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RECIFE E FIXA EM JOÃO PESSOA

QUANDO FIXOU RESIDÊNCIA


Virgínius passou a morar na 201 no final da década de 1950, quando retornou a
cidade para tratamento de saúde. depois de passar um período internado não voltou ao
recife, resolveu se fixar... é a partir desse momento que há uma virada em sua vida...
possivelmente momento de reflexão, estudos... segundo o amigo Waldemar, foi um
momento importante para sua formação humanística...
As circunstâncias o levaram a voltar para a Paraíba e fixar residência na capital. Ao
contrário do início da década de 1950, quando foi morar em Campina Grande e com a
derrota do tio Argemiro de Figueiredo nas eleições de 1950 para governo do estado,
resolvendo voltar para o Recife.

Os amigos e admiradores lêem esse fato como a manifestação de seu amor a


terra, visto que “ele preferiu ficar aqui, não obstantes os acenos para se projetar no sul
do país”1.
a leitora lembra dele, “como escritor de talento, pesquisador e, sobretudo, como
paraibano que ama a Paraíba, pois nunca a trocou por outras paragens” (carta do leitor-
5 de agosto de 1975, p 2)

Se tal fato passou a ser visto pelos seus leitores e amigos como uma prova de
amor do escritor pela cidade, a sua volta foi sentida com pesar por muitos de seus
amigos de Recife. Em carta

cidade em que viveu quase uma década e à qual seus amigos paraibanos creditam à sua
vida na capital pernambucana um momento de ensaio da sua boemia.
A verdade é que as histórias contadas sobre esse período da vida de Virgínius da
Gama e Melo mostram que a boemia em Recife não fora ensaiada, mas vivida em toda a

1
DUARTE, Waldemar. Mini bibliografia crítica: Virgínius da Gama e Melo. In: Correio das Artes. João
Pessoa, 10 de agosto de 1983, p. 4.
sua intensidade. Aliás, praticamente toda narrativa dessa fase de sua vida está atrelada
às memórias da boemia. Assim como foi um momento de estruturação de sua formação
intelectual e a constituição de importantes redes com personagens do campo de
produção de Pernambuco.

LINK com Recife


recife como momentos de formação, tanto advogado, como literato e jornalista, como
boêmio.
as primeiras cartas do acervo revelam a forte ligação com recife, principalmente devido
a ter retornado a pouco tempo e há pouco tempo ter fixado morada em joao pessoa.
- Djalma Wayle 5.9.59
“Pelo nosso grande amigo Expedito tenho a satisfação de abraçar de todo o coração, o
sempre presente entre nós, o “garoto” Virgínius. Djalma Wayle 5/9/59”
[é um postal com jangadas na praia do Pina, em Recife, o que indica a sua ligação e nas
palavras do remetente, a presença ainda marcante da figura de Virgínius entre os amigos
de Recife]

- carta de epaminondas
Virgínius: você riscou Recife de sua geografia. Fincou-se na heroica Paraíba e só dá
sinal de vida através dos seus lúcidos artigos no Jornal do Comércio. Nada mais
sabemos de você, a não ser que continua sendo mesmo homem estudioso, escrevendo
coisas sérias, sem a presunção de ser agradável aos escritores.
Aqui, no “Leão do Norte”, tudo continua como dantes. Apenas um novo sistema
de governo, ou com novos homens mandando. No fundo, esta é a verdade, nada mudou.
Os mesmos vícios e as mesmas burradas. Uma psicose de “industrialização” dominando
tudo, inclusive a burrice. Quero crer que dentro de pouco tempo estaremos exportando
essa matéria prima enriquecida pelos Sampaio. O que nos está faltando é um Eça para
escrever sobre o “enriquecimento da burrice”, feito em Palácio, após longos estudos na
CODEPE, pelo Zito de Souza Leão, e devidamente ensilada pelo Poo Gerra, na
CAGEP.
(...)
Qualquer dia organizaremos uma caravana. “Embaixada Virgínius da Gama Y Melo”.
(...)
Sem mais, um forte abraço do amigo
Epaminondas.
Em 23/12/59

[pensar se aqui entra logo os nomes de recife]

