ELE FOI, MAS RECOMENDOU QUE NÃO MEXESSE NO SEU SURRÃO.
ELA
TRANQUILIZOU-O DIZENDO QUE ESTAVA SOZINHA, NINGUÉM IA MEXER NO
SACO. QUANDO O HOMEM SAIU, ELA DESAMARROU O SACO E... A MENINA
ESTAVA TÃO FRÁGIL, MAGRINHA; ABRAÇOU A MAMÃE E DISSE:
___MÃE, FAZ TANTO TEMPO QUE NÃO VEJO O SOL, A SENHORA É O MEU
SOL...
AS DUAS CHORARAM, MAS A MÃE, RAPIDAMENTE, ESCONDEU A FILHA
EMBAIXO DA CAMA , PEGOU O SACO, FOI ATÉ O QUINTAL E COLOCOU DENTRO
DELE TUDO QUANTO FOI PORCARIA QUE ENCONTROU: VÔMITO DE GENTE, COCÔ
DE CACHORRO, BANHA DE FAZER SABÃO, LAVAGEM DE PORCO...
COLOCOU O SACO NO MESMO LUGAR QUE ESTAVA. O HOMEM VOLTOU,
A MÃE ACABOU DE FAZER OS BISCOITOS, CANTAROLANDO, DEU VÁRIOS PARA
QUE ELE LEVASSE, E, MEIO TONTO, POR CAUSA DO VINHO___HAVIA TOMADO A
GARRAFA TODA!___SAIU COM O SACO NAS COSTAS.
CHEGANDO NA PRAÇA, HAVIA VÁRIAS PESSOAS REUNIDAS. CHAMOU A
TODOS PARA VEREM SEU SURRÃO CANTAR. BATEU NO SACO E CANTOU:
à ...
SILÊNCIO. NADA DA MENINA CANTAR. ELE, DE NOVO, ORDENOU:
à MORNA, QUE QUANDO MARIAZINHA PERCEBEU, ESTAVA NADANDO LONGE DA
NADA.
NERVOSO, ELE BATEU BEM FORTE NO SACO E FOI AÍ QUE TODOS
OUVIRAM... NÃO O CANTO DA MENINA, MAS O BARULHO DA EXPLOSÃO DO
SACO: BUUUMMMM!!!
E AQUELA PORCARIA TODA EXPLODIU PELO ROSTO DO HOMEM E
DESCEU POR TODO O SEU CORPO. E O POVO TODO RIU MUITO E CAÇOOU DELE...
DEPRESSA, O HOMEM PEGOU O SACO, COLOCOU-O NAS COSTAS, SAIU
CORRENDO E A PORCARIA CONTINUOU ESCORRENDO POR SUAS COSTAS.
SUMIU, DESAPARECEU... POR LÁ, NINGUÉM NUNCA MAIS OUVIU FALAR DELE.
ENQUANTO ISSO, MARIAZINHA E SUA MÃE MATAM A SAUDADE... BANHO
TOMADO, BARRIGA CHEIA, NO COLO GOSTOSO DA MÃE, MARIAZINHA OUVE
MAIS UMA HISTÓRIA, COM UM FINAL MUITO FELIZ...
O HOMEM DO SACO
AUTOR: JOSÉ MAURO BRANT
ADAPTAÇÃO: ÉLLEN CÁSSIA ESTEVES COSTA SANTA ROSA
O SOL ESTAVA BEM QUENTE. MAIS UMA VEZ, A MÃE DE MARIAZINHA
ESTAVA NO RIO, LAVANDO ROUPA. E ELA NADAVA NA ÁGUA MORNA,
ENQUANTO CANTAVA, ACOMPANHANDO A MÚSICA DAS LAVADEIRAS:
à É
COMO TINHA A VOZ LINDA, AQUELA MENINA! SUA MÃE SEMPRE LHE
DIZIA PARA NÃO NADAR PARA LONGE PORQUE ERA PERIGOSO. DEVERIA TOMAR
BANHO PERTO DELA.
UM DIA, O SOL ESTAVA TÃO QUENTE E A ÁGUA TÃO CONVIDATIVA E
MÃE. MAIS QUE DEPRESSA, SAIU DA ÁGUA, VESTIU A ROUPA E CORREU PARA
ONDE SUA MÃE ESTAVA, UMA VEZ QUE O SOL JÁ ESTAVA SE PONDO NO
HORIZONTE. PORÉM, LEMBROU-SE DOS BRINCOS DE OURO QUE HAVIA
ESQUECIDO SOBRE A PEDRA. VOLTOU CORRENDO PARA PEGÁ-LOS PORQUE
ERAM BRINCOS DADOS PELA SUA MADRINHA.
CHEGANDO À PEDRA, PROCUROU, PROCUROU E... NADA! NADA DOS
BRINCOS. FOI ENTÃO QUE OLHOU PARA A OUTRA MARGEM DO RIO E VIU UMA
FIGURA ESTRANHA, UM HOMEM COM CHAPÉU ENORME. BALANÇAVA ALGO
BRILHANTE COM UMA MÃO, E , COM A OUTRA, CHAMAVA A MENINA. ELA NÃO
PENSOU DUAS VEZES, CORREU PARA PEGAR OS BRINCOS. QUANDO CHEGOU
PERTO DO HOMEM, VIU O ENORME SACO DE COURO PRETO NO CHÃO. ELE
AGARROU-A PELOS CABELOS E JOGOU-A DENTRO DO SACO, AMARRANDO-O.
