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Iluminação

Lâmpadas: Panorama Geral


Arq. Marcos Castilha

Luz pela energia elétrica: A Lâmpada de Edison


As experiências sobre produzir luz com o emprego da eletricidade, resultaram, ainda Thomas Alva Edison tinha a convicção que a maneira mais prática
no século XIX, em dois processos que são a base conceitual de praticamente todas as de se obter luz consistia em transformar energia elétrica em energia
lâmpadas disponíveis hoje em dia: térmica e esta em luz. Em 1879 a primeira lâmpada incandescente
contava com filamento de carvão, embutido dentro de uma lâmpa-
O Arco Voltáico (Carbon Arc) da de vidro, onde era feito o vácuo. O carvão tornava-se luminoso,
mas a volatilização do filamento provocava o escurecimento do vidro
Em 1802, Sir Humphrey Davy iniciou mediante a deposição dos vapores. Estudos posteriores levaram a
seus experimentos com a eletricidade utilização do tantálio e, já em 1907, do tungstênio, que possui alto
proveniente de uma pilha. Ligando dois ponto de fusão.
fios aos pólos da pilha, prendeu uma
barra de carvão na extremidade de A introdução de gases como argônio ou criptônio no interior da
cada uma. Pondo os carvões em contato e separando-os em seguida, obteve intensa lâmpada foi outra solução adotada para aumentar ainda mais a vida
emissão de luz, caracterizando o fenômeno conhecido como arco voltáico, resultado da útil da mesma. As pesquisas com a lâmpada incandescente levaram
passagem da corrente elétrica de um eletrodo para o outro. O arco é constituido por Edison a descobrir o fenômeno de aparecimento de uma ação elétrica em volta das
vapores da substância dos eletrodos. O arco voltáico foi durante muito tempo a melhor lâmpadas, fenômeno este que resultou no advento da válvula elétrica, em 1883.
alternativa para sistemas que necessitam de fonte de
luz intensa, como por exemplo os projetores de cine- O que uma lâmpada pode fazer por você?
ma, canhôes seguidores para grandes espetáculos
e também as luzes de busca (searchlights), para fins Temos hoje uma enorme variedade de lâmpadas no mercado, das incandescentes mais
militares ou simplesmente promocionais. simples até as mais sofisticadas lâmpadas de descarga. Se pensarmos em termos de
mercado mundial, esta variedade se multiplica por dez. Precisamos ter em mente que não
Sistemas de arco voltáico ainda são fabricados e uti- existe lâmpada ruim ou boa, o que existe é lâmpada adequada ou inadequada ao uso
lizados em alguns equipamentos; muitos acreditam que se quer fazer dela. Desta forma, precisamos conhecer alguns parâmetros que nos
ainda que o arco é a fonte de luz ideal para a correta possibilitem fazer a avaliação:
projeção das películas Technicolor, outros o defendem
simplesmente a beleza de sua luz. Searchlight de arco voltáico
ainda em funcionamento.
Marcos Castilha / Lâmpadas - Panorama Geral

1 - Tensão de operação: Lâmpadas incandescentes, incandescentes halógenas e algu- • Quente: 2500 / 4000k - Incandescentes e halógenas em geral, algumas fluorescentes
mas lâmpadas de descarga operam sendo conectadas diretamente à tensão da rede, ou e algumas metálicas.
seja, 110 ou 220v. Algumas operam em tensões de 12v ou 28v. Nestes casos, quase • Neutro: 4000 / 4900k - Algumas fluorescentes e de vapores metálicos.
sempre estamos falando de redes alimentadas por bateria ou então convertidas para a • Fria: acima de 5000 K - Semelhante à luz do dia. fluorescentes convencionais, vapor
baixa tensão por meio de transformador. Em aplicações de luz cênica muitas vezes é de mercúrio, vapor metálico.
utilizado o circuito em série, para viabilizar a conexão de lâmpadas de baixa tensão em
redes convencionais de 110 ou 220v. 6 - Índice de Reprodução de cor: Para que uma lâmpada propicie boa reprodução de
cores, é preciso que ela emita radiação luminosa em toda a faixa do espectro visível. O
2 - Equipamento Auxiliar necessário: Equipamento auxiliar é todo e qualquer dispositivo indice de reprodução de cores IRC é obtido em função do cálculo do desvio na reprodu-
elétrico ou eletrônico necessário para fazer funcionar uma lâmpada. Quase todas as lâm- ção das cores principais do espectro. O IRC é medido em uma escala de 0 (zero), até 100.
