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CUIABÁ-MT
2014
01
Cuiabá, MT
2014
0 2
Cuiabá, MT
2014
3
CDU 796.01:178.9
AGRADECIMENTOS
Obrigada sempre!
7
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo interpretar as situações de violência entre alunos do 6º
ao 9º ano do Ensino Fundamental na forma de bullying e cyberbullying no âmbito da
Educação Física Escolar, com vistas a produzir dados que possam orientar futuros projetos de
intervenção educativa na área. Para tanto, realizou-se um levantamento bibliográfico que
apresentou aspectos conceituais, origem, causas da violência e da violência escolar. Discutiu-
se ainda, o bullying e a variante cyberbullying na ambiência da Educação Física escolar,
incidência, causas, modos de manifestação, distinções, perfil dos protagonistas, bem como
suas consequências. Como metodologia adotou-se o estudo de caso, a pesquisa quali-quanti,
numa perspectiva fenomenológica, tendo como universo de pesquisa uma escola particular de
Mato Grosso, sendo sujeitos 119 alunos do Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano, cujas idades
estão compreendidas entre 10 a 15 anos; professores de Educação Física e das demais
disciplinas; equipe diretiva e equipe técnica. Utilizou-se como instrumento de pesquisa a
aplicação de inquérito online, na plataforma SurveyMonkey, respondido pelos alunos. Outro
instrumento de pesquisa adotado foi a técnica de grupos focais com os alunos, professores e
equipe diretiva, cuja modelagem foi uma análise interpretativa. Constatou-se que na
ambiência da Educação Física, quando as aulas priorizam a competição, torna-se um ambiente
facilitador de ocorrência bullying, que pode se desencadear em cyberbullying, e que na
maioria dos casos, nem a escola e nem os professores ficam sabendo, portanto não são
tomadas medidas adequadas.
ABSTRACT
This study aimed to construe the situations of violence among students from 6th to 9th grade
of Elementary School in form of bullying and cyberbullying as part of physical education, in
order to produce data as guidelines for future educational intervention programs in the area.
With this goal, we performed a bibliographic survey that showed conceptual aspects, origin,
causes of violence and school violence. We also discussed bullying and cyberbullying variant
in the ambience of Physical Education, incidence, causes, manifestations, distinctions, profile
of protagonists as well as their consequences. The methodology adopted was the case study,
qualitative and quantitative research with a phenomenological perspective, with the universe
for a particular school in Mato Grosso, being subject 119 elementary school students, from
6th to 9th grade, whose ages were between 10 through 15 years, physical education teachers
and other disciplines, management and technical staff. Survey on SurveyMonkey platform
was used as on line research tool, answered by the students. Another survey instrument used
was the technique of focus groups with students, teachers and management team, whose
model was an interpretive analysis. It was found in the ambience of physical education when
classes prioritize competition, it is a facilitator of bullying occurrence, which can be
unleashed on cyberbullying, environment, and that in most cases, neither the school nor the
teachers are told, so appropriate attitudes are not taken.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Atos de Bullying............................................................................................. 44
Gráfico 1 – Distribuição por Sexo..................................................................................... 98
Gráfico 2 – Distribuição por Idade.................................................................................... 99
Gráfico 3 – Distribuição por Série e Ano.......................................................................... 100
Gráfico 4 – Distribuição por Cor/Etnia............................................................................. 100
Gráfico 5 – Percentual de Retenção................................................................................... 101
Gráfico 6 – Organização Familiar..................................................................................... 102
Gráfico 7 – Frequência de Acesso à Internet..................................................................... 103
Gráfico 8 – Local de Acesso à Internet............................................................................. 104
Gráfico 9 – Horas diárias de uso da Internet..................................................................... 105
Gráfico 10 – Usos da Internet............................................................................................ 106
Gráfico 11 – Posse de Aparelho Celular............................................................................ 107
Gráfico 12 – Representação do Celular............................................................................. 108
Gráfico 13 – Tipo de Utilização do Celular....................................................................... 109
Gráfico 14 – Gosto pela Aula de Educação Física............................................................ 110
Gráfico 15 – Sentimentos pela aula de Educação Física................................................... 111
Gráfico 16 – Motivação para o Bullying nas Aulas de Educação Física........................... 113
Gráfico 17 – Ocorrência do Bullying na aula de Educação Física.................................... 120
Gráfico 18 – Tipologia de Bullying Observado na Aula de Educação Física................... 123
Gráfico 19 – Prática de Bullying com Colega nas Aulas de Educação Física................... 124
Gráfico 20 – Tipologia do Bullying Praticados nas Aulas de Educação Física............... 126
Gráfico 21 – Sofrimento por Bullying nas Aulas de Educação Física............................... 127
Gráfico 22 – Tipologia de Bullying com as Vítimas nas Aulas de Educação Física......... 131
Gráfico 23 – Espaço de Ocorrência do Bullying na Escola............................................... 132
Quadro 2 – Comparativo dos espaços de Ocorrência do Bullying nas Escolas................. 132
Gráfico 24 – Quantificação da Manifestação de Bullying nas Aulas de Educação........... 134
Gráfico 25 – Sentimentos Causados pelo bullying na aula de Educação Física................ 135
Gráfico 26 – Reação ao Bullying Sofrido na Aula de Educação Física............................. 137
Gráfico 27 – Consequências Sofridas por Bullying na Aula de Educação Física............. 138
Gráfico 28 – Predominância de Prática de Bullying por Sexo na Aula de Educação
Física.................................................................................................................................. 139
Gráfico 29 – Sentimentos dos Autores do Bullying na Aula de Educação Física............. 140
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 15
2. VIOLÊNCIA....................................................................................................... 19
2.1. Aspectos Conceituais........................................................................................... 20
2.2. Origens da Violência............................................................................................ 21
2.2.1 Roger Dadoun...................................................................................................... 22
2.2.2 René Girard.......................................................................................................... 23
2.2.3 Michel Maffesoli.................................................................................................. 24
2.2.4 Georges Balandier................................................................................................ 26
2.2.5 Norbert Elias........................................................................................................ 28
2.2.6 Adair Caetano Peruzzolo...................................................................................... 29
2.2.7 Sigmund Freud..................................................................................................... 31
2.2.8 David Le Breton................................................................................................... 31
2.3 Violência no Contexto Escolar............................................................................. 32
2.3.1 Apresentando Conceitos....................................................................................... 34
3 BULLYING.......................................................................................................... 41
3.1 Bullying, Brincadeira e suas Distinções............................................................... 47
3.2 Bullying, Indisciplina e suas Distinções............................................................... 51
3.3 Bullying, e Circunstâncias de Ocorrência............................................................ 55
3.4 Bullying e Protagonistas....................................................................................... 56
3.4.1 Agressores............................................................................................................ 56
3.4.2 Espectadores........................................................................................................ 57
3.4.3 Vítimas................................................................................................................. 58
3.5 Variante Cyberbullying........................................................................................ 61
3.5.1 Adolescentes e a Tecnologia................................................................................ 63
3.5.2 Diferença entre Bullying e Cyberbullying............................................................ 65
3.5.3 Comportamentos de Cyberbullying...................................................................... 67
3.6 Cyberbullying na Educação Física....................................................................... 71
3.7 Consequências Sociais e Acadêmicas do Bullying e do Cyberbullying............... 79
4 METODOLOGIA.............................................................................................. 88
4.1 Abordagem Quantitativa...................................................................................... 88
4.2 Abordagem Quanlitativa..................................................................................... 89
4.3 Estudo de caso..................................................................................................... 90
4.4 Grupo Focal......................................................................................................... 91
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1. INTRODUÇÃO
2. VIOLÊNCIA
A natureza humana está configurada nas relações dos indivíduos entre si, estes
necessitam do encontro com o outro para sobreviver, tanto para a conquista de território
necessário para manter a sobrevivência, quanto pela constituição da individualidade. Esse
processo não é completamente harmônico, ao contrário, pode ocorrer através de conflitos,
destruição, agressividade e violência. Não há aspecto da realidade humana onde a violência
não esteja presente.
O termo violência possui origem latina, visto que a palavra violentia é oriunda do
verbo volare, que significa violentar, transgredir e faz referência ao termo vis: empregar força
física em intensidade, potência, qualidade, essência. Já para os greco-romanos, violência
significa violar o equilíbrio natural pelo uso da potência.
No Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (FERREIRA, 1999, p. 1779),
a violência está ligada ao uso da força física ou mesmo moral e também à coação. “Violência
significa qualidade de violento; ato violento, ato de violentar; constrangimento físico ou
moral; uso da força; coação”.
Por sua vez, judicialmente, o termo violência está diretamente relacionado à
coação.
Percebe-se que o fenômeno social da violência se apresenta das mais variadas
formas, implicando em atores diversos, ocorrendo de diferentes formas, tanto física,
psicológica, emocional e simbólica, como na expressão de Schilling (2007, p. 3):
A violência [...] tem como característica o fato de que pretender propor uma
nova análise teórica sobre ela é muito complicado. Pode-se, no máximo,
atualizar o que as diversas ciências do homem disseram e redisseram de
várias maneiras.
Da Matta (1982, p. 14), sobre a violência, faz associações com múltiplos aspectos
e contornos, ressalta suas facetas positivas e negativas numa gradação de equilíbrio:
Por sua vez, Odalia (1983, p. 35) traz a tona a ideia da violência
institucionalizada, quando esta é admitida implícita ou explicitamente, que uma relação de
força é uma relação natural:
Existe ainda, uma intrincada rede de violência que ocorre em todas as regiões do
país, em que ao mesmo tempo todos são vítimas e autores.
Tal como uma epidemia, todos são afetados pela fonte comum de uma
estrutura social desigual e injusta, que alimenta e mantém ativos os focos
específicos de violência, os quais se expressam nas relações domésticas, de
gênero, de classes e no interior das instituições (MINAYO, 1993, p. 75).
estruturante essencial da violência, entende que não há aspecto da realidade humana onde ela
não esteja associada.
Recorre aos textos bíblicos que narram a disputa dos irmãos pelo prestígio de
Deus, os filhos do casal primordial, Adão e Eva e o fatricídio original de seus filhos Caim e
Abel, sendo esta considerada a matriz de outras violências que ocorreram na história, onde
uma sempre desencadeia outra. Para o autor, esta arbitrariedade origina-se no agir do próprio
Deus ao aceitar a oferenda de um filho e recusar a do outro, lançando a maldição que atinge o
casal originário e, assim, a humanidade inteira.
Ainda em Gênesis a violência está no princípio do mundo, tais como a expulsão
do paraíso, o castigo para a mulher, o dilúvio, a Torre de Babel, dentre outros acontecimentos.
Essa imagem primordial tem valor de arquétipos e funcionam como valores de referência aos
quais são feitas alusões continuamente, que influenciam o agir da humanidade. Corroborando
esses argumentos, a bíblia apresenta o limite absoluto da violência, Jesus, o filho de Deus,
sendo crucificado.
A teoria do autor expressa a ideia de que o homem civilizado escondeu, mascarou
seus anseios e necessidades, reprimindo a essência de sua violência, tornando-se um ser da
racionalidade, porém sua natureza violenta nunca deixou de existir. A partir da racionalização,
o homem calcula, controla, projeta, justifica e elabora até mesmo a própria violência. Mas
nem o uso intenso da razão solucionou o problema da violência humana. Concluindo, afirma
que “as vias e as luzes” que conduzem à violência continuam obscuras.
Para este autor a violência é “intestina”, interna, íntima ao ser humano, o que se
revela através de desavenças, rivalidades, ciúmes e disputa entre próximos. Afirma que o
sagrado é tudo que domina o homem, que as condutas religiosas e morais visam a não
violência cotidiana, que são freadas pelas instituições que dominam a vida social. Entende que
existe a possibilidade de desviar a violência da vítima humana.
A teoria antropológica e sociológica de Girard tem dois pilares que são os
conceitos de sacrifício de vítimas expiatórias e desejo mimético:
ele faz uma ligação com o rito sacrificial onde a violência intestina poderia ser ludibriada pelo
sacrifício, pois somente através de uma vítima sacrificial é possível desviar o desejo de
violência que Abel também sentia por Caim.
Demonstra o duplo aspecto das vítimas expiatórias, que a um só tempo são
tratadas como seres sagrados e criminosos. Representa nas sociedades antigas o papel de
válvula de escape dos impulsos violentos acumulados em seu interior. Ela é vítima
substitutiva: sobre ela seus verdugos despejam todo ódio e sede de violência que carregam,
aliviando-se e livrando a sociedade de possíveis conflitos.
Os sacrifícios e os rituais presentes em todas as culturas primitivas e antigas,
contra vítimas humanas ou animais, têm uma significação real e não meramente simbólica e
ainda, têm a finalidade de apaziguar as violências intestinas e impedir a explosão de conflitos.
Os ritos sacrificiais, bem como os mitos que os narram, simbolicamente representam a forma
de uma sociedade reviver o seu acontecimento fundador, o sacrifício não mais ritual, mas real
e espontâneo de uma vítima expiatória:
Em sua análise sobre a violência e seu dinamismo interior, considera-a como uma
herança comum a todo e qualquer agrupamento humano, tendo uma função estruturante em
sua constituição. A violência fundadora e arcaica, à qual o homem está submetido desde
tempos primitivos, é força e potência, motor principal do dinamismo social, que remete ao
confronto e ao conflito.
Toda a relação social é fundamentada na violência, que se manifesta em
instabilidade, espontaneidade, multiplicidade, desacordos, recusas. Portanto, o ser humano é
violento pela sua natureza.
Mafessoli (1987) afirma que em vez de tentar eliminar a desordem é preciso saber
lidar com ela:
Segundo Balandier, a caoslogia, surge como uma nova disciplina, que ocupa-se
das curiosidades e dos desvios da fantasia em benefício de uma ciência estranha. A banalidade
é elevada à categoria de grande mistério e o paradigma do caos que aceita a presença tanto da
ordem quanto da desordem como elementos mantenedores da tradição viva e ativa, e sai da
categoria de simplicidade para uma reflexão erudita.
