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CHAPTER ONE

Too Soon Over


A jornada de Ted começou quando seu primeiro cão, Merle, estava morrendo. E ele ficava se
perguntando: “Por que os cães vivem tão pouco? O que será que acontece?”. Assim que seu primeiro
livro foi lançado, recebeu muitas perguntas dos leitores:
- Por que meu cão tem atrofia progressiva da retina?
- Por que meu cão tem Cushing?
- Por que não me falaram que meu cão desenvolveria atrite depois de ser vacinado?
- Por que meu cão morreu de câncer com 3, 4 ou 6 anos?
- Por que quatro de meus cinco Golden Retrievers morreu de câncer?

Com esta última pergunta, ele ficou mesmo se perguntando, afinal, amigos de Merle, Labradores e
Goldens, haviam morrido de câncer (e o próprio Merle, aos 14 anos, finalmente se foi devido a um
tumor cerebral (veterinários haviam dito para que ele fosse sacrificado após 24 horas tendo uma
convulsão e apenas um não o incentivou a isso, o medicou e ele viveu bem por mais um tempinho,
alegre, como se aquele episódio não tivesse acontecido).

Quanto mais cartas chegavam, menos ele podia ignorá-las. Então, começou a investigação, não apenas
por curiosidade, mas porque ele em breve teria outro cão e gostaria que ele vivesse mais que Merle, se
possível.

Com dois objetivos em mente – aprender sobre o jeito mais saudável de criar os cães e encontrar outro
cão – procurou em literatura veterinária, pessoas em abrigos, veterinários e criadores os fatores que
afetam a saúde e longevidade dos cães. Seis fatores eram os que estavam na lista de quase todos:
- inbreeding;
- nutrição;
- poluentes no ambiente;
- vacinação;
- castração;
- vasectomia ou laqueadura; e
- modo de vida nos abrigos, com cães demais em espaço de menos.
Ted acrescenta ainda um outro fator: a quantidade de liberdade que os cães desfrutam.

Com a ajuda destas pessoas que pensam fora da caixa, ele conseguiu escrever o livro com várias
informações sobre o assunto, desde vacinações em filhotes até a dieta. Este livro é sobre a evolução.

Uma coisa que não mudou enquanto ele escrevia o livro: cães são indivíduos. Mesmo que possamos
generalizar sobre sua criação e treinamento, não podemos esquecer que os cães são únicos, física e
psicologicamente, capaz de fazer suas próprias escolhas de modos complexos e personalizados, se lhes
for dada essa chance.

CHAPTER TWO

The Clocks of Danger

Ursos e lobos, apesar do mesmo ancestral em


comum, têm expectativas de vida bem diferentes. Os
lobos vivem bem menos que os ursos. Por quê? Os
ursos são grandes predadores, mas também
sobrevivem muito bem comendo raízes, frutos… sua
vida não é tão perigosa. Já os lobos, têm uma vida
mais perigosa: caçam animais bem maiores que eles,
como os alces e, para isso, precisam viver em
matilhas. Tendo uma vida mais perigosa, precisam
amadurecer e procriar mais rapidamente que os
ursos, vivendo, então, menos que eles. E, como
sabemos, cães descendem dos lobos, por isso a pouca longevidade.

Cientistas tentaram descobrir os motivos que levam a isso. Pensaram que fosse pelo tamanho: ratos
vivem menos que os lobos, que vivem menos que os ursos, que vivem menos que os elefantes, que
vivem menos que as baleias. Mas há exceções: cães pequenos vivem mais que os grandes e nós,
humanos, somos menores que muitos mamíferos e vivemos bem mais que eles.

Depois, pensaram que o tamanho do cérebro é que influenciasse (cérebros menores = menor
longevidade), o que não foi comprovado, por as tartarugas de galápagos, com seus cérebros pequenos,
são dos seres mais longevos do planeta.
Alguns biólogos sugeriram que talvez o metabolismo fosse o culpado: quanto maior o metabolismo,
menos tempo de vida. Mas isso também caiu por terra quando foi descoberta uma espécie de morcego
que pesa apenas 6 gramas e vive cerca de quarenta anos.

Para piorar, quando não falamos só de mamíferos mas de todos os outros animais, vemos que as aves
são bem mais longevas que os mamíferos, mesmo seu metabolismo sendo mais rápido. Um beija-flor e
algumas aves canoras vivem cerca de cinco anos na natureza; os albatrozes, menores que os cavalos,
vivem bem mais do que eles, vivendo cerca de cinquenta anos.

Alguns cientistas, após tentarem entender os motivos de um cão de porte pequeno viver mais que um
de porte grande (a efeitos de comparação: aos 8 anos de idade um Poodle Toy ou um Dachshund têm
10% de chance de morrer aos 10 anos; já 75% dos Berneses de dez anos já morreram e 91% dos Irish
Wolfhounds também – muito triste). Então, foi descoberto um gene, chamado IGF1 que controla o
tamanho dos cães domésticos Uma pequena mutação neste gene aconteceu nos primórdios da
domesticação dos cães e levou não apenas aos cães menores, mas também a diminuir os níveis do fator
de crescimento para insulina 1. Esta proteína (IGF-1) é produzida pelo gene IGF1 e os cães pequenos
têm uma forma mutante dele, que os cães gigantes não têm. Outra pesquisa demonstrou que o IGF-1 é
crucial para determinar a expectativa de vida de um organismo. Em espécies de ratos e cães, por
exemplo, descobriu-se que se a célula de um animal produz menos IGF-1, seu nível de insulina cai e sua
expectativa de vida aumenta. Por isso cães pequenos vivem mais que os grandes.

Existe uma outra pesquisa interessante, feita por Kelly M. Cassidy, uma bióloga do Museu dos
Vertebrados da Universidade de Washington. Ela saiu coletando informações dos kennel clubes, porque
as informações sobre a expectativa de vida encontrada nos sites não era confiável, nem mesmo as que
os veterinários lhe ofereciam, já que os donos pediam a eutanásia de seus cães, ao invés deles
morrerem naturalmente. O que ela descobriu foi o seguinte: os cães vivem MENOS do que ainda
achamos. Enquanto um Pastor Alemão, pelo site, diz que vive até 13 anos, pelo kennel ele não chega
aos 10. Só não houve muitas mudanças para os cães de porte pequeno (Lhasas viviam um ano a mais
segundo os dados do kennel e Beagles viviam os mesmo 12 anos, em todas as fontes de pesquisa).

Mas, por quê, mesmo eles sendo animais domésticos, não precisando caçar para sobreviver, tendo vidas
relativamente seguras, eles ainda assim vivem por pouco tempo? Porque eles compartilham 99,9% de
seu DNA com os lobos e eles são conhecidos por não serem animais longevos.

CHAPTER THREE

Loaner Dogs
Após a morte de Merle, Ted ficou arrasado. Muitas pessoas lhe falavam para que ele fosse ao abrigo e
adotasse logo um cão, para substituí-lo. Era como se eles não entendessem que ele não queria outro
cão: ele queria Merle. E ele não estava pronto ainda para outro cão.
Passou a se dedicar a escrever seu livro sobre Merle. Cada capítulo era sofrido: lembranças, a doença, a
morte… Um ano após a morte de seu melhor amigo, o vizinho dele comprou um Labrador amarelo, de
trabalho, com muita energia. Ted e AJ ficaram logo amigos, mas AJ não parava nunca, não tinha um
botão de “liga/desliga”. Seus donos então compraram outro cão, um Golden Retriever chamado Burley.
Este era também bem agitado, mas sabia quando era o momento de parar para ganhar um carinho (ao
contrário de AJ, que nunca deixou que Ted o acariciasse por mais de um segundo).

Os cães vinham visitá-lo com frequência, todos os dias, e passavam horas com ele, alguns dias até
pernoitavam por lá. Desapareciam por semanas quando viajavam com seus donos. Após dois anos dessa
amizade, ele decidiu que ensinaria aos dois a passar pela porta de Merle (uma portinhola). Eles logo
aprenderam.

Um belo dia, quando ele terminou de escrever o livro, estava deitado na varanda e os dois cães
chegaram. Burley logo deitou junto com ele e colocou a cabeça em seu ombro. Adorava receber
carinho. Ted então “forçou” AJ a fazer o mesmo, embora ele resistisse. Mas, quando ele finalmente se
deitou, também colocou a cabeça no ombro de Ted e ficou ali por bastante tempo, só curtindo os
carinhos.

Assim, Ted passou um ano viajando para promover seu livro. Quando finalmente terminou e voltou pra
casa, se imaginou conversando com Merle, onde ele lhe dizia que já estava na hora de ter um novo cão
e que ele jamais deixaria de estar junto com ele.

