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ENCADERNADOR
i^^r^^
r7-
MEMOPJA
DAS
NTIGUIDADES DE MERTOL
LISBOA
IMPRENSA NACIONAL
1880
MEMORIA
UAS
ANTIGUIDADES DE MERTOLA
OBSERVADAS EM mi E RELATADAS
LISBOA
IMPRENSA NACIONAL,
1880
PLANTA
CAMPO DO CURRAL
ENTRE AS ERfflDAS DA SENHORA DO CARMO E DE SANTO ANTÓNIO
E DA
CERCA DE S. SEBASTIÃO
LIVilTlDi E« 1811 PIIO COJCnCTO» í! 1' CLISSI
SOB A DIRECÇÃO DE
Cansa qiio dou OfijiPiii ;ii) rslmlo das iiiiliyiiidadrs de Mcrtida c li i-Odidciiação da Carla Ar-
chcolnçiim do /l/(/«rí'e. — Incciífun qiii' pioiíiovcii esto csUidd, j/oilaria que o doliTiiiinou,
(' motivo por qup o auclor foi encarre;ía<líi de o desempciíliar. — Inici<a-se a idéa d« se prn-
ciidcrao lovaiilamento da carta arctieologica do Poitujral c a de que entre no quadro ge-
ral da instrucção publica do reino o ensino elementar da arclieologia monumental cm-
()uanlo a esta scicncia não se pode dar maior desenvolvinienlo. — Sust'itam-se os meios
que s<; devem empregar pai'a não se deixarem jierder os monumentos encontrados em
trabalhos de viação publica e para que haja conhecimento dos que se achem cm proprie-
dades |)articulares.—Mostra-se que o progresso nacional nunca poderá compelir com o das
uaçijes civilisadas euKinanlo não se der ás sciencias, ás leltras, c ás artes o largo desen-
preliistorica?
É á ultima hora, quando já não haja tempo de coordenar
os monumentos [)rehisloricos do Algarve, e quando menos
tempo iiaja ainihi para se descreverem as condições do seu
descobrimíMilo, (|ue serão cliamados, ou ficarão condenma-
dos ao esquecimento em nome da indilíerenca nacional ?
É obrigação minha renovar estas lembranças, que por mui-
tas vezes, desde o principio d"este anno, vei-balmente susci-
lei no ministério do leino, verdade é que n"uma conjunctura
em (pie aijida não havia espaço preparado para a instituição
[)rovisoria do museu archeologico: e repito-as agora, que já
existe espaço, para que no fiduro não se me possam irrogar
censui'as, ahás merecidas, se deixasse em silencio este as-
sumpto, como para fugir ao difficil trabalho da coordenação
systematica daquelles monumentos.
Constituído porém o umseu, é preciso estudal-o por epo-
chas e demonstral-o, como já disse, para authenticar os si-
BARRANCO DO AZEITE
VARGEM DA BOMBEIRA
VARGEM DA VAQUEIRA
A Vargem da Vaqueira, limitada' ao norUí \n'U\ barranco
d>ste nome e ao sul pelo da Silveira, eslá num [)lanallo
propinquo ao rio, occupando uma extensão talvez de 400 me-
lros. Houve chamado herdade do Neves,
n'este logar, hoje
muitos minas foi'am descobertas pela
edifícios antigos, cujas
balho preparatório.
A Vargem da Vaqueira está situada ao sul da villa em dis-
tancia de 2 kilometros.
CONVENTO DE S. FRANCISCO
TAMUJO
Passando á margem opposta da libeií-a de Oeiras achei-me
nos terrenos de Mertola, junto á corrente do rio, em (jue a
MERTOLA
Abandonei o Tamujo, ausentando-me com o mesmo pe-
zar e lemorso ile ((insciencia com que me havia dt-sjjcdido
(Jo líniT.iiirf) (l(t Azcilo, (la líomlinira, da Víiqnoira o do con-
vento do S. Fi'aiicisco, oudo lanLos c Ião preciosos caractc-
rislicos das civilisaçõesquc precedem a nossa proverl)ial in-
DO ROCIO DO CARMO
Á ERMIDA DE SANTO ANTÓNIO
gar citarei.
CERCA DE S. SEBASTIÃO
VARGEM DE S. BRAZ
pôde encontrar.
Cumprindo o meu dever, participei todos estes aconteci-
mentos ao sr. conselheiro director geral de instrucção publica,
e fui então convidado a proceder á reorganisação de tudo
(juanto fosse possível apurar-se, e para este fim me foi dis-
EPOCHA PEE-J{OMANA
MERTOLA
EPOCHA EOMANA
BARRANCO DO AZEITE
VARGEM DA VAQUEIRA
TAMUJO
CASTELLO DE MERTOLA
CERCA DE S. SEBASTIÃO
VARGEM DE S. BRAZ
EPOCHA WISIGOTHICA
CASTELLO DE MERTOLA
MONUMENTOS EPIGRAPHICOS
EPOCHÁ ÁRABE
36
TAMUJO
88. Fragmento de fimdo de vaso de argilla com externo
vidrado côr de mel sobre reflexos escuros, parecendo per-
tencer á classe dos artefactos ceramographicos hispano-ma-
hometanos. Achado avulso na baixa do Tamujo.