Para o autor a natureza não é linear e simples. A ordem e a desordem não são
apenas um par opositor, mas integrantes um do outro, a ordem encontra abrigo na desordem,
numa relação complexa e misteriosa, onde o aleatório está constantemente a refazer-se, o
imprevisível deve ser compreensível.
Outro autor que trouxe contribuições para os estudos da violência foi Peruzzolo
(1990, p. 85):
As lendas e a mitologia mostram que a violência é tão antiga quanto o
próprio homem. Todavia ela aparece como problema, como questionamento,
como algo a ser regido e conhecido pelo homem só muito recentemente, no
século XIX.
Ele defende a ideia que a violência é da ordem interior do mundo humano, não
quer dizer que a violência é algo externo ao homem. Entende a violência como um fenômeno
absolutamente cultural, tendo em vista que ela tem as suas bases também na animalidade, a
qual faz surgir a agressividade. O referido estudioso argumenta que a violência do homem não
está na natureza, está no ajustamento cultural que se dá na ordem da cultura, de certas
relações de ordem conflitual. A violência implica uma força e sempre foi objeto de desejo,
mas também de barreiras. Apesar de se organizarem de maneiras culturais diferentes, as
sociedades humanas sempre tiveram como objetivo controlar o eu interno, a sua força e as
condições geradoras de desvios.
30
Para Peruzzolo (1990, p. 100): “parece ser, não o que nos resta, porque nada
tivemos antes, mas a entrada que se insinua na complexidade humana. Tudo o que precisamos
é de entradas: a violência está no interior do humano”.
No animal, a violência faz parte do biológico, do código genético, enquanto que
no homem, ela está na esfera cultural do indivíduo e da sociedade. Para aprender a conviver
com a violência é preciso agarrar-se na força da comunidade, da solidariedade e da
organização natural da sociedade.
Outra importante contribuição do autor no que se refere a vida coletiva, pressupõe
a necessidade de direitos e de deveres iguais, como forma de garantir a segurança numa
determinada sociedade. As consequências da liberdade exagerada, do uso inadequado dos
deveres e direitos, são o pano de fundo para as violências sociais.
Estas não podem executar as imposições que compõem o princípio que o rege
psiquicamente, seja ele, o princípio do prazer. Ora, tal princípio busca ao mesmo tempo a
ausência de sofrimento e desprazer e a experienciação de sentimentos intensos de prazer,
propondo uma programação totalmente desconexa aos ditames culturais, que impõem de
modo coercitivo leis e costumes visando inibir a liberdade sexual do sujeito.
A limitação das possibilidades de satisfação dessas duas pulsões não se faz sem a
produção de certo mal-estar, maior ou menor, dependendo da capacidade de cada ser humano
de suportar a renúncia pulsional que lhe é exigida. Assim, na cultura, os vínculos entre os
homens acabam se tornando fontes inevitáveis de sofrimento, devido ao seu caráter artificial,
tendo em vista a disposição natural dos seres humanos, que ao se inscrever na civilização,
deparam-se com situações constantes de conflito.
Entretanto, o autor, mesmo delegando a infelicidade humana à vida em
civilização, definida pela imposição de limites e ajustamento das relações humanas, sustenta
que o afrouxamento dos laços seria sinônimo de violência, uma vez que o homem tem uma
inclinação inerente à agressividade ao que lhe é externo. Ao mesmo tempo em que a entrada
do homem na cultura funciona como impeditivo a realização do princípio do prazer, age
também como controladora da integridade humana, visto a sua disposição original e auto
subsistente à agressão.
Le Breton traz em sua obra “Do Silêncio” importantes contribuições para o estudo
da violência no âmbito escolar, visto que analisa o silêncio também como violência.
Afirma que quando um homem se cala não deixa de se comunicar. Destaca ainda,
que não é suficiente dizer, se o outro não tiver tempo para ouvir, para assimilar, para
responder. Quando a palavra é sem presença, não há preocupação com a resposta ou com a
escuta da mensagem.
O autor entende que quando alguém está intimidado pelo seu interlocutor,
desequilibrado por uma situação que não domina, este com medo de errar, sofre com as
consequências de uma revelação desacertada, ou então, não sabe o que dizer, ficando aflito
para descobrir o que o outro espera de si. Ficar calado, reservado passa então a ser um sistema
de defesa, que muitas vezes pode ser confundido com falta de capacidade pessoal.
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A violência na escola não deve ser explicada somente nos atos entre os alunos,
requer um olhar cuidadoso para os gestores, sua forma de lidar com a cultura e a maneira que
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Neste caso, o dominado não percebe a dominação, nem que é vítima desse
processo. Opostamente, acha isso natural e legitima o processo.
As escolas, ao ignorarem a origem dos seus alunos, transmitindo o ensino padrão
numa ação pedagógica, que perpetua a violência simbólica, agem arbitrariamente. O conteúdo
da mensagem transmitida e o poder que instaura a relação pedagógica é exercido com
autoritarismo. Segundo Durkheim (1972, p. 53-54) exige-se na prática que o professor tenha
autoridade:
A educação deve ser um trabalho de autoridade. Para aprender a conter o
egoísmo natural, subordiná-lo a fins mais altos, submeter os desejos ao
império da vontade, conformá-los em justos limites, será preciso que o
educando exerça sobre si mesmo um grande trabalho de contenção. Ora, não
nos constrangemos e não nos submetemos senão por uma destas razões: ou
por força da necessidade física, ou porque o devamos moralmente. Isso
significa que a autoridade moral é a qualidade essencial do educador.
3. BULLYING
De acordo com Silva (2006), um dos pioneiros na utilização desse termo foi Dan
Olweus, professor e pesquisador da Universidade de Bergen, na Noruega, ao estudar
tendências suicidas em adolescentes. Já no início dos anos 1970, ele investigava o problema
dos agressores e suas vítimas na escola, embora somente na década de 1980, após três
adolescentes entre 10 e 14 anos cometeram suicídio, aparentemente provocados por situações
de bullying, as instituições passaram a demonstrar interesse pelo tema.
A expressão define a violência e sua articulação com a escola, decorrente dos
efeitos nocivos sobre o cotidiano escolar das crianças e adolescentes que se tornam vítimas
dele, do comprometimento demonstrado por alguns alunos no processo ensino aprendizagem
e das consequências desestruturantes sobre todo o espaço educativo. O bullying não se
caracteriza como uma violência que atinge o patrimônio, mas as pessoas; também não se trata
somente de violência física, trata-se de um modo velado de exercê-la, nem sempre deixando
vestígios para criminalizá-las.
A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência
– ABRAPIA enfatiza no conceito do bullying as relações de poder que estão em jogo. As
atitudes agressivas, intencionais, deliberadas e conscientes que visam causar dor, sofrimento,
perseguição e exclusão são adotadas por um indivíduo ou um grupo, na sua maioria composta
de pessoas com força física, mais idade e alto poder de persuasão, contra outros indivíduos ou
grupos mais “fracos”.
Silva (2006) ressalta o caráter temporal do bullying, afirmando que ele tem
continuidade no tempo e não acontece de forma esporádica. As vítimas estão marcadas,
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visadas e vigiadas pelos agressores, os quais, quando agridem, sabem exatamente o que estão
fazendo e como farão.
Nas palavras de Pereira (2002, p. 18, grifo do autor):
Lopes Neto (2011) relaciona diversas ações que podem ser entendidas como atos
de bullying, desde que executadas de forma repetida:
Lopes Neto (2011) indica que recentes pesquisas constatam que a maior
incidência de bullying se encontra na faixa de 10 a 13 anos, momento em que os adolescentes
têm maior necessidade de aceitação de seu grupo. Os meninos mais novos utilizam mais a
modalidade física do bullying, se comparado aos mais velhos. Os apelidos correspondem a
50% dos atos de bullying. Meninas adotam mais a forma indireta de bullying. Os autores do
bullying são mais cruéis com os alvos do mesmo sexo do que com o sexo oposto.
A atual formatação de estrutura social nos coloca diante de um quadro de
violência como os assassinatos em massa ocorridos nas instituições escolares, primeiramente
nos Estados Unidos, depois na Europa e agora também como fenômeno brasileiro.
A falta de consciência faz com que se fique surdo e cego em relação à dor
vivenciada pelos alunos que sofrem bullying, como consequência:
O brincar é cultural para alguns, social para outros ou ainda psicológico para
um grande grupo de pesquisadores. Somente aqueles que pesquisam e
convivem com crianças descobrem que o brincar é individual, cultural,
universal, social, natural, corporal, emocional, enfim total.
ético e humanizado, onde impere o respeito à diversidade cultural, propiciando que a criança
crie identidade com a cultura da escola.
Garanhani (2002, p. 109) afirma que “[...] o corpo em movimento constitui a
matriz básica da aprendizagem pelo fato de gestar as significações do aprender, ou seja, a
criança transforma em símbolo aquilo que pode experimentar corporalmente, e seu
pensamento se constrói”.
Com base nessa afirmação, pode-se concluir que a criança submetida ao bullying,
se recolhe, se retrai, desperdiçando sua capacidade de experiências corporais, seu pensamento,
o livre brincar, portanto, diminui sua capacidade de se desenvolver integralmente.
Tanto os adultos como as crianças, a partir do brincar espontâneo e do movimento
livre, dialogam, interagem e percebem o mundo, a si e aos outros, permitindo viver o presente
de forma mais criativa, intensa e plena. Brincar é uma necessidade natural da criança, nela
exerce sua liberdade de decidir sobre suas realizações, criando sentidos e significados no que
realiza. É uma necessidade básica da infância e também da adolescência.
Este espaço seguro, saudável, acolhedor e criativo, deve ser garantido na escola
para todos, independentemente de cor, etnia, sexo, classe social, dentre outras diferenças
culturais. As ações de bullying se diferenciam da brincadeira, quando não o fazem de objeto
de brincar, impedem uma relação saudável, necessária para a aprendizagem.
O brincar é o ato mais espontâneo, livre e criativo e, por isso, é para a criança uma
realização plena para o desenvolvimento integral de seu ser. Deveria ser entendido pelos
adultos como algo sagrado para a criança. Impedir esta possibilidade é, segundo Kunz (2010),
uma “Lebensentzug” (com base em Zur Lippe, 1987), extração de vida sem morrer.
Esta “extração da vida sem morrer” pode levar ao desejo real de morrer, como tem
sido alardeado pela mídia nos constantes casos de jovens que se suicidam ao sofrer bullying.
Neste caso, o suicídio é o encontro entre a “intenção e gesto”.
As brincadeiras acontecem de forma natural e espontânea entre os alunos. Eles
brincam, “zoam”, colocam apelidos uns nos outros, tiram “sarro” dos demais e de si mesmos,
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dão muitas risadas e se divertem. As brincadeiras normais e sadias são aquelas em que todos
se divertem (SILVA, 2010).
Brincando é que a criança se relaciona com o mundo, com os outros e consigo
mesma, é essencialmente sem intencionalidade, o que vale é o prazer e o significado da ação
do brincar.
Maturana e Verden-Zöller (2004) consideram que:
A dor moral está espalhada por todo o corpo, porque sua sede é o corpo
emocional, então a dor moral é a dor da alma. Quem sofre qualquer tipo de
constrangimento, humilhação, injustiça, agressão moral e acusações falsas,
traz no olhar e na expressão corporal o reflexo da dor sentida na alma.
(MOREIRA, 2010, p. 138).
Nem todas as agressões podem ser classificadas como bullying, mas todos os atos
de bullying são agressões derivadas de comportamentos hostis e prepotentes, independente da
forma praticada.
(a) direta e física, que consistem em agressões físicas com atos de bater ou
ameaçar bater, agredir com socos e pontapés, roubos ou estragos de objetos
de colegas, extorsão financeira, forçar condutas sexuais e a realização de
atividades servis, ou a simples ameaça desses itens;
(b) direta e verbal, que envolvem insultos, apelidos, comentários racistas ou
que mirem qualquer diferença no outro; e
(c) indireta, ou seja, a exclusão sistemática de uma pessoa ou grupo pela
obtenção de algum favorecimento, a realização de intrigas e boatos e
manipulação da vida social de um colega (SENRA, 2009, p. 53).
O bullying como se percebe é um ato de agressão entre agressor (s) e vítima (s).
Entende-se que este não é limitado a um estilo de agressor, nem a um estereótipo de vítima. O
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bullying pode transformar-se e, por vezes acontece, num “jogo” de quem caça quem, onde os
papéis de agressor e vítima algumas vezes se invertem.
3.4.1 Agressores
Silva (2010, p. 43) indica a deficiência dos vínculos afetivos alicerçados no seio
familiar como causadores de bullying, destacando que:
O que lhes falta, de forma explicita, é o afeto pelos outros. Essa afetividade
deficitária (total ou parcial), pode ter origem em lares desestruturados ou no
próprio comportamento do jovem. Nesse caso as manifestações de
desrespeito, ausência de culpa ou remorso pelos atos cometidos contra os
outros podem ser observados desde muito cedo (por volta de 5 a 6 anos).
Essas ações envolvem mal trato a animais de estimação, empregados
domésticos e ou funcionários da escola.
57
Ballone (2005) afirma que alguns estudos indicam que o agressor provém de
famílias pouco estruturadas, com baixo relacionamento afetivo entre seus membros, é
fracamente supervisionado pelos pais e vive em ambientes onde o modelo para solucionar
problemas é o comportamento agressivo ou explosivo. É alta a probabilidade de que as
crianças ou jovens que praticam o bullying se tornem adultos com comportamentos violentos.
No entendimento de Nogueira (2007, p. 99):
[...] os agressores, geralmente, acham que todos devem fazer suas vontades,
e que foram acostumados, por uma educação equivocada, a ser o centro das
atenções. São crianças inseguras, que sofrem ou sofreram algum tipo de
agressão por parte de adultos. Na realidade, eles repetem um comportamento
aprendido de autoridade e de pressão.
Também em relação ao agressor, Leme (2006) diz que este, busca reconhecimento
e admiração dos colegas, é intolerante àquele que é diferente dele, seja física ou
comportamental. Indica ainda, a partir de seus estudos, que há maior propensão de indivíduos
do sexo masculino se envolver nas agressões, embora registre que, nos últimos anos, houve
um crescimento da violência entre meninas.
