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Este guia foi realizado por :

Marc Delorme, Reinhard Six : Rhônalpénergie-Environnement (França)


Daniel Mugnier, Jean-Yves Quinette : Tecsol (França)
Nadja Richler : O. Ö Energiesparverband (Áustria)
Frank Heunemann : Berliner Energieagentur GmbH (Alemanha)
Edo Wiemken, Hans-Martin Henning :
Fraunhofer Institute for Solar Energy Systems (Alemanha)
Theocharis Tsoutsos, Effie Korma : Centre for Renewable Energy Sources (Grécia)
Giuliano Dall’O, Paola Fragnito, Luca Piterà : Associazione Rete di Punti Energia (Itália)
Pedro Oliveira, João Barroso : Agência Municipal de Energia de Sintra (Portugal)
José Ramòn-Lopez, Santiago Torre-Enciso : Ente Vasco de la Energia (Espanha)

Com o apoio da Comissão Europeia


(Direcção - Geral para a Energia e Transportes)
da Região Rhône-Alpes e da Câmara Municipal de Sintra.

A reprodução do conteúdo desta brochura está sujeita à apreciação da


Comissão Europeia e do Rhônalpénergie-Environnement.
Nem a Comissão Europeia, nem qualquer outra pessoa agindo em seu nome, pode:

a) oferecer qualquer garantia ou representação, expressa ou implícita, no que respeita


à informação contida nesta publicação,

b) assumir a responsabilidade no que respeita ao uso de, ou prejuízos


resultantes desta informação.

A opinião expressa nesta publicação não é necessariamente a da Comissão Europeia.


A Climatização
Solar

Índice
1 Introdução p 4
1.1 Porquê o arrefecimento solar ?
1.2 As tecnologias de arrefecimento solar são competitivas ?
1.3 Optar por uma instalação de arrefecimento solar ?

2 Reduzir as necessidades de arrefecimento p 6


2.1 Princípios gerais
2.2 Estratégias
2.3 Técnicas para a redução da carga térmica no Verão

3 Técnicas de arrefecimento solar p 10


3.1 Produção de água fria por chiller de absorção ou de
adsorção
3.2 Sistemas de arrefecimento exsicantes
3.3 Colectores solares
3.4 Torres de arrefecimento e Unidades de Tratamento de Ar
3.5 Investimento e custos de exploração

4 Instalações de arrefecimento solar p 16


Localização
10 exemplos

5 Gestão de um projecto de arrefecimento solar p 28


5.1 Escolha da tecnologia
5.2 Regras básicas para a concepção e dimensionamento
5.3 Porquê um estudo de viabilidade ?

Bibliografia p 31

3
1 INTRODUÇÃO
Na última década a procura de ar condicionado no sector terciário aumentou, resultado da procura de
um melhor conforto e das elevadas temperaturas no Verão. As técnicas passivas e semi-activas utili-
zadas durante séculos para manter as condições de conforto interior, parecem ter sido esquecidas em
muitos dos novos edifícios.
Este desenvolvimento da climatização em edifícios é responsável por um aumento da procura de ener-
gia eléctrica durante o Verão, que por diversas vezes atinge os limites da produção e distribuição de
electricidade.
Associada à procura está o aumento das emissões de gases de efeito de estufa, quer devido à produ-
ção de energia, quer pelo derrame dos fluídos refrigerantes, contribuíndo para o ciclo vicioso das
mudanças climáticas.
Como é demonstrado na primeira parte desta brochura, uma larga gama de soluções passivas dis-
poníveis permitem melhorar as condições interiores tanto para novos edifícios em fase de projecto,
como para edifícios já existentes, reduzindo o recurso a sistemas activos de ar condicionado.
A tecnologia de arrefecimento de edifícios com energia solar já provou em alguns casos, perídos
superiores a 10 anos, a sua eficiência e viabilidade. Estas tecnologias utilizam como fluído refrigeran-
te um fluído inofensivo (água) e muito menos energia primária que os sistemas clássicos.
Assim, porque não utilizar a energia solar para manter no Verão as condições de conforto interior acon-
selhadas para os edifícios?

1.1 - Porquê o arrefecimento solar?


Apesar da utilização eficiente das técnicas solares passivas, é Os sistemas de arrefecimento solar têm a vantagem de suprir a
necessário um sistema de climatização, pelo que, o arrefecimento maioria das exigências de um sistema clássico:
solar pode ser uma solução interessante. O consumo de energia eléctrica pode ser até 20 vezes inferior,
Com efeito, durante o Verão, a procura de energia eléctrica cresce quando comparado com um sistema clássico de compressão;
fortemente devido à utilização intensiva de sistemas de climatiza- Os fluídos refrigerantes utilizados são inofensivos, utilizando-se
ção, sendo os picos de consumo a origem da maioria dos problemas normalmente água e soluções salinas;
de fornecimento de electricidade. Este problema é ainda mais grave O incómodo sonoro provocado pelo compressor é anulado;
nos anos “secos”, visto que as centrais hidroeléctricas são incapazes
de corresponder a uma parte desses picos. Estes sistemas podem ser utilizados autonomamente ou em comple-
Dentro deste contexto, a utilização de energia solar para o arrefeci- mento com um sistema clássico de ar condicionado; o objectivo
mento é um conceito atractivo, pois as necessidades de arrefeci- principal é o de utilizar tecnologias de “emissão zero” para reduzir o
mento coincidem, na maior parte do tempo, com a disponibilidade consumo energético e as emissões de CO2.
de radiação solar.

CLIMATIZAÇÃO OU ARREFECIMENTO?
Em termodinâmica, o termo climatização refere-se a uma instalação que garante um valor pré-definido para a temperatura
(e em alguns casos para a taxa de humidade). Uma instalação de arrefecimento solar permite baixar a temperatura, mas o
valor pré-definido não pode ser sempre garantido (à noite por exemplo, ou durante um período sem radiação solar).
Contudo é possível garantir um valor pré-definido com o apoio energético de um sistema auxiliar. Utilizar-se-à, portanto,
o termo arrefecimento solar para uma instalação autónoma, e climatização solar quando tiver apoio energético auxiliar.
4
1.2 - As tecnologias de arrefecimento solar são competitivas ?
Apesar de existir um grande potencial de numa análise económica.
mercado para as tecnologias de arrefeci- De um modo geral, pode-se observar que
mento solar, os sistemas já existentes não para as tecnologias solares:
são, ainda, economicamente competitivos O seu custo diminui com a sua produção
quando comparados com os sistemas eléc- em grande série;
tricos ou a gás, principalmente devido ao Ao nível técnico, são já tecnologias
elevado investimento que os sistemas de maduras;
arrefecimento solares acarretam e ao baixo São muito mais amigas do ambiente que
preço da energia utilizada nos sistemas os sistemas convencionais.
clássicos.
Reduzir os custos de diferentes compo- Estas diferentes vantagens mostram que
nentes (colectores solares, chiller...) e me- estas tecnologias devem ser apoiadas, quer
lhorar a seu rendimento, mudará drastica- através de um incentivo financeiro, quer
mente esta situação, mesmo apesar de se através de uma taxa energética que reflicta
saber que ainda é difícil prever a data em os custos ambientais face às energias
que esta tecnologia solar atingirá a maturi- convencionais. Em muitos países, o apoio
dade económica. financeiro a sistemas com energia solar per-
Por outro lado, a comparação da tecnologia mitem tornar esta solução economicamente
solar com a tecnologia clássica só pode ser mais atractiva.
feita se se incluir os custos externos
(ambientais e sociais). O carácter imprevisí-
vel do custo dos combustíveis convencio-
nais, num futuro a médio/longo prazo,
deverá, também, ser tido em linha de conta

1.3 - Optar por uma instalação de arrefecimento solar?


Está convencido que, para parar o ciclo vicioso das alterações climáticas, necessitamos de
uma abordagem mais conscienciosa em termos ambientais ao nosso consumo de energia?
Que a redução das necessidades de arrefecimento através de técnicas bioclimáticas ou passi-
vas são a primeira etapa desta abordagem? E que, se necessitar de um sistema de arrefeci-
mento, a tecnologia de arrefecimento solar pode ser uma boa solução?
Então esta brochura é para si!

A primeira parte desta brochura apresenta as principais técnicas passivas e semi-activas para
reduzir as necessidades de arrefecimento.
Diferentes tecnologias de sistemas de arrefecimento assistidos por energia solar são descri-
tas: sistemas de absorção, adsorção e exsicantes.
A brochura apresenta, igualmente, um número importante de instalações em funcionamen-
to em diferentes países
Por fim, são dados conselhos para desenvolver o seu projecto de um sistema de arrefecimen-
to solar.

5
2 REDUZIR AS NECESSIDADES
DE ARREFECIMENTO
Os sistemas de arrefecimento por energia solar permitem arrefecer os edifícios, praticamente
sem impactes ambientais. Contudo, apesar da energia solar ser gratuita, para uma igual capa-
cidade de arrefecimento, os sistemas alimentados com energia solar apresentam custos mais
elevados que os sistemas clássicos de compressão.
Se decidirmos instalar um sistema de arrefecimento solar, devemos primeiro analisar as carac-
terísticas do edifício e adoptar todas as medidas possíveis para reduzir as necessidades de arre-
fecimento.
Este capítulo apresenta os princípios, estratégias e técnicas que permitem a redução das neces-
sidades de arrefecimento. Os conselhos aqui descritos são aplicáveis tanto em edifícios em
fase de projecto, nos quais é possível adoptar medidas mais inovadoras, bem como, nos edifí-
cios já existentes para os quais existem, também, diversas técnicas de intervenção possíveis.

2.1 - Princípios gerais


Nos sistemas de arrefecimento, a potência de arrefecimento é cal- Inércia térmica do edifício;
culada com base na carga térmica no Verão, que é a soma de todas Cargas térmicas internas, tanto sensíveis como latentes, devido à
as cargas internas e externas, que afectam o equilíbrio entre o presença de pessoas e fontes produtoras de calor (tais como ilumi-
ambiente interior a arrefecer e o ambiente exterior (não apenas o nação, maquinaria, etc.);
espaço exterior, mas também os espaços contíguos não climatiza- Ganho de calor, sensível e latente, devido à infiltração de ar e
dos). No Verão, a quantidade de calor a ser rejeitado depende de ventilação do local.
numerosos factores, alguns dos quais variáveis ao longo do dia, tal
como a radiação solar incidente. O esquema apresentado na figura 1 mostra que as necessidades de
Os factores que têm maior impacte nas necessidades de arrefeci- arrefecimento no Verão são fortemente influenciadas pelos elemen-
mento são os seguintes: tos arquitectónicos que definem a envolvente do edifício.
Efeito da radiação solar através das superfícies transparentes; Um sistema de arrefecimento projectado para os meses de Verão
Efeitos da transferência de calor por condução através de super- deve ser capaz de remover tanto o calor sensível como o calor laten-
fícies claras e opacas; te do edifício.