padas de descarga precisam de pelo menos um reator para operar, e algumas necessi- O valor nulo corresponderia à uma lâmpada colorida (verde, amarela...), que só é capaz
tam também de ignitor. Estes são dispositivos encarregados de prover a lâmpada de tensão de reproduzir a cor correspondente à sua própria. o valor de 100 poderemos encontrar
e correntes adequadas para iniciar e manter a ionização dos gases nelas contidos. nas lâmpadas halógenas e incandescentes, que são fontes de espectro contínuo, ou seja,
emitem luz em todas as faixas do espectro.
3 - Potência: Potência consumida pela lâmpada, normalmente expressa em Watts. A
potência tem relação direta com a quantidade de luz emitida pela lâmpada. IRC e temperatura de cor não estão sempre relacionados. Lâmpadas de descarga, que
geralmente possuem temperatura de cor elevada, em vários casos apresentam IRC
4 - Fluxo luminoso: Lâmpadas de mesma potência podem iluminar de forma diferente. moderado ou até mesmo ruim, pois seu espectro é interrompido. De forma geral, sempre
Basta observar uma lâmpada incandescente de 40w e uma lâmpada fluorescente também devemos procurar comparar IRC entre lâmpadas de mesma temperatura de cor. Teremos
de 40w. Claramente a fluorescente nos fornece mais luz, pois consegue propiciar maior fluxo uma reprodução de cores excelente quando utilizarmos lâmpadas de IRC 90 a 100.
luminoso com a mesma potência consumida. O fluxo luminoso é medido em lúmens (lm). Quando empregarmos lâmpadas de IRC 80 a 90, a reprodução será classificada como boa.
Também podemos avaliar o mesmo aspecto através do conceito de eficácia luminosa, que
relaciona o fluxo luminoso com a potência consumida. A eficácia é expressa em lúmen por 7 - Vida útil: Toda lâmpada tem um tempo de duração, ou tempo de vida, o qual normal-
watt (lm/W). mente é medido em horas. As lâmpadas incandescentes comuns duram em geral 1000
horas; já as lâmpadas fluorescentes ou de mercúrio chegam a durar até 16.000 horas.
Para avaliar lâmpadas refletoras normalmente utiliza-se o valor da intensidade lumi- Existem lâmpadas para aplicações especiais que, em troca do fornecimento de um alto
nosa, que é a luz emitida por unidade de ângulo sólido em uma direção específica. A fluxo luminoso, tem vida útil de 50 ou 100 horas no máximo. Vale citar que uma lâmpada
intensidade luminosa é expressa em candelas (cd). que é constantemente acesa e apagada terá vida útil menor do que uma que permanece
acesa por períodos mais extensos. Isso é mais marcante nas lâmpadas de descarga, da
5 - Temperatura de cor: A lâmpada incandescente da sua sala de jantar é uma lâmpada mesma forma que rápidos acendimentos de lâmpadas incandescentes, que provoquem
branca, e a fluorescente da sua cozinha também, mas lado a lado, você dirá que uma é extremas diferenças de temperaturas, podem provocar a sua queima.
“azulada” ou outra é “avermelhada”; ou então que uma proporciona um aspecto “frio” e outra
um aspecto “quente”. A graduação da cor da luz é classificada pelo método da temperatura 8 - Preço: Componente indispensável, obviamente, para avaliação. O preço não é só o da
de cor correlata. A cor da luz é comparada com a luz de uma barra de ferro aquecida lâmpada, mas sim da instalação que a envolve, dos gastos com energia e dos custos de
intensamente, cuja temperatura é conhecida. Desta forma, a cor da luz pode ser especi- reposição. Uma lâmpada de custo de instalação mais baixo pode se tornar um problema
ficada por um valor em Kelvin (K). se for uma fonte geradora de muito calor, pois aumentará os gastos com ar condicionado
para refrigerar o ambiente, por exemplo.
Isso já explica por que fontes de luz classificadas como “frias” tem temperatura de cor
mais alta do que fontes de luz classificadas como “quentes”. Aspecto frio ou quente é
um fator subjetivo, relativo às sensações psicológicas que as cores nos propiciam; não
confundir nunca com a carga térmica gerada pela lâmpada.
