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DIREITO FINANCEIRO

AULA I - DIREITO FINANCEIRO E ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO


O QUE É DIREITO FINANCEIRO?

- Consiste na disciplina jurídica da atividade financeira do Estado.

* É o estudo de princípios e normas que regem a atividade financeira do Estado.

* O direito financeiro funciona como o regulador do relacionamento Estado e


Cidadão, fixando os princípios e regras para a arrecadação, a gestão e a aplicação dos
recursos públicos.

O QUE É ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO?

- O exercício da competência tributária é fundamental para a existência do Estado: os


direitos e garantias positivados constitucionalmente apenas são passíveis de proteção
porque há uma estrutura financeira que assegura a existência de instituições que têm
por função executar os comandos constitucionais no que se refere à realização do
Estado Democrático e Social de Direito.

* Essa estrutura pressupõe, inicialmente, a obtenção de receitas, que se dá


principalmente pela via da tributação.

* De outro lado, faz-se necessária a consecução de despesas, para a realização


dos fins do Estado, permitindo a manutenção das instituições constitucionalmente
previstas e, consequentemente, a viabilização de direitos e garantias.

> Esse obter e gastar é a atividade financeira do Estado, tratando-se do


conjunto de acoes que o Estado desempenha visando à obtenção de recursos para o
seu sustento e a respectiva realização de gastos para a execução de necessidades
públicas. (Tathiane Piscitelli)

> A atividade financeira do Estado (A.F.E) corresponde a um conjunto de


ações financeiras que o estado realiza, correspondentes à obtenção de recursos e
realização de gastos pelo Estado, com os objetivos de assegurar a sua manutenção e a
para, especialmente, atingir, concretizar e as necessidades públicas. (Professora)

• O orçamento público é uma atividade financeira do Estado.

> A atividade financeira do Estado pode ser conceituada como a ação do


Estado na obtenção de receitas, em sua gestão e nos gastos para o desenvolvimento de
suas funções. (Regis Fernandes de Oliveira).

> A atividade financeira do Estado destina-se a prover o Estado com


recursos financeiros suficientes para atender às necessidades públicas, envolvendo a
arrecadação, a gestão e a aplicação. (Marcus Abraham).

NORMAS DE DIREITO FINANCEIRO

- Art. 163, I, CF

- Normas gerais de direito financeiro, que regulam a atividade financeira do Estado

* Lei nº 4.320/64

* Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal)

> Trouxe a classificação das Empresas Estatais (pessoas jurídicas de direito


privado)

• Empresas Estatais dependentes e controladas: são as que


recebem recursos públicos do Estado para a sua manutenção e despesas correntes (de
custeio), devendo observar o disposto nesta lei e recomendando a observação da lei nº
4.320/64;

• Empresas Estatais independentes: são as que possuem receita


própria suficiente para a sua manutenção, sem a necessidade de recorrer ao recursos do
Estado, não aplicando-se as normas dispostas nessa lei.

EXTENSÃO DA A. F. E. PARA FINS DE CONTROLE

- Art. 70, parágrafo único, CF

* Toda pessoa, física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, guarde ou


administre dinheiro ou bens públicos, deve sofrer controle do Poder Legislativo ou
Tribunal de Contas.

> Se trata de uma tese sobre o art. 70, concretizada pelo STF e relacionada
à extensão do controle da atividade financeira do estado.

DIREITO FINANCEIRO
AULA II - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA

- Art. 24, caput e parágrafos, CF

* A União é competente para editar as normas gerais de direito financeiro, sendo


estas aplicadas a todas as unidades federativas.

> Lei nº 4.320/64;

> Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).

* Compete aos Estados legislar de forma suplementar para o complemento das


normas gerais (§ 2º).

> Na ausência de normas gerais de direito financeiro, os Estados poderão


legislar sobre a matéria-objeto de regulamentação (§ 3º).

* Na superveniência de lei federal, a eficácia da lei estadual será suspensa (≠


revogada) naquilo que contrariar a norma federal.

- Art. 30, II, CF

* Competência municipal para complementar/suplementar a legislação federal e a


estadual no que lhe couber.

- Art. 32, CF

* O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica,
votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da
Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Constituição.

DIREITO FINANCEIRO
AULA III - PRINCÍPIOS DO DIREITO FINANCEIRO (ART. 70, CF)
LEGALIDADE

- O princípio da legalidade é corolário do Estado Democrático de Direito, na medida em


que enuncia o dever de o Estado apenas exigir acoes dos particulares diante da
aprovação, via processo democrático e representativo, de leis em sentido amplo.

* Do ponto de vista específico do direito financeiro e da atividade financeira do


estado, o princípio da legalidade pode ser visto tanto do ângulo da realização de
despesas públicas quanto se considerando a perspectiva da aprovação do orçamento, e
assim, do esquema de receitas e despesas.

