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Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG

Faculdade de Engenharia – FaEnge – Campus João Monlevade


Graduação em Engenharia Civil

MARIANA OLIVEIRA ALMEIDA


RAYSA TOMPSON SILVA FONSECA

SISTEMA CONSTRUTIVO RACIONALIZADO:


viabilidade da alvenaria estrutural em bloco de concreto

João Monlevade
2016
1

MARIANA OLIVEIRA ALMEIDA


RAYSA TOMPSON SILVA FONSECA

SISTEMA CONSTRUTIVO RACIONALIZADO:


viabilidade da alvenaria estrutural em bloco de concreto

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial
para obtenção do grau de Engenheiro
Civil na Faculdade de Engenharia da
Universidade do Estado de Minas
Gerais.

Professor Orientador: Tales Augusto


Dias e Santiago
Professor Coorientador: Rafael Vital
Januzzi

João Monlevade
2016
2
3

Dedicamos este trabalho aos nossos pais,


por sempre se fazerem presentes e ter
dado o incentivo necessário para que
pudéssemos realizá-lo.
4

AGRADECIMENTOS

Em especial agradecemos ao nosso orientador, Tales Augusto Dias e


Santiago, e ao nosso co-orientador, Rafael Vital Januzzi, por dar toda a assistência
necessária para que conseguíssemos finalizar com sucesso mais essa etapa.

Mariana:
Agradeço os meus pais, pelo incentivo е apoio incondicional, que nas
dificuldades me fortaleceram para que eu prosseguisse.
A empresa MD HURA por ter me dado a oportunidade de trabalhar e aprender
na pratica o que é ser Engenheira Civil, e me apresentar a técnica da alvenaria
estrutural, auxiliando na realização deste projeto.
Aos professores que me proporcionaram o conhecimento para meu processo
de formação profissional.
A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte da minha jornada, о mеυ
muito obrigado.

Raysa:
Agradeço primeiramente a Deus, por me dar forças para chegar até aqui.
A toda minha família pelo carinho e amor. Em especial aos meus pais, Warley
e Elvia, que são/foram de suma importância nessa “caminhada”, sempre me
proporcionando o apoio necessário para que eu pudesse alcançar os meus
objetivos.
Aos meus professores que, todos de alguma forma, contribuíram para o meu
crescimento profissional.
Agradeço também aos meus amigos e colegas de classe pelo
companheirismo e pelas ajudas quando necessário.
Enfim, agradeço aos que sempre estiveram ao meu lado e torceram por mim,
não teria conseguido se não tivesse a ajuda de todos.
5

“Reduzir o desperdício também significa


reduzir o número de probabilidade de
erros” (OGGI, 2006, p. 85)
6

RESUMO

A alvenaria estrutural é vista como sistema construtivo de baixa renda ou classe


média baixa, por quê? É viável construir em alvenaria estrutural? O sistema
construtivo racionalizado consiste em uma técnica que busca melhorar a utilização
dos recursos em todas as fases da obra, ou seja, a otimização da construção civil. A
alvenaria estrutural em bloco de concreto pode ser dada como um dos principais
métodos racionalizados, em que a própria alvenaria tem função estrutural, tornando
vigas e pilares desnecessários. Apesar de ser uma das técnicas mais antigas, ainda
é pouco utilizada em relação a construção dita tradicional, pois ainda há tabus, falta
de conhecimento e preconceitos. Está diretamente relacionado com a
sustentabilidade, que é um dos temas mais abordados na atualidade, por gerar
menor quantidade de resíduos e entulhos. É necessário que se busque um processo
que simplifique e reduza etapas, tempo e custos do processo executivo. Esse
trabalho aborda a eficiência e viabilidade desse sistema, discorrendo sobre suas
principais vantagens e desvantagens.

Palavras-chave: Alvenaria Estrutural. Racionalização. Otimização.


7

ABSTRACT

The structural masonry construction system is seen as low-income or lower middle


class, why? It is feasible to build in masonry? The construction system consists of a
rationalized technique that seeks to improve the use of resources in all phases of the
work, is the optimization of construction. The concrete masonry block can be given
as a top streamlined methods, wherein the masonry itself has a structural function,
making it unnecessary beams and pillars. Despite being one of the oldest
techniques, it is still used less when related to the so called traditional construction,
as there are still taboos, lack of knowledge and prejudice. It is directly related to
sustainability, which is one of the topics discussed today, to generate less waste and
debris. It is necessary to search a process that simplifies and reduces steps, time
and costs of enforcement proceedings. This paper addresses the efficiency and
viability of this system, focusing on its main advantages and disadvantages.

Keywords: StructuralMasonry. Rationalization. Optimization.