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Lâmpadas incandescentes: um plano específico. Estas lâmpadas se popularizaram a partir da decada de 60, com o
crescimento da utilização da iluminação direcional em comércio e residências.
As incandescentes formaram uma grande familia no decorrer do século XX, mas em geral
pouco evoluiram sobre o conceito do filamento de tungstênio dentro de um bulbo cheio de Palco, Estúdio e Projeção: Estas finalidades demandam uma família de lâmpadas que
gás inerte. A maior revolução em se falando de lâmpadas de filamento foi o advento da proporcionem grande fluxo luminoso e, as vezes temperatura de cor mais alta. Isso é
lâmpada incandescente halógena. Hoje temos a disposição milhares de modelos de lâm- obtido normalmente com uma peça de pequenas dimensões, que abriga um filamento
padas incandescentes, em diversos acabamentos, tamanhos, finalidades, horas de vida, de grande potência. Lâmpadas como por
fluxos luminosos e etc. Basicamente as incandescentes estão subjugadas à uma equa- exemplo as photo-flood proporcionam um
ção que diz que, quanto maior seu fluxo luminoso, menor a sua duração e vice versa. intenso fluxo luminoso, com temperaturas
de cor que se aproximam da luz do dia,
Funcionalmente falando, as lâmpadas incandescentes podem ser subtituidas com van- em alguns modelos. Mas como isso é
tagem por algum modelo de lâmpada de descarga ou halógena. No entanto, o bulbo obtido mediante a incandescência do
incandescente se tornou um “clássico” e hoje tais lâmpadas são empregadas muitas filamento à altas temperaturas, normal-
vezes com um caráter decorativo ou iconográfico. Elas são ligadas diretamente à rede mente estas lâmpadas possuem vida
elétrica e podem trabalhar em conjunto com dimmers, possibilitando efeitos cênicos ou útil de 25 a 50 horas.
decorativos muito interessantes.
Lâmpadas para projetores e refletores
Convencionais: A lâmpada em sua forma mais tradicional. O bulbo redondo pode ter um pressupôem um filamento com forma e
acabamento transparente ou fosco. Vamos encontrá-las normalmente em potências de 25 posicionamento específicos, bem como
a 500w. Existem algumas versões com bulbos e filamentos de maior resistência mecânica uma base (soquete) especial para per-
(rough service) ou ainda com bulbos revestidos de silicone, o que evita estilhaçamento. mitir um alinhamento preciso em siste-
São também produzidas algumas versões com bulbos em acabamento azulado, para mas óticos complexos.
simular uma luz branca, mas de temperatura de cor mais elevada. Lâmpadas incandescentes
para projetores e refletores
As lâmpadas incandescentes para estas
Decorativas: Versões em formatos e cores diver- funções vem sendo rapidamente substituidas pelas
sificados, que imitam a forma de velas ou até lâmpadas incandescentes halógenas, mas ainda são
mesmo o efeito destas. Ainda são largamente utilizadas em projetores e refletores mais antigos,
utilizadas em decorações de natal. Estarão como os projetores de slide tipo “carrossel” ou os clás-
presentes também em ambientes que empre- sicos refletores de teatro conhecidos como “sapão”.
guem luminárias antigas ou reproduções Alguns estúdios de fotografia ainda se utilizam das
de ambientes de parques de diversões ou lâmpadas photo-flood.
ambientes circenses. As potências variam de
5 a 60w. Existem também micro-incandescentes Incandescentes espelhadas Deixando o aspecto funcional de lado, estas lâmpa-
decorativas, montadas em circuitos série, também muito das podem ser utilizadas para produzir efeitos cênicos
empregadas em decorações. interessantes, que explorem por exemplo a tonalidade
mais amarelada da luz em refletores antigos, ou então
Espelhadas ou refletoras: São incandescentes com a luz quase daylight produzida pelas lâmpadas photo-Flood..
bulbo em formatos específicos, do formato pêra ou
standard aos formatos baseados em parábolas ou até Lâmpadas incandescentes halógenas:
mesmo elipses. Parte do bulbo é espelhada, formando
um conjunto que possibilita o direcionamento da luz sobre Seu nome correto traduz-se por “lâmpada de tungstênio-halogênio”. As halógenas são
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lâmpadas incandescentes de alta pressão, que contém gases halógenos no interior do volts. Isto proporcionou uma peça ainda menor, com um filamento muito pequeno. Este
bulbo, como Iodo ou Bromo. Estes gases promovem o chamado “ciclo halógeno”, que bulbo é inserido em um refletor multifacetado em vidro dicróico, o qual reflete e redirecio-
consiste em uma reação química entre o gás e o tungstênio do filamento, a qual permite na a luz e refrata boa parte do calor.