> Verificar as leis PPA, LDO e LOA.

LEGITIMIDADE/MORALIDADE ADMINISTRATIVA
- Este princípio define que não basta a observância formal da legalidade dos atos
administrativos/financeiros, sendo também exigida a análise do conteúdo - mediante
conveniência e oportunidade - e o mérito das ações financeiras.

* A justificativa para a razoável para os atos administrativos/financeiros é se a


busca da finalidade e interesses públicos.

* Exemplo de quando uma creche obedeceu rigorosamente aos ditames da


legislação de licitações e contratos para a aquisição de produtos. Todavia, constava
entre os produtos adquiridos uma grande quantidade de bebidas alcoólicas.

* Exemplo de uma prefeitura do Nordeste que comprou uma mercedes para


transportar o prefeito, quando possui baixo orçamento e com a população sofrendo os
efeitos de uma prolongada seca e péssimo atendimento à saúde.

ECONOMICIDADE

- Informa os critérios de fiscalização das contas da União e órgãos da administração


direta e indireta.

* Trata-se de exigência relativa à eficiência, do ponto de vista econômico, do gasto


público, onde com o mínimo de recursos possíveis deve-se atingir o máximo de
satisfação das necessidades públicas.

> Tendo-se em vista que a despesa pública está intrinsecamente


relacionada com o orçamento, é possível dizer que tal diretriz se aplica tanto à
elaboração do orçamento, de um ponto de vista lato, quanto à realização efetiva do
gasto público, de forma mais estrita.

RESPONSABILIDADE FISCAL

- Trata-se de assegurar que o gasto público seja realizado dentro de certos limites e de
acordo com regras estritas que, se não cumpridas, acarretam sanções aos entes
públicos.

* Gestão pública responsável, onde há planejamento de suas ações financeiras.

> Cumprimento de metas, limites e condições financeiras estabelecidos.

DIREITO FINANCEIRO
AULA IV - RECEITA PÚBLICA
CONCEITO

- Doutrina (conceito em sentido estrito)

* Receita pública consiste somente na entrada de dinheiro nos cofres públicos de


forma definitiva, ou seja, recursos que não têm vinculação com o passivo financeiro.

> Essa definição implica assumir a diferença entre receita pública e o


simples ingresso ou fluxo de caixa, que compreende valores repassados à
Administração, mas que, seja por força de lei ou de contrato estabelecido, terão de ser
em algum momento retirados do Erário, não se tratando, assim, de uma entrada definitiva
e afastando-se do conceito de receita.

- Lei nº 4.320/64 (conceito em sentido amplo)

* Receita pública consiste na abrangência tanto da entrada temporária quanto da


entrada definitiva de dinheiro nos cofres públicos, ou seja, os recursos que têm e os que
não têm vinculação com o passivo financeiro.

TIPOS DE RECEITA PÚBLICA

- Na doutrina

* Quanto à origem dos recursos

> Originária

• Decorre da exploração do patrimônio do Estado, ou quando o


Estado atua no domínio econômico.

• Exemplo do dinheiro recebido como cumprimento de contrato


administrativo pelo aluguel de um imóvel público ou taxa de ocupação de terrenos da
União, ou contratos administrativos de concessão de serviços públicos.

> Derivada

• Decorre do uso do poder coercitivo (não decorre de voluntariedade


do devedor) do Estado através de leis e obrigações legais, a exemplo dos cinco tipos de
tributos existentes e pacificados pelo STF (impostos, taxas, contribuição de melhoria,
contribuições e empréstimos compulsórios) e de multas.

> Transferida

• Consiste no repasse de recursos de um ente governamental para


outro, a exemplo dos repasses feitos pela União aos Estados e dos Estados aos
Municípios (no primeiro repasse, para a União será uma despesa e para o Estado será
uma receita).

• Pode ser obrigatória (ex.: fundo de participação dos municípios ou


o fundo de participação dos estados), quando decorre de previsão na Constituição ou
em Lei, ou voluntária quando decorrer de acordo político.

- Na lei nº 4.320/64 (arts. 3º, p. ú., e 57)

* Receitas orçamentárias

> São aquelas receitas que devem ingressar e estar previstas no orçamento
público.

* Receitas extra-orçamentárias

> São aquelas que não precisam estar previstas no orçamento público,
consistindo nas que possuem vinculação com o passivo (ex.: caução, garantias,
depósitos temporários, empréstimos por consignação (feito aos servidores) e o
empréstimo denominado antecipação de receita orçamentária).

• As demais modalidades de empréstimos estão previstas nas


receitas orçamentárias.

• Previsão no art. 3º, parágrafo único da lei nº 4.320/64.

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