Factores climáticos
Humidade
Radiação Temperatura
especifica
solar do ar exterior
do ar exterior

Dispositivo de Infiltração
sombreamento e ventilação

Cargas
Massa Radiação solar Pessoas
internas
térmica através de
envidraçados
Iluminação Figura 1
Transmissão Organigrama para o cálculo
Massa através de paredes Outros da carga térmica de um
térmica e cobertura equipamentos edifício no Verão

Transmissão
excluindo paredes
e cobertura
Edifício Utilização

Calor sensível Calor latente


total total

Total de calor
a remover

6
Calor sensível e latente
Calor sensível, é a soma do calor que resulta Calor latente, é a soma do calor que conduz ao
apenas no aumento da temperatura. É prove- aumento da quantidade de vapor de água no ar.
niente do exterior e resulta da radiação solar e da É proveniente da humidade emitida pelas pessoas
diferença de temperatura entre o exterior e o através da respiração e transpiração e por todas
interior do edifício (transmissão de calor por as fontes geradoras de vapor.
condução através da envolvente). E proveniente Sempre que é ventilado um local, o ar prove-
também das cargas internas, como as pessoas e niente do exterior traz calor sensível se a tempe-
todas as fontes de calor (iluminação, equipamen- ratura externa é superior à temperatura ambien-
to informático, máquinas, etc.). te do local, e calor latente em função do teor de
vapor de água.

Figura 2
Escritórios da Câmara do Comércio e da Indústria
de Friburgo na Alemanha: exemplo da redução
da carga térmica no Verão (protecções solares,
cobertura ventilada e ajardinada e dispositivos
de sombreamento)
2.2 - Estratégias
As necessidades de arrefecimento de um edifício durante o Verão PROTECÇÃO DO SOL
podem ser reduzidas, adoptando estratégias "bioclimáticas" (Fig. 3). No Verão, a radiação solar atravessa as superfícies transparentes do
Redução das cargas térmicas na fase de concepção do edifício: edifício (portas e janelas) causando um ganho de energia imediato.
Uma protecções solares nas janelas, paredes e cobertura, utilizan- Diferentes dispositivos de sombreamento permitem reduzir esse
do barreiras artificiais ou naturais (Fig. 4 e 5); impacte:
Uma forte inércia térmica conjuntamente com uma sobre venti-
lação nocturna; Estrutura de sombreamento vertical para as orientações Este e
Uma ventilação adequada; Oeste ou horizontal para a orientação Sul) (Fig.7);
Estores exteriores fixos ou ajustáveis;
Redução da temperatura exterior, intervindo nas proximidades do Toldos exteriores ou cortinas internas;
edifício, através de: Vidros especiais.
Aumento da humidade relativa do ar com lagos, fontes e vegetação;
Utilização de plantas para sombreamento; As estruturas de sombreamento externo são as mais eficazes, pois
Redução do coeficiente de reflexão solar do meio-ambiente, por impedem a radiação solar de atingir as superfícies envidraçadas.
exemplo, através da criação de espaços verdes;
Escolha de cores claras para as paredes exteriores.

Orientação Figura 5 Protecções solares


Materiais Figura 3 com avançado horizontal
Uma redução da carga e estores exteriores num
térmica no Verão pode edifício de escritórios em
Protecções ser obtida, na fase de
solares Dresden na Alemanha
projecto de um
edifício, recorrendo
a estratégias
Aberturas bioclimáticas
Vegetação
n

Ventilação
n
Cargas internas

Figura 6
Avançado horizontal com
módulos fotovoltaícos
integrados: (casas solares em
Friburgo na Alemanha)

Figura 4
Dispositivos de
sombreamento
exterior vertical num
edifício de escritórios
em Dresden, na
Alemanha

7
Eficácia de diferentes sistemas de protecção solar, em função de:
- a geometria do dispositivo;
- a orientação da fachada; INÉRCIA TÉRMICA
- o período do ano.
A inércia térmica de um edifício tem um elevado impacte na trans-
100%
S-E / S-W ferência de calor com o ambiente interior.
90%
Factor de transmissão

E/W
80%
S Um edifício caracterizado por uma massa térmica importante aque-
Figura 7 70%
60%
ce lentamente, o que permite atenuar o sobreaquecimento provoca-
50% do pela radiação solar através dos envidraçados.
40%
30% De facto, a envolvente exterior acumula a radiação directa e resti-
20%
Protecção tuem-na lentamente no ambiente interior, nas horas seguintes.
10%
0%
solar horizontal Deste modo, uma elevada inércia térmica limita os picos da necessi-
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
dade de arrefecimento.
100%
S
Factor de transmissão

90%
S-E / S-W
80%
70%
VENTILAÇÃO
60%
No Verão, a ventilação é uma das formas mais simples de garantir o
50%
E/W
40%
conforto térmico dos ocupantes de um edifício.
30% Existem duas estratégias possíveis:
20%
10% Protecção - A primeira, que tem um impacte imediato no bem estar dos ocu-
0% solar vertical pantes, consiste em movimentar o ar no interior do edifício por agi-
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
tação, com ventoinhas (de tecto, ou outras) ou então pela circula-
100%
S ção de ar, eventualmente com a ajuda do ar exterior (correntes de
Factor de transmissão

90%
80%
S-E / S-W
ar), desde que não esteja mais quente que o ar interior.
70%
- A segunda forma, direccionada para o arrefecimento do edifício,
60%
50% consiste em arejar fortemente as divisões com ar exterior, desde que
40%
E /W este esteja a uma temperatura inferior à do ar interior: desta forma
30%
Protecção solar as estruturas arrefecem, prolongando o conforto dos ocupantes,
20% combinada
10% (1 horizontal mesmo durante as horas mais quentes do dia.
0% + 2 verticais)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Em ambos os casos, o objectivo pode ser atingido de forma mecâni-
Mês ca ou de forma natural (correntes de ar).
Para tal é necessário:
A protecção solar é também importante para as superfícies opacas, Divisões com dupla orientação (pelo menos duas paredes exte-
e em particular para os revestimentos exteriores, que são as super- riores e com direcções opostas);
fícies da envolvente mais expostas à radiação solar. Paredes com aberturas para espaços pouco ruidosos (para permi-
tir aberturas de tomada de ar);
Mesmo que seja impossível utilizar dispositivos de sombreamento Controlar os três parâmetros: protecção solar, inércia térmica e ven-
eficazes, é aconselhável escolher superfícies exteriores com baixo tilação, permite uma redução das temperaturas interiores médias no
coeficiente de absorção. Verão.

Ventilação difícil Ventilação fácil


Figura 8
Impacte térmico da
radiação solar em função
da cor do revestimento

Figura 9
superfície clara superfície escura A ventilação natural depende da configuração do edifício. Os locais que
disponham de pelo menos duas aberturas exteriores, em fachadas
opostas, permitem uma boa ventilação.

2.3 - TÉCNICAS PARA A REDUÇÃO DA CARGA TÉRMICA NO VERÃO


Se os edifícios forem concebidos cuidadosamente, tendo em conta ARREFECIMENTO PASSIVO
os aspectos referidos anteriormente, a necessidade de ar condicio- As técnicas de arrefecimento passivo podem ser divididas em dois
nado no Verão será reduzida drasticamente. grandes grupos:
Apesar de algumas das técnicas apresentadas poderem ser aplicadas As que limitam as cargas térmicas: cargas solares, cargas
eficientemente em edifícios em fase de projecto, muitas interven- internas,…
ções que tenham como objectivo reduzir as necessidades de arrefe- As que contribuem para a remoção das cargas térmicas para
cimento no Verão podem ser implementadas em edifícios já exis- outros ambientes: água, ar, solo...
tentes com custos aceitáveis. As soluções a adoptar estão claramente descritos na brochura
8 "Natural and Low Energy Cooling in Buildings" (ver bibliografia).
REDUÇÃO DAS CARGAS TÉRMICAS EM EDIFÍCIOS EXISTENTES
As técnicas consideradas nos pontos anteriores podem reduzir dras- A redução das cargas depende de vários factores: características téc-
ticamente as cargas térmicas de um edifício, tanto ao nível da potên- nicas da envolvente exterior, orientação, inércia térmica do edifício,
cia máxima necessária como de consumo global de energia, através latitude, condições climáticas, etc.
de: Uma simulação numérica foi desenvolvida, considerando um hipoté-
Melhorando a gestão operacional do edifício; tico escritório localizado em Roma (Latitude 43º N), caracterizado por
Reduzindo as cargas térmicas internas; uma inércia média e uma fachada externa com 80% de envidraçado.
Procedendo a intervenções estruturais na envolvente exterior do A simulação considerou diferentes orientações do edifício e diversas
edifício; medidas de economia de energia. Os resultados, apresentados na
Intervindo no sistema de ventilação. Tabela 1, demonstraram que uma redução importante das necessi-
dades em frio é possível (até 45%) com a adopção de simples medi-
das passivas. Estes resultados, devido à sua especificidade para um
determinado edifício, devem ser vistos como um exemplo, e não
como valores gerais para qualquer outro edifício.

Descrição das intervenções Custo Redução da


carga térmica

Regulação da temperatura interna de cada espaço baixo 0% - 6%


Aumento da temperatura ambiente (p.ex.: 27ºC em vez de 25ºC) nulo 4% - 8%
Gestão
Aumento da humidade relativa (p.ex.: 60-55% em vez de 50%) nulo 1% - 5%
do edifício
Utilização correcta do sistema de iluminação e dos aparelhos eléctricos nulo 3% - 7%
Gestão correcta das aberturas exteriores, das janelas e estores nulo 0% - 5%

Regulação da iluminação (variação da intensidade, sensores de movimento, etc) baixo 4% - 6%


com lâmpadas incandescentes
Redução Regulação da iluminação (variação da intensidade, sensores de movimento, etc) baixo 2% - 4%
das cargas
com lâmpadas fluorescentes
internas
Utilização de iluminação de baixo consumo (p.ex.: lâmpadas fluorescentes em médio 10% - 13%
vez de lâmpadas incandescentes)

Estruturas de sombreamento interior (estores interiores, cortinas...) baixo 2% - 5%


Estruturas de sombreamento exterior (estores externos, toldos...) médio 8% - 19%
Aplicação de avançados verticais (0,6m) elevado 2% - 18%
Aplicação de avançados horizontais (1,5m) elevado 1% - 9%
Intervenções na Aplicação de avançados horizontais (0,6m) elevado 2% - 8%
envolvente Aplicação de vidros duplos reflectores elevado 4% - 7%
exterior Aplicação de película reflectora médio 3% - 11%
do edifício Paredes exteriores com cores claras com baixo poder de absorção baixo 1% - 8%
Isolamento da cobertura médio 3% - 6%
Estruturas de sombreamento na cobertura elevado 3% - 6%
Cobertura ventilada elevado 2% - 8%
Cobertura com vegetação elevado 4% - 15%

Central de duplo fluxo com recuperação térmica do ar extraído Elevado 2% - 4%


Intervenção nos
Sobre ventilação nocturna Médio 4% - 8%
equipamentos
Sistema de regulação eficiente Elevado 2% - 8%

Tabela 1 - Intervenções técnicas para a redução da carga térmica no Verão. Os resultados, obtidos para um edifício específico, são dados a título de exemplo

9
3 TÉCNICAS DE ARREFECIMENTO SOLAR

Os sistemas mais comuns de arrefecimento que utilizam o solar térmico para produzir frio são apresenta-
dos no quadro 2. Estes sistemas podem ser classificados em duas grandes famílias:
- Sistemas fechados: Chillers térmicos que produzem água refrigerada (absorção e adsorção) para ali-
mentação de unidades de tratamento de ar (arrefecimento, desumidificação) ou para uma rede de água
refrigerada de alimentação de sistemas descentralizados (p.ex.: ventilo-convectores). As máquinas dis-
poníveis no mercado e adaptadas à energia solar são os chillers de absorção (mais comuns) e de adsor-
ção (poucas centenas de máquinas em todo o mundo, mas com um interesse crescente para os sistemas
de ar condicionado assistidos por energia solar);
- Sistemas abertos: O ar é directamente tratado (arrefecido e desumidificado) em função das condições
de conforto desejadas. O refrigerante continua a ser a água, dado que está em contacto directo com o ar
a arrefecer. Os sistemas mais comuns utilizam uma roda exsicante giratória.