que os vapores de tungstênio emitidos pelo filamento em alta temperatura, sejam recicla-
dos na superfície do mesmo em lugar de de depositar nas paredes do bulbo. O bulbo é Disso resulta uma lâmpada de alta eficiência lumino-
feito de quartzo. Desta forma, o filamento trabalha em altas temperaturas, proporcionando sa e precisão ótica, com a vantagem de não aquecer
maior fluxo luminoso e temperatura de cor mais alta, tudo em um conjunto de dimensões o objeto ao qual está iluminando. As dicróicas são
muito pequenas. encontradas com aberturas de facho de 10, 24, 38,
e 60 graus, em versões com e sem vidro frontal, cuja
Novas versões de lâmpada halógena estão incluindo um revestimento especial sobre o presença impede a deterioração do refletor dicróico. As
tubo de quartzo, que refrata somente a luz e reflete a radiação infra- potências variam de 20 a 75w. A lâmpada bipino é uma
vermelha novamente para o interior da lâmpada. Desta forma, a incan- versão com o mesmo tubo e filamento, porém sem o
descência do filamento pode ser obtida com menor consumo de energia. Dicróicas de 12 e 110v. refletor dicróico.

As halógenas operam ligadas diretamente à tensão de rede e aceitam As lâmpadas dicróica e bipino normalmente operam associadas à um
dimmerização; no entanto, o ciclo halógeno não se completa abaixo transformador, que converte a tensão de rede para 12v. Em aplicações teatrais é comum
de uma temperatura ideal e lâmpadas que estão constantemente vê-las ligadas em circuitos série de 10 lâmpadas, permitindo a conexão em 110v sem o uso
operando dimmerizadas poderão sofrer escurecimento do tubo de de transformador.
quartzo. Vale citar que as versões de lâmpadas halógenas que não
tem duplo invólucro não podem ser tocadas diretamente com as Halógenas PAR: PAR é a sigla de “refletor parabólico aluminizado” em inglês. A lâmpada
mãos, pois a gordura presente na pele se deposita no quartzo e, ao PAR surgiu como incandescente comum e foi outra invenção que se popularizou rapi-
acender, gera diferenças de temperatura que provocam o rompimento damente, principalmente nos Estados Unidos. Basicamente consiste em um filamento ali-
do tubo de quartzo. A grande maioria das lâmpadas halógenas apre- nhado dentro de um bulbo
senta temperatura de cor entre 2800 e 3200k. em formato de refletor
parabólico, feito em
Halógenas Palito ou lapiseira: É um tipo de lâmpada que se popula- vidro prensado, com
rizou rapidamente e hoje é largamente utilizada comercialmente e grande resistência
até em residências. É uma lâmpada de contato bilateral, com um Variedade de lâmpadas mecânica. A parte
halógenas, incluindo
filamento que se extende por toda a extensão bipinos e palitos. interior do bulbo é
de seu invólucro; deste modo é uma lâmpada espelhada, fazendo
adequada para iluminação “aberta” ou “flood”. Halógenas um redirecionamento
PAR 16 a PAR 30
É encontrada em potências de 100 a 2000w da luz com grande eficiência. A porção frontal da peça conta ainda com
e necessita de contatos altamente resistentes lente ou prismas que influenciam o desenho final do facho emitido.
ao calor para operar com segurança. Tem
vida útil em torno de 2000 horas. • PAR 16, 20, 30 e 38: A numeração refere-se ao diâmetro do refletor. Estas PAR possuem
normalmente base de rosca E27 comum. São muito úteis e práticas em aplicações residen-
Halógenas dicróica e bipino: A lâmpada ciais e comerciais. São encontradas com aberturas de facho de 10 a 30 graus e possuem vida
halógena com refletor dicróico é uma invenção útil de 2000 a 4000 horas. Em geral são lâmpadas desenhadas para operar sob intempéries.
que revolucionou todas as categorias da ilumi-
nação. O conceito de lâmpada eficiente, de PAR 36: São mais comumente utilizadas para iluminação cênica ou comercial. A versão
pequenas dimensões foi otimizado pela utilização de uma tensão de operação em 12 mais popular é a de facho “pin”, extremamente concentrado, empregada no famoso spot
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“Pin-Beam”. Esta possui bornes de contato ao invés de rosca e potências de 30w em 12 das halógenas desta categoria em potências de
volts. Existe a PAR 36 DWE, de 650w em 110v, utilizada nos refletores “Mini-Brutt”. Uma 100 a 20.000 w.
versão da PAR 36, de 250w em 28v, utilizada como farol de aeronaves é conhecida também
como ACL. A ACL é utilizada em iluminação cênica devido ao seu intenso e concentrado Lâmpadas de Descarga
fluxo luminoso.
