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JURISPRUDÊNCIA TEMAS SELECIONADOS

TSE Atualização em 23/10/2015

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO – FRAUDE – NOVO


ENTENDIMENTO - AMPLIAÇÃO DO CONCEITO – FRAUDE À LEI

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO.


CORRUPÇÃO. FRAUDE. COEFICIENTE DE GÊNERO.
[...]
2. O conceito da fraude, para fins de cabimento da ação de impugnação de
mandato eletivo (art. 14, § 10, da Constituição Federal), é aberto e pode
englobar todas as situações em que a normalidade das eleições e a
legitimidade do mandato eletivo são afetadas por ações fraudulentas,
inclusive nos casos de fraude à lei. A inadmissão da AIME, na espécie,
acarretaria violação ao direito de ação e à inafastabilidade da jurisdição.
[…]

(Recurso Especial Eleitoral 1-49.2013.6.18.0024, José de Freitas/PI, Relator:


Ministro Henrique Neves da Silva, julgamento em 04/08/2015 e publicação no
Diário de Justiça Eletrônico 200, em 21/10/2015, págs. 25/26)

O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, assentou


que se enquadra no conceito de fraude, para fins de cabimento da ação
de impugnação de mandato eletivo (art. 14, § 10, da constituição
federal), a violação do percentual de candidaturas exigido no § 3º, art. 10,
da Lei nº 9.504/1997, que dispõe:
§ 3º Do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada
partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o
máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo.
Na hipótese, o juízo da 24ª Zona Eleitoral/PI extinguiu, sem resolução do
mérito, ação de impugnação de mandato eletivo ajuizada em desfavor de
candidatos eleitos ao cargo de vereador, no pleito de 2012, sob a acusação
de suposta fraude eleitoral caracterizada pela adulteração de documento e
falsificação de assinaturas para o preenchimento do percentual mínimo de
candidaturas previsto em lei.
Em concordância, o Tribunal Regional Eleitoral manteve a decisão de piso ao
argumento de que o conceito de fraude, para os fins de cabimento da ação
de impugnação de mandato eletivo (AIME), é restritivo alcançando somente
atos tendentes a afetar a vontade do eleitor.
O Ministro Henrique Neves (relator) ressaltou inicialmente que o
Tribunal de origem proferiu acórdão em consonância com o
posicionamento até então adotado por esta Corte, no sentido de que a
fraude que enseja a AIME diz respeito ao processo de votação, nela não
se inserindo questões alusivas à inelegibilidade ou a outros vícios
passíveis de atingir, de forma fraudulenta, o processo eleitoral.
Entretanto, o relator salientou a necessidade de superar esse
entendimento, passando-se a interpretar o termo fraude, estampado no
art. 14, § 10, da Constituição Federal, de forma ampla a englobar todas
as situações de fraude – inclusive a de fraude à lei – que possam afetar
a normalidade das eleições e a legitimidade do mandato obtido.
Ressaltou ainda que a AIME deve ser admitida como instrumento
processual para preservar a legitimidade e a normalidade das eleições
contra toda sorte de abuso, corrupção ou fraude, não cabendo impor
limitações ao texto constitucional que não estejam previstas na própria
Constituição Federal.
Prosseguiu afirmando que a norma constitucional supracitada deve ser
considerada com as demais regras e princípios contidos na Lei Maior,
de forma a permitir a harmonização das hipóteses de cabimento da
AIME com os fins legítimos das eleições que reflitam a vontade popular,
livres de influências ilegítimas, tal como consta do § 9º do art. 14 da
Constituição Federal.
Dessa forma, concluiu que, na espécie, a extinção da ação de impugnação
de mandato sem julgamento de mérito, ao fundamento de que a suposta
violação do percentual mínimo de candidaturas não se enquadraria no
conceito de fraude, deve ser reformada, possibilitando o devido
prosseguimento da ação proposta.
O Tribunal, por unanimidade, deu provimento ao recurso especial,
determinando o retorno dos autos ao TRE do Piauí para, afastando o
argumento de inviabilidade da via eleita, permitir que a ação de impugnação
de mandato eletivo siga seu curso normal e legal, nos termos do voto do
relator.

(Recurso Especial Eleitoral n° 149, José Freitas/PI, rel. Min. Henrique Neves
da Silva, em 4.8.2015, Informativo TSE Ano XVII – n° 10)

INELEGIBILIDADE – ALÍNEA D DO INCISO I DO ART. 1º DA LC 64/90.-


AIME - DESCARACTERIZAÇÃO

ELEIÇÕES 2012 – RECURSO ESPECIAL – REGISTRO DE CANDIDATURA –


INELEGIBILIDADE – CONDENAÇÃO POR ABUSO DE PODER ECÔNOMICO
EM ÂMBITO DE AÇÃO DE IMPUGANAÇÃO DE MANDATO ELETIVO –
ARTIGO 1º, I, d, DA LC Nº 64/90, COM NOVA REDAÇÃO DADA PELA LC Nº
135/2010. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. NÃO INCIDÊNCIA.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO
1. Esta corte firmou o entendimento de que as novas disposições introduzidas
pela LC nº 135/2010 incidem de imediato sobre as hipóteses nela
contempladas, ainda que o fato seja anterior à sua entrada em vigor, pois as
causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do
pedido de registro de candidatura..
2. A inelegibilidade preconizada na alínea d do inciso I do art. 1º da LC nº
64/90, com as alterações promovidas pela LC nº 135/2010, refere-se apenas á
representação - Ação de Investigação Judicial Eleitoral/AIJE – de que trata o
art. 22 da Lei de Inelegibilidades,e não á ação de impugnação de mandato
eletivo. Precedentes.
3. A condenação do candidato por abuso de poder econômico em âmbito
de ação de impugnação de mandato eletivo, tal como ocorreu na
hipótese dos autos, não têm condão de atrair a hipótese de
inelegibilidade prevista pela indigitada alínea d.
4. A aplicação de entendimento diverso, por força do respeito devido ao
princípio da segurança jurídica, somente poderá se dar no tocante a processos
atinentes ao próximo pelito eleitoral.
5. Recurso especial provido para deferir o registro do Recorrente ao acrgo de
prefeito.

(Recurso Especial Eleitoral 10-62.2012.6.05.0200, Pojuca/BA, relatora Ministra


Nancy Andrighi, julgado em 27.8.2013, publicado no DJE 195 em 10.10.2013,
pág. 27)

CANDIDATO DIPLOMADO - CASSAÇÃO – EXCLUSIVIDADE - AIME

DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
Observo que a ação de investigação judicial eleitoral por abuso de poder
foi protocolada somente em 13.12.2012, em momento bem posterior à
ocorrência dos fatos, e sem que tenha havido ratificação após a
expedição do diploma do requerente, que se deu em 19.12.2012.
Nesse sentido, reafirmo meu posicionamento de que após a diplomação
do candidato, para que a ação possa ter o efeito de cassar o diploma do
beneficiado, deverá haver a ratificação pela parte interessada mediante
ação de impugnação de mandato eletivo (AIME), no prazo de 15 dias
contados da diplomação, devendo essa ação tramitar sob segredo de
justiça, na forma do artigo 14, §§ 10 e 11, da Constituição Federal.
Entendo, portanto, que após a diplomação do candidato, a impugnação
do mandato, de acordo com a Constituição Federal, far-se-á por
instrumento processual exclusivo. A partir da diplomação, a Carta Maior
estabelece um único veículo capaz de retirar a legitimidade do mandato
auferido nas urnas, que é a ação de impugnação de mandato eletivo - AIME.
Conforme me manifestei em outras oportunidades, não consigo vislumbrar -
data venia da ampla jurisprudência desta Corte - outra forma processual de
se atacar um diploma, além daquele constitucionalmente previsto,
especificamente no art. 14, §§ 10 e 11.
No caso em exame, observo, em análise prefacial, que não houve a
ratificação posterior da ação mediante a propositura da ação de impugnação
de mandato eletivo, no prazo de 15 dias da diplomação.
Ante o exposto, diante da plausibilidade das razões recursais, defiro a liminar,
para emprestar efeito suspensivo ao recurso especial interposto nos autos do
RE nº 785-53/RS, e determino o retorno do requerente ao cargo de vereador
do Município de Porto Alegre/RS, até o julgamento do apelo nobre por esta
Corte.
[…]

(Ação Cautelar 622-22.2013.6.00.0000, Porto Alegre/RS, relator Ministro Dias


Toffoli, julgado em 11.9.2013, publicado no DJE 179 em 18.9.2013, págs. 5 a
8)

AIME – CABIMENTO – CASSAÇÃO – MANDATO ELETIVO – MULTA –


INELEGIBILIDADE – IMPOSIÇÃO – IMPOSSIBILIDADE – PREVISÃO
NORMATIVA - AUSÊNCIA
Ementa:
ELEIÇÕES 2008. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE
INSTRUMENTO. PERDA DE OBJETO. PREFEITO E VICE. TÉRMINO DO
MANDATO. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO.
INELEGIBILIDADE. IMPOSSIBILIDADE. DESPROVIMENTO.
1. O agravo de instrumento que visa destrancar o recurso especial interposto
do decisum regional está prejudicado pela perda de seu objeto, diante do
término do mandato das Agravadas, eleitas para os cargos de prefeito e vice-
prefeito para o período de 2009-2012.
2. A pretensão de que seja declarada a inelegibilidade das Agravadas
pelo prazo de oito anos não merece prosperar. A uma, porque tal
alegação constitui inovação recursal, o que é inviável nesta seara, de
acordo com a jurisprudência desta Corte. A duas, tendo em vista tratar-
se de ação de impugnação de mandato eletivo, que enseja a cassação
do mandato eletivo, não se podendo impor multa ou inelegibilidade à
falta de previsão normativa (AgR-REspe nº 51586-57/PI, Rel. Ministro
ARNALDO VERSIANI, DJe 10.5.2011).
3. Agravo regimental desprovido.
[…]

(Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 3556-17.2010.6.05.0000,


Barreiras/BA, relatora Ministra Laurita Vaz, julgado em 30.4.2013, publicado
no DJE 107, em 10.6.2013, pág. 50)

AIME – CONDUTA VEDADA A AGENTE PÚBLICO – NÃO CABIMENTO

Ação de impugnação de mandato eletivo. Abuso de poder.


1. A ação de impugnação de mandato eletivo deve ser proposta com
fundamento em abuso do poder econômico, corrupção ou fraude, não
se prestando para a apuração de prática de conduta vedada a agente
público, prevista no art. 73 da Lei nº 9.504/97.
[…]

(Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 104-66.2012.6.00.0000, Souto


Soares/BA, relator Ministro Arnaldo Versiani, julgado em 18.9.2012,
publicado no DJE 196, em 9.10.2012, pág. 15)

AIME – CABIMENTO – ABUSO DE PODER ECONÔMICO – REFLEXO NO


RESULTADO DO PLEITO - NECESSIDADE

DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
A apreciação do abuso do poder econômico e político deve vir
acompanhada de constatação de possível repercussão dos atos no
resultado do pleito, ou seja, os atos de abuso do poder político e
econômico devem ter potencialidade e probabilidade suficientes para
gerar distorção da manifestação popular, com reflexo no resultado do
pleito.
Nesse sentido, entendo que a compra de combustível e distribuição à
pessoas determinadas previamente não foi potencialmente capaz de
influir no resultado do pleito.
Quanto ao abuso do poder econômico mediante captação ilícita de sufrágio,
não restou cabalmente demonstrada a vinculação da entrega do combustível
ao pedido ou promessa de votos, motivo pelo qual não vejo caracterizada a
captação ilícita de sufrágio prevista no art. 41-A da Lei nº 9.504/97.
Concluiu-se, ante as circunstâncias do caso, pela inexistência de prova
robusta para a caracterização dos ilícitos eleitorais.
[...]

(Recurso Especial Eleitoral 256903-56.2008.6.26.0035, Campos do


Jordão/SP, rel. Ministro Marco Aurélio, julgado em 6.9.2012, publicado no
DJE 181, em 20.9.2012, págs. 4/5)

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO - FALSIFICAÇÃO DE


CERTIFICADO ESCOLAR – FRAUDE – NÃO CABIMENTO

DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
O Tribunal a quo acolheu preliminar de inadequação da via eleita suscitada
pelos Recorridos e extinguiu o processo sem resolução do mérito, por
entender que a situação dos autos, de suposta utilização de certificado
escolar falso para comprovar a alfabetização, não se enquadraria nas
hipóteses de cabimento da ação de impugnação de mandato eletivo previstas
no art. 14, § 10, da Constituição da República.
13. A decisão do Tribunal de origem está em harmonia com a jurisprudência
do Tribunal Superior Eleitoral, iterativa no sentido de que a fraude possível de
embasar a ação de impugnação de mandato eletivo deve estar relacionada
às eleições ou à livre manifestação dos eleitores no período de votação.
Nessa linha, os seguintes precedentes:
"Ação de impugnação de mandato eletivo. Fraude. Inelegibilidade.
1. A fraude objeto da ação de impugnação de mandato eletivo diz respeito a
ardil, manobra ou ato praticado de má-fé pelo candidato, de modo a lesar ou
ludibriar o eleitorado, viciando potencialmente a eleição" (REspe n. 36643,
Rel. Min. Arnaldo Versiani, DJe 28.6.2011, grifos nossos);
"Ação de impugnação de mandato eletivo. Art. 14, § 10, da Constituição
Federal. Decisão regional. Improcedência. Recurso ordinário. Fraude.
Conceito relativo ao processo de votação. Precedentes da Casa. Abuso do
poder econômico. Insuficiência. Provas. Exigência. Potencialidade. Influência.
Pleito.
Conforme iterativa jurisprudência da Casa, a fraude a ser apurada em ação
de impugnação de mandato eletivo diz respeito ao processo de votação, nela
não se inserindo eventual fraude na transferência de domicílio eleitoral"
(AgR-RO n. 896, Rel. Min. Caputo Bastos, DJ 2.6.2006, grifos nossos).

(Recurso Especial Eleitoral n° 9578362-34.2008.6.06.0037, Caucaia/CE,


Relatora: Min. Cármen Lúcia, julgado em 12.12.2011, publicado no DJE em
01.02.2012)

AIME – ABUSO DE PODER ECONÔMICO – TIPO ABERTO


DECISÃO MONOCRÁTICA
[…]. o abuso de poder econômico, enquanto espécie de ilícito eleitoral,
encerra preceito normativo do tipo aberto, visto que desprovido da definição
completa da conduta proibida pela lei eleitoral, sendo, por isso, suscetível de
integração pelo julgador no caso concreto.
(...)
Em conclusão, face a natureza aberta do tipo eleitoral em liça (abuso de
poder econômico), segue-se a inarredável conclusão de que a violação às
normas de administração financeira de campanha eleitoral, quando dotada de
potencialidade lesiva capaz de influir na normalidade do pleito, pode, sim, ser
apurada no âmbito da ação de impugnação de mandato eletivo sob o prisma
do abuso de poder econômico. […]

(Recurso Especial Eleitoral n° 52-30.2010.6.04.0000, Anamã/AM, Relatora:


Min. Nancy Andrighi, julgado em 23.11.2011, publicado no DJE em
28.11.2011)

AIME – BEM JURÍDICO TUTELADO – LEGITIMIDADE DAS ELEIÇÕES -


VONTADE DO ELEITOR - DESNECESSIDADE

DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
ELEIÇÃO 2010. REGISTRO DE CANDIDATURA. AGRAVO REGIMENTAL
EM RECURSO ORDINÁRIO. INELEGIBILIDADE. ART. 1º, I, g, da LC Nº
64/90 C.C. LC Nº 135/2010. FATO IMPEDITIVO DO DIREITO DO
IMPUGNANTE. ÔNUS DA PROVA. CANDIDATO/ IMPUGNADO. ART. 11, §
5º DA LEI Nº 9.504/97. REJEIÇÃO DE CONTAS. SUSPENSÃO DE
INELEGIBILIDADE. NECESSIDADE DE PROVIMENTO JUDICIAL.
1. A mera inclusão do nome dos gestores na lista remetida à Justiça eleitoral
não gera inelegibilidade e nem com base nela se pode afirmar ser elegível o
candidato (art.11, § 5º da Lei nº 9.504/97).
2. O ônus de provar fato impeditivo do direito do impugnante é do
candidato/impugnado. Precedentes.
3. É necessária a obtenção de provimento judicial para suspender a
inelegibilidade decorrente de rejeição de contas por irregularidade insanável.
Precedentes.
4. Agravo Regimental a que se nega provimento.
(AgR-RO 118531/PA, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJe de 21/2/2011)
Não houve, pois, inversão do ônus probatório, como alegam os recorrentes.
I.2. Da comprovação da prática de captação ilícita de sufrágio – ausência de
prequestionamento.
Os recorrentes alegam que a captação ilícita de sufrágio não pode ser
comprovada por uma única testemunha, o que aconteceu no caso dos autos,
haja vista que Nair dos Santos Rodrigues e José do Nascimento Santos são
casados, razão pela qual o depoimento dos dois deve ser considerado único.
Essa tese, todavia, não foi debatida no voto vencedor Tribunal de origem,
faltando-lhe, portanto, o indispensável prequestionamento.
De fato, a matéria enfrentada apenas no voto vencido não atende ao requisito
do prequestionamento. Incide, assim, a Súmula 320/STJ.
I.3. Da potencialidade lesiva da captação ilícita de sufrágio em AIME.
No ponto, os recorrentes alegam que não poderiam ter seu mandato cassado
pela captação ilícita de sufrágio de apenas dois eleitores.
De fato, a jurisprudência do TSE afirma que a procedência da ação de
impugnação de mandato eletivo por corrupção eleitoral demanda que a
captação ilícita de sufrágio tenha tido potencialidade de desestabilizar o
equilíbrio de forças entre os candidatos no pleito.
Nos termos do entendimento mais recente desta Corte, o bem jurídico
tutelado na ação de impugnação de mandato eletivo é a legitimidade das
eleições, e não a vontade do eleitor – protegida pela captação ilícita de
sufrágio. Confira-se:
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO
DE MANDATO ELETIVO. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO. PREFEITO.
VICE-PREFEITO. CASSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
AFERIÇÃO QUANTO À EXISTÊNCIA DE POTENCIALIDADE LESIVA.
1. In casu, o acórdão regional julgou procedente a AIME com fundamento na
prática de captação ilícita de sufrágio sem examinar se houve ou não
potencialidade das condutas para afetar o equilíbrio da disputa.
2. Tais circunstâncias se mostram suficientes à constatação de ofensa ao art.
14, § 10, da Constituição Federal, pois, na linha da remansosa jurisprudência
desta Corte, o bem jurídico tutelado pela via da AIME é a legitimidade das
eleições, e não a vontade do eleitor.
3. Em sede de recurso especial, não é possível que este Tribunal examine
questão estritamente ligada ao exame do acervo fático-probatório dos autos,
sendo necessário o retorno dos autos à instância de origem para que julgue a
questão de fundo.
4. Agravo regimental parcialmente provido.
(AgR-REspe 39.974/BA, Rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJe de 17/11/2010)
[...]

(Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral n° 52765-


70.2009.6.18.0050, São Francisco do Assis/PI, Relatora: Ministra Nancy
Andrighi, julgado em 23.09.2011, publicado no DJE em 29.09.2011)

AIME – ABUSO DE PODER ECONÔMICO - CABIMENTO

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO.


CONTRATAÇÃO DE PARCELA SIGNIFICATIVA DO ELEITORADO. ABUSO
DE PODER ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. NEXO CAUSAL.
DESNECESSIDADE. PRECEDENTES.
1. A utilização de recursos patrimoniais em excesso, públicos ou privados,
sob poder ou gestão do candidato em seu benefício eleitoral configura o
abuso de poder econômico.
2. O significativo valor empregado na campanha eleitoral e a vultosa
contratação de veículos e de cabos eleitorais correspondentes à expressiva
parcela do eleitorado configuram abuso de poder econômico, sendo
inquestionável a potencialidade lesiva da conduta, apta a desequilibrar a
disputa entre os candidatos e influir no resultado do pleito.
3. A comprovação do nexo de causalidade no abuso de poder econômico é
desnecessária. Precedentes.
4. Recurso Especial conhecido e provido.

(Recurso Especial Eleitoral nº 1918-68.2009.6.27.0000/TO – Filadélfia/TO,


Rel:. Ministro Gilson Dipp, julgado em 04.08.2011, publicado no DJE em
22.08.2011)

AIME – DESCABIMENTO – CAUSA DE INELEGIBILIDADE


CONSTITUCIONAL – DISTINÇÃO - FRAUDE

Ação de impugnação de mandato eletivo. Fraude. Inelegibilidade.


– Não é cabível a ação de impugnação de mandato eletivo para, a pretexto
de fraude, argüir questões relativas a inelegibilidade.
Agravo regimental não provido

(Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral n° 1604-


21.2009.6.02.0000, Sçao Miguel dos Campos/AL, julgado em 13.12.2011,
publicado no DJE n° 025, em 03.02.2012)

DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
Assim, consubstanciado na jurisprudência remansosa no TSE, de que não é
possível a discussão de transferência de domicílio eleitoral em sede de Ação
de Impugnação de Mandato Eletivo, bem como o de que a fraude a ser
discutida nesta ação é a do momento da votação, voto no sentido de reformar
a sentença proferida pelo juízo de 1° grau, afastando a tese da coisa julgada
material para, no mérito, considerar improcedente a ação, mantendo o Sr.
Yves Ribeiro de Albuquerque e Duflles de Azevedo Pires, respectivamente
prefeito e vice-prefeito do município do Paulista nos respectivos mandatos
eletivos.
De igual modo, pronunciou-se o revisor, afirmando que "essa inelegibilidade,
mesmo de natureza constitucional, deve ser objeto de impugnação ao
registro de candidatura ou recurso contra expedição de diploma, tendo em
vista não se tratar de fraude capaz de fundamentar a impugnação de
mandato eletivo" (fl. 492).
A questão versada nos autos foi examinada por esta Corte Superior no
julgamento do Recurso Especial nº 36.643, de minha relatoria, concluído em
12.5.2011, no qual se assentou que eventual causa de inelegibilidade, ainda
que constitucional, não pode ser enquadrada como fraude, passível de
apuração no âmbito de ação de impugnação de mandato eletivo.
Ressalto a ementa dessa decisão:
Ação de impugnação de mandato eletivo. Fraude. Inelegibilidade.
1. A fraude objeto da ação de impugnação de mandato eletivo diz respeito a
ardil, manobra ou ato praticado de má-fé pelo candidato, de modo a lesar ou
ludibriar o eleitorado, viciando potencialmente a eleição.
2. O fato de o prefeito reeleito de município transferir seu domicílio eleitoral e
concorrer ao mesmo cargo em município diverso, no mandato subsequente
ao da reeleição, pode ensejar discussão sobre eventual configuração de
terceiro mandato e, por via de consequência, da inelegibilidade do art. 14, §
5º, da Constituição Federal, a ser apurada por outros meios na Justiça
Eleitoral, mas não por intermédio da ação de impugnação de mandato eletivo,
sob o fundamento de fraude.
Recurso especial provido. (grifo nosso).
[…]
(Recurso Especial Eleitoral n° 3076543-48.2009.6.17.0146, Paulista/PE, Rel.:
Ministro Arnaldo Versiani, julgado em 28.06.2011, publicado no DJE em
01.08.2011)

AIME – ABUSO DE PODER POLÍTICO – DESCABIMENTO

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ABUSO DO PODER


POLÍTCO STRICTO SENSU. APURAÇÃO. AIME. IMPOSSIBILIDADE.
FRAGILIDADE DO CONJUNTO PROBATÓRIO. REEXAME DE PROVA.
IMPOSSIBILIDADE.
Abuso do poder político. Apuração. Ação de impugnação de mandato eletivo.
Impossibilidade.
A teor do § 10 do art. 14 da Constituição Federal, na ação de impugnação de
mandato eletivo (AIME), serão apreciadas apenas alegações de abuso do
poder econômico, corrupção ou fraude, não sendo possível estender o seu
cabimento para a apuração de abuso do poder político ou de autoridade
stricto sensu.
No caso, as condutas que fundamentaram a propositura da ação –
intimidação de servidores públicos e impedimento para utilização de
transporte público escolar – evidenciariam, exclusivamente, a prática de
abuso do poder político, não havendo como extrair delas qualquer conteúdo
de natureza econômica, a autorizar sua apuração em AIME.
Nesse entendimento, o Tribunal, por unanimidade, desproveu o agravo
regimental.

(Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 2145-74, Alcântaras/CE,


Rel. Min. Marcelo Ribeiro, julgado em 23.8.2011, publicado no DJE em
14.09.2011, Informativo TSE nº 24)

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO.


ELEIÇÕES 2006. DEPUTADO FEDERAL. RECURSO ORDINÁRIO.
CABIMENTO. ART. 121, § 4º, IV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ABUSO
DO PODER ECONÔMICO, POLÍTICO E DE AUTORIDADE. CAPTAÇÃO
ILÍCITA DE SUFRÁGIO. PROVA ROBUSTA. AUSÊNCIA.
1. É cabível recurso ordinário quando a decisão recorrida versar matéria que
enseja a perda do mandato eletivo estadual ou federal, tenha ou não sido
reconhecida a procedência do pedido.
2. É incabível ação de impugnação de mandato eletivo com fundamento em
abuso do poder político ou de autoridade strictu sensu, que não possa ser
entendido como abuso do poder econômico.
3. A ação de impugnação de mandato eletivo exige a presença de prova forte,
consistente e inequívoca.
4. Do conjunto probatório dos autos, não há como se concluir pela ocorrência
dos ilícitos narrados da inicial.
Recurso ordinário desprovido.

(Recurso Especial Eleitoral nº 28.928, Rio Branco/AC, Rel.: Min. Marcelo


Ribeiro, julgado em 10.12.2009, publicado no DJE em 25.2.2010)
"O abuso de poder exclusivamente político não dá ensejo ao ajuizamento da
ação de impugnação de mandato eletivo (§ 10 do art. 14 da Constituição
Federal)" (REspe 28.040/BA, Rel. Min. Carlos Ayres Britto, DJ 1o.7.2008);
"Não é cabível ação de impugnação de mandato eletivo com base em abuso
do poder político" (AgRg-REspe 25.906/SP, Rel. Min. José Gerardo Grossi,
DJ 29.8.2007).

