21/02/2019 SERRA DA RAIZ: “Galos, Noites e Quintais”: Texto de Júlio Miguel de Aquilo.

– Praxe Política

Praxe Política

Cultura Política e Práticas Culturais de Serra da Raiz

15 DE ABRIL DE 2018
PRAXE
POLÍTICA

SERRA DA RAIZ: “Galos, Noites e Quintais”:

Texto de Júlio Miguel de Aquilo.

Foto de Júlio Miguel de Aquino.

“Galos, Noites e Quintais”

Quando comecei a escrever no portal Expresso/PB fiquei indeciso sobre o tema do primeiro texto.
Acabei por escrever sobre a escravidão. Paralelo a isto estava escrevendo sobre a política de Serra da
Raiz-PB. Alguns anos se passaram e assim tive a oportunidade de ver mais nitidamente a minha
trajetória. Quando releio aqueles textos sinto duas coisas diferentes: vergonha e coragem. Vergonha
por que a pouca experiência me jogava para perto da ingenuidade e coragem por saber que mesmo
ingênuo e com pouco domínio de nossa gramática eu levantei a pouca que voz que tinha. Levantei a
voz contra a miséria.

Em 1979 Belchior lançou uma canção chamada ‘’Conheço meu lugar’’. Talvez tudo que fiz foi por
desconhecer o meu lugar. E sendo assim, prefiro continuar desconhecendo. Por que o lugar que me
colocaram era o do silêncio, da escuta, do conformismo, mas eu prefiro ser ridicularizado. Mais do
que isto, eu prefiro ser humilhado todos os dias a me manter em silêncio por uma só hora. Muitos
homens e mulheres não gostam daqueles que desconhecem o seu lugar. São os mesmos que se
revoltam seletivamente, que ridicularizam todos aqueles que lutam por igualdade. São aqueles que
gritam, como um mantra, que são contra a corrupção, mas silenciam quando se trata dos roubos
praticados por uma elite.

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21/02/2019 SERRA DA RAIZ: “Galos, Noites e Quintais”: Texto de Júlio Miguel de Aquilo. – Praxe Política

Os que dirigem ódio para aqueles que defendem Lula são os mesmos que se calam em ter uma
prefeita condenada pela Justiça. Por que? Porque o silêncio é filha legítima da sabedoria, mas foi
adotada pela santa hipocrisia. Estas mesmas pessoas repetem que votamos com a barriga, que somos
quase animais, burros, sem estudo, alienados, pão com mortadela. Talvez estas pessoas sejam as
mesmas que não conhecem a fome. São as mesmas que naturalizam a pobreza, que falam de mérito
pessoal, que falam de suor. Os mesmos que ridicularizam os bêbados, que falam de pobres como
falam de sujeira. Que falam dos viciados com desprezo e dos mendigos com indiferença. Os mesmos
que falam em ‘’vitimismo’’e que são contra cotas.

Então é isto a família tradicional brasileira? Conservadores de preconceitos e hipocrisias. Herdeiros

das casas grandes, construtores de senzalas. Conservadores das correntes que aprisionaram os
escravizados. Canibais da pele negra que veio da África. Gostam de lugares estabelecidos, de relações
desiguais. Sentem ânsia só em falar em igualdade social. Gostam da bandeira e do hino, mas odeiam
falar em bem comum, em privilégios, em melhorias sociais. Gostam de sobrenomes e enchem a boca
para falar em Cristo, mas despejam ódio para todos aqueles que são considerados diferentes. Em 2015
comecei pelo sonho, hoje continuo pela força.

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