CHAPTER FOUR

Houndy Labs
Em sua busca por seu novo amigo, Ted acabou voltando
ao lugar onde encontrou Merle. Levou até a foto dele
junto. E conversou com pessoas que disseram que esse
tipo de cão era muito comum na região, era uma cruza
de Labrador com Redbone Coonhound. Ele então foi à
procura destas pessoas para pegar um filhote, mas
descobriu que todos já tinham tido filhotes e haviam
castrado seus cães.

Foi então visitar alguns abrigos, na esperança de


encontrar um cão do jeito que queria. Mas todos eles
só doavam cães castrados e, em suas pesquisas,
descobriu que os cães castrados vivem em média 1 ano a menos que os inteiros (cães europeus vivem
mais que os cães norte-americanos). Então, para ele, no momento, adotar estava fora de questão, já que
ele queria um cão que vivesse mais que Merle e com mais saúde.

A saída foi procurar algum criador, que lhe venderia um filhote inteiro, mas nenhum fazia o tipo de
acasalamento que resultou no seu tão amado Merle e que este tipo de miscigenação entre raças foi
proibida há pouco tempo e, coincidentemente, os problemas de saúde das raças começaram a aparecer
também nesta época, devido à pouca variedade de animais acasalando, diminuindo assim o pool
genético e aumentando os problemas de saúde, levando à diminuição da longevidade.

CHAPTER FIVE

Sifting the Genes


Interessante é que, nos primórdios, a miscigenação era comum para o surgimento de novas raças. Hoje,
temos centenas de raças que se adequam às mais variadas pessoas, mas devido ao grande inbreeding,
as características particulares de determinadas raças podem também ser o seu ponto fraco, transmitindo
até mesmo doenças genéticas fatais. Por exemplo: um cão pode ter câncer ou displasia. Mas um Bernese
tem muito mais chance de ter histiocitose (câncer em vários órgãos) que a maioria das outras raças; um
Pastor Alemão tem altas chances de ter displasia, enquanto em um Greyhound a chance de tê-la é
quase nula.

Dois fatores contribuem para o fenômeno das doenças em cães de raça: a pouca quantidade de cães
usados na formação das raças e a diminuição do número de machos usados na reprodução. Um
exemplo: nos Golden Retrievers, apenas 5% dos machos são reprodutores.

Em 2008 foi ao ar o Pedigree Dogs Exposed, de Jemima Harrison. O filme mostrou tantos absurdos na
criação moderna de cães que o British Kennel Club anunciou que não registraria mais cães nascidos de
acasalamentos entre parentes – pai com filha, mãe com filho, irmãos – e que também mudaria o padrão
de algumas raças com características anatômicas exageradas e que estas características seriam
penalizadas nas exposições.

Mesmo assim, o acasalamento de cães doentes continuou e continua até os dias atuais. Abaixo alguns
exemplos:

Nas fotos acima vemos Beowulf, um dos fundadores da raça Pastor Alemão, em 1899. Os pastores eram
cães funcionais e tinha coluna e quadris normais. Já o campeão da Westminster 2012, Captain Crunch,
mas consegue correr. E essa característica da coluna da raça a torna 60 vezes mais propensa a ter artrite
(a efeitos de comparação, um Labrador com a traseira normal tem 20% de chance de ter artrite).
O Pequinês também passou por mudanças incríveis. O da foto à esquerda, de 1913, sequer seria
considerado um cão da raça atualmente: mais alto, pêlos mais curtos e focinho mais longo. Jpa o
campeão da Westminster 2012, Malachy, possui uma pelagem que se arrasta no chão (resultado de
cruzamentos com Shih-Tzu na década de 50 pois queriam mudar a raça, achando que pernas longas,
focinho mais longo e pouco pêlo eram feios), não têm focinho e têm problemas respiratórios. Mesmo
assim, acham que o cão moderno é muito mais glamoroso.

Mudanças anatômicas deste nível levam os cães a terem problemas respiratórios e também super
aquecimento: os cães precisam de focinhos mais longos para conseguirem refrigerar o corpo com mais
eficácia: não raro cães braquicéfalos morrem de hipertermia e também quando transportados em aviões.
O Pequinês da foto, após se apresentar nas exposições, precisa ser colocado em uma cama gelada, além
de não ter fôlego para correr enquanto se apresenta.

A braquicefalia não é o único mal que fizemos aos cães. Na metade do século XX, raças como Chow
Chow, Setter Inglês, Springer Spaniel Inglês, Labradores e Goldens eram cães funcionais, que corriam,
pulavam, caçavam e puxavam carrinhos. Agora, foram transformados em pequenos tanques peludos e
não conseguem mais realizar sua função antiga.

Uma criadora de Chow Chow se rebelou contra a modernização da raça e tenta restaurar a saúde dela
através de acasalamentos : Kathy Beliew, da Califórnia. Ela diz: “Veja os padrões antigos das raças. Os
Hounds praticamente não tiveram mudanças desde os anos 1800. Por quê? Porque eles ainda têm uma
função. Mas, na maioria dos cães não-esportistas e de companhia, a função não importa mais.”.

Um geneticista austríaco, Dr. Hellmuth Wachtel, acredita que todas as raças, inclusive as toys, deveriam
passar por um teste de vitalidade, que incluiria correr, nadar e puxar pesos compatíveis, eliminando
problemas fisiológicos e só cães que passassem neste teste poderiam participar de exposições e procriar.
“Só porque o cão é de uma raça toy, não quer dizer que ele não possa ser ativo”, diz ele, e mostra uma
foto de um Poodle toy andando ao lado da bicicleta com ele, escalando montanhas e nadando em rios.
Uma prova disso são os Pugs. Antigamente eram cães compactos, musculosos, atléticos e que
conseguiam respirar enquanto corriam. Possuíam focinho curto, mas funcional. Os Pugs atuais não têm
mais focinho. Mesmo assim, os padrões mencionam em poucas palavras que ele tem problemas para
respirar. A maioria diz que são cães alegres, ativos e que vivem facilmente 15 ou 16 anos quando, na
verdade, eles mal conseguem correr ou caminhar e vivem perto de 11 anos, sem muita qualidade de
vida.

Na contramão, criadores de raças maiores procuram aumentar a longevidade e saúde de seus cães:
estão pesquisando os genes causadores de osteosarcoma e linfoma e, uma vez que sejam identificados,
retirariam da reprodução os cães portadores deles. Mas, em 2012, não há provas de que estes estudos
ajudaram a aumentar a longevidade dos cães: estudos de 1990 mostram que os Berneses vivem cerca
de 7 a 8 anos e, quando o clube repetiu as pesquisas em 2000 e em 2005, esses números não
mudaram.

Os comitês recomendam que não se acasalem cães portadores de doenças, que se façam exames e
tudo o mais, mas os criadores não são obrigados a isso e seguem produzindo cães doentes.

Por quê seguem fazendo isso? Uma mistura de vaidade para ganhar exposições e gostar mais da
aparência que da saúde do cão. Aí explica como uma raça pode se deteriorar por conta de uma
característica desejada na raça que pode vir atrelada a uma doença fatal como o câncer. E que isso
acontece devido à pouca variabilidade genética e aos mesmos padreadores sendo usados na reprodução
com várias fêmeas. E foi exatamente isso que aconteceu com a raça Golden Retriever.

Interessante que ele menciona o United Kennel Club, dos EUA (UKC), uma entidade que registra cães
funcionais e, inclusive, cães mestiços visando o bem-estar de uma raça em geral. Inclusive conversou
com uma criadora de uma raça nova, chamada Silken Windhound, criada a partir do cruzamento de
whippets com borzóis visando uma raça mais saudável e longeva. E contou sobre o The Kennel Club
(TKC) que entrou na onda “saudável” e começou a desclassificar cães melhores da raça que não
passavam em testes de saúde: foram desclassificados Pequineses, Buldogues… são seis raças que estão
na mira, ao menos até 2012 eram seis raças. O AKC ficou muito bravo com esta decisão e escreveu uma
carta dizendo que NUNCA faria algo assim e que a palavra do juíz era a última. Tanto que o Pequinês
que foi punido na Crufts foi vencedor na Westminster. Curiosamente, o AKC perdeu 40% de registros
desde a mudança no TKC e o UKC, visando o bem-estar, a saúde e a funcionalidade das raças, viu os
registros aumentarem em 10%.

CHAPTER SIX

On a Farm in Minnesota
Aqui começa a jornada em busca de seu próximo
filhote. Visitou uma criadora de Labradores cujos cães
tinham uma expectativa de vida média 3 anos maior
que a maioria: 15 anos. Descobriu que alguns de seus
cães viviam além dos 18 anos, com saúde. E ela lhe
explicou que isso era possível pois eles comiam
alimentação crua e não eram vacinados com frequência.
Então ele lhe explicou que só não compraria um filhote
dela por não serem de linhagem de trabalho, não serem parecidos com o Merle. Então, ela lhe indicou
um criador em Minnesota, que criava cães do jeito que ele queria e, também, com muita saúde e
longevos.

