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Como funciona?

Como reconhecer uma pessoa pela voz com a ajuda


de um osciloscópio?

O que é e como funciona um osciloscópio?


O osciloscópio é um instrumento de medida destinado a visualizar um sinal
eléctrico. Como muitas grandezas físicas são medidas através de um sinal
eléctrico, e que o osciloscópio é um instrumento muito sensível à tensão,
permite obter os valores instantâneos de sinais eléctricos rápidos, a medição de
tensões e correntes eléctricas, e ainda frequências e diferenças de fase de
oscilações. Por tudo isto, este é um aparelho muito utilizado por cientistas,
médicos, mecânicos, etc.
Figura 1

Distinguem-se geralmente os osciloscópios analógicos, que utilizam


directamente um múltiplo da tensão de entrada para produzir o desvio do feixe
de electrões, dos osciloscópios digitais ou numéricos que, antes de tudo,
transformam a tensão de entrada em números, utilizando um código binário. Irei
então abordar primeiramente o osciloscópio analógico, e de seguida explicar em
que difere o osciloscópio numérico do primeiro.

Osciloscópios Analógicos:
O osciloscópio permite observar numa tela plana uma diferença de potencial
(ddp), ou tensão eléctrica, em função do tempo, ou em função de uma outra
ddp. O elemento sensor é um feixe de electrões que, devido ao baixo valor da
sua massa e por serem partículas carregadas electricamente, podem ser
facilmente aceleradas e deflectidas pela acção de um campo eléctrico ou
magnético.

A diferença de potencial é lida a partir da posição de uma mancha luminosa


numa tela rectangular graduada. A mancha resulta do impacto do feixe de
electrões num alvo revestido de um material fluorescente.

O funcionamento interno do osciloscópio é, no entanto, mais complexo; passo


agora à sua explicação, tendo em conta a figura 2:
Figura 2
Legenda:
1 – Eléctrodos que desviam o feixe
2 – Cátodo de electrões
3 – Feixe de electrões
4 – Bobina que converge o feixe
5 – Face interior do ecrã coberta por material fluorescente

Os raios catódicos são feixes de electrões (3) emitidos por um cátodo (eléctrodo,
fonte primária de electrões).

Este cátodo (2) encontra-se num tubo que contém um gás a baixa pressão, e no
qual os electrões, emitidos pelo cátodo, são acelerados por um campo eléctrico.
Este tubo tem o nome de tubo catódico, ou tubo de raios catódicos.

Este feixe de electrões (3) é orientado magneticamente pela bobina (4), que
converge o feixe para as placas electrónicas ou deflectoras (1), cuja função é
absorver a maior quantidade possível de electrões emitidos pelo cátodo.
Figura 3: Tubo catódico de um osciloscópio

A trajectória do feixe electrónico é agora rectilínea. Para se ter a possibilidade de


registar fenómenos variáveis no tempo o feixe terá de se deslocar de modo a
criar uma imagem do fenómeno a observar. Isso consegue-se através das placas
deflectoras que, graças ao seu campo eléctrico, “obrigam” o feixe a atravessar
uma região do espaço.

Figura 4

Imaginemos que temos então um feixe de electrões (materializado por um único


ponto no ecrã) que, depois de ter sido convergido pela bobina, passa entre as 4
placas electrónicas (1 e figura 4). Se aplicarmos uma tensão (ou diferença de
potencial) variável entre as placas P3 e P4 (perpendiculares às outras duas), o
nosso feixe será desviado para cima ou para baixo, dependendo da polaridade
da tensão. Se P3 é mais positivo que P4, o desvio será feito para cima; se for o
inverso, o desvio será feito para baixo. Podemos repetir a operação para P1 e
P2; segundo a polaridade da tensão o feixe dirigir-se-à para a direita ou para a
esquerda. Uma tensão fraca provoca um pequeno desvio, e uma tensão
excessiva fará desaparecer o ponto do ecrã; a intensidade do feixe é mantida
constante.