Podemos considerar as lâmpadas de descarga
• PAR 46 e PAR 56: como um desdobramento dos princípios do arco
Estas duas dimen- voltáico. Substitui-se os eletrodos de carvão por
sões englobam uma contatos metálicos isolados dentro de um tubo,
série de modelos, onde o arco ocorre não mais pelos vapores emi-
com diferentes potên- tidos dos eletrodos, mas sim pela ionização de um
cias, voltagens e gás contido no tubo. O vapor de mercúrio foi o primeiro a ser utilizado e é até hoje o gás
aberturas de facho. As Halógenas utilizado nas lâmpadas fluorescentes, na lâmpada vapor de mercúrio e também como
mais populares são a PAR 56 de 100w / 12v, que equipa o refletor Locolite e PAR 56 e PAR 64
parte da composição das lâmpadas de vapores metálicos.
a PAR 56 / 300w / 120v, que tem distribuição de luz semelhante à PAR 64.
Praticamente todas as lâmpadas de descarga necessitam de dispositivo auxiliar de par-
• PAR 64: É a maior da família e tem seu lugar de honra na iluminação cênica, equipando tida ou reator (ballast). Algumas demandam uso conjunto de ignitor e capacitor. Estes
os refletores utilizados para iluminação de shows e grandes espetáculos. Nos Estados dispositivos em alguns casos são integrados à lâmpada. A tecnologia dos reatores ele-
Unidos e Europa é utilizada também na iluminação de destaque em monumentos ou trônicos inteligentes já permite que alguns tipos de lâmpadas de descarga (fluorescentes
fachadas. As PAR 64 são fabricadas em 4 aberturas de facho básicas, denominadas geralmente e algumas de vapor metálico) sejam dimmerizadas.
popularmente de “focos” #1, #2, #5 e #6, os quais vão de aproximadamente 8 até 60
graus. As diferentes aberturas vão sendo obtidas por alterações na lente frontal da peça. Fluorescente: Pode ser chamada de lâmpada de mercúrio em baixa pressão.
A potência mais comum é a PAR 64 de 1000w / 120v, embora existam versões de 500w e Basicamente temos
também de 1000w / 220v. Em iluminação cênica encontraremos sempre lâmpadas PAR o vapor de mercúrio
64 / 120v ligadas em circuitos série de 2 lâmpadas, o qual é ligado na rede de 220v. em um tubo, o qual é
ionizado mediante a
Halógenas para palco, estúdio e projeção: Esta classificação abriga centenas de aplicação de descar-
lâmpadas que seguem os princípios anteriormente descritos para as incandescentes ga elétrica nas extre-
de mesma categoria: Lâmpadas de alto fluxo luminoso e precisão ótica, midades. O mercúrio
muitas vezes de alto custo e curta vida útil. A Grande maioria delas possui Halógenas bipino ionizado emite luz
base bipino, a qual possibilita alinhamento preciso nos para refletores basicamente na faixa
sistemas óticos. As mais populares da categoria são azul do espectro, e também uma grande
as lâmpadas T18 ou T19, de 500 a 1000w, que equi- quantidade de ultravioleta. Em função disto,
pam boa parte dos refletores do tipo PC, ou então o tubo recebe um revestimento de material
a FEP, de pequenas dimensões, que equipa alguns fosfórico, que converte o ultravioleta em
modelos de refletores elipsoidais. Temos também a energia luminosa nas outras frequências
lâmpada DYS, de 650w, desenvolvida para vídeo e do espectro. Desta forma temos a emissão
que também é empregada como fonte de luz nos em de luz branca com grande eficiência. A
refletores Raylite. Existem também versões espe- fluorescente convencional apresenta geralmente temperatura de cor em torno de 5000k e
ciais das halógenas palito, que atingem temperatu- IRC em torno de 60.
