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Curso Delegado Civil-CE

Direito Processual Civil


Prof. Roberto Rosio

Disciplina Direito Processual Civil


Aula Aula 4 - O processo civil e o controle
judicial dos atos administrativos

A Administração Pública se sujeita ao controle de seus atos pelo Poder Legislativo e


Judiciário.

Permite-se ao administrado provocar o Judiciário, não só para defesa de seus


interesses individuais, mas também aos interesses coletivos.

Para isso surgem algumas ações específicas:

- Mandado de segurança (individual e coletivo)

- Ação Civil Pública

- Ação Popular

- Ação de Improbidade

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Mandado de Segurança

• Fundamento Legal: Lei 12.016/09


art. 5o, LXIX CF

I. Conceito (art. 5o, LXIX CF)

Mandado de Segurança é o remédio constitucional contra qualquer


autoridade pública ou agente de pessoa jurídica que exerce de atribuições do
Poder Público que cometa ilegalidade ou abuso de poder, protegendo o titular
de direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data.

Pressupostos específicos (Maria Silvia):

1- Ato de autoridade
2- Ilegalidade ou abuso de poder
3- Lesão ou ameaça de direito
4- Direito líquido e certo não amparado por HC ou HD

I- Natureza da ação

Processo de conhecimento, de procedimento especial.

A autoridade coatora não pode resistir em cumprir o mandamento do


juiz, sob pena de desobediência (art. 26 LMS).

Preventivo: ANTES do ato coator (ameaça de direito)


Repressivo: APOS o ato coator (lesão)

II- Legitimidade

1- Ativa

- Qualquer pessoa, seja física ou jurídica, de direito privado ou


público, brasileira ou estrangeira.

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- Entes despersonalizados, como espólio, massa falida, condomínio


etc.

Órgão público pode impetrar MS em caso de defesa de suas


prerrogativas constitucionais. EX: Presidente, Câmara, Mesa do Senado, MP
etc.

Atenção: Se violar direito de várias pessoas, não existe litisconsórcio ativo


necessário, cada um pode impetrar por si, sendo o litisconsórcio facultativo (art.
1o, § 3o LMS).

Atenção: Se for coletivo pode impetrar (5º, LXX, CF)

1. Partido político
2. Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados

2- Passiva

Pode ser impetrado o MS contra ato de autoridade, e também contra


a pessoa jurídica a quem o agente está integrado (art. 6o LMS).

Obs: Pessoas Equiparadas a Autoridades (art. 1o, § 1o LMS)

1. Representantes ou órgãos de partidos políticos;


2. Administradores de Autarquias;
3. Dirigentes de pessoas jurídicas ou naturais no exercício do Poder
Público.

III- Pressuposto Específico: direito líquido e certo

Direito líquido e certo: deve ser comprovado de plano.

Não cabe dilação probatória no MS.

Se o documento de prova estiver com autoridade o art. 6o, § 1o LMS prevê um


incidente para que a autoridade apresente o documento.
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Direito líquido e certo, segundo a profa. Maria Silvia deve ter alguns requisitos:

1- Certeza jurídica: deve se basear em norma legal expressa ao caso, e


não por analogia.

2- Direito subjetivo do próprio impetrante: o impetrante não pode reivindicar


direito alheio, mas dele póprio. Para isso caberá outro tipod e açã ou até
mesmo MS coletivo.

3- Objeto determinado: não é possível pleitear direito de forma genérica,


mas direito determinado, expresso.

IV- Prazo para Impetração (art. 23 LMS)

O prazo é decadencial de 120 dias, sendo um prazo constitucional


(Sum. 632 STF).

Se for preventivo, não existe este prazo!

V- Procedimento

Caberá liminar sem oitiva da outra parte, para a suspensão do ato impugnado
(art. 7o, III LMS).

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Atenção: No MS coletivo só se defere a liminar depois de ouvida a parte


contrária.

O juiz tem 72 horas para decidir sobre a liminar, podendo exigir


caução (art.7o, §3o LMS).

