenvolvimento tecnológico e de

boas praticas, para ser aplicado nos programas, garantindo sua segurança e eficácia

(DE LA CRUZ et al, 2005).

A Reforma Sanitária culminou no Brasil com a elaboração da Constituição Federal,

em outubro de 1988, que no seu conteúdo cria o Sistema Único de Saúde (SUS),

deliberando suas atividades fundamentais, mandando então o conceito de

tratamento em Saúde no Brasil (TOMAZZONI, 2004).

Houve neste mesmo ano varias publicações da Comissão Interministerial de

Planejamento e Coordenação (CIPLAN), na área de terapia alternativa e

complementar nos serviços de saúde, aqui então representada pelo Sistema

Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) ou nas Ações Integradas de Saúde

(AIS) (BRASIL, 2006c). No caso de Fitoterapia, a Resolução nª 08 da CIPLAN de

1988, foi quem regulamentou esta prática, disponibilizando uma nova terapia à

população, através de instituições publicas, sociais e privadas (SCHEFFER et al,

2008).
18

Surge em todo país a partir desta primeira regulamentação, grupos que

desenvolvem a fitoterapia nas unidades primarias, cada qual com suas próprias

características peculiares, com relação seu formato, logística e práticas (DE

OLIVEIRA et al, 2008). Estes grupos são muitas vezes idealizados e formatados por

instituições de ensino superior, tais como o trabalho de Professor Matos no Ceara,

com as Farmácias Vivas®, que atualmente é referencial no Brasil, a respeito à

temática.(MATOS,1994)

Em 1990 o movimento da reforma sanitária do Brasil, tem uma grande vitória que

seria a Lei 8.080, que cria e regulamenta o sistema universal, integrado, igualitário,

descentralizado de saúde, o SUS – Sistema Único de Saúde (BRASIL, 1990),

estruturando um sistema amplo, pela necessidade de efetivar o direito apresentado

na constituição, dispondo no seu conteúdo sobre a organização básicas das ações e

serviços de saúde, quanto à direção, gestão, competências e atribuições de cada

esfera de governo no SUS (BRASIL, 1990).

A atividade de Fitoterapia é então reconhecida pelos médicos brasileiros, através do

Conselho de Medicina juntamente com o MS, somente no ano de 1991, com o

parecer nº06/91(MINISTERIO DA SAUDE, 2001). Através do parecer de nº 04, de

janeiro de 1992, o Conselho Federal de Medicina (CFM), reconhece a fitoterapia

como método terapêutico, sinalizando a necessidade do acompanhamento da

vigilância Sanitária (BRASIL, 2006c).

Para favorecer as atividades do SUS, o governo cria em 1994 o PSF – Programa de

Saúde da Família, com atividade de saúde primária, tendo ação direta na sociedade,

seja na unidade seja na própria casa, e com intuito de maior resolutividade e


19

efetividade dos serviços (SECRETARIA DE POLÍTICAS DE SAÚDE, 2000). O PSF é

um programa aberto às novas práticas e se molda aos determinantes sociais da

comunidade assistida, isto facilita à implantação de atividades como a Fitoterapia,

como ocorreu nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará (SCHEFFER et al,

2008).

Ainda em 1994 foram criadas, pelo MS, duas Subcomissões da Comissão

Permanente da Farmacopéia Brasileira para elaborar monografias sendo uma de

Plantas Medicinais e outra de Fitoterápicos (DE OLIVEIRA et al,2008). Visto que as

edições anteriores tinham um elavdo numero de espécies botânicas, mas muitas

delas sem um amplo respaldo cientifico. O que fez diminuir em mais de 50% o

numero de Plantas com atividade terapêutica. (DE OLIVEIRA et al,2008)

Outra comissão criada em 1994, foi o Grupo de Estudos de Produtos Fitoterápicos,

pela Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS), que auxiliou Portaria nº06/1995, que

normatiza o registro de produtos Fitoterápicos no SVC, como suscitado pela CFM.

Favoreceu também a criação da CONAFIT – Subcomissão Nacional de

Assessoramento em Fitoterapia, em 1998, que subsidiou as atividades e

intervenções da SVS na área de Fitoterapia, e promoveu grandes discussões e

publicações cientificas e normativas (MS, 2001)

A 10ª Conferencia Nacional de Saúde, em setembro de 1996, em Brasília, deliberou

a implantação de práticas alternativas no SUS, enfatizando a homeopatia,

acupuntura e a fitoterapia (TOMAZZONI, 2004). Incentivou ainda, a implantação da

Fitoterapia na Assistência Farmacêutica, a normatização das atividades, e interação

das classes e populações envolvidas. (MS, 2001; BRASIL, 2006c)


20

A partir de 1998, houve ciclo de elaboração e criação de políticas públicas, para

regulamentar e estruturar a jovem Republica Brasileira, que de forma direta ou

indireta contribuem para pratica da Fitoterapia no SUS; destacando-se a Política

Nacional de Medicamentos, em 1998, que incentiva a ciência e tecnologia na fauna

e flora brasileira; Política Nacional de Assistência Farmacêutica, Política Nacional de

Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, Agenda Nacional de Prioridades de

Pesquisa em Saúde, todas em 2004; Política Nacional de Práticas Integrativas e

Complementares, Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, em 2006.

(BRASIL, 2006b; BRASIL, 2006c)

As discussões ocasionadas pelas políticas públicas instituídas até então

favoreceram para a criação do Programa Nacional de Plantas Medicinais e

Fitoterápicos, que entrou em consulta pública em março de 2008. O programa tem

como foco, a ampliação das opções terapêuticas e melhoria da atenção à saúde aos

usuários do SUS; o uso sustentável da biodiversidade brasileira; a valorização,

valoração e preservação do conhecimento tradicional das comunidades tradicionais

e indígenas; o fortalecimento da agricultura familiar; o crescimento com geração de

emprego e renda, redutor das esigualdades regionais; o desenvolvimento industrial e

tecnológico; a inclusão social e redução das desigualdades sociais e; a participação

popular e controle social.

Em seu conteúdo dispõe estratégia, metas e recursos, para execução do projeto e

seus objetivos, num período de três anos. Onde as ações serão gerenciadas e

executadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento; Ministério do Meio Ambiente; MS; Ministério da Ciência e

Tecnologia; ANVISA e; FIOCRUZ. Os recursos virão do orçamento da união e de


21

Planos Plurianuais. Até então não foi aprovado nem publicado a versão final, mas

se percebe o renascimento do PPPM, só que de forma mais social e humanizada,

abrangendo e incluindo toda a população.

2.2.1 – Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema

Único de Saúde

Com o objetivo de integrar e incorporar práticas alternativas e complementares no

SUS, o MS, divulga em 2006 a PNPIC – Política Nacional de Praticas Integrativas e

Complementares no SUS, que visa aumentar a resolubilidade das ações em saúde,

disponibilizando a população de forma racional, terapias complementares/alternativa

(Medicina Tradicional Chinesa – Acupuntura, Homeopatia, Plantas Medicinais e

Fitoterápicos, Termalismo – Crenoterapia, e Medicina Antroposófica), com

qualidade, eficácia, eficiência e segurança. (BRASIL, 2006a)

Esta política foi desenvolvida com influencias da Organização Mundial de Saúde

(OMS), a qual mostrou na publicação das “Estratégias da OMS sobre medicina

tradicional 2002-2005”, resultados promissores das terapias tradicionalmente usadas

pela população e o seu avanço, muitas vezes sem nenhuma regulamentação,

segurança, eficácia e qualidade. (OMS, 2002)

Neste sentido a OMS criou como estratégias: a promoção do uso racional das

terapias, em virtude do crescente uso das medicinas tradicionais; facilitando o

acesso a tais terapias, visto que a população dos países sub e em desenvolvimento,

não tem facilidade para adquirir às terapias contemporâneas (medicamentos

sintéticos/semi-sintáticos); a promoção da segurança, eficácia e qualidade da


22

Medicina Tradicional, pelo fato de não existir estudos que comprovem a maioria

destas práticas; e incentivo a produção de políticas públicas que regulamentasse

tais atividades, favorecendo o reconhecimento das atividades além de legitimá-las.

(OMS, 2002)

Para a elaboração da PNPIC, fizeram-se diversas reuniões em 2003 com

representantes da sociedade civil e organizada, criando grupos e subgrupos de

trabalhos autônomos, que delinearam e executam plano de ação a partir de um

diagnostico prévio das atuais atividades Práticas Alternativas e Complementares.