ras de cor de 3600 a 4000k. Encontraremos lâmpa-
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As fluorescentes foram introduzidas no mercado americano no começo da decada de 40, Vapor de Sódio: A substituição do mercúrio pelos vapores de sódio proporcionou uma
atingindo grande popularidade em função de sua eficiência e baixo custo de operação. lâmpada de altíssima eficiência luminosa, porém com baixos índices de reprodução de
Na decada de 80, o emprego de materiais fosforescentes feitos de terras raras viabilizou cores. A lâmpada de sódio em baixa pressão é ainda hoje a lâmpada de maior eficiência
a produção de lâmpadas fluorescentes mais eficientes, em várias temperaturas de cor luminosa. Foi pouquissimo utilizada no Brasil, sendo empregada nos Estados Unidos e
e com índices de reprodução de cor mais altos (acima de 85). Isso viabilizou o emprego Europa quase que somente na iluminação pública, pois emite luz monocromática (ama-
das fluorescentes na iluminação de cinema e tv, substituindo os refletores de luz aberta. rela), ou seja, tem IRC = 0.
As potências mais comuns são as de 16, 20, 32, 40 e 110w.
A versão mais popular é a Vapor de Sódio em alta pressão, que emite luz dourada - branca,
e alcança um IRC = 23. Hoje é a alternativa ideal onde eficiência é a prioridade e repro-
dução de cores não é o importante. Sua luz dourada pode ser utilizada também para
alguns efeitos dramáticos.

Na década de 90 foi introduzida a Vapor de sódio “branca”, resultado de um tubo de


descarga que inclui também o xenônio além do sódio. Uma lâmpada que simula a

Fluorescentes compactas em diver-


As fluorescentes compactas (PL, Dulux e etc) levaram as sos modelos, as 5 últimas possuem
reatores integrados.
fluorescentes onde as grandes dimensões das fluorescentes
convencionais seria um empecilho. Os reatores eletrônicos
permitiram a fabricação de lâmpadas fluorescentes com disparo integrado, que podem
simplesmente ser “enroscadas” onde antes havia uma incandescente. Uma fluorescente
compacta de 9w substitui uma incandescente de 60w. Vale citar que esta tecnologia de
reatores permite hoje extrair ganhos de até 30% a mais de luminosidade de uma fluores- Acima: Lâmpadas de sódio baixa
cente de mesma potência. As compactas são encontradas em temperaturas de cor entre pressão, alta pressão bulbo tubular e
alta pressão bulbo ovóide revestido. temperatura de cor das incandescentes, com alta
3000 e 5000k, e potências de 9 a 23w. O IRC chega a 85.
Lâmpadas de Mercúrio com e sem
Abaixo: Lâmpada de sódio “branca”. eficiência e IRC maior que 80. É uma lâmpada que pode
revestimento fosfórico. encontrar um bom campo na iluminação comercial.
Vapor de Mercúrio: Neste caso, o vapor de
mercúrio é ionizado em um pequeno tubo de
Vapor metálico: As lâmpadas de vapor metálico contém em seu tubo de
quartzo em alta pressão e temperatura. O tubo
arco, além do mercúrio, uma mistura de vapores de elementos metálicos,
fica envolto em um bulbo de vidro, também
além de sódio e tálio. Desta forma, obtém-se uma emissão luminosa em
revestido de fósforo, convertendo o ultravioleta
várias faixas do espectro, resultando em alto índice de reprodução de cores.
em energia luminosa. A lâmpada de Mercúrio
se popularizou na década de 50, principalmente
As lâmpadas de vapor metálico começaram a se popularizar, pelo menos no
para a iluminação pública. As potências mais
Brasil, no começo da década de 70, mas a grande impulsão no seu uso se
comuns são de 125, 250 e 400w. O IRC é baixo,
deu somente em fins da década de 80, com o lançamento de lâmpadas em
em torno de 50.
menores potências. É uma família de lâmpadas que cresceu muito na ulti-
ma década. Hoje temos versões em contato bilateral, bipino, bulbo ovóide,
Luz Mista: Contém um tubo de arco a vapor de
revestido ou não, PAR 38 e etc. As potências variam de 30 a 2000w.
mercúrio ligado em série com um filamento de tungstênio, que atua como “reator” para o
tubo de arco, além de complementar a luz em outras faixas do espectro, incrementando
Podemos encontrá-las em temperaturas de cor de 3000 a 5000k, e com
a reprodução de cores. É muito popular no Brasil, inclusive residencialmente. A eficiência
IRC de 70 a até acima de 90. Existem também versões onde a mistura dos
luminosa, no entanto, é menor do que a de Vapor de Mercúrio que emprega reator externo.