3.4.2 Espectadores
3.4.3 Vítimas
a) Vítimas típicas:
b) Vítimas Provocadoras:
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Os estudos de Leme (2006, p. 12) indicam que aproximadamente 12% das vítimas
podem reagir agressivamente. De acordo com a autora, a vítima reativa é, em geral,
“hiperativa, hipervigilante, inquieta e dispersiva”, mas, apesar de reagir aos maus-tratos com
agressividade, não deixa, também, de sofrer com o medo e o isolamento social causados pelos
agressores.
As vítimas provocadoras, na maioria das vezes, são responsáveis por conflitos e
tumultos. Contudo, não são capazes de lidar com as repercussões e consequências de seus
atos. Por isso, causam mal estar e tumulto, sendo muitas vezes rotuladas.
c) Vítimas agressoras
Esta tendência tem sido evidenciada entre as vítimas, fazendo com que o bullying
se expanda, cujos resultados incidem no aumento do número de vítimas (FANTE, 2005).
Os papéis sociais não são mais fechados e inertes, são líquidos, fluídos. A fluidez
da informação permite que se possa acessá-la em tempo real de qualquer lugar do mundo. O
cyberespaço também possibilitou a virtualização das relações sociais. Azevedo, Miranda e
Sousa (2012, p. 251) trazem o pensamento de Mason (2008):
Azevedo, Miranda e Sousa (2012), concluem que o uso dessas Redes Sociais
digitais impõe, muitas vezes, a atemporalidade e uma propagação extremamente rápida da
violência virtual que também traz impactos irreparáveis ao psiquismo e à vida social das
vítimas de Cyberbullying.
Bauman (2013) explica ainda a diferença entre comunidades e redes, sendo que a
comunidade nos precede, nascemos em uma comunidade ao contrário da rede que é feita e
mantida viva por duas atividades diferentes: conectar e desconectar.
inovação, visto o estágio de aprendizagem em que se encontra, tudo é novo e existe o desejo
de experimentar tudo.
Ventura (2011) afirma que uma importante característica das relações virtuais é o
desapego existente, visto o distanciamento físico, que não proporciona relações sentimentais,
pois muitas vezes não se conhece o interlocutor, podendo este ser falso.
65
c) Punição da Vítima:
67
A vítima do bullying pode ser protegida, sendo afastada de quem agride. No caso
do cyberbullying não é assim. Normalmente os pais ou responsáveis pelas vítimas retiram o
veículo de agressão (celular, computador com internet e outros). Este ato culpabiliza a vítima
que se arrepende de ter contado.
d) Observadores de cyberbullying:
d) Enganar e trapaçar
e) Ostracismo e exclusão
Uma das maiores necessidades humanas é pertencer a um grupo, por meio do qual
encontram-se amigos e estratos sociais que se ambicionam. A exclusão de um membro do
grupo é uma morte social, o sentimento de exclusão é idêntico ao mundo real.
O ostracismo virtual tem duas variantes: o ostracismo auto-inflingido, baseado na
ausência ou na demora em responder as solicitações do indivíduo; a exclusão proposital do
grupo, que é uma violência indireta.
Nas duas variantes, as vítimas ficam abaladas psicologicamente e buscam
rapidamente outro grupo social para se inserir.
depois divulgá-la na internet. A ideia é que o vídeo chegue até as pessoas próximas da vítima,
denegrindo sua imagem. A mensagem é sempre transmitida como se a vítima fosse covarde, e
as que não respondem à agressão, são repetidamente agredidas.
j) Outing
k) Luta – Figth
71
Esta forma de cyberbullying é uma das mais utilizadas recentemente nas redes
sociais. Consiste num ato previamente combinado com o grupo de “amigos virtuais” em
retirarem-se ao mesmo tempo do grupo de amigos virtuais da vítima. Esta agressão não é
direta, mas perturba a vítima ao perder muitos amigos da rede social virtual.
A Educação Física voltada para a formação da cidadania dos alunos deve ser
crítica ao modelo que reproduz [...] “a marginalização, os estereótipos, a
individualidade, a competição discriminatória, a intolerância com as
diferenças, dentre outros valores que reforçam as desigualdades, o
autoritarismo, etc...”. (RESENDE; SOARES, 1997, p. 33, grifos dos autores)
72
Percebe-se também que nas últimas décadas muitos estudos sobre o bullying
escolar tem sido realizados, mas são poucos os que se dedicam a adentrar na ambiência da
Educação Física, já sobre o cyberbullying na ambiência da Educação Física não foram
encontrados estudos dessa natureza nos levantamentos realizados. Arrisca-se a dizer que esta
pesquisa representa um dos primeiros passos para entrada nesse universo, mas que está longe
de esgotar este assunto.
Sobre bullying, em pesquisa realizada na Biblioteca Central da UFMT –
Universidade Federal de Mato Grosso constatou-se que no ano de 2009 uma dissertação e um
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação tratavam sobre o bullying. Em 2010,
encontrou-se outra disertação e outro Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação também
tratando do bullying. Já no ano de 2011, identificou-se um Trabalho de Conclusão de Curso
de Especialização tratando do bullying na Educação Física. Por fim, em 2012 um Trabalho de
Conclusão de Curso de Graduação e em 2013 um artigo, também sobre bullying.
Dada a escassez de estudos neste segmento, entende-se de suma importância a
ampliação de pesquisas sobre bullying e cyberbullying, de maneira que tal fenômeno seja
compreendido e medidas preventivas sejam adotadas.
Dessa forma, entende-se que os espaços das aulas de Educação Física, como
ambientes onde são desenvolvidas práticas, podem desencadear a violência entre pares, na
modalidade bullying podendo derivar para o cyberbullying. Estas formas de violência se
manifestam por uma variedade de fatores, dentre eles:
a) Ênfase na competição
74
vítima do bullying. Os outros alunos ao verem esta atitude do professor poderão pensar que
humilhar é uma atitude normal de relacionamento, podendo se basear nas atitudes desse
docente, e naturalizar este comportamento, desrespeitando seus colegas e professores,
promovendo um ambiente de insegurança e conflitos. (ABRAPIA, 2003; FANTE, 2005;
SANTOS, 2007).
Weimer e Moreira (2014, p. 8) trazem alguns resultados de sua pesquisa, ao
indicar a frequência de situações de agressão nas aulas de Educação Física:
Percebe-se que 45% dos alunos disseram que algumas vezes essas situações
de agressão ocorrem nas aulas de Educação Física, 47% afirmam nunca ter
ocorrido nenhuma dessas situações nas aulas de Educação Física, 2%
disseram que sempre acontecem, 4% relataram que acontece muitas vezes e
2% não responderam.
c) Contato Físico
O corpo que fala, com sua linguagem própria, também pode fazer de sua
linguagem uma expressão de violência e bullying nas aulas de Educação Física. Esta forma de
violência indireta se manifesta por expressões, olhares, suspiros e outras exclusões como, não
passar a bola, desconsiderar a presença, ridicularizar e outras atitudes como mencionado por
Netto (2010, p.19).
77
[...] 49% dos alunos dizem que nunca receberam apelidos ou xingamentos
nas aulas de Educação Física, enquanto 33% admitem ter recebido apelidos
às vezes, 14% admitem sempre receber apelidos ou serem zombados nas
aulas de Educação Física e 4% disseram que isso acontece muitas vezes.
Mais uma vez temos a soma de mais de 50% de alunos que já sofreram de
alguma forma com apelidos, zombaria ou xingamentos.
e) Diversidade Cultural
Lopes Neto (2005) afirma que o pior efeito da pressão sofrida pelo bullying é
fazer a vítima sentir-se inexpressiva, insignificante, abjeta, desprezível, enfim, uma agressão
que faz com que a vítima sinta que não existe, destruindo sua autoestima, suprimindo
inclusive, as condições para que esta conte o que está acontecendo, física, social e
psicologicamente. O desabafar é um ato de que não se sente capaz de efetuar.
Com relação ao prolongamento dos efeitos do bullying manifesta-se Ventura
(2011, p. 75)
a) Sintomas Psicossomáticos
b) Transtorno de Pânico
ataque cardíaco, de que vão enlouquecer, de estranheza de si mesmo e que pode morrer a
qualquer momento. Quem passa por crise de pânico passa a desenvolver o “medo de ter
medo”, ou seja, nunca sabe quando outra crise ocorrerá. O transtorno de pânico tem sido
observado em crianças bem jovens (6 a 7 anos de idade), muito em situação de estresse
prolongado a que são expostas. O bullying, certamente, faz parte desta condição.
c) Fobia Escolar
fóbico social de hoje pode ter o transtorno deflagrado em função de inúmeras humilhações no
seu passado escolar, danos e sofrimentos capazes de se refletir por toda sua vida.
Pressupõe-se que indivíduos com TAG são alvos fáceis para a prática do bullying,
visto que os agressores o identificam com presas fáceis para seus comportamentos agressivos.
f) Depressão
g) Anorexia e Bulimia
Pessoas que passaram por experiências traumáticas como vivenciar a morte de perto,
acidentes, sequestros, catástrofes naturais, que lhes trouxeram medo intenso, podem estar
sujeitas a desenvolver o Transtorno do Estresse Pós-Traumático – TEPT. Esse transtorno se
caracteriza por ideias intrusivas e recorrentes do evento traumático, com flashbacks (lances
rápidos que vem a mente como se fossem um filme) e lembranças de todo o horror que os
abateu. O TEPT pode levar a quadros de depressão, ao embotamento emocional (frieza com
86
as pessoas queridas), à sensação de uma vida abreviada, à perda dos prazeres, afetando
diretamente todos os fatores vitais. O número de pessoas com este tipo de transtorno vem
aumentando nos últimos tempos, em função da violência e, consequentemente, a procura por
consultórios médicos e psicológicos também cresceu.
Observa-se um número crescente de TEPT em adolescentes que estiveram
envolvidos com bullying, principalmente quando sofreram agressões ou presenciaram cenas
de extrema violência e abusos sexuais.
A dor moral está espalhada por todo o corpo, porque sua sede é o corpo
emocional, então a dor moral é a dor da alma. Quem sofre qualquer tipo de
constrangimento, humilhação, injustiça, agressão moral e acusações falsas,
traz no olhar e na expressão corporal o reflexo da dor sentida na alma.
87
Não existe cirurgia para curar estas feridas e suas posteriores cicatrizes, elas são
internas e profundas, são da alma.
Ao estudar o fenômeno bullying ficou claro que nem toda violência escolar deve
ser considerada como bullying, para isso é preciso que ocorram agressões físicas, morais ou
psicológicas, sendo estas intencionais e repetitivas, e, através de sua disseminação, conclui-se
que o bullying, assim como o cyberbullying, é um fenômeno mundial e cresce a cada dia,
passando despercebido pela maioria das escolas e familiares.
A atemporalidade de propagação das informações das redes virtuais facilita a
propagação de violência de forma extremamente rápida e pode trazer impactos irreparáveis ao
psiquismo e à vida social das vítimas de cyberbullying.
A respeito da ambiência da Educação Física como favorecedora do bullying e
cyberbullying, outras investigações científicas são necessárias, com métodos, técnicas e
abordagens adequadas para este caso.
88
4. METODOLOGIA
São vários os autores que se debruçam sobre as questões éticas destes inquéritos,
desde o consentimento, a confidencialidade até a enquete, termo usado para descrever o
código de conduta entre os que comunicam na internet (VENTURA, 2011).
Apesar de ainda haver crenças de que os estudos online são pouco fidedignos, as
investigações produzidas sobre estes, provam o contrário.
É uma forma de coleta de dados diretamente por meio da fala de um grupo, que
relata suas experiências e percepções em torno de um tema.
O grupo focal como um procedimento de coleta de dados é um instrumento no
qual o pesquisador tem a possibilidade de ouvir vários sujeitos ao mesmo tempo, além de
observar as interações próprias de um processo grupal. Tem como objetivo obter uma
variedade de informações, sentimentos, experiências, representações de pequenos grupos
acerca de um determinado tema (KIND, 2004). Os grupos focais utilizam a interação grupal
para produzir dados e insights que seriam dificilmente conseguidos fora do grupo. Estes dados
levam em conta o processo do grupo, tomado como maior do que a soma das opiniões,
sentimentos e pontos de vista individuais em jogo.
Quanto aos seus procedimentos, o grupo focal se diferencia de outras entrevistas.
Em grupo, no que se refere à formação do grupo. Este baseia-se em alguma característica
homogênea dos participantes, mas com suficiente variação entre eles para que apareçam as
opiniões divergentes.
Para a seleção e organização do grupo focal é imprescindível clareza quanto aos
critérios de inclusão dos sujeitos na pesquisa, pois é uma formação intencional, logo é
necessário que exista pelo menos um ponto de semelhança entre os participantes. Neste caso o
ponto comum foi o envolvimento dos atores com o bullying.
Os pequenos grupos devem ser constituídos por no máximo sete participantes.
Para Gatti (2005, p. 9) “O objetivo é captar, a partir de trocas de opiniões realizadas entre o
grupo, conceitos, sentimentos, atitudes, crenças, experiências e reações, de um modo que não
seria possível com outros métodos”.
O tempo de cada reunião grupal foi de aproximadamente uma hora, partindo de
um problema em pauta, evitando cansaço e falta de foco do referido. O roteiro para a
realização dos grupos focais encontra-se no Apêndice C.
92
Para o tratamento dos dados deste estudo, utilizou-se a análise interpretativa que
busca através dos dados da pesquisa, com os textos originados das falas dos sujeitos nos
grupos focais e das respostas do questionário online, a compreensão objetiva da mensagem
comunicada pelas falas e pelos gráficos. O que se tem em vista é a síntese dos elementos
presentes na reflexão, raciocínio e a compreensão detalhada do fenômeno, sem os quais não
seria possível atingir o objetivo. A interpretação permite, em sentido restrito, tomar uma
posição própria a respeito dos elementos enunciados, é superar a estrita mensagem do texto,
ler nas entrelinhas, estabelecer o diálogo, explorar a fecundidade das ideias expostas, enfim,
dialogar com o sujeito da pesquisa e com os autores. (GIL, 2007).