EPOCHA POEirGUEZA
MERTOLA
89. Inscripçâo gravada numa lamina de calcareo, exis-
tente sobre a porta da torre do castello, onde serve de do-
cumento comprovativo da era em que foi construida aquella
torre e que por isso não deve ser d'alli retirada. A copia
pertencente á collecção é fac-simile e vae reproduzida no
fim.
.iO llU.U.i.l.lO
RESIDEHES M \'ILLA, A E. DA l
EPOCEA VML^X
REPUBLICA
IXGEUTA
família minúcia
IMPÉRIO ROMANO
CONSTÂNCIO 11
VALENTINIANO II
THEODOSIO 1, o GRANDE
(Moneu no anno 39j de J. C.)
ARCÁDIO
(Morreu no anno 408 de J. C.)
EPOCHA AEABE
40
EPOCHA POETUGUEZA
D. SANCHO (I?)
D. SANCHO (II?)
D. AFFONSO III
rido.
D. DINIZ
D. AFFONSO IV
D. FERNANDO I
D. JOÃO I
20. Í^IHNS^DGI^GRA^RGX^PO^eT^ALGA-
RBII. — As quinas inscriptas em quatro arcos duplos, ligados
por ângulos agudos, tendo o escudete superior entre duas
rosetas e o inferior entre as lettras LB (LisBoa).
D. AFFONSO V
42
D. MANUEL.
22. + I •
EMANVEL R P ET : : : : A— Escudo, entre
três anneis, sem coroa, com as quinas cantonadas por qua-
tro castellos.
23. D p. . A
Dentro de um espaço proximamente qua-
D. SEBASTIÃO
D. JOÃO IV
D. AFFONSO VI
Carência do uma exploração liem dirigida para se reconhecer se nos terrenos de Merlola lia
vesligios de povos prehistoricos. — Fundamento que persuade deverem achar-se estes ves-
tígios entre a margem esquerda da Ribeira do Vascão e Mertola. — Opinião de que deriva
da lingua iiiJnica o nome do rio Guadiana. — Aventurosas origens de Myrtilis.-Prova-se
([ue era cidade se|itenlrional da Lusitânia, situada na região do Promontório Cuneo e
marginal ao rio Ana. -Mostra-se (jue Myrtilis jcá existia quando Júlio César ganhou a
batalha de Munda. — Symbologia de um monumento numismático que attesta a origem
pre-romana d' esta cidade. — Confirma-se este asserto com todos os padrões até boje co-
nhecidos da sua especial nummaria geographica. — Conformidade dos emblemas typicos
d'esta serie de monmnentos com as condições locaes da situação myrtilense. — Padrão
numismático inédito de Myrtilis já citado por auctores modernos.- Outros dois ])adrões
inéditos, variantes de typos já conhecidos, descobertos nos terrenos de Mertola. — Campo
mortuário que parece ser anterior ao dominio romano.— Situação e conslrucção dos ja-
zigos.— Presumptivo systema de enterramento n'esle campo. — .\ntiga invasão que usur-
pou a estes jazigos os característicos archeologicos mais essenciaes para a classificação
da epocha a que pertenceram.
4 Delgado,
^ ISuevo método de classif. de las moned. autôn. de Esp., ii,
203.
49
4
oO
1 Delgado, Nuev. mel. de das. lU las mon. axión. (VEsp., tom. ii, pag.
203.
' A. Ileiss, pag. 41f).
5r —
L A DE. Em cima, ramo ou palma para a direita en-
tre duas linhas.— Mód. 32'"'"— Sestini, tab. i, n.'' 11.—
Delgado, pi. lui. n.° 1.
2. O mesmo anverso.
Çf— L AD. Embaixo, ramo, ou palma, para a en- direita,
LUI, 2.
5^ — AP •
DE, entre linhas, por cima uma espiga para a
direita.— Mód. 30'^'" — Bustamante, tab. xiv, n.° 8.— Del-
gado, t. LUI, n.° 3.
4. Deve considerar-se invertido na estampa o anverso
iVesta medalha, que Bustamante, sob n.° O, apresentou com o
peixe para a esquerda e a legenda em baixo, e que por isso
não pôde aproveitar d'ella os caracteres que no original se
poderiam verificar. Este typo deve corresponder ao de n.° 5
da est. do sr. Delgado, em que no peixe se observam os dois
olhos.
5i
5o
(Est. 1)
51)
N\RTlL-l, ou M/^TILIVL.
EPOCHA KOMANA
o 3 G 9 12 15 30 í5 GO millimetros
O 1 2 3 4 3 10 íò 20 milhas romanas
4 JÍL.
verei agora se de Pax Júlia (Beja) j)ai'a Myrtilis liaverá con-
íormidade de medidas entre as itinerárias e as actuaes.
O Itinerário marca entre as duas cidades 36 milhas, que
são 53'',:M6'", e a estrada actual mede perto de SS"". lia pois
a diííerença, para mais no itinerário, de uns mil e tantos me-
tros, mostrando assim que a estrada moderna segue um tra-
jecto mais rectilíneo, ou menos sinuoso.