RECIFE: “Em Recife, escrevia no Diário de Pernambuco e ao cair da tarde sempre


visitava a Faculdade de Direito para encontrar-se com alguns amigos e dirigiam-se ao
costumeiro bar “Savoy” para bebericar e tomar (canja) sopa de galinha”. p 33 paraiba
nomes do século
[citar que nesse tempo o nosso personagem ainda vivia em recife, onde cursava direito,
assim como vários outros paraibanos. caminho quase comum dos filhos das elites
locais, quando volta para campanha do tio encontra uma jp fervilhando na campanha
política e o espaço do cem réis... lembrar quem fala dele discursando no cem réis. acho
que Raul cordula, inclusive descreve os óculos, terno... sempre inserir VGM, primeiro
num segundo plano, até ir emergindo na narrativa e nos cenários]
[Em Recife, estudavam os paraibanos filhos das elites locais. O centro do debates eram
os corredores e escadaria da Faculdade de Direito, o Bar Savoy ou a rua do Diário... ver
no livro de Flávio os locais]
[caminhos que ligavam as cidades, nos estudos, na dependência econômica, contestada
com o governador joao pessoa, que rompe a saída para o porto do recife. abre caminho
para outras trocas. nesse contexto estudado as vias e os motivos que ligam as duas
cidades é cultural. edson régis que vai assumir o recém fundado correio das artes. os
estudantes. e as viagens constantes quando vgm se estabelece em JP. colocar carta...]
[Waldemar não entra diretamente na sessão sobre as representações, pois seu livro é de
memórias, escrito na década de 1980, mas entra na composição do cenário...]

BAR SAVOY
“Em Recife, por exemplo, o Bar Savoy, que ainda hoje existe, possui ao longo de sua
história exemplos de frequentadores da mais alta estirpe intelectual. Gilberto Freyre,
Jorge Amado, e muitas outras personalidades, dentre as quais alguns paraibanos,
notórias presenças da Bambu, tais como Virgínius da Gama e Melo, Sérgio de Castro
Pinto, Wellington Aguiar, entre outros.
Seu acervo fotográfico já flagrou os principais homens públicos sentados em
suas mesas. O jornalista Selênio Homem, em artigo comemorativo ao aniversário de
cinquenta anos do bar, em 1995, falou que Savoy parecia, “nos tempos de curtição
literária exacerbada, uma espécie de Academia de Letras ao ar livre”. (HOMEM apud
COUTINHO, 1995 p 73)
Dentre todos os renomados visitantes do Bar Savoy, o mais enaltecido e
lembrado é o poeta Carlos Pena Filho. (...)
Uma placa de bronze afixada nas paredes do Savoy eterniza os versos de Pena
Filho acerca do que ele achava daquele bar:
‘Por isso no Bar Savoy
O refrão é sempre assim:
São trinta copos de chope,
São trinta homens sentados.
Trezentos desejos presos,
Trinta mil sonhos frustrados”
(p 29)
Em outra placa de bronze, também afixada no Savoy, um poema de Mauro Mota
homenageia Carlos Pena:
“São agora
vinte e nove
Os homens do
Bar Savoy.
Vinte e nove que
Se contam,
Falta um, para
Onde foi?
Vinte e nove
Homens tristes
Dentro deles
Como dói
A ausência do poeta Calos
Na mesa do Bar Savoy”.
CALDAS