(BRASIL, 2006a)

. O resultado consolidado das atividades foram analisadas e revisadas pela

comissão do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Ministério da Saúde (MS) e

consultores, em 2005, sendo então aprovado pelo CNS em 2006, pelas portarias nº

971/2006 e nº 1.600/2006. (BRASIL, 2006a)

A PNPIC apresenta diretrizes gerais e especificas a cada prática (Medicina

Tradicional Chinesa/Acupuntura, Homeopatia, Plantas Medicinais e Fitoterápicos,

Termalismo/Crenoterapia, e Medicina Antroposófica), pontuando e legitimando suas

peculiaridades. Delibera também as responsabilidades de cada esfera de governo

(Federal, Estadual e Municipal), com relação à execução da política (BRASIL,

2006a)

Com relação a Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PMF), a PNPIC delibera diretrizes

especificas como: o acesso da população; a participação popular, no

reconhecimento de suas experiências; o uso racional, conscientizando os envolvidos


23

(profissionais, comunidades) sobre a complexidade da terapia; educação continuada

dos profissionais; a pesquisa e desenvolvimento, priorizando a biodiversidade nativa;

a criação de uma Relação Nacional de Plantas Medicinais e de Fitoterápicos; o

acompanhamento e avaliação das práticas, a partir de construção de indicadores; e

o controle de qualidade, evidenciando a ação da Vigilância Sanitária. (BRASIL,

2006a)

A PNPIC apresenta quatro maneiras de disponibilizar a Fitoterapia no SUS: na forma

“in natura”, outra seria de na forma de Droga Vegetal pulverizada ou não, têm ainda

na forma manipulada e na forma industrializada. Entretanto, esclarece e delibera

pontos essenciais para elaboração de medicamentos com qualidade e segurança,

dentre eles a necessidade da Relação Nacional de Plantas Medicinais e de

Fitoterápicos, a confirmação botânica da espécie, a origem da matéria prima vegetal,

boas praticas de manipulação para cada forma disponível no serviço. (BRASIL,

2006a)

Por fim a criação da PNPIC favoreceu não só a implantação e legitimação da

Fitoterapia, como também outras terapias. Visto numa pesquisa com 1342

questionários aplicados nas Secretarias Estaduais e Municipais do País, elaborado

pela equipe da política, no ano 2004, mostrou que 17,29% dos questionários têm

implantado alguma PAC, das quais 93,48% não têm uma política em nível estadual

ou municipal vigente.

2.2.2 – Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos


24

Na tentativa de não só disponibilizar aos brasileiros o acesso a fitoterapia de forma

segura e racional, a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos

(PNPMF), foi elaborada também com o objetivo da promoção do uso sustentável da

biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional.

(BRASIL, 2006b)

Sua criação foi incentivada pelos movimentos até então mencionados, no qual gerou

a Proposta de Política Nacional de Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos

em 2001, organizada pelo Grupo de Estudo de Fitoterápicos, composta por onze

membros e coordenada pelo Sr Orenzio Soler. (MS, 2001)

A PNPMF é uma proposta ampla, que abrange discussões de todos os setores

referentes a Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PMF), que vai desde o cultivo

incluindo boas práticas, logística, qualidade, até a dispensação e uso da população,

de modo seguro e racional. Pontua também no seu conteúdo a questão industrial,

magistral ou tecnologia farmacêutica, e temas até então pouco mencionados como a

agricultura familiar, como um dos protagonistas. (MS, 2001)

A PNPMF foi então redigida a partir da proposta, deliberando ações interministeriais

para sua excussão, já que reconhece a importância multidisciplinar que acarreta a

temática, decorrente da complexidade que envolve PMF. Pontua no seu conteúdo

elaborado pela Equipe Interministerial e Equipe Técnica, responsabilidades

institucionais, baseadas nos seus objetivos, a cada um dos setores envolvidos

(BRASIL, 2006b)
25

Como diretriz a PNPMF regulamenta o cultivo, promovendo a adoção de boas

práticas do mesmo e da manipulação de PMF; a garantia da segurança, eficácia e

qualidade dos serviços e produtos; a criação de estratégias de comunicação e

divulgação, além de promover interações entre os envolvidos (setor público,

iniciativa privada, ONG, universidade) e a promoção da formação técnico-científica

em PMF, incentivando novas tecnologias e capacitação dos recursos humanos.

(BRASIL, 2006)

A política também fomenta a pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação,

baseadas na biodiversidade do Brasil; reconhece as práticas populares, incluindo a

Agricultura Familiar e arranjos produtivos, repartindo os benefícios derivados do uso

do conhecimento tradicionais; estimula a produção de fitoterápicos industrialmente;

promove o uso sustentável da biodiversidade; e a criação de política intersetorial

para o desenvolvimento socioeconômico da área. (BRASIL, 2006).

3.3 – Implantação e desenvolvimento das Práticas em Fitoterapia no Sistema

Único de Saúde no Brasil

3.3.0 Inclusão das Práticas em Fitoterapia na Assistência Farmacêutica Local

Para se implantar os serviços em Fitoterapia, uma das maneiras recomendada, é

incluir a prática na Assistência Farmacêutica local, visto que esta pode subsidiar

suas atividades, pelo fato gerenciar as necessidades farmacoterapêuticas do local.

Segundo a política Nacional de Medicamento, a Assistência Farmacêutica, é

definida como:
26

“Grupo de atividades relacionadas com o medicamento, destinadas a apoiar as

ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de

medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a

conservação e controle de qualidade, a segurança e a eficácia Terapêutica dos

medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a

difusão de informação sobre medicamentos e a educação permanente dos

profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional

de medicamentos.” (BRASIL, 1998)

Não só o apoio da Assistência Farmacêutica é importante para a implantação e

desenvolvimento das práticas em Fitoterapia, mas também ter suas atividades como

base para desenvolver as possíveis práticas a serem disponíveis à população. Visto

que suas estratégias e ações estão bem definidas, e muitos dos municípios/estados

já a têm aplicada no Sistema Público, tornando então a prática mais compreensiva e

aceitável.

3.3.1- Estruturar equipe de elaboração do serviço/programa

Para estruturar o programa, se faz necessário uma equipe multidisciplinar para

elaborar o programa ou serviços em Fitoterapia, que poderá ou não ser a mesma

equipe da Assistência Farmacêutica local. Tal equipe se ocupará em fazer um

diagnostico local, verificando os dados sócio-demográfico, epidemiológico,

farmacoterapeutico, agronômicos, recursos possíveis e/ou disponíveis, e elaborar

um plano de ação, semelhante da assistência farmacêutica.


27

Muitos dos serviços/programas de fitoterapia implantados no SUS surgiram de

atividades de extensão de universidades, sendo então incorporados pelos

municípios. Como no caso de Professor Matos, criador do referencial Projeto

Farmácias Vivas, no Ceará, que se difundiu não só pelo estado, mas pelo Brasil.

Suas matérias primas foram escolhidas, em maior parte pelos estudos etnobotânicos

ou estrategicamente espécies cultivadas e com referencial científico.

Em outros serviços/programas implantados, os municípios ou estados, estruturaram

a equipe de elaboração do serviço, que criou o plano de ação baseado nos dados

dos locais. Como no caso dos programas Proplan do Rio de Janeiro, e FITOVIVA de

Cuiabá (MT), que alem de criar o serviço, padronizaram as atividades junto à

assistência, e a normatizaram.

O plano de ação deve conter, assim como o da Assistência Farmacêutica, atividades

e operacionalização a serem desenvolvidas, os instrumentos de controle gerencial,

normas e procedimentos operacionais, meios de capacitação de recursos humanos,

e modo de acompanhamento e avaliação das ações, baseado no diagnostico local

(livro de assistência).

3.3.2 – Tipo de Serviço a ser disponibilizado e Orçamentos

Uma das mais importantes analise que a equipe de elaboração do serviço tem que

fazer é saber qual tipo de serviço pode oferecer. A PNPIC apresenta quatro tipos de

serviços (forma “in natura”, droga vegetal, manipulado, industrializado), que tem

suas características e atividades distintas, que as tornam ou não mais complexas

para execução.
28

Na escolha do tipo de serviço devem-se ser avaliados diante das complexidades os

recursos econômicos e humanos disponíveis; a estrutura física, equipamentos e

instalações necessárias; viabilidade de adquirir a matéria prima, que dependente da

seleção das espécies; e a forma de garantir a qualidade. Para que nenhuma parte

do processo fique descoberta pelas possíveis fragilidades.

É esta parte do processo que torna a implantação de fitoterapia no SUS

dispendiosa, visto que o incentivo à prática ainda é reduzido. Os recursos

disponíveis são muitas vezes divididos com outros setores, minimizando a aplicação

de Fitoterapia no SUS. Entretanto se sabe que é uma prática nova, que muitas

vezes não é reconhecida, mas promissora.

Na Bahia o Plano Plurianual disponibiliza para o período de 2008-2011, pelo menos

0,035% do orçamento total equivalente a R$ 6.677.946,00, para a Tecnologia

Ambiental, Fitoterápica e Desenvolvimento Sustentável, estando previsto para o ano

de 2008, o investimento de cerca de R$ 1.748.945,00 , com Tecnologia Ambiental,

Fitoterápica e Desenvolvimento Sustentável; e para Desenvolvimentos de Ações

voltadas para o fortalecimento da Fitoterapia, pela Secretaria de Saúde do Estado

de R$ 100.000,00, repartido entre trinta municípios.

No Brasil o projeto de Lei Orçamentária para 2008, do ministério de Planejamento,

Orçamento e Gestão, descrimina para Produção de Fármacos, Medicamentos e

Fitoterápicos, R$ 900.000,00, com o Programa de Ciência, Tecnologia e Inovação

no Complexo de Saúde e mais R$ 3.300.000,00, com Programa da Assistência

Farmacêutica e Insumos Estratégicos.


29

3.3.3 – Assistência Farmacêutica em Fitoterapia

É aplicável com ajustes nos Serviços/Programa de Plantas Medicinais e

Fitoterápicos, o Ciclo da Assistência Farmacêutica, que é constituído pelas etapas

de Seleção, Programação, Aquisição, Armazenamento, Distribuição e Dispensação.

No qual serão brevemente explanados mediante as experiências de alguns locais

que tem implantado a prática e publicaram no meio científico suas atividades.