Esta diííerença, que só pôde atti-ibuir-se a pequenos des-
vios, é porém tão insignificante, que bem se podem admittir
as duas medidas como coincidindo no mesmo ponto.
Por este lado, pois, o itinerário romano estabelece o pri-
meiro fundamento, de que a sede de Myrtilis corresponde á
villa de Mertola.
bos iguaes, que decião para baixo. Tinha seu roupão eu sima
muito fraldado te os pês, posto nos hombros, e cõ a mão di-
' Dr. Loiria, Uicr. Urotjr.. inss.. tom. 22, verb. Mertola. Ai'eh. Nac.
- Coniidi', Iiixirip. Lapld., ftc. iiiss., Bihl. Nac. Lisl)oa, B. 6.28.
^ Hiihiicr, Nol. Arrliral. dr Partufi.. pag. .'{4.
''
llíihiitT, Co/yj. Iiisn-ipl. LdL. vol. ii, [)ag. •), 1869.
m
iiicnlõs ;i lurni;i (](' doliiiiii ndlierenle a uma base quadra-
tla.
EX D D M ES M MYR •
. . . S
PER C IVLIVM MARINVM
•
71
LFIRMIDIVS
PEREGRINVS
VTICENSIS
VIXIT AN LX
HS ESTTL
Este L. Firmidiíis Peregrinus era natural da celebre Utica
em Africa, e que esta inscripcão alludia áquella cidade já o
tinha notado o dr. Húbner nas Noticias Archcologicas de Pm^-
tiigal, pag. 34, traduzidas pelo mallogrado epigraphista Au-
gusto Soromenho e publicadas pela academia real das scien-
cias de Lisboa em 1871. E mui provavelmente não seria Lú-
cio Firmidio o único Íncola myrtilense, oriundo da republica
de Carthago, poisque nas cidades da Lusitânia era quasi
geral a mescla púnica nas populações, mui principalmente
antes da instituição do império romano.
Na inscripcão seguinte escreveu Gornide na quarta li-
D M S • •
HERENNIA SE
GVNDINA VIXIT
AN LVPVB FÉLIX
OSP MER POS
D M S QVIN •
TVS IVLIVS
LVPVIXANNIIIM
eNSIBVS SeX TiLVAIE
na fILIO PIENTISS
imo posVIT HSE^TTL
• • •
-N • •
V •
•
\\ V •
ALI S •
•
•
D
74
M BRVTTIVS MARC
Se um dia houver melhor meio de observação, se rectifi-
(Est. 2)
(En. ;!)
(Est. '.)
(Ksi. ;.)
expendido.
8i
EPOCHA WISIGOTHICA
linasão da Hispaiilia romana pelos chamados Itailiaros do norte, no a;ino 409. — Occupação
da Lusitânia pelos alanos. — Walia, rei dos godos, derrota os alanos. — .\uctor fpie julga
a Lusitânia evadida desta raça no anno il9. — Outro auctorque julga os territórios lue-
ridionaes da peninsula de novo dominados pelos romanos, que os suevos expulsam de
Mcrida, no anno 439. — Testemunho histórico que dá Myrtilis entregue aos suevos, ni>
anno 440. —Amplo predomínio do elemento visigolhico sobre o suevo, no anno 46.").-
Duvidas sobre se seriam os suevos ou wisigodos os instiluidorcs do christianismo em
Myrtilis, ou se esta crença já teria antigo culto n'aquella cidade sob a influencia da
iggeja ossonobense. — Vestígios do elemento christão dentro do castello de Mertola.-
Presumpção de que os monumentos ila forma de iloliam, descriptos no capitulo antece-
dente possam significar já instaurado em Myrtillis o elemento christão ainda em plena
epocha romana. —Monumentos chrislãos descobertos entre o Rocio do Carmo e a ermida
de Santo António. — Interpretação das suas inscripções. — Noticias relativas á sua acqui-
sirão. — Prova-se com alguns d'esles monumentos, que havia um templo em Myrtilis, (pie
foi servido por alguns presbyteros, cujos nomes são hoje conhecidos, desde o século v
ao VII. — Symbologia d'estes monumentos. — Descripção das sepulturas cxploradas.-Ves-
tigios de conslrucções antigas junto d'estas sepulturas. — Noticia de haverem sido acha-
das em Mertola varias moedas wisigothicas. — Necessidade de novos trabalhos no castello
c em todo o campo indicado na planta junta, comprchendido entre o Carmo e Santo An-
tónio.
1 Florez, Esp. Sn ar., tom. iv. png. .'Í96. (Nota ;i Chron. de Idacio.J
2 Amaral, Mem. de Litt. Port. Vr. poí?. 133.
88
veram com os godos, por cujo rei Tlieodorico foram tão en-
frafiuecidos e divididos, que pareciam uma colónia dos go-
89
'
riiui^i. Ih monorfrd. Clirisl.. c. ii.
hgi.
uiiiãij (los liois. Por isso, [)()is, pretende, que o doliiim sobre
uma se|)uUin'a seja a imagem do coipo, (jue lun dia lia de
voltai' á casa do Deus pai'a receber o espiíilo da resunei-
ção.