Método Ciclo fechado Ciclo aberto

Ciclo do refrigerante Ciclo do refrigerante fechado O refrigerante (água) está em contacto com a atmosfera

Princípio Água refrigerada Desumidificação do ar e arrefecimento evaporativo

Fase do sorvente sólido líquido sólido líquido

Mistura utilizada água - sílica gel Água - Brometo de lítio Água - sílica gel Água - cloreto de cálcio
Amoníaco - água Água - cloreto de lítio Água - cloreto de lítio

Tecnologia disponível Chiller adsorção Chiller absorção Sistema exsicante Próximo de introdução no
no mercado mercado

Gama de potência de 50 – 430 kW 15 kW – 5 MW


20 kW – 350 kW
arrefecimento (kW frio) (por módulo)

COP nominal 0.5 – 0.7 0.6 – 0.75 (single effect) 0.5 – >1 >1

Temperatura
60 – 90 °C 80 – 110 °C 45 – 95 °C 45 – 70 °C
de funcionamento
Colectores solares Tubos de vácuo, colectores
Tubos de vácuo, CPC
Colectores planos, Colectores planos,
planos, CPC colectores a ar colectores a ar
10
Tabela 2: Tecnologias de arrefecimento solar mais utilizadas actualmente.
3.1 - Produção de água fria por chiller de absorção ou de adsorção
As máquinas de absorção e de adsorção podem ser caracterizadas
por três níveis de temperatura: Água quente Água de
(calor “motriz") arrefecimento
- Nível de temperatura alta (TA), que corresponde ao calor forneci-
do ao sistema (circuito de água quente);
- Nível de temperatura baixa (TB), que corresponde à temperatura de Gerador Condensador
produção de frio (circuito de água refrigerada);
- Nível de temperatura média (TM), quando a temperatura do cir-
cuito de água quente e do circuito de água refrigerada é rejeitada.
A rejeição de calor, na maioria dos casos, é efectuada através de uma
torre de arrefecimento.
Qcalor
TA Figura 10 Absorvedor Evaporador
Esquema de princípio do processo:
Qfrio é a quantidade de calor extraido
da água arrefecida no evaporador.
Qcalor é a quantidade de calor requerido Água de Água
TM para fazer funcionar o processo (calor arrefecimento refrigerada
Qrejeitado motriz). Qrejeitado, soma de Qfrio e Qcalor,
é a quantidade de calor a remover
à temperatura média TM. Qcalor pode ser Figura 11
fornecido pelos colectores solares ou Esquema de princípio de um chiller de absorção
por um sistema de apoio (rede de calor
ou caldeira por exemplo).
Tb
Qfrio

Um parâmetro chave para descrever a eficiência de um chiller assis- A "produção de frio" é baseada na evaporação do refrigerante (água)
tido termicamente é o COeficiente de Performance térmico (COP), no evaporador a muito baixa pressão. O refrigerante vaporizado é
definido como a razão entre o calor rejeitado do ciclo de arrefeci- “aspirado” no absorvedor, diluindo assim a solução H2O/LiBr. Para
mento de água e o calor requerido para o sistema funcionar: tornar o processo de absorção eficiente, é necessário arrefecer a
COPtérmico= Qarref./Qaquec.. O COPtérmico é diferente do COPconv. de um solução. Ela é bombeada continuamente para o gerador onde é
chiller de compressão clássico, definido por COPconv.= Qarref./Eeléctrico, aquecida (calor “motriz”). O vapor de água gerado é então enviado
com Eeléctrico a representar o consumo de energia eléctrica do chiller. para o condensador, onde, através da aplicação de água de arrefeci-
mento, é condensado. A água líquida, após passar por uma válvula
Esta definição do COPtérmico não inclui nenhum consumo eléctrico de expansão, é novamente reencaminhada para o evaporador.
adicional. Uma comparação realista das diferentes tecnologias A potência de arrefecimento dos chillers de absorção são geralmen-
requer que se considere o total de energia utilizada (térmica e ener- te da ordem de várias centenas de kW. Geralmente, são alimentados
gia eléctrica das bombas e ventiladores). De realçar que quanto por uma rede de calor ou por um sistema de co-geração. A tempe-
menor o COP, mais calor é requerido e mais calor terá que ser rejei- ratura do calor necessária é, normalmente, acima dos 80ºC para
tado na torre de arrefecimento. Pelo contrário, um COP elevado tem chillers de efeito simples, com um COP de 0.6 a 0.8. Os chillers de
a vantagem de reduzir tanto o calor requerido, como o consumo de duplo efeito, com dois níveis de gerador, requerem temperaturas
energia eléctrica das bombas. acima dos 140ºC, e atingem um COP na ordem de 1.2.

A temperatura da água refrigerada depende do sistema de distribui-


ção instalado nos locais a arrefecer. No caso de ser necessário a
desumidificação do ar, a temperatura da água refrigerada deverá ser
inferior ao “ponto de orvalho”. Para o caso de se pretender apenas
uma diminuição da temperatura, sem desumidificação, a tempera-
tura da água refrigerada deverá estar entre 12ºC a 15ºC, o que per-
mite uma melhor rendimento do chiller.

CHILLERS DE ABSORÇÃO
Os chillers de absorção são os mais utilizados em todo o Mundo.
A compressão térmica do refrigerante é conseguida através da utili-
zação de uma solução refrigerante/absorvente líquido, e uma fonte
de calor, substituindo assim o consumo de electricidade de um com-
pressor mecânico. Para água arrefecida acima dos 0ºC, tal como é
utilizada na climatização, é usada normalmente uma solução
água/brometo de lítio (H2O/LiBr), em que a água é o refrigerante.
No funcionamento de um chiller de absorção H2O/LiBr, é importan-
te evitar a cristalização da solução através de um controlo interno
da temperatura do ciclo de rejeição de calor.
Figura 12
Chiller de absorção - Hotel de Rethymnon - Creta (Grécia)

11
Os chillers de absorção com capacidade inferior a 50 kW são os que Com temperatura do circuíto de água quente de 80ºC, estes sistemas
estão mais disponíveis no mercado. Em sistemas de ar condicionado atingem um COP de 0.6, mas podem funcionar a temperaturas de
assistidos por energia solar com chillers de absorção, muitas vezes 50ºC. A potência de arrefecimento dos chillers varia entre 50kW e
são utilizadas estas unidades pequenas. Um chiller, recentemente 500kW.
desenvolvido para pequenas capacidades permite o funcionamento
em carga parcial com uma temperatura de 65ºC e com um COP de A robustez dos chillers de adsorção é uma vantagem. Não apresen-
0.7; o que é interessante para a utilização de energia solar e mostra ta nenhum perigo de cristalização, o que implica que não existe
que existe forte potencial para o desenvolvimento deste tipo de constrangimentos em relação à temperatura média de arrefecimen-
máquinas. to. Não necessita de bomba interna, pelo que, o consumos de elec-
tricidade é reduzido. Uma desvantagem é o volume e peso destes
CHILLERS DE ADSORÇÃO chillers quando comparados com outros. Existe, contudo, um poten-
Neste caso, em vez de uma solução líquida, são utilizados materiais cial importante ao nível da melhoria dos permutadores nos compar-
adsorventes sólidos. As máquinas disponíveis no mercado utilizam a timentos de adsorção, e por conseguinte uma redução no peso e no
água como refrigerante e um gel de sílica como adsorvente. volume das gerações futuras de chillers de adsorção.
A máquina consiste em dois compartimentos adsorventes (compar- Por outro lado, devido ao reduzido número de unidades produzidas,
timentos 1 e 2, da fig. 13), um evaporador e um condensador. o preço dos chillers de adsorção é, actualmente, elevado.
O adsorvente do primeiro compartimento é regenerado por aqueci-
mento (água quente solar), o vapor de água gerado é enviado para
o condensador onde se condensa. A água líquida, através de uma
válvula de expansão, é enviada a baixa pressão para o evaporador
onde se evapora (fase de "produção de frio").
O adsorvente do segundo compartimento mantém a baixa pressão
ao adsorver o vapor de água. Este compartimento tem que ser arre-
fecido para permitir uma adsorção contínua. Quando a "produção de
frio" diminui (saturação do adsorvente no vapor de água), as fun-
ções dos dois compartimentos são efectuadas pela abertura e fecho
de válvulas. Actualmente, apenas alguns fabricantes asiáticos pro-
duzem chillers de adsorção.

CONDENSADOR Água de
arrefecimento

Figura 14
Chiller de adsorção em Sarantis na Grécia

Água de Água quente


arrefecimento (calor "motriz")

Água
EVAPORADOR refrigerada

Figura 13
Esquema de princípio de um chiller de adsorção

12
3.2 - Sistemas de arrefecimento exsicantes
Os sistemas de arrefecimento exsicantes são, basicamente, sistemas Uma concepção particular do sistema exsicante é necessária no caso
de ciclo aberto, que utilizam água como refrigerante em contacto de condições climatéricas extremas, por exemplo, nas zonas costei-
directo com o ar. O ciclo de arrefecimento é uma combinação de ras, devido à taxa de humidade elevada, uma configuração tipica do
arrefecimento evaporativo com uma desumidificação através de um sistema exsicante não permite reduzir a humidade a um nível aceitá-
exsicante, i.e.: material higroscópico, que pode ser tanto líquido vel para a aplicação de um arrefecimento evaporativo. Uma confi-
como sólido. guração mais complexa da central de tratamento de ar com a apli-
O termo "aberto" significa que o refrigerante é rejeitado do sistema cação, por exemplo, de mais uma roda de entalpia ou um grupo de
depois de produzir o efeito de arrefecimento, e que uma nova quan- frio complementar pode ser também utilizado.
tidade de refrigerante seja injectada num circuito aberto. Assim,
apenas é possível utilizar água como refrigerante, visto estar em B: AQUECIMENTO (Fucionamento de Inverno)
contacto directo com o ar ambiente. O ar ambiente do exterior é aquecido em contracorrente com o ar pro-
A tecnologia mais actual usa rodas exsicantes rotativas, equipadas veniente do interior do edifício ; o desumidificador (1-2) pode estar
com gel de sílica ou com cloreto de lítio como material adsorvente. activo funcionando como permutador de entalpia (humidificação rege-
nerativa do ar na entrada.) ou inactivo o que diminui o consumo de
SISTEMA COM UTILIZAÇÃO DE MATERIAL electricidade pois ao desumidificador poderá ser feito um “bypass”:
DESIDRATANTE SÓLIDO EM RODA ROTATIVA serão as condições climáticas que determinarão o seu estado de fun-
cionamento. A roda recuperadora (2-3) estará geralmente activa e além
Os principais componentes do sistema são apresentados na figura
disso o ar proveniente do exterior é aquecido (4-5) no permutador de
15.
calor água-ar, que está acoplado ao sistema térmico solar. Se a tempe-
ratura do depósito solar for insuficiente a fonte de calor será então o
apoio energético convencional. O humidificador (3-4) em geral está
desactivado podendo ser usado na humidificação do ar proveniente do
Apoio exterior se necessário. O ar arrefece ao longo do seu percurso no inter-
(calor) ior do espaço a climatizar (5-6) devido às perdas térmicas (paredes,
janelas, etc.), e ao atravessar a roda recuperadora (7-8) préaquecendo o
Cargas térmicas:
ar proveniente do exterior e eventualmente transfere humidade e calor
para o ar proveniente do exterior (9-10). O humidificador de ar (6-7) e
Ar quente
e húmido o permutador de calor (8-9) estão desactivados.
Humidificadores