3.3.3.1 – Seleção

Na Assistência Farmacêutica a seleção compreende o processo de escolha dos

medicamentos para o serviço ou unidade, baseado em critérios de eficácia e

segurança dos medicamentos, dados epidemiológicos, técnicos e econômicos.

Muito dos Serviços já implantados no SUS, usam como meio de selecionar as

Plantas Medicinais e os Fitoterápicos, os quais serão disponíveis à população, um

levantamento etnobotânico, em que verifica as plantas comumente usada pela

população com finalidades terapêuticas (TAUFNER et al, 2006; BRASIL, 2006C).

Depois de confirmadas as espécies que efetivamente tem efeito comprovado pela

literatura, fazem a seleção levando em conta aspectos físico-ambientais,

agronômicos e químicos, de acordo com o tipo de serviço escolhido. Isto é comum

para os programas que optaram pelas formas “in natura” e droga vegetal, enquanto

que os programas que optam pela forma de manipulação e fitoterápicos

industrializados, são comuns o uso de dados do diagnostico local (epidemiológico,

farmacológico e econômicos)
30

Para facilitar a seleção, a PNPIC e a PNPMF, deliberaram a criação da Relação

Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (RENAME-FITO), que ainda está em

estruturação, e pretende elaborar uma relação de PMF, mediante critérios pré-

estabelecidos. Com a RENAME-FITO, o município ou estado seleciona na própria

relação às espécies, baseadas ou não no estudo etnobotânico, sem deixar de lado

os dados epidemiológico, agronômicos, farmacológico e social ( REF).

Para selecionar as PMF para o serviço/programa, alguns locais estrategicamente

optam também por espécies que são mais efetivas que outros medicamentos, ou em

alguns casos, pela freqüente falta de medicamento sintético/semi-sintético na rede.

Como no estudo de ATAIDE (2007), que sinalizou falta de medicamentos

dermatológicos, em João Pessoa (PB), suprida parcialmente com a utilização de

preparações farmacêuticas de algumas espécies vegetais.

3.3.3.2 – Programação e Produção

Com finalidade de se estimar a quantidade de medicamentos a serem adquiridas,

num determinado tempo, baseado na demanda do serviço, a Assistência

Farmacêutica considera imprescindível a programação. É uma etapa que ao avaliar

o consumo, perfil epidemio-populacional, estrutura, recursos e meios de controle e

acompanhamento, favorece um serviço de qualidade e eficiência, evitando compras

e perdas desnecessárias, além de definir prioridades de aquisição. (livro de assiste)

Em relação a Plantas Medicinais e Fitoterápicos, de acordo com a forma de serviço

do programa, existe uma maneira diferente de se programar, baseados nos

aspectos peculiares de cada matéria prima vegetal (agronômicos, farmacológicos).


31

Na literatura não se esclarece como os serviços em fitoterapia fazem sua

programação de PMF, entretanto percebe-se esta etapa, principalmente nos

resultados de Consumo Médio Mensal, apresentados nos artigos.

3.3.3.3 – Aquisição

A aquisição é uma etapa complexa e delicada, na qual se determina “quem”, “onde”

e “como” adquirir o medicamento, baseado na seleção/programação, no custo-

efetividade e legislações vigentes. É a etapa que lida diretamente com fornecedores,

que se deve ter muito cuidado, pois estes estão sedentos por vendas.

Atualmente são poucos os fornecedores que comercializam Plantas Medicinais,

como matéria prima vegetal, com todos os requisitos necessários. Ao contrario, os

fitoterápicos industrializados, são produzidos em escala maior, e em muitas vezes é

recordes de vendas comparados com os medicamentos padrão.

Os tipos fornecedores em PM, atualmente variam entre os locais de serviços, visto

que as leis de licitação não se enquadram em muitos dos programas/serviços, que

adquirirem suas espécies em famílias e produtores locais, onde não são legalmente

reconhecidos. Isto foi uma maneira encontrada para não faltar matéria prima vegetal,

e conseqüentemente não prejudicar as atividades do serviço.

A qualidade destes fornecedores é reconhecida, pois os serviços/programas

verificam os possíveis fornecedores na etapa de seleção e programação, incentiva-

os ao cultivo e dão formação técnica/agronômicas das espécies selecionadas,

distribuindo/ disponibilizando em alguns casos mudas oriunda de hortos oficiais


32

(Centros Universitários, instituições especializadas), alem de realizar

farmacodiagnose das matérias primas vegetais.

Existem ainda serviços/programas do SUS, que cultivam e manipulam sua matéria

prima vegetal, adquirindo mudas de hortos oficiais. Nestes locais existe uma

estrutura de equipe maior, muitas vezes envolvendo a comunidade no cultivo e

produção, que traz um maior resultado quanto a humanização do sistema,

decorrente da interação (paciente, sistema, profissionais).

Ciente destas falhas, as PNPIC e PNPMF, deliberam a criação de mais hortos

oficiais, a construção de central de fornecedores, e legitimam a aquisição de matéria

prima vegetal em pequenos produtores, agricultura familiar, associações, instituições

civis organizada. Existe ainda o Programa Nacional de Plantas Medicinais e

Fitoterápico, que visa em aproximadamente três anos após sua aprovação, efetivar

tais deliberações proposta na PNPIC e na PNPMF.

3.3.3.4 – Armazenamento

Etapa que no ciclo da assistência farmacêutica compreendem a

recepção/recebimento, estocagem/guarda, conservação e controle de estoque dos

Medicamentos. No que se refere a Plantas Medicinais e Fitoterapicos, esta etapa é

crucial, pois se refere ao recebimento da complexa matéria prima vegetal, que

precisa ser identificada, armazenada e conservada de forma que não altere os

constituintes produtores da atividade.


33

Para identificação da matéria prima vegetal, muitos dos serviços pedem auxilio de

Universidades ou instituições especializadas, para fazer avaliação taxonômica e/ou

farmacodiagnose. Outros locais fazem uma identificação e quantificam os

marcadores ativos, descritos em farmacopéias ou legislações vigentes, qualificando

seus fornecedores.

A armazenagem está diretamente ligada à conservação, visto que uma má

conservação ou estocagem pode agredir diretamente a matéria prima vegetal. Para

tanto necessita de maior investimento neste setor, já que temperatura, umidade,

microorganismos, acúmulos e empilhamentos de matéria prima vegetal, influenciam

na sua qualidade e eficácia.

O Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, seguindo a orientação

da PNPIC e PNPMF, prevê criação de laboratórios oficiais que auxilie na

identificação de matéria prima vegetal. Além disto, os laboratórios oficiais serão

criados para avaliar a qualidade dos materiais manipulados e fitoterápicos

industrializados.

3.3.3.5 – Distribuição

A distribuição esta relacionado ao fornecimento de medicamento nas unidades e

serviços, diante das suas necessidades. Nos sistemas/programas de Plantas

Medicinais e Fitoterápicos (PMF) atuais, a distribuição ocorre de acordo com a forma

do serviço, assim como nas outras etapas do ciclo da assistência.


34

O processo envolve a operacionalização de atividades que garantam rapidez e

segurança da entrega, e eficiência no sistema de informações e controle. É comum

aos municípios/estados com melhores estruturas de serviço, e até reconhecimento

legal, criar centros de serviços para distribuir às demais unidades. Em tais serviços

ocorrem o cultivo e manipulação de plantas com atividades medicinais, distribuem

na forma “in natura” e/ou planta seca (rasurada ou não), às unidades que são

cobertas pelo serviço/programa.

Em alguns locais não há o processo de distribuição quando os Fitoterápicos são

disponíveis na forma de medicamento manipulado, a partir de laboratórios

magistrais. Estes são fornecidos nas próprias unidades que manipulam os

fitoterápicos, visto que tais estabelecimentos não podem produzir em escalas

maiores os medicamentos, pois irão descumprir a legislação vigente.

Os medicamentos fitoterápicos industrializados, são adquiridos e distribuídos junto

com os outros medicamentos na mão dos fornecedores, por meio de licitação.

3.3.3.6 – Dispensação

Aqui ocorre um fator qualitativo da população envolvida em todo o processo, pois é

o único fator visível a estes. Ou seja, as outras etapas foram bastidores na visão dos

profissionais de saúde e usuários do programa/serviço. É onde se culmina as

atividades anteriores, dando-as também subsídios para construção de novas

logísticas, formando então um ciclo.


35

Dispensação é o ato de o farmacêutico entregar aos usuários do sistema, dotado de

uma prescrição, o medicamento descrito, com todas as informações, precauções ou

alterações cabíveis para efetivar terapêutica. Este processo está relacionado à etapa

de prescrição, pelos profissionais a quem competente, no qual tende ter também

uma atenção especial.

Aos usuários do sistema/programa, deve ser levado em conta o tipo de serviço

aplicado. No caso de plantas medicinais “in natura” ou seca, é importante o

farmacêutico apresentar clara e objetivamente a este usuário os fatores que

envolvem a terapia com a espécie que ele está adquirindo (armazenamento das

espécies, forma de preparo, posologias e recomendações descritas na prescrição,

aspectos clínicos e toxicológicos). Até porque muitas destas plantas são cultivadas e

consumidas – na maior parte de forma irracional e errônea – pelos usuários do

programa/serviços.