Normalmente, a deflexão horizontal (resultante da aplicação de uma tensão nas


placas verticais P1 e P2) é proporcional ao tempo, e a deflexão vertical
(resultante da aplicação de uma tensão nas placas P3 e P4) é proporcional à
tensão.

O ecrã é a etapa final de todo processo executado pelo osciloscópio, pois é nele
que se visualizam as imagens que serão posteriormente analisadas. O material
utilizado é o vidro, e a sua face interior (5) é revestida por um material
fluorescente, como o fósforo ou o sulfato de zinco, que ao receberem o impacto
do feixe de electrões, emitem luz.

Figura 5

Osciloscópios Digitais:
A tensão de entrada (sinal eléctrico/analógico) é digitalizada (convertido para
números) por um conversor analógico-digital. A capacidade do aparelho de
traçar um sinal de frequência elevada sem distorção depende da qualidade deste
conversor. O sinal digital é agora utilizado para criar um conjunto de
informações que é armazenado na memória de um microprocessador. O
conjunto de informações é processado e então enviado para o ecrã. Nos
osciloscópios analógicos, isto dá-se através de um tubo de raios catódicos;
porém, nos osciloscópios digitais, pode também ser através de um ecrã LCD.
Osciloscópios com um ecrã LCD colorido são comuns.

O osciloscópio digital substitui o método utilizado no osciloscópio de


armazenamento analógico por uma memória digital, que é capaz de armazenar
as informações por quanto tempo forem necessárias sem degradação. Está
também equipado com filtros que, aplicados ao sinal digital, permitem aumentar
a visibilidade de detalhes. O próprio software de análise de sinal pode extrair
muitas características úteis como a frequência, o comprimento de onda e a
amplitude, espectros de frequência, histogramas e estatísticas, mapas de
persistência, e um grande número de parâmetros úteis para qualquer utilizador
de um osciloscópio.

Os osciloscópios digitais têm esta função, que pode revelar-se útil para
responder à questão mais abaixo: permitir a visualização de duas ondas em
simultâneo, facilitando assim a comparação de dois sinais diferentes.

Figura 6

Tem-se falado de formas de identificação alternativas à impressão digital. Uma


Como reconhecer uma
dessas formas poderia ser o registo da voz.
pessoa pela voz com a ajuda do osciloscópio?
Antes de responder directamente a esta questão, há que esclarecer alguns
conceitos em torno do som, da onda sonora e das suas características.

O som tem origem na vibração de partículas ou corpos. A onda sonora é então


uma onda mecânica: necessita de um meio material para se propagar. Assim,
não há som no vácuo, visto não haverem partículas que possam vibrar.
Na origem de um som está sempre a vibração de um corpo. A vibração consiste
em movimentos do corpo, por vezes imperceptíveis, mas suficientes para causar
uma perturbação no meio em redor (normalmente, o ar). No caso da voz
humana, resulta das vibrações das cordas vocais, cujos músculos podem esticar
mais ou menos, o que lhes permite vibrar de formas diferentes – tanto em
frequência (nº de ondas por unidade de tempo) como em amplitude (oscilação
da onda relativamente à sua posição média) - quando o ar passa por elas. Além
das cordas vocais contribuem também para a produção da voz o nariz e a boca,
bem como os pulmões.

A intensidade do som é a característica que permite distinguir um som forte de


um som fraco. Um som forte, mais intenso, pode ser ouvido a maior distância
que um som fraco. Um som é tanto mais intenso quanto maior for a amplitude
da sua oscilação. No entanto, a intensidade depende também da frequência da
onda.

A altura do som está directamente relacionada com a frequência da onda


sonora: um som é tanto mais alto quanto maior for a sua frequência. Um som
alto, com maior frequência, será mais agudo que um som baixo, grave.

Logo, assim como a frequência e a amplitude da onda sonora são determinadas


pela frequência e a amplitude da fonte sonora, é também ela que determina a
intensidade e a altura da onda.

