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SISTEMA DE SENSORIAMENTO DE TEMPERATURA USANDO FIBRA

ÓPTICA

Chagas, V. L.(1); Oliveira, M. V. N (2);


(1)
Victor Luca Chagas ; Instituto Federal do Ceará, victorluca@fotonica.ifce.edu.br.
Marcus Vinicius Nunes de Oliveira (2); Instituto Federal do Ceará, marcusnunes.ufc@gmail.com

RESUMO
Os métodos de medição de temperatura mais utilizados pelo mercado, hoje em dia, são, em sua maioria,
sensíveis a interferência eletromagnética, além de ter que contar com a necessidade de um técnico para
manobrar o instrumento de medição. Assim, existe sempre o risco eminente do profissional acidentar-
se durante a medida, causando perdas para a empresa. Com a intenção de avançar os estudos na área de
sensoriamento de temperatura, é proposto um projeto que visa desenvolver um sistema de medição de
temperatura em fibra óptica de baixo custo. O sensor, além de contar com todas as vantagens de um
sensor óptico (imunidade eletromagnética, leveza, tamanho reduzido), eliminará a necessidade da
empresa em utilizar um profissional em um potencial risco no momento da aferição da temperatura.

Palavras-Chave: Temperatura, Sensor, Fibra, Indústria.

1. INTRODUÇÃO

Os mais diversos setores da indústria necessitam de controle de temperatura, seja para evitar
perdas técnicas de materiais, seja para controlar um processo químico. As aplicações de sensores de
temperatura são vastas. Dessa forma, existe uma necessidade do mercado em está sempre se
aprimorando quanto a aferição desta grandeza. Nas técnicas relacionadas à manutenção preditiva, ainda
amplamente utilizada está a inspeção visual. Apesar de suas vantagens, existem diversos fenômenos
elétricos que ocorrem fora do campo de visão e que não são percebidos durante a inspeção visual,
fenômenos que podem indicar defeitos em fases iniciais ou prestes a causar interrupção no fornecimento
de energia e/ou perigos a vidas.
Algumas falhas que ocorrem nos circuitos aéreos de distribuição possuem características básicas
de elevação anormal de temperatura de trabalho provocada pelo aumento da resistência de contato, esse
fenômeno possibilita a utilização na inspeção do equipamento de termografia que realiza com precisão
o apontamento dos pontos sobreaquecidos, quantificando esse aumento irregular de temperatura. Este
mau contato elétrico produz um aquecimento que pode ser rápido ou lento, mas sempre progressivo, até
a degradação total do componente ou rompimento da conexão, ocasionando a interrupção de
fornecimento.
Nas pesquisas realizadas em periódicos nacionais, internacionais e internet foram encontradas
algumas soluções, principalmente a inspeção visual mas nenhuma solução com sensoriamento óptico e
análise remota.
Propõem-se, então, um projeto de construção de um sensor de temperatura em fibra óptica, que
seja capaz de realizar medidas nos mais diversos ambientes.

2. MATERIAL E MÉTODOS
A fibra utilizada foi uma fibra multimodo com casca de plástico e com núcleo de 400
micrometros. Essa fibra é ideal para o projeto, pois a casca da fibra pode ser facilmente removida com
acetona, deixando apenas o núcleo em contato com o ar, como mostrado na Figura 1.

Figura 1 - Fibra óptica sem casca.

O método de medição de temperatura com campo evanescente consiste na diferença de índice


de refração entre o núcleo e o ar. Para o que a luz possa se propagar pela fibra com o mínimo de perdas
por desacoplamento do campo eletromagnético da luz, é necessário que a luz faça reflexões internas
totais. Esse fenômeno acontece graças a uma relação entre o índice de refração do núcleo (Nn) e o índice
de refração da casca (Nc), de forma que Nn > Nc. Ao retirarmos a casca da fibra, o núcleo fica em
contato direto com o ar que, à temperatura de 15°C e 1 atm, tem índice de refração igual a 1. Porém,
quanto mais quente for ar envolta do núcleo, menor será sua densidade, consequentemente menor será
o índice de refração. Desta forma haverá um maior desacoplamento da luz diminuindo, assim, a potência
óptica na saída da fibra.
Para a aferição da temperatura foi usado um multímetro ET-2042 com um termopar acoplado à
fonte de calor. Um equipamento de medição de potência óptica (power meter) foi usado para medir a
potência de saída da fibra após passar pelo ponto quente. A Figura 2 exemplifica o setup experimental
usado no experimento com fibra nua.

Figura 2- Topologia do sensor óptico de temperatura através do campo evanescente.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram realizados experimentos para verificar o comportamento e a resposta utilizando fibra nua.
O experimento com fibra nua foi realizado utilizando duas fontes distintas de luz. Uma foi com luz
branca com grande largura de banda, veja Figura 3. Enquanto que a outra fonte de luz foi o laser
butterfly, Figura 4.

Figura 3 - Experimento com luz branca de banda larga.


Figura 4 - Experimento com luz branca de banda larga.

Não foi possível perceber uma mudança de potência óptica no experimento com a luz branca e
um estudo mais a fundo do caso está sendo feito para entender melhor o fenômeno. Já no experimento
com o laser foi possível traçar uma curva descendente de potência, como podemos observar no gráfico
da Figura 5.

Figura 5 - Resultado do experimento com fibra nua.

Foi desenvolvido um sistema embarcado para realizar coletar as medidas e exibir elas para um
usuário. A placa desenvolvida consiste em um arduino Nano conectada a um módulo GPRS sim800L
para conexão remota. Atualmente a placa embarcada do sensor e o servidor onde recebe essas
informações, se comunicam e iniciam um processo de troca de comandos entre ambos. Está em
desenvolvimento um sistema, no servidor, para receber os dados relativos às leituras do sensor e mostrar
em um gráfico as leituras de temperatura e o tempo da leitura.
4. CONCLUSÕES

Os experimentos realizados com região de sensoriamento, da fibra óptica sem casca, com 4 cm
de comprimento permitem relacionar a potência óptica de saída da luz com a temperatura. Dessa forma,
a técnica se apresenta funcional a medição de temperatura.
O sistema embarcado desenvolvido para a calibração do sensor respondeu bem aos testes de
medidas e pode-se estar sendo implantando em um ponto remoto onde haja a necessidade de
monitoramento.

REFERÊNCIAS

YILMAZ, G.; KARLIL, S. E. A distributed optical fiber sensor for temperature detection in
powercables. Sensors and Actuators A, v. 125, p. 148-155, 2006.

HARTOG, H.; LEACH, A. P. Distributed temperature sensing in solid-core fibres. ElectronicsLetters,


v. 21, p. 1.061-1.062, 1985.

DAKIN, J. P.; PRATT, D. J.; BIBBY, G. W.; ROSS, J. N. Distributed optical fibre Raman
temperaturesensor using a semiconductor light source and detector. Electronics Letters, v. 21, p. 569-
570,jun. 1985.

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