Existem casos de proibição da liminar (art. 7o, § 2o LMS):

a. compensação de créditos tributários,


b. a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior,
c. a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e
d. a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou
pagamento de qualquer natureza

A sentença que denega ou concede a segurança é cabível a


apelação. Se conceder não cabe efeito suspensivo (art. 14, §§ 3o, 7o e 2o).

Ação Popular

• Fundamento legal: Lei 4.717/65


Art. 5º, LXXIII CF

I- CONCEITO e PRESSUPOSTOS

É a ação civil, cuja legitimidade pertence ao cidadão que serve para invalidar atos
praticados pelo poder público ou entidades de que participe, lesivos ao patrimônio
público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico
e cultural.

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Pressupostos:

1- Qualidade de cidadão
2- Ilegalidade ou imoralidade praticada pelo Poder Público
3- Lesão ao patrimônio público, moralidade administrativa, meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural (2P2M)

II- Legitimidade

1- Legitimidade Ativa

Qualquer cidadão: Possui título de eleitor (art. 1º, §3º da Lei 4.717/65)

Não se esqueça que legitimidade para propor Ação Popular é do cidadão e não do
Ministério Público. Em regra a atuação do parquet se limitará à função de fiscal da
lei.

Excepcionalmente o MP poderá:

a) Prosseguir com a ação, no prazo de 90 dias, caso o autor desista da ação ou dê


causa à absolvição da instância (além do MP, qualquer cidadão poderá dar
prosseguimento à ação);

b) Executar a sentença, se após a sentença condenatória de 2º grau decorrer 60 dias


sem o autor se manifestar.

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2- Legitimidade Passiva

Todos os indicados no art. 6º:

Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades


referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que
houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou
que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários
diretos do mesmo.

Cuidado: Pessoa jurídica do art. 6º §3º poderá contestar a ação, abster-se de


contestar ou atuar ao lado do autor!

Art. 6º

...

§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de
impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do
autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo
representante legal ou dirigente.

III- PROCEDIMENTO

Seguirá procedimento ordinário com algumas especificidades (art. 7º, lei 4.717/65).

- Citação pessoal, havendo possibilidade de citação por edital (art. 7º, II)

- o prazo para contestar de 20 dias.

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- instrução do processo admite todas as provas, e devem a testemunhal e pericial


serem requeridas antes do saneamento (art. 7º, V).

- Sentença: proferida em audiência.

Quando não o for, deverá ser prolatada em 15 dias apos o recebimento do processo
pelo juiz. (art. 7º, VI, lei 4.717/65).

A sentença proferida terá efeitos erga omnes (contra todos).

Exceção: no caso de improcedência por insuficiência de provas será inter partes,


atingindo somente o cidadão que a ajuizou.

DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO OBRIGATÓRIO

O art. 19 da lei de ação popular expressamente torna necessário o duplo grau de


jurisdição (reexame necessário), para duas situações:

- carência da ação (falta das condições)

- improcedência da ação

Súmulas

STF, nº 101 - O mandado de segurança não substitui a ação popular.

STF, nº 365 - Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Fundamento legal: art. 129, inc. III, CF (atribuições do MP).

Lei 7.347/85

I- CONCEITO

É instrumento processual destinado à proteção de interesses difusos da sociedade e,


excepcionalmente, para a proteção de interesses coletivos e/ou individuais
homogêneos.

Trata-se de instrumento criado com a finalidade de efetivar a responsabilização por


danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico.

Cuidado: Não serve, pois, para amparar direitos meramente individuais (há exceções,
como as previsões do ECA).

II- LEGITIMIDADE PARA A ACP

1- Ativa (arts. 5º LACP e 129, §1º CF):

- Ministério Público

- Defensoria

- União, os Estados, os Municípios, autarquias, empresas públicas, fundação


pública, sociedade de economia mista

- Associação constituída há pelo menos um ano, nos termos da lei civil, e que
inclua entre as suas finalidades institucionais a proteção a um dos interesses de
que cuida a lei.