93
4.6.1 O Município
4.6.2 O Colégio
A presente investigação científica apresenta neste capítulo dados que não têm a
pretensão de esgotar o assunto, uma vez que o estudo do cyberbullying na ambiência da
Educação Física escolar é um fenômeno complexo, cujos estudos são ainda incipientes e de
interesse relativamente recente.
Para desvendar o fenômeno optou-se por uma abordagem quali-quanti, numa
perspectiva fenomenológica. Para a análise quantitativa optou-se para a aplicação de inquérito
online, na plataforma SurveyMonkey, onde os alunos responderam diretamente do laboratório
de informática, na presença da pesquisadora, e os dados foram tratados mediante cálculo de
frequência, traduzidos em percentuais. Para a análise qualitativa utilizou-se da técnica de
grupos focais, com os alunos, professores e equipes diretiva e técnica, cuja modelagem foi
uma análise interpretativa.
Pode-se observar que os alunos entram no 6º ano com 11 (onze) anos e terminam
o 8º ano com 14 anos. Somente um aluno não pertence a essa faixa de intervalo estando com
17 anos. Os dados comprovam o baixo índice de retenção (3,4%) apresentado pela escola,
conforme pode-se observar um pouco mais adiante, no Gráfico 5.
Este Gráfico leva a interpretar que os alunos entram mais cedo na escola e saem
mais cedo também.
Para este quadro os inqueridos poderiam assinalar mais de uma opção. Os dados
demonstram que mais da metade dos alunos, 73,5%, tem página pessoal nas redes sociais,
indicando ainda que o tempo dispendido para as redes sociais são superiores ao tempo para
fins escolares em 1,7%. Na faixa de intervalo entre 42% e 65,8% estão os que utilizam a
internet para jogar, acessar e-mail e pesquisar assuntos de interesse pessoal; 16,2% partilham
informações na internet, podendo estar nesta faixa os autores do cyberbullying; a webcam é
utilizada por 15,4%. Ao serem convocados a responder sobre contato com desconhecido, os
alunos responderam tanto para quem bloqueia essas conversas como para quem conversa com
desconhecidos o percentual de 8,5%. Este percentual demonstra a vulnerabilidade a que estão
expostos ao manterem contatos com desconhecidos, que conforme já demonstrado neste
trabalho, é uma porta aberta para o assédio, que poderá resultar em cyberbullying, inclusive
com o uso de imagens, pois este mesmo Gráfico mostra que 15,4% dos inqueridos usam
webcam. Outro dado importante é que 4,3% dos alunos abrem sites para maiores de 18 anos, e
têm site pessoal, portanto, indivíduos maiores de 18 anos podem ter acesso às informações
sobre os inqueridos regularmente. Conclui-se com os dados sobre o uso da internet, que os
alunos estão expostos a toda a sorte das informações advindas ou por ele divulgadas, da rede
106
Com relação ao uso do celular 61,9% dos inqueridos consideram seu uso
indispensável, enquanto que somente 38,1% consideram seu uso dispensável.
Ventura (2011) menciona o fascínio que o adolescente tem pela tecnologia, é uma
etapa da vida em que se está propenso a utilizar toda a inovação, tudo é novo e existe o desejo
de experimentar tudo.
O uso do celular atende as necessidades e os anseios próprios da adolescência, e
nesta pesquisa por ser considerado um objeto indispensável por mais de 60% por alunos
pesquisados.
108
O resultado de quem gosta das aulas de Educação Física foi de 71,3% para os que
afirmaram gostar, 22,6% para os que só gostam algumas vezes e 7% afirmam não gostar.
110
A maioria dos alunos pesquisados apresenta uma relação positiva com as aulas de
Educação Física, no entanto, somado-se os que só gostam às vezes e os que não gostam tem-
se um percentual de 29,6%, um dado importante da pesquisa, pois nesta faixa podem estar as
vítimas do bullying.
.
Grafico14 – Gosto pela Aula de Educação Física.
Nota: Construção da autora
sentimentos deste tipo foi de 87,13%, enquanto os que responderam “às vezes”, a média
percentual foi de 7,76%.
Somando-se a média dos que responderam “sim”, e “algumas vezes”, tem-se uma
média percentual de 6,64% dos pesquisados que sentem medo, sozinho, angustiado,
maltratado e humilhado, sintomas típicos de envolvidos em casos de bullying.
Isto nos permite afirmar que mesmo com sentimentos negativos os alunos ainda
gostam das aulas de Educação Física, pois o Gráfico 14 demonstra que 73,1% gostam das
aulas de Educação Física.
O brincar é cultural para alguns, social para outros ou ainda psicológico para
um grande grupo de pesquisadores. Somente aqueles que pesquisam e
convivem com crianças descobrem que o brincar é individual, cultural,
universal, social, natural, corporal, emocional, enfim total.
113
Pra mim o bullying é repetidamente [...] tipo [...] você fica falando coisas
que ofende a pessoa, e a brincadeira não é repetidamente, as vezes pode ser
que a pessoa saiba que é uma brincadeira: “há sua loira azeda, tudo bem?”,
as vezes a gente faz isso, mas a pessoa sabe que não é bullying, tem outras
que acham que é mas não é. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 8)
Eu acho que é bullying quando passa dos limites, por exemplo, a brincadeira
tem limite, entre amigos assim, zoar da cara do outro, normal assim, beleza,
quando não tem limite não para, aí causa o bullying. (sic.). (Grupo Focal –
Professor 1).
Sobre esta mesma questão o relatório da ONG PLAN apresenta dados que neste
quesito estão situados os maiores índices de afirmação, diagnosticando também a dificuldade
que os alunos têm de diferenciar brincadeira de agressão, isso faz com que situações de
114
violência surjam da falta de limites das brincadeiras, muitas vezes sem que os próprios
envolvidos nas brincadeiras se deem conta da gravidade da agressão. Portanto, a hipótese
sobre a confusão entre bullying e simples brincadeiras está muito presente nas concepções dos
alunos em caráter nacional, bem como no presente estudo. Pode-se inferir, portanto, que as
atitudes tomadas em relação as brincadeiras e sobre a violência escolar são bem diferentes. A
identificação do bullying como tal é um dos problemas detectados, isto dificulta a prevenção a
identificação e as providências necessárias para que a violência não caia na impunidade.
O segundo percentual (45,3%) abrange três categorias de análise: os que querem
ser populares, porque a vítima é diferente ou porque o outro é diferente. Pode-se afirmar que
neste grupo estão os que querem popularidade à força, bem como a não aceitação do outro
que apresenta algum traço que destoa do modelo cultural imposto, uma cultura diferente da
sua, confirma-se a hipótese de que a não aceitação da diversidade seja ela qual for, fica mais
aparente nas aulas de Educação Física, podendo ocasionar e se tornar motivo para o bullying.
A seguir estão os que demonstram poder sobre os demais nas categorias dos que
querem dominar o grupo (42%) e os que são mais fortes (31,6%), isto leva a concluir que
estes “bullyes” normalmente têm mais facilidade de atuação nas aulas de Educação Física,
podendo tanto interferir na escolha dos times como utilizar o poder de coerção para dominar
os colegas. Eles usam o bullying em forma de intimidação principalmente dos mais frágeis e
dos mais tímidos.
Eu acho que as pessoas praticam bullying elas fazem isso pra se sentir
melhores, para se sentir melhores que as outras pessoas, pra se sentir segura,
diminuindo os outros porque acha maior. (sic.). (Grupo Focal – Professor 8)
A maioria das vezes que a pessoa pratica o bullying você é muito popular e
para ganhar mais popularidade deixa o outro do lado e você tipo não quer
ver a pessoa perto de você pratica o bullying ai pensam ela é demais,
consegue excluir aquela pessoa. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 7)
Assim, dentro deste espaço que acho que é privilegiado, porque se manifesta
de forma mais intensa né, como na sala de aula num espaço mais fechado.
Realmente como o aluno vem com toda sua realidade até físicas e corporais
né, e aí depende do profissional que está aí para trabalhar isso. Eu volto a
dizer assim, que então a formação desse profissional que vai ser a diferença
observando aqui a expectativa de nossos alunos do curso de Educação
Física, 99% é porque gostam de um esporte, porque acham bonito um
professor que não precisava se esforçar muito, porque está em espaços
abertos, profissional que não tem motivação porque não tem a perspectiva
educativa. (sic.). (Grupo Focal – Dirigente 2)
Na categoria que afirma que a prática do bullying se dá porque “nosso time perde
por causa dele” – está com um índice de 27,4%, isto aponta para que as aulas de Educação
Física quando tem caráter competitivo, enfatiza os ganhadores e os perdedores, e como o
objetivo é ganhar o jogo, os menos habilidosos são entendidos como perdedores, então sofrem
bullying em forma de humilhação, exclusão, comprovando a hipótese da pesquisa em que a
ambiência das aulas de Educação Física, quando apresenta caráter competitivo, desencadeia a
prática de atitudes de violência em forma de bullying podendo chegar ao cyberbullying, visto
as propícias condições para a utilização para o acesso à tecnologia.
Bauman (2007, p. 10) relaciona que esta característica traz o medo líquido, o
medo da incerteza, de não ser escolhido para o jogo, de não acertar ou da exclusão “a vida na
sociedade líquido-moderna é uma versão perniciosa da dança das cadeiras, jogada para valer.
O verdadeiro prêmio nessa competição é a garantia (temporária) de ser excluído das fileiras
dos destruídos e evitar ser jogado no lixo”.
Furtado e Morais (2010, p. 1, grifos do autor) sobre a relação entre a competição e
o bullying, identificaram:
O índice dos que culpabilizam a própria vítima “vítimas não reagem” e “elas
merecem” são de 25,6% 23,9%, respectivamente.
116
Uma das formas mais cruéis de bullying é fazer com que a própria vítima sinta-se
culpada por desencadear situações de violência nas aulas de Educação Física. As vítimas
assumem a culpa imposta pelo agressor que tanto pode ser um colega como um professor.
As pessoas que são tímidas elas sofrem bullying porque não tem coragem de
se defender, elas não contam para os pais, ai o professor tem que avisar a
coordenação, a coordenação chama os pais, e de qualquer forma os pais vão
saber e a pessoa tem que entender que tem voltar para a escola senão vai ser
mais um problema para enfrentar na frente. Acho que primeiro os pais têm
que saber também. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 3)
O bullying pode aparecer por qualquer forma, por uma característica física,
psicológica, uma diferença que as pessoas não querem aceitar, se se acham
no defeito de aceitar o que ela e é não o que os outros são. (sic.). (Grupo
Focal – Aluno 7).
O bullying ainda pode ocorrer com índices mais baixos no intervalo entre 24% até
9,4% por inveja.
São poucos que fazem, mas tem os alunos que tem tênis de marca, viajam
para o exterior nas férias se exibem e provocam inveja, daí surge bullying.
(sic.). (Grupo Focal – Professor 4).
Essas formas privilegiadas de consumo e lazer, provocam nos que não têm os
mesmos acessos a vontade de também ter, substanciadas nas atitudes de inveja podem levar
ao bullying; outros motivos, não sei dizer; ou porque não são punidos. Se estabelecermos uma
relação com o Gráfico 42, é possível constatar que 58% dos respondentes afirmam que o
professor não fica sabendo dos casos de cyberbullying motivado nas aulas de Educação
Física, conclui-se que o “não fica sabendo” pode ser uma das causas da impunidade.
Acho que na nossa sala uma vez uma amiga minha tirou uma foto de um
amigo meu e pôs bigode assim, ai meu colega ficou ameaçando raquear o
face dela. Nas outras aulas sim na Educação Física não, nunca. (sic.). (Grupo
Focal – Aluno 6)
117
No dizer deste componente do grupo focal “está meio cheinha”, deixa claro a
visibilidade que a diferença traz, e quem não está no padrão passa a ser diferente do grupo,
podendo ser alvo de bullying e cyberbullying.
Tem vezes que os professores obrigam a gente ir na piscina, se não for tem
que fazer trabalho, tem que ficar na biblioteca, tipo e se eu não quero ir na
piscina, por exemplo eu não gosto do meu corpo e eu não quero ir na piscina.
Eu não gosto do meu corpo. Ai não vou. Faço trabalho. De alguma forma
quando você vai na piscina você não vai entrar de calça jeans, roupa, tem
que usar biquíni, maiô, short curto, e de alguma forma as pessoas acabam
vendo, as pessoas acabam vendo. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 8).
Quando eu estudava na outra escola, até uma certa série nós era os maiores,
e na outra turma tinha um piazinho, que era pequeno e por achar que ele era
pequeno podia incomodar todo mundo. Um dia a gente pegou ele e levou
para o beco para bater nele. Ai eu falei não tenho coragem pra bater nele e
sai de perto, e ai os guri bateram nele, e eu refleti será que tem que bater nele
mesmo? Sai de perto, afastei um pouco das pessoas e ele contou para a
diretora, ela marcou com a gente, e a gente tava junto, a gente mexia com ele
demais. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 3).
Eu não consigo perceber que haja maior expressão na Educação Física, mas
vejo algum tipo de bullying que é daqueles em que quem tem mais
habilidades nas diferentes modalidades, que conseguem fazer nestes espaços
uma pressão maior e bullying, sobre com aqueles com menos habilidades.
(sic.). (Grupo Focal –Dirigente 2).
O bullying pode ser muito ruim, mesmo porque já sofri e eu sei que não e
nada fácil, mas conciliação e respeito dos colegas e tudo da pra superar
passar esta página. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 7)
Eu acho que eu já sofri bullying. É difícil, né. (sic.). (Grupo Focal – Aluno
2).
E a pessoa te jogar para baixo com uma característica que você tem.
O bullying derruba a pessoa estraga a pessoa, a brincadeira e descontração.