Chegando lá, ele conheceu alguns de seus cães, um deles com 14 anos e com muita saúde. A fêmea
estava com filhotes. Todos muito amigáveis e comportados. O criador fazia testes para doenças,
socializava todos os filhotes, os educava e todos seus cães se alimentam de NutriSource (acredito ser
um alimento livre de grãos).

Infelizmente, ele não poderia ter um filhote naquele momento, pois fora chamado pelo seu editor para
mais um tour devido ao livro “Merle's Door”. O criador então lhe ofereceu a seguinte proposta: dentro
de seis meses ele acasalaria o irmão da fêmea que estava com filhotes com a fêmea de outro criador,
também de linhagem de trabalho. E, no próximo ano, esta fêmea também seria acasalada novamente
com o mesmo pai destes filhotes.

Ted e Doug, o criador, ficaram amigos. Mesmo assim, Ted achou que seria muito tempo… mas era
preciso esperar, afinal, ele esperou 1 ano e meio para ter Merle. Então, decidiu conhecer o macho pai
dos filhotes de Abby. Um lindo macho, campeão de trabalho, mas ligado nos 220v, diferentemente dos
cães de Doug, mais calmos. Este criador assegurou que ele era um cão calmo dentro de casa, mas
também excelente atleta.

De volta para casa, Ted soube exatamente quem seria seu próximo filhote.

CHAPTER SEVEN

Duration of Immunity
Quando Merle era vivo, Ted o levava todo ano ao veterinário. Merle era examinado e tomava uma (ou
mais) vacinas. Ted nunca pensou muito sobre isso mas, alguns anos antes dele morrer, foi pesquisar e
percebeu que os cães tomavam vacinas demais depois de adulto e queria saber se realmente eram
necessárias. Não eram. Parou de vacinar Merle quando este tinha 12 anos.

Além disso, viu a quantidade de vacinas desnecessárias dadas


aos cães, como a tosse dos canis e a doença de Lyme (aqui
no Brasil, uma delas é a giárdia). Também fala sobre a vacina
da leptospirose, que é raríssima no lugar onde ele mora, por
ser muito frio e, mesmo assim, era dada anualmente.

Conversando com veterinários favoráveis a uma diminuição


drástica na vacinação, descobriu que muitas doenças de pele
e ouvido são associadas à vacinose. E que muitos casos de reação à vacina sequer são reportados,
porque os veterinários não acreditam que uma doença que surja dias ou semanas após a vacinação seja
causada por ela.

Entre seus entrevistados, estão Ronald Schultz e Jean Dodds. O primeiro diz que se os cães receberem
uma única dose de vacina contra parvovirose, cinomose, adenovirose e hepatite entre 16 e 18 semanas
de vida, estará imunizado pelo resto de sua vida. E ele fazia isso em seus cães: uma única dose com esta
idade e, após um tempo, titulava-os. Nunca precisou revacinar nenhum deles.

Ambos agora trabalham para aumentar o tempo entre uma vacina e outra contra a raiva, que é de 3
anos nos EUA, querem aumentar para 7 anos. Ambos concordam que é uma das vacinas mais perigosas
para os cães e gatos (os gatos a recebem na pata traseira, pois o risco deles terem câncer decorrente da
vacina é alto e, assim, a solução seria amputar a pata).

Jean Dodds ressalta ainda que há raças predispostas a ter reações alérgicas graves à vacina contra raiva:
American Eskimo, Samoieda, Maltês, Poodle branco e abricó, Akita, Weimaraner, Old English Sheepdog,
Kuvasz, Cão dos Pirineus e outras raças brancas ou com branco predominante. Por isso, ela aconselha a
titulação trienal, ao invés da vacinação.

Fala também da vermifugação e aplicação de venenos anti-parasitários, que compromete a saúde dos
cães e pode causar graves consequências também, especialmente no fígado. As pessoas vermifugam e
desparasitam em excesso!
* * *
De volta aos filhotes, o criador lhe telefonou e disse que foi descoberto um gene que afeta Labradores
e Chesapeake Bay Retrievers, e também Pointers, Spaniels e Corgis que causa o colapso induzido por
exercício. Basicamente, após cinco minutos de exercício intenso, as patas de trás do cão param de
responder e ele simplesmente cai. A maioria dos cães se recupera em 20 minutos, todos ficam
conscientes, mas alguns acabam morrendo: quando o exercício em questão é nadar. Doug então lhe
disse que sua fêmea tinha o gene recessivo, assim como o macho que foi o pai dos filhotes na ninhada
anterior, e um dos filhotes desenvolveu o problema. Doug não os tirou da reprodução, apenas os
acasala com não portadores.
Mesmo assim, Ted quer um filhote de outro casal, pois não havia gostado muito do padreador que ele
usava com Abby. Infelizmente, a fêmea Lizzie não aceitou o macho Casey. Ted ficou desolado: era deles
que ele queria um filhote. Mas Doug, um tempo depois, lhe disse que Abby seria acasalada com outro
cão, chamado Taylor, não portador. Ted então viajou para conhecer Taylor e gostou muito do que viu.
Estava decidido: Abby e Taylor seriam os pais de seu futuro filhote. Só restava esperar.

CHAPTER EIGHT

At Our Start
Nascem os filhotes. Ted vai visitá-los logo que nascem e
se apaixona por um macho em especial, mais escuro
que todos os outros, mais parecido com o seu tão
amado Merle. Pede para Doug não vaciná-lo, ao que
parece que ele concorda (Ted quer seguir a
recomendação de Schultz, de vacinar apenas uma vez
com 16 a 18 semanas e depois titular).

Quando os filhotes estão com 49 dias, Ted volta lá


porque quer testar seu temperamento (o famoso teste de Volhard). Doug o observa, principalmente
porque Ted se decepciona com os resultados do filhote escolhido. Então, lhe diz que estes testes não
querem dizer nada, que se ele os refizer após o almoço, o resultado vai ser completamente diferente.
Ted fica meio encucado, afinal, quem fez o teste era uma especialista em comportamento, mas resolve
seguir a dica de Doug. Surpreso, percebeu que realmente, o teste não quer dizer absolutamente nada.

Leva para casa o filhote escolhido e o acha incrível, por ser extremamente esperto. Usou o crate para
ensiná-lo a pedir para fazer xixi no meio da noite, faz xixi e cocô no lugar certinho. Está encantado com
seu novo melhor amigo.

Começa, então, a jornada de Pukka com Ted, em seu novo lar.

CHAPTER NINE

Outward Bound
Ted começou o trabalho de educação e socialização de
Pukka assim que o levou para casa. Merle passou por
maus bocados enquanto vivia no deserto, e ele queria
que Pukka tivesse confiança ao passar pela socialização
ao lado de Ted.

Lhe ensinou a usar o banheiro, dizia-lhe o nome das


coisas, o socializou com outros cães. E pensou que tudo
tinha ido por água abaixo quando A..J o mordeu. Por um
tempo, realmente, Pukka ficou receoso com outros cães
(foi mordido bem na fase do medo) mas, com a confiança que Ted sempre lhe transmitia, perdeu o
medo e até brincou com A.J, mesmo este último não gostando muito do filhote.

CHAPTER TEN

Building the Dikes


Neste capítulo Ted fala sobre os contaminantes do ambiente que
contribuem para a diminuição da longevidade dos cães.

Como exemplo, ele cita que, quem oferece ração seca aos cães, corre o
risco de seu cão comer junto o veneno Roundup (da Monsanto), entre
outros que pulverizam nas plantações; bisfenol A do plástico, além de
poluentes da água, se é oferecida água da torneira. Isso aumentou
casos de cânceres, de mudanças comportamentais (ele cita inclusive
medos e ansiedade de separação) e também de modificações epigenéticas, levando os animais a ficarem
mais gordos e a terem problemas hormonais.

Mas os perigos não param por aí: produtos de limpeza para a casa, produtos para lavar a roupa, a louça,
mata-mato, pulverizar gramas, ceras, loções corporais, shampoos usados nos próprios cães, produtos
químicos (e tóxicos) usados na fabricação de brinquedos para cães, tapetes, carpetes, móveis… em tudo
tem compostos químicos nocivos não só à nossa saúde, mas principalmente a dos cães e, incrivelmente,
a das crianças.