Ar fresco SISTEMA COM UTILIZAÇÃO DE MATERIAL


e seco
DESIDRATANTE LÍQUIDO
Roda de Roda Um novo desenvolvimento, perto de chegar ao mercado, utiliza para
desumidificação permutadora
(exsicante) a exsicante do ar um sorvente líquido: solução água/cloreto de lítio.
Figura 15 Por comparação com os sistemas exsicante que utilizam material um
Esquema de princípio de um sistema exsicante solvente sólido, este tipo de sistemas apresenta várias vantagens:
maior taxa de desumidificação do ar para a mesma temperatura e a
possibilidade de um grande nível de armazenamento de energia, sob
A: ARREFECIMENTO (Funcinamento no Verão) a forma de solução concentrada. Esta tecnologia representa sem
A circulação de ar no espaço a arrefecer, remove as cargas térmicas dúvida, um futuro prometedor para o arrefecimento solar.
internas, calor sensível e calor latente, proveniente de computa-
dores, pessoas, máquinas e ganhos solares/ambiente através de jane-
las, envidraçados, paredes, tectos, etc. O ar ambiente do exterior é
primeiro desumidificado adiabaticamente (1-2) numa roda que
contém o elemento exsicante (p.e. silicagel), deixando-a sob a forma
de ar quente e seco. É então arrefecido (arrefecimento sensível 2-3)
num permutador (roda recuperadora) pelo ar mais frio proveniente
do interior do edificio, que circula em contracorrente. Segue-se o
processo de humidificação (arrefecimento adiabático 3-5) que pro-
move um maior arrefecimento do ar antes deste entrar na conduta
de distribuição de ar pelo espaço (5) a climatizar. As cargas internas
e ganhos solares/ambiente atrás referidas levam ao aquecimento do
ar e o vapor de água produzido levam a um aumento da humidade
do ar (5-6). Ao mesmo tempo o ar é sugado para fora do edifício, é
arrefecido por humidificação (6-7), aquecido na roda recuperadora
(7-8), novamente aquecido ( 8-9) por uma fonte de calor externa
ligada ao sistema térmico solar e atravessa a roda desumidificadora
(9-10) para promover a regeneração do elemento exsicante.
Figura16
Sistema que utiliza um material desidratante líquido,
instalado no novo edifício do Centro de Inovação Solar
(SOBIC) em Friburgo na Alemanha

13
3.3 - Colectores solares
Os principais tipos de colectores solares disponíveis no mercado são Consequentemente, colectores planos e colectores a ar adaptam-se
apresentados na tabela 3. bem aos sistemas exsicantes. Em sistemas que utilizem chillers de
O arrefecimento solar diferencia-se da produção de água quente, adsorção, a utilização de colectores planos selectivos está limitada a
pelo nível elevado de temperatura à qual o calor útil deverá ser for- locais de elevada radiação solar.
necido. Para os chillers térmicos (de absorção e adsorção), a tempe- Para outros locais com menos radiação solar, ou para grupos de frio
ratura é, normalmente, acima dos 80ºC, sendo o valor mais baixo que necessitam de elevadas temperaturas, como os sistemas de
admitido de 50ºC. Para sistemas de arrefecimento exsicantes, a tem- absorção de efeito simples, devem ser utilizados colectores de alta
peratura necessária varia entre os 55ºC e os 90ºC. Tendo em conta os eficiência. Para sistemas onde é necessário atingir temperaturas
elevados caudais para alimentar o sistema, é difícil obter uma estra- ainda mais elevadas, os colectores de tubo de vácuo com concen-
tificação no armazenamento de água quente e a temperatura de tração óptica e os colectores tipo CPC podem ser considerados. Esta
retorno do colector solar é também ela relativamente elevada reflec- é uma opção interessante para sistemas que utilizem chillers de
tindo uma limitação na escolha do tipo de colector a utilizar. absorção de alta eficiência (duplo efeito).

Tipo de colector Colector a ar Colector plano Colector plano com Colector de tubo de vácuo
concentrador parabólico

Abreviatura CA CP CPC CTV

Cobertura de vidro Cobertura de vidro Cobertura de vidro

Tubo de vidro
em vácuo

Absorvedor com
isolamento Absorvedor caixa de colector isolamento Absorvedor caixa de colector reflector isolamento caixa de colector 2 tubos concêntricos
com canais com tubos Absorvedor com tubos (entrada e saída)
de ar para fluido para fluido

Tubos a vácuo para reduzir

Aquecimento de um líquido as perdas térmicas

(água, água+glicol), Diferentes tecnologias:


Aquecimento de um líquido
Princípio Aquecimento directo do ar - com “heat pipe”
(água, água+glicol) concentração da radiação
- com fluxo directo
- com concentração,
tipo Sydney

Pré-aquecimento do ar de Água quente sanitária e Água quente sanitária


Aplicações Principais Água quente sanitária
ventilação industrial e industrial

Sistemas exsicantes,
Sistemas abertos Adsorção e absorção - Adsorção, absorção
Aplicações principais adsorção, absorção (efeito
exsicantes simples) com colectores (efeito simples) - Absorção (duplo efeito): Sydney
em arrefecimento solar selectivos

14 Tabela 3
3.4 - Torres de arrefecimento e unidades de tratamento de ar
As unidades clássicas de tratamento de ar utilizam geralmente siste- Este problema não é exclusivo dos sistemas de arrefecimento que
mas de humidificação. Na maioria dos casos, uma torre de arrefeci- utilizam energia solar. Com medidas básicas de segurança e manu-
mento deve ser instalada com os sistemas de absorção e adsorção. tenção o risco pode ser evitado.
As duas tecnologias podem apresentar riscos de contaminação com
legionella, se as instalações não tiverem uma manutenção regular e
séria.

3.5 - Investimentos e custos de exploração


A maioria das instalações existentes actualmente são de investiga- Em geral, e embora o balanço económico de um sistema de ar-
ção ou de demonstração sendo necessário reunir esforços para opti- condicionado assistido por energia solar dependa da especificidade
mizar a concepção das novas instalações. desse mesmo sistema, em geral o custo total anual do sistema
O esforço técnico na implementação de um sistema de ar condicio- (incluíndo o investimento, os custos de funcionamento e de manu-
nado assistido por energia solar é maior quando comparado com a tenção) é actualmente superior ao custo anual de um sistema clás-
implementação de um sistema clássico, pelo facto de ser necessário sico.
calcular e instalar o sistema solar (produção de energia não incluída Para sistemas de arrefecimento por exsicante, é esperado que,
numa instalação clássica); e devido às maiores necessidades de arre- com um decréscimo moderado do custo dos componentes, possa
fecimento do sistema aliado à utilização dos chillers de absorção tornar os custos competitivos, em determinadas aplicações, com
(COP mais baixo que um sistema clássico). O custo de certos compo- as soluções clássicas.
nentes é ainda bastante elevado, e o nível de produção está longe de
ter atingido uma fase de forte desenvolvimento industrial (por Para os sistemas que usam chillers térmicos, são necessárias redu-
exemplo para os sistemas de adsorção). ções de custo mais importantes. Se bem que, são esperadas reduções
sobre os chillers de adsorção, colectores de tubo de vácuo e CPC, são
Em resumo, o investimento neste tipo de sistemas são mais elevados necessários esforços suplementares no aumento da performance
quando comparados investimento nos sistemas clássicos. Este facto técnica (COP) dos chillers. O aumento da experiência dos fabri-
é menos válido para os sistemas de arrefecimento exsicantes, visto cantes, projectistas e instaladores deverá também resultar num
que a maioria dos custos do sistema de ventilação são necessários decréscimo no custo. Com estes melhoramentos, estes sistemas
tanto para o sistema assistido por energia solar como para o sistema podem chegar a um custo global aproximado aos sistemas clássicos,
clássico, e os custos adicionais com os colectores são parcialmente permitindo sempre poupar quantidades consideráveis de energia
compensados com a ausência do chiller, que seria necessário no sis- primária, contribuindo para os objectivos de redução dos impactes
tema clássico. ambientais da climatização.

Por outro lado, os custos de exploração de um sistema assistido com Este benefício ambiental justifica o apoio dos poderes públicos a
energia solar são consideravelmente mais baixos, quando compara- projectos de demonstração, geralmente sob a forma de subsídios ao
dos com os custos de exploração de um sistema clássico. Isto é par- investimento, permitindo assim torná-los economicamente mais
ticularmente interessante quando a potência eléctrica contratada viáveis.
deve ser aumentada para fazer face aos picos de consumo associa-
dos a um sistema de climatização clássico.

15
1
SARL Wolfferts
Colónia (A)

Escritórios
AB- 70 kWf
VTC - 196 m2 - 1995
14
LfU
Augsburg (A)
Escritórios, sala de
conferências
AD - 245 kWf
CP - 2000 m2 - 2000
4 I N S TA L A Ç Õ E S D E
ARREFECIMENTO
Ott & Spies Hospital Malteser
2 Langenau (A) 15 Kamenz (A)

Escritórios
AB - 35 kWf
Hospital
AD - 105 kWf
N° Localização (País) *
CTV - 45 m2 - 1997 CP - 140 m2 - 2000
Tipo de edifício
Tecnologia – Capacidade de arrefecimento (kW frio)
Escritório de Ecotec Tipo de colector – Área bruta de colectores - Em funcionamento desde
3 imprensa federal 16 Bremen (A)
Berlim (A)
Escritórios Escritórios * As instalações assinaladas com asterisco são apresentadas
AB - 70 kWf AD - 70 kWf com maior detalhe nas páginas seguintes
CTV - 348 m2 - 2000 CTV - 175 m2 - 2000

Hospital Empresa Pública Tipo de colector Tecnologia


4 Universitário * 17 Bückeburg (A) CTV : Colectores de tubo AB: Absorção
Friburgo (D)
de vácuo AD: Adsorção
Laboratório Sala de conferências
AB - 70 kWf DEC - 30 kWf CP :Colectores planos DEC: Arrefecimento
CTV - 230 m2 - 1999 CA - 115 m2 - 1998 CPC : Colectores planos exsicante
concentradores
ILK CA: Colectores a ar
5
IHK
Friburgo (A) * 18 Dresden (A)
16
Sala de reuniões Sala de reuniões
DEC - 60 kWf DEC - 18 kWf Guadalupe
CA - 100 m2 - 2001 CP - 20 m2 - 1996 17