Para as praticas de fitoterápicos manipulados, é importante mencionar além dos

aspectos intrínsecos aos medicamentos (indicação, contra-indicação, via de

administração, duração do tratamento, dosagem, posologia, aspectos clínicos e

toxicológicos), a origem do medicamento que este usuário do sistema está

adquirindo, isto demonstrará a seriedade do serviço/programa, gerando

reconhecimento.

Os fitoterápicos oriundos de indústrias devem ser mencionados os aspectos

técnicos, clínicos e toxicológicos do medicamento. E como há uma semelhança

maior com outros medicamentos disponíveis no sistema publico, é estrategicamente

importante mencionar quê “o medicamento adquirido é um fitoterápico”.


36

Quanto às prescrições, e conseqüentemente seus prescritores, é importante

mencionar a avaliação deste documento que garante a efetividade do tratamento.

Nela é preciso ter legivelmente a identificação do paciente (nome, endereço),

identificação do serviço no qual foi prescrito (nome, endereço, telefone), dados do

prescritor (nome, órgão de representação, CPF ou RG, telefone) e informações

sobre o medicamento (nome na denominação comum brasileira, posologia,

concentração, tempo do tratamento).

Hoje no Brasil, existem três tipos de profissionais que legalmente podem prescrever

Plantas Medicinais e Fitoterápicos: os Médicos, os Cirurgiões Dentistas e

recentemente os Nutricionistas. Logo se sabe internacionalmente que o

conhecimento ou formação básica destes profissionais, são deficientes na área de

fitoterapia, o que diminui a prescrição. Precisando então de um incentivo, a partir de

cursos de atualização, ou elaboração de publicação impressa (memento terapêutico,

protocolos clínicos), para que possa ser efetivo o serviço.

3.4 – Camamu

O município de Camamu, localizado no Baixo Sul da Bahia, a 335 km da capital (via

BR 324) e 180 Km utilizando o sistema ferry-boat (BA 001), tem área territorial de

885Km², possui reconhecido pelo órgão municipal, três distritos (Travessão, Orojó,

Barcelos) e cinco povoados (Pinaré, Cajaiba, Acarai, Ilha Grande, Tapuia).

Apresenta clima tropical úmido e 40m de altitude. (SECRETARIA DE TURISMO DE

CAMAMU, 2008)

3.4.1 – Dados Históricos


37

O Povoamento teve origem em 1560, numa aldeia de índios Tupiniquins, sendo

transferida posteriormente mais para o sul, fixando-se em local denominado por

Passagem do Macamamu, quando recebeu o topônimo de Aldeia de Nossa Senhora

da Assunção de Macamamu, que logo foi elevada à categoria de freguesia. A Carta

Régia de 1623, tornava-se formalmente vila.

Município criado, com território desmembrado de Ilhéus, por Carta Régia, de

22.05.1623, com a denominação de Vila de Nossa Senhora da Assunção de

Camamu. A sede, criada com o orago de Nossa Senhora da Assunção de

Macamamu, em 1560, foi elevada à categoria de cidade, por Ato Estadual de

27.06.1891.

3.4.2 – Aspectos Populacionais

A população residente de Camamu segundo DATASUS (2008), estimado em 2007,

foi 34.348 habitantes, na maioria de zona rural (64,0%), do sexo masculino

(51,85%). É uma comunidade relativamente jovem, visto que 52,73% da população

têm idade de 0 a 19 anos.

No ano de 2006 foram identificados em Camamu 103 estabelecimentos

educacionais, sendo 06 da pré-escolar, 96 do ensino fundamental e 01 do ensino

médio (IBGE, 2008). Que assiste um total 11.417 alunos matriculados, com equipe

375 profissionais docentes. Não foram identificados, até então, órgãos de ensino

superior. (IBGE, 2008)

3.4.3 – Economia
38

A renda média da População de Camamu em 2001 é de R$223,48, PIB em 2003, foi

R$ 80.592.766,00, enquanto que o PIB per capita , no mesmo ano, foi de R$

2.371,70 (IBGE,2008). Baseada nas atividades de agricultura, pecuária, lavoura,

turismo, comércio e serviços, pesca artesanal e extrativismo de cerâmica e de outros

minérios como baritina, gesso. Recentemente fora encontrado uma bacia de gás

natural, na qual está se estruturando para extração. (PREFEITURA MUNICIPAL DE

CAMAMU, 2008)

Na agricultura destaca-se o cultivo de cacau, dendê, borracha, coco, guaraná,

banana, palmito e café. Na pecuária destaca-se a criação de suínos, galinhas,

muares, bovinos, ansinos e eqüinos. Na lavoura cultivo de mandioca, feijão, milho,

cana e abacaxi. Muitas destas práticas realizadas de forma autônoma ou organizada

como associações, cooperativas e agricultura familiar. (IBGE,2008; PREFEITURA

MUNICIPAL DE CAMAMU, 2008)

O turismo atualmente esta sendo uma nova fonte de recurso, visto que o município é

canal de acesso à Baía de Camamu, reconhecida por ser terceira maior baía do

Brasil e a quinta do mundo. O que favoreceu ao desenvolvimento do comercio e

serviços locais, alem da pesca artesanal de mariscos, peixes e crustáceos.

(IBGE,2008)

3.4.4 – Saúde

Em Camamu existem 15 estabelecimento de saúde pública, sendo 12 de origem

governamental e 03 privadas. Sendo 14 com atendimento médico ambulatorial, 05


39

estabelecimento com atividade odontológica e 01 emergência, cobrindo um total de

28 leitos. (IBGE,2008)

O serviço público municipal é constituído de 01 unidade Mista e 11 unidades do

Programa de Saúde da Família (PSF), no qual somente duas ficam na sede (Cidade

Baixa e Bairro da Vitória) e outros nove se distribuem pela zona rural (Povoado de

Acarai, Barcelos, Orojó, Pedra Rasa, Pinaré, Tapuia e Travessão) e comunidade

ribeirinha (Povoado de Cajaiba e Ilha Grande). (SECRETARIA DE SAUDE)

Segundo DATASUS (2008), em 2002 a saúde teve um quadro de 150 profissionais,

sendo 30 médicos e/ou especialistas (cirurgião geral, ginecologista, pediatra,

psiquiatra), 06 enfermeiros com 21 técnicos e auxiliares, 01 fisioterapeuta com 01

auxiliar, 03 cirurgião dentista, 01 farmacêutico com 02 auxiliares, 01 radiologista, 10

agentes comunitários, 08 auxiliar administrativo, 12 serviço de limpeza, 02

seguranças e 01 técnico em equipamento hospitalares. (DATASUS, 2008)

As principais patologias que levam a internação no município são os partos e

puerpério, com 30,6% das internações totais; internações por doenças do aparelho

digestivo, com 14,7%; doenças do aparelho geniturinário, com 9,5% do total;

neoplasia e tumores, com 9,1%; e as lesões eventuais e por causas externas, com

8,1% do total de internações. (DATA SUS, 2008)

Em média Camamu tem 119 mortes por ano, em 2005 foram 3,2 óbitos por 1000

habitantes, sendo que 12,6 % não tiveram causas definidas. As principais dados de

mortalidade em 2006, está correlacionado a doenças do aparelho circulatório


40

(32,0%), neoplasias e tumores (13,4%), afecções no período perinatal (8,2%) e

doenças do aparelho respiratório (7,2%).(DATASUS, 2008)

3.4.5 – Assistência Farmacêutica de Camamu

O município apresenta uma farmácia central na sede, que abastece as outras

farmácias das unidades Mista e Programa Saúde da Família. Possui dois

almoxarifados, um na farmácia central e outra na unidade Mista, com salas

ambientadas, estantes, faltando alguns aparelhos que determine a umidade e

temperatura. A farmácia central é informatizada, tem um farmacêutico e dois

auxiliares, enquanto a demais ficam sob responsabilidade dos enfermeiros e seus

auxiliares.

A cidade apresenta a REMUME – Relação Municipal de Medicamentos Essenciais,

apesar de não estar estruturada a Comissão de Farmácia e Terapêutica. Alguns

medicamentos são adquiridos pelo pacto com estado e outros são oriundos de

licitações feitos pelo próprio município.

Os medicamentos são distribuídos a partir das necessidades apresentadas por cada

farmácia das unidades. A dispensação ocorre mediante a prescrição médica, muitas

vezes após a consulta e sem orientação farmacêutica.


41

3. JUSTIFICATIVA

Diante das discussões que envolvem todo o país sobre a fitoterapia, é importante

verificar o grau de aceitação da implantação de PMF como terapia complementar no

SUS pela população de Camamu, e se os médicos que as assistem vão estimular tal

terapia, visto que há um potencial na população para o cultivo de plantas medicinais,

a renda média familiar que limita a aquisição de medicamentos de síntese em

farmácias e em decorrência do alto custo dos mesmos. O presente estudo é de

grande relevância, pois poderá contribuir com disponibilização de plantas medicinais

e fitoterápicos nos serviços, fornecendo subsídios para os gestores municipais na

criação de estratégias para a implantação da Fioterapia.


42

4. OBJETIVO GERAL:

Caracterizar a aceitação de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PMF) no Sistema

Único de Saúde (SUS), como terapia complementar em Camamu (BA).