(sic.). (Grupo Focal – Aluno 2)
Nem mesmo os bons propósitos dos gestores, equipe diretiva e professores, que se
apoiam em valores como a solidariedade, respeito mútuo, cooperação, dentre outros e,
utilizando-se de mecanismos de conscientização, prevenção e punição, não têm conseguido
desnaturalizar e eliminar toda a violência em forma de bullying e cyberbullying no espaço
escolar. No entanto, o bullying pode ser evitado com práticas sociais adequadas.
A tipologia das agressões por bullying nas aulas de Educação Física na Escola, de
acordo com o ponto de vista dos alunos, que poderiam assinalar mais de uma resposta, teve
como maior frequência a agressão verbal (61,3%), traduzidas em xingamentos. Este tipo de
agressão costuma ser acompanhada de risadas e de apontar o dedo para a vítima (50,5%).
Dentre estas agressões verbais (47,7%) são insultos por causa da falta de habilidade nas aulas
de Educação Física, que normalmente levam o time a ter desvantagem no jogo ocasionado por
essa inabilidade. Mais uma vez comprova-se que a ambiência das aulas de Educação Física
pode ser desencadeadoras de atitudes de bullying, principalmente na forma verbal, com
xingamentos e apelidos vexatórios, ameaças e insultos.
Nota-se que 47,7% dos alunos responderam afirmativamente ao “insultaram-me
por causa da falta de habilidade nas aulas de Educação Física”, mais uma vez comprova-se
que a competição, por vezes, pode discriminar os menos hábeis, resultando em perdedores e
121
Confirma-se que os corpos que fogem ao padrão ficam mais evidentes nas aulas
de Educação Física, pois podem interferir no rendimento do aluno nas competições, como por
exemplo, gordos e magros, altos e baixos, nariz ou orelhas grandes, dentre outras
características físicas, quando (39,6%) dos entrevistados dizem sofrer “zoações” pelo tipo
físico, pois na aula de Educação Física os alunos estão mais expostos. Estas características
físicas e/ ou culturais aliadas aos estereótipos mais frequentes como: “molengas desajeitados”,
“não leva jeito”, “só atrapalha”, “mulherzinha”, “sapatão”, “nerd”, dentre outras, podem
propiciar o aparecimento de apelidos vexatórios, conforme hipótese deste trabalho e que agora
apresenta um índice de 39,6%.
Nas categorias “me ignoraram completamente” (33,3%) e “não deixaram fazer
parte do grupo de colegas” (31,5%), constatou-se o bullying em forma de exclusão, que é a
não aceitação do outro, é negar sua existência. Esta forma de violência é difícil de ser
combatida, pois é mascarada e passa impune. Não existe uma eminência física para que a
vítima possa reclamar.
Nas aulas de Educação Física significa não ser escolhido para compor o grupo ou
o time, é deixar de lado, assim o aluno é apenas um espectador da aula, e ele vai
internalizando que não sabe jogar, incorrendo na autoexclusão. Instala-se o sentimento de não
pertencer ao grupo e, consequentemente, de não gostar das aulas de Educação Física.
Pressupõe-se que, na vida adulta, muitos não gostam de atividades físicas por conta disso.
122
Também se aproxima desta tipologia “fizeram que os outros não gostassem dele” e (25,3%) e
“fizeram ameaças” (15,3%).
Os que afirmam terem visto “espalharam boatos sobre ele ou sobre a família” foi
de 31,5%, estes boatos podem ser calúnias e difamações sobre ele ou sobre sua família, o que
traz um sentimento de vergonha e o medo eminente.
Com relação ao terem visto “zoações por causa do sotaque”, considera-se que na
cidade pesquisada o índice de imigrantes do sul do país é muito grande, os considerados com
sotaque normalmente são os mato-grossenses e nordestinos, com uma incidência de 21,6%.
Ter sotaque é uma diferença cultural, a não aceitação do diferente pode ser manifestada em
formato de bullying.
Em se tratando de bullying físico a ocorrência foi a seguinte: “deram socos,
pontapés e empurrões” 17,1%; encurralaram contra a parede 1,8%; puxaram o cabelo 5,4%;
arremessaram objetos tais como bolas, arcos, cones, cordas, dentre outros 14,4%. Este último
tipo de atitude é muito próprio dos espaços das aulas de Educação Física, tanto pelo acesso a
estes materiais, ou mesmo pela possibilidade de liberação da agressividade, mas ambos
podem se desencadear em bullying. Neste sentido nos fala Lopes Neto (2010 p. 20):
Odalia (1983, p. 35) traz a tona a ideia da violência institucionalizada, quando esta
é admitida implícita ou explicitamente, que uma relação de força é uma relação natural.
5.1.19 Prática de Bullying Presenciado com Colega nas Aulas de Educação Física
Não, pior que não era, era mais alguém que comentava qualquer coisa e ela
falava que faziam bullying com ela porque tinha tal problema. (sic.). (Grupo
Focal – Aluno 4).
Também não dá para achar que tudo é bullying, isso virou moda, o aluno já
te responde: isso é bullying, ou já fala que o colega está fazendo bullying
com ele. (sic.). (Grupo Focal – Professor 7).
Ao serem indagados sobre que tipo de bullying praticado nas aulas de Educação
Física foi apontado a não ocorrência nas categorias: “danifiquei objetos pessoais”; “obriguei a
me entregar dinheiro ou pertences”; “encurralei contra a parede”; “subtrai sem consentimento
dinheiro e/ou pertences”; “persegui dentro ou fora da escola”; “assediei sexualmente”;
“inventei que pegaram objetos pessoais dos colegas”; “forcei a agredir outros colegas”;
“abusei sexualmente”.
125
A maior incidência está na tipologia de bullying verbal “fiz zoações porque seu
time perdeu” (53,2%) que corresponde a mais da metade dos casos de bullying nas aulas de
Educação Física. Tem-se assim, a evidência de uma aula com caráter competitivo e a
necessidade de ganhar a qualquer custo, e mais uma hipótese da pesquisa também pôde ser
confirmada, a aula de Educação Física pode ser desencadeadora de violência em formato de
bullying. Em seguida surgem: “dei risada e apontei o dedo” (44,7%); “fiz zoações pelo tipo
físico” (36,2%); “insultei pela falta de habilidade nas aulas de Educação Física” (34%);
“ignorei completamente” (21,2%); “não aceitei a formação proposta da minha equipe”
(19,1%).
Assim, pode-se observar nas manifestações a seguir pequenos estratos dos dados
obtidos com os grupos focais, que confirmam as informações obtidas com a aplicação do
inquérito online. Percebe-se que a diversidade cultural, o fato de ser diferente pode se
transformar em bullying.
Ah, pelo fato dela ser diferente, não é a não aceitação se você faz uma
brincadeira, porque a pessoa é um tanto quanto diferente, e ela já leva pro
126
É, tem, tipo, uns que eles tem poder sobre as pessoas os mais fraquinhos,
sobre os mais fracos e tem outros que tipo assim, a pessoa não é popular
vamos dizer assim, quer se tornar popular à custa do mais inferior, mas as
pessoas não gostam muita dessa atitude, isto não é se tornar popular, para
quem foi humilhada se torna um monstro, e para as outras também, pra
conseguir amizade não precisa sair xingando, e tem uns que querem se
tornar populares, ambiciosa pra se tornar popular e humilha a outro pessoa
para ser amiga do agressor que faz isso, e faz as mesmas coisas que ele ajuda
a humilhar e a bater. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 6).
outros não gostassem de mim” (15,8%) e “disseram coisas maldosas sobre mim ou sobre
minha família” (19,3%), “me ameaçaram” (8,8%) aparecem com destaque nas respostas.
As três alternativas a seguir tiveram um percentual de 7%: “deram-me socos,
pontapés ou empurrões”; “inventaram que peguei coisas dos colegas”; “arremessaram objetos
tais como bolas, arcos, cones, cordas, dentre outros contra mim”. Estas foram condutas típicas
mencionadas nas aulas de Educação Física.
Além das tipologias apresentadas “sentiram inveja de mim” e “ignoraram-me
completamente, me deram gelo” foram mencionados por 5,3% dos inquiridos. Embora este
percentual não seja alto, é considerado o tipo de bullying mais sofrido, porque ignora a
existência do sujeito.
Segundo Le Breton (1997), quando um homem se cala não deixa de se comunicar.
Afirma que não é suficiente dizer, se o outro não tiver tempo para ouvir, para assimilar, para
responder. Quando a palavra é sem presença, não há preocupação com a resposta ou com a
escuta da mensagem.
As alternativas menos mencionadas foram “perseguiram-me dentro ou fora da
escola”; “fizeram zoações por causa do meu sotaque”; “insultaram-me por causa da minha
religião”; “insultaram-me por causa da minha cor ou raça”, todas com 1,8%. Embora com
percentual baixo, pode-se inferir a existência de não aceitação de etnia, cor, religião e
regionalidade.
Não houve ocorrência para as seguintes alternativas: “assediaram-me
sexualmente”; “abusaram sexualmente de mim”; “encurralaram-me contra a parede”;
“forçaram-me a agredir outro (a) colega”; “fui obrigado (a) a entregar dinheiro ou minhas
coisas”; “humilharam-me por causa da minha orientação sexual”; “pegaram sem
consentimento meu dinheiro ou coisas”; “forçaram-me a agredir outro (a) colega”;
“estragaram minhas coisas”; “puxaram meu cabelo ou me arranharam”. O que fica constatado
com isso é que não houve bullying material, ou seja, subtração de pertencesse nem de dinheiro
ou mesmo materiais dos colegas, além da não incidência de bullying sexual.
Este é um típico caso onde a própria vítima leva a culpa por sofrer bullying, ela
em si já é considerada uma provocação, muitas vezes por levar alguma marca da diferença
não aceita pelo grupo.
E a atitude dos pais provoca o bullying, não contribui, quando ele e super
protetor, não faça isso, não faça aquilo, cria nele uma diferença e essa
diferença atrapalha, já tive que pedir para um pai sair da beira da quadra.
(sic.). (Grupo Focal – Professor 6).
Gráfico 22: Tipologia de Bullying com as Vítimas nas Aulas de Educação Física
Nota: Construção da autora
Embora não seja o local e a arquitetura que definem a ação humana, nem a
legitimidade da disciplina na escola, este é um aspecto para compreender o bullying nas aulas
e Educação Física. Destacamos os locais mais utilizados para as aulas de Educação Física
como: sala de aula, quadras, pistas, piscinas, ginásios, salas de dança, sala de lutas, espaços
externos. Esta compreensão não exclui a noção de transcender a arquitetura nas aulas de
Educação Física, mas classifica-la para efeito de pesquisa.
Sobre o espaço de ocorrência do bulliyng na escola, sem fazer qualquer indicação
ou direcionamento aos alunos, estes mencionaram que o bullying ocorre com maior
frequência nas aulas de Educação Física (40%), seguido dos corredores (26,1%), no pátio e no
recreio (22,6%), na sala de aula sem professor (20,9%), na entrada da escola (13,95%), no
trajeto da escola (5,2%).
Mas eu acredito, que as formas mais simbólicas mais sutis, elas acontecem
em outros espaços, nos intervalos, e não no espaço formal da aula, é na troca
de período, nos momentos com espaço que não tem nada pra fazer, os
intervalos que aparece, de forma direta ou da chamada indiferença, que uma
outra forma. (sic.). (Grupo Focal – Dirigente 4).
132
Em outra pesquisa feita por Abramovay (2010, p. 278), questionando o local onde
acontece a maior parte das violências escolares, constatou-se que 27,8% dos alunos
entrevistados assinalaram “na quadra de esporte”.
1
Dados da tabela 6.4 - ONG PLAN (2010, p. 40)
133
O que lhes falta, de forma explicita, é o afeto pelos outros. Essa afetividade
deficitária (total ou parcial), pode ter origem em lares desestruturados ou no
próprio comportamento do jovem. Nesse caso as manifestações de
desrespeito, ausência de culpa ou remorso pelos atos cometidos contra os
outros podem ser observados. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 6)
Sinto raiva ódio, vingança, tipo a pessoa que te faz mal então você sente na
obrigação da pessoa sentir o que você sentiu, ao mesmo tempo não e bom
desejar o mal pro outro, tem que tentar resolver também. (sic.). (Grupo
Focal – Aluno 7).
Eu acho que quando uma criança sofre bullying ela acaba acreditando
naquilo que falam dela, tipo pela estrutura física dela, por uma característica
acaba acreditando naquilo que falam dele e acaba se pondo mais para baixo
tendo até uma depressão.
De que forma isso acontece. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 8).
Eu conversava com minha mãe e ela falava para eu não ligar pra eu deixar,
ignorar, eu não conseguia fazer isso e não conseguia não ligar, também eu
chorava com a minha mãe. Eu sempre gostei de ler quando era menorzinha,
de vir para a escola, e ficou mais difícil, eu parei de gostar de vir para a
escola. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 5).
136
Percebe-se muitas vezes que a vítima de bulliyng sofre sozinha, resolve sozinha,
ou não resolve, convivendo com sentimentos nocivos, o que pode explicar os casos de pessoas
que atentam contra a vida de pessoas e da própria vida.
A vítima sabe e sofre na carne, sozinha, esta crueldade e, muitas vezes, volta para
se vingar da escola ou de pessoas que nem sequer tomaram conhecimento desta dor, conforme
citado nos capítulos anteriores, e depoimento de alunos nos grupos focais.
Acho ruim porque as pessoas se sentem mal e não querem voltar pra escola e
os pais querem tentam ajudar a criança, só que ela não quer ajudada, mas ela
não quer voltar para a escola. E a criança costuma contar pros pais e ou
normalmente segura pra si? (sic.). (Grupo Focal –Aluno 6).