Fraunhofer Umsicht Gründerzentrum 51


19 6
6 Oberhausen (A) Riesa (A) 11
1
Escritórios, laboratórios Sala de reuniões
AB - 58 kWf DEC - 18 kWf
CTV - 108 m2 - 2001 CP - 23 m2 - 1997

Ministério dos Escola Superior 9


7 Transportes, Berlim 20 Técnica, 20
(A) Estugarda (A) 21
Escritórios Sala de exposições
AB - 70 kWf DEC - 18 kWf 4 5
CP - 229 m2 - 2000 CA - 20 m2 - 1999 22

ZAE Bayern Mayer


8 Garching (A) 21 Alt-Hengstett (A)

Escritórios, laboratórios Fábrica


AB - 7 kWf DEC - 108 kWf
CTV - 30 m2 - 1999 CA - 100 m2 - 2000 53

Zander Fraunhofer ISE


9 Estugarda (A) 22 Friburgo (A)

Escritórios Centro de testes 50


AB - 143 kWf DEC - 24 kWf
CTV - 300 m2 - 2000 CA+CP - 40 m2 - 2000
32 27 40
Centro tecnológico NCSR "Demokritos“ 45 52
10 Köthen (A) 23 Laboratório solar
Atenas (GR) 33
Escritórios Éscritórios e laboratórios 41 42 39
AB - 15 kWf AB - 35 kWf
CTV - 100 m2 - 2000 CP - 160 m2 - 2003 29
44
34
38
Sarantis SA
11
Empresa pública
Remscheid (A) 24 Viotia (GR) * 31 30
35
Indústria cosmética
Baleares
Escritórios 28
AD - 105 kWf AD - 700 kWf
CP - 170 m2 - 1999 CP - 2700 m2 - 1999

12
Bautzener Str
Dresden. (A) 25 Rethymno Village * 46 36
Hotel - Creta (GR)
Escritórios Hotel
AD - 71 kWf AB - 105 kWf 37
CP - 156 m2 - 1996 CP - 450 m2 - 2000 43

Götz Lentzakis S.A.


13 Würzburg (A) 26 Creta (GR)

Escritórios Hotel
AD - 70 kWf AB - 105 kWf
CP - 80 m2 - 1996 FPC - 450 m2 - 2002

16
Centro Clara Hotel Laia
27 Campoamor, 40 Derio (E)
Barakaldo (E)
Centro social e cultural Hotel
AB - 229 kWf AB - 105 kWf
CP - 163 m2 - 2004 CP - 173 m2 - 2002
SOLAR
Departmento de Cartif
28 Educação 41 Valladolid (E)
Toledo (E)
Este mapa indica os sistemas em funcionamento Escritórios e laboratórios
Escritórios
AB - 252 kWf AB - 35 kWf
em edifícios "comerciais" (fábricas, escritórios, CTV - 1095 m2 - 2004 CP+CTV - 99 m2 - 2002
hóteis..., sem instalações de I&D) identificados
Fábrica del Sol Siemens
nos países participantes no Projecto 29 Barcelona (E) 42 Cornellá del Vallés
(E)
“ A Climatização Solar”. Escritórios Escritórios
AB - 105 kWf AB - 105 kWf
CTV - 175 m2 - 2004 CPC - 214 m2 - 2003

Fundación Inta
30 Metrópoli 43 El Arenosillo (E)
Alcobendas (E)
Escritórios Laboratórios
AB - 105 kWf AB - 10 kWf
CTV - 105 m2 - 2004 CP+CTV - 53 m2 - 1994

Centro Desportivo Fontedoso


31 Daoiz y Velarde 44 El Oso (E)
3 Madrid (E)
7 Centro Desportivo Indústria
AB - 170 kW AB - 105 kWf
VTC - 740 m2 - 2003 CP - 528 m2 - 2003
19
12 15
18 Inditex Stella-Feuga
32 Arteixo (E) * 45 Santiago de
Compostela (E)
Escritórios, lojas Escritórios
AB - 170 kWf AB - 115 kWf
CP - 1626 m2 - 2003 CP - 63 m2 - 2003
13
14
10 33
Casa de idosos
Fustiñana (E) 46 Ineti, Lisboa (P) *
2 8
Casa de idosos Escritórios e laboratórios
AB - 105 kWf DEC - 36 kWf
CTV - 149 m2 - 2003 CPC - 48 m2 - 1999
48

49 34
Universidade Rovira i
Virgili - Tarragona (E) 47
Agência do
Desenvolvimento *
Sviluppo - Trento (I)
47
Escritórios Escritórios, sala de exposições
AB - 35 kWf AB - 108 kWf
CTV - 140 m2 - 2003 CP - 265 m2 - 2004

35
Sede de escritórios
Viessmann 48
Ökopark
Hartberg Styria *
Pinto (E) (A)
Escritórios Escritórios, Sala de conferências
AB - 105 kWf DEC - 30 kWf
CP+CTV - 123 m2 - 2001 CTV - 12 m2 - 2000

Hotel Belroy Palace Cave Vitícola Peitler


36 Benidorm (E) 49 Leutschach Styria (A)

Hotel Cave Vitícola


AB - 125 kWf AB - 10 kWf
CTV - 345 m2 - 1992 CP - 100 m2 - 2003

Escola de CSTB
37 Engenheiros 50 Sophia Antipolis (F)
Sevilha (E)
Laboratórios Laboratórios
AB - 35 kWf AB - 35 kWf
CP - 158 m2 - 2001 CTV - 58 m2 - 2003

Universidade DIREN
24
23 38 Carlos III, 51 Guadeloupe (F) *
Leganés (E)
Laboratórios Escritórios
AB - 35 kWf AB - 35 kWf
CP+CTV - 128 m2 - 2000 CTV - 100 m2 - 2003

25 26
39
Biblioteca
Pompeu i Fabra 52
GICB
Banyuls (F) *
Mataró (E)
Biblioteca Cave vitícola
DEC - 55 kWf AB - 52 kWf
CA - 105 m2 - 2002 CTV - 215 m2 - 1991

ASDER
53 Chambéry (F)

Sala de conferências
DEC - 7 kWf
CP - 16 m2 - 2004
17
Centro Hospitalar
Universitário de Freiburg

NÚMERO NO MAPA: 4

PAÍS
Alemanha
Descrição :
O centro hospitalar universitário de Freiburg, aquecer o ar ventilado. Um depósito de água
LOCALIZAÇÃO tem em funcionamento diversos laboratórios. quente com 6 m3 e um de água fria com 2 m3
Freiburg, Estado Federal Um edifício dos laboratórios, que funciona são integrados na instalação. No caso de não
de Baden Württemberg num edifício separado, está equipado com um haver suficiente radiação solar e baixas tem-
sistema de ar condicionado assistido por ener- peraturas de armazenamento de água quente,
gia solar. A área total arrefecida do edifício é um complemento é fornecido pela rede de
aproximadamente 550 m2. vapor do hospital. Uma torre de arrefecimen-
Dois sistemas de ventilação com débito variá- to húmida e fechada arrefece a água utilizada
vel (débito nominal 10.550 m2/h e 6.350 em função das fases do ciclo de adsorção.
m2/h), utilizam permutadores térmicos de Após ajustamentos no controlo o funciona-
duplo-fluxo com recuperação do calor duran- mento específico do chiller, a análise dos
te a época de aquecimento. Durante a época dados monitorizados de 2002 revelam valores
de arrefecimento, o ar novo é arrefecido atra- diários de Coeficiente de Performance térmi-
vés de permutadores de calor com água arre- co, COP (frio útil/calor “motriz”), durante
EDIFÍCIO fecida, fornecida por um chiller de adsorção. A vários dias no período de climatização, próxi-
Laboratórios temperatura do ar novo é mantida a 18ºC. mos do valor esperado de 0.60. A eficiência
O calor produzido pelos colectores solares tér- anual dos colectores é de 32%.
CAPACIDADE DE micos é utilizado no Verão para alimentar o
ARREFECIMENTO chiller de adsorção e no Inverno para pré-
70 kWf
Aspectos financeiros :
TECNOLOGIA
Chiller de adsorção Custo de investimento total do sistema: empresa Sulzer Infra. O subsídio total foi de
352.000€ (sem custos de monitorização). 262.000€.
TIPO DE COLECTOR A instalação foi subsidiada pelo Ministério Os custos anuais de funcionamento e manu-
CTV - Tubos de vácuo Federal da Economia e do Trabalho e pela tenção são de aproximadamente 12.000€
com fluxo directo
Aspectos energéticos e ambientais :
ÁREA BRUTA DE
COLECTORES Este sistema permite uma utilização estável da economia de energia primária e portanto a
rede de calor, evitando picos de consumo de uma redução das emissões de CO2. O chiller de
230 m2
vapor e electricidade durante os períodos de adsorção é constituído exclusivamente por
forte necessidade de frio, que corresponde a material que respeita o ambiente.
EM FUNCIONAMENTO fortes índices de radiação solar. Isto conduz à
DESDE
1999
Contactos :
Dipl.-Ing. Hendrik Glaser, University Hospital, Department Energy supply.
e-mail: hendrik.glaser@uniklinik-freiburg.de
Mais detalhes: www.raee.org/climasol

18
IHK (Câmara do Comércio)
Friburgo

NÚMERO NO MAPA: 5

PAÍS Descrição :
Alemanha
A Câmara de Comércio (IHK Südlicher com a produção solar. No Inverno, um sistema
LOCALIZAÇÃO Oberrhein) de Freiburg está equipada com o de aquecimento de apoio é utilizado para
Freiburg, Estado Federal primeiro sistema solar exsicante autónomo obter a temperatura do ar desejada.
de Baden Württemberg instalado na Alemanha. Este sistema permite Para reduzir os custos na construção da estru-
arrefecer no Verão e pré-aquecer no Inverno tura de suporte, os colectores estão montados
duas salas de reuniões de 65 e 148 m2. paralelamente ao telhado com uma inclinação
A capacidade total das salas é de 120 pessoas, de 15º. Devido à utilização dos colectores a ar
e o seu volume total é cerca de 815m3. As e da forte correlação entre a produção solar e
fachadas são totalmente envidraçadas mas as necessidades de frio, nenhum sistema de
equipadas com estores interiores e exteriores. acumulação de calor foi previsto.
O débito de ar do sistema de arrefecimento O funcionamento solar autónomo no Verão,
exsicante varia de 2.500 a 10.200 m3/h. Não conduz a desvios no conforto, dentro do inter-
está instalado nenhum sistema de arrefeci- valo expectável e durante pequenos períodos
EDIFÍCIO mento de apoio, as necessidades de arrefeci- de tempo de funcionamento.
Escritórios, 2 salas de mento estão bastante bem correlacionadas
reuniões arrefecidas

CAPACIDADE DE Aspectos financeiros :


ARREFECIMENTO Devido à economia na instalação dos colectores O custo específico da unidade de ar condicio-
60 kWf a ar, o custo específico dos colectores, incluín- nado é aproximadamente 9,50€/m3 de débito
do as estruturas de suporte é de 210 €/m2 de nominal de ar (excluindo custos de instalação).
TECNOLOGIA superfície bruta, equivalente a 10% do custo O projecto foi financiado pela Comissão
Sistema de
total de investimento do sistema (210.000 €). Europeia (contrato NNE5-1999-531).
arrefecimento solar
exsicante sem apoio
Aspectos energéticos e ambientais :
TIPO DE COLECTOR Os benefícios para o ambiente e a economia mento de ar com caldeira a gás para o Inverno
CA - colector a ar de energia primária são estimados comparan- e grupo de frio de compressão para o Verão.
do os valores do consumo de calor e electrici- Os ganhos anuais de energia primária estão
ÁREA BRUTA DE dade do sistema de arrefecimento exsicante estimados em 30.000 kWh e são evitadas
COLECTOR assistido por energia solar, com os valores de aproximadamente 8.800kg/ano de emissões de
100 m2 consumo de uma unidade clássica de trata- CO2.