A pi[)a interpretava-se ainda de outro modo. Compondo-se
de diííerentes pecas unidas e apertadas por seus arcos, sym-
bolisava a caridade e união que devera haver na sociedade
christã, (jue o sangue dos martyres cada vez mais engrande-
cia e firmava, e que S. Cypriano, o mestre de Santo Agosti-
nho, e também martyr no terceiro século, comparava ao vi-
anno de 402.
N.° \
> "4
(Esl. ')
98
N.° 1-A. v|
1)
(Est. 8)
99
N.° 2
(Est. 9)
102
A inscripção é assim
N.°3.
(Est. 10)
103
104
N." 4.
yísi. Ill
sexto dia das nonas de março ("2, d'este mez) da era de riiá7
N.° 5.
; i "^
(Kst. 12j
A inscripção 6 assim
(Est. 13)
Ill
N.°7
'^*«
-^kS^
'
m/\
t
112
N.° 8.
^My:Dâ&ÍMM*
m
iAmms
cm ,: *uk£*^í
'#
;^-
Jí^'^
(Ksl. lo)
N.° 9.
(Est. 16j
do nome (V)OLVS(ianus).
Não permitte melhor percepção o seguinte, de igual pro-
veniência, e também de mármore branco como o antecedente,
porque só contém vestigios de três caracteres.
O fragmento n.** 13 pertenceu a uma lapida de mármore
^.^ 10.
N." 11.
N.° 12
N.° 13.
(Est. 17)
K.°13-A.
BESSSlTi I!
tero e nos mostra que aquella igreja ainda existia poucos an-
nos antes da irrupção árabe. O monumento tinha simples-
mente gravada uma cruz sobre a inscripção. «O presbytero
Afranio morreu na paz de Nosso Senhor Jesus Christo aos
cinco dias dos idos de fevereiro da era de 744 (correspon-
dente a 9 de fevereiro do anno de 70G).» Na ultima linha
il7
118
N.*^ 14.
(Est. 19)
£v0a I
xaTá/.t |
te 'Lz-jai
|
p.:; -Jcc |
cç ITc/u |
víxcu £p
Ou em grego corrente
IV
EPOCHA AEABE
Causas que trouxeram á Península o domínio aralie.— Duvidas sobre se o caslello de Mcr-
lola é originariamente árabe. — Traljallios que lòra mísler cmprehender para se intentar
esta averiguarão. — Indicies de construcrões subterrâneas no castello. — A boca do in-
ferno.— .4. porta falsa. — Vários typos no apparellio revestidor das muralhas. — Columnas
de mármore e diversas peças de sumptuosas construcçõcs arcbitectonícas, mettidas no
grosso e no revestimento das muralhas como material de construccão. — Este mesmo ca-
racterístico na chamada ponte, que antes parece ter sido um cacs fortificado.— Presum-
pçiio de que este cães não seja primordialmente árabe, mas reconstruído pelos árabes
com maleriaes bem apparelhados de romanos. — O foral antigo e vários auctores
edifícios
faltando de uma ponte em Mertola. — Fundamentos com ([ue se refuta esta noticia.—
cisterna do castello, sua planta e descripção. — Monumento epígraphico .árabe, que exis-
tiu junto ao convento de S. Francisco, á direita da Ribeira de Oeiras, e sua interpreta-
ção por um académico portuguez.— Noticia e copia de outro monumonto epigraphico
árabe, achado em em Évora. — Fragmento
Mertola, e agora existente no templo de Diana
de cornija de mármore branco com restos de íima insciipção de caracteres cíificos em
Ninguém o aíErmará.
O que talvez se deva presumir, é que se procurou apro-
veitar naquella margem o monte de maior altura, o mais
propinquo ao rio e o mais susceptível de se fortificar, para
manter a posse d'esse rio até onde poderia ser sulcado por
barcos de grande possança ;
pois pouco a montante de Mer-
tola toda a navegação é impraticável.
* Conde, Hist. <le In ilomin. de los árabes m Espana, cap. xiii, pag.
21, 1840: «Llevava su hueste... y pasú á la Lusitânia... So le
Muza eii
nho verificado.
É possível, e até mui provável, que os árabes já achas-
sem n'aquella cidade um cães, a que aportassem os barcos
do seu antigo commercio fluvial, porque não se pôde pensar
que n'aquelle rio não liouvesse navegação antes da irrupção
mahometana, quando a própria symbologia marítima das
moedas myrtilenses a está manifestando.
O que mais verosímil parece é ter havido alli uma recon-
strucção árabe,em que se empregaram, do mesmo modo
que nas muralhas do castello, muitos materiaes reconheci-
damente extrahidos de diversas obras de arte muito mais an-
tigas.
1 A. Lcger, Les trcivaux publiques^ ctc. aux (cinps tks romalns. pag.
326.
les forces prndiiclricos da pays útaioiít developpéos avocuno
intélligeiíce adiuirable. En memo lemps se fondaieiíl par
milliers les palais, lesmosquées, Icsliospices, les écoles, les
'
.1. Cardoso, .^(//W. Ijisll.. pa;,'. 20(1.