A maioria dos inquiridos, 61,2%, afirmam que não sofreram bullying nas aulas
de Educação Física; por sua vez, 19% afirmaram que sofreram bullying de meninos e
meninas, enquanto outros 19% sofreram somente de meninos. Quanto aos que sofreram
bullying praticado somente por meninas o percentual foi baixo, 0,9%. Estes dados confirmam
que a maior parte das atitudes de bullying são praticados por alunos do sexo masculino. A este
respeito os alunos se manifestam:
Eu acho que tem algumas meninas definidas, porque eles pensam porque na
minha sala, pensavam que era só os meninos que faziam bullying, com a
menina que tem problema lá, quando ela fazia coisas, as meninas. Ocorre
que na educação física as meninas gravavam e colocam no computador, mas
não saía disso. Não saía pra mais disso e toda a vez as meninas nunca eram
culpadas, só a gente. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 3).
daí, tipo, depois de 3 dias me chamou para a coordenação falando que era eu
as meninas falaram que não era eu, e eu dizia que não era eu, e como eu ia
falar quem foi, e daí beleza, assumi a culpa de que era eu, e eu não quero
falar quem é, e a menina da sala e contou quem era, a coordenadora foi na
sala e quis olhar o celular de todo o mundo, e falou que eu tinha gravado, ela
queria colocar a culpa em mim, e nada aconteceu com a menina, isso
acontece muito. Eu não tinha levado o celular, as meninas nunca se fodem.
(sic.). (Grupo Focal –Aluno 5).
Com relação aos sentimentos dos alunos que fazem bullying com o colega nas
aulas de Educação Física têm-se como o maior índice “não fiz bullying” (67,8%), a seguir
vêm os que fizeram, mas se arrependeram depois “eu me arrependi do que fiz” (16,5%);
posteriormente “eu senti pena da pessoa” (7%); tinha certeza que eles fariam o mesmo
comigo (6,1%); “eu me senti vingado (a), pois me maltrataram também” (6,1%); “eu me senti
mal”, “foi engraçado” e “não senti nada” (5,2%).
Sobre a condição de “brincadeira” ao assistir a violência do outro, Elias e
Dunning (1992, p. 241) afirma:
5.1.30 Reação dos Agressores após a prática de Bullying na Aula de Educação Física.
Nesta questão foi possível assinalar mais de uma resposta. Assim, percebe-se que
quase metade dos alunos que praticam bullying não conta para ninguém: “não contei”, 47,4%,
ou seja, carregam consigo a marca do silêncio.
Le Breton (1997, p. 101) enfatiza também sobre a violência do silêncio:
Entre aqueles que recorrem aos pais estão 24,4% “contei para meus pais”, e ainda,
os que “contam para meu irmão”, 2,6%. Estes podendo contar com o apoio da família,
enquanto aqueles que “contam para os outros” são 23,1%, o que pode indicar que os que
recebem a informação não são aqueles que podem tomar providências. Por sua vez, aqueles
que vão diretamente aos responsáveis da escola e “contam para o diretor ou professor” são
11,5%, o que pressupõe-se que sejam capazes de solucionar o problema.
Se somarmos os responsáveis (pais/ família, professores e diretores) tem-se um
índice de 38,5% de casos com possíveis tomadas de providências, enquanto que o restante não
chega ao conhecimento dos responsáveis, caindo na faixa de impunidade e está na faixa de
61,5%.
Gráfico 30 – Reação dos Agressores Após a Prática de Bullying na Aula de Educação Física
Nota: Construção da autora
Nesta pergunta 84,6% dos alunos afirmam não ter praticado bullying com colegas
nas aulas de Educação Física, enquanto 5,8% afirmam ter perdido o entusiasmo pela escola,
bem como a concentração. Estes são aqueles que dão desculpas para não ir para a escola como
dor de cabeça, cansaço dentre outras.
Abaixo de 3% estão os que afirmam ter parado de aprender, vem para a escola
com medo e os que procuram não participar das aulas de Educação Física. Se compararmos as
142
consequências dos agressores e dos espectadores pode-se concluir que ambas são nocivas. O
agressor porque agride e o espectador porque presencia o fato e se omite de tomar atitude.
Nesta questão foi possível assinalar mais de uma alternativa, tendo como maior
incidência de sentimento daqueles que testemunham o bullying a sensação de “pena” (51,8%).
A seguir vêm aqueles demonstram sentimento de justiça, mas não se manifestam, “achei
injusto” (42,1%). Na sequência, aqueles que não se omitem e procuram ajudar “procurei
ajudar” (27,2%).
Os que preferem dizer “não vi”, representam 21,9%; àqueles que se sentem mal
por desaprovar “me senti mal” perfazem 21,9%. Identifica-se ainda, àqueles que se colocam
no lugar da vítima e sentem medo de que isso aconteça com eles “tive medo que fizessem
comigo”, chegando a 8,8%.
Silva (2010, p. 45-46, grifos do autor) divide os espectadores do bullying em 3
grupos distintos:
entanto, ficam de mãos atadas para tomar qualquer atitude em defesa das
vítimas.
[...] alunos que, por uma questão sócio cultural (advindo de lares
desestruturados ou de comunidades onde a violência faz parte do cotidiano),
não demonstram sensibilidade do bullying que presenciam. Eles estão
acometidos de uma “anestesia emocional”, num contexto social próximo no
qual estão inseridos. SILVA (2010), p. 45-46
Espectadores ativos: Estão inclusos neste grupo aqueles alunos que, apesar
de não participar ativamente dos ataques contra às vítimas, manifestam
“apoio moral” aos agressores, com risadas e palavras de incentivo. Não se
envolvem diretamente, mas isso não significa em absoluto, que deixem de se
divertir com o que veem.
5.1.33. Medidas Tomadas pelo Professor em Caso de Bullying nas Aulas de Educação Física.
Nesta questão também foi possível assinalar mais de uma resposta e a maior parte
dos casos de bullying nas aulas de Educação Física não chega ao conhecimento dos
professores “não fica sabendo” (46,8%). Portanto, esta pode ser considerada a faixa de
impunidade. Os que acham que os autores são punidos, “pune os autores dos maus-tratos” e
procuram diretamente os responsáveis “comunicam à direção da escola”, representam 34,9%
e 26,6%, respectivamente.
Outro dado que chama atenção é o fato de professores não distinguirem a
brincadeira e o bullying: “trata como brincadeira” para 13,8%, seguido dos que não dão
importância, “ignora, pois é coisa sem importância”, 9,2%.
[...] agora, se é livre para jogar uma bola e, vamos jogar, vamos fazer, vamos
aproveitar o tempo só pra aquela disputa ali, sem nenhum objetivo e
nenhuma reflexão em cima daquilo, claro que vai aparecer, justamente pela
competividade que parte de cada um, ai os mais habilidosos vão se destacar
e cobrar dos menos habilidosos, essa participação e as agressões podem
145
aparecer verbalmente, fisicamente. Porque o contato ali são mais livres que
na sala de aula, então é uma desculpa, a eu dei um carrinho porque ele me
xingou lá na frente, ou então ele deu uma entrada no meu amigo, então eu
vou fazer isso e aquilo, vai acontecendo de forma quase que natural se não
houver o controle do profissional que está ali pra isso do profissional que e
do formador. (sic.). (Grupo Focal – Professor 5).
O professor tem alunos que ele gosta mais... mais esforçado, vai mais com a
cara daquele aluno, mais puxa saco, se acontecer algum tipo de brincadeira,
um aluno que pra ele é especial, ele vai fazer maior “escambau”, e se for um
aluno que ele não gosta ele vai deixar aquele aluno normal, não vai
acontecer nada com ele. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 3).
Tem professor que é puxa saco de uns alunos e outros não, né. (sic.). (Grupo
Focal – Aluno 1).
Gráfico 33: Medidas tomadas pelo Professor em caso de Bullying na Educação Física
Nota: Construção da autora
(8,3%); “tiraram e divulgaram fotos minhas sem meu consentimento” (8,3%); “montaram e
divulgaram fotos minhas de uma forma constrangedora” (8,3%); “alteraram minha página
pessoal, em alguma rede social” (4,2%); “fizeram vídeos meus e colocaram em sites de
vídeos” (4,2%); “enviaram e-mail me ameaçando” (4,2%).
Esses dados podem ser observados e confirmados a partir das informações obtidas
nos grupos focais, como segue:
Ah, teve um caso aqui na escola, que teve uma menina que fez umas coisas
erradas, e daí ela passou essa, tipo, estava conversando com um menino ela
fez umas coisas lá, e daí esse menino, ele que tirou print desta mensagem e
mandou pra todo mundo, tipo, meio que ele acabou com a vida dela, mas,
tipo, ela não teve consciência do que ela fez e tal, entendeu? Tipo, ela
provocou, não precisavam passar pra todo mundo, mas, tipo, é uma coisa
diferente pra todo mundo, nem sei, tem que ter mais cuidado com as coisas,
foi uma em, nunca tinha visto aqui em Lucas. (sic.). (Grupo Focal – Aluna
7).
Já aconteceu isso comigo, eles vem ficam falando para eu tirar fotos e
mandar, ai eu pego e bloqueio eles. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 3).
Tem um site com o nome e ask que você faz, de pergunta e resposta, aí tem
como mandar no anônimo, e mandar dizendo que é você. E daí criaram neste
fake uma conta fake para falar mal da cidade inteira, ai você fala no anônimo
lá, fulano de tal, ai e ele mandava um negocinho de 3 linhas por exemplo
assim... assim... por exemplo assim, dizendo o que a pessoa fez, o que ela é,
o que ela é na opinião, o que a pessoas fez, tipo... e muitas vezes é mentira,
ficava falando da pessoa assim . E... daí teve uma menina que falou muito
daquela menina no site, ela se sentiu mal aí ela denunciou para a polícia,
mas a polícia descobriu pelo IP do computador quem é, só que a polícia não
divulga quem é, ela só exclui a conta da pessoa, mas eu acho que deveria
divulgar para a pessoa criar vergonha e não fazer aquilo lá .
Depois que a polícia mandou excluir aquilo a mesma menina criou uma
conta de novo, com o outro nome, porque não aconteceu uma punição com a
pessoa. Eu posso muito bem chegar em casa e criar um ask para falar mal de
todo o mundo e ninguém vai saber que era eu, eu acho isso muito errado.
(sic.). (Grupo Focal – Aluna 1)
Tens uns programas que esses dias um amigos meus queriam raquear um
face para falar só daquela pessoa, e daí tem uns programas que baixa e não
dá para descobrir o IP, e daí você baixa aquilo lá, nem o polícia, demora pra
descobrir, já aconteceu isso aqui, a polícia não descobriu por causa desse
programa aí fala mal da pessoa e não acontece nada com ela. (sic.). (Grupo
Focal – Aluno 8).
Acho que o que leva a pessoa fazer é o fato de ela demonstrar a opinião dela,
sem ninguém saber. Porque já aconteceu comigo de terem criado, era no face
mesmo, era um negócio que você botava a foto da pessoa, “gata da tarde” e a
foto da pessoa, status, idade, tá namorando, solteiro, se estava ficando (como
se a pessoa soubesse), aí botaram uma foto minha: “vadia da tarde” não sei o
que, não sei o que, aí eu denunciei por spam, ai saiu eles, não podem pegar
mais foto minha no facebook. Ah, me senti mal, tipo assim, a pessoa não
pode postar tua foto e postar pra todo o mundo ver e ficar zoando com você,
eu acho que não deveria. Qual a graça de fazer isso com o outro, qual a
graça? Não tem graça! (sic.). (Grupo Focal – Aluna 3)
150
Nota-se uma grande incidência dos alunos que assinalaram “não fui maltratado no
mundo virtual por colega de escola” (83,8%). Na sequência aparecem aqueles alunos que
“resolvem” as situações sozinhos “eu me defendi” (8,1%); “pedi que parassem” (8,1%).
Identificou-se ainda, os que se vingam, para que o outro sinta o mesmo “eu revidei” (5,4%).
Em relação aos que pedem ajuda tem-se: “falei com um professor” (4,5%); “falei com meu
amigo” (4,5%); “falei com meu pai /mãe / responsável” (4,5%).
Entre aqueles que sofreram sozinhos destacam-se: “eu chorei” (4,5%); “não fiz
nada porque não dei importância” (3,6%); “não fiz nada, mas fiquei magoado” (2,7%). Por
sua vez, poucos alunos recorrem à ajuda, “falei com meu amigo” (4,5%); “falei com meu pai,
mãe ou responsável” (4,5%); “falei com o professor, diretor, coordenador ou outro
funcionário” (1,8%); “falei com meu irmão ou irmã” (1,8%).
Nesta perspectiva, aponta Silva (2010, p. 43-44) que:
Também em relação ao agressor, Leme (2006) diz que este, busca reconhecimento
e admiração dos colegas, é intolerante àquele que é diferente dele, seja física ou
comportamental. Indica ainda, a partir de seus estudos, que há maior propensão de indivíduos
do sexo masculino se envolver nas agressões, embora registre, nos últimos anos, que houve
um crescimento da violência entre meninas.
Gráfico 38: Reação por Vitimização de Cyberbullying em Decorrência das Aulas de Educação Física
Nota: Construção da autora
Eu acho que, tipo, ela fica com muita vergonha de sair por ai, porque as
pessoas ficam dando risada da cara dela, tipo, as vezes a pessoa faz coisa
errada, só que tipo, nem é pra tanto, tipo, que o pai dela veio aqui, acho
errado isso porque ninguém tem culpa da coisa que a menina fez, então acho
que, sei lá, a pessoa fica muito vergonhosa, sei lá! (sic.). (Grupo Focal –
Aluno 5).
O dado mais preocupante, embora em pequeno percentual foi “eu tive vontade de
morrer” (0,9%). E na mesma medida do dado anterior apresentam-se os indiferentes e os que
acham graça da violência “eu não sinto nada” (0,9%); “foi engraçado” (0,9%).
Quando aparece na internet a pessoa fica bem mais mal, porque as pessoas
que ela jamais pensou não sabe quem ficou sabendo, na escola ela sabe
quem ficou sabendo ela tá vivenciando, mas na internet ela não sabe quem tá
vendo, quem está gozando dela. E o bullying surge a partir de você, não tem
o que pessoa fazer. E, a própria pessoa acredita e com o passar do tempo ela
vai se isolando e sofrendo. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 2)
As pessoas ficam com vergonha, sem solução, confusão se você não sabe
quem é como você vai solucionar, conversar quem é a pessoa, mas você vai
saber quem é, porque você vai notar, porque esta pessoa te humilha mais.