4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

➢ Delinear o perfil sócio-demográfico dos usuários do SUS e dos Médicos

Prescritores que os assistem;

➢ Quantificar a aceitação de PMF como terapia complementar pelos

profissionais médicos prescritores da Atenção Primária e os usuários do SUS;

➢ Verificar as prioridades entre Plantas Medicinais Fitoterápicos, Medicamentos

Sintéticos e Semi-sintéticos para a terapêutica escolhida pelos médicos e

usuários do SUS;

➢ Avaliar o grau de conhecimento dos Profissionais Médicos sobre as atividades

terapêuticas de PMF, relacionadas na Resolução da ANVISA RE-89/2004.


43

5. MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo descritivo, de natureza quantitativa, com delineamento

transversal, feito nas 12 unidades de saúde de Camamu, localizadas na zona rural e

na área urbana.

5.2 População e Área

Camamu está localizado no baixo sul da Bahia, a 335 Km da capital Salvador, com

uma população de 33.172 habitantes, na maioria residentes da zona rural (64,0%) e

renda média de R$223,48. Esta cidade tem uma extensão territorial de 88,5Km², de

clima tropical úmido, 40m de altitude, sitiada na 3ª maior baía do Brasil. (Secertaria

de Turismo de Camamu, 2008)

O Sistema Único de Saúde Municipal constitui de uma Unidade Mista, que se

localiza na sede, e onze Postos de Saúde da Família (PSF), no qual somente dois

ficam na sede (Cidade Baixa e Bairro da Vitória) e outros nove se distribuem pela

zona rural (Povoado de Acarai, Barcelos, Orojó, Pedra Rasa, Pinaré, Tapuia e

Travessão) e comunidade ribeirinha (Povoado de Cajaiba e Ilha Grande), cada qual

com suas peculiaridades. (Secretaria de Saúde de Camamu, 2008)

A unidade mista é acompanhada por sete médicos (plantonistas) e dois enfermeiros,

tem nove leitos, com atendimento de emergências e consultas clinicas. Enquanto os

onze PSF, têm somente cinco médicos e oito enfermeiros, que nas suas rotinas
44

desdobram para atender a todas as unidades. Cada PSF tem em média duas salas

para atendimento, e uma sala para armazenar e dispensar os medicamentos. Muitos

dos profissionais médicos dos PSF’s, também dão plantão na Unidade Mista, em

virtude da carência de médicos no município. (Secretaria de Saúde de Camamu,

2008)

5.3 Amostragem e Critério de Seleção

Com base em cálculos estatísticos para ter um desvio amostral de 4% com um nível

de confiança de 95%, a amostragem da população usuária do SUS seria 613

questionários, baseado nos números de habitantes de Camamu. Em virtude de

contratempos (dificuldade de acesso, falta de pacientes, tempo reduzido para coleta,

falta de recursos), se fez uma amostragem por conveniência, que resultou em 411

questionários, distribuídos nas 12 unidades de saúde de Camamu, com novo desvio

amostral de 4,9%.

Como relação ao numero de profissionais médicos, optou-se em aplicar

questionários a todos aos 14 médicos que atendem no município. Entretanto houve

profissionais que não aceitaram participar da pesquisa, finalizando um total de sete

questionários.

Foram inclusos todos os usuários maiores de 15 anos, de ambos os sexos, de

distintas classes sociais e economicas, que estejam na unidade de saúde a espera

do atendimento ou pos atendimento, e os profissionais médicos que os assistem, de

ambos os sexos.
45

O critério para exclusão foi as pessoas com déficit cognitivo ou impossibilitados para

responder os questionários por apresentar deficiência auditiva, na dicção e mental.

Os questionários que apresentaram uma margem de dúvida ou estavam

incompletos, foram novamente aplicados ou então excluidos, dependendo da

coviniência. Foram excluidos também os questionaios que não tiverem o termo de

concentimento livre esclarecido assinado.

5.4 Instrumento de Investigação

Foram aplicados dois tipos de questionários semi estruturados: o dos Usuários do

SUS de forma direta e do Profissional Médico, de forma indireta. Os questionários

estavam padronizados e a aplicação ocorreu nas 12 Unidades de Saúde de

Camamu, pelo pesquisador e auxiliares devidamente capacitados, no período de

Janeiro de 2008.

5.5 Definições de Variáveis

O questionário dos pacientes apresentou as seguintes variáveis: dados sócio-

demográficos (idade, sexo, escolaridade), aquisição de medicamentos, utilização de

Plantas Medicinais e opiniões sobre o uso de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.

Enquanto que no questionário dos Médicos, que atendem nas Unidades de Saúde,

continha além dos dados sócio-demográficos (idade, sexo, especialização, tempo de

formado), o questionamento sobre o seu conhecimento, incentivo ao uso de Plantas

Medicinais e Fitoterápicos, sobre o uso de plantas pela população assistida e seu

parecer com relação a disponibilidade de Plantas Medicinais e Fitoterápicos no SUS.


46

As variáveis que determinam o uso de Plantas Medicinais e Fitoterapicos, foram: aos

pacientes, se conhece o termo Fitoterapia, tendo como variáveis as respostas “sim”

e “não”, sendo a resposta afirmativa, o usuário deveria explicar o seu entendimento

– neste momento verifica se há relação da resposta dada com o significado real, o

qual foi cautelosamente explicado/corrigido quando necessário.

Aos Médicos, no questionamento sobre o conhecimento de Plantas Medicinais ou

Fitoterapicos, as variáveis que avaliaram o grau de conhecimento do profissional

médico, foram verificadas através da correlação entre o Sistema Nervoso Central,

Sistema Digestório, Sistema Imune, Sistema Respiratório, Prefere não responder

com as variáveis das espécies Botânicas Maytenus ilicifolia (Espinheira-Santa),

Polygala senega (Poligala), Hypericum perforatum (Hipérico), Zingiber officinalis L.

(Gengibre), Melissa Officinalis L. (Erva-cidreira), Salix alba L. (Salgueiro Branco),

Senna alexandrina Mill. (Sene)]

5.6 Plano de Analise

Os dados coletados foram digitados no programa Microsoft Office Edição 2003,

Versão 7.0 e analisados no programa atualizado do Epi Info Versão 3.3.2. Foram

calculados frequências simples das variáveis de interesse para característizar as

variáveis em estudos.
47

6. RESULTADOS

6.1 Resultados dos Usuários do SUS

O perfil dos pacientes usuários do SUS, de Camamu (BA), está descrito na Tabela

01, na qual evidencia um predomínio do sexo feminino (78,3%), com idade entre 21

e 30 anos (31,6%), com Ensino Fundamental Incompleto (54,0%).

TABELA 01 – Perfil dos pacientes usuários do SUS, Camamu – Bahia,


Janeiro de 2008
Índice n. (%)
Sexo n=411
Feminino 322 (78,3)
Masculino 89 (21,7)

Idade n=411
≤ 20 anos 66 (16,1)
21 a 30 anos 130 (31,6)
31 a 40 anos 77 (18,7)
41 a 50 anos 73 (17,8)
≥ 51 anos 65 (15,8)

Escolaridade n=411
Analfabeto 43 (10,5)
Ensino Fundamental Incompleto 222 (54,0)
Ensino Fundamental Completo 18 (4,4)
Ensino Médio Incompleto 51 (12,8)
Ensino Médio Completo 61 (14,8)
Ensino Superior Incompleto 11 (2,7)
Ensino Superior Completo 5 (1,2)
48

Quando questionados onde prioritariamente adquiriam os medicamentos para sanar

qualquer das doenças, houve um predomínio de respostas dos usuários do SUS de

Camamu (BA), com 53,5% nos Postos de Saúde Famílias (TABELA 02).

TABELA 02 – Locais de acesso aos medicamentos\remédios dos pacientes


usuários do SUS, Camamu – Bahia, Janeiro de 2008.
Local n. (%) n=411
Unidade Mista 28 (6,8)
Farmácia Comunitária 162 (39,4)
Posto de Saúde 220 (53,5)
Não Respondeu ou Não Soube 1 (0,2)

Com relação à utilização de Plantas Medicinais, verificou-se que 96,4% (396) dos

entrevistados usam ou já usaram plantas medicinais com finalidades terapêuticas.

Relataram o uso de forma ocasional ao mês (39,4%), a aquisição em sua maioria é

no próprio quintal (66,4%) e o uso é baseado em conhecimento próprio (43,6%)

(TABELA 03). Verificou-se também que 94,1% dos entrevistados, têm uma área de

plantio de Plantas Medicinais (TABELA 03).