Figura 7

No entanto, existe outra característica da onda sonora que é extremamente


importante: havendo dois instrumentos diferentes que tocam a mesma nota
(emitem um som com a mesma frequência), como nos é possível distingui-los
pelo som? Os dois instrumentos têm timbres diferentes. O timbre resulta da
combinação de um som fundamental e dos seus harmónicos. Um som
fundamental ou simples é emitido, por exemplo, pelo diapasão. Ao vibrar, ele
emite uma onda harmónica, isto é, com um só comprimento de onda e com uma
frequência bem definida. Porém, quase todos os outros sons não são simples,
mas sim complexos: a onda que emitem não tem uma frequência bem definida.
Aquilo que confere características particulares ao som de um instrumento
musical ou de uma voz humana é então o número de harmónicos (som puro
cuja frequência seja um múltiplo inteiro de uma dada frequência) que intervêm e
a proporção com que cada um entra no som resultante.

É então esta a característica que pode permitir um sistema de reconhecimento


por voz: o timbre, graças ao qual todos temos vozes diferentes, e únicas, tal
como as nossas impressões digitais.

Este sistema de reconhecimento por voz implica, antes de tudo, um microfone,


que irá converter o nosso sinal sonoro num sinal eléctrico com a mesma
informação. O sinal eléctrico é de seguida transmitido para um osciloscópio
digital, no qual o sinal eléctrico é digitalizado por um conversor analógico-digital.
O sinal digital forma agora um conjunto de informações que serão processadas
por um microprocessador, e comparadas com outras informações do mesmo tipo
que se encontram na memória digital do osciloscópio, ou num computador a ele
ligado. Essas informações consistem noutras gravações de voz, entre as quais se
encontra, possivelmente, a nossa. A comparação é feita ao nível do som emitido,
e também pode ser feita ao nível de uma frase ou palavra específica a ser dita
pela pessoa a identificar. Ao encontrar uma gravação cujo código binário seja
semelhante ao nosso, um determinado sistema ligado ao osciloscópio irá dar-nos
acesso àquilo que pretendíamos, e que não conseguiríamos obter sem este
sistema de identificação.

Ao contrário daquilo que se possa pensar, este sistema é fiável, e pequenas


alterações na nossa voz não nos impedem de o utilizar. A voz humana é
constituída por sons nasais e por sons vocálicos. Mesmo que a pessoa a ser
identificada esteja constipada, ou rouca, verificou-se em sistemas deste tipo que
as altas frequências sofrem poucas variações, não interferindo no
reconhecimento da voz. É necessário também que a gravação de voz que está
na memória digital do osciloscópio/computador tenha sido repetida e gravada
várias vezes, para que o aparelho possa eliminar pequenos erros, por meio da
comparação, que poderiam dificultar a identificação da voz.
Fígura 8 - A figura de Lissajous num osciloscópio

Bibliografia:
Ventura, G.; Fiolhais, M.; Fiolhais, C.; Paiva, J.; Ferreira, A. J.; 11 F, Física A –
Bloco 2; 1ª edição; 2005; Texto Editores; Lisboa.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Oscilosc%C3%B3pio

http://piano.dsi.uminho.pt/disciplinas/LECOMLI1/material/osciloscopio.pdf

http://perso.orange.fr/f6crp/elec/index.htm

http://fr.wikipedia.org/wiki/Tube_cathodique

http://www.del.ufms.br/tutoriais/oscilosc/oscilosc.htm

http://inventabrasilnet.t5.com.br/soria.htm

(sites consultados em Janeiro 2007)

Imagens:

Figura 1: http://www.geol.lsu.edu/Faculty/Juan/Educational%20S...

Figura 2: http://fr.wikipedia.org/wiki/Tube_cathodique

Figura 3: http://dnpro.free.fr/oscilloscope/images/canon0.jpg

Figura 4: http://perso.orange.fr/f6crp/elec/index.htm
Figura 5: http://tboivin.free.fr/mpi/oscilloscope/page05.htm

Figura 6: http://perso.orange.fr/e-lektronik/LEKTRONIK/M4.htm#Oscilloscope

Figura 7: http://www.oceanexplorer.noaa.gov/

Figura 8: http://www.commons.wikimedia.org/wiki/Image:Lissajous_fi...

Figura da capa: http://superpositioned.com/files/instek.jpg

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