8

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - SISTEMA TRADICIONAL (A) X SISTEMA CONSTRUTIVO


RACIONALIZADO (B)............................................................................................. 13
FIGURA 2 - PRÉDIO CONSTRUÍDO EM ALVENARIA ESTRUTURAL................ 15
FIGURA 3 - FAMÍLIA 20, 40 E MEDIDA MODULAR............................................. 17
FIGURA 4 - GRAUTE.............................................................................................. 18
FIGURA 5 - ARMADURA........................................................................................ 19
FIGURA 6 - ALVENARIA ESTRUTURAL NÃO ARMADA..................................... 20
FIGURA 7 - ALVENARIA ESTRUTURAL ARMADA.............................................. 21
FIGURA 8 - ALVENARIA ESTRUTURAL PROTENDIDA...................................... 22
FIGURA 9 - PAREDES DE VEDAÇÃO (REMOVÍVEIS) EM UM PROJETO DE
ALVENARIA ESTRUTURAL................................................................................... 23
FIGURA 10 - SHAFT INTERROMPENDO PAREDE.............................................. 25
FIGURA 11 - TUBULAÇÃO DEBAIXO DA LAJE DE TETO.................................. 25
FIGURA 12 - BLOCOS ESPECIAIS ELÉTRICOS.................................................. 26
FIGURA 13 - CUSTOS APROXIMADOS ENTRE AS ESTRUTURAS
CONVENCIONAIS E A ALVENARIA ESTRUTURAL NO BRASIL........................ 27
FIGURA 14: COMPARAÇÃO DE CUSTOS ALVENARIA ESTRUTURAL X
SISTEMA CONVENCIONAL................................................................................... 28
9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 13
2.1 Racionalização Construtiva .............................................................................. 13
2.1.1 Sustentabilidade ............................................................................................... 14
2.2 Alvenaria estrutural ........................................................................................... 14
2.2.1 Alvenaria estrutural no Brasil............................................................................ 15
2.2.2 Componentes ................................................................................................... 15
2.2.2.1 Blocos de concreto ........................................................................................ 16
2.2.2.2 Argamassa .................................................................................................... 17
2.2.2.3 Graute ........................................................................................................... 18
2.2.2.4 Armaduras ..................................................................................................... 19
2.2.3 Classificação .................................................................................................... 19
2.2.3.1 Alvenaria não armada ................................................................................... 19
2.2.3.2 Alvenaria armada .......................................................................................... 20
2.2.3.3 Alvenaria parcialmente armada ..................................................................... 21
2.2.3.4 Alvenaria protendida...................................................................................... 21
2.2.4 Paredes ............................................................................................................ 22
2.3 Coordenação modular ...................................................................................... 23
2.3.1 Projeto de instalação hidrossanitário ................................................................ 24
2.3.2 Projeto de instalações elétricas ........................................................................ 26
2.4 Vantagens Econômicas .................................................................................... 27
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 30
3.1 Aplicada ............................................................................................................. 30
3.2 Qualitativa .......................................................................................................... 30
3.3 Exploratória ....................................................................................................... 30
3.4 Explicativa.......................................................................................................... 31
3.5 Pesquisa bibliográfica ...................................................................................... 31
3.6 Pesquisa Documental ....................................................................................... 32
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 33
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 35
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 37
10

APÊNDICE A – MAQUETE ALVENARIA ESTRUTURAL EM BLOCO DE


CONCRETO .............................................................................................................. 39
11

1 INTRODUÇÃO

Devido ao rápido processo de urbanização houve grande demanda voltada a


construção civil a fim de minimizar o déficit habitacional do país. Para suprir as
novas necessidades de mercado, uma vez que este déficit é um dos graves
problemas nacionais, tem-se buscado cada vez mais a simplificação e otimização do
processo construtivo, surgindo assim a chamada racionalização do sistema
construtivo.
O sistema construtivo racionalizado consiste em reduzir desperdícios,
gerando menor custo e tempo na execução de uma obra. Outro fator que está
relacionado é a sustentabilidade, que se faz necessária, devido a adaptações de
melhorias para com o meio ambiente em uma construção, sem que atrapalhe a
qualidade do produto final.
Saber qual mecanismo estrutural deve ser adotado, é um dos principais
passos na hora de se projetar uma construção. Uma das grandes técnicas tem sido
a adoção da alvenaria estrutural por apresentar melhor utilização dos recursos de
uma edificação. Esta técnica não se constitui em uma inovação, pois é um dos mais
antigos sistemas de construção da humanidade.
A alvenaria é usada na maioria das vezes como “coadjuvante” em uma obra,
servindo apenas para vedação e separação dos ambientes. Na alvenaria estrutural,
como já diz o nome, é a alvenaria que tem função estrutural, ela passa a não apenas
vedar e separar ambientes, mas como a suportar o peso da própria edificação,
tornando-se desnecessária a utilização de vigas e pilares.
Importantes vantagens tornam este sistema apropriado não só para
construções públicas, como Minha Casa Minha Vida, mas também para uso em
qualquer padrão de construção, pois gera eficiência, produtividade e processos
construtivos mais sustentáveis, reduzindo gastos com materiais, mão de obras e
prazo de entrega. A obra torna-se um lugar mais limpo e organizado, facilitando a
sua execução e melhoria na qualidade. Muitas empresas passaram a utilizar deste
sistema como principal método de construção, já que é de suma importância utilizar
a melhor técnica construtiva, que otimize resultados do empreendimento.
A finalidade dessa pesquisa é compreender o sistema construtivo
racionalizado, a alvenaria estrutural, e entender a importância da mesma para o
12

mundo atual. Reunindo as vantagens e a viabilidade da alvenaria estrutural quando


comparada a outro sistema construtivo.