LINK COM RECIFE


Ponto de vista – A Poesia no Bar [vgm ao relembra dos bares de recife e de como recife
é uma cidade da boemia. relembrar e falar dos bares de recife é falar de conhecimento
de causa. Foi em recife que VGM passou a vivenciar tanto a boemia, quanto sua
formação acadêmica, primeiro em direito e depois em jornalismo. foi nas mesas de
bares que a relação com a literatura se estreitou... tentar linkar informações dos bares
com a formação acadêmica.]
Virgínius não sabia precisar a partir de suas lembranças se era na Evocação de Nelson
Ferreira, ou em algum samba de Antônio Maria, que era citado personagens da boemia
recifense de outros tempos, não lembrava onde aparecia “Colaço, Haroldo Fatia”.
mas “o que se sabe é que aí, em quatro nomes, todo um Recife boêmio está(va)
surgindo com um carrego de sentimento que é de lascar”. Haroldo Fatia é citado no
Frevo Nº 1, de Antônio Maria, mas também em Evocação, de Nelson Ferreira, vão ser
citados personagens da boemia recifense. Tal lembrança trazida por Virgínius visava
situar a tradição boemia da cidade, da qual ele se inseria. Trazida que vinha desse tempo
dos frevos.
“Era um Recife de carnaval, mas havia o outro Recife, o Recife do bar. “A Portuguesa”
ainda conserva as caricaturas de Jordão Emerenciano, de Gilberto Osório, tantos outros.
[A Portuguesa era o bar de VGM] O “Schip-Chandler”, entre armeiros e comerciantes
ingleses, abrigou uma Academia de Poesia que fez um Congresso ali mesmo, em cima
das mesas de uísque e chope, com martelinho abrindo e fechando a sessão, no notícia
em jornal, defesa de tese, moção.”
[E se assistia naqueles anos a busca de construir memórias em torno desses espaços,
demonstrando o elo afetivo desses sujeitos a esses lugares de sociabilidade, por onde a
formação desses passou.]
“Deram agora no Recife para botar nos bares placas comemorativas da passagem dos
poetas que os frequentaram. Começou no “Savoy” [pesquisar esse episódio] quando
desapareceu Carlos Pena Filho. O poeta ficou ali, os versos eternos na parede. E os
versos eram os mais expressivos – “Trinta homens sentados/ Trezentos desejos
frustrados”.
Agora, foi a vez de Eugênio Coimbra Júnior. Botaram-lhe o verso no bar Ibiá, na
descida da ponte Santa Isabel. Fica entre a rua da Aurora, perto da Assembléia, e a rua
Princesa Isabel.
O verso é uma frase que ele disse a um escultor que queria fazer-lhe o busto –
“Mais do que cabeça, sou paisagem”.
Informa o “Diário de Pernambuco” (...[nota colocada supostamente por um
companheiro de Coimbra]) que “A frase da “paisagem” será ficada em bronze, no Ibiá,
na terceira porta descendo a Ponte Santa Isabel, no sentido de quem vai para o 13 de
maio, Coimbra, o homem paisagem ali estará – no bronze e na eterna lembrança de
amigos”.
Já está; pois no sábado colocaram a placa. Com os literatos e frequentadores
todos carregando suas lembranças e dominando suas saudades – Mauro Mota, Audálio
Alves, Paulo Couto Mota, Esmaragdo Marroquim, Barreto Guimarães, para citar apenas
estes e não escaparem os outros nomes [nomes com os quais VGM dividiu mesa de bar
e que com alguns continuava a dividir histórias].
Mas temos de falar também de falar também de Adige Maranhão, de Selenio
Homem de Siqueira. Fiquemos por aqui.
[vgm reproduz trecho Diário de Pernambuco. Tal trecho reforça a ideia do bar enquanto
espaço de sociabilidade letrada.]
“Sábado, Coimbra voltou ao Ibiá. “O mesmo Ibiá que o abrigou em muitos e
imprevisíveis sábados. Os sábados que o poeta quis remover das coisas comuns, na
esperança de que sábado é o dia consagrado às vicissitudes da inteligência”... segundo o
articulista do “Diário”.
[VGM se recente de que tal movimento não ocorria na PB]
“Eis aí uma coisa difícil na Paraíba – botar placas de versos nos bares para
lembrar os poetas frequentadores. A Bambu, que podia ficar com Caixa Dágua, não tem
parede. O mesmo acontece com o Bar de Merencio, onde pontifica Vanildo.”
[interessante notar também que cada bar teria seu frequentador destaque. josé Rafael,
Vanildo... vgm não se nomeia o frequentador da bambu, mas é unanimidade nos relatos
que evocam a Bambu que o mesmo era o símbolo daquele bar, bem como da Sorveteria
Canadá.] (poesia no bar. 4 de maio de 1972. 1 cad. p 2)

RECIFE
BONAFÉ “Nada disso, obviamente, é mera coincidência. Gilberto Freyre foi um dos
mais destacados inventores do Nordeste — e do Recife como pólo regional de formação
do “representante do Nordeste”, do “intelectual regional”, a exemplo do próprio
sociólogo. De acordo com Albuquerque Jr., a Faculdade de Direito do Recife e o
Seminário de Olinda eram, desde o século XIX, “lugares privilegiados para a produção
de um discurso regionalista e para a sedimentação de uma visão de mundo comum”.
Recife era também “o centro jornalístico de uma vasta área que ia de Alagoas até o
Maranhão”. O principal periódico da cidade, o Diário de Pernambuco, tornar-se-ia, aos
poucos, “o principal veículo de disseminação das reivindicações dos estados do Norte,
bem como vai se constituir num divulgador das formulações em defesa de um novo
recorte regional: o Nordeste”.” (38)
[mas em que medida vgm teria vivido essa atmosfera na década de 1940, quando
estudou em recife?]

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