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elementos do tubo produz luz monocromática verde, azul, azul-esverdeado ou magenta. cuja construção prioriza a máxime eficiência luminosa e precisão ótica. Desta forma, são
lâmpadas que se prestam para a aplicações específicas, como em seguidores, searchli-
Luz negra: Os raios ultravioleta nas faixas entre 320nm a 400nm (UV-A) tem também a ghts, moving-lights, fresneis de cinema, projetores,
propriedade de tornar fluorescentes diversas substâncias, excitando os átomos do mate- maquinário medicinal, gráfico, fontes de luz para fibra
rial sobre o qual incide, fazendo-os emitir ondas cuja frequência varia para cada elemen- ótica e Etc.
to e que são percebidas pelo olho humano como um brilho.
Esta propriedade é explorada no efeito “luz negra”. Como a prioridade é a eficiência, geralmente tais
lâmpadas tem alto custo de aquisição e vida útil
Basicamente é utilizada uma Ao lado: Variedade de lâmpadas
mais limitada. Hoje uma lâmpada como a HMI alcança
lâmpada fluorescente, mercú- de vapores metálicos. Acima: Lâmpada HMI. o dobro do fluxo luminoso de uma lâmpada de Xenon, e
rio ou até de vapor metálico, Abaixo: Eficientes versões com tubo de Abaixo: Lâmpada MSR. uma lâmpada como a MSD já pode alcançar vida útil
arco cerâmico, formatos PAR e bipino.
com seu bulbo revestido por de 2000 horas.
um filtro especial, que blo-
queia o máximo possível de luz Novas tecnologias:
visível e permite a passagem da
faixa de ultravioleta desejada. Luz Até praticamente a década de 90, a produção de luz por
negra é um clássico em ilumina- energia elétrica praticamente se restringia às formas men-
ção de casas noturnas, também é cionadas até agora: Incandescência de um filamento ou
utilizada para destacar cenários e descarga por meio de eletrodos ionizando um gás.
pinturas com tintas fluorescentes. Hoje podemos contar com outros métodos, que
estão se mostrando muito promissores em termos
Xenon: São lâmpadas de descarga de durabilidade, versatilidade e baixo consumo de
que empregam o gás xenônio. As versões mais comuns energia:
destas lâmpadas equipam nossos flashes e os Strobos.
Nestas aplicações, o arco ocorre em “pulsos”, alimentados Indução Magnética: Nesta nova categoria de
pelas descargas de um capacitor. lâmpadas, não existem filamentos nem eletrodos.
O processo de ionização do gás ocorre por indução
O desenvolvimento de uma versão de lâmpada Xenon com arco con- magnética, proporcionado por um reator eletrônico.
tínuo e de pequenas dimensões permitiu substituir o arco voltáico em Acima: Lâmpada de indução
magnética. Uma vez que o desgaste de eletrodos é o princi-
seguidores, searchlights e projetores de cinema. Este tipo de lâmpada pal fator limitador da vida útil em lâmpadas de descarga, um
opera em alta pressão e temperatura. Possui IRC acima de 90 e tem- Abaixo: Refletores que pos-
processo de ionização que elimina estes componentes permite
peratura de cor em torno de 5000k, além de boa eficiência luminosa. suem LEDs como fonte de luz.
uma lâmpada de mais de 60.000 horas de
Esta versão é encontrada em potências de 400 a 10.000w. O alto custo duração. Muito útil em locais de difícil manu-
da lâmpada, além das complicações e cuidados envolvidos em sua tenção como túneis e Etc.
operação, a tornam viável somente para aplicações específicas, como
as mencionadas acima. Lâmpada Xenon (XBO)
LED: Led é a sigla de “light emitter diode”. É
um diodo semicondutor, formado pela junção
HMI, HTI, MSD e MSR: A tecnologia de descarga em multivapores metálicos tem se de dois pequenos cristais de silício, impreg-
mostrado mais eficiente do que a de lâmpadas xenon, para se produzir luz com alta nados com diferentes materiais. Os cristais
intensidade aliada à ótima reprodução de cores e temperaturas de cor próximas da luz que formam o diodo possuem carga elétrica
do dia. As lâmpadas HMI, MSR MSD e HTI são versões de lâmpadas de vapor metálico em polaridades opostas. Quando aplicamos
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uma voltagem no LED, a movimentação de elétrons gerada libera uma determinada Quadro comparativo geral: eficácia luminosa:
quantidade de energia em forma de luz.