49

TABELA 03 - Utilização de Plantas Medicinais (PM) com finalidades Terapêuticas, dos


pacientes usuários do SUS de Camamu (Ba), Janeiro de 2008.
Índice n. (%)
Pacientes que usam Plantas Medicinais com finalidades Terapêuticas (n 411)
SIM 396 (96,4)
NÃO 15 (3,6)

Freqüência de uso Plantas Medicinais (n 411)


Todos os dias 33 (8,0)
Sempre 127 (30,9)
Ocasionalmente ao mês 162 (39,4)
Esporadicamente 72 (17,5)
Não faz uso ou Não
Responderam 17 (4,1)

Local no qual adquire as Plantas Medicinais (n 453)


Compra 18 (4,0)
Amigos 12 (2,6)
Vizinhos 95 (21,0)
Quintal 301 (66,4)
Hortos 12 (2,6)
Não Faz Uso ou Não
Responderam 15 (3,3)

Pessoa a quem busca informação para utilização da Plantas Medicinais com finalidade
Terapêutica (n 411)
Conhecimento Próprio 179 (43,6)
Familiares 136 (33,1)
Amigos-Vizinhos 63 (15,3)
Farmácia (Farmacêutico) 03 (0,7)
Médicos 07 (1,7)
Programas de Televisão 01 (0,3)
Livros 05 (1,2)
Agentes Comunitários-
Enfermeiros 03 (0,7)
Não Faz Uso ou Não
Respondeu 14 (3,4)

Tem plantio de Plantas Medicinais (n 409)


SIM 385 (94,1)
NÃO 24 (5,9)

Quando questionados se atenderiam a prescrição ou indicação Médica, no qual teria

em seu conteúdo Plantas Medicinais para o tratamento de sua moléstia, 94,1%

afirmaram que atenderia a recomendação, enquanto 5,9% não atenderiam

(GRÁFICO 01). Os principais motivos que os pacientes atenderiam a recomendação


50

ou prescrição médica de Plantas Medicinais dizem respeito a preferência pelo

natural (sem Química) com 17,7% dos que aceitariam, enquanto que 14,5% fez

referencia ao poder curativo das Plantas Medicinais e 13,6% afirmaram que usariam

por confiarem nas Plantas Medicinais (GRÁFICO 02). Os 24 entrevistados que

afirmaram não aceitar a recomendação diz respeito ao não gostar com 36,0% e

outros 36,0% não aceitariam por não gostar de tomar chás de Plantas Medicinais

(GRÁFICO 03).
51
52

Indagados se já tinham ouvido falar ou tinham algum conhecimento sobre

Fitoterapia, 83,9% afirmaram que não sabem nem ouviram, enquanto 16,1%

responderam que já conheciam ou ouviram falar (Gráfico 04). Dos 66 entrevistados

que afirmaram conhecer ou ouviram falar do termo Fitoterapia, 71,2% não souberam

conceituar o termo, enquanto 18,2% fizeram alusão a terapia com produtos a partir

de plantas, 7,6% referiram a produtos naturais, 1,5% a Medicina Alternativa e 1,5%

relatou que seria um Exame Laboratorial.


53

Cientes do que seria um Medicamento Fitoterápico e Medicamento Sintetico Semi-

Sintetico, questionou-se aos usuários do SUS de Camamu (BA), qual seria o

medicamento preferencial para sua terapeutica caso pudesse escolher. 63,5% dos

entrevistados optariam para tratar-se com Medicamento Fitoterápico, 24,6% optaria

por Medicamento Sintético/Semi-sintético, enquanto 10,0% informou que dependeria

do tratamento, e 1,9% não soube responder.


54

6.2 RESULTADOS DOS MÉDICOS ASSISTENTES DO SUS

O perfil dos sete Médicos que atendem pelo SUS em Camamu-BA está descrito na

TABELA 04, onde há um predomínio do sexo Masculino com (85,7%), na faixa de 21

a 30 anos (57,1%), com média de 19 anos de formação. Todos são formados em

Clínica Médica, entretanto cinco dos sete Médicos têm uma ou mais especialização,

das quais se destacam Pediatria (28,6%) e Unidade Saúde da Família (28,6%).


55

TABELA 04 - Perfil dos Médicos Prescritores do SUS de Camamu-BA, em Janeiro de 2008.


Índice n. (%)
Sexo n 07
Feminino 01 (14,3%)
Masculino 06 (85,7%)

Tempo de Formação n 07
01 – 10 anos 02 (28,6)
11 – 20 anos 01 (14,3)
21 – 30 anos 04 (57,1)

Especialidades n 07
Pediatria 02 (28,6)
Unidade Saúde da Família 02 (28,6)
Cardiologia 01 (14,3)
Angiologia 01 (14,3)
Estética 01 (14,3)

Dos Médicos entrevistados, 71,4% afirmaram ter um certo conhecimento sobre

Plantas Medicinais e Fitoterapicos, adquirido na maior parte das vezes em

Livros/Periódicos/Artigos (50,0%), e o classifica o seu conhecimento como Bom

(42,9%) e Regular (42,9%), conforme está descrito na TABELA 05.

TABELA 05 - Relatos dos Médicos Prescritores do SUS de Camamu-BA, sobre o seu


conhecimento Terapêutico das Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PMF), em Janeiro de 2008.
Índice n. (%)
Conhecimento sobre PMF n 07
Têm 05 (71,4)
Não Têm 02 (28,6)

Local onde adquiriu o Conhecimento sobre PMF n 07


Livros/Periódicos/Artigos 04 (50,0)
Curso Especialização 01 (12,5)
Familiares 01 (12,5)
Preferiu Não Responder 01 (12,5)

Auto-Classificação sobre o conhecimento de PMF n 07


Ótimo - -
Bom 03 (42,9)
Regular 03 (42,9)
Péssimo - -
Preferiu Não Responder 01 (14,3)
56

Dos Médicos do SUS de Camamu-BA entrevistados, 71,4% afirmaram que a

comunidade assistida faz uso de Plantas Medicinais e Fitoterapicos independente da

prescrição/indicação Médica (TABELA 06). Os Médicos em sua maioria (85,7%)

relatam que a Comunidade não solicita prescrição de Plantas Medicinais e

Fitoterapicos.

TABELA 06 - Relatos dos Médicos Prescritores do SUS de Camamu-BA, sobre a comunidade


assistida, com relação ao uso de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PMF), em Janeiro de
2008.
Índice n. (%)
Uso da Comunidade de PMF independente de Prescrição\Indicação n 07
Faz uso 05 (71,4)
Não faz uso 02 (28,6)

Comunidade solicita Prescrição PMF n 07


Solicita 01 (14,3)
Não Solicita 06 (85,7)

Quando questionados se incentivam o uso de Plantas Medicinais e Fitoterápicos

como finalidades terapêuticas, através de prescrição, 28,6% disseram que prescreve

enquanto os outros 71,4% não prescreve (TABELA 07). Os motivos pelos quais os

28,6% dos médicos prescritores incentivam o uso de PMF com finalidades

terapêuticas, está no fato de existir menor incidência de efeitos colaterais (50,0%) e

por fazer parte da cultura da comunidade, relatados por 50,0% (GRÁFICO 07).

Enquanto os outros 71,4% que não prescrevem referiram-se ao fato de não possuir

um conhecimento seguro para poder prescrever (40,0%), falta de acesso as PMF

(20,0%) e 40,0% preferiram não responder, como mostra o GRÁFICO 07. Observou

também na TABELA 07, que 42,8% dos médicos entrevistados, disseram prescrever

ocasionalmente Plantas Medicinais e Fitoterápicos, outros 28,6% prescrevem

raramente e 29,6% não prescrevem.


57

TABELA 07 – Relatos dos Médicos Prescritores do SUS de Camamu-BA, com relação à


Prescrição\Indicação de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PMF) com finalidades
Terapêuticas, em Janeiro de 2008.
Índice n. (%)
Prescreve PMF com finalidades Terapêuticas n 07
Prescreve 02 (28,6)
Não Prescreve 05 (71,4)
Freqüência n 07
Todas as Consultas 00 -
Ocasionalmente 03 (42,8)
Raramente 02 (28,6)
Não Prescreve 02 (28,6)

Ao enumerar de um a cinco sua prioridade terapêutica (Plantas Medicinais,

Medicamento Fitoterápico, Medicamento Manipulado, Medicamento Industrializado e

Medicamento Homeopata), descrita na TABELA 08, percebe-se que 100% dos


58

médicos têm o Medicamento Industrializado como primeira opção terapêutica.

Enquanto 71,4% têm o Medicamento Manipulado como segunda opção terapêutica.

No que se refere à Plantas Medicinais e Medicamento Fitoterápico, por cálculos,

percebe um empate enquanto sua posição de escolha, ficando então ambos como

terceira opção. Para medicamento Homeopático, 57,1% optaram como quinta e

ultima opção terapêutica.

TABELA 08: Opções Terapêuticas dos Médicos do SUS de Camamu-BA, em Janeiro de


2008.
Tipo de Terapia n 07
Posição n. (%)
Medicamento Industrializado
1ª opção 07 (100,0)
Medicamento Manipulado
2ª opção 05 (71,4)
Não enumerou 02 (28,6)
Plantas Medicinais
2ª opção 01 (14,3)
3ª opção 01 (14,3)
4ª opção 03 (42,9)
Não enumerou 02 (28,6)
Medicamento Fitoterápico
3ª opção 04 (57,1)
4ª opção 01 (14,3)
Não enumerou 02 (28,6)
Medicamento Homeopático
5ª opção 04 (57,1)
Não enumerou 03 (42,9)

Todos os Médicos entrevistados foram a favor da implantação de Plantas Medicinais

e Fitoterapicos (PMF) no SUS – Sistema Único de Saúde. Justificaram a aprovação

pelo baixo custo (33,3%), poder terapêutico dos Fitoterápicos (16,7%), por ser uma

forma alternativa de tratamento (16,7%), baixa reação adversa (16,7%), faz parte da
59

cultura popular (8,3%) e promove o uso racional dos medicamentos (8,3%)

(GRÁFICO 08).