'
ílarvaltio da j'osla, Cnviuir. ir. pa^'. rJOK.
131
' O pleno cimbrio tariilii-m era ('iiipn'í;a(lo(Mii poiílos tio pilares nuiifo
mais próximos, é sirva de exemplo a famosa ponte de l{iiiiini, descripfa
por André Palladio, cujos Ires arcos ceiílraes medem na sua corda 8™ ,77.
135
cio, (lo li.'i muito ('111 riiiiiíis, por chegai' al('' á c,or]'(!iil(; do rio
com (luas ordens de aicaiia, sustentada a inferior em pilares
de agudos talhantes, á feição dos das pontes propriamente
ditas, e que liastou o foral antigo cíiamar-lhe pontíí para como
tal ser nomeado pelos escriptores modernos, úvs(\(i Brandão
até João Baptista de Castro. Este escriptor, porcjin, para que
não se alterasse o costume de se lançar á conta da barbari-
dade dos mouros todas as destruições encontradas nos mo-
numentos públicos, logo imaginou (|uc só elles podiam ter
dado cabo da ponte de Mertola, cortando-lhe quasi meta-
de 1
138
lis-aqui a planta
i'..\;i
3 S R
3s [" \L
i ,ao u.r.'
X 1,10 V^M
(Kst. 20)
terna.
a Pilastras dos três arcos paralielos, em que assenta a
abobada.
b Aberturas na abobada por onde se extrahia a agua.
142
que subiu ao throno por morte de seu pae Al-motadlied no anno 461
da begira, e foi dcstbronado pelos almoravides no de 484.
i4rj
i46
I ^
(Eít. 21)
A
Meiu. da Litt. Por'.., tom. v, pcig. SyS.
148
ff\
r-
7^
•?
V
c c^
-^'
r
O.^-^ ^
~U AM ,.,! L
As primeiras três linlias e as dos lados da pedra, segundo
as entendeu IV. João de Sousa, significam o seguinte:
«Em nome de Deus vivo, e permanente o qual não dor- ;
V. 236».
O resto da mesma lapida contém o que se segue:
«Oh vós homens (os crentes) temei o vosso Deus : e aquelle
dia, no qual o pae não paga pelo filho, nem este por seu pro-
genitor. Por certo a promessa de Deus é veidadeira. Não vos
engane a vidannmdana, nem vos entregueis ás persuasijes
do tentador (Satanás; ;
pois pretende separar- vos da lei do
vosso Deus, o qual só conhece a hora do dia (do Juizo). Ellc
é f[ue faz cair a chuva, e o que penetra o mais occulto das
entranhas. O homem ignora o (pie poderá lucrar no dia de
amanhã, nem sabo em que lerra será sepultado ;
pois só Deus
é sábio, e plenamciile iiislriiido. Alcorão, (•a{)ilulo;Jl, v. 33.»
como se vè no catalogo, sob n.° 40, que em 1809 foi mui ha-
bilmente elaborado pelo distinctissimo arclieologo o sr. dr.
-r._.„_j'
u
-'J
^r^-
^_.s_3 1 J—í
154
B
;
Oh vosoiros
honibres! (CreeJ) que las promesas de Alláh (son)
ciertas, y no os dejeis arraslrar por los placeres
dei nuinclo, ni os aparteis de A. .
y (sa)be lo que (se oculta) en las entrafias (de los hombres) y no sa.
c
no creen y coloca á aquellos que te sigan
C"
sobre los que — no creen, hasta el dia de la resurreccion. Dcspues a mi
— vendreis y conocerc . . . etc. 2.
'
Korán, sura xxxi, aleyas 33 y 3i.~ Do Iraductor.
2 Id., sura iii, aleya 48. Esta aleya se expresa en estes términos:
" Despues dijo Alláh: Oh Jesus! Io soy quien te dá la nnicrte, quien te
eleva hasta mi, te libra de los que no creen y coloca a los que te si-
gan sobre aquellos que no creen, hasta cl dia dei juicio final. Despues
á mi vendreis y conoceré entre vosotros lo que hay de diíorencias ».
Do Iriduílur.
l.-i,')
MERTOLA
(Est. '2',)
<ia liegira) ao ainio do '120^. ipie vem a ser Irií.da e seis ân-
^ ^j j^J:j .^\
O ' ^—
-JL_
A Iradiicção é assim:
y bendiga AUidi
sobre el pneblo iodo.
fmyi^
(Est. 25)
(Est. "26)
1629.
164
EPOCHA POETUGUEZA
iiavc'!, polo sangue, pela pátria, pela tradição: (|ue fôi'a ali-
'
Dicrirmnrii) qenfirnplurn. Ms. \rrli. Mnlaln. Arrlihit iia('iiiii;il.
GSTS-.ÍTOReWTOOy
• ff B •!
eeRPOR
E(st. 27;
' João Baptista de Castro, Mappa de Portugal, part. iii, pag. 78, 1747.
2 Duarte Nunes rle Lião. Clironica de D. Diniz, pag. 40, 1774; Gas-
par Estaco, Tratado da liuliar/em dos Estaços, pag. 30, nas Varias anti-
(juidades de Portugal, 162o.