O que ele faz para amenizar isso é pedir para os vizinhos dele não pulverizarem a sua parte da grama;
usar produtos orgânicos e naturais; ligar para o SAC das empresas e perguntar se há algo tóxico
(algumas empresas dizem que não podem falar porque é propriedade da empresa) ou procurar na
internet informações sobre determinado produto; usar purificador de água; oferecer uma alimentação
mais natural aos cães (inclusive, oferecer ossos naturais crus para eles roerem, pois os brinquedos para
roer podem conter tóxicos e hoje os animais passam muito tempo roendo coisas, já que passam muito
tempo sozinhos).

CHAPTER ELEVEN

In the Time of the Big Light


Aqui ele relata o primeiro verão de Pukka e de como ele aprendia
rapidamente comandos de obediência, inclusive o “deixa”, que salvou sua vida
um dia, após uma chuva forte, quando eles estavam voltando para casa e
Pukka viu duas lontras e quis brincar com elas, no rio. Depois, mais três
apareceram. Pukka foi até o rio e chegou a entrar, as águas revoltas depois
da chuva. Ted gritou “Leave it” e Pukka saiu do rio, deixando as amigas
lontras para trás (e ganhando a vida).

Pukka aprendeu muitas coisas neste verão: rafting, andaram em canoas, a não
importunar vacas e galinhas e a dançar com Ted. E, mesmo ele andando solto, sem guia, ele não fugia.
“Por que ele fugiria? O alimento três vezes ao dia, ele dorme no meu quarto, deita debaixo da minha
escrivaninha enquanto eu trabalho, vamos a praticamente todos os lugares juntos. Por que ele fugiria?”

Uma coisa que Ted percebeu de diferente entre Pukka e os outros cães da vizinhança, que o visitavam
regularmente, é que Pukka parecia se cansar menos e precisar de menos água. Ele atribui isso à dieta de
Pukka, rica em água (por ser crua) e biologicamente apropriada, enquanto os outros cães comiam ração
(só comiam carne na casa de Ted mesmo).

CHAPTER TWELVE

Carnivore to Monovore
Ted diz que seu cão anterior, Merle, comia
carne de animais selvagens (caribu, antílope,
tetraz, pato, ganso e faisão) de vez em
quando, mas a maior parte de sua dieta
consistia de ração comercial. Eram poucas
pessoas que o criticavam por dar aquele lixo
(ração) para ele, já que a maioria acha que as
rações são a melhor coisa que se poderia dar
para alimentar seu fiel amigo.

Diz que, desde então, começou a pesquisar sobre isso e que, na época de Merle, não havia tanta
variedade de rações comerciais (inclusive hoje há a opção de se comprar alimento pronto cru para eles)
como hoje. Na época, uma das melhores era a Science Diet, que Merle comia. Além de Ted aceitar a
comida prescrita pelo veterinário, aceitou também a vacinação anual. Com esses “cuidados” todos, Merle
vivia se coçando e cheio de alergias.

Voltando ao veterinário, ele mudou a ração para Eukanuba de arroz e carneiro, na qual o milho não era
mais presente como primeiro ingrediente, mas como terceiro na lista. Merle se coçava bem menos, mas
ainda assim, se coçava. E, quando ele comia qualquer coisa que encontrasse, não tinha nenhum destes
problemas. E isso fez Ted pensar…

Depois, enquanto procurava seu novo cão, Ted passou a estudar mais sobre a melhor dieta, entrevistou
veterinários, tudo isso por uns dois anos, para decidir o que seu novo cão deveria comer. Nesta
empreitada, encontrou veterinários que defendiam com todas as forças a ração como o melhor para um
cão, enquanto outros defendiam com todas as forças que o melhor era dar alimentos crus e
biologicamente apropriados para a espécie, ou seja, carnes, vísceras e ossos carnudos crus, além de
vegetais.

Querendo ter uma base científica sobre o assunto, ficou a ver navios: não havia praticamente nada sobre
o assunto. Ou seja, não havia nenhum estudo comparando cães que comiam ração com cães que se
alimentavam de uma dieta mais apropriada biologicamente e qual deles vivia mais e com mais saúde.

O que ele fez foi pesquisar qual era o alimento que eles comiam na época da domesticação e ter como
base o que os nutricionistas humanos dizem: para termos saúde, devemos comer alimentos integrais e
minimamente processados. Por que seria diferente com os cães? Na época da domesticação, os cães
não comiam grãos, afinal a agricultura nem havia sido inventada: os grãos nem existiam.

Analisando também o DNA de lobos e cães, a diferença é mínima: 0,1%. Daí a pergunta: um cão deveria
comer como um lobo, afinal? Se sim, devemos aprender como e o quê eles comem. Para isso, ele
entrevistou Douglas Smith, chefe do Wolf Project de Yellowstone, que disse que “lobos se alimentam de
órgãos internos primeiro – fígado, coração, pulmões e rins – assim como o cérebro, que é uma iguaria
para eles, quando conseguem abrir o crânio de suas presas. Filhotes de veados e caribus eles comem
inteiros, incluindo todos os ossos, não sobrando nada”. Além disso “se alimentam de qualquer pequeno
mamífero ou ave quando surge a oportunidade”. Coiotes e raposas comem frutas, às vezes em grande
quantidade, mas lobos raramente as consomem. Douglas nunca viu os lobos comerem o conteúdo
estomacal de suas presas (os vegetais). Mas eles comem, sim, alguma matéria vegetal, principalmente
grama, e isso faz parte de apenas 2% de sua dieta.

Além disso, não são animais frescos para comer. “Podem comer animais em decomposição, também”. O
lobo é um animal 98% carnívoro.

Depois fala um pouco da história da domesticação e do que os cães comiam: restos de carnes e
vegetais, além de pequenas presas que eles caçavam: roedores, cobras, aves etc.

Infelizmente, com a modernidade, carnes, vegetais passaram a ser processados e também foram
adicionados os grãos (maior parte da composição das rações comerciais). Surgiu assim a ração seca
comercial.

As empresas que fazem as rações não usam carnes de qualidade boa, e sim carnes impróprias para
consumo, além de os grãos e vegetais também usados na fabricação das mesmas serem considerados
impróprios para consumo. Então, ele adicionam aromatizantes, palatabilizantes e outras coisas para
tornar a coisa toda um pouco mais aceitável pelos cães.

Fizeram até um experimento com filhotes de cães, onde 1/3 comia apenas uma mistura de soja; outro
terço comia frutas e vegetais com vitaminas adicionadas e o outro terço comia carnes, vegetais, queijo,
peixes etc. O primeiro grupo não considerava mais nada alimento, a não ser a mistura de soja, e poderia
morrer de fome, mas não colocaria outra coisa na boca. E assim descobriu-se que um carnívoro pode se
tornar um “monívoro”.

Será que um cão pode ser saudável comendo uma ração cheia de grãos? Ted foi então procurar um
veterinário que não estava ligado às grandes empresas de ração.
CHAPTER THIRTEEN

Should a Wolf Eat Corn?


Este veterinário é Dr. Joseph Bartges, que diz
que cães não precisam de carboidratos quando
eles consomem quantidade suficiente de
proteínas. Mas disse que eles conseguem
digerir grãos. Ted então perguntou “o que é o
melhor para eles, então?”.

Ao invés de lhe responder, ele lhe contou uma


história, de que quando era pequeno, o pai
dele comprava o que conseguia para dar de
comer aos cães: ração seca e, ocasionalmente,
ovos e um pouco de carne. O Collie deles viveu até 21 anos, o Dachshund até 19 e o Elkhund até 18.
Teve um gato que viveu 21 anos e sempre comeu ração. E seus animais não morreram de diabetes,
insuficiência renal ou problemas na tireoide. Morreram de linfoma. E se perguntou: se tivéssemos dado
uma dieta crua, será que teriam vivido tanto?

E rematou: “não falo para as pessoas o que elas devem dar. O que digo é, se for dar uma dieta em
particular, que há prós e contras nela, ofereço todas as informações necessárias. Mas faço um alimento
cru balanceado e, comparado com os alimentos tradicionais, a alimentação crua é melhor sim”. Por
alimentos tradicionais, ele quer dizer ração.

Ele diz também que precisamos observar como estão nossos cães: pelagem, comportamento, se têm
cheiro forte, como estão suas fezes… Tudo isso são indicativos de se a comida que eles comem está lhes
fazendo bem. Ted pergunta então se um cão pode aparentemente estar bem, mas estar na verdade
doente. Joseph responde que sim, que já viu pacientes que por fora estavam ótimos, mas tinham um
terrível tumor intestinal. E que por isso os exames são necessários, pois aí ele consegue equilibrar
melhor a dieta para o caso específico.

Daí Ted faz uma pergunta interessante: “Você está dizendo que o legal é dar alimentos variados (até
mesmo marcas de ração diferentes), que os cães se dão bem com carboidratos e também se dão bem
com alimentação crua. Parece que não há nenhuma evidência científica de qual dieta é a melhor para
dar mais saúde e longevidade, não é??”. E a resposta: “Me dê um milhão de dólares e vinte anos e eu te
darei uma resposta”. O que ele quis dizer é que falta pesquisa nesta área, para comparar os dois grupos
de cães. Apesar de toda a evidência clínica, só podemos fazer suposições sobre o que é o melhor para
nossos cães comerem.