COLOCOU-O NO OMBRO E SAIU EM DISPARADA.
ENQUANTO ISSO, A MÃE DA MENINA COMEÇOU A CHAMÁ-LA PARA IREM
EMBORA.
___MARIAZINHA! Ô MARIAZINHA... VAMOS EMBORA, MINHA FILHA!
NADA. A MÃE PROCUROU, CHAMOU AS OUTRAS LAVADEIRAS PARA
AJUDAREM A PROCURAR A MENINA, AVISOU A POLÍCIA, OS BOMBEIROS, O SAMU
E... NADA. NINGUÉM ENCONTROU A MENINA. VOLTOU PARA CASA TRISTE, E O POVO FICAVA ENCANTADO COM A VOZ DO SURRÃO; ERA MUITO
MUITO TRISTE. BONITA. E O HOMEM PASSAVA COM UM CHAPEU RECOLHENDO DINHEIRO E
LONGE DALI, O HOMEM ABRIU O SACO E DISSE À MARIAZINHA: TODOS PAGAVAM PARA VER O SURRÃO CANTAR.
___ OLHE, MENINA, EU ANDEI OBSERVANDO VOCÊ E VI QUE CANTA O TEMPO PASSOU. A MENINA, A CADA DIA, EMAGRECIA, POIS O HOMEM
MUITO BEM, TEM A VOZ MUITO BONITA. EU VOU GANHAR MUITO DINHEIRO SÓ LHE DAVA PÃO E ÁGUA; NÃO PODIA VER A LUZ DO SOL, FICAVA SEMPRE
COM VOCÊ. VOU CHEGAR AOS LUGARES, FALAR QUE O MEU SURRÃO, MEU PRESA NO SURRÃO.
SACO DE COURO PRETO, É MÁGICO; ELE CANTA A UMA ORDEM MNHA E VOCÊ MAS... TEM ALGUÉM QUE NÃO NOS ABANDONA... DEUS FEZ COM QUE
VAI CANTAR BEM BONITO, ENTENDEU? AQUELE MALVADO SE ESQUECESSE DE ONDE TINHA PEGADO A MENINA, E UM
ENTÃO, ELE TIROU O FACÃO DA BAINHA QUE ESTAVA PRESA NA BELO DIA, PAROU NA CIDADE DA MÃE DE MARIAZINHA. BATEU DE PORTA EM
CINTURA, BATEU NO SACO E CANTOU: PORTA COLOCANDO O SURRÃO PARA CANTAR, ATÉ QUE BATEU NA PORTA DA
CASA DA MÃE DA MENINA. QUANDO A MÃE ABRIU A PORTA, ESTAVA TÃO
à ABATIDA, TRISTE, COM SAUDADE DA SUA FILHA. PERGUNTOU O QUE O HOMEM
QUERIA E ELE RESPONDEU:
à Ã
___Ó MINHA SENHORA, QUER VER O MEU SURRÃO CANTAR?
___Ô MEU SENHOR, EU TENHO ANDADO TÃO TRISTE... É BOM MESMO
A MENINA NÃO TEVE OUTRA ALTERNATIVA. DE DENTRO DO SACO, PARA VER SE EU ME ALEGRO UM POUCO. SIM, PODE COLOCAR O SEU SURRÃO
CANTOU COM UMA VOZ LINDA, MAS MUITO TRISTE: PRA CANTAR...
à O HOMEM PEGOU O SEU FACÃO, BATEU NO SACO E CANTOU:
à Ã
à à !
Á A MENINA, DE DENTRO DO SACO, CANTOU:
Ã
E ASSIM, O HOMEM VIAJOU O MUNDO INTEIRO. CHEGAVA AOS LUGARES
ONDE TINHA MUITA GENTE REUNIDA, DIZIA QUE O SEU SURRÃO ERA MÁGICO, A MÃE COMEÇOU A ARREPIAR-SE TODA... ERA A VOZ DA SUA FILHINHA!
ELE CANTAVA! E TODO MUNDO CHEGAVA PERTO PRA VER O SURRÃO CANTAR. OLHOU PARA AQUELE HOMEM TODO ARMADO COM FACÕES E TEVE UMA IDEIA!
ENTÃO, ELE PEGAVA O FACÃO, BATIA NO SACO E CANTAVA: ___NOSSA, MAS O SEU SURRÃO É MUITO BOM MESMO. EU NÃO VOU
DAR SÓ DINHEIRO PARO O SENHOR NÃO, VOU FAZER-LHE UM CAFEZINHO E UM
BISCOITINHO.
Ã
O HOMEM, COMO ERA “PASSA-FOME” ACEITOU NA HORA. ENTROU,
à à SENTOU E COMEÇOU A TOMAR UM VINHO OFERECIDO PELA MULHER. QUANDO
ESTAVA FAZENDO OS BISCOITOS, COM AS MÃOS TRÊMULAS, ELA PEDIU:
E A MENINA, COM A VOZ TRISTE, MAS MUITO BONITA, CANTAVA:
___O SENHOR PODIA FAZER O FAVOR DE IR ATÉ A VENDA, COMPRAR UM
à POUCO DE TRIGO? O MEU ESTÁ ACABANDO E EU QUERO FAZER MUITO BISCOITO
PARA O SENHOR LEVAR...