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JOHN D.

CUR
ISBN 85-86886-94-7

1 11
9 788586 886942
Arqueologia nas
terras bíblicas
JOHN D. CURRID

Um manual destinado a
despertar o interesse e
a paixão .pelo tópico
Arqueologia nas terras bíblicas © 2003, Editora Cultura Cristã. © 1999, John
D.Currid. Originalmente publicado em inglês com o título Doing Archaeology in
the Land of the Bible pela Fleming H. Revell, uma divisão da Baker Book House
Company, Grand Rapids, Michigan, 49516, USA. Todos os direitos são reservados.

1ª edição em português - 2003


3.000 exemplares

Tradução
Meire Portes Santos

Revisão
Patrícia de Almeida Murari
Paulo Arantes

Editoração
Rissato

Capa
Magno Paganelli

Publicação autorizada pelo Conselho Editorial:


Cláudio Marra (Presidente), Alex Barbosa Vieira,
André Luís Ramos, Mauro Fernando Meister,
Otávio Henrique de Souza, Ricardo Agreste,
Sebastião Bueno Olinto, Valdeci Santos Silva

ISBN 85-86886-94-7

tDITOIHI CULTUl8 CIISTi


Rua Miguel Teles Júnior, 394 - Cambuci
01540-040 - São Paulo - SP - Brasil
e.Postal 15.136 - São Paulo - SP - 01599-970
Fone (0.. 11) 3207-7099 - Fax (0.. 11) 3209-1255
www.cep.org.br - cep@cep.org.br

Superintendente: Haveraldo Ferreira Vargas


Editor: Cláudio Antônio Batista Marra
Para meu Pai
Raymond E. Currid
(1920-1987)
Sumário

Ilustrações ... .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. ...... ....... .. .. .... .... .. .. ... .. .. .. .. ....... .... .. .. .. .. .... .. . 9
Prefácio .. .. .. .. ... .. ... .. .... .. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .... .. .. .. .. .. .. .. ... .. ... 11
Abreviaturas ...................................................................................... 13

1. O que é mesmo Arqueologia? ............................... .......................... 15


2. Rápida História da Arqueologia Palestina ... .... .. .. ... .. .. .. ............ ...... 23
3. Contos das Escavações Tel1 ..... ....................................................... 37
4. O Dia-a-Dia no Sítio (Levantamento de Dados) .......................... 65
5. Por que escavar ali? Erros e Acertos da Idcnoficaçào de Sítios .... 71
6. No Irúcio: Como Escavar um Tel1 .................................................. 81
7. Petrie, Cerâmica, e Fragmentos de Potes ....................................... 91
8. Construções........................................................................................ 99
9. Pequenos Achados ............................................................................ 111
10. Aryucologia em Uso: A Recuperação de Bets:úch ....................... 117

Notas............................................................. ..................................... 125


Bibliografia ... .... .. .. .. .... ............. ..................... ... ................... .... ........... 127
Índice de Assuntos .. .. .. .... .. .... ... .. .. .. ......... .... ........................... .... ... ... 139
Ilustrações

Mapa
Sítios Arqueológicos nas Terras Bíblicas .............................................. 14

Figuras
1. As Eras da Antigüidade ... .. .. .... ...................... .... .. .. .... .. .... .. ... .. .. .... .... .. 20
2. Seção Vertical de um Pequeno Tell ................................................... 40
3. Fossos em Forma de Cilindro e de - mo do Projeto Agrícola
de Lahav ................................................................................................. 45
4. Vista Superior de uma Área de E~ca,·acào .......... .............. .. .. .. ....... 87
5. Seção Vertical de uma Area de Escarnçào ....................................... 88
6. Cartões de Arqui,·o Registrando a Descobena de um Pequeno
Objeto................................................................................................ 89
7. A Evolução das Panelas na Palesana ....................... .. ... .. .. ........ .. .. .. .. 97
Prefácio

e orno membro do corpo docente do Reformed Theological


Seminary e instrutor adjunto no Jerusalem Ccnter for Bíblical Studics,
tenho ensinado arqueologia a cemem.s de e~rudantes em Israel. Entre eles,
estudantes de nível superior, seminan.,us, graduados e amigos das escolas.
Além disso, tenho servido na equipe de ttab:tlho de escavações importan-
tes no Oriente Médio: Cartago, Tel1 el-Hesi. Bersa.ida, e Lahav (como dire-
tor do projeto agrícola). Durante essas cscmições uma responsabilidade
primordial de meu trabalho era instrulI estudames na arte da arqueologia.
Uma necessidade 1mperaõ,·a s-e tomou - . i ~ t e em todos esses anos de
trabalho de campo: um manual pua :ipresemaro e5tudante aos fundamen-
tos da arqueologia das terras bíblias. Em ouu:as palanas, sent:1 grande
necessidade de um livro que exp11ab~e os fund2mentfü da arqueologia a
pessoas que conhecessem pouco ou nada a rcspeno do ª~"unto. Esta ne-
cessidade real foi o gênesis deste presente t:ndxuho.
Dado este propósito, faz-se desnece:.sino dizer que esta apresenta-
ção da arqueologia não pretende esgotar o assumo. Ela foi fota para o
novato, na esperança de despertar o interes:.e, compreensão, ate mesmo a
paixão pelo tópico. Verdadeiramente espero que este pequeno h,·ro enco-
raje os leitores a viajar a Israel com a intenção de manusear a pá. Que ele
possa servir como um catalisador estimulando as pessoas a ajudar a desco-
brir os remanescentes do passado!
É sempre difícil reconhecer apropriadamente aqueles que ajudaram
na preparação de um manuscrito. Para começar eu gostaria de expressar
minha gratidão e afeição eterna a meus grandes amigos e companheiros
em Israel, Andy Hoffecker (RTS-Jackson) e Reggie Kidd (RTS- Orlando).
12 Arqueologia nas Terras Bíblicas

Próximo ano em Jerusalém! Nunca mais peçamos uma pizza de calabresa


na cidade santa!
O Reformed Theological Seminary sempre tem encorajado meu tra-
balho em Israel e meus projetos literários. Quero agradecer ao presidente
de nosso seminário, Luder Whitlock, e à sua esposa Mary Lou, que viaja-
ram comigo para Israel. Allen Curry, nosso deão acadêmico, que também
foi conosco para Israel, tem sido uma fonte contínua de inspiração e
liderança. Além disto, desejo agradecer à junta diretora do Reformed
Theological Seminary por me conceder uma licença sabática para termi-
nar este trabalho.
Sou agradecido a meus estudantes assistentes <los últimos anos por
seus incansáYeis esforços como tutores de hebraico e pelas correções deste
livro: Albert Bisson, Steve Britt e Inawaty Teddy. Que Deus os abençoe em
seus ministérios futuros!
É um prazer reconhecer Jim Weaver e Ray Wiersma da editora Baker
Book House. Sem seus labores incansáveis este livro nunca teria ido para a
gráfica. Obrigado.
Acima de tudo quero agradecer a minha esposa Nancy. Enquanto
este livro estava sendo produzido, ela tomou todo o trabalho da casa e o
ensino escolar das crianças sob sua responsabilidade. Muitas vezes ela foi
acima e além do chamado do dever.
Finalmente, este livro nunca teria visto a luz do dia sem todos aqueles
que Yiajaram comigo todos estes anos para o Oriente Médio. Todas as suas
sugestões, comentários e perguntas foram importantes na formação deste
manuscrito. Que o seu conhecimento e andar com Cristo tenha sido acen-
tuado por causa de sua viagem a Israel.
Abreviaturas

.-\.-\ -\mencan ,\nlltJlllt)'


ABD ,\ncho1 B1hll' Du:11onat\', org. D, N, Freedman (6 vols,, 1992)
..-\SOR Newsletter .\mcriran Sd1ools of Ortcntal Research Ncwslcttcr
AUSS .\ndn·w~ l l111vn111ty Sl'mtnary Stud1cs
Bi\ Bibltc.il •\n hal'olog1\t
BAR Bthhrnl ,\ll )1,1t'ology Rcvicw
BASOR Bulkttn of lhl' .\mnu:,111 Sd10ols of Oncntal Rcscarch
BJPES Bullctin of 1hc Jcw1sh Palcslmc Explorntion Soctety
BR Btblc Rcncw
EI Ereti Israel
HTR Harvard Thcological Rcvi<:w
IDB lntcrpretcr's D1cuonary of 1hc Btblc
IEJ Israel Exploration Joumal Qornal <lc Exploração <lc Israel)
JBL Journal of Biblical Ltterature
JNES Joumal of Ncar Eastem Studies
JPOS Journal of the Palestine Oriental Society
PEFQS Palestint: Explorauon Fund Quartedy Statement
PEQ Palestinc Exploratton Quarterly
T.-\ Te! c\viv
TB Tyndale Bulletin
\'('.\ World .-\rchaeology
ZDPY Zeitschrift des dcut~chen Palastina-\'ereins
• Panias
• Dã (Laís)

GOLÃ

TRANSJORDÂNIA

RioJaboque

• Mie.Pisga
• Jalul
• Baal Meon

MOABE

(Wadi)
Esh-Sha'ah , Har Adir
NEGUEBE
Sítios Arqueológicos nas EDOM
Terras Bíblicas , Beidha
O que é mesmo
1
Arqueologia~

que exatamente é ary11cologia? O termo traz à nossa roente uma

º variedade de imagens. Para :tlguns, indica aventuras românticas: a


busca por civ1hzaçocs há muito pcr<lt<las, a interpretação definitiva do
Sudário de Turim, e a localt1aç:io da J\rca de Noé. Outros vêem a arque-
ologia como coisa do passado. Estes trazem à memória imagens de um
ocidental em roupas c:ÍlJUI, usando capacete e exanúnando escombros
ressecados e empoeirados. Para outros ainda, o termo sugere esqueletos
sorridentes, elos perdidos e serpentes venenosas (quem consegue esque-
cer o comentário de Indiana Jones, "Cobras não! Eu odeio cobras!"). A
1déia popular a respeito da arqueologia às vezes beira o ridículo. Por exem-
plo, mesmo que "ninguém sabe, até hoje, o lugar da sua [de Moisés] se-
pultura" (Dt 34.6), certa vez me pediram para liderar uma expedição para
encontrar seus ossos na terra de Moabe. Poderes das pirâmides, espaçona-
vcs extraterrestres e a maldição do rei Tut são vistos por muitos como
assuntos pertinentes à área de atuação do arqueólogo. Crianças, às vezes,
dizem que querem ser arqueólogos quando crescerem, devido ao glamour
,. aventura envolvidos.
Nenhuma destas idéias chega perto da verdade, e não fncm Justiça ;1
anJul·ologia atual. A idéia de arqueologia como algo relacionado~ avt·111111.1
t· glamour pode ter sido mais verdadeira há um século e meio a11.ís; :11é
ml·smn o tL1lrnlho séno naquela época não passa,a dl· mcr.1 c:19:i !111 ll's1111
16 Arqueologia nas Terras Bfühcas

ro. O estilo de trabalho dos arqueólogos daqueles tempos era "recuperar


tantos objetos <le valor quanto possível, no menor tempo possh·el" (Fagan
1978, 3). Mas, e hoje? Qual é o cerne da arqueologia?
O termo arqueologia denva de duas palavras gregas; archcuos, que
significa "antigo, do começo," e logos, "palavra." Portanto, etmologica-
mence, o termo significa palavra a respeito, ou, estudo élc antiguidades. E
assim é que o termo era empregado pelos antigos escritores. Platão, por
exemplo, observa que os lacedônios "gostavam muito de ouvir a respeito
de genealogias de heróis e outros homens, Sócrates, e a fundação decida-
des dos tempos antigos e, em resumo, a respeito de arqueologia em ge-
ral" (Hippias 285d). Na introdução à / li.rtória da Guerra do Peloponeso
Tucídides resume a história da Grécia antiga com o tículo "1\rqueologia."
Denis de Halicarnasso escreveu a história de Roma chamada / lrq11eologia
Romana. Da mesma maneira, Josefa chamou sua história sobre os judeus
de Arqueologia. O fato é, a palavra "arqueologia" era "sinônimo de histó-
ria antiga" (de Vaux 1970, 65).
O sentido moderno da palavra "ar-
Arqueologia: o estudo queologia" é tnuito diferente. Arqueo-
de objetos usados por logia é o estudo dos restos materiais do
antigas sociedades passado (Chippindalc 1996, 42). Ela se
interessa pelo lado físico ou material da
vida. '~ \rqucologia, portanto, está limitada à realia, mas estuda toda a realia,
<lo maior monumento clássico às localizações de fogueiras pré-históncas,
de trabalhos de arte a pequenos utensílios de uso diário ... em reswno,
tudo que exiba traços da presença ou atividade humana. A arqueologia
procura, descreve e classifica estes materiais" (de Vaux 1970, 65). Esta ên-
fase física é salientada pela afirmação de Stuart Piggott de que "a arqueolo-
gia é a ciência do lixo."
O alvo da arqueologia é descobrir, resgatar, observar e preservar
l I agmcntos enterrados da antigüidade, e usá-los para ajudar a recons-
1, 1111 a \'Ida antiga. Ela nos assiste em nossa percepção da raça humana
, •111 s 1·11 "u1mplexo e mutante relacionamento com o ambiente" (Fagan

111o/ H, 1H) \ arqueologia se relaciona com diversos aspectos da socieda-


d, 11111g 1, "·Ja seu modo de governo, forma de culto, pecuária, agricul
1111 1 1•1111 ,pie for. Ela é, cm resu1no, "o método de descobrir o passadt1

il 1 1 ·~ 1 ln111111na cm seu aspecto material, e o estudo dos pmdulns dcstl'


I' 11111 1 (1 c-nyon 19S7,9)
O que é mesmo .-\rqueología? 17

A disciplina arqueologia tem uma aplicação muito pratica para


nós. Ela nos diz de onde viemos e como nos desenvolvemos; e tam-
bém nos dá informações detalhadas a respeito de nossa história. A
arqueologia pode também funcionar como um barômetro do futuro.
Como George Santayana observou, quem não conhece a história está
fadado a repeti-la.
Os materiais escritos da antigüidade não pertencem propriamente ao
campo da arqueologia. Registros escritos são mats d., esfera de ação de
historiadores do que de arqueólogos. Mesmo lllll" rn, ,m1ucólogos sejam
quem desenterrem os escritos, a análise e t·studc, de 1s llH.:smos pertence aos
epígrafos, paleógrafos e historiadores. ,\ "1mport:111oa <la arqueologia ob-
viamente diminui à medida cm yuc o~ rcgis1111s ('Scntos se tornam mais
abundantes" (A11i-Yo11t1h 1974, 1)
A arqueologia então é um:1 c1C:·nci:1 ,111xiltar da história. Ela é uma ser-
va da história, ajudando st·u t·sl ud11 1wLi 1t·,·ebção <las informações neces-
sárias (Wiseman e Yamauchi ICJ7 1J, 11). 1k ta1c1, ela proporciona dados que
registros escritos normaltnt·ntl' 11a11 o t:i1.1·m. Escritos antigos estavam res-
tritos a uma elite freqücntt·1rn·n1,· 11·11tk1H'111sa (Chtppindale 1996, 43). Em
contraste, a arqueologia dt·st n·,·e 1• 1·xplica como viviam os diversos tipos
de pessoas, do trabalhador niral 11:1 :1gncuhur:1 ao rei em seu trono. i\ ar-
queologia não faz d1scruninaç;io dl' d:issl·s. i\1a1s precisamente, ela alarga o
nosso entendimento a respeito da a1111guidade de uma maneira que os do-
cumentos antigos não podem fazê ln.
A arqueologia é frcquentemt·nH: cc 1ns1derada uma ciência social.
De fato, ela é "a única disciplrna das c1c:nc1as sociais a se preocupar
com a reconstrução e compreensão <lo cumportamento humano com
base nos fragmentos deixados por nossos antecessores pré-h1stóricos e
históricos" (Michaels 1996, 42). Conseqüentemente, é categorizada nos
Estados Unidos como uma das quatro subd1sciplmas da antropologia,
juntamente com a antropologia cultural, a antropologia física e a lin-
güística. Devido a sua ênfase, porém, a arqueologia permanece singular
entre as ciências socirus.
Como uma ciência social, a arqueologia não é, obviamente, uma ciên-
cia na lura! uu exata nos moldes da química ou física (Wiseman e Yamauchi
197'). 4) Niio tão sistemática como os campos citados acima, ela e ncccssa
rinnwllll· m:11:,, suh1ctiva e sdcava cm sua análise e intcrpi-ctnçào.
18 Arqueologta nas Terras Bíblicas

< > estudo da arqueologia apresenta quatro divisões básicas:


1. 1 . 1rqueologia pré-histórica está mais interessada em fragmentos de
material resultantes de atividades humanas do que cm documentos
escritos.
2. A Arq11eo/Qgia pré-clássica focaliza-se na região mediterrânea oriental
e no oriente. Estuda as sociedades antigas que se desenvolveram
no Egito, Mesopotâmia e Palestina.
3. A Arqueologia Clássica se concentra nas civilizações greco-
romanas.
4. A Arqueologia Histórica tenta suplementar os textos escritos,
descrevendo a rotina diária das culturas que os produziram.
Uma grande subseção da mesma é chamada arqueologia 10-
dustrial porque focaliza-se na sociedade ocidental desde a
Revolução Tndus trial.

O método arqueológico é subdividido em duas partes: exploração


e escavação. Não é necessário escavar todas as vezes para obter infor-
mações importantes a respeito da antigüidade. Muito pode ser percebi-
do através de um simples exame da superfície. Mas há uma preferência
por escavações, obviamente, devido a proporcionarem maiores e mais
profundas informações.

O Início da Arqueologia
As modernas escavações arqueológicas começaram a ser organizadas
cm Hcrculaneum (1738), localizada ao longo da baía de Nápoles (Albright
1957, 26). Túneis escavados em Herculaneum levaram ao resgate de está-
tuas magníficas, hoje mantidas no Museu de Nápoles. Karl Weber dese-
nhou plantas arquitetônicas muito precisas durante estas p.timeit:as escava-
ções. Eventualmente estas escavações em Herculaneum tiveram de ser
suspensas devido ao grande problema de ter de cortar metros e metros de
resíduo vulcânico que cobriam o local.
Logo se seguiram escavações em Pompéia (1748). Os primeiros edifí-
cios a serem escavados incluíram "o ceatro menor (ou Odeon, 1764), o
Templo de Isis (1764), o chamado barracão dos Gladiadores (1767), e a
Vila de Diomedes, do lado externo do Portão de Herculaneum (1771)"
(Gersbach 1996, 275).
O que é mesmo , \rqueologia? 19

Um trabalho arqueológico mais


sistemático no Oriente Próximo só Hieróglifos: escrita
começou na virada do século J\..'VIII egípcia pictórica
e início do XIX. Em 1798 Napoleão
invadiu o Egito. Trouxe consigo um.'l
expedição científica de eruditos e pro-
jetistas, cujo propósito era pesquisar os remotos monumentos do Egito. O
relatório de suas descobertas foi publicado cm 1801) 13 com o título
Description de l'Egypte. Esta primeira exploração fo1 1111porrnntc porque abnu
os olhos da Europa para uma vasta c1vuizaç:w a1111ga. ,h palavras de
Napoleão a suas tropas, enquanto as mesmas pt.rmancc1am aos pés das
pirâmides, na verdade eram direcionadas a toda Europa: "Lá de cima cin-
qüenta séculos olham para vocês!"
o objeto mais significante cn- r
contrado na excursão Napolcônica Pedra de Roseta: pedra
foi a Pedra de Roseta (1799). Enten- inscrita que
deu-se que seu valor era imensurável proporcionou a chave
devido a ser a chave para desvendar
para a interpretação dos
os antigos hieróglifos egípcios, uma
escrita pictórica não mais usada por
hieróglifos egípcios
quase um século e meio. Datada do
tempo do rei Ptolomeu V (204-180 a.C), a Pedra de Roseta é inscrita em
três tipos de escrita: demótico, grego e hieróglifos. Provou-se que o gre-
go era uma tradução da língua egípcia antiga gravada na pedra. O estudo
lingüístico da Pedra de Roseta, feito pelo médico inglês Thomas Young
(1819) e o francês Jean-François Champollion (1822) "marcou o início
da leitura científica dos hieróglifos e o primeiro passo em direção à for-
mulação de um sistema de gramática da língua egípcia antiga, a base da
moderna Egiptologia" (Andrews 1996, 620). Portanto, a primeira desco
berta verdadeiramente arqueológica no Oriente Próximo foi uma das
maiores e mais cruciais descobertas na história da disciplina!
20 .-\rqueologta nas Terras Bíblicas

Figura 1
As Eras da Antigüidade

Palestina Antiga Egito Antigo Mesopotâmia Antiga


Neolítico 7000-4000
Calcolítico 4000-3200
Antiga Idade do Bronze Período Dinástico Antigo
EB 13200-2800 2920-2575 Período Dinástico Antigo
EB li 2800-2600 2700-2400
EB Ili 2600-2350 Reino Antigo Ur Akkad Ili
2575-2134 2400-2000
EB IV 2350-2200
Média Idade do Bronze
MB 12200-2000 Primeiro Período Intermediário
2134-2040
MB li 2000-1550 Reino Médio Babilônico Antigo/Assírio Antigo
2040-1640 2000-1600
Recente Idade do Bronze Segundo Período lrtermed1áno
1640-1532
LB 11550-1400 Reino Novo Babilônico Médio/Assirio Médio
1550-1070 1600-1000
LB li 1400-1200
Idade do Ferro
Ferro 1 1200-1000 Terceiro Período Intermediário Neo-Bab1lônico/Neo-Assino
1070-712 1155-539
Ferro 111000-586 Período Recente 712-343
Persa 539-332 Persa 539-332
Helênico 323-37 Era Selêucida 312-141
Romano 37-324 A.D. Partos 141-228 A .D.

A Arqueologia e a Bíblia
A arqueologia da Bíblia é geralmente categorizada como arqueo-
logia pré-clássica e uma sub-divisão da arqueologia Siro-Palcstina. En-
quanto a última cobre os tempos pré-históricos durante o período medi-
eval na Síria-Palestina, a arqueologia bíblica focaliza-se principalmente
na Idade do Bronze, Idade do Ferro e nos períodos Persa, Helênico e
Romano naquela terra. t\ maioria dos eventos registrados na Bíblia ocor-
reram dentro deste período de tempo.
A 1\ntiga Idade do Bronze (c. 3200-2200 a.C.) foi caracte1;zada pela
urbanização, uma mudança da vida de vila para a habitação em c1daclc. ,\ p.1
rcccrnm mats povoados ncsrn época do que em qualquer outra anh:nc 11 , :-l 11
dn l'Stt:s pm 11:idos fotllfic:idos. ,\ ngncultura taml>t·m st· te 11111111 p:11 tt·
O que é mesmo .\rqueologia? ~I

significante e importante da vida na Palestina, com grande produção de fru-


tas e verduras. Uma rede de comércio internacional muito ativo estava em
evidência, especialmente com o Egito. Era o tempo da construção do pri-
meiro grande império no antigo Oriente Próximo, com o estabelecimento
de grandes estados na Mesopotâmia e Egito.
A Média Idade do Bronze (c. 2200-1550 a.C.) começou com um perí-
odo de declínio. A Palestina era povoada princ1p:ilmente por pastores de
ovelhas e moradores das vil.as. Por volta de 2000 a.C., contudo, ocorreu um
reaYivamento, resultando no "estabelecimento da cultura cananéia, que
prosperou durante a maior parte do segun<ln milênio AEC (1\ntes da Era
Cristã), e então gradualmente se desintegrou durante os últimos três sécu-
los daquele milênio. r\ segunda mctac.k do f\t B II (Média Idade do Bronze
II) foi um dos mais prósperos períodos na histôria desta cultura, talvez até
seu zênite" ~fazar 1990, 174). Realmente, t·stc período foi destacado por
uma revolução em quase todos os aspct:1, ,s dos veságios materiais, incluin-
do arquitetura, cerâmica e formas dl· povoamento. Muitos estudiosos da-
tam os patriarcas da Bíblia e o iníc1<, da permanência hebraica temporária
no Egito na última etapa da t\trd1a Idade <lo Bronze.
A Recente Idade do ílro11zt• (e:. 1550-1200 a.C.) continuou cm grande
parte na mesma tradição m:11erialis111, apt·sar de que a alta cultura do Bron-
ze Médio começava a se desgastar e evaporar. H ouve um declínio geral na
urbanização. Exemplo clisso é o fato dt· tiuc a maioria dos povoados não
tinha nem mesmo muros (Goncn 1984, 70). Muitos pesquisadores fixam a
época do êxodo hebraico e a conquista <la terra de Canaã no meio ou final
da Recente Idade do Bronze.
Nas investigações arqueológicas da Palestina predominam os objetos
remanescentes da presença dos hebreus naquele local durante a Idade do
!•erro (c. 1200-586 a.C.). Incluem-se entre eles alguns materiais do período
<los juízes, da monarquia unida e dos dois reinos de Israel e Judá. A Idade
do Ferro teve seu fim com a destruição do reino do sul e sua capital, Jeru-
salém, em 586 a.C.
Os três próximos períodos (Persa, Helênico e Romano) dizemrespc1
lo à Palcstma sob o domínio de poderes estrangeiros. Assim sendo, os
tcsíduos arqueológicos destes períodos refletem a grande influência t'S
1n111gc1rn. Inclusos nesta era estão os períodos intertestamentário l' e.lo N1 ,,..,
' li:sl:unt·nto, com os quais a Bíblia e, conscquentcmcntt:, a an1ut·nl11~1;1 1,1
hlwa :,k:1111;:1111 SC\I lt'l"//1/IIIIS ar/ (fllt'III,
2
Rápida História
da Arqueologia
Palestina

arqueologia praticada na Palestina hoje é muito diferente da


A exercida em seu início, em meados do século XIX. Originalmente, a
arqueologia consistia em um ou dois ocidentais que, com bússola em mãos,
cavalgavam atra,·és da Palestina se esforçando por identificar e marcar an-
tigos lugares bíblicos. Atualmente, porém, a disciplina é pautada por
tecnologia moderna, considerando-se a análise computadorizada e a orga-
nização dos dados fundamentais. Dado à grande expansão do trabalho
arqueológico de campo, as informações explodiram. .A arqueologia tem
sido revolucionada também pela incorporação de mwtas ciências naturais
e sociais às suas investigações. Como foi que tamanha reYolução ocorreu
em meros cento e cinqüenta anos? Como a disciplina evoluiu até aqui?
Este capítulo oferecerá um esquema resumido da lustóna das pesquisas
arqueológicas na Palestina.

Fase 1: Investigação Individual ( 1838-65)


O escudo arqueológico da Palestina começou com pesquisas topográ-
ficas e estudos histórico/gsográficos durante o século XIX (Mazar 1990,
1O). O estudioso americano Edward Robinson (1794--1863) foi o primeiro
a conduzir pesquisas sistemáticas da superfície d~quela região. Devido a
21 Arqueologia nas Terras Bíblicas

seu grande sucesso em identificar sítios antigos e descrever a geografia da


Palestina, ele é geralmente considerado como "o fundador da topografia
científica da Palestina" (King 1983, 55).
Como aluno do Andover
Topografia: o estudo das Theological Seminary em
características da superfície Massachusetts, Robinson recebeu
influência de uma das grandes au-
de uma região
toridades em cultura hebraica do
início do século XIX, Meses
Stuart. Robinson provou ser um estudioso capacitado, e, incentivado por
Stuart, foi estudar na Europa por quatro anos (1826-30). Na Alemanha,
Robinson teve como professores os grandes Wilhelm Gesenuys e Emil
Rocdigcr, e aprendeu geografia com o mcomparável Karl Ritter (Albright
1949, 25). Retornando à América, Robinson começou a formular um pla-
no: "Há muito eu cogitava a preparação de um trabafüo de geografia bíbli-
ca, desejando me satisfazer através <lc observações pessoais, já que não o
conseguira por meio das informações dos livros dos viajantes" (Robinson
1856, 1:36). Seu plano era viajar pela Palestina e formular uma descrição
sistemática de sua geografia e topografia (Alt 1939, 375).
Em 1838 Robinson viajou pelo Oriente Médio com seu companheiro
Eli Smith, um missionát-io americano cujo campo era Beirute. Eles come-
çaram suas explorações no Egito, na esperança de encontrar a rota hebraica
do êxodo. De lá seguiram para Jerusalém via Aqaba e Hebrom. Eles gasta-
ram um tempo considerável observando a Judéia. Depois disso viajaram
para o norte, visitando as áreas de Nazaré e Tiberíades. A viagem completa
durou menos de quatro meses.
Robinson e Smith seguiram dois princípios básicos no desenvolvi-
mento de sua pesquisa. (1) Eles se distanciaram dos monastétios e seus
pontos de vista no que diz respeito aos sítios antigos. Os dois exploradores
dependeram principalmente da Bíblia e da população árabe nativa, esta
última porque Robinson reconhecia a importância de se colher os nomes
modernos dos lugares para relacioná-los aos antigos. (2) Robinson e Smith
deixaram de seguir as trilhas mais comuns para pesquisar áreas onde pou
cos viajantes haviam ido antes (l\foorey 1991, 16). Munidos de bússola,
telescópio, termômetro, e trena, os dois homens descreveram sua rota nos
mínimos detalhes, medindo distâncias, identificando lugares, e tirando me
dtdas de ângulos dos achados mais importantes.
Rápida I Iistória da Arqueologia Palesnna 25

Entre os muitos sucessos de Robinson e Smith, está a primeira pes-


quisa cientifica do túnel de Siloé em Jerusalém. Eles também encontra-
ram o que veio a ser chamado mais tarde de 1\rco de Robinson, wna
estrutura em arco servindo de suporte parn um:1 1:scada de acesso ao
templo do monte, da época de Cristo. Suas dcscoh1:rtas foram publicadas
sob o título Biblical Researches in Palestine and i11 Ih,• / lrf;~l/"1'11/ fü:gions [Pesqui-
sas bíblicas na Palestina e regiões adjacentes J. l ' m:1 sq~untla ,·,agem em
1852 foi narrada no livro Later Biblical Ri'semdw, [Pt'li<Jllisas bíblicas mais
recentes]. Estes estudos foram tão import.11111·t, tpa· 11 t·stud1os11 suíço
Titus Tobler disse enfaticamente em 186 ' , '' \p,·11:is os 11ali:1lhos de
Robinson e Smith ultrapassaram o totnl dl· 111d;1 . . as,, 1111 nln11ç, ,e:.. :1ntcn
ores sobre a geografia palestina desck <> 1,-111p11 d1 F11:;{•li11, ,. jen"iniino
até o início do século XIX." E, de acrndo 1;11111 ,\llucdu ,\l1 (1')39, \7·~),
r quase todas as identificações dos lugarés litlilll 11s kit as por Robinson e

suas anotações topográficas têm solncv1vid11 ;\ prnrn do tempo; de fato,


"nas notas de rodapé de Robinsnn l':-llin M'JH1ltados os erros de várias
gerações." "\
Depois da expedição in1ci:il
de Robinson "a Palestina teskmu - Hidrologia: o estudo da
nhou uma inundaçilo dt· \'iajantcs água, suas propriedades,
ocidentais que intenc1unavam se-
fontes e distribuição.
guir os passos do sáb10 professor
americano, resgatando o esplendor
do passado bíblico" (Silberman 1982, 51 ). No entanto, poucos destes
viajantes trabalharam sistemática e profissionalmente, e de\Tido a isso,
suas informações devem ser consideradas com suspeitas, A mais im-
portante destas expedições foi a expedição americana ao I\far Morto
t·m 1847-48. Em apenas três semanas, a eguipe liderada pelo tenente
\V./. F. Lynch conseguiu desenhar o mapa do curso do Rio Jordão desde
<> Mar da Galiléia ao Mar Morto. 1\ lém disso, eles conseguiram colecio-

11:1 r uma quantidade maciça de informações a respeito d o próprio Mar

Morto. Por exemplo, eles determinaram que o Mar Morto é o ponto


mais baixo da terra, a cerca de 400 metros abaixo do nível do mar. ~
1 .ynch descreveu a respeito da geografia, geologia, topografia, hidrologia
, mnlugia da região do Mar Morto.
1hhk:r visitou a Palestina com o propósito de in-vestigaçiin c1e11titirn
, ·1>1 1K·IS -16, l 858 e 1865. Em sua primeira viagem, ele :-;e u1t 1,111 11,1
cotH

l1ult' 1.1 e pt11d11;,n1 um l'.!'illldo dl'. sttc \'olumcs num total de \.7'i 1, p (l gi11., i;.
Arqueologia nas Terras Bíblicas

Ele foi o primeiro a descrever clara e detalhadamente a Igreja do Santo


Sepulcro em Jerusalém. Também exanúnou muitos túmulos nos vales ao
redor da cidade santa. Sua visita final focalizou-se em Nazaré e
circunvizinhanças. Apesar de ter contraído cólera lá, ele conseguiu reali-
zar um trabalho de fundamental importância a respeito da região.
Victor Guérin, pesquisando a Palestina de 1852 a 187 5, cobriu
detalhadamente a Judéia, Samaria e a Galiléia. Seus estudos foram publica-
dos em Geography of Palestine [Geografia da Palestina], que apareceu por
volta de 1868-75. O trabalho de Guérin, porém, obteve resultados modes-
tos: "ele fez relativamente poucas identificações que sobreviveram a um
exame posterior mais rígido" (Moorey 1991, 18). O fato é que Robinson
havia feito muito; como resultado, "nada, a não ser sobras, foram deixadas
aos seus sucessores" (Albright 1949, 26).
Apesar desta primeira fase ter consistido príncipal.tnente de traba-
lho de pesquisa, não fo1 pnva<la de escavações. Em 1850-51 e 1863,
Frédéric de Saulcy explorou e escavou vários sítios na Palestina, como as
chamadas Tumbas dos Reis, nos arredores de Jerusalém. 1\pesar de seu
método de escavação ser primitivo e ter se equivocado sel"Íamente ao
datar seus achados, William F. Albtight considerou-o "o primeiro
escavador moderno de um sítio da Palestina" (1949, 26). Porém, este
título pode ser impróprio, pois "o primeiro de todos os artefatos arqueo-
lógicos descobertos por escavação na Palestina" foi desenterrado pela
Lady Hester Lucy Stanhope no início do século XVIII (Silberman 1982,
26). Em ambos os casos, seus trabalhos não foram nada mais que apenas
caça ao tesouro. As escavações eram simplesmente destituídas de cuida-
dos especializados e exames rigorosos.
Apesar de devermos grandemente a estes pioneiros da arqueologia
na Palestina, os resultados e valor de seus trabalhos foram limitados. Seus
"estudos se relacionavam principalmente a ruínas visíveis, a maioria das
quais dos períodos romano e posteriores. A principal conquista relacio-
nada ao peóodo do Velho Testamento, nesta fase inicial da pesquisa, foi
a identificação de muitos lugares bíblicos com ruínas e cenários, os quais,
cm muitos casos, preservavam seus antigos nomes" (Mazar 1990, 10-11).
Por outro lado, estes solitários pioneiros realmente lançaram um funda-
mento sólido sobre o qual se possibilitou, posteriormente, proceder um
trabalho arqueológico.
Rápida História da Arqueologia Palestina 27

Fase 2: Investigação por Sociedade ( 1865-90)


O segundo período dos estudos arqueológicos foi caracterizado
pelo estabelecimento de sociedades eruditas dedicadas à investigação
do antigo Oriente Próximo. A primeira a ser fundada foi a Palestinc
Exploration Fund [Fundo para a exploração da Palestina]. Em novem-
bro de 1865 esta organização britânica enviou sua primeira expedição à
Palestina sob o comando do capitão ( har\cs Wilson. O objetivo princi-
pal da equipe era "definir localizaçôcs yuc poderiam justificar que o
Fundo procedesse investigações."
Apesar de que muito do trabalho an1ucológico deste período conti-
nuou a ser pesquisa, algumas escavaç1ws ttnportantes ocorreram. Logo
após o retorno de Wilson a Londres. o Palcstine Exploration Fuod en-
viou outra equipe à Palestina sob a dm·ção <lo tenente Charles Warren.
Seu propósito era escavar no montt· dn tl·tnplo (Haram esh-Sharif) cm
Jerusalém (1867-70). Contudo, n:'io 101 pnmit1do que Warren escavasse
o monte. Ele chegou a fazer :1 lguns < 01 ll·s nos arredores. Concluiu que a
plataforma de Haram esh Slrnrií l't:1 :i h:1sc do templo de Herodes do
período do Novo Testamento. \X1n11t·n também l:inçou cerca de trinta
estacas nas áreas imediatam<.·ntl' ao sul l' o('Sll' do monte. Sua equipe "ob-
teve sucesso localizando os ltmitl's sul e 1w1'lt· da c1<lade, investigando
um antigo aqueduto no dcdi\'t' sul, t· desenterrando \'árias alças de potes
de barro nas quais havia inscrito cm hebraico anugo 'Pertencentes ao
Rei', que foram os primeiros artefatos bíblicos a serem escavados cienti-
licamente na Cidade Santa" (Silbcrman 1982, 94).
Em 1871 o Palestinc Exploration Fund decidiu se engaiar na
111timidadora tarefa de levantar dados e mapear toda a área palestina a
oeste do Rio Jordão. A expedição foi liderada pelo tenente Claude Conder
r u tenente H. H. Kitchener. Eles terminaram o levantamento de dados
t·m 1877. A pesquisa cobriu aproximadamente seis mil milhas guadradas
!aproximadamente nove mil e seiscentos quilômetros quadrados], e foi
publicada em quatro volumes em 1880. Um enorme mapa foi incluído
( 1 polegada = 1 milha) e dez mil nomes foram registrados no mesmo. Os
t" ,, ploradores, então, informaram ao Fundo que todos os lugares, ruínas e
111r11ctcrísticas geográficas da parte oeste da Palestina haviam sido
, q~1st ra<los com sucesso.
T1.1halhos de pesquisa fora da parte oeste da Palestina também foram
, ,,11d11z1dos pelo Pale~ttnc Exploration Fund. O mats notável ddt·s f.11 n
R .-\rqucologia nas Terras Bíblicas

p1'-.l(t11sa J o Jordão Qeste da Palestina) que Cooder iniciou em 1881. Ele


hm 1;1 completado cerca de quinhentas milhas quadradas [aproximadamen-
l c olfocentos e quatro quilômetros quadrados] de trabalho quando o go-
, crno Otomano ordenou que pru:asse. Conder pubhcou os resultados de
sua pesquisa sob o título The Sun,ry q/ Eastem Palesli11e (1889). Kitchencr
(com Edward Hull) também continuou suas pesquisas, o que resultou em
um estudo geográfico completo da região do Mar Morto (1886).
Os britânicos não fo ram os únicos ativos na Palestina durante esta
fase. Estabelecida ctn 1870, a American Palestine Exploration Society
[Sociedade americana para a exploração da Palestina] enviou John A.
Paine pata a Palestina. Ele é conhecido por ter identificado o antigo
local de Pisga. Os alemães também foram operosos com a fundação do
Deutscher Palastina-Vcrein cm 1877. Sob os auspícios daquela socieda-
de, Gottlieb Schumacher pesquisou a região de Golan, ao leste do Mar
da GaWéia, em 1884. No ano seguinte ele continuou seu trabalho ao
sul, próximo ao R.io Jannuquc. l\lais tarde, os franceses se juntaram a
esta marcha arqueológ1ca (1890), com a criação da Ecole Biblique et
Archéologique França.isc. ,\ntcs <lisso, alguns franceses haviam estado
no campo individualmente, como Charles Clcrmont-Ganneau, mas a
maioria dos franceses ativos na Palestina foram enviados por socieda-
des como o Palestine Exploration Fund.

Fase 3: A Escavação de Tell ( 1890-1914)


A era moderna no estudo cientifico da arqueologia na Palestina teve
início verdadeiramente no ano de 1890. Naquele ano William M. Flinders
Petrie aplicou o trabalho de quebramento do solo de Heinrich Schliemann
em Tróia à arqueologia da Palestina. Schliemano havia descoberto que o
terreno onde estava a antiga Tróia era um monte que representava uma
série de camadas ocupacionais, uma sobre a outra. Em geral, cada cama-
da do monte incluía uma cidade cm ruínas que havia sido construída
sobre outra cidade previamente destruída. Petrie se apropriou deste con-
ceito, chamado estratigrafia, e usou-o em suas escavações na região pa-
lestina de Tel1 cl- Hesi. Ele descobriu que cada camada do monte tinha
artesanatos característicos. Com base nisto, ele argumentou que se pode-
ria dalar os diferentes níveis do local pelos tipos de cerâmica cnconu-:1 -
<los. i\lguns estudiosos, como Conder, não se convcncl'rnm da
Rápida História da Arqueologia Palesuna

metodologia de Petrie, mas pes-


Estratigrafia: o estudo da
quisas e escaYações subseqüentes
têm provado que ele estava cor-
deposição e relacionamento
reto (; \lbright 1949, 29). das camadas ocupacionais de
um sítio arqueológico.
A metodologiade Petrie foi
revolucionária para a arqueologia da Palestina. Apesar de alguns viajantes
anteriores (como Thomas Shaw, cerca de duzentos anos antes de Petrie)
terem sugerido que alguns montes poderiam ser artificiais, a maioria dos
estudiosos do século XIX trabalharam sob a pressuposição de que eram
simplesmente colinas naturais. Robinson, Con<lcr e a maioria dos primei-
ros pesquisadores desempenharam sl·II::- tr.th:1lhos com base nesta premis-
sa. Petrie demonstrou que suas pesquisas pn<lcram os lugares ocupacionais
mais fundamentais da antigu1dack
Logo após as descobertas ck J>cmc, houve um súbito aumento do
número de escavações através dt· cortes estratigráficos na Palestina.
l<. J. Bliss continuou o trabalho de Pctnc cm Tel1 el-Hesi, e publicou suas
quatro etapas de escavação na obra / I ,\lo1111d oJ Ma'!} Cities (1894). Bliss
conseguiu confirmar a tt·oria de estratificação de Pctrie. Este trabalho
logo foi seguido por cscavaçôcs nas camadas estratificadas de Taanaque
(dirigida por Ernest Sdlin, 1901 -4),Jericó (Sellin e Carl Watzinger, 1907-
9), Gezer (R. A. S. Macalistcr, 1902 9), Bete Semes (Duncan Mackenzie,
1911 -12), Megi<lo (Schumachet, 1903-5), e Samaria (D. G. Lyon e G. A.
Rcisner, 1908-10).
O período inicial da escavação de teU foi formativo para a atual arque-
ologia da Palestina. "A base da chsc1plina foi lançada na primeira apreciação
da verdadeira natureza da escavação de tell e como ele foi formado. Os
;u-queólogos começaram a aprender como separar as sucessivas camadas
scdunentares e datar cada uma delas por seu conteúdo, particularmente a
ccrâm1ca... O resultado foi que em 1914- um resumo da história e cultura e.la
Palestina antiga já havia sido produzido" (Dever 1980, 42).
Muito se deve aos pioneiros da escavação em camadas estrndlic:11l.1s
Pmém, pelos padrões atuais, seus princípios e técnicas de escarn<.,:\o siin 1;.t111
:;ic.lcrn<los bem prinutivos. A estratigrafia foi negligenciada p<:LI llla11111,1 d1111
csl.'av.1dorcs antigos. Além disso, "as pesquisas e ni,·clametHo:, cllllll l, 1111pll
1a11wt1tc: 111ade,1uados; os aspectos arqwtctômcos da t'sc:11•111,.111 r1 .11n 11.11.1
d11s :1pc11,1s com 1.·sboços" (i\ lbnght l 9-i9, ~ 1). J\ Cl'11i11111 ,1l'l , 1 111 il11 ,d., L111111,
30 Arqueologia nas Terras Bíblicas

indicador cronológico apenas esporadicamente. O trabalho de Schumacher


em Megido é um dos casos em questão. O mesmo é quase totalmente inútil
aos arqueólogos atuais devido a sua pobre técnica estratigráfica e limitado
uso de datação através de cerâtruca.
Um asp ecto final do desenvolvimen to da arqueologia na virada
para o século XJ{ foi o estabelecunento de instituições arqueológicas
estrangeiras em Jerusalém. A Gcrman Evangelical School foi fundada
cm 1902 sob a direção de Albrecht Alt, a British School of Archaeology
em 1919, a Ecolc Biblique em 1890, e a American School of Oriental
Research em 1900. O objetivo delas era encorajar p esquisas e escava-
ções na Palestina. A resolução da 1\mcncan School foi típica "para habi-
litar propriamente pessoas qualificadas a procede r a estudos bíblicos,
lingüísticos, arqueológicos, h 1st<>ricos e outros similares e pesquisas sob
condições mais favoráveis llllC as consc~u1das à distância da Terra San-
ta" (King 1983, 27).

Fase 4: Arqueologia Sistemática ( 1918-40)


No período compreendido entre as duas guerras mundiais, a arqueo-
logia amadureceu, desfazendo-se, na maior parte, da imagem que tinha de
caça ao tesouro. Sofisticadas técnicas e metodologias foram desenvolvidas,
bem como competência acadêmica (Dever 1980, 43). Definiu-se a crono-
logia da Palestina antiga, que permanece basicamente a mesma até hoje.
Atualmente, os estudiosos lidam, em grande parte, com meros detalhes.
Na fase 4, os acadêmicos começaram a perceber como a Palestina se ajus-
tava dentro do restante do antigo Oriente Próximo, tanto cultural como
fisicamente. Devido aos grandes avanços conseguidos neste período, tem-
se referido a ele algumas vezes como a idade de ouro da arqueologia bíblica
(ivloorey 1991, 54).
Grande parte do movimento em direção a um tipo mais sistemático
e cienúfico de arqueologia se deve ao trabalho de C. S. Fisher. De 1925
até sua morte em 1941 ele serviu como professor de arqueologia na Es-
cola 1\mericana cm Jerusalém. Fisher abriu as maiores escavações em
Bete Seà (1921), Megido (1925), e Bete
Locus: uma área Semes (1928). Sua contribuição mais
específica de trabalho durável, contudo, foi o Jescnvolvi
num sítio arqueológico meato de técnicas sistemáticas de cs
cavação e um sistcmn dt·t:ilh:iclo de
Rápida História da :\rqueologia Palestina 31

registros. De fato, durante esta fase a metodologia de Fisher foi emprega-


da pela maioria dos arqueólogos na Palestina.

As escavações iniciadas em Megido por Fisher tiveram continuidade,


mais tarde, por P. L. O. Guy (1927). Guy ajudou a melhorar o controle
mantido pelos arqueólogos, através da numeração dos locus às específicas
áreas sendo escavadas e através do emprego de fotografias aéreas. Gordon
Loud seguiu a mesma linha, publicando muitos dos achados de Megido.
Seu relatório se tornou um ponto de referência, pois incluiu conjuntos de
planos para cada camada sedimentnr do sítio; Megido II ainda é um traba-
füo padrão na área da arqueologia
Apesar de Fisher ter sido mais conhecido naquele tempo, foi
William F. Albright que teve o maior impacto sobre a arqueologia
mais recente da Palestina. G. Ernt·st Wright comenta precisamente,
"Deve ser dito que Albright criou a disciplina da arqueologia palesti-
na da maneira como nós a con lwl'cmos" (1970, 27). Albright come-
çou escavações no sítio de Tel1 lkil Mirsim em 1926. Lá ele dominou
as artes da classificação cerâm1<.:a e da análise estratigráfica. A crono-
logia das Idades do Bronze(' do Ft·rro, tJUC ele descobriu através des-
tas escavações, permanece :11{· hoje ,omo o padrão dos atuais arqueó-
logos. Realmente, o trabalho de Albright cm Tel1 Beit Mirsim "marcou
um passo tão significante no desenvolvimento da cronologia cerâmi-
ca que até hoje nenhum estudante da arqueologia s1ro-palestina pode
negligenciar as publicações <le Tel1 Beit Mirsim" (King 1975, 60). A
influência de Albright sobre a arqueologia na Palestina foi de grande
efeito. O trabalho <le acadêmicos tais como Wright, Nelson Glueck e
seus alunos devem muito a seus esforços pioneiros.
Os arqueólogos judeus da Palestina se tornaram ativos durante
es ta fase (,\lbright 1970). Escavações conduzidas por Benjamin Ma7nt.
E. L. Sukemk, Michael Avi-Yonah, Nahman Avigad e outros, fotam
contribuições importantes para a disciplina. Além disso, eles propc ,rei
onaram os fundamentos e o impulso para a e:itào futura escola 1s t.1<' l11.1
tk arqueólogos que apareceria no final dos anos 40 e início d:i dc •1 11d ,1
de 50 (~1cycrs 1987) .
•\contcccram tantas escavações na Palestina dur:inrt· t•sft' r11 111,.)ll, q,11
po,kmos mencionar pourns delas. O leitor deve considei:11 us rtil ,, 1~01
H ), Tel1 cn N:1sbd1 (1926 -.'\5),.Jcnd , ( 1')2') %) e• !-..11111111 (11) \ 1
1 m lktcl (19"
32 .-\rqueologta nas Terras Bíblicas