Dentre os objetivos específicos:


a) Apresentar o conceito de racionalização construtiva;
b) Apresentar a viabilidade da alvenaria estrutural em bloco de concreto;
c) Apresentar as técnicas de execução da alvenaria estrutural em bloco de
concreto;
d) Elaborar maquete para melhor visualização da alvenaria estrutural.

A alvenaria estrutural deve ser levada em consideração nos projetos iniciais


de uma construção, já que as vantagens proporcionadas por ela são
significativamente maiores que suas desvantagens em relação a uma construção
com técnicas tradicionais.
Segundo os autores Cervo, Bervian e Silva (2007), Goldenberg (1999),
Andrade (2010) e Netto (2008), como metodologia esse trabalho se classifica em
aplicada, de abordagem qualitativa, objetivo exploratório e explicativo, de pesquisa
bibliográfica e pesquisa documental.
Após a introdução este trabalhado está estruturado em referencial teórico, no
qual os principais autores abordados são Sabbatini (1989), Mayor (2012), Kalil
(2007) e Tauil e Nesse (2010). Seguido de metodologia, resultados e discussões,
considerações finais e referências.
13

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A seguir serão apresentados as definições, características, componentes e


viabilidades de um sistema construtivo racionalizado, alvenaria estrutural em bloco
de concreto.

2.1 Racionalização Construtiva

A inovação é a única alternativa para empresas que buscam se destacar em


um mercado tão competitivo quanto o da construção civil (COZZA, 2006).
Muitas empresas e construtoras têm sido atraídas pela racionalização
construtiva, pois a partir da própria cultura da empresa permite que se tenha uma
evolução constante e pode levar a implantação de sistemas da qualidade
(FRANCO,1996).
Sabbatini (1989) define a racionalização construtiva como um método que
une as ações que tenham como objetivo otimizar a utilização dos recursos
organizacionais, humanos, materiais, energéticos, tecnológicos e financeiro que se
encontram em todas as fases de uma construção.
Ainda para Franco (1996) a racionalização vai além de medidas de otimização
na fase de execução do empreendimento, ela pode ser considerada como o
aumento do nível organizacional, de evolução constante.

Figura 1: Sistema tradicional(A) x Sistema construtivo racionalizado(B)

Fonte: Revista techne (2012)


14

2.1.1 Sustentabilidade

Pensando no contexto atual, no qual é de extrema importância a preservação


do meio ambiente, é necessário utilizar de novas tecnologias e recursos disponíveis
para uma melhor adequação da moradia, minimizando o máximo possível os danos
que serão causados na construção da edificação. É notório que a construção civil é
o segmento que mais consome recursos naturais e matérias-primas. É possível
minimizar esse impacto, através da utilização dos princípios da coordenação
modular no projeto da alvenaria estrutural, o que gerará menor quantidade de
resíduos e entulhos.
Ser sustentável não significa apenas utilizar materiais ecologicamente
corretos, é necessário tomar outras medidas, como por exemplo, a adoção de um
sistema construtivo racionalizado (MAYOR, 2012).
A alvenaria estrutural tem sido a solução com os conceitos de
sustentabilidade que a sociedade almeja para a construção de seu habitat, pois
apresenta características de economia, durabilidade e menor desperdício (TAUIL;
NESE, 2010).

2.2 Alvenaria estrutural

A alvenaria estrutural pode ser compreendida como um processo construtivo


que não se utilizam pilares e vigas como em um sistema tradicional, uma vez que as
paredes servem como as estruturas das edificações (TAUIL; NESE, 2010). Sendo
assim a parede desempenha dupla função: vedação vertical e suporte estrutural.
Segundo Kalil (2007) a alvenaria estrutural deve ser vista muito mais que um
conjunto de paredes que resistem o seu próprio peso e outras cargas adicionais,
mas como um processo construtivo racionalizado, projetado e calculado de acordo
com as normas, visando segurança e economia.
A alvenaria estrutural é um sistema de construção antigo, ele predominava
até o final do século XIX, entretanto como não se tinham muitas pesquisas na
época, a inexperiência por parte dos profissionais dificultou sua aplicação com
vantagens, o que levou uma desaceleração desse tipo de construção. Mas devido à
grande redução de custos, construtoras e produtoras de blocos investiram em
tecnologias, tornando a nos dias atuais um dos principais métodos construtivos.
15

Figura 2: Prédio construído em alvenaria estrutural

Fonte: Canal do engenheiro (2015)

2.2.1 Alvenaria estrutural no Brasil

No Brasil, a alvenaria estrutural atingiu seu auge na década de 80, com os


programas de habitação popular Minha casa Minha vida, onde ficou tida na época
para construções de baixa renda. Porém, devido a suas grandes vantagens
passaram a ser aplicadas em qualquer tipo de edificação, incluindo nas de alto
padrão (KALIL, 2007).
Com o crescente número de edificações que utilizavam desse sistema foram
criadas normas técnicas para garantir a qualidade da construção. Como por
exemplo, é imposto que devem ser feitos ensaios laboratoriais nos materiais a
serem utilizados na obra. Os ensaios precisam ser realizados devido à necessidade
de introduzir a cultura de gestão da qualidade, de acordo com as normas brasileiras
(TAUIL; NESE, 2010).