170
cal diz ter sido mesquita mahometana, mas onde não ha ver
um único vestígio architectonico ou de lavor ornamental do
estylo árabe; e não posso aventui-ar-me a descrever minu-
ciosamente este magestoso templo, porque não me foi pos-
sível levantar a sua planta. Restringir-me-hei apenas a indi-
car o que julgo suíficicnto paivi o assum|)to (|uc piotendo es-
clarecer.
Tem afjuelle templo cinco naves, foimadas com quatro íi-
manos.
172
173
Muito mais poderia dizer com relação a cada uma das epo-
chas, a que tenho referido as diversas antiguidades que obser-
vei e colligi nos terrenos de Mertola, sem comtudo preen-
cher certas lacunas, que ficam em aberto, á falta de uma ex-
ploração regular e desenvolvida, como a reclamam e mere-
cem os vestígios de tantas civilisações, que desde tempos re-
motos ali tiveram existência; mas entendo não dever con-
fiar ao conceito conjectural uma certa ordem de assumptos,
que mais acertado é reservarem-se para quando um novo
impulso, dirigido por pessoa de maior competência, se possa
dar ao estudo de toda aquella região geographica, que tantos
mysterios ainda envolve, e usurpa á historia da celebre Lu-
sitânia.
DOCUMENTOS
Doação que cl-rei f). Sancho II
Egidii. Conf. Ego donus april petri Conf. Ego donus Menen-
dus garsie. Conf. Ego donus Joamies garsie. Conf. Ego do-
nus Joanes martini. Conf. Donus Stephanus suerii. Donus
Joaimes petri rotundus. donus Pelrns Joanis de portucar-
reiro testis. Ego Siluester archiepiscopus bracharensis. Conf.
Ego Petrus portuensis Episcopus. Conf. Ego Pelagius lame-
cencis Episcopus. Conf. Ego Egidius visiensis. Episcopus.
Conf. Ego vicencius Egi tanensis. Episcopus Conf. Ego Ti-
biircius colindjriensis Episcopus (^onf. Suerius gunçahii su-
per judex curie. Vincencius didaci. Alfonsus martini. testis.
paço: e homem (jue for gentile aut eredoro non scal nici-
lino: gado de mertola non seat nioiilado cm iicnhiiiiia leria:
lon"a iiom corra autio cllcs liiiiia mas corra poi' iní|uisa aiit
182
zima (' >v. a (|iiiz('i' pcra saa casa e iioiii jx-ra uender nom fa-
(luc ndiiscr iiiiiiio itcllo rio (id dit iiirdio viio ;iliiiii(l('. Todo
pescador deo a dizima do foro. Dcilii jtoiílo a siisoíjmcmi aliy
que liam de fazer pello rio e pello mar aa ordem. Facta cai1a
mense Decembri. Sub ei-a mil e duzentos e sessenta e dous
(sic). De toda mercadoiia que aduseiem nauios ou outias bar-
cas pello maar ou pello rio darani a nós o dii'eito como o dam
a eli^ev em Lisboa '.
' Arch. Nap.. Liv. di' Fõraes nov. do Aleiíílcjn. fls. 'íí.
índice
FJpocha Pre-romaiia 27
Epocha Uoiiiaiui 27
Epoclia Wisigolliica. 3IÍ
a E. da V *.
30
I Epocha Pre-romaiia 4o
II Epocha Romana 05
III Epoctia WisigoUiica 85
IV Epocha Árabe 123
V Epocha Portugueza 105
Documentos 175
P0Y08 BALSENSE8
SOA SITDACiO CEOCIIAPDICO-raíSICA
INDICADA POR
í i
{
i-
LISBOA
1866
j o-i>o- o^ <»-x> 04^0 <y.^ o^o ©4^ -o(i>o <»)>o oAo 0=5^ o<i)o o^,-o o<,'f<yo(j>o o^
POVOS BALSEN8ES
POVOS BALSENSES
SliA SITIACÃO GE()(ill,\l'llli;(l-l1IVSIti\
iMiicAriA pnn
fOR
S. P. M. ESTAGIO DA VEIGA
MOÇO FinALGO i;OM EXERCIJIO NA REAL CASA
DE ^UA MAGESTADE FIDELÍSSIMA
^>S3^ê2^&-
LÍSBOA
Eililor.1, a Livraria Calliolica, nia dos Capellislas, 73
18G()
LIS150A — IMPRENSA NACIONAL
AO SENHOR
D.
í Inter de Esuri Pace Júlia M.P. CCÍ.XIIII. Sic. (aliás 261 milhas).
Balsa M.P. XXIIII
OssonoLa M.P. XVI
Araiiiii M.P. LX
Rarapia (ou Raparia?) M.P. XXXII
Ebora M.P. XLIlil
Serpa M.P. XIII
Fines M.P. XX
Arucci M.P. XXiI
Pace Júlia M.P. XXX
Yetcra Romaiioruiri Itinerária sive Anfoniai Augusti. — Pag. 426.
Edição de 17J,").