A única coisa que se há evidências é que, quando o cão é mantido com uma dieta mais restrita, ou seja,
ele se mantém mais magro, ele vive mais. Fizeram um teste, com Labradores. Metade da ninhada recebia
100% do recomendado; a outra metade recebia 75% do recomendado. O segundo grupo viveu pouco
mais de 13 anos, enquanto o primeiro grupo viveu 11 anos.

Em suas pesquisas, Ted descobriu que alguns pesquisadores não eram fãs da ração por possuírem
muitos carboidratos, que levam os cães à obesidade e diabetes. Então, foi conversar com o Ian
Billinghurst, que diz que os cães devem SIM comer ossos carnudos crus, carnes e vegetais. Estes
alimentos não começam um processo inflamatório nos cães. Ele explica que os vegetais fornecem
antioxidantes e fitoquímicos, que protegem contra o câncer.

Alimentar os cães com menos, ou nenhum, carboidrato, oferendo ossos carnudos crus, carnes e vísceras
cruas e vegetais, têm ao menos outros dois benefícios: diminui a biodisponibilidade de fator de
crescimento insulina 1, que está associada com a longevidade; melhora a físico dos cães, não apenas o
exterior, mas internamente também: maior qualidade no sangue é uma delas.

As empresas de ração, então, de olho nestas informações, passaram a fazer rações sem grãos ou
substituindo-os por alimentos diferentes, como a batata-doce. Mesmo assim, o ideal é ler os
ingredientes delas, se você optar por dá-las ao seu cão. Algumas têm como conservantes BHA, BHT, que
são reconhecidamente cancerígenos!

Outro problema das rações com grãos são os transgênicos, que ainda não se sabe qual seu potencial
destrutivo no corpo (além de sua cultura ser responsável pela morte de milhões de insetos
polinizadores).

No fim do capítulo ele descreve como é que se faz a ração seca, pois visitou algumas fábricas. É de
revirar o estômago, pois até carcaças de animais eutanasiados, atropelados e animais e vegetais em
decomposição eles colocam como matéria-prima. Nem vou descrever aqui, é muito nojento.

Outro ponto interessante no capítulo foi que fizeram um estudo com indígenas, para mostrar o que
acontece quando um grupo que come uma dieta apropriada e é saudável (caso dos indígenas) começa
a comer uma alimentação moderna. Em algumas décadas os indígenas passaram a sofrer de doenças
crônicas, as mesmas doenças pelas quais seus colonizadores sofriam: diabetes, pressão alta, doenças
cardíacas e câncer. O mesmo vem sendo observado nos cães: eles não comem mais sua dieta ancestral
e milhões deles estão morrendo de câncer. Aí está a relação entre uma dieta rica em grãos e
carboidratos (rações comerciais) e câncer.

CHAPTER FOURTEEN

Real Food, Many Forms


Ted passou dois anos nesta pesquisa e resolver dar a Pukka uma dieta mais natural: carne de caça, ossos
e vegetais, juntamente com uma dieta crua comercial, congelada e desidratada, desde o dia da sua
chegada.

A comida congelada dele consiste em frango, carneiro, pato, veado, peru e sardinhas. Um dos
momentos mais felizes é a chegada da comida dele: Pukka fica alucinado!

Fala um pouco do tédio que deve ser comer


sempre a mesma comida todos os dias: ração. E
que os cães, assim como nós, não precisam
comer tudo todos os dias para se manter
saudáveis, mas precisam de uma variedade de
alimentos durante a vida. Fala da importância
de se oferecer alimentos orgânicos sempre que
possível também.

Outra coisa que ele fala é o medo que as


pessoas têm de dar carnes cruas devido à
salmonella e explica que o aparelho digestido dos cães é tão ácido que eles matam a bactéria, não
ficam doentes quando se alimentam com alimentos de verdade. Já cães que comem ração ficam com a
saúde mais debilitada e sofrem mais de infecções bacterianas.

Fala também dos nutrientes que devem ser dados aos cães, como ômega 3, vitamina D etc, mas sempre
na forma de alimentos, não na forma de comprimidos.

CHAPTER FIFTEEN

Whom Shall We Eat?


Ted resolve fazer com Pukka o que os pais lobo
fazem com seus filhotes: levá-los para conhecer os
animais e o lugar onde vivem. Foi mostrando a
Pukka como fazer os tetrazes levantarem vôo,
mostrou os caribus, veados…

No meio do caminho viu como Pukka parecia feliz


ao ver a paisagem e isso o levou a pensar que os
animais, todos eles, parecem gostar de viver,
sentem tristeza quando um deles morre… e
começou a pensar se seria justo ele tirar a vida
deles para se alimentar.

E comenta que, por três anos, ele foi vegetariano. Mas disse que, fisiologicamente, não estava lhe
fazendo bem e ele decidiu voltar a comer carne, mas de um jeito que não agredisse tanto o planeta e
nem tanto os animais: não come carne de boi/vaca que são criados confinados e nem que se alimentam
de grãos; prefere caçar sua própria comida e, se não está na época de caça, ele prefere comer animais
criados de forma free-range, de criadores locais, além de vegetais orgânicos. O mesmo ele faz com
Pukka.
Diz que não quer, com isso, dizer que ninguém deve ser vegetariano: que devemos seguir nossas
crenças quanto a isso. E pensou: o que dizer dos cães vegetarianos? Então, conversou com Ian
Billinghurst que, mesmo não promovendo o vegetarianismo em cães, diz que eles podem se dar bem
com uma dieta assim, mas que deve ser muito bem feita por um veterinário nutrólogo. Mas diz que um
cão que rói ossos e passa um bom tempo nessa tarefa é mais satisfeito emocionalmente e seu sistema
imunológico é positivamente estimulado do que um cão que come uma dieta vegetariana.

Já Karen Becker, vegetariana, não recomenda nunca uma dieta vegetariana para cães, dizendo que assim
eles ficarão mal nutridos. E para seus clientes vegetarianos que não ficam satisfeitos com a natureza
carnívora de seus cães e gatos, ela é taxativa: “Se você realmente quer um animal de estimação
vegetariano, deveria ter um coelho”.

CHAPTER SIXTEEN

The Worst Word in the World


Um capítulo sobre o câncer. Ele fala que entre os
veterinários há muita controvérsia. Alguns falam
que nas décadas de 70 e 80 não se ouvia falar
tanto desta doença: só os cães muito velhos eram
acometidos por ela. Hoje, até mesmo filhotes de
três meses já tem câncer, e muitos chegam a
morrer dentro de dois ou três meses, tamanha a
agressividade da doença. Fora que os casos
aumentaram de 10% para 50% de cães que
morrem de câncer no mundo. E eles apontam os principais culpados nisso tudo: acasalamentos
consanguíneos, vacinação excessiva, alimentação pobre (rações) e a vida em ambientes modernos
(tóxicos).

Entretanto, há outros veterinários que não acreditam nisso, dizendo que isso acontece porque os cães
estão vivendo mais (mas não explicam porque cães mais jovens, filhotes, têm a doença) e uma outra
veterinária disse que as mortes por câncer sempre existiram mas que, nas décadas de 70 e 80 os
veterinários sequer tentavam o que se tenta hoje, porque os donos não estavam dispostos a arcar com
os custos altos. Então, nem diziam que tinha morrido de câncer, apenas eutanasiavam e boa.

Falou também sobre os tratamentos, inclusive criocirurgia. E um dos veterinários mais procurados para o
tratamento foi enfático ao dizer que as palavras que mais matam os cães, quando os donos os levam ao
veterinário, é: “vamos esperar pra ver”. Ele diz que, se viu algo estranho, já faz biópsia, procura outro
veterinário, que seja. Se for detectado no começo, as chances são bem maiores. Ilustrou o caso de uma
boxer que o vet não quis fazer biópsia. A dona aceitou. Quando ficou feia a coisa, a única opção seria a
amputação, coisa que este vet famosão odeia fazer… E fala que a quimio não resolve, não cura, apenas
coloca o tumor em remissão. Ele trabalha com nutracêutica para a cura também, além da criorirugia, e
mudança de hábitos.

Ted tentou procurar, mas os dados veterinários são muito ruins neste aspecto também: não há
informações.

Alguns veterinários ligaram os carboidratos com a incidência e o insucesso nos tratamentos de câncer,
então passam seus pacientes para uma dieta rica em gordura e pobre em carboidratos, matando de
fome as células cancerosas. Outros não acreditam nisso.