EM FUNCIONAMENTO
DESDE Contactos :
2001 Carsten Hindenburg, Fraunhofer Institute for Solar Energy Systems (ISE).
e-mail: carsten.hindenburg@ise.fraunhofer.de
More details: www.raee.org/climasol

19
Gr. Sarantis S.A.,
Viotia

NÚMERO NO MAPA: 24
Descrição :
PAÍS
Este projecto é chamado "PHOTONIO" e está não necessitam de partes móveis e usam um
Grécia
relacionado com a instalação de um sistema mínimo de energia eléctrica para o funciona-
central de ar condicionado usando energia mento das bombas de vácuo (1.5 kW).
LOCALIZAÇÃO
solar para o aquecimento e arrefecimento de A potência útil de cada chiller é de 350kW
Oinofyta, Viotia novos edifícios e armazéns da empresa de cos- sendo a potência total de 700 kW. Para cobrir
méticos Sarantis S.A.. os picos de consumo, foram instalados três
O espaço climatizado é de 22.000 m2 (130.000 chillers convencionais de 350 kW cada.
m3). Um parque de 2.700 m2 de colectores Queimadores a gasóleo (1.200 kW) substituem
solares planos selectivos foi instalado pela os colectores solares durante os períodos sem
sociedade SOLE, S.A.. sol. No Inverno, os colectores solares produ-
As necessidades anuais de arrefecimento do zem regularmente água quente a 55ºC que é
edifício são de 2.700.000 kWh. Os colectores directamente utilizada nos ventilo-convec-
solares fornecem dois chillers de adsorção com tores instalados no edifício. A água, fria no
água quente a uma temperatura de 70-75ºC Verão e quente no Inverno é direccionada para
EDIFÍCIO as unidades de dissipação que arrefecem ou
que operam com um COP de 60%. Os dois
Armazém de produtos aquecem o ar ambiente conforme as necessi-
chillers de adsorção usam a água quente como
de cosmética da empresa fonte de energia e produzem água fria à tem- dades.
Gr. Sarantis S.A. peratura de 8-10ºC. Os chillers de adsorção

CAPACIDADE DE
ARREFECIMENTO Aspectos financeiros :
700 kWf O custo total do investimento foi de mento do Mundo para a energia sustentável
1.305.943€, dos quais 50% financiados pelo em 2001 e pelo CRES ("Centre for Renewable
TECNOLOGIA Programa Nacional Operacional para a Energia Energy Sources") na Grécia como o melhor
Adsorção (Ministério Grego do Desenvolvimento). O investimento de poupança de energia na Grécia
projecto foi premiado com o "Energy Globe no ano de 1999.
TIPO DE COLECTOR Award 2001" como o terceiro melhor investi-
CP - Colector plano
selectivo
Aspectos energéticos e ambientais :
ÁREA BRUTA DE Período de observação: 12 meses Necessidade total de energia: 2.614.000 kWh.
COLECTORES Produção solar: 1.719.000 kWh onde 1.090.000 Fracção solar: 66%.
2.700 m2 kWh para arrefecimento e 629.000 kWh para Redução de emissão de CO2: 5.125 t/ano
aquecimento.
EM FUNCIONAMENTO
DESDE Contactos :
1999
GR. SARANTIS S.A. (Proprietário do edifício) SOLE S.A. (projecto, fornecimento, instalação)
Atenas, Grécia Acharnes, Grécia
e-mail: info@sarantis.gr e-mail: export@sole.gr/Website: www.sole.gr
Website: www.sarantis.gr Mais detalhes: www.raee.org/climasol

20
Hotel “Rethimno Village”,
Creta

NÚMERO NO MAPA: 25

PAÍS Descrição :
Grécia
O Hotel "Rethimno Village" está localizado A instalação usa colectores planos selectivos
LOCALIZAÇÃO em Rethimno Creta, no Sul da Grécia. (448m2) para climatização do ar (arrefecimen-
Vocacionado principalmente para o turismo, to e aquecimento) e também 199m2 de colec-
Creta, Rethimno
tem uma capacidade de 170 camas, e tem uma tores de polipropileno que fornecem água
taxa de ocupação de 100% no Verão e de 45% quente para aquecimento da piscina.
no Inverno. Área total climatizada: 3.000m2

Aspectos financeiros :
Custo total do investimento: 264.123€ O projecto foi premiado pela CRES (“Centre for
O projecto foi subsidiado até 50% pelo Renewable Energy Sources”) na Grécia como o
Programa Operacional para a Energia (Ministério melhor investimento de poupança de energia
EDIFÍCIO para o ano 2000.
Grego do Desenvolvimento ).
Hotel

CAPACIDADE DE Aspectos energéticos e ambientais :


ARREFECIMENTO
105 kWf Os colectores solares fornecem água quente à ção durante a noite. Durante o período de
temperatura de 70-75ºC ao chiller de absorção Inverno os colectores solares produzem água a
TECNOLOGIA que opera com um COP de 60%. O chiller de 55ºC, que é enviada directamente para os ven-
Absorção absorção utiliza a água quente como fonte de tilo-convectores distribuídos pelo edifício.
energia e produz água arrefecida a uma tempe-
TIPO DE COLECTOR ratura de 8-10ºC. O líquido refrigerante é a Resultados anuais:
CP- Colector plano água em vez de Freon ou Amónia. Produção de energia solar: 650.743kWh
selectivo O chiller de absorção consome energia eléctrica Consumo total de energia: 1.498.247kWh
unicamente para o funcionamento da bomba Fracção solar: 43%
ÁREA BRUTA de vácuo (0,5kW). Poupança de energia primária: 650.743kWh/ano
A potência útil é de 105 kW. Uma caldeira a gás Redução de CO2: 1.094.972kg/ano
DE COLECTORES
de 600 kW serve de apoio energético substi-
448 m2
tuindo os colectores quando não há radiação
solar ou quando há a necessidade de climatiza-
EM FUNCIONAMENTO
DESDE
2000
Contactos :
KOUTROULIS BROS S.A. (Proprietário) SOLE S.A. (projecto, fornecimento e instalação)
Rethimno, Creta - Grécia Acharnes, Greece
Tel: 28310 25523/22693 e-mail: export@sole.gr / Website: www.sole.gr
Mais detalhes: www.raee.org/climasol

21
Escritórios Sede da Inditex
Arteixo - Corunha

NÚMERO NO MAPA: 32

PAÍS Descrição :
Espanha
O edifício onde os colectores solares térmicos O sistema era anteriormente constituído por
LOCALIZAÇÃO estão localizados é o edifício principal da duas bombas de calor eléctricas e um grupo de
Inditex. Este edifício é utilizado principalmen- frio eléctrico que produzia todo o ano água
Arteixo – Corunha
te para escritórios e uma parte para lojas. É quente a 55ºC e água fria a 7ºC, com um retor-
composto por dois andares com 10.000 m2 no de 45ºC e 12ºC.
cada. O andar superior é utilizado para a Com a instalação solar, o calor é acumulado em
concepção de artigos ZARA (roupas e acessó- dois depósitos de 30.000 litros. Quando a tem-
rios) e é um espaço aberto com pé direito de peratura nos depósitos excede 55ºC, o sistema
4,10 m. A climatização é efectuada através de solar recebe ordem para enviar água para o cir-
três unidades de tratamento de ar, controlados cuito de água quente impedindo o funciona-
por sensores da temperatura ambiente regula- mento das bombas de calor. No Verão, quando
dos para 23ºC. a temperatura nos depósitos atinge 80ºC, a
No rés-do-chão, mais compartimentado, as água de retorno é enviada para o chiller de
EDIFÍCIO
unidades de tratamento de ar estão associadas absorção que depois de arrefecida é introduzi-
Escritórios e lojas
a ventilo-convectores. O edifício é utilizado da no circuito de água fria evitando o funcio-
desde as 8 da manhã até as 10 da noite, de namento do grupo de frio eléctrico.
CAPACIDADE DE
segunda-feira a sexta-feira e tem uma ocupa-
ARREFECIMENTO ção média de 500 pessoas nos dois andares.
170 kWf

TECNOLOGIA
Chiller de absorção Aspectos financeiros :
(LiBr-H2O)
Investimento total: 900.000€ (100.000 €) e pelo IDAE, Instituto Espanhol
Subsidiado pelo Ministério da Indústria e do para a Diversificação e Economia de Energia
COLLECTOR TYPE Comércio da Região Autónoma da Galiza
CP - Colector plano
selectivo
Aspectos energéticos e ambientais :
ÁREA BRUTA
DE COLECTORES O sistema solar irá economizar um total de consumo total e reduzir as emissões de CO2 e
1.626 m2 565.060 kWh/ano que representa 15% do outros gases poluentes em 282 t/ano.

EM FUNCIONAMENTO
DESDE Contactos :
2003
www.inditex.com
Mais detalhes: www.raee.org/climasol

22
Ineti
Lisboa

NÚMERO NO MAPA: 46

PAÍS Descrição :
Portugal
Trata-se do edifício do Departamento de temperatura do ar insuflado, pelo que, foi
Energias Renováveis do INETI, sede das activi- necessário instalar uma bomba de calor com-
LOCALIZAÇÃO dades de investigação aplicada no domínio das plementar.
Lisboa energias renováveis. Compreende os laborató- A produção solar compreende 24 colectores
rios de mecânica e de química e escritórios. CPC instalados na cobertura do edifício.
Os escritórios do primeiro andar são climatiza- O sistema foi concebido para corresponder às
dos exclusivamente por um sistema exsicante. seguintes condições:
O envidraçado exterior representa 70% e são - Débito máximo de ar novo 5.000m3/h;
orientadas a Sudoeste (28º Oeste) o que pro- - Temperatura do ar exterior: 32ºC;
voca um pico de climatização ao final da - Humidade relativa de 40,4%;
tarde. - Humidade absoluta de 12g/kg.
A secção das condutas de distribuição de ar Nos escritórios, a temperatura pretendida é de
(dimensionadas para um sistema tradicional) 24ºC com uma humidade relativa de 50%.
EDIFÍCIO limita o caudal de ar, o que obriga a reduzir a
Escritórios

CAPACIDADE DE
ARREFECIMENTO Aspectos financeiros :
36 kWf O sistema foi instalado como uma unidade de para o custo final elevado da instalação.
demonstração no âmbito de um projecto O custo de reprodução do sistema, sem este
TECNOLOGIA europeu. Por esta razão, compreende um dispositivo de instrumentação será de cerca de
Sistema exsicante e importante dispositivo de instrumentação 75.000€
bomba de calor destinado à monitorização o que contribui