Mas o cyber mesmo que mudar de escola ou de cidade só com amnésia
mesmo, mas o cyber você não sabe quem foi e pode não ser verdade e você
não sabe quem tá vendo. (sic.). (Grupo Focal – Aluno 8)
155
Gráfico 39: Sentimentos em Decorrência de Sofrer Cyberbullying nas Aulas de Educação Física
Nota: Construção da autora
Mais da metade do grupo de alunos afirma não ter sido epectador ou testemunha
do cyberbullying nas aulas de Educação Física, “não vi” (55,7%), a seguir, “senti pena”
(28,7%), o que de certa forma denota que os espectadores não gostaram do que viram. Após,
estas manifestações surgem “achei injusto” (20,9%); “me senti mal” (13,9%;); “foi
engraçado” (5,2%); “certeza que me maltratariam” (2,6%). Verifica-se ainda, que 0,9% “me
senti vingado porque fui maltratado” e “fui maltratado, posso maltratar também”. Por fim, os
que culpabilizam a própria vítima, “achei justo”, com 1,7% de manifestação. Neste caso,
podem entrar os preconceitos raciais, sexuais, dentre outros.
No cyberbullying, o observador pode decidir sobre sua participação, conforme
destaca Ventura (2011, p. 91):
Gráfico 41 - Sentimentos dos Espectadores do Cyberbullying em Decorrência das Aulas de Educação Física
Nota: Construção da autora
5.1.42. Medidas Tomadas pelo Professor de Educação Física no Caso de Cyberbullying nas
Aulas de Educação Física.
5.1.43. Medidas Tomadas pela Escola no Caso de Cyberbullying em Decorrência das Aulas
de Educação Física
Ao dar voz aos alunos, com referência às medidas que a escola toma nos casos de
cyberbullying nas aulas de Educação Física, constatou-se que “chama os pais/responsáveis e
conta o que aconteceu” em 83,6% das respostas; por sua vez, a punição ocorre com os autores
em 38,8% das resposta “pune os autores dos maus-tratos”; “faz um trabalho de prevenção da
159
violência” foi citada por 16,4%; “responsabiliza os pais pelo mau comportamento dos filhos”
foi indica por 12,1%; enquanto a “transferência do aluno de escola” foi mencionada por
12,1%; “ignora, pois é coisa sem importância” foi indicado por 7,8%; “comunica outras
autoridades” foi apontado por 5,2%; e, “comunica ao Conselho Tutelar” foi citado por 4,3%.
Segundo a manifestação dos alunos, entende-se que a escola procura aliar-se à
família para resolver o problema e que um índice pequeno ultrapassa os muros da escola
(conselho tutelar, outras autoridades). Poucos percebem que a escola faz um trabalho de
prevenção (6,4%). Nota-se que não há impunidade quando constatado, mas vale lembrar que,
conforme o Gráfico 42 referente ao bullying, 58% afirmam que os professores nem sempre
ficam sabendo, o que denota um percentual alto de impunidade, por não chegar aos
responsáveis pela escola ou aos que tomam as providências necessárias. Mais grave é a
situação apresentada no Gráfico anterior que demonstra que, mais de 69% dos casos de
cyberbullying ocorridos nas aulas de Educação Física não chegam ao conhecimento dos
responsáveis e desta forma não são tomadas providências.
Gráfico 43 – Medidas Tomadas pela Escola no Caso de Cyberbullying em decorrência das Aulas de Educação
Física
Nota: Construção da autora
Eu acho que ela e o pai dela fez errado vir aqui na escola, ele reclamou por
uma coisa que a filha dela fez a coisa errada, eu acho que ela que deveria de
sofrer as consequências, não o que passou, porque ela fez a coisa errada,
então ele não deveria descontar em quem repassou, e ele não fez muita coisa
com ela, ele buscou justiça contra tudo isso e o piá, contra o pia que tirou os
print e mandou mas todo mundo que tinha assim, se ele continuasse ia
160
acontecer coisa grave porque quem fez a coisa errada foi ela. (sic.). (Grupo
Focal – Aluno 7).
Ela já saiu de 3 escolas porque ela já sofre bullying, entre aspas, claro,
porque ela leva tudo ao extremo, ela não sabe o que é brincadeira e ai tipo
assim, ela vai lá e fala assim, mãe fizeram bullying comigo! Aí a mãe dela
vai na escola reclama. Chama os pais, daí a escola fala: nossa esta menina
está sofrendo bullying e se vazar isso aí, a escola vai ficar com o nome
manchado, vamos chamar os pais dos agressores do bullying, então tá, dão
uma advertência pra quem está fazendo o bullying com esta menina. Ela já
saiu de 3 escolas e ela saiu, o problema é de todo o resto, mas não é dela.
(sic.). (Grupo Focal – Aluno 6).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
angústia, solidão, mau trato, humilhação, isto nos permite afirmar que eles gostam da aula de
Educação Física e não da violência que ocorre em seu espaço, neste recorte pode-se inferir
que se está diante de uma vítima de bullying.
Identificou-se que o momento escolar em que mais ocorre o bullying é nas aulas
de Educação Física, pois mais de 70% dos alunos afirmam já terem presenciado cenas de
bullying neste ambiente. Este dado é considerado um achado, pois as pesquisas nacionais de
grande importância mencionadas neste estudo não pesquisaram este espaço e, apontaram a
sala de aula, sem professor, o espaço de maior ocorrência do bullying.
Com relação aos motivos que levam ao bullying na aula de Educação Física mais
da metade cita que é por brincadeira, constatou-se que existe dificuldade tanto do professor
tanto quanto dos alunos, para distinguir bullying de uma simples brincadeira de criança. Na
brincadeira, todos se divertem e no bullying uns se divertem à custa do outro que sofre. Esta
perversidade passa por uma atitude normal nos relacionamentos de crianças e adolescentes. E
o que mais dificulta o trato desta questão é que pode existir uma escala exponencial de
crescimento destas situações, se não forem tomadas as medidas necessárias, de uma simples
brincadeira na quadra, piscina, que podem “cair” na internet e desencadear o cyberbullying,
este também com consequências desastrosas.
Entender tais atitudes como “brincadeira” demonstra também que não estão claros
os limites que devem ser respeitados por todos, indicando ainda, a ineficácia da orientação e a
falta de punição.
Em seguida, aparece a diversidade cultural, a não aceitação do outro por suas
características culturais, sotaque, hábitos, e principalmente no local onde mora, portanto
“quem não é igual a mim eu excluo”. Quanto as diferenças individuais, estão os que têm um
traço marcante, uma necessidade especial, as pessoas tímidas, inseguras e passivas, que os
agressores entendem que são merecedoras de maus tratos. Para os autores de bullying, a forma
de ser do outro, por si só, já é uma provocação.
Em tempo, outro motivo das agressões é a inveja dos que usam tênis de marca ou
fazem viagens para o exterior, que tem status econômico superior aos demais alunos,
provocando sentimento de inveja, motivando a agressão, embora o uso do uniforme amenize a
aparência econômica, as diferenças se sobrepõem, e o bullying pode se desencadear.
A busca por poder e popularidade, a observação e o reconhecimento pela opressão
são elementos que, por vezes, tornam os opressores populares, verdadeiros “líderes”,
definindo o rumo das ações de um grupo, a escolha e formação de uma equipe, deixando de
lado os que não são seguidores, ou ainda, que apresentam poucas habilidades, gerando assim,
163
O dado mais preocupante, embora em pequeno percentual foi “eu tive vontade de
morrer”, o que pode justificar o número de casos de suicídio ocorrido em todo o mundo. Este
tipo de violência acarreta sérios problemas emocionais que interferem tanto na vida
acadêmica como da socialização do sujeito.
Por sua vez, a escola aposta em atitudes preventivas em relação ao cyberbullying,
com formação de professores e alunos, tanto nos aspectos sociais, morais, religiosos e legais.
Também procura agir em parceria com as famílias, embora não deixe de culpabilizá-las pela
falta de socialização dos filhos, pautadas em valores de respeito e convivência. Este pode ser
o motivo que o bullying e cyberbullying estejam sob controle. No entanto, nas aulas de
Educação Física se desencadeiam atitudes de bullying, que na maioria dos casos não chega ao
conhecimento do professor e nem da escola. É a violência silenciada e que pela ineficácia da
escuta, não aparece. Se não aparece não pode ser solucionada. Mas pode sim, ser evitada.
Considerando as premissas confirmadas neste estudo, “nas aulas de Educação
Física o corpo apresenta-se exposto como cultura; os contatos corporais estão presentes; os
corpos que fogem ao padrão ficam mais evidentes (gordos e magros, altos e baixos); na
prática das diferentes modalidades esportivas aparecem mais os estereótipos: molengas,
desajeitados, não leva jeito, só atrapalha, mulherzinha, Maria João, nerd; acerto e o erro ficam
mais evidentes; a competição resulta em perdedores e ganhadores acirrando-se as rivalidades;
as habilidades e debilidades raciais ficam mais evidentes (ex. negros jogam melhor o futebol,
orientais são melhores em lutas, dentre outros), ficam mais aparentes as orientações sexuais,
olhar do professor fica mais distante, maiores espaços para a realização das atividades; espaço
que facilita o bullying mascarado de brincadeiras; na aula de Educação Física são permitidas
situações que não são admitidas em outras aulas; o professor de Educação Física costuma ser
o único para todas as séries, acompanhando grande parte da trajetória do aluno; entende-se
que essa gama de possibilidades de aparecimento da violência em forma de bullying e
cyberbullying, o professor de Educação Física tem à sua disposição um espaço ambíguo, ora
desencadeador de violência ora um espaço privilegiado para atuar, pois está num lugar em que
todos estes fatores se evidenciam, e vem à tona, portanto, sendo o espaço para dialogar.
Nem mesmo os bons propósitos dos gestores, equipe diretiva e professores, que se
apoiam em valores como a solidariedade, respeito mútuo, cooperação, dentre outros,
utilizando-se de mecanismos de conscientização, prevenção e punição, não têm conseguido
desnaturalizar e eliminar toda a violência em forma de bullying e cyberbullying no espaço
escolar.
166
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YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
JÚLIO MULLER-
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
DADOS DO PARECER
Número do Parecer:
255.120
Data da Relatoria:
25/04/2013
Apresentação do Projeto:
A presente pesquisa tem como objetivo caracterizar o bullying/cyberbullying na escola,
desvendar sua origem, suas causas, seus efeitos e as consequências psicológicas, sociais e
acadêmicas para as vítimas, agressores e espectadores; e discutir o espaço/tempo da Educação
Física como palco propiciador de sua manifestação, com vistas a produzir dados que possam
orientar futuros projetos de intervenção educativa relacionada à área. O lócus da pesquisa é
uma escola particular da cidade de Lucas do Rio Verde/MT, com alunos do Ensino
Fundamental, com idades compreendidas entre 10 a 15 anos. Baseado na teoria
fenomenológica, o método aqui eleito para o estudo do bullying/cyberbullying são os diretos e
indiretos e o cruzamento de ambos, combinando técnicas qualitativas e quantitativas, com a
aplicação de inquéritos, grupos focais, e entrevistas com informantes privilegiados
Objetivo da Pesquisa:
Objetivo Geral:
Caracterizar o bullying na escola, desvendar sua origem, suas causas, seus efeitos e as
consequências psicológicas, sociais e acadêmicas para as vítimas, agressores e espectadores; e
discutir o espaço/tempo da Educação Física como palco propiciador de sua manifestação, com
vistas a produzir dados que possam orientar futuros projetos de intervenção educativa
relacionados à área.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
A presente pesquisa não inclui riscos para seus atores, porque todos os cuidados legais, éticos
e morais serão rigorosamente tomados. Como se trata de um estudo que envolve a aplicação
de entrevistas e grupos focais, o risco é mínimo.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
Pesquisa importante para área.
Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
Apresentou os documentos conforme resolução 196/96.
Incluiu autorização do gestor da escola onde será realizada a pesquisa.
Recomendações:
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
O pesquisador atendeu todas as pendencias. Propomos a aprovação do estudo.
Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
Considerações Finais a critério do CEP:
Projeto aprovado em relação à análise ética.
Assinado por:
SHIRLEY FERREIRA PEREIRA
(Coordenador)
176
Seu filho está sendo convidado (a) a participar como voluntário (a) da pesquisa de
Cirlei da Aparecida Brandão, do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da
Faculdade de Educação Física (FEF) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), na
área de concentração em Atividade Física, Desempenho e Corporeidade, linha de pesquisa:
Fundamentos Pedagógicos e Sócio-antropológicos do Corpo.
A referida pesquisa intitulada: Bullying no espaço escolar: uma Interpretação do
fenômeno no âmbito da educação física, tem como objetivo compreender como os espaços/
tempo da Educação Física podem propiciar a manifestação do bullying, identificando suas
possíveis origens, causas, efeitos e as consequências acadêmicas e sociais para as vítimas,
agressores e espectadores, com vistas a produzir dados que possam orientar futuros projetos
de intervenção educativa relacionada à área.
A participação de seu filho é voluntária e constará na resposta de um questionário
online que deverá ser respondido sem minha interferência ou questionamento, não causando
qualquer risco ou desconforto.
Sendo a participação voluntária, a qualquer momento e por qualquer razão você ou seu
filho poderá interromper a participação neste estudo.
Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os resultados
serão veiculados por meio de artigos científicos em revistas especializadas e/ou em encontros
científicos e congressos, sem nunca tornar possível sua identificação. Por favor, assine esse
formulário, como garantia de sua autorização para a utilização dos dados nos casos já
mencionados.
Você recebeu uma cópia desse termo com os dados da pesquisadora. Sinta-se a
vontade para entrar em contato caso seja necessário ou tenha interesse em conhecer os
resultados da pesquisa.
01. Sexo
- Masculino
- Feminino
02. Idade
- 10
- 11
- 12
- 13
- 14
- 15
- 16
03. Série/ano
- 6ª
- 7ª
- 8ª
- 9ª
- Às vezes
- Sempre
10. Que você faz na internet? (É possível assinalar mais de uma resposta).
- Tem blog?