Um caso de um Golden Retriever de 13 anos é citado como exemplo de que não se deve desistir (o
veterinário habitual queria sacrificá-lo quando descobriu um câncer ósseo, os donos recusaram e
procuraram tratamento). Ele viveu mais dois anos, sem câncer, passou a comer uma alimentação crua
sem carboidratos.

Uma coisa que Ted percebeu é que tanto cães quanto crianças estão, aparentemente, mais suscetíveis a
terem câncer e o motivo é: tanto cães quanto crianças recebem uma dose maior de contaminantes do
ambiente por unidade de peso corporal do que os adultos.

CHAPTER SEVENTEEN

Dog Speed
Ted fala sobre certos aspectos do treino
de obediência. Diz que sempre educou
Pukka com reforço positivo, sem punição,
até sua adolescência, quando Pukka
parou de obedecê-lo. E, como ele vive
em um lugar onde a vida selvagem é
abundante (e onde um cão que não
obedece ao chamado do dono corre
sérios riscos de ser morto por um animal
ou um fazendeiro irado), não podia
arriscar. Comentou que muitos donos
acabam mantendo seus cães presos, mas não era o que ele queria para Pukka. Comprou então um
apito, uma easy walk e passou a treiná-lo em casa, de novo. Obteve bons resultados, mas não quando
Pukka via um veado: não importava a distância, ele sempre corria atrás dos veados, e isso deixava Ted
muito preocupado.

Foi quando ele resolveu adquirir uma e-collar para ensiná-lo a se manter distante dos veados. Na
primeira semana, apenas o deixou com a coleira. Depois que a usou. Antes, usou nele mesmo para ver
qual a intensidade que poderia usar sem machucar Pukka. Usou pouco mais de 10 vezes a coleira e
Pukka aprendeu a lição. Diz que acha que deve haver um equilíbrio entre os métodos, e usá-los sem
machucar o cão, como alguns fazem. Além de achar muito mais saudável para um cão poder desfrutar
de momentos de liberdade, tendo aprendido seus limites com uma e-collar, do que um cão que não
conseguiu aprender pelos métodos positivos e deve ficar sempre preso.

Agora, alguns dados interessantes sobre o fato da liberdade também ser um fator que contribui para a
longevidade dos seres vivos, inclusive dos humanos, que Ted descobriu.

Uma das coisas é sobre cães que só passeiam com coleira e guia. Muitas vezes cães na guia reagem de
uma forma totalmente diferente do que quando soltos. E, se não lhes é dada a oportunidade de ficar
sem guia, o comportamento reativo tende a piorar muito.

Uma Universidade de Budapeste descobriu que cães que dependem sempre dos humanos, não tomam
decisões por si mesmos, são piores para resolver problemas do que cães que têm mais independência.
Animais que se exercitam são mais inteligentes que aqueles que apenas brincam, por exemplo.

Biólogos, sociólogos e antropólogos dizem que a incapacidade de tomar as próprias decisões – seja um
humano, uma zebra, um babuíno ou um lobo – pode levar a um aumento na incidência de doenças e
envelhecimento precoce. Autonomia e saúde andam de mãos dadas: quanto menor seu status no grupo,
seja hierárquico ou socioeconômico, mais estresse você tem, devido ao acúmulo dos hormônios do
estresse, como adrenalina e glucocorticoides. Seus efeitos (a resposta lutar ou fugir) podem diminuir a
expectativa de vida, além de comprometer o sistema endócrino e imunológico.

Como a maioria de nós vive em cidades, fica difícil dar liberdade aos cães, então eles estão sempre
sendo controlados por nós, o que poderia deixá-los estressados. Pesquisadores já descobriram que,
quando tratados de forma injusta (dois cães fazem o mesmo comportamento, mas apenas um é
recompensado), os cães ficam estressados.

Outro estudo muito interessante foi feito com lobos. Lobos em cativeiro, os indivíduos subordinados –
aqueles onde as ações são constantemente restringidas pelos membros dominantes da matilha – tinham
níveis mais elevados dos hormônios do estresse do que os lobos alfa. O interessante é que, na natureza,
os resultados não foram estes. Os lobos com maior nível de hormônios de estresse eram os líderes: aos
lobos jovens era dada liberdade para explorar o ambiente, escolher o que caçar, onde caçar e como
caçar. Isso porque, no futuro, eles sairiam da matilha e formariam a sua própria, e precisariam ter essa
autonomia. Os líderes tinham um nível mais elevado dos hormônios do estresse porque tinham que
cuidar dos filhotes e defender o território e seus membros de outros lobos.

Este é um ponto importante para nós que queremos dar uma vida mais longa e de qualidade para
nossos cães: se um cão é sempre mantido na guia, não pode explorar e tomar suas próprias decisões,
seu nível de estresse pode ser maior que aqueles cães que passam mais tempo sem guia, tendo mais
oportunidades de fazer exercícios aeróbicos e desenvolver autonomia. Isso é especialmente verdade para
aqueles cães cujos humanos sempre dizem o que devem fazer. Podem ser como os lobos subordinados
do zoológico: estressados, infelizes, incapazes de tomar decisões.
CHAPTER EIGHTEEN

The Bad Good Death


Abrigos… a dura realidade deles. Por que tantos animais
morrem tão cedo? O motivo é que eles são abandonados e
acabam sendo sacrificados nos abrigos. Mas, por que estes
animais vão parar lá? Há duas razões principais. Primeiro, as
pessoas se mudam e não querem (ou não podem) levar seus
cães. Segundo, as pessoas não tem ideia do que levam para
casa quando compram um filhote fofinho, não entendem que
ele precisa de educação e cuidados. Neste caso o abandono
de filhotes e de animais jovens de raças ativas – como
pastores, boiadeiros e retrievers –, além de pit bulls e raças
semelhantes, é maior. Antigamente, filhotes e cães ativos
tinham um enorme quintal e podiam até dar suas voltas pela
vizinhança sem correr sérios riscos. Hoje, com as pessoas
morando em locais cada vez menores, os filhotes acabam
sujando toda a casa e os cães ativos, entendiados, começam a destruir tudo. O resultado é que seus
donos decidem deixá-los em um abrigo por não darem conta desse comportamento.

E, claro, nas épocas de férias e fim de ano, o número de animais abandonados aumenta de forma
absurda: e muitos abrigos não dão conta do alto número deles. Como não podem manter todos
(entram mais animais do que estes são adotados), alguns acabam sendo sacrificados.

Fala também da história dos abrigos nos EUA e de como os cães eram mortos (por afogamento) até
chegar à morte por eutanásia. E de como estão tentando transformar os abrigos em “no-kill shelters” e
a dificuldade de fazê-lo.

CHAPTER NINETEEN

Shelters to Sanctuaries
Neste capítulo ele segue falando das dificuldades de os
abrigos se tornarem “no-kill”. Algumas das dificuldades
são a pouca renda per-capita das cidades e também os
próprios diretores: alguns deles acham que a melhor
forma de acabar com a superpopulação é sacrificando o
excesso de cães. Os abrigos que conseguiram se
transformar em “no-kill” obtiveram sucesso ao demitir
diretores e funcionários antigos (alguns até boicotavam
as novas diretrizes); fazer feiras; abrir os abrigos do meio
dia à noite e aos fins de semana, quando as pessoas
podem ir visitar; fazer sites com fotos dos animais
felizes; investir em adestradores e também em lares temporários.
Outra coisa que ele investiga é o fato de, nos EUA, apesar de haver uma forte campanha de castração
de cães e gatos, ainda há muitos deles abandonados nas ruas e seu número parece não diminuir. Já em
alguns países da Europa, como Alemanha, Suíça e os países escandinavos, além de haver pouca
necessidade de eutanasiar os animais (nos países citados o número é ZERO), os animais são mantidos
inteiros, sem castrar. E não ficam presos dentro de casa: eles saem sem guia, alguns seus donos os
deixam dar voltinhas sozinhos; brincam soltos em praças e praias. A diferença é a renda per-capita
destes países, o nível de felicidade da população (por incrível que pareça, nos EUA o nível de felicidade
é um dos menores dentre os países de primeiro mundo) e o modo de cuidar de seus animais: quando
as fêmeas entram no cio, seus donos a mantém dentro de casa, passeiam com elas na guia e não
deixam que elas andem soltas por aí. Dessa forma, a população de animais de rua é nula.

CHAPTER TWENTY

Chance
Chance é um cão, parecido com um mestiço de Viszla e Rhodesian, que conquistou o coração de Ted
quando ele já tinha reservado um filhote, que seria Pukka. Ele estava em um abrigo que, depois de um
tempo, sacrificava os cães. Mas Ted caiu de amores por este e fez o possível para adotá-lo. Como ele
tinha uma viagem marcada pra Índia e iria ficar muito tempo fora, pediu pra uma amiga ficar com ele
por um tempo. Ela aceitou, mas não quis deixar que Ted o pegasse: ela ficou com ele e disse que
poderia visitá-lo sempre que quisesse.