AíTirmam igualmente os mesmos escriptores, que Ossonoba*
demorou na área hoje senhoreada pela aldeia deEstôi, e Esuri^
na em que se dilata a cidade de Ayamonte.
Nenhum autor, dos que attestam existir Tavira sobre as
ruinas de Balsa, indica porém o trajecto que seguia a estrada
romana entre Ossonoba e Esuri e faltando este importante ;
o de mil passos uma milha, etc. . . E assim mesmo os que depois que
IO
1 Vide Plin. com as notas de flard., torno i, liv. lu, secção iv, § iv.
Mela. lil). Ill, cap. i.
' Nd l()jí;ir diis Aiilns ó quo so rofcio ler-sc travado a batalha entre
TRVTILIOGAL-
TVSCILLIANO
QRVTILRVSTÍ
CINIFILTMAN
LIÍMARTIALIS
NKPOTMNHO
NOREMEOllVM
AMICI-
CVRLPACCMARCI
ANOETLGILLTVTO
L
l(i
TnsciUiario
Qtfinti. Riítili. Rn.sti
• «Da Gens Rutilia, família jiloLt^a, que j.í figurava pelos annos 590
da edilicação da cidade, íazciu inoinoria alguns denarios e diversas in-
TMANLIO
TFQVIRFAIJ
STINOBALS-
MANLIATF-
FAVSTINA
SOKORFKA
TI\IPIISSIMO
iivm.ii
DD-
EPVLODATO
Tito. Manlio.
Titi. Filio. Qiiirini. Fdii
stino. Balsciisi.
Faustina.
Soror. Fra
tri. Piíssimo.
Duumviro. Duo.
Dono. Dat.
Epido. Dato
1 «Da Gens Manlia, e como família patrícia muito illustre, e muito an-
tiga,porque já em 274 da edificação da cidade figurava como cônsul
Cneo Manlio, cognominado o Cincinnato, achámos memoria na numá-
ria e na lapidaria, da plebéa que desta procedeu, em Cicero, Dionysio
se*, que por duas vezes fora eleito duumviro^ fiUio de Tito
Quirino, dedica sua irmã Manlia Faustina, filha de Tito, (este
monumento) dado o banquete fúnebre^.»
«Tem a primeira inscripção elevada importância: em pri-
meiro logar porque parece contrariar, pelo sitio onde foi des-
coberta, as asserçiões dos antigos geographos Mela e Ptolo-
meo, que assignam aos povos balsenses, ou antes a Balsa,
cidade a mais considerável do districto da Lusitânia, onde
demoravam os ditos povos, a área em que hoje existe Tavira;
era segundo logar porque revela a consideração que a f^imilia
Rutilia merecia, não só aos seus concidadãos balsenses, mas
ainda a indivíduos de outras localidades, figurando entre os
que concorreram para a erecção de um monumento em sua
honra, um que, pela designação de pacense, da a ver que era
natural de outra cidade importante da Lusitânia, isto é, de
Pax Júlia, hoje Beja ; e finalmente porque consignando os no-
mes de dezeseis diflerentes personagens, que, por motivos
sem duvida elevados, determinaram em commum prestar ho-
menagem á memoria de uma familia que respeitavam, des-
gion en general; envers ses parents, ses proches, ses niaitres et sa pa-
trie, etc. — Freund, Grand dict. de la langue latine.*
1 'Balsense^ vide nota 2 da inscripção antecedente.»
2 tDunmvir, au sing., preniière niagistrature des villes niunicipales.
On appelait duunivirs dans les colonies romaines des magistrais qui y
tenaient le même rang et avaient la mème autorité que les consuls à Roíne.
— Boinvilliers, Dict. des ant. grecq. et rom.. — Usavam a toga pretexta.
— Magistratibus ia coloniis, niunicii)iisque pratexíse habendse jus est;
nec id ut vivi soluni babeljant tantuin insigne, sed etiam ut cum eo
crenientur niorlui. Liv. XXXIY. 7. Krani eleitos d'entro a corporação
dos decuriõcs, corporação composta de dez indivíduos que nas cidades
municipaes representavam o senado romano. — Danet, Dict. Ant. Roma-
nonim.»
2 uEpuhtm, sive cana funehris crat duorum generum : una in rogo
Diis Mianibus parabatur: altera proxiniioribus et aiiiicis. IIoc pro|)rir
epulum fúnebre. — IMtiscuSjLcJífo» Ant. liomanoruni : Pomcy, Lihilina,
seu de fuiíeribus.»
:
i9
ANNXXXIII
GBLOSSIVSSATV
RNINVSGALERIA
NAPOLITANVS^AFE
RARENIENSISIINCO
LABALSENSISFILI
AEPIENTISSMAE
HSESTTL
1 Seni i^rro ila copia ? PaiTcr dever sei- NAPOLITANA.
20
DIMS-
CANMVS
ROMVLVS
ANNORVM
XXVIIÍ
HSESTTL-
Diis. Mamhm. Sacrum
Caí lis. Aimiiis
liomitfm
Annonim
yi(l'nili. Ocío
Jlic. Silas. Est. Sit. Tibi. Terra, levis
^2:{
D MS-
TMANLIUS
LACONAN
NORLV-
HSESTTL-
Diis. Mcmihus. Sacrum
Manlms
Ti tas.