No item do questionário onde os médicos iriam correlacionar os grupos

farmacológicos com as espécies botânicas, somente 28,6% dos tópicos foram

correlacionados pelos médicos entrevistados, enquanto os outros 71,4% não houve

respostas (TABELA 09). Verifica-se na TABELA 09, que nenhum dos entrevistados

respondeu sobre a Espinheira-Santa (Maytenus ilicifolia); enquanto 14,3% dos

entrevistados responderam sobre o Hipérico, colocando no Grupo de Terapêutico do

sistema digestivo; 28,6% responderam sobre o gengibre (Zingiber officinalis L.)

sendo que 14,3% a classificaram no sistema digestivo e outros 14,3% para sistema

imune; 71,4% dos entrevistados responderam sobre a erva-cidreira (Melissa

officinalis L.), classificando-a no grupo do sistema digestivo; 14,3% dos

entrevistados responderam sobre Salix alba L. (Salgueiro Branco), classificando-a


60

no grupo do sistema nervoso Central; e 42,9% dos entrevistados responderam sobre

sene (Senna alexandrina Mill), e o classificou no grupo farmacológico do sistema

digestivo.

TABELA 09 - Indicações das Espécies Botânicas para Grupos Terapêuticos Farmacológicos,


assinalados pelos Médicos do SUS de Camamu-BA, em Janeiro de 2008.
Espécies Botânicas
Grupos Farmacológicos n. (%)
Maytenus ilicifolia (Espinheira-Santa)
Preferiu não Responder 07 (100,0)
Hypericum perforatum (Hipérico)
Sistema Digestivo 01 (14,3)
Preferiu não Responder 06 (85,7)
Zingiber officinalis L. (Gengibre).
Sistema Digestivo 01 (14,3)
Sistema Imune 01 (14,3)
Preferiu não Responder 05 (71,4)
Melissa Officinalis L. (Erva-cidreira).
Sistema Digestivo 05 (71,4)
Preferiu não Responder 02 (28,6)
Salix alba L. (Salgueiro Branco).
Sistema Nervoso Central 01 (14,3)
Preferiu não Responder 06 (85,7)
Senna alexandrina Mill. (Sene)
Sistema Digestivo 03 (42,9)
Preferiu não Responder 04 (57,1)
61

7. DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo indicam que a amostra de usuários do Sistema

Único de Saúde é predominante feminina (TABELA 1) apesar de a comunidade

camamuense ter um número maior de homens. Entretanto alguns fatores podem

esclarecer tais dados, como as características fisiológicas do sexo feminino, que

necessitam de um acompanhamento médico continuo, durante seu

desenvolvimento; a freqüente ocorrência de patologia em mulheres; e a questão de

status social, no qual de forma cultural, ela é a responsável em resolver os

problemas domiciliares correlacionados a saúde e doença.

Hoje para se desenvolver programas no SUS, criam-se estratégias que atraia o

principalmente o publico feminino, visto que as mulheres predominam também em

outros estudos, nesta área de PSF’s. No caso de Fitoterápicos, já se sabe, que elas

usufruem de técnicas artesanais a partir de plantas como terapia alternativa,

somente com o conhecimento hereditário. Foi o aconteceu no trabalho de ATAÍDE et

al (2007), com 104 mulheres de idade entre 18 e 70 anos, maioria com o ensino

fundamental completo, ao demonstrar a relação destas com algumas formas

farmacêuticas oriunda de planta com atividade medicinal, no qual 87,75% usam e

confiam em Plantas Medicinais, no qual se fez diversas intervenções nesta

população.

Com relação à maior faixa etária vista dos usuários do SUS, 21 a 30 anos, com a

média de 35 anos (±15,21), e a escolaridade predominante de Ensino Fundamental

Incompleto (TABELA 1), são resultantes do perfil social de Camamu, visto que no
62

município a faixa etária escolhida para o estudo descrito na metodologia (a partir de

16 anos), têm na faixa de 20 a 29 anos em sua maioria de indivíduos, e a dificuldade

de acesso às instituições de ensino médio e superior, contribuem para baixa

escolaridade dos entrevistados.

Enquanto que os médicos entrevistados que atendem o Sistema Único de Camamu,

são predominantes do sexo masculino e têm a maior parte mais de 20 anos de

formados, tendo mais de uma especialização, dentre estas, especialista em PSF, no

qual demonstram a preocupação dos profissionais no sistema publico (TABELA 4).

OGAVA et al (2003) relata em seu trabalho, que há uma maior adesão ao Programa

de Fitoterapia os profissionais do PSF que os especialistas que atendem nas

unidades mistas.

O acesso a medicamentos pela população entrevistada demonstra que ainda não se

conseguiu estabelecer a meta da Política Nacional de Medicamento que preconiza o

acesso dos medicamentos essenciais a toda população, já que aproximadamente

40% da população, ainda adquirem seu medicamento em farmácia comunitária

(TABELA 2). Isto sinaliza a discussão nacional, que atribui à farmácia comunitária

um local de saúde primária, o que demonstra o cuidado que estes estabelecimentos

devem ter com tais pacientes. Logo não se deve esquecer que o acesso a

medicamento, para muito dos entrevistados, ocorrem somente nos postos de saúde,

decorrente da difícil localização de muitas comunidades.

A utilização de Plantas Medicinais assumida por 96,4% dos entrevistados (TABELA

03), supera a estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), quando se refere

à terapia tradicional diz que aproximadamente 80% da população mundial a


63

recorrem, sendo destes 85% usam ou recomendam Plantas Medicinais com

finalidade Terapêutica (BRASIL, 2006a). Tal fato pode ser explicado pela facilidade

que os entrevistados têm em adquirir Plantas Medicinais, por Camamu ser uma

comunidade tipicamente rural e ribeirinha, e possuir uma área vegetal extensa, na

qual a mesma população cultiva as espécies botânicas (TABELA 03). Sendo

confirmado quando 94,1% dos entrevistados têm uma área de plantio de algumas

espécies, e quando 66,4% adquirem suas plantas no próprio quintal e outros 21,0%

com vizinhos (TABELA 03).

O mesmo quadro aparece também em muito dos estados brasileiros nos estudo

sobre a utilização de Plantas Medicinais como terapia alternativa. TAUFNER e

colaborares, em 2006, demonstraram em duas comunidades no estado do Espírito

Santo, o predomínio o acesso de Plantas Medicinais a partir de cultivo em quintais e

com vizinhos. DE OLIVEIRA et al (2008), no Rio de Janeiro, apontou que as plantas

eram obtidas principalmente do próprio quintal (57,69%), beira de rios e lagos

(17,69%), estradas (10,00%) e lavouras (5,38%). BARRETO (2006), em Minas

Gerais, as plantas citadas eram obtidas no próprio quintal (57,34%) e 21,94% na

vizinhança. SOUZA (2007) sinalizou no seu estudo etnobotânico em Camaçari (BA),

o cultivo das espécies terapêuticas nos próprios quintais da comunidade.

Os médicos que os atendem e foram entrevistados neste estudo, também reconhece

o uso de plantas medicinais pela população (TABELA 06), neste caso de forma

irracional, pelo fato de muitas vezes não serem prescritas ou indicadas por um

profissional clinico. O que se torna agravante, já que o uso incorreto de algumas

espécies pode acarretar algumas reações adversas, incluindo efeitos colaterais,


64

interações medicamentosas, atividades teratogênica e mutagênica, intoxicação,

mascarar possíveis patologias em exames laboratoriais ou médicos, dentre outros.

Muitos dos médicos informam no questionário, que os pacientes não solicitam

prescrições de plantas medicinais (TABELA 06), isto pode ser decorrente do mito

que envolve as espécies com atividade medicinal, quando se refere que o “natural

não faz mal” ou o descrédito destes usuários com relação à atividade terapêutica

das plantas. Logo os tabus devem ser quebrados, e formar a população que existe

sim efeitos maléficos no uso indiscriminado e irracional de plantas medicinais,

levando-as a reconhecer as atividades funcionais e medicinais das espécies

vegetais em questão.

Neste estudo assim como em outros estudos, percebeu-se a hereditariedade nas

informações quanto ao uso terapêutico de plantas medicinais, nos quais mais de

48% relataram obter o conhecimento com familiares, amigos ou vizinhos (TABELA

03). Alem do mais muitos dos entrevistados que afirmaram subsidiar de

conhecimentos próprios para usarem plantas medicinais, fizeram alusão a um

conhecimento herdado.

Logo é importante sinalizar os mais de 3% dos entrevistados que afirmam usar

plantas medicinais, por informação de um profissional de saúde (Farmacêutico,

Médico, Enfermeiro, Balconista de Farmácia ou Agente Comunitário), o que

caracteriza que há de alguma forma um aconselhamento para o uso desta terapia

(TABELA 03). Sendo, portanto um dado relativamente pequeno comparado á outros

locais que tem a Fitoterapia implantada no SUS, entretanto é um bom sinal, visto

que serão estes profissionais que irão lidar com tais pacientes para aderir a terapia.
65

No presente trabalho demonstrou também que 94,1% dos entrevistados afirmam

aceitar a recomendação do medico ou dentista, para usarem plantas medicinais

como terapia alternativa (GRÁFICO 01), sinalizando a abertura da comunidade para

tal terapia e sua aceitação caso venha ser disponível Plantas Medicinais no SUS de

Camamu. O que é comum nos programas de Plantas Medicinais, como no trabalho

de SILVA (2006), que 20,6% das prescrições dispensadas pelo SUS, eram de

medicamentos fitoterápicos e sinaliza o trabalho de NEGREIROS (2002), no qual

70% das prescrições dispensadas eram fitoterápicos.