Apenas uma prévia para o capítulo seguinte, que falará sobre o lado obscuro da castração.

CHAPTER TWENTY-ONE

The Flip Side of Spay/Neuter


Ted diz que há três reações quando as pessoas
descobrem que Pukka não é castrado: surpresa
(mas como assim? Os veterinários sempre dizem
que castrar é o melhor para o cão!”;
desaprovação (e a reação é um silêncio mortal);
raiva (partindo sempre de protetores, que dizem
que Ted então contribui para a população de
cães abandonados). E ele se questiona: como
pode a castração ser proclamada tão efetiva se
existem milhares de animais nos abrigos?

A castração não é a única forma de prevenir ninhadas indesejadas: laqueadura, histerectomia e


vasectomia também previnem, e são mais fáceis de fazer.

Diz também que as pessoas deveriam ser mais bem informadas neste aspecto, porque a maioria dos
veterinários só lhes diz que é o melhor para o cão. Será mesmo? Ele foi conversar com Karen Becker,
uma excelente veterinária que é contra este procedimento. E explica seus motivos. Vou tentar resumir
aqui.

“Karen diz que nunca teve tantos casos de doenças endócrinas como há alguns anos, começando em
1999 e até 2007. Uma delas é o hipotireoidismo. Mas, desde 2007, os problemas na glândula adrenal
têm aumentado e ultrapassado os casos dos problemas da tireoide. Ela diz que vê muitos em ferrets:
90% deles morrem de câncer no pâncreas ou de doença adrenal, naqueles que são castrados (com 3
semanas, que é o mais comum). Nos ferrets inteiros ela não vê isso ocorrer. E acredita que o mesmo
vem acontecendo com os cães.

Ela dá um exemplo. Quando em estresse, o corpo libera cortisol. Seja durante 8 horas como em poucos
segundos. Se for liberado durante 8 horas, cria um burnout na glândula adrenal, porque não é algo
natural para ela. Em um diagrama, mostrou cada parte da glândula adrenal: a parte exterior produz
aldosterona (equilíbrio de sódio, potássio e cloreto); a parte do meio produz cortisol; a parte interna
produz uma pequena quantidade de estrogênio, progesterona e testosterona. A maioria dos hormônios
sexuais vêm dos testículos e ovários. Muitas pessoas castram os animais ainda bem jovens: alguns com
até 6 semanas de vida, ou seja, retiram suas glândulas produtoras de hormônios sexuais. Então, qual é o
último lugar que ainda pode secretar os hormônios sexuais? As glândulas adrenais! Se as glândulas
adrenais é que tem que fazer este serviço agora, isso se torna metabolicamente estressante para o cão!
As pobres glândulas precisam produzir então os hormônios sexuais que deveriam ser produzidos pelos
testículos e ovários. O resultado são as doenças adrenais. E que leva a doenças endócrinas.

Karen mostrou fotos de cães com problemas endócrinos, seus níveis de hormônios sexuais todos
alterados, os cães obesos, deprimidos… um dos machos tinha nível de estrogênio de uma fêmea inteira!
Isso é o estresse hormonal induzido – ela diz – causado pela castração, algo que nem precisamos fazer.
Além disso, há outros fatores estressantes metabolicamente para os cães: ficarem presos por longos
períodos, não se exercitarem o suficiente e comer carboidratos em forma de grãos.

Então ela explica sobre os grãos: eles se transformam em glucose, que fazem então o pâncreas secretar
insulina. A insulina abaixa o nível de glicose no sangue, que faz com que as adrenais secretem cortisol
para balancear isso aí. Isso é estressante demais, metabolicamente, e fator que pode levar a diabetes e
doenças de Cushing.

Há pessoas que dizem, inclusive veterinários, que quando se castram os cães você soluciona problemas
de marcação, fugas e agressividade. O que não é verdade.

Ela diz que vasectomia e laqueadura, ou mesmo histerectomia, os cães não podem reproduzir, e não
teriam problemas endócrinos! Além de serem cirurgias mais fáceis. E ainda diz que ela não faz nenhum
destes procedimentos… e não tem nenhum caso de gravidez indesejada em seus clientes. E brinca:
“estamos virando europeus na minha clínica”. Que seus clientes são donos responsáveis.

Ela aponta outros benefícios dos hormônios sexuais. Cães inteiros são diferentes: têm musculatura. A
musculatura forte das costas previne rupturas dos discos intervertebrais. Além de proteger também as
articulações.

Na parte comportamental, ela diz que a castração não mudou em nada a agressividade, fuga e
marcação: os machos continuaram marcando, fugindo e tendo as mesmas personalidades após a
castração.

Ted lhe pergunta: como mudar então a mentalidade sobre a castração? E ela responde: “Não se pode
mudar o sistema. O que se pode fazer é ensinar nas faculdades para mudar como as coisas podem ser
feitas. Mas as pessoas não querem mudar. Alguns veterinários me dizem que 'você tem que parar de se
preocupar com os por quês e passar a tratar apenas as doenças. Ponto'. A maioria dos veterinários não
quer saber a causa da doenças, apenas a tratam. Eu não penso assim. Se quiser conversar com outra
pessoa que também não pensa assim, procure Jack Oliver”.

A castração das fêmeas têm mais benefícios para a saúde documentados que a dos machos. Acaba com
a produção do estrógeno e, sem ele, o risco de câncer de mama diminui. Na verdade, castrar antes do
primeiro cio reduz o risco relativo de desenvolver câncer de mama a 0,5%. Câncer de mama é o câncer
mais comum em fêmeas inteiras, com a incidência de 3,4%, por isso tantos veterinários recomendam a
castração.

Mas nem todas as raças têm a mesma incidência de câncer de mama. Springer Spaniels, Dobermanns e
Boxers lideram uma lista de 51 raças mais propensas a desenvolver câncer de mama. Pastores Alemães
são a nona na lista, Cocker Spaniel Inglês em 13º, Jack Russell em 26º, Labradores em 38º, Berneses –
conhecidos por desenvolverem outros tipos de câncer – estão em 41º e o Collie em 51º.

Câncer de mama vêm em várias formas, desde o benigno até extremamente agressivo e a sobrevivência
do cão depende de qual a forma de câncer de mama tem, o tamanho do tumor, se houve metástase e,
se houve, se ele se espalhou para os linfonodos. Dependendo do caráter particular do câncer de mama
e do tratamento, a cadela pode viver por algumas semanas, um ano ou mais, ou ficar completamente
curada. De acordo com um estudo sueco, a taxa de mortalidade por câncer de mama é de 6%.

Castrar a fêmea removendo seus ovários também elimina a chance dela desenvolver piometra. Ela pode
ser tratada com antibióticos, mas às vezes é fatal. Assim como no caso do câncer de mama, algumas
raças têm mais predisposição para desenvolver piometra. Cerca de metade das Berneses e das
Rottweilers têm piometra antes dos dez anos, assim como 35% das Golden Retrievers e 22% das
Labradoras, mas apenas 10% das Beagles.

Estes dados demonstram que uma “receita de bolo” em relação à castração não faz justiça às diferenças
encontradas nas raças. Por exemplo, imagine-se sendo uma Bernese querendo viver bastante tempo e
ser saudável. Como seu risco de desenvolver câncer de mama é muito baixo, você pode decidir por
manter seus ovários, já que eles têm efeitos protetores para outros tipos de cânceres e certas doenças.
Por outro lado, se você não quer filhotes, você pode decidir retirar o útero, já que suas chances de
desenvolver piometra são maiores. Temos que analisar os prós e contras antes de decidir por este tipo
de cirurgia.

Os cães machos que não são castrados têm uma chance extremamente baixa de desenvolver câncer de
testículo – 0,9% - e o risco depende da idade: praticamente nenhum cão antes dos seis anos desenvolve
este tipo de tumor, que é mais comum em cães com mais de dez anos. Felizmente, a metástase não é
normalmente vista neste tipo de cãncer: menos de 15% destes tumores se espalham para outras partes
do corpo. Tumores de testículo geralmente são notados por um inchado na bolsa e o tratamento é:
remoção do testículo. Assim como o câncer de testículo em humanos, o dos cães é um dos tumores
mais tratáveis, mesmo se houver tido metástase. A taxa de sobrevivência com a detecção precoce é
extremamente alta tanto em humanos como em cães: de 100% a 90%.