TIPO DE COLECTOR
CPC - Colector plano
concentrador
Aspectos energéticos e ambientais :
O sistema exsicante associado à produção economia anual de cerca de 7.000 kWh eléc-
ÁREA BRUTA solar permite cobrir as necessidades de arrefe- tricos que representam 3,5 t/ano de CO2 não
DE COLECTORES cimento dos escritórios com um COP de 0,6 e enviados para a atmosfera.
48 m2 fracção solar de 44% o que corresponde a uma

EM FUNCIONAMENTO
DESDE Contactos :
1999
João A. Farinha Mendes DER/INETI - Lisboa Mais detalhes: www.raee.org/climasol
e-mail: farinha.mendes@ineti.pt

23
Agência do Desenvolvimento,
Pergine Trento

NÚMERO NO MAPA: 47

PAÍS Descrição :
Itália
O edifício está localizado dentro da zona edifício, no Verão, a necessidade global é infe-
industrial que se encontra em desenvolvimen- rior à soma das necessidades (noção de
LOCALIZAÇÃO to no Município de Pergine, a 11km de Trento. expansão).
Pergine Valsugana-Trento Este edifício novo de dois pisos é constituído Assim, a carga térmica de Verão máxima é de
por escritórios e tem 9.800 m3 de volume 170 kW. Nestas condições os colectores solares
total. fornecem 145 kW e o chiller de absorção
Os colectores solares (inclinação 30º - orienta- 108kW. Em condições de nebulosidade, a
ção Sul) produzem no Inverno água quente carga térmica (na ausência de radiação solar)
sanitária a 45ºC com uma diferença de tempe- baixa de 170 kW para 120 kW.
ratura em relação ao ar exterior de 55ºC, e O chiller clássico de compressão é utilizado
podem produzir a 90ºC no Verão com a mesma para cobrir estas necessidades. Dentro das
diferença de temperatura. A carga térmica condições nominais de Verão, os chillers de
nominal no Inverno é cerca de 230 kW, o sis- compressão e de absorção fornecem, respecti-
tema de aquecimento foi dimensionado para vamente, 120 kW e 108 kW, num total de
EDIFÍCIO essa capacidade. Enquanto que no Inverno, o 228 kW, com uma margem de 58 kW (34%)
Centro de inovação somatório das cargas térmicas dos diferentes para os picos de consumo.
locais correspondem à necessidade global do
CAPACIDADE DE
ARREFECIMENTO
108 kWf Aspectos financeiros :
TECNOLOGIA Investimento total: 540 000€ A província de Trento (Itália) co-fincanciou
Chiller de adsorção 32% do custo total da instalação.
(LiBr – H2O) de efeito
simples
Aspectos energéticos e ambientais :
TIPO DE COLECTOR
CP - colector plano Economia de energia primária no Inverno = 71.670 O sistema está projectado para gerar 70% das
selectivo kWh necessidades de arrefecimento do edifício
Economia de energia primária no Verão = 48.890 kWh apenas com a utilização dos colectores solares
ÁREA BRUTA A instalação solar economizará um total de durante os meses de maior radiação solar.
DE COLECTORES 120.556 kWh/ano e reduzirá as emissões de Os restantes 30% são fornecidos por um chil-
265 m2 cerca de 28 t de CO2. ler eléctrico de compressão instalado em para-
lelo com o sistema de absorção.
EM FUNCIONAMENTO
DESDE Contactos :
2004
www.puntoenergia.com Mais detalhes: www.raee.org/climasol

24
Centro de Investigação
"Ökopark Hartberg"

NÚMERO NO MAPA: 48

PAÍS
Áustria Descrição :
LOCALIZAÇÃO O edifício de investigação em Ökopark Hartberg A experiência feita no Verão de 2001 mostrou
Hartberg, em Styria é a primeira instalação piloto de um sistema por que a climatização adiabática do ar é suficien-
exsicante, alimentado com energia renovável te para 50% a 70% dos dias de Verão e que só
na Áustria e concebido para demonstrar a tec- os dias de forte humidade necessitam de calor
nologia DEC. para a climatização. O calor permite a regene-
O edifício é utilizado para seminários e confe- ração da roda exsicante e é produzido por 12m2
rências e tem, também, infra-estruturas de de colectores solares e por uma caldeira a bio-
escritórios. É composto por dois pisos (cada um massa como sistema de apoio.
com 140 m2), com uma fachada envidraçada a
Sul. 11 colectores de tubo de vácuo estão insta-
EDIFÍCIO lados na parte inferior.
Escritórios, sala de
conferências
Aspectos financeiros :
TECNOLOGIA
Investimento total: 105.000€, subsídios: 60% Hartberg. O "Joanneum Research", em Graz,
Arrefecimento por
Este projecto foi financiado pelo governo de está a cargo da gestão do projecto.
exsicante Styria e pela sociedade Ökoplan GmbH em

CAPACIDADE DE
ARREFECIMENTO Aspectos energéticos e ambientais :
30 kWf
COP anual: 0,6 (arrefecimento anual/recupe- edifício: 21.800W
TIPO DE COLECTOR ração de calor anual) No que diz respeito ao ambiente, a utilização
CTV - colectores de tubo COP em modo adiabático: 3 - 5 de energia solar e de biomassa permite evitar
de vácuo Caudal de ar novo: 6.000m3/h, as emissões de CO2 que seriam causados pela
Necessidades totais de arrefecimento: 20 kW utilização de combustíveis fósseis. Uma
ÁREA BRUTA (sensível: 17.130W, latente: 3.320W) pequena contribuição para o aquecimento
DE COLECTORES Necessidades totais de aquecimento: 24kW global é causado pelo consumo de energia
12 m2 Capacidade máxima de arrefecimento do sis- necessária aos ventiladores e às rodas desumi-
tema DEC: 30.400W ficadoras e térmicas.
Capacidade máxima de arrefecimento no
EM FUNCIONAMENTO
DESDE
2000
Contactos :
Dr. Erich Podesser Nadja Richler, O.Ö. Energiesparverband, Linz
Joanneum Research, Graz e-mail: nadja.richler@esv.or.at
e-mail: erich.podesser@joanneum.ac.at Mais detalhes: www.raee.org/climasol

25
DIREN - Direcção Regional
do Ambiente, Guadalupe

NÚMERO NO MAPA: 51

PAÍS
França
Descrição :
A DIREN de Guadalupe construiu um novo O sistema de arrefecimento é composto por:
LOCALIZAÇÃO edifício de escritórios de um piso. O edifício - 61m2 de colectores de tubos de vácuo
Guadalupe respeita os critérios da Elevada Qualidade (superfície útil) integrados na cobertura;
Ambiental. Utiliza a técnica de arrefecimento - Um chiller de absorção de 35kW de potência
solar de absorção para produção de água fria. nominal;
O projecto foi iniciado em 1998 e os escritó- - Várias bombas de circulação para os dife-
rios ficaram operacionais em 2003. rentes circuitos;
O edifício tem dois níveis em comprimento, e - Um circuito de arrefecimento aberto;
ligeiramente arqueado (ver foto) e o eixo do - Um sistema de regulação.
edifício é orientado Nordeste/Sudoeste. O evaporador do chiller de absorção é ligado
A superfície total é de cerca de 1.000m2, mas em série com o circuito de água refrigerada do
apenas 570m2 são arrefecidos pelo sistema grupo de frio de compressão clássica que serve
EDIFÍCIO
solar que representa 36 escritórios. de apoio.
Escritórios

CAPACIDADE DE Aspectos financeiros:


ARREFECIMENTO O investimento total foi de 159.700€ para o nais específicos ligados à localização geográfi-
35 kWf
sistema solar (2.600 €/m2). ca em Guadalupe (p.expl.: transporte). Este
O custo dos colectores representa 57% do projecto foi financiado pela EDF, pela ADEME
TECNOLOGIA custo da instalação e o chiller de absorção e pela União Europeia em, respectivamente,
Chiller de absorção 20%. 30, 20 e 30%.
Deve-se considerar que existem custos adicio-
TIPO DE COLECTOR
CTV - Colectores de tubo
de vácuo Aspectos energéticos e ambientais :
ÁREA BRUTA O sistema está operacional desde Outubro de - Electricidade economizada: 10.900kWh/ano;
DE COLECTORES 2003. Deve permitir economizar anualmente - Energia primária economizada: cerca de
100 m2 um terço do consumo de electricidade que 3 tep/ano;
seria necessário para a climatização. - Economia: 1.500€/ano;
EM FUNCIONAMENTO - Carga frigorífica: 68.681kWh/ano (68kWh/m2 - Emissões evitadas: 8 toneladas de CO2/ano
DESDE ano);
2003 - Produção de frio com energia solar:
32.700kWh/ano;

Contactos :
Courriel : info@tecsol.fr Mais detalhes: www.raee.org/climasol

26
GICB (Adega)
Banyuls/Mer

NÚMERO NO MAPA: 52 Descrição :


Em 1989, o "Grupo de Produtores de Vinho de Um tanque de armazenamento tampão de
PAÍS Banyuls" (GICB) construiu uma adega para 1.000 litros;
França envelhecer vinho em garrafas. Esta adega tem Um chiller de absorção indirecto de simples
uma área útil total de 3.500 m2 e um volume efeito, com potência de arrefecimento nomi-
LOCALIZAÇÃO de 15.000 m3 em três níveis (dois deles semi- nal de 52 kW;
Banyuls/Mer enterrados). A capacidade de armazenamento Bombas de circulação para os diferentes cir-
é aproximadamente de 3 milhões de garrafas. cuitos e um quadro eléctrico geral;
A equipa dirigente pretendeu equipar a adega - Uma torre de refrigeração de circuito aberto
com um sistema de climatização solar, porque com uma potência nominal de 180kW, insta-
esse sistema responde às necessidades energé- lado a Norte;
ticas pretendidas e respeita o ambiente. - Três unidades de tratamento de ar (uma por
O sistema de arrefecimento é composto por: nível) com um filtro, um permutador para
- 130 m2 de colectores de tubo de vácuo, na água fria (mais um permutador de calor para
cobertura, orientados a Sul/Sudoeste o rés-do-chão) e um ventilador centrífugo
- uma área técnica situada no Nível-2 e com- com caudal de 25.000 m3/h.
preendendo:
EDIFÍCIO
Adega Aspectos financeiros :
TECNOLOGIA A instalação, construída em 1991, custou timento permite uma poupança anual de
Chiller de absorção (LiBr) 295.500€, que corresponde a um sobre-custo cerca de 40% nos consumos de energia do
de cerca de 150.000€ em comparação com GICB.
um sistema de compressão clássico. Este inves-
CAPACIDADE DE
ARREFECIMENTO
52 kWf Aspectos energéticos e ambientais :
Medições representativas das condições reais refrigeração clássicos e provavelmente partici-
TIPO DE COLECTOR entre Junho e Setembro: pam no aumento do efeito de estufa e na des-
CTV - Colector de tubo - Energia média medida no circuito primário truição da camada de ozono;
de vácuo = 298 kWh/dia - Pela limitação na produção de CO2 que
- Energia média medida no circuito gerador contribui também para o aumento do efeito
ÁREA BRUTA = 256 kWh/dia de estufa.
DE COLECTORES - Energia média medida no circuito evapora- Este tipo de chiller de absorção tem a vanta-
215 m2 dor = 145 kWh/dia gem de ser um equipamento totalmente silen-
- COP do chiller de absorção = 0.57 cioso (por não haver componentes móveis), e
EM FUNCIONAMENTO Este sistema permite, de uma forma dupla, a devido a esta característica, tem um tempo
DESDE protecção do ambiente: útil de vida muito mais longo que os chillers
- A não utilização de CFC e HCFC. Estes líqui- eléctricos tradicionais.
1991
dos refrigerantes são utilizados em sistemas de

Contactos :
info@tecsol.fr Mais detalhes: www.raee.org/climasol

27
5 GESTÃO DE UM PROJECTO DE
ARREFECIMENTO SOLAR
Os sistemas de ar condicionado assistidos por energia solar são uma nova e crescente tecnologia, quan-
do comparada com outras áreas de aplicação de energia solar. A novidade desta tecnologia reflecte-se no
facto de a maioria dos projectos realizados até hoje serem de natureza demonstrativa, sendo ainda
necessário um grande esforço adicional de concepção e planeamento na fase de projecto. Variadas solu-
ções técnicas são possíveis, dependendo do tipo e utilização do edifício, da existência ou não de instala-
ções técnicas, das condições climáticas, etc.
Este capítulo apresenta uma metodologia que permite fazer a escolha entre as diferentes tecnologias, as
regras básicas de concepção e dimensionamento e as boas razões para iniciar um projecto com um sério
estudo de viabilidade.

5.1 - Escolha da tecnologia


A árvore de decisão da figura 17 apresenta as principais questões que se colocam no momento de escolher a tecnologia de arrefecimento
solar apropriada.

Edifício Meio de distribuição Tecnologia


Cálculo da carga térmica (parâmetros do
edifício: materiais, geometria, orientação,
cargas internas, condições meteorológicas) Sistema de água refrigerada

Carga térmica, taxa de renovação do ar Clima


moderado ou extremo
Chiller térmico, rede de água refrigerada
entre 6ºC e 9ºC
Instalação de uma UTA centralizada possível não
e necessária?
Clima
sim moderado ou extremo
Sistema de fornecimento de ar
+ sistema de água refrigerada
A taxa de renovação de ar é suficiente para UTA clássica, chiller térmico,
não rede de água refrigerada
cobrir as cargas térmicas?
entre 6ºC e 9ºC
sim

Clima
O edifício está adaptado para um sistema não
de duplo fluxo (ar insuflado/ar rejeitado) moderado extremo
(edifício suficientemente estanque)?

sim Sistema DEC, configu- UTA clássica, chiller


ração standard, rede térmico, rede de água
de água refrigerada refrigerada entre
O edifício está adaptado para um sistema de duplo fluxo entre 12ºC e 15ºC 6ºC e 9ºC
(ar insuflado/ar rejeitado) (edifício suficientemente
estanque)? não Sistema de duplo fluxo (ar insuflado/ar rejeitado)
+ sistema de água refrigerada Sistema DEC,
sim configuração especial,
rede de água refrigerada
entre 12ºC e 15ºC

Sistema de duplo fluxo


(ar insuflado/ar rejeitado)
Clima
moderado extremo

Sistema DEC, UTA clássica, chiller tér-


configuração standard mico, rede de água refri-
gerada entre 6ºC e 9ºC

Figura 17
Árvore de decisão para a escolha da tecnologia de arrefecimento solar
DEC: sistema dessicante; UTA: Unidade de Tratamento de Ar
Sistema DEC, configuração especial
28
Uma suposição básica é que tanto a temperatura como a humidade A aplicação de técnicas com exsicantes em ambientes extremos
do interior do edifício deverão ser controladas. O ponto de partida é (condições climáticas com elevada humidade do ar ambiente), impli-
sempre o cálculo da necessidade de arrefecimento local por local. ca configurações especiais do ciclo de exsicantes.
Dependendo das necessidades e também de acordo com o desejo do Outros elementos que podem intervir na concepção não são desen-
utilizador, tanto um sistema de ar/ar, um sistema de água/água ou volvidos nesta brochura, como por exemplo:
um sistema híbrido ar/água são possíveis para o tratamento da tem- Necessidade de um sistema de apoio para a produção de frio
peratura e da humidade no edifício. (estratégia de climatização com garantia de uma temperatura pré-
A decisão técnica básica reside no facto de a troca higiénica de ar definida) ou para permitir o funcionamento autónomo do sistema
ser ou não suficiente para cobrir também as necessidades de arrefe- de arrefecimento solar;
cimento (sensível e latente). Este será tipicamente o caso dos locais
Flexibilidade nas condições de conforto;
com ocupação elevada que necessitam de uma renovação de ar
como as salas de conferências. Questões económicas;
No entanto, um sistema de duplo fluxo só faz sentido num edifício Disponibilidade de água para a humidificação do ar novo ou
suficientemente estanque, onde as infiltrações e perdas da envol- para as torres de arrefecimento;
vente exterior são reduzidas. Aproveitamento do tipo de funcionamento dos equipamen-
No caso de sistemas de duplo fluxo, as duas tecnologias de arrefeci- tos de dissipação de energia térmica para a criação de condi-
mento solar: sistemas com exsicantes e sistemas de absorção e ções de conforto: os ventilo-convectores permitem a desumidi-
adsorção, podem ser utilizadas. ficação parcial do ar graças ao seu sistema de evacuação de
Em todos os outros casos, apenas os chillers térmicos (absorção e condensados; tectos arrefecidos e outros sistemas de arrefeci-
adsorção) podem ser utilizados. mento por gravidade fornecem um grande conforto sem desu-
A temperatura mínima requerida para a água refrigerada depende midificação.
da técnica de desumidificação de ar utilizada: a desumidificação do A constituição e o tipo de chiller térmico (absorção ou adsorção)
ar é realizada utilizando tecnologia clássica (arrefecendo o ar abaixo
utilizado não é indicado nesta brochura.
do ponto de orvalho), ou a desumidificação do ar é realizada utili-
No caso dos sistemas por exsicantes é necessário um grupo suple-
zando processos por exsicantes. No último caso, a temperatura da
mentar para cobrir os picos de consumo. Um chiller de compressão
água refrigerada pode ser mais elevada pelo facto de ser necessário
eléctrico poderá ser utilizado por razões económicas.
apenas vencer as cargas sensíveis.

5.2 - Regras básicas para a concepção e o dimensionamento


O simples bom senso e os ensinamentos retirados dos projectos pilo- Em qualquer dos casos, o uso da energia solar deverá ser maximi-
tos conduziram a algumas regras gerais para a concepção e o dimen- zado fornecendo energia para outras necessidades, tal como o aque-
sionamento de um sistema de arrefecimento solar: cimento do edifício e/ou produção de água quente.
Um sistema de arrefecimento solar com um baixo COPtérmico e Recomendações adicionais para a concepção de sistemas de climati-
munido de um queimador de combustível fóssil para apoio energéti- zação solar podem ser encontrados no Guia para os projectistas, ins-
co, necessita de uma fracção solar (fracção das necessidades cobertas taladores e outras profissões no site do projecto europeu "SACE - Solar
pela energia solar) importante para permitir economias de energia Air Conditioning in Europe" (http://www.ocp.tudelft.nl/ev/res/sace.htm)
primária significativas. Esta fracção solar será garantida através de e no livro "Solar-Assisted Air-Conditioning in Buildings - A Handbook
uma concepção apropriada do sistema, ou seja, uma área de colec- for Planners" (ver bibliografia).
tores solares e uma capacidade de acumulação suficientemente
grandes e outras medidas que permitam maximizar o uso da energia
solar.
Num sistema com apoio energético, a substituição do combustível
fóssil por uma fonte renovável como a biomassa, irá diminuir o consu-
mo de energia primária fóssil do sistema.
Sistemas com chillers térmicos com elevado COPtérmico (absorção de
duplo efeito) podem ser concebidos com uma menor fracção solar
mesmo que seja utilizado o apoio energético com combustível fóssil,
visto que, a energia produzida pelo combustível fóssil ser convertido
com um elevado COPtérmico, tornando-se, assim, competitivo com um
sistema convencional do ponto de vista da energia primária.
Como sistema de apoio pode ser também utilizado um chiller clás-
sico de compressão eléctrica. Nessa configuração, cada unidade de
frio produzida pelo grupo solar reduz a quantidade de frio a produzir
pelo sistema clássico, e permite economia de energia primária mesmo
em casos de pequena fracção solar. O grupo solar permite, assim,
reduzir o consumo de energia eléctrica.
Sistemas solares térmicos autónomos não necessitam de qualquer
outra fonte de frio. Funcionam sempre com uma fracção solar óptima
de 100%
Figura 18
Integração de colectores solares no telhado da DIREN (Guadeloupe, (F)).

29
5.3 - Porquê um estudo de viabilidade?
A escolha de uma tecnologia de arrefecimento solar e a concepção do pré-dimensionamento dos equipamentos principais como a área de
sistema requer que se considere mais do que apenas aspectos de fun- captação solar e do sistema de acumulação de água quente e/ou água
cionamento nominais, visto que a flutuação dos ganhos de energia fria e grupo térmico;
solar causa, na maioria das vezes, que os componentes do sistema Análise das estratégias de controlo e gestão
operem em condições de carga parcial.
Cálculo dos rendimentos e dos valores de exploração como o COP
Além disso, as condições de funcionamento, assim como as proprie-
do sistema de arrefecimento, a fracção solar, a eficiência dos colector,
dades dos processos de novas aplicações tais como chillers por absor-
etc;
ção ou sistemas por exsicantes, não são até ao momento, do conheci-
mento da maioria dos projectistas e instaladores. Até à data é difícil Cálculo de consumos (electricidade, água, gás, biomassa)
encontrar um software de fácil utilização no mercado que permita Estimativa do investimento e das economias de energia primária;
uma rápida e fácil escolha da melhor tecnologia de arrefecimento Em qualquer caso, o estudo de viabilidade é uma ferramenta indis-
solar e de concepção do sistema. Por esta razão, um estudo de viabi- pensável para ajudar o dono-da-obra na sua tomada de decisão em
lidade, realizado por um gabinete técnico com experiência, é alta- relação ao seu projecto de arrefecimento solar.
mente recomendável na fase inicial de projecto.

O estudo de viabilidade deverá incluir as seguintes etapas:


determinação das necessidades de arrefecimento e aquecimento
(p.ex. através de meios de simulação);
selecção da tecnologia de arrefecimento solar mais adaptadas e sua
implementação;

30
Bibliografia :
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ISBN 3-211-00647-8, Springer Wien / New York; Ed: Hans-Martin Henning, published in the
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- Solar Thermal Systems,
ISBN 3-934595-24-3, Solarpraxis Berlin, Ed: Dr.Felix A. Peuser, Karl-Heinz Remmers,
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Web sites :
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- http://www.ocp.tudelft.nl/ev/res/sace.htm : EU project SACE – Solar Air Conditioning in Europe
- http://www.raee.org/climasol : EU project Promotion Solar Air Conditioning:
Promoting Solar Air Conditioning
- http://www.tecsol.fr/RafrSol/index.htm
- http://www.ames.pt

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