Há outro dado neste mesmo estudo, que demonstra novamente a aceitação da

fitoterapia em Camamu, quando maior parte dos usuários do SUS entrevistados

relatou que optaria por um medicamento fitoterápico, ao invés de um medicamento

sintético/semi-sintético (GRÁFICO 06). O numero bem maior fora apresentado no

estudo de TOMAZZONI (2006), numa unidade de saúde com 50 entrevistados, em

que 100% destes trocariam uma prescrição de medicamento industrializado

(sintético/semi-sintético), por um medicamento fitoterápico.

Importante sinalizar que as principais referências dos entrevistados na sua

justificativa, para o uso de plantas medicinais, fora as próprias espécies botânicas,

pelo seu caráter natural e curativo (GRÁFICO 02). Demonstrando então a relação

destes usuários do SUS, com a natureza, já que a agricultura é um potencial

econômico do município. Outro dado evidenciado foi a confiança que os

entrevistados têm nos profissional de saúde, quando os usuários do SUS dizem que

aceitariam a recomendação ou prescrição de plantas medicinais feita pelos médicos

ou dentista, demonstrando quão é o papel deste profissional para a população

(GRÁFICO 02).
66

Para os entrevistados que não aceitam a prescrição ou recomendação clinica de

Plantas Medicinais, em torno de 6% (GRÁFICO 01) relacionadas a dois principais

fatores: o não gostar de tomar a infusão ou decocto das espécies e não confiar no

poder curativo das mesmas, se faz necessário, recorrer a outras formas

farmacêuticas ou outra terapia, desde que seja subsidiada pela legislação, literatura

e Protocolo Clínico Terapêutico, se estiver disponível no município.

Quanto à aceitação da fitoterapia no SUS por todos os Médicos entrevistados,

demonstra o quanto estão abertos à nova terapia. Este resultado foi superior ao

trabalho de TOMAZZONI (2004), feito com toda equipe de USF, em Cascavel (PR),

mostrou que 92,9% dos 50 profissionais de saúde, aceitaram a implantação de um

programa de fitoterapia na unidade.

Predominou como justificativa para da aceitação dos Médicos da Fitoterapia no SUS

o “menor custo”, fato que na implantação e construção da logística parece ser

equivocado (GRÁFICO 08). Já que para construir um programa com qualidade,

dentro das conformidades com as legislações e que possa atender as necessidades

da população com eficiência, é dispendioso. Mas ao longo prazo o recurso se

minimiza, pois o maior gasto está relacionado com materiais permanentes e infra-

estrutura.

Outro ponto relatado pelos médicos do SUS de Camamu, como adesão à fitoterapia

no SUS do município, está correlacionado às espécies botânicas com atividades

terapêuticas, sinalizando por uma “terapia alternativa”, com “baixa reação adversa” e

“poder terapêutico” (GRÁFICO 08). O que transparece autentica aceitação dos

médicos a nova terapêutica, caso venha ser implantado na cidade.


67

A maioria dos médicos não têm uma freqüência em prescrever tais medicamentos

(TABELA 07, GRÁFICO 07), um dos motivos poderá ser a falta de esclarecimento

com relação à fitoterapia. Visto que a graduação que estes prescritores

entrevistados tiveram, baseado no seu tempo de formado, não fora direcionada a

fitoterapia e sim a uma terapia alopata (modelo biomédico), dos quais dão ênfase

terapêutica aos medicamentos industrializado e manipulado, o que justifica o

freqüente uso desta terapia (TABELA 08). OGAVA et al, 2003, sinaliza que as

dificuldades dos médicos prescreverem são decorrentes da falta de conhecimento

dos profissionais médicos.

Pode-se dizer que os médicos prescritores do SUS de Camamu, têm pouco

conhecimento sobre Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Visto que estes profissionais

correlacionaram somente 28,6% do total, contendo cinco espécies de atividade

medicinal descrita na RDC 89/2004, o que caracteriza o pouco conhecimento

(TABELA 09). Confirmando então a auto-avaliação dos médicos, ao classificar seu

conhecimento de regular para bom (TABELA 05). Diante dos mais de 83% de acerto

quanto a correlação (espécie X atividade farmacológica), demonstra que a

prescrição destes profissionais é de forma confiável.

Os médicos prescritores do SUS de Camamu se equivocaram ao mencionar o

Hypericum perforatum (Hipérico) com atividade no Sistema Digestivo e Salix alba L.

(Salgueiro Branco) com atividade no Sistema Nervoso Central, comparando com os

dados da RE 89/2004 (TABELA 09). Logo a Lista de Registro Simplificado de

Fitoterápico, presente na Resolução 89 de 16 de março de 2004, indica o Hipérico

para estados depressivos leves a moderados não endógeno, ou seja, tem atividade
68

no Sistema Nervoso Central; e o Salgueiro branco, tem atividade antitérmica,

antiinflamatória e analgésica, ou seja, atividade no Sistema Imune ou Endócrino.

Houve neste estudo uma espécie com atividade medicinal que não foi mencionada

seu Grupo Terapêutico pelos médicos Prescritores do SUS de Camamu, a Maytenus

ilicifolia (Espinheira-Santa) (TABELA 09). Tal espécie tão estudada nos anos 80, do

século passado, muito usada pela população (levando a lista de extinção) e quase

foi disponibilizada à população pela CEME, é mencionada na RE 89/2004 com

atividade no Sistema digestivo como dispepsias e coadjuvante no tratamento de

úlcera gástrica.

ARNOUS et al (2005) pontua na sua discussão o pouco preparo que os profissionais

de saúde têm com relação às terapias alternativas, por falta de estímulos e pouco

respaldo científico. Enquanto que GOULART et al (2004) no seu trabalho, além de

demonstrar a falta de conhecimento dos profissionais de saúde sobre Plantas

Medicinais, argumenta o modelo biomédico de avaliar e tratar o paciente, que

afastou estes profissionais dos mesmos, recomendando tais profissionais voltar-se

ao modelo holístico, o modelo que é mais aplicável as necessidades atuais, segundo

autora.

O escape dos programas de fitoterapia tem com relação ao conhecimento dos

profissionais, é de estruturar formações ou atualizações destes, com palestras e

mini-cursos. Além de criarem Memento Terapêutico descrevendo a lista padronizada

de plantas disponíveis no programa e suas atividades, posologia e precauções,

disponibilizando a tais profissionais, promovendo então atividade de prescrever tais


69

remédios. MICHILES (2004) e RIO DE JANEIRO (2002) revelaram uma maior

adesão ao programa quando houve tais atividades.

A fitoterapia, como conceito, já é complicada de ser entendida pelos próprios

profissionais de saúde, não é diferente quanto aos pacientes ou usuário do SUS. É o

que revela os mais de 83% dos entrevistados que não sabem nem ouviram falar e

os 71,2% que ouviram falar, mas não souberam responder (GRÁFICO 04).

Enquanto que os que responderam, aproximadamente 20%, sinalizaram a terapia

com produto a partir de plantas medicinais e terapia alternativa (GRÁFICO 05). Tal

ocorrido aponta a necessidade de informação sobre a fitoterapia, usando recursos

áudio ou visual, palestras, oficinas dentre outros, como faz BARRETO (2006), no

seu trabalho em varias comunidades, associações e grupos organizados em Juiz de

Fora, Minas-Gerais.
70

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o presente estudo fica explicito que os usuários do SUS e os profissionais

Médicos de Camamu aceitam Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PMF) como terapia

complementar ou alternativa para as morbidades. Assim, se faz necessário uma

conscientização ou capacitação, tanto dos usuários quanto dos Médicos

(representado os profissionais de saúde), com relação à terapia com PMF, para que

a possível implantação de Programa ou Projeto no SUS de Camamu seja efetiva e

funcional.

A utilização irracional de PMF pela população camamuense, apresentada neste

trabalho, revela o quanto esta desconhece os possíveis efeitos toxicológicos, assim

como as falsas propriedades terapêuticas atribuídas algumas espécies, o que

justifica a necessidade de capacitação e informações na área. Para os Médicos do

SUS de Camamu, é importante promover um curso de atualização na área de PMF,

assim como elaborar um memento terapêutico, para auxiliar na prescrição.

Tais intervenções são necessárias mesmo que no município não ocorra à

implantação de PMF no SUS, por se caracterizar um potencial problema de saúde

publica, já que o uso irracional de PMF é o principal motivo de internação e óbito nos

centros de toxicologia na Bahia. E o baixo conhecimento dos profissionais de saúde

favorece tais ocorrências por omissão de informações, assim como a não utilização

de uma possível terapêutica menos agressiva e de baixos efeitos colaterais e

adversos.
71

Portanto um dos profissionais que não pode faltar nesta construção é o

Farmacêutico, pois uma matriz curricular ampla e diversificada, constituída de

disciplinas intrínsecas a: morfologia (Botânica, Farmacobotanica), fitoquímica

(Farmacognosia, Química Farmacêutica), manipulação (Tecnologias Farmacêuticas)

e atividade terapêutica (Farmacognosia, Fitoterapia, Farmacologia) das PMF,

tornando indispensável tal profissional.

Outro fator a ser mencionado é que ao implantar a Fitoterapia no SUS, os usuários

não são obrigados aderir à terapia. Baseado nos Critérios éticos, o paciente tem

direito a optar a sua terapia, mediante a algumas informações. Logo a fitoterapia é

uma alternativa que ao ser implantada, deve ser sugerida ao paciente não imposta.
72

9. REFERÊNCIAS

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