35) . .A arqueologia da Palestina se desenvolveu em outras esferas também.


Por exemplo, cm 1929 John D. Rockfeller Jr. doou um milhão de dólares
com o propósito expresso ele construir o Museu de A rqueologia Palestina
cm Jerusalém. Além disso, as publicações arqueológicas multiplicaram, ha-
vendo a e<lição de jornais como o Biblim/An:haeologisl e o B11/leti11 of the America11
Schoo/s of Oriental Researth.

Fase 5: Uma Revolução Metodológica ( 1948-67)


Entre o início da Segun<la Guerra t\1undial e a Guerra de Indepen-
dência Israelense (1948), pouco I r,1balho ntqueológico foi realizndo. O cli-
ma político e militar era muito h, l'illl e volátil. Contudo, depois da divisão
da terra da Palestina e da cnação e.la naçao Jc Israel, a arqueologia muito
prospetou, crescendo, 1gornsanwntc.
O principnl Jcscnvoh uncnto do penodo se deu nas escavações de
Jericó ( 1952 58) c )ctusalcm ( 1% 1 6 7) sob a direção da arqueológa inglesa
Kathlecn Kcnyon. Nestes dois síàos K.cnyon introduziu os métodos ar-
queológicos britânicos de Morti.mcr Whceler às escavações na Palestina:
",\qui, ela escavou cm quadrados menores (geralmente 5 x 5 m), deL'-OU
passarelas ou fab::as sem escavar paralelas, ou, formando uma grelha, e es-
tas faixas eram então usadas para visualizar os escombros cm seus lugares
e para guiar a uma cuidadosa prova destes escombros e a marcação elos
mesmos cm faixas" (Dever 1980, 44).
A técnica de Kenyon enfatizou a estratificação do sítio. Anteriormente
a seu trabalho, arqueólogos utilizavam o método arquitetônico, que enfatizava
a exposição em larga escala das construções inteiras (Ussishken 1982, 94). As
conseqüências do que passou a ser conhecido como o método Wheelcr-
Kenyon foram revolucionárias. Deixar um bloco inteiro, por exemplo, con-
cedeu uma terceira dimensão à área de escavação. Este componente permi-
tiu ao arqueólogo uma visão do que havia sido escavado, e ver como o nível
presente de escavação comparava-se ao que havia sido escavado anterior-
mente. Esta metodologia proporcionou também um ótimo elemento de con-
trole sobre a área de escavação.
Os dois tipos de sistemas de escavação, o método arquitctôruco e o
m~todo Wheeler-Kcnyon, disputaram os corações dos arqueólogos duran
lc este período. Os americanos c1ue escavavam cm Siquém ( 1956 (,<>) s1 ,b a
duc·do de· \Vnght abraçaram a t<:cntca de Kcnyon. J ks 111111 :11:1111 l' ',111 1t1·
R,-íp1da J listória da Arqueolog1a Palestina 33

mca à tradicional atenção que arqueólogos americanos deram à análise das


peças de cerâmica.•\ escavação cm Siquem scrnu como sala <lc aula para
uma geração de escavadores amencanos, c muitos deles hoje retém suas
duas ênfases.
Nesta época, arqueólogos 1sr:iclc.•nscs começaram a contríbuir
grandemente para a disciplina. A cscaYllÇáo de Hazor, feita por Yigael
Yadin, foi um evento notável (1955 58). 1-.sta escavação foi uma oficina
para uma ger ação de aryucólogos israelenses, incluindo Yohanan
,\haroni, Ruth 1\miran e \ Ioshc e ·r1mk• Dothan .•\ tendência desta
escola foi usar uma abordagem art1u1tt·t1">nica à escavação. ,\pesar deste
método ter dado liberdade aos artJut·i',logos para expor vastas áreas de
arquitetura, um pouco do controle \.'Slrat1gr:í.fico foi perdido. O debate
sobre as técnicas de escavação dom111<>u a hteratura da época. Era um:i
pergunta intrigante, que não St'rt:\ respondida antes da próxima fase da
arqueologia palestina.

Fase 6: Novos Horizontes ( 196 7-)


O trabalho de campo n:1 Pak·st11L1 tll'Sll' período emprega um méto-
do que combina ambos: o ststt'ma \X'lwclt·r-Kcnyon e a abordagem
arquitetônica. "Expõe se tanta :írrn do sítio quanto possível com a mten-
çào de descobrir unidadc.:s arL1uilt ti1nicas compktas t· csrudar seu la)<>Ut.
0

Consegue se fazer um Lnt,a111t·1110 <las inn:stigaçôcs da história


ocupacional através de cscaYaçõcs cm difl.'l'tntcs pontos. ,\ análise das
camadas da terra não é ncgltgenc1ada: scçócs são cxaminndas e, cm mui-
tos casos, cadastrndas atrnYés de desenhos e fotografias" (l\fazar 1990,
25). O comprometimento entre os dois métodos tem fornecido um bom
L'Lluilibrio nas escavações.
Uma grande movação na disciplina nos últimos trinta anos é a abor-
cbgcm multidisciplinar. Ú muito comum empregar especialistas cm
nstcologia, botânicos, geólogos, zoólogos c outros especialistas nos poços
de cscanlçào. Ern suas respectivas espccialidndcs eles podem contribuir
para a compreensão da cultura material <lc um sítio. 1\s cscaYaçõcs cm
CL·zcr ( 196-1--73) sob o comando <lc Wright, William G. DeYer, e Joc D. Scgc.:r
1,,. .1111 as pruneiras dn Palcsuna a envoh·cr estudos multicuJturais. (3\.'1/.C.:I foi
r111nh<:m o local da primcmt escola campo, n csca\·açào scn·indo p,m1 c1-; \•o;,111
d,11Hcs cc ,mo sab de auh ao ar livre. C\luitos dos atuais :11L111c1'tl,Jg()!\ n111e1tl' 1
.H :\rqucologta nas Terras Bíblicas

nos foram treinados cm Gezer. •\


Arqueologia Regional.· o
abordagem multicultural adotac.la lá
estudo dos escombros de logo foi imitada pelas escm·açõcs em.
uma área geográfica que Berseba (1969-75), Tel1 el-Hesi
cobre vários sítios. (1970-), Cesaréia (1971-) Laquis
(1972) e Ascalom (1985-).
Recentemente também wm -se ,·isto cooperação entre arqueólogos
de países diferentes. ProJctos conjuntos entre acadêmicos israelenses e
americanos são comuns. Por cxcmpl(>, a escavação cm Tel1 tlichal foi duig1da
por Ze'ev r lcrzog da Universidade d e Tcl . \vive James Muhly da Universi-
dade da Pensilvânia (1977-80).
Outra direção tomad:1 pela :m1ucologia moderna é a abordagem regi-
onal. Isto é, arqueólogos estmla1n 11ii,, :,;01m:nte o local onde existem cama-
das superpostas, mas t<ltnbc'.·m seu:, nrrL·dmL·s e o ambiente cm que se en-
contram. Esta aborchgcm prnporctona um contexto arqueológico
abrangente para o sítio l'Stucfado. Somente assim pode se conseguir uma
visão adequada do local. i'~ prov:h·cl <-tlH: a abordagem rcg1onal teYe início
com o trabalho <lc ,\ harom em Berseba (Cssishkcn 1982, 95).
hnalmente, a arqueologia da Palestina hoje é mats extensa e desafia-
dora do que no passado. H oje em cha ocorrem muitos tipos de esca,;-açõcs.
Não só escavações de tel1, mas empreende-se várias escavações <le menor
escala. Escavações de resgate estão ocorrendo num ritmo sem preceden-
tes. Importantes levantamentos da terra estão continuando. Tudo isso tem
levado a uma explosão de informações. Como a chsciphna da arqueologia
trabalhará com isto é uma pergunta que ainda deverá ser respondida.