- Tem página pessoal nas redes sociais?
- Joga?
- Usa webcam?
- Pesquisa assuntos da escola?
- Pesquisa assuntos de seu interesse pessoal?
- Tem site pessoal?
- Conversa com desconhecidos?
- Partilha informações na internet?
- Acessa e-mails?
- Bloqueia e-mail desconhecidos?
- Abre sites com conteúdo para maiores de 18 anos?
- Não
- Algumas vezes
15. Como se sente nas aulas de Educação Física? (Sim - não - algumas vezes)
- Acolhido
- Amado
- Angustiado
- Com medo
- Excluído
- Humilhado
- Maltratado
- Seguro
- Sozinho
16. Por que motivo as pessoas praticaram bullying com os colegas nas aulas de Educação
Física?
- Vítimas não reagem
- Querem ser populares
- Porque a vítima é diferente
- Não sei dizer
- Não são punidos
- Por brincadeira
- Sentem provocados
- Querem dominar o grupo
- Acham que vítimas merecem
- São mais fortes
- Por inveja
- Porque o outro é diferente
- Nosso time perde por causa dele
- Outros
18. Em caso de resposta “sim” ou “algumas vezes”, assinale quais foram os tipos de bullying
que você viu algum colega sofrer nas aulas de Educação Física? (Caso necessário assinale
mais de uma alternativa).
- Não vi.
- Xingaram.
- Deram socos, pontapés ou empurrões.
- Deram risadas e apontaram o dedo.
- Fizeram ameaças.
180
- Arremessaram objetos, tais como bolas, arcos, cones, cordas, dentre outros contra
colegas.
- Colocaram apelidos vexatórios.
- Puxaram o cabelo ou arranharam.
- Ignoraram completamente.
- Insultaram por causa de alguma característica física.
- Disseram palavras maldosas sobre ele(s) ou sobre sua(s) família.
- Humilharam por causa da orientação sexual.
- Não deixaram fazer parte do grupo de colegas.
- Insultaram por causa da cor ou etnia.
- Danificaram objetos pessoais.
- Fizeram “zoações” por causa do sotaque.
- Obrigaram a entregar dinheiro ou pertences.
- Encurralaram contra a parede.
- Fizeram ou tentaram fazer com que os outros não gostassem dele.
- Subtraíram dinheiro ou pertences.
- Perseguiram dentro ou fora da escola.
- Assediaram sexualmente.
- Inventaram que pegaram objetos pessoais dos colegas.
- Forçaram a agredir outro colega.
- Abusaram sexualmente.
- Não aceitaram a composição proposta para a formação da equipe.
- Insultaram por causa da falta de habilidades nas aulas de Educação física.
- Fizeram “zoações” pelo tipo físico.
- Fizeram “zoações” porque seu time perdeu.
19. Você já praticou bullying com colega nas aulas de Educação Física?
- Sim
- Não
- Algumas vezes
20. Em caso de resposta “sim” ou “algumas vezes`”, assinale quais foram os tipos de bullying
praticado por você nas aulas de Educação Física: (caso necessário assinale mais de uma
alternativa)
- Xinguei
- Dei socos, pontapés ou empurrões
- Arremessei objeto tais como bolas, arcos, cones, cordas, dentre outros, contra colega
- Dei risadas e apontei o dedo
- Fiz ameaças
- Coloquei apelidos vexatórios
- Puxei o cabelo ou arranhei
- Ignorei completamente
- Insultei por causa de alguma característica física
- Disse palavras maldosas sobre ele(s) ou sobre sua(s) família
- Humilhei por causa da orientação sexual
- Não deixei fazer parte do grupo de colegas
- Insultei por causa da cor ou etnia
- Danifiquei objetos pessoais
- Fiz zoações por causa do sotaque
- Obriguei a me entregar dinheiro ou pertences
181
22. Em caso de resposta “sim” ou “as vezes`”, assinale quais foram os tipos de bullying
sofrido nas aulas de Educação Física: (caso necessário assinale mais de uma alternativa)
- Xingaram-me
- Colocaram apelidos vexatórios em mim
- Me ameaçaram
- Disseram coisas maldosas sobre mim ou sobre minha família
- Insultaram-me por causa de alguma característica física
- Deram-me socos, pontapés ou empurrões
- Arremessaram objetos tais como bolas, arcos, cones, cordas, dentre outros, contra mim
- Deram risadas e apontaram para mim
- Fizeram com que os outros não gostassem de mim
- Inventaram que peguei coisas dos colegas
- Puxaram meu cabelo ou me arranharam
- Não me deixaram fazer parte do grupo de colegas
- Não me aceitaram no time/grupo
- Me descriminaram na educação física
- Acusaram que perderam o jogo por minha causa
- Acusaram que eu atrapalho o jogo
- Estragaram minhas coisas
- Ignoraram-me completamente, me deram “gelo”
- Insultaram-me por causa da minha cor ou raça
- Insultaram-me por causa da minha religião
- Pegaram sem consentimento meu dinheiro ou coisas.
- Fizeram zoações por causa do meu sotaque
- Encurralaram-me contra a parede
- Forçaram-me a agredir outro(a) colega
- Humilharam-me por causa da minha orientação sexual
- Perseguiram-me dentro ou fora da escola
- Assediaram-me sexualmente
- Fui obrigado (a) a entregar dinheiro ou minhas coisas
- Abusaram sexualmente de mim
- Não aceitaram a composição proposta para a formação da minha equipe.
182
23. Qual o espaço da escola onde ocorre com mais frequência o bullying?
- Não sofri bullying
- Nas aulas de Educação física
- Na sala de aula sem professor
- Na entrada da escola
- Na sala de aula com professor
- No banheiro
- No pátio de recreio
- No trajeto escola-casa
- Nos corredores
25. Quais os sentimentos que o bullying na aula de Educação Física lhe causou?
- Não sofri bullying
- Eu me senti envergonhado
- Eu me senti mal
- Fiquei preocupado
- Eu me senti triste
- Não senti nada
- Eu me senti magoado
- Fiquei com medo
- Eu me senti irritado
- Eu me senti indefeso
- Eu me senti bem
- Foi engraçado
26. Qual foi tua reação diante do bullying sofrido na aula de Educação Física?
- Não sofri bullying
- Pedi que parassem
- Nada fiz e fiquei magoado
- Nada fiz, não dei importância
- Eu me defendi
- Falei com meu(s) amigo(s)
- Falei com meu pai, mãe ou responsável
- Eu chorei
- Eu revidei
- Falei com meu(s) irmão(s)
- Falei com o diretor ou professor
- Eu fugi
- Outros
183
29. Quais foram seus sentimentos ao fazer bullying com seu colega na aula de Educação
Física?
- Não fiz bullying.
- Eu não senti nada.
- Tinha certeza que eles fariam o mesmo comigo.
- Eu me arrependi do que fiz.
- Eu me senti vingado(a), pois me maltrataram também.
- Foi engraçado.
- Fiquei com medo de que meu pai descobrisse.
- Senti que eles mereciam o castigo.
- Fiquei com medo de que um (a) professor(a) descobrisse.
- Eu me senti mal.
- Fiquei com medo de ser descoberto(a) e punido(a).
- Eu senti pena da pessoa.
- Sei que não seria descoberto (a) e punido(a).
- Eu me senti bem.
- Sofro maus tratos em casa e faço o mesmo na escola.
31. Que consequências você sofreu por fazer bullying com um colega na aula de Educação
Física?
- Não fiz bullying com colega.
- Venho à escola, mas tenho medo.
- Procuro não participar das aulas de Educação Física.
184
- Perdi a concentração.
- Perdi entusiasmo pela escola.
- Parei de aprender.
- Perdi meus amigos.
- Mudei de escola.
- Distanciei-me dos objetivos escolares.
- Tenho deixado de ir às aulas.
- Fui reprovado.
32. Qual foi seu sentimento ao ver seu colega sofrer bullying nas aulas de Educação Física?
- Não vi.
- Senti pena.
- Foi engraçado.
- Achei justo.
- Achei injusto
- Me senti mal.
- Certeza que me maltratariam.
- Sei que não me maltratariam.
- Não senti nada.
- Senti vingado, fui maltratado.
- Tive medo que fizessem comigo.
- Me senti bem.
- Procurei ajudar.
- Aproximei-me para ver.
33. Quais as medidas que o professor toma, em caso de bullying, nas aulas de Educação
Física?
- Não fica sabendo.
- Trata como brincadeira.
- Pune os autores dos maus-tratos.
- Ignora, pois é coisa sem importância.
- Intervém.
- Comunica à direção da Escola.
34.Quais as medidas que a escola toma, em caso de bullying, motivado pelas aulas de
Educação Física?
- Chama os pais/responsáveis e conta o que aconteceu.
- Pune os autores dos maus-tratos.
- Ignora, pois é coisa sem importância.
- Responsabiliza os pais pelo mau comportamento dos filhos.
- Comunica ao Conselho Tutelar.
- Faz um trabalho de prevenção da violência.
- Comunica a outras autoridades.
- Transfere o aluno.
- Outros.
35. Você já sofreu bullying pela internet (cyberbullying), motivado pelas aulas de Educação
Física?
- Não sofri cyberbullying.
- Enviaram e-mail falando mal de mim.
- Falaram mal de mim e alguma rede social.
- Montaram e divulgaram fotografias minhas de forma constrangedora.
- Montaram e divulgaram fotografias de minha família de forma constrangedora.
- Furtaram minha senha e invadiram meu e-mail.
- Fizeram-se passar por mim na Internet.
- Enviaram vírus com objetivo de me prejudicar.
- Enviaram e-mail me ameaçando.
- Tiraram e divulgaram fotografias minhas na Internet sem o meu consentimento.
- Recebi mensagem no celular me xingando.
- Criaram comunidade na internet para me humilhar e divulgar minhas fotos ou perfil.
- Fizeram vídeos meus e colocaram em sites de vídeos.
- Recebi fotografias minhas no celular e me humilharam.
- Alteraram minha página pessoal em alguma rede social.
- Recebi mensagem no celular falando mal de mim.
- Recebi mensagem no celular me ameaçando.
36. E qual foi o tempo de duração cyberbullying motivado pelas aulas de Educação Física?
- Não sofri cyberbullying
- Durou uma semana
- Durou várias semanas
- Todo o semestre
38.Qual foi tua reação ao ser vítima de cyberbullying motivado pelas aulas de Educação
Física?
- Não fui maltratado(a) no mundo virtual por colega(s) de escola
- Eu me defendi.
- Não fiz nada porque não dei importância.
- Falei com um professor.
- Não fiz nada, mas fiquei magoado(a).
- Eu revidei
- Falei com meu pai / mãe / responsável.
- Falei com meu(s) amigo(s).
- Eu denunciei na polícia.
- Pedi que parassem.
- Falei com o professor, diretor, coordenador ou outro funcionário.
- Eu chorei.
- Falei com meu(s) irmão(s) ou irmã(s).
- Eu fugi.
186
39. Quais foram seus sentimentos após sofrer cyberbullying motivado pelas aulas de
Educação Física?
- Não fui maltratado(a) no mundo virtual por colega(s) de escola.
- Eu me senti mal.
- Eu me senti magoado(a) / chateado(a).
- Eu não senti nada.
- Eu fiquei preocupado(a) com o que os outros podiam pensar de mim.
- Eu me senti irritado(a).
- Eu me senti triste.
- Eu me senti envergonhado(a).
- Eu fiquei com medo.
- Eu me senti indefeso(a), ninguém podia me ajudar
- Foi engraçado.
- Eu tive vontade de morrer.
40. Quais foram seus sentimentos após praticar cyberbullying motivado elas aulas de
Educação Física?
- Não pratiquei cyberbullying.
- Não senti nada.
- Tinha certeza que eles fariam o mesmo comigo.
- Foi engraçado.
- Senti que eles mereciam o castigo.
- Eu me arrependi do que fiz.
- Eu me senti vingado(a), me maltrataram também.
- Eu me senti mal.
- Fiquei com medo de que meu pai/mãe/responsável descobrisse.
- Sei que não seria descoberto(a) e punido(a).
- Eu senti pena da pessoa.
- Fiquei com medo de que um professor ou funcionário descobrisse.
- Sofro maus tratos em casa e faço o mesmo na escola.
- Fiquei com medo de ser descoberto(a) e punido(a).
- Ameacei, que se contassem, faria mais e pior.
41. Como se sente vendo alguém sofrer cyberbullying motivado pelas aulas de Educação
Física?
- Não vi.
- Senti pena.
- Foi engraçado.
- Achei justo.
- Me senti mal.
- Certeza que me maltratariam.
- Achei injusto.
- Sei que não me maltratariam.
- Não senti nada.
- Senti vingado, fui maltratado.
- Tive medo que fizessem comigo.
- Me senti bem.
- Procurei ajudar.
- Me senti revoltado.
187
42. Quais as medidas que o professor toma, em caso de cyberbullying, nas aulas de Educação
Física?
- Não fica sabendo.
- Trata como brincadeira.
- Pune os autores dos maus-tratos.
- Ignora, pois é coisa sem importância.
- Interveem.
- Comunica à direção da Escola.
-
43. Quais as medidas que a escola toma, em caso de cyberbullying, motivado pelas aulas de
Educação Física?
- Chama os pais/responsáveis e conta o que aconteceu.
- Pune os autores dos maus-tratos.
- Ignora, pois é coisa sem importância.
- Responsabiliza os pais pelo mau comportamento dos filhos.
- Comunica ao Conselho Tutelar.
- Faz um trabalho de prevenção da violência.
- Comunica a outras autoridades.
- Transfere o aluno.
- Outros.
188
Grupo focal é um instrumento de pesquisa que “permite ouvir vários sujeitos, ao mesmo
tempo, além de observar as interações próprias de um processo grupal, o que permite obter
uma variedade de informações, sentimentos, experiências, representações de pequenos grupos
acerca de um determinado tema”. (GATTI, 2005, p. 9).
Alunos: