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POEMAS DE LUÍS PIRES SOBRE BARRA DO CORDA

BARRA DO CORDA(I)1

Foi aqui que passei a mocidade


A sorrir e a cantar alegremente...
Se na vida existir felicidade,
Nesta terra ela mora certamente...

O teu jardim, o teu povo, o teu poente,


E tudo que for teu, bela cidade,
Conservarei guardado eternamente
Na inapagável tela da saudade!

Da vida me atirando na jornada,


Como quem lembra da mulher amada,
Eu sempre evocarei tua visão...

Por seres linda e boa eu te bendigo,


E minh’alma deixando aqui contigo
Teu vulto levarei no coração!...

(De um caderno de versos)

BARRA DO CORDA (II)

Barra do Corda, gleba minha amada,


Rosa das rosas, filha do sertão,
Eu te bendigo ó deusa idolatrada,
Sorriso de ternura em profusão.

Sinto minh’alma débil traspassada


Pelo gládio da vil desilusão.
Quando canto, meu peito em derrocada
Geme e soluça a tua recordação.

Bendita seja a mão que te conduz


Na crença verdadeira, olhando a cruz
1
Soneto escrito ainda em Barra do Corda, isto é, anterior a 1944, mas que já prenunciava seu exílio no Sanatório –
Colônia do Bonfim.
Que te abraça do cimo de uma serra!

Bendita sejas tu, sempre bendita,


Enquanto uma saudade em mim crepita
E mata-me distante, ó minha terra!

Luís Pires

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