2.2.2 Componentes

Os principais componentes utilizados para a execução da alvenaria estrutural


são os blocos de concreto, a argamassa, o graute e as armaduras. Apresenta- se
quanto à definição e suas principais funções da seguinte maneira:
16

2.2.2.1 Blocos de concreto

Os blocos de concreto são os elementos mais importantes da alvenaria


estrutural, visto que eles resistem à compressão e definem os procedimentos da
coordenação modular nos projetos (CAMACHO, 2006).
Os blocos de concretos podem ser classificados em estruturais e não
estruturais. Na alvenaria estrutural são adotados os blocos estruturais para resistir
aos esforços.
Os blocos devem apresentar baixa absorção de água, resistência à
compressão, durabilidade, não ter variabilidade em sua dimensão, ter aspecto
homogêneo, compacto e arestas vivas. Acima de tudo não devem apresentar
trincas, fraturas ou algum defeito que possa prejudicar o seu assentamento ou afetar
a resistência e sua durabilidade na construção. Os blocos padrão apresentam
resistência à compressão de 6 a 15 MPa, e em casos especiais podem apresentar
resistência de até 20 MPa.
As dimensões normalmente utilizadas, empregadas, são 10x20X40,
15X20X40 e 20x20X40 (espessura, altura e comprimento respectivamente em cm),
normalmente os blocos possuem dimensões nominais múltiplas de 5cm. Pode se
dizer que coordenação modular é organizar e arranjar peças de forma a atender a
uma medida padronizada (ROMAN; MUTI; ARAÚJO, 1999).
Na maioria das literaturas sobre alvenaria estrutural o modulo adotado é o
M=100 mm, em que M é a menor unidade de medida modular da quadrícula, sendo
esse modulo a base de todo o projeto. Estes módulos estão de acordo com o projeto
de norma de coordenação modular 02:138.15-001/janeiro-2010. Projetar de maneira
modular utilizando uma base reticulada espacial nos eixos cartesianos possibilita a
maior organização dos espaços e compatibilização dos elementos construtivos,
dando a flexibilidade necessária ao projeto arquitetônico e proposta técnica do
arquiteto (TAUIL; NESE, 2010).
17

Figura 3: Família 20, 40 e medida modular

Fonte: Alvenaria Estrutural (2010)

As dimensões de 1 cm na figura referem aos ajustes de coordenação, demonstrando


as possibilidades de ajustes modulares para atender ao projeto arquitetônico. É
possível a utilização de peças compensadoras caso seja necessário um ajuste
menor que o módulo, como a medida modular é M = 10 cm para o bloco de
concreto, o incremento submodular terá sua medida modular igual a M/2 = 5 cm ou 4
cm + 1 cm.

2.2.2.2 Argamassa

A argamassa é constituída de cimento, areia e cal. Basicamente pode ser


definida como o elemento de ligação entre os blocos de concreto. Suas funções são
absorver pequenas deformações, compensar as irregularidades dimensionais dos
blocos e vedar as juntas contra entrada de água e vento na edificação.
18

O tipo de argamassa a ser usado depende da função que a parede vai


exercer, do tipo de bloco utilizado e das condições de exposição a qual a parede
estará sujeita.
Deve ser considerado que não existe um único tipo de argamassa que seja o
melhor para todos os tipos de aplicações (KALIL, 2007).
As proporções de cimento, cal e areia definem argamassas mais ou menos
fortes, mais ou menos resistentes a agentes agressivos, em função da finalidade de
uso. Para argamassas com resistência maiores ou com características específicas, é
necessário realizar estudos em laboratório para definir os traços mais
adequados (DÉSIR, 2015).

2.2.2.3 Graute

O graute nada mais é que um concreto fino, constituído por cimento, água,
agregado miúdo e agregados graúdos (até 9.5 mm). Precisa ser de alta fluidez para
preencher adequadamente os vazios dos blocos. Tem função de propiciar aderência
com as armaduras e aumentar a resistência da parede (CAMACHO, 2006). Kalil
(2007) acrescenta que o graute serve também para proteger a armadura contra a
corrosão.
Figura 4: Graute

Fonte: Geofoco (2014)


19

2.2.2.4 Armaduras

As armaduras utilizadas na alvenaria estrutural são as mesmas do concreto


armado. Elas podem ser construtivas ou de cálculo. Tem como função cobrir
necessidades construtivas e absorver esforços de compressão e/ou tração
(CAMACHO, 2006).

Figura 5: Armadura

Fonte: Equipe de obra (2013)

2.2.3 Classificação

A alvenaria estrutural pode ser classificada tanto quanto ao material utilizado,


quanto ao seu processo construtivo. Destaca- se:

2.2.3.1 Alvenaria não armada

Na alvenaria estrutural não armada, a construção recebe apenas reforços de


aços com finalidades construtivas (vergas e contravergas), prevenindo patologias
(fissuras e trincas), não tendo a necessidade do uso de graute (TAUIL; NESE,
2010). São tradicionalmente usados em construções de pequenos portes, como
prédios de até 8 pavimentos (KALIL, 2007).
20

Figura 6: Alvenaria estrutural não armada

Fonte: Alvenaria estrutural (2010)

2.2.3.2 Alvenaria armada

Na alvenaria estrutural armada, a construção recebe armaduras passivas que


serão grauteadas posteriormente, devido às solicitações estruturais (TAUIL; NESE,
2010). Podem ser utilizadas em construções de mais de 20 pavimentos (KALIL,
2007).
21

Figura 7: Alvenaria estrutural armada

Fonte: Alvenaria estrutural (2010)

2.2.3.3 Alvenaria parcialmente armada

Na alvenaria estrutural parcialmente armada, a construção é combinada em


armada e não armada. Essa definição é utilizada apenas no Brasil (CAMACHO,
2006).