Laconevsis. An
noriim. qiúuquagintaquihqdc
H/c. Sitiis. Est. Sit. Tibi. Terra. Lcvis
21
DMS-
CATl RICO-VPATO-
VXT- AIS. ..ii>. . .1111
DIIÍS-VIII CATVRICA
AGATjlME-A MAUITOBE
NEMKPxElNTI PO^V» T
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1 Fdi nos ofTort-cidõ lin novo annos polo sr. Augusto Círios Tcixoira
lie AniiíJo.
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FAYKITAT, ^
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•y.^f'í'Z, Evéno, o nomo do pao, não é dos mui vulgares, e signi-
fica (luasi o niosnio que o boievulo, o amável. 'Avrioy.l; é propriamente
um adjectivo geographico, formado de uma das diííerentes povoações
com o nome de 'Avrtox.íía, ou Antiochia, que exisliam na Ásia. Mas não
se tia de concluir isto com segurança, que a mãe era elTectivanienfe na-
(iiral de uma das Antiodiias; pôde ter sido somente um simples appel-
lido...
poderia passar.
Apesar de alguns autores antigos encar^ecerem a gr^andeza
de Balsa, não par^ece ainda assim ver^osimil que esta cidade
corresse sobre uma zona de mais de 3 kilometr-os, como ha
entre a Tor-re dWr^es e Santa Luzia; e por isso o que com
mais pi^obabilidade se pôde julgar, é que este sitio fosse antes
cultivado e povoado por colonos dependentes da jurisdicção
halsense, e que entr^. elle e Balsa passasse uma estr^ada. Se
esta estrada, admittindo cjue tivesse existido, seria a que li-
vm
^^<li(t<> C><íf<>C>^fO-(>if^ o^'^<>^oè>o<>^!f^
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LEiTusAS nmkm
SEMANÁRIO RELÍGÍOSO E INSTRUCTÍVO
CREADO XO 1." DE OUTUBRO DE 1861
ANNOS ANTERIORES
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PORTUGAL BRAZIL
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LISBOA
TYPOGRAPHIA DA NAÇÃO
Rua da EncarnaçSo— 20
1863
AO PUBLICO
PORTIGAL
Terra da minha pátria, minha triste e deso-
lada pátria! Terra do meu amor e das minhas
saudades! Porque te amo eu tanto? Porque vi-
vas tenho em ti as minhas crenças, as rainhas
affeiçòes, e as minhas esperanças?
É porque os meus olhos abrindo-se á luz do
mundo aprenderam logo a embeber-se nos teus
enlevos; porque o teu ar benéfico, perfuman-
do-se da fragrância (i;is íuas flores, foi o primei-
ro alimento da minha vida porque as tuas san-
;
catholico.
Carlos archiduque de Áustria chegou 8 Lis-
boa a 7 de março de 1704, e no dia 28 do
raesmo mez deixou a curte, sendo acompanha-
do até á praça de Almeida pelo monarcha por-
tuguez, a cujo cargo coube levantar um exer-
cito auxiliar de doze mil infantes e Irez milca-
vallos, e á custa das nações alliadas mais treze
mil homens.
Começou então a guerra em todo seu vi-
gor.
Tendo duque de Bervio, na
o general francez
qualidade de commandante das tropas das duas
nações protectoras de Philippe d'Aniou, impe-
dido ás forç;is portuguezas, commandadas pelo
marquez das Minas e pelo conde de Gohvai,
a passagem do rio Águeda, tiveram os dois
monarchas de voltar para Lisboa, afim de se
prepararem com mais forte poder para reco-
meçar a guerra.
—11—
No de agosto de 1704 chegou ás aguas
dia 1
João ÍI de Portugal.
As tristes represálias tomadas pelo oíTendido
povo de Olivença contra os castelhanos mais vi-
sinhos, nos últimos dois mezesdo anno de 164-1,
mostram bem manifestamente, que um tal povo
não pôde jamais conciliar-se com extrangeiras
dominações, e que, não estando ainda extincta
a raça desses heroes de outros tempos, somen-
te anceia hoje pelo dia em que no horisontedas
suas esperanças deve raiar a aurora da liber-
dade.
Não tendo a coroa portugueza dado causa ao
rompimento da Convenção de Madrid de i5 de
julho de '1793, que firmava a amisade e mutua
alliança que devera haver entre as duas monar-
chias da peninsula, D. Carlos IV fazendo trata-
dos secretos com a republica franceza paraaoc-
cupação de Portugal, e tomando á força de ar-
mas a praça de Olivença, não foi menos traidor
para com o príncipe regente D. João, do que
foi o almirante Pvooke para com D. Carlos III,
ARTIGO 105
FÉ CiTHOLIGÂ
A Cruz C a lEspaiIa —
Narrações da c/ner-
—
rado Oriento Campanhas de ISõ-I e ISõõ —
Ura rol. in 8% de 320 pag;.
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A fdevokiçâo dedicada aos lIauecS>os
—Por Mr. de Segur — Interessante opúsculo,
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