Tipo de lâmpada Eficácia IRC Vida Útil Equip. Auxiliar Temp. de
A cor da luz emitida pelo LED é determinada (lm/W) (h) cor (K)
pelo tipo de material utilizado em sua cons-
Incandescente 16 1A 1000 - 2700
trução. Até há bem pouco tempo, o LED
emitia luz somente nas cores verde ou ver- Halógena palito 21 1A 2000 - 3000
melha. Sua combinação permitia a obten- Fluorescente conven- 70 2A 7500 Reator 5500
ção de luz amarela. A pequisa tecnológica cional
obteve, ainda nos anos 90, condições de Fluorescente trifósforo 103 1B 16000 Reator Eletrônico várias
produzir LEDs na cor azul, de onde decor-
Vapor de mercúrio 55 3 24000 Reator 4000
reu, através da combinação dos materiais,
a obtenção de LEDs brancos, amarelos, Acima: Leds acoplados a Vapor de sódio Alta 120 4 28000 Reator e ignitor 2000
lentes direcionadoras do fluxo Pressão
cor-de laranja e etc. As novas possibilidades luminoso
de cor e o aumento de sua eficiência luminosa, tornaram viável a Vapor metálico 80 a 90 1B 10000 Reator e ignitor 3000/5900
construção dos grandes paineis e telôes RGB, que hoje são comu- Abaixo: Leds montados em
“barras” (iluminação. linear) Xenon 40 1A - Fonte dedicada 5600
ms tanto na publicidade como em espetáculos.
HMI 100 1A 750 Reator dedicado 6000
Esta evolução está viabilizando seu emprego na iluminação, Lâmpada de indução 80 1B 60000 Reator dedicado 4000
particularmente onde a miniaturização, baixo consumo e magnética
operação segura são desejados. Sistemas baseados em Fluorescente compacta 80 1B 8000 - 2700/4000
LEDs já são adotados em museus, onde o calor e a emissão eletrônica
de UV são nocivos aos objetos expostos. Sistemas que com-
binam LEDs das três cores primárias (RGB), controlados por Quadro de correlação de índice de reprodução de cores (IRC)
um sistema inteligente de dimmerização estão sendo empre-
gados em aplicações comerciais e promocionais, em luminá- Fonte: Catálogo Osram 2002. / Light
IRC Faixa Classificação Aplicações
Fantastic - Max Keller (Ed. Prestel).
rias e refletores direcionais, gerando em 16.000.000 de cores
1A 90 - 100 Muito alto Gráfica / ateliê
diferentes, através da combinação das 3 cores primárias. A Obs1: Lâmpadas de mesma catego-
evolução destes dispositivos só depende do desenvolvimento 1B 80 - 89 Muito alto Escritório ria mas de potências ou fabricantes
de LEDs com fluxo luminoso cada vez maior. diversos podem apresentar diferentes
2A 70 - 79 Alto Escritório / uso geral
índices de eficácia luminosa.
2B 60 - 69 Alto Uso geral / indústrias
Bibliografia: Links: 3 40 - 59 Médio Indústrias / galpôes
Obs2: Consulte sempre as normas
técnicas e legislação vigente para
- Bulbman General Lighting Catalog. - www.bulbman.com 4 20 - 39 Baixo Rodovias / páteos saber o IRC desejado para
cada atividade.
- GE Lighting Lamp Products Catalog. - www.sylvania.com/prodinfo/welcome.htm
- Catálogos Philips. - www.skytrackersearchlights.com/
- Catálogos Osram. - w w w. k i n g b r i g h t - l e d . c o m / h t m l / Marcos Castilha - Arquitetura de Iluminação
- Revista Lume Arquitetura products.html
- Light Fantastic - Max Keller (Ed. Prestel). - www.uv-light.demon.co.uk/web-4-1.htm (11) 5683-2788 / 8211-9927
- Enciclopédia Britanica (Barsa). - www.highend.com
- www.lumearquitetura.com.br Email: macasti@terra.com.br
- www.ledpoint.com.br

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