2.2.3.4 Alvenaria protendida

Na alvenaria estrutural protendida, a construção recebe uma armadura ativa


de aço. Devido ao alto custo da mão de obra e dos materiais, esse tipo de alvenaria
é pouco utilizado (TAUIL; NESE, 2010).
22

Figura 8: Alvenaria estrutural protendida

Fonte: Alvenaria estrutural (2010)

2.2.4 Paredes

As paredes exercem a função de componentes estruturais da alvenaria, elas


podem ser definidas como:
a) Paredes estruturais: são as paredes que apesar de resistir ao seu peso próprio
também resistem às cargas verticais e acidentais. Com responsabilidade estrutural.
b) Paredes de vedação: são as paredes que tem como função a separação de
ambientes internos e fechamento externo. Não tem responsabilidade estrutural,
resistindo apenas ao seu peso próprio. (ROMAN; MUTI; ARAÚJO, 1999).
23

Figura 9: Paredes de vedação (removíveis) em um projeto de alvenaria estrutural

Fonte: Alvenaria Estrutural (2013)

2.3 Coordenação modular

A coordenação modular baseia no ajuste de todas as medidas da obra,


horizontais e verticais, sendo previstas no projeto todos os encontros (paredes,
pontos grauteados, ferragens, aberturas, instalações em geral). Possuindo como
objetivo principal evitar os desperdícios e cortes na fase de execução (CAMACHO,
2006).
Existem dois tipos de modulação: vertical e horizontal. O módulo horizontal
(modulo em planta) se define pela largura e comprimento do bloco, já o modulo
vertical é determinado pela altura do bloco.
É muito importante que as dimensões sejam iguais ou múltiplos,
apresentando um único módulo em planta, assim simplifica a amarração entre as
paredes, o que resulta em uma melhor racionalização do sistema construtivo. A
modulação é indispensável para a racionalização e economia na construção de
alvenaria estrutural (KALIL, 2007).
Oggi (2006) completa que utilizando projeto com módulos há uma redução
significativa de desperdício de materiais, mão-de-obra, tempo total de execução, de
24

custos de instalação e produção, e além de todos esses fatores pode ser aplicado
em qualquer tipo de obra.
“Reduzir o desperdício também significa reduzir o número de probabilidade de
erros” (OGGI, 2006, p. 85).
Um dos principais motivos que toma a alvenaria estrutural como um processo
favorável a inserção de medidas de racionalização é a facilidade com que se
implanta a coordenação modular (FRANCO, 1992).

2.3.1 Projeto de instalação hidrossanitário

As instalações hidrossanitárias devem ser previstas no projeto para ter


resultados que evitem cortes nos blocos. Esses cortes geram desperdícios, gastos,
re-trabalho e principalmente insegurança na edificação (TAUIL; NESE, 2010).
Segundo a NBR 10837 (ABNT,1989) (cálculo de alvenaria estrutural de
blocos vazados de concreto) não é permitido a passagem de tubos condutores de
fluidos nas paredes de alvenaria estrutural. Por essa razão podem ser construídas
paredes sem função estrutural, somente para vedação. Para passagens de tubos
com diâmetros maiores que os furos do bloco, é necessário o uso de shafts. Tanto
do ponto de vista construtivo quanto estrutural o uso de shafts é a melhor opção.
Shafts são aberturas verticais na construção, por onde passam tubulações
de instalações hidros sanitárias, como água quente, fria, ventilação e
esgoto. Em alguns casos os shafts são utilizados para passar eletrocalhas,
porém qualquer elemento de instalações elétricas deve ser cuidadosamente
projetado, observando-se as normas de proteção contra incêndio. Como os
shafts possuem aberturas na laje para a passagem de tubulações, devem
possuir vedação adequada, caso contrário, as chamas podem se propagar
verticalmente com facilidade (CARDOSO, 2015).
25

Figura 10: Shaft interrompendo parede

Fonte: Alvenaria Estrutural (2007)

Com o objetivo de diminuir a quantidade e shafts deve – se projetar as áreas


frias da edificação o mais próximo possível uma das outras. Estes são os chamados
trechos verticais.
Já nos trechos horizontais da instalação o acesso da tubulação é feito por
baixo da laje de teto e o forro (KALIL, 2007; TAUIL; NESE, 2012).

Figura 11: Tubulação debaixo da laje de teto

Fonte: Pesquisa aplicada (2016)


26

2.3.2 Projeto de instalações elétricas

Assim como nas instalações hidrossanitárias, os eletrodutos, as caixas de


tomadas e interruptores devem ser previstos no projeto arquitetônico.
Os furos dos blocos de concreto serão utilizados para a passagem dos
eletrodutos. Para as caixas deve – se ficar atento quando os pontos de luz e
interruptores forem posicionados ao lado das aberturas das portas, pois
normalmente são grauteadas.
Não necessariamente precisa fazer cortes, pois se tem a opção de blocos
especiais elétricos, já com abertura (KALIL, 2007).