Qual o rumo da arqueologia daqui para frente?


,\pesar da arqueologia na Palestlna continuar a progre<llr e dezenas
de escavações estarem cm processo, a disciplina tem sérios problemas. ~\:.
crescentes despesas são um dos principais fatores. l'ma temporada de cs-
ca,,ação <le grande porte pode custar centenas de milhares de dólares. 1on-
tcs para esta quantia de dinheiro são limitadas, levando a uma acirrada
competição. Outro problema é que muitos arqueólogos têm declinado <l<:
publicar os resultados de seus estudos. Há muitos motivos parn esta m:gli-
gência. Contudo, isto sô retarda os esforços <lc se ganhar uma imagem
Rprupriada <la cultura da antiga Palestina. Tais probk·ma~ :ls, l'n·s p:m.:ec111
qunsc insupcnívcis.
ltil'1d,1 f lis1ória da .\rqueologia Palestina

Nenhum dilema, contudo, é maior que a questão da motivação para se


,·sl:arn.r na Palestina. Qual é o propósito das escavações na Palestina? Que
impacto a religião deve ter sobre a arqueologia? Que influência a abordagem
, 11·11tífica deve ter? Qual o lugar dos estudos bíblicos?
De um lado estão aqueles que se colocam a favor de uma separação
dis11nta entre estudos bíblicos e pesquisa arqueológica. A opinião deles é
1 ll· tJUC a ligação entre os dois é muito artificial. Aqueles que se esforçam

p111 integrar os dois campos são acusados de tentar provar a veracidade da


l\ibha. Há muito tempo a arqueologia tem sido a irmã frágil da pesquisa
li1hltca. É hora da arqueologia se separar e tomar seu lugar como disciplina
t lt·ntífica, não mais deb:11xo da sombra e.los estudos bíblicos.
Por outro lado, existem os tJUe insistt'tn cm ttuc os aca<lt·m1c11s <la área
l,1hlica devem estar envolvidDs na art1ucologia. 1listoricamenle, a arquco-
li >gia tem sido o trabalho de estudiosos da Bíblia, tais como .\lbright, Glucck
, \Vright. Estes homens não sacrificaram a ciência, mas Íl7eram 1mportan
1,·s contribuições científicas, apesar do campo principal de atuação deles
1;, er os estudos bíblicos. Além disso, é natural que as duas disciplinas traba
lht'm de mãos dadas porque elas são a fonte de conhecimento e descober-
lHs uma da outra. Não cabe a nós solucionar este problema. t\las tiueremos
,111c o leitor esteJa consciente da contrm·érsia desde que isto poc.lc cer um
grande impacto sobre o futuro da arqueologia atual.
3
Contos das Escavações Tel1

A imagcm que muitas pessoas l:l:t.l'111 qua11do pensam cm arqucolo


gia é aquela de Indiana Jones t11·:111d11 :111•1:i a pmccladas para encon-
trar um templo egípcio ou, cncrn111:1111l,1 11111 artefato Yalioso depois de
escapar da confusão de uma ann:id1ll111 (e fic.:ando com a loira, é claro!).
Outras, que têm tcstcmunha<lo t'Sl ,1\ :1çot!l 1111 <>este, imaginam poços es-
cavados em território indígena 1111 , 1dr11 l,•1, ,. l :isas coloniais, como o lar de
(;eorgc \X/ashington no \'alh:y l•orgc. t\ 111:11011:1 destes sítios é caracteriza
da como sítios de um penodn, 011 iw1,1, o t,·mpo de ocupação pode ser
meclido cm décadas. ~\lém dtss", l'll's s~n rn,rmalmentc muito pctiucnos.
Por essas razões, é neccssánn llllt' o a I l1uci'1log11 1i., oeste utilize ferramen-
tas dtminutas pata as t'sc:1vaçt1t·s. cumn pirn1t·t:1 t' escova odontológicas.
\s c,,idências materiais de um sitio norm:dmc111c 110s informam a rcspe1
10 de um grupo cm uma determinada época tia l l btt'>ria e, portanto, a
cont1nu1dade cultural dnnuna a arqueologia no oeste:.
Praticar a / lrqllt'olr{gia 11a Tnra da Bíblia é muito difercnte. 1~scavações
110 Oriente l\1édio raramente se referem a sítio de um período; ao contrá-

rio, focaliza se cm vilarejos, vilas e cidades que tem sido ocupadas rcpeti-
da mcmc por centenas e até mesmo milhares de anos. Por exemplo, o sítio
tlt· l\lcgi<lo no Yale de Jezreel foi habitado primeiramente ou período
Nt·olít1co (c. 5000 a.C.) e por L1lt11no no período Persa do qmmo e quarto
séculos a.C. Ob\·iamcnte houveram muitas ocupações entre sua fundação
,. ~u:i final Jcstruiçào, particularmente <lurnntc o Calcolítico,,\nuga, i\fédia
t' Rt·cente Idade do Brome e Idade do Fcrrn. ~leg1do tinha 4.500 :\Ili >S de

(,i,;1/11·1;1 dt· p1.1,·oamt•nto. l m c:xcmplo :1tlic1onal, n c1dadt• de f"c.-11 1·i l lt·st,


38 . \rqucologrn nas Terras Bíblic,s

na região conhecida por Scfclá, foi originalmente construída na ,\ntiga


l<lade do Bronze (c. 3.000 a.C.); seu estágio final foi prova\'cl.tnente como
um posto tnilitar avançado no século XX. A.D. (Estojos de cartuchos
foram descobertos no topo do sítio.) A continuidade cultural entre as
vánas ocupações de um síuo crn mímma: po,·os diferentes com culturas
materiais diversas habitaram o sítio cm diferentes épocas da história. Por
exemplo, os habitantes de f\kg1do da Idade do Ferro construiram casas,
fizeram cerâmica e fortificaram a cidade de forma distinta dos residentes
de Meg1do da ,\ntiga Idadl: d<t Bronze. Se um arqueólogo descobre de
quinze a ,·intc níveis de ocupação d1.: um sítio, o que não é raro acontecer,
encontrará uma -vasta vam:dndc Jl· evidências materiais.
Esta não é a pcrspl'ctiv:i dl· Indiana .Joncs sobre arqueologia, nem
reflete a arqueologia do ( kstl'., C:011tmlo, francamente, não é menos mte-
ressante. Este capítulo l'Xplicar:i o p:1Jr~o dos po\'oamcntos no antigo Ori-
ente Próximo.

As Colinas
Nos tempos antigos um grupo que estivesse procurando um local
para se estabelecer seria atraído por um local cm particular por uma varie-
dade de razões. Talvez o pré-requisito mais importante para o estabeleci
mento, na antiguidade, fosse uma fonte de água permanente.• \ntes da
invenção de cisternas e aquedutos, as c1da<les eram construídas próxima;; a
nascentes, ou rios. Portanto, os povoados antigos eram encontrados :;o-
mentc em áreas limita<las nas quais existissem fontes perenes de água. Pre-
visivelmente então, as mais antigas habitações humanas na Palestina foram
no vale do Rio Jordão e na região do Mar da Gahléia.
Outro fator importante era a disponibilidade de terra rica para a agri-
cultura e outros recursos natura.is Q~orowski 1981)., \pesar do culti,,o agrí