(Citados no Agravo de Instrumento nº 12.176, Capitão Enéas//MG, Relatora:


Min. Cármen Lúcia, julgado em 27.05.2010, publicado no DJE em
04.06.2010)

DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
Com efeito, conforme jurisprudência deste Tribunal Superior, não é cabível a
propositura de ação de impugnação de mandato eletivo com relação a abuso
de poder exclusivamente político.
Nesse sentido, cito o seguinte precedente:
RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE
MANDATO ELETIVO. § 10 DO ARTIGO 14 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL:
CAUSAS ENSEJADORAS.
1. O abuso de poder exclusivamente político não dá ensejo ao ajuizamento
da ação de impugnação de mandato eletivo (§ 10 do artigo 14 da
Constituição Federal).
2. Se o abuso de poder político consistir em conduta configuradora de abuso
de poder econômico ou corrupção (entendida essa no sentido coloquial e não
tecnicamente penal), é possível o manejo da ação de impugnação de
mandato eletivo.
3. Há abuso de poder econômico ou corrupção na utilização de empresa
concessionária de serviço público para o transporte de eleitores, a título
gratuito, em benefício de determinada campanha eleitoral.
(Recurso Especial nº 28.040, rel. Min. Carlos Ayres Britto, de 22.4.2008).
[...]

(Citado no Recurso Especial Eleitoral nº 8385-56, São Paulo/SP, Rel.: Min.


Arnaldo Versiani, julgado em 29.03.2011, publicado no DJE em 04.04.2011)

AIME – USO INDEVIDO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO – ABUSO DE


AUTORIDADE – DESCABIMENTO

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AIME. MEIOS DE


COMUNICAÇÃO. EXCESSO. ABUSO DE AUTORIDADE. DESCABIMENTO.
Na linha dos precedentes deste Tribunal, a AIME não se presta a apurar
abuso dos meios de comunicação social e de autoridade.
Nesse entendimento, o Tribunal negou provimento ao agravo regimental.
Unânime.

(Agravo Regimental no Recurso Especial Eleitoral nº 28.226/SP, Rel.: Min.


Marcelo Ribeiro, julgado em 07.04.2009, publicado no DJE em 06.05.2009.)
AIME – CORRUPÇÃO ELEITORAL – COAÇÃO – ABUSO DO PODER
ECONÔMICO – APURAÇÃO – CABIMENTO

ELEIÇÕES 2006. RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE


MANDATO ELETIVO. 1º SUPLENTE. DEPUTADO ESTADUAL. CASSAÇÃO
DO DIPLOMA. POSSIBILIDADE.
- Havendo indícios, é possível apurar, por meio de ação de impugnação de
mandato eletivo, a prática de corrupção eleitoral, coação e abuso do poder
econômico. Precedentes do TSE.
- Configurado o abuso do poder econômico mediante a prática de corrupção
eleitoral, consectário natural é a cassação do diploma.
- Recurso a que se nega provimento.

(Recurso Ordinário nº 1.515, Macapá/AP, Rel.: Min. Fernando Gonçalves,


julgado em 23.04.2009, publicado no DJE em 21.05.2009)

AIME – ABUSO DO PODER POLÍTICO – CARÁTER ECONÔMICO –


APURAÇÃO – CABIMENTO

DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
É cediço na jurisprudência desta Corte o entendimento de que a ação que
visa à impugnação de mandato eletivo, prevista no art. 14, § 10, da
Constituição Federal, é cabível para apurar a prática de abuso do poder
econômico, corrupção ou fraude, nos termos da letra clara do dispositivo
constitucional, não servindo, portando, para a apuração de possível abuso do
poder político ou de autoridade.
Por outro lado, é viável que o abuso do poder político seja apurado em sede
de AIME, desde que este tenha viés econômico. Esse é o atual
posicionamento deste Tribunal a respeito da matéria.
[...]

(Ação Cautelar nº 3.334, Ipatinga/MG, Rel.: Min. Marcelo Ribeiro, julgado em


25.09.2009, publicado no DJE em 30.09.2009)

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ABUSO DE PODER


ECONÔMICO ENTRELAÇADO COM ABUSO DE PODER POLÍTICO. AIME.
POSSIBILIDADE. CORRUPÇÃO. POTENCIALIDADE. COMPROVAÇÃO.
SÚMULAS Nos7/STJ E 279/STF. NÃO PROVIMENTO.
1. A via aclaratória não se presta à rediscussão dos fundamentos do acórdão
recorrido. Os embargos de declaração utilizados para esse fim ultrapassam
os limites delineados pelo art. 535, I e II, do Código de Processo Civil c.c. o
art. 275 do Código Eleitoral.
2. Na espécie, não há falar em violação ao art. 275 do Código Eleitoral pelo
e. Tribunal de origem uma vez que, à conta de omissão, suscitou-se a
existência de supostas particularidades do caso concreto, que inexistiram,
após criterioso exame das razões recursais e do acórdão regional.
3. O abuso de poder econômico entrelaçado com o abuso de poder político
pode ser objeto de Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME),
porquanto abusa do poder econômico o candidato que despende recursos
patrimoniais, públicos ou privados, dos quais detém o controle ou a gestão
em contexto revelador de desbordamento ou excesso no emprego desses
recursos em seu favorecimento eleitoral. Precedentes: REspe nº 28.581/MG,
de minha relatoria, DJe de 23.9.2008; REspe nº 28.040/BA, Rel. Min. Ayres
Britto, DJ de 1º.7.2008.
4. No caso, os agravantes utilizaram-se do trabalho de servidores públicos
municipais e de cabos eleitorais, que visitaram residências de famílias
carentes, cadastrando-as e prometendo-lhes a doação de quarenta reais
mensais, caso os agravantes sagrassem-se vencedores no pleito de 2008.
5. A reiteração do compromisso de doação de dinheiro, feita individualmente
a diversos eleitores, não significa que a promessa seja genérica. Pelo
contrário, torna a conduta ainda mais grave, na medida em que não implica
apenas desrespeito à vontade do eleitor (captação ilícita de sufrágio), mas
também tende a afetar a normalidade e a legitimidade das eleições (abuso de
poder econômico).
6. A jurisprudência desta c. Corte é no sentido de que o exame da
potencialidade não se vincula ao resultado quantitativo das eleições (RCED
nº 698/TO, de minha relatoria, DJe de 12.8.2009). De todo modo, o e.
Tribunal a quo reconheceu existir elementos suficientes para a caracterização
não só da captação ilícita de sufrágio, mas também do abuso de poder
econômico, que influenciou a vontade popular, avaliando, implicitamente, a
diferença de votos entre os candidatos.
7. Para chegar à conclusão diversa do v. acórdão regional, haveria a
necessidade de revolver o conteúdo fático-probatório dos autos,
procedimento inviável neste recurso especial eleitoral em virtude das
Súmulas nos 7/STJ e 279/STF.
8. Agravo regimental não provido.

(Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 11.708-MG, Rel.: Min. Félix


Fischer, em 18.03.2010, DJE de 15.04.2010)

DISTRIBUIÇÃO DE CAMISETAS – VÉSPERA DAS ELEIÇÕES – LOTES


PÚBLICOS – PROMESSA DE DOAÇÃO – CONDUTA VEDADA – ART. 30-
A – EXTRAPOLAÇÃO – ABUSO DE PODER ECONÔMICO – CABIMENTO
– APURAÇÃO – AIME

DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
Na espécie, os autores se insurgem contra decisão do Tribunal Regional
Eleitoral de Minas Gerais que confirmou a cassação de seus mandatos de
prefeito e vice-prefeito do Município de Carangola/MG, por abuso do poder
econômico e político, com base em dois fatos: distribuição de camisetas de
cor laranja na véspera e no dia da eleição e promessa de lotes públicos a
eleitores.
(...)
A questão de direito posta pelos recorrentes foi devidamente debatida no
acórdão recorrido. Observa-se que o voto condutor enfatizou que a conduta
imputada aos recorrentes extrapolou a ilicitude prevista no art. 30-A da Lei nº
9.504/97 para caracterizar abuso de poder econômico com seriedade e
gravidade suficientes para afetar o equilíbrio do processo eleitoral.
(...)
Ao contrário do pretendido pelos embargantes, questões referentes à
arrecadação e gastos de recursos de campanha (art. 30-A da Lei nº 9.504/97)
e à prática de condutas vedadas (art. 73 e seguintes da Lei nº 9.504/97)
podem perfeitamente ser conhecidas em sede de ação de impugnação de
mandato eletivo, desde que revelem a prática de atos de abuso de poder
econômico, corrupção ou fraude, tal como reconhecido pelo art. 14, § 10, da
Constituição da República.
Vê-se, portanto, que o Tribunal a quo afirmou que tanto as irregularidades
referentes à arrecadação e gastos de recursos na campanha quanto a prática
de eventual conduta vedada extrapolam a ilicitude prevista no art. 30-A e 73
da Lei das Eleições, e ante sua gravidade evidenciam, na verdade, abuso do
poder econômico, com potencialidade de influenciar na lisura e legitimidade
do pleito.
Quanto à alegação dos autores de que testemunhas afastaram sua
participação na confecção ou distribuição das referidas camisetas, anoto que
na apuração do abuso de poder não se indaga responsabilidade, participação
ou anuência, mas sim se o fato beneficiou o candidato, o que, conforme
acima assinalado, o TRE/MG entendeu ter ocorrido na espécie.
[...]

(Ação Cautelar nº 2239-22.2010.6.00.0000, Carangola/MG, Rel.: Min.


Arnaldo Versiani, julgado em 12.08.2010, publicado no DJE em 18.08.2010)

AIME – CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO – CORRUPÇÃO ELEITORAL –


CABIMENTO

RECURSO ORDINÁRIO. ELEIÇÕES 2006. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE


MANDATO ELETIVO. CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO (ART. 41-A DA LEI
Nº 9.504/97). DESCARACTERIZAÇÃO. DEPUTADO FEDERAL.
CANDIDATO. OFERECIMENTO. CHURRASCO. BEBIDA.
1. É cabível o recurso ordinário, nos termos do art. 121, § 4º, III, da CF,
quando seu julgamento puder resultar na declaração de inelegibilidade ou na
perda do diploma ou mandato obtido em eleições federais ou estaduais.
2. A captação ilícita de sufrágio, espécie do gênero corrupção eleitoral,
enquadra-se nas hipóteses de cabimento da AIME, previstas no art. 14, § 10,
da CF. Precedentes.
3. Para a caracterização da captação ilícita de sufrágio, é necessário que o
oferecimento de bens ou vantagens seja condicionado à obtenção do voto, o
que não ficou comprovado nos autos.
4. Não obstante seja vedada a realização de propaganda eleitoral por meio
de oferecimento de dádiva ou vantagem de qualquer natureza (art. 243 do
CE), é de se concluir que a realização de churrasco, com fornecimento de
comida e bebida de forma gratuita, acompanhada de discurso do candidato,
não se amolda ao tipo do art. 41-A da Lei nº 9.504/97.
5. Recurso ordinário desprovido.