Um grande número de veterinários com o qual ele conversou disse que a castração previne contra o
câncer de próstata, mas não foi cientificamente provado. Na verdade, estudos na Europa e EUA
demonstram exatamente o contrário: machos castrados desenvolvem câncer de próstata com mais
frequência que os inteiros – de duas a quatro vezes maior – além de o câncer de próstata, em cães
castrados, tem mais chances de se espalhar pelo corpo.

Muitos outros contras da castração têm sido documentados. Fêmeas castradas tem de 4 a 20% de
incidência de incontinência urinária, contra 0,3% das inteiras. O tratamento é medicação para a vida
toda. Cães castrados (machos e fêmeas) têm mais reações adversas às vacinas e têm mais propensão
para a obesidade, principalmente as fêmeas.

Alguns dos estudos mais preocupantes sobre a castração indica que machos e fêmeas castrados têm
mais chances de desenvolver vários tipos de câncer: duas vezes mais chance de desenvolver
osteossarcoma, principalmente os cães maiores; duas a quatro vezes mais chances de desenvolver câncer
de bexiga; fêmeas castradas têm 5x mais chance de desenvolver hemangiosarcoma (vasos sanguíneos) e,
nos machos, as chances são 160% a mais. Na América do Norte, o hemangiosarcoma é a causa número
um de morte em Golden Retrievers, uma boa razão para pensar duas vezes antes de castrar um cão
desta raça.

Cães castrados também têm mais chance de ter problemas ortopédicos: displasia coxo-femural e ruptura
do ligamento cruzado do joelho. Também podem ter problemas na lombar, já que sua musculatura não
é tão desenvolvida como nos cães inteiros.

Cães inteiros também são mais protegidos contra a disfunção cognitiva canina (Alzheimer canino) e, se o
cão tiver a doença, ela tem uma progressão mais lenta em cães inteiros. Outro ponto interessante: tanto
o estrógeno como a testosterona reduzem o acúmulo de beta-amiloide. Este peptídeo é presente na
placa neural e está associado com a disfunção cognitiva tanto em humano quanto em cães.

A maioria dos cães que atingiram uma idade excepcional eram fêmeas, assim como nos humanos. Neste
caso não foi avaliado se as fêmeas eram ou não castradas, mas a quantidade de tempo que elas tiveram
seus ovários. Aquelas que tiveram os ovários retirados antes dos quatro anos perderam a vantagem da
sobrevivência que tinham sobre os machos, em termos de ter uma longevidade excepcional. As
Rottweilers que mantiveram seus ovários até ao menos os seis anos, tinham 5x mais chance de ter uma
vida muito longa (30% a mais que a média). Ou seja: manter os ovários é importante para a longevidade
canina.

Dr. McCarthy não recomenda mais a castração. “Se você tem um macho e você tem como preveni-lo de
ter contato com fêmeas inteiras, e ele não tem problema de comportamento, então eu não o castraria.
Se você acha que ele pode acasalar sem querer, então o melhor a ser feito é a vasectomia. Os
veterinários ganham tanto dinheiro na vasectomia quanto na castração, então este não é o problema. O
verdadeiro motivo deles não fazerem vasectomia é a educação. A literatura sobre os problemas da
castração é muito recente e quase não faz parte do currículo da veterinária”.

“As fêmeas”, ele continua, “são outro problema. Os problemas delas não são tão claros. Há dados
dizendo que as fêmeas inteiras são mais saudáveis, mas o risco de câncer de mama e piometra
aumentam. Além disso, muitos donos não gostam do sangue que sai no cio. Então, para elas, a
sugestão é a retirada dos ovários”.

Com base nesta resposta, ele voltou à Dra. Karen Becker e perguntou como seus clientes lidavam com a
“sujeira” do cio. Então, ela lhe respondeu que “mulheres saudáveis lidam com este problema
MENSALMENTE, não duas vezes ao ano! Meus clientes compram hot pants com velcro, colocam dentro
um absorvente e vão cuidar dos seus afazeres. Ou então as mantém em locais com piso frio, fáceis de
limpar. E estamos falando de pequenos pingos pelo chão, não de um galão de sangue todos os dias”.

Também perguntei como ela lida com o fato das fêmeas inteiras terem maior risco de câncer de mama
e piometra. “Não há uma solução fácil. Cada cão deve ser avaliado individualmente, baseado em sua
raça, ambiente onde vive, treinamento e a crença do dono. O que precisa-se ter em mente é que castrar
antes da puberdade reduz dramaticamente o risco de câncer de mama e elimina a possibilidade de
piometra, mas aumenta o risco de muitas outras doenças fatais. Além disso, apenas 1% de fêmeas
morre de piometra”. Deve-se ter em conta que as outras doenças fatais que ela diz são outros cânceres,
doenças endócrinas e ortopédicas. Individualmente e combinadas, estes riscos ultrapassam, e muito, o
1% de uma cadela inteira.

Karen conclui ainda: “como a minha profissão acabou pregando que, porque os ovários causam duas
doenças, devem ser automaticamente removidos, mesmo quando a taxa de mortalidade destas duas
doenças – câncer de mama e piometra – é pequeno? Será que as lambidas dos cães retiraram da
cabeça o bom senso?”.

Muitos veterinários aconselham seus clientes a castrar seus cães para mudar seu comportamento,
principalmente nos machos. Mas o comportamento não muda. Um exemplo: 57 cães foram castrados
por conta de problemas de comportamento e foram monitorados por cinco anos. Apenas 25% deles
mostraram alguma mudança em marcação de território, fugas e montar. E, para a agressão – uma das
causas mais frequentes para se castrar – apenas 10% dos machos se tornaram mais tratáveis.

Bruce Fogle, veterinário conceituado britânico, diz que “tem 15 a 20% de clientes americanos e todos
me perguntaram, depois de pegar um cão, 'quando eu devo castrá-lo?'. Eles têm essa ideia como algo
que deva ser feito assim que tiverem um cão. Não há razões para se castrar um macho”.

O próprio autor diz que, no seu caso, Merle foi castrado, e tinha todos os comportamento ditos ruins:
sumia, marcava território. Por outro lado, Pukka, inteiro, fica bastante tempo dentro de casa ao seu lado
e faz xixi apenas para esvaziar a bexiga. Além disso, nunca brigou com outro cão.

Um dos melhores estudos sobre castração é o “Long Term Health Risks and Benefits Associated with
Spay/Neuter in Dogs”, disponível em PDF na internet. Um estudo excelente e cheio de informações para
aqueles que pensam em castrar seus cães e se informarem sobre os prós e contras antes de tomar esta
decisão.

Para completar, com a palavra Dr. Jack Oliver, veterinários endocrinologista, diretor da Universidade do
Tenessee: o autor lhe perguntou o que ele tinha a comentar sobre o que a Dra. Karen Becker disse sobre
haver um aumento das disfunções aderenais. E ele respondeu: “Vejo milhares de casos de doença
adrenal. Cerca de seis mil cães nos EUA e Canadá e em ao menos outros 17 países também, em apenas
um ano. É um problema. E mais e mais pessoas reconhecem isso”.

O autor pergunta se a castração tem algo a ver com isso, principalmente no caso dos filhotes sendo
castrados cada vez mais cedo nos abrigos.

“Creio que sim”, responde ele. “Isso porque o mesmo acontece com os ferrets quando são castrados
muito novos, mais cedo ainda que os cães. Mas ainda não há estudos prontos sobre o caso, então não
posso dizer com certeza”.

Em seu escritório, o autor reparou que ele tinha dez mil registros do problema, que lhes foram
mostrados no monitor de seu computador.

“Cada registro deste indicaria se o cão/cadela é castrado?”


“Se o veterinário sabe a informação, sim, os registros indicariam isso”.
“Então, o que é preciso para cruzar os dados e dar uma resposta?”
“Se você tem 75% de cães castrados com um mês de idade com doença adrenal, e aqueles que foram
castrados depois de seis meses com apenas 10% do problema, seria um grande indicativo que há uma
ligação entre isso. Mas nenhum destes dados está no computador. Teria que ter duas pessoas
trabalhando por dois anos, pagando 30 mil dólares para cada uma, para ligar todos os dados. Se
alguém me desse cem mil dólares, eu teria a resposta”.
Quatorze meses depois, Jack Oliver morreu e seu projeto permaneceu sem pesquisas e sem planos para
investigação.
Outro ponto que ele fala é da variabilidade genética: castrando-se praticamente todos os filhotes, os
cães que se reproduzem passam a ser sempre os mesmos. Isso implica em cães mais doentes, devido a
cruzamentos consanguíneos. Isso pode levar ao desaparecimento dos cães…

O que o autor quer dizer com tudo isso? Que na nossa ânsia de acabar com o abandono de cães e as
mortes dos mesmos nos abrigos, insistimos em castrá-los cada vez mais cedo, estamos criando menos
variabilidade genética (e, consequentemente mais doenças) e também tendo cães mais doentes.

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