Figura 12: Blocos especiais elétricos

Fonte: Comunidade da Construção (2008)

No apêndice A dessa monografia, mostra as fotos do projeto e da maquete de


uma casa construída em alvenaria estrutural em bloco de concreto, no qual facilita o
entendimento desse método. É perceptível que não possui vigas nem pilares,
apenas as paredes (blocos de concreto) resistem aos esforços, também é fácil
perceber os shafts, a coordenação modular, tamanho e disposição dos blocos de
concreto. Através dessa maquete podemos ver a simplificação dessa técnica
construtiva e dos seus componentes.
27

2.4 Vantagens Econômicas

“Como garantir a habitabilidade e o desempenho do ambiente construído?”,


“Como ganhar dinheiro vendendo uma casa ou apartamento de 50.000 a 100.000
reais?”. Essas são as principais perguntas das empresas construtoras que são
fundamentais para entender o atual cenário brasileiro. A alvenaria estrutural é capaz
de atender aos critérios globais de desempenho e custo, empregando alternativas
que levem à racionalização do processo, por isso está sendo amplamente utilizada
como um sistema construtivo capaz de responder a essas duas perguntas.
(MOHAMAD, 2015)
Para Wendler (2005) este sistema construtivo possui diversas vantagens, na
qual a econômica é uma de suas principais pelo simples fato da otimização de
tarefas, por meio de técnicas executivas simplificadas, facilidade de controle nas
etapas de produção gerando uma redução no desperdício de materiais produzido
pelo constante retrabalho. A alvenaria estrutural conseguiu proporcionar a
flexibilidade do planejamento das etapas de execução das obras, tornando-o um
sistema competitivo no Brasil quando comparado com o concreto armado e o aço.
A Figura 13 apresenta a porcentagem de redução no custo de uma obra em
alvenaria quando comparada à estruturas convencionais.

Figura 13: Custos aproximados entre as estruturas convencionais e a


alvenaria estrutural no Brasil

Fonte: Construções em alvenaria estrutural (2015)

De acordo a Figura 13 é possível concluir que, para prédios de até quatro


pavimentos, quando comparado ao concreto armado, há uma redução no custo da
28

estrutura de 25% a 30%. À medida que aumenta o número de pavimentos essa


redução diminui para valores em torno de até 4% a 6%. Construtoras têm adotado o
sistema construtivo em alvenaria estrutural de até quatro pavimentos, como um
método construtivo adequado aos padrões de exigências dos órgãos financiadores
para construção de habitações populares para baixa renda.
Para enriquecer e comprovar sobre suas vantagens econômicas, iremos
mostrar na figura 14, gráficos que mostrem a diferença de custos de uma construção
em alvenaria estrutural para uma construção convencional.
Esses gráficos foram apresentados no artigo “comparação de custos de um
edifício residencial executado em alvenaria estrutural e em concreto armado.”
produzido pelos autores Pablo Cardoso Jacoby e Fernando Pelisser em 2011.
O edifício adotado para o desenvolvimento da comparação de custo do artigo
é um estudo de caso de um edifício residencial que faz parte de um condomínio em
fase de execução na cidade de criciúma. Este condomínio é composto por oito
blocos, onde cada bloco possui quatro pavimentos com quatro apartamentos por
pavimento, gerando um total de 16 apartamentos por bloco. Cada bloco possui
1028,18 m².

Figura 14: Comparação de custos alvenaria estrutural x sistema convencional

Fonte: Artigo Unesc - Comparação de custos de um edifício residencial executado em alvenaria


estrutural e em concreto armado (2011)

Nesse estudo de caso houve uma redução de custo de 12% a favor da


alvenaria estrutural. Muitos autores afirmam que essa redução poderia chegar até
30% em prédios com o mesmo perfil. Apesar de o estudo de caso ter apresentado
uma redução menor, ainda sim é uma porcentagem bastante significativa.
29

A diferença de redução de custo dos gráficos do estudo de caso com a tabela


das pesquisas de Mohamad pode se dar dentre vários motivos, o local e a época em
que se foi construída a edificação.
30

3 METODOLOGIA

Quanto à natureza esse trabalho se classifica em aplicada, de abordagem


qualitativa, com objetivos exploratório e explicativo, com procedimentos técnicos de
pesquisa bibliográfica e pesquisa documental.

3.1 Aplicada

A pesquisa aplicada tem como proposito contribuir para fins práticos,


buscando soluções para problemas determinados (CERVO; BERVIAN; SILVA,
2007).
Netto (2008, p. 28) resume a pesquisa de natureza aplicada como a que
“utiliza os conhecimentos gerados pela Pesquisa Básica + Tecnologia Existentes”.
O presente trabalho pode ser definido como de natureza aplicada por procurar
soluções de melhorias na construção civil. É baseada em conhecimentos já
existentes e objetiva a aplicação de conhecimento básicos.

3.2 Qualitativa

A pesquisa qualitativa procura o aprofundamento da compreensão de um


fenômeno ou sujeito, sem se preocupar com a representatividade numérica. Há a
pressuposição de uma metodologia própria para cada ciência (GOLDENBERG,
1999).
O presente trabalho é de abordagem qualitativa por não ter como
preocupação mostrar dados numéricos e sim apresentar estudos aprofundados
sobre as qualidades de um sistema racionalizado como o da alvenaria estrutural.