(Recurso Ordinário nº 1.522, São Paulo/SP, Rel.: Min. Marcelo Ribeiro,


julgado em 18.3.2010, publicado no DJE em 10.05.2010)
CONVENÇÃO PARTIDÁRIA – COMISSÃO PROVISÓRIA – DIRETÓRIO
MUNICIPAL – AIME – DESCABIMENTO

Ação de impugnação de mandato eletivo. Fraude. Convenção partidária.


Irregularidades.
- A questão relativa à eventual nulidade na constituição de comissão
provisória de diretório municipal, com alegação de reflexo na convenção e na
escolha de candidatos, não se enquadra em fraude, apurável em sede de
ação de impugnação de mandato eletivo, uma vez que tal hipótese prevista
no art. 14, § 10, da Constituição Federal diz respeito àquela relacionada ao
processo de votação.
Agravo regimental não provido.

(Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 12.221/SP, Rel:. Min.


Arnaldo Versiani, julgado em 08.02.2011, publicado no DJE em 25.03.2011)

AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO - DOMICÍLIO


ELEITORAL – TRANSFERÊNCIA – FRAUDE - INOCORRÊNCIA.

A ação de impugnação de mandato eletivo tem como fundamentos o abuso


do poder econômico, a corrupção ou a fraude, nos termos do § 10 do art. 14
da Constituição Federal.
A fraude apurável na ação de impugnação de mandato eletivo diz respeito a
ardil, manobra ou ato praticado de má-fé pelo candidato, a lesar ou ludibriar o
eleitorado, viciando potencialmente a eleição.
O fato de o prefeito reeleito de um município transferir seu domicílio
eleitoral e concorrer ao mesmo cargo em município diverso, no
mandato subsequente ao da reeleição, enseja eventual discussão sobre
possível configuração de terceiro mandato e, via de consequência, da
inelegibilidade do § 5º do art. 14 da Constituição Federal, apurável por
outros meios na Justiça Eleitoral, mas não por intermédio da ação de
impugnação de mandato eletivo, sob o fundamento de fraude.
As causas de pedir da ação de impugnação de mandato eletivo referem-se
estritamente a ilícitos que ensejam a obtenção ilegítima do mandato eletivo
pelo candidato, por isso a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral exige o
requisito da potencialidade para fins de procedência da ação constitucional,
ponderando eventuais reflexos que tais práticas ilícitas possam causar no
que tange à vontade popular.
Nesse entendimento, o Tribunal, por unanimidade, proveu o recurso.

(Recurso Especial Eleitoral nº 36.643/PI, Rel. Min. Arnaldo Versiani, em


12.5.2011, Informativo TSE nº 13)

DECISÃO MONOCRÁTICA
[...]
A decisão deve ser reconsiderada.
Com efeito, pouco depois de proferida a decisão agravada, esta Corte, por
ocasião do julgamento do REspe nº 36.643/PI, relatado pelo Ministro
ARNALDO VERSIANI, sessão de 12.5.2011, firmou orientação no mesmo
sentido da tese defendida no especial a que se busca emprestar efeito
suspensivo: a ação de impugnação de mandato eletivo não é a via
adequada para se discutir, a pretexto de fraude, eventual inelegibilidade
de candidato a prefeito em município vizinho àquele em que exercera o
mesmo cargo por dois mandatos consecutivos (caso dos “prefeitos
itinerantes” ).
Nesse contexto, a concessão da liminar pretendida é medida que se impõe, a
fim de se evitar a perpetuação do dano ao agravante, decorrente da
impossibilidade de exercício de um mandato que jamais lhe poderá ser
restituído.
A situação, por certo, encontra eco na jurisprudência do Tribunal Superior
Eleitoral, segundo a qual é “[...] Cabível o deferimento de ação cautelar para
dar efeito suspensivo a recurso especial eleitoral ante a probabilidade de
êxito do citado recurso e o perigo de dano irreparável consistente na
supressão de mandato eletivo [...]” (AgR-AC nº 2.533/GO, Rel. Ministro
FELIX FISCHER, julgado em 26.8.2008, DJe 15.9.2008).
Pelo exposto, reconsidero a decisão atacada, nos termos do artigo 36, § 9º,
do Regimento Interno do TSE, e defiro a liminar pleiteada para suspender os
efeitos do acórdão do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas, nos autos da
ação de impugnação de mandato eletivo, e determinar a recondução do autor
e de Eraldo Pedro da Silva aos cargos, respectivamente, de prefeito e vice-
prefeito do Município de São Luís do Quitunde/AL até ulterior deliberação
desta Corte.
[…]

(Agravo Regimental na Ação Cautelar nº 263-43.2011.6.00.0000 São Luís/PI,


Rel.: Min. Gilson Dipp, julgado em 31.05.11,publicado no DJE 03.06.11)

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