OBS.: O Conselho Federal da OAB pode propor ACP (art. 54, inc. XIV da lei 8.906/94
– EOAB).

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Sempre que o MP não for o autor da ação, dela deverá participar como fiscal da lei,
podendo, inclusive, aditar a inicial se entender necessário.

2- Passiva

Todos os responsáveis, sejam pessoas físicas ou jurídicas (mesmo os órgãos


governamentais e entidades da adm. Direta e indireta), por dano ou ameaça de dano a
interesse difuso ou geral.

III- INQUÉRITO CIVIL

É procedimento de caráter administrativo, investigatório, pré-processual, que se realiza


extrajudicialmente. Sua instauração é facultativa e tem por finalidade recolher provas e
quaisquer outros elementos de convicção que possam fundamentar a atuação
processual do MP.

Sua instauração não obriga o ajuizamento da ACP.

O arquivamento sempre deverá ser homologado pelo Conselho Superior do MP que,


se não concordar com ele, designará outro membro do MP para o ajuizamento da
ação.

Início do IC: iniciativa do próprio MP (através de uma portaria) ou por provocação de


qualquer pessoa ou órgão público (representação).

Cuidadeo: A instauração ou o arquivamento do IC não impede o ajuizamento da ACP


por um outro legitimado.

IV- Processo

Tem rito ordinário ou sumário, podendo o juiz conceder liminar.

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- CAUTELARES E PEDIDO DE LIMINAR

A ACP pode ser precedida de medidas de caráter cautelar.

A sentença tem efeitos erga omnes, salvo se julgada improcedente por falta de provas.

Se a Sentença for de procedência, poderá haver:

a) condenação em dinheiro

b) cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.

c) sanção diversa prevista especificamente na lei (ex. improbidade adm.)

A condenação em dinheiro, sobretudo quando o status quo ante não puder ser
recomposto, será recolhida em favor de um fundo especial para a reparação de
direitos difusos lesados.

No caso de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz poderá cominar multa diária
(astreinte) para a hipótese de descumprimento.

AÇÃO DE IMPROBIDADE

• Fundamento Legal: art. 14 e seguintes da Lei 8.429/92

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I- Conceito

É a ação de conhecimento pelo rito ordinário que visa a apurar e punir atos de
improbidade previstos na lei de improbidade.

Cuidado: são cabíveis algumas medidas de natureza cautelar, como a


indisponibilidade dos bens (art. 7º), sequestro dos bens, afastamento do cargo (art. 13,
§2º) etc.

O art. 37, § 4o da CF determina que os atos de improbidade administrativa importarão


em:

- suspensão dos direitos políticos

- a perda da função pública

- a indisponibilidade dos bens

- o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível

II- Legitimidade

1- Ativa (art. 17)

Ministério Público ou pessoa jurídica interessada (nunca associações privadas).

Atenção: se proposta pelo MP, a pessoa jurídica interessada integra a lide como
litisconsorte (art. 17, §3º)

Se proposta pela pessoa jurídica, o MP atua como fiscal da lei.

2- Passiva

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Agente público que cometeu a improbidade.

III- Prazo

A prescrição da ação de improbidade será de :

- 5 anos após o exercício do mandato, carto em comissão ou função de confiança

- mesmo prazo de lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a
serviço do bem público.

ATENÇÃO: Ação de ressarcimento pelos danos causados por agente público é


imprescritível (art. 37,§5º CF)

IV- Procedimento

Embora siga o procedimento ordinário, haverá um detalhe.

Estando a inicial em devida forma, o juiz ordenará a notificação do requerido,


para oferecer manifestação por escrito, em quinze dias (art.17, §7º).

Só depois de disso, o juiz terá o prazo de trinta dias, em que pode:

a) Rejeitar a ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da


improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
b) Receber a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.
A partir daí seguirá o rito ordinário. Dessa decisão caberá o recurso de
agravo.

A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar


a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão

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dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo


ilícito. (Art. 18)

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