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Atualizacao Sobre Anti-Septicos PDF
Atualizacao Sobre Anti-Septicos PDF
A PELE HUMANA
É o maior órgão do corpo humano e suas principais funções são a proteção entre o indivíduo e
o ambiente, realização da termo-regulação e recepção de estímulos do ambiente.
A pele apresenta microbiota transitória e residente. A microbiota transitória é composta por
microrganismos “contaminantes” ou “não colonizantes”, ou seja, microrganismos que
contaminam a pele, mas não estão consistentemente presentes na maioria das pessoas e são
facilmente removidos por fricção mecânica com água e sabão. Na microbiota residente os
microrganismos habitam e se multiplicam nas camadas mais profundas da pele como glândulas
sebáceas, folículos pilosos e no leito das feridas abertas, não sendo totalmente removidos com
a fricção mecânica.
As principais fontes de microrganismos são de origem endógena que compreende a microbiota
do local do procedimento ou proveniente de um sítio remoto. Os de origem exógena são os
presentes nos profissionais como, por exemplo, nas mãos, cabelos e nasofaringe. O ambiente
(sala cirúrgica, material cirúrgico contaminado, equipamentos, insumos, dentre outros) também
pode ser considerado como uma fonte importante de microrganismos. Por fim citamos os
reservatórios inanimados como, por exemplo, os anti-sépticos contaminados.
DEFINIÇÃO DE TERMOS
Anti-sepsia: é o processo de eliminação ou inibição do crescimento dos microrganismos na
pele e mucosas, sendo realizado através da aplicação de um agente anti-séptico.
Artigo de atualização escrito pelo Dr Dirceu Carrara e Ariane Ferreira Machado, membros da CÂMARA TÉCNICA
DO COREN-SP, gestão 2008-2011.
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SELEÇÃO DE ANTI-SÉPTICO
Para a seleção do anti-séptico devemos considerar os que apresentam ausência de absorção
pela pele ou membranas mucosas; o efeito residual é desejável se for para preparo da pele
pré-operatório ou proteção de dispositivos inseridos como, por exemplo, os cateteres e os
drenos. O início da ação deve ser rápida para garantir que o procedimento seja iniciado na
presença da ação do mesmo economizando tempo, principalmente em situações de
emergência; assegurar a eficácia na diminuição da microbiota; apresentar amplo espectro de
ação; considerar a aceitação pelo usuário em termos de odor, conforto e facilidade no uso e
ausência de intolerâncias; avaliar cada aplicação de acordo com a indicação e finalidade (vide
Quadro 01).
ANTI-SÉPTICOS RECOMENDADOS
ÁLCOOL (ETÍLICO E ISOPROPÍLICO)
• Início da ação efetiva: 15 segundos.
• Mecanismo de ação: desnaturação das proteínas das células bacterianas com
conseqüente morte celular.
• Espectro de ação: excelente.
• Concentração: 60 a 90%, sendo a 70% mais adequada por apresentar melhor efeito
anti-séptico com menor abrasividade para a pele.
• Efeito residual: nenhum.
• Vantagens: rápida ação e baixo custo.
• Desvantagens: ressecamento da pele do profissional em uso repetido, inativação do
anti-séptico na presença de matéria orgânica, volátil e inflamável.
• Indicações: anti-sepsia da pele para procedimentos de curta duração como por
exemplo, punção venosa intermitente para coleta de amostras de sangue para exames
laboratoriais (INS, 2006; INS, 2008).
GLUCONATO DE CLOREXIDINA
• Início da ação efetiva: 15 segundos.
• Mecanismo de ação: ruptura da parede celular e precipitação dos componentes internos
da célula com conseqüente morte celular.
• Espectro de ação: excelente contra os microrganismos Gram positivos, boa contra
Gram negativos, fungos e vírus, pouca contra o bacilo da tuberculose.
• Efeito residual: excelente (6 a 8 horas).
• Concentração: solução degermante a 2 ou 4%; solução alcoólica a 0,5% e solução
aquosa a 0,2%.
• Vantagens: baixa toxicidade, absorção e irritabilidade, atividade não é afetada na
presença de matéria orgânica. É uma boa alternativa para pacientes e profissionais
alérgicos ao iodo.
• Desvantagens: é fórmula-dependente, cuidados específicos devem ser tomados quanto
a formulação e estabilidade da solução. Não utilizar no globo ocular, ouvido médio,
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IODO
• Início da ação efetiva: imediato.
• Mecanismo de ação: oxidação/substituição do conteúdo celular por iodo livre levando a
morte celular.
• Espectro de ação: boa contra bactérias Gram positivas e Gram negativas, regular contra
fungos, micobactérias e vírus.
• Efeito residual: mínimo.
• Concentração: 0,5 a 1% diluído em álcool 70%.
• Vantagens: tempo de ação rápido, espectro amplo e baixo custo.
• Desvantagens: alergia, queimaduras e irritações; inativação na presença de matéria
orgânica; apresenta curta estabilidade após a manipulação da formulação e
decomposição pela exposição excessiva à luz e ou calor. Pode causar hipotireoidismo
quando utilizado em recém-nascidos.
• Quando existir a preferência pelo uso de soluções contendo iodo, recomenda-se o uso
de iodóforos.
IODÓFOROS
• Início da ação efetiva: intermediário (1 a 2 minutos).
• Espectro de ação: bom contra as bactérias Gram positivas e Gram negativas, fungos,
micobactérias e vírus.
• Mecanismo de ação: penetram a parede celular dos microrganismos, oxidam e
substituem o conteúdo microbiano por iodo livre levando a morte celular.
• Efeito residual: regular (2 a 4 horas).
• Concentração: 10%, com 1% de iodo livre.
• Vantagens: não mancham tecidos, causam menor irritabilidade na pele e toxicidade que
o iodo.
• Desvantagens: redução da atividade na presença de matéria orgânica e pode causar
hipotireoidismo em recém nascidos.
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