3.3 Exploratória

A pesquisa exploratória pode ser considerada o primeiro passo, pois na


maioria das vezes, constitui uma atividade preparatória ou preliminar para outro tipo
de pesquisa. Tem como função facilitar a delimitação de um tema a ser estudado,
obter maiores informações sobre determinado assunto, definir objetivos ou descobrir
31

novos tipos de enfoque ou formular as hipóteses de uma pesquisa (ANDRADE,


2010).
O presente trabalho tem objetivo exploratório por ter sido feito um
levantamento bibliográfico, ou seja, foram buscadas informações prévias sobre o
conteúdo apresentado nessa pesquisa em literaturas para que houvesse a
familiarização com o tema. O que nos trouxe maiores conhecimentos e novas
percepções a respeito do assunto.

3.4 Explicativa

Além apresentar uma análise e interpretação mais minuciosa sobre o tema,


identifica também os fatores determinantes, ou seja, a causa dos fenômenos
estudados. A pesquisa explicativa tem como objetivo aprofundar o conhecimento da
realidade, procurando a razão das coisas. Por isso é um tipo de pesquisa mais
complexo (ANDRADE, 2010).
O presente trabalho tem como objetivo explicativo por ter um estudo
aprofundado sobre o tema em questão, apresentando com detalhes o sistema
construtivo racionalizado de alvenaria estrutural. Buscando explicar os fatores que
determinam para que essa técnica seja vantajosa.

3.5 Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica segundo referências teóricas publicadas em livros,


teses, artigos e dissertações busca explicar um problema (CERVO; BERVIAN;
SILVA, 2007). Basicamente, é uma pesquisa baseada em documentos que tiveram
tratamento analítico.
O presente trabalho tem como procedimento técnico a pesquisa bibliográfica
por se basear em documentos que tiveram tratamento analítico, como por exemplo,
livros e artigos.
32

3.6 Pesquisa Documental

Segundo Netto (2008, p. 30) a pesquisa documental:


tem por finalidade conhecer os diversos tipos de documentos e provas
existentes sobre conhecimentos científicos. Esses documentos
normalmente não receberam tratamento prévio analítico, encontrando – se
muitas vezes nos seus locais de origem.
Por termos recorrido nossa pesquisa a fontes diversificadas e algumas
dessas fontes não apresentarem tratamento analítico, o trabalho tem também como
procedimento técnico a pesquisa documental.
Alguns exemplos de materiais usados nessa pesquisa e que não receberam
tratamento analítico são as revistas, os documentos internos de empresas que nos
foram fornecidos e as instruções normativas.
33

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A alvenaria estrutural é um sistema que vem sendo aprimorado desde a


década de 1970, porém pouco estudada. Raras são as faculdades que possuem
como grade curricular a disciplina de alvenaria estrutural. Como experiência própria,
não vimos e tão pouco ouvimos falar desse método em nossa graduação.
Acreditamos que exista preconceitos e tabus em relação a essa técnica por
ser uma técnica que foge dos padrões tradicionais, em que construções precisam ter
vigas e pilares para sua sustentação. A falta de informação gera uma relação
errônea de que esse tipo de obra deva ser realizado somente para construções de
edifícios de baixo padrão ou até mesmo que ela não resista como estrutura.
Para tanto, esse sistema construtivo, que utiliza a alvenaria estrutural com
blocos de concreto oferece solução eficaz, testada em empreendimentos públicos e
privados há mais de três décadas e que, ao longo desse tempo, evoluiu
extraordinariamente.
Ao contrário do que muitos pensam sua flexibilidade permite o emprego tanto
na construção de moradias supereconômicas como de prédios de alto padrão.
A pesquisa realizada nessa monografia facilita a compreensão e nos leva a
entender a importância de um sistema construtivo racionalizado como a alvenaria
estrutural.
Depois de analisar todas as características desse sistema, entendemos como
principal desvantagem o fato de que há a limitação de remoção das paredes, pois
elas desempenham a função estrutural da edificação. Porem segundo Kalil caso
haja necessidade é possível projetar algumas paredes removíveis (somente para
vedação), sem função estrutural.
Encontra-se ainda como desvantagens vãos livres muito limitados
(pequenos), projetos arquitetônicos restritos.
Porém, por mais que existam essas desvantagens, a construção em alvenaria
estrutural se bem projetada e executada pode apresentar inúmeras vantagens em
relação aos processos construtivos tradicionais, o que a torna como um dos
métodos construtivos mais viáveis.
Os projetos são mais fáceis de detalhar devido a coordenação modular, além
disso, é de fácil compreensão para a mão-de-obra, o que evita a maior possibilidade
de erros. Apresenta uma economia maior, por se executar a estrutura e vedação de
34

uma só vez e também economia de materiais como formas, armação, madeiras,


ferragens. Há uma significativa redução de tempo se comparada a outros métodos.
Menor retrabalho e desperdício de materiais, por evitar que se faça cortes nas
paredes. Boa receptividade da mão-de-obra, pela fácil e rápida aprendizagem.
Facilidade de supervisão de obra.
Como já foi dito na nossa pesquisa por Mayor(2012), a construção civil é o
segmento que mais consome recursos naturais e matérias-primas. O mundo precisa
de técnicas mais sustentáveis, que degradem menos o ambiente. Então, é
importante destacar sua vantagem em relação aos ganhos ambientais, por
praticamente não gerar rejeitos de canteiro e quase não utilizar fôrmas e escoras de
madeira.
E, fundamentalmente, a construção civil brasileira tem hoje fornecedores de
blocos de concreto qualificados, avalizados por instrumentos como o Selo de
Qualidade, fornecido sob critérios rigorosos de inspeção pela Associação Brasileira
de Cimento Portland, e que vêm investimento cada vez mais na ampliação da
produção, com a construção de novas fábricas nas diversas regiões do país.
A somatória desses elementos montou o alicerce para o enorme salto técnico-
econômico do sistema construtivo de alvenaria estrutural com blocos de concreto.
Sendo a melhor alternativa para construtores e incorporadores, para seus clientes,
que compram qualidade e economia, e para a sociedade, pelo seu potencial de
emprego e geração de renda.
Vale ressaltar que para a excelência e eficácia desse e qualquer outro método
é muito importante que se tomem medidas como a utilização de um projeto
modulado, bem elaborado e estruturado, a utilização de materiais que tenham
qualidade, mão de obra qualificada, logística do transporte e armazenamento correto
dos materiais, análise e preparação correta do solo antes da execução da obra,
cuidados relacionados com as ações das edificações vizinhas e cuidados gerais na
forma de execução das construções, seguindo as regras e normas vigentes.
Podemos então afirmar que a alvenaria estrutural é uma técnica construtiva
racionalizada mais vantajosa e viável que as técnicas convencionais, trazendo
ótimos benefícios para a sociedade e menores custos. Acreditamos ainda que
precisa ser um método disseminado e abordado em grades do curso de engenharia
civil e que se tenham palestras a respeito, para que todos tomem conhecimento da
excelência da alvenaria estrutural.
35

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho de conclusão de curso, buscamos informar e confirmar a


importância de um sistema construtivo racionalizado e a viabilidade de se construir
em alvenaria estrutural em bloco de concreto quando comparado a técnicas
construtivas tradicionais. Assim sendo, acreditamos que conseguimos demonstrar a
relevância desse método, ou seja, nosso problema de pesquisa foi resolvido.
Do mesmo modo, os objetivos geral e específicos foram alcançados, por
conseguirmos apresentar de diversas maneiras as vantagens que essa técnica
possui.
A importância desta pesquisa foi confirmada a partir do momento em que foi
possível verificar que o uso da alvenaria estrutural é viável. Conseguimos reunir na
teoria as bases necessárias para quem tem interesse em saber sobre a alvenaria
estrutural, associando esse método com as vantagens que trarão, principalmente,
para o meio ambiente.
As contribuições para nós engenheiros, foi ter a oportunidade de conhecer
mais sobre esse método diferenciado, que não há na nossa grade acadêmica. É um
sistema que poucos verão enquanto alunos, a não ser que faça cursos e pesquisas
por conta própria.
De todas as contribuições, julgamos como melhor, a que trouxe para o meio
acadêmico. Nosso propósito era disseminar esse conhecimento, e não teria maneira
melhor do que evidenciando para os nossos docentes a importância de ensinar
sobre a alvenaria estrutural.
Já para a sociedade podemos mostrar com nossa pesquisa, que apesar de
ser um método diferente do que vemos na maioria das vezes, ele funciona tão bem
quanto, e que suas vantagens a tornam, na maioria dos casos, como uma técnica
mais viável que a técnica tradicional.
A grande limitação desse trabalho foi comprovar a eficácia de um tema pouco
abordado para nos graduandos. Existe tabus e preconceitos em relação a esse
método construtivo, alvenaria estrutural. Muitas pessoas ainda acreditam que é um
sistema que é pouco confiável, por fugir dos padrões (a não utilização de vigas e
pilares) e que serve somente para obras de baixa renda, mas mesmo com todas
essas limitações, conseguimos comprovar que é um método viável.
36

Como pesquisas futuras sugerimos que busquem por projetos eficazes nas
faculdades de engenharia civil que implantem a matéria alvenaria estrutural na grade
curricular ou projetos que incentivem pesquisas sobre essa técnica.
Sugerimos ainda que faça uma pesquisa da alvenaria estrutural em tijolos
cerâmicos e comparem suas vantagens com os de blocos de concreto, concluindo
qual dos dois materiais seria mais viável quando aplicado na alvenaria estrutural.
37

REFERÊNCIAS

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GOLDENBERG, Mirian. A Arte de Pesquisar: Como Fazer Pesquisa Qualitativa


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SABBATINI, Fernando Henrique. Desenvolvimento de Métodos, Processos e


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WENDLER, Arnoldo Augusto. Relatório Sobre Alvenaria Estrutural. São Paulo:


Wendler, 2005. Disponível em: <http://www.wendlerprojetos.com.br/alvenaria.php>.
Acessado em: 10 set 2016.
39

APÊNDICE A – MAQUETE ALVENARIA ESTRUTURAL EM BLOCO DE


CONCRETO

Projeto da maquete alvenaria estrutural em bloco de concreto


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Fotos da maquete alvenaria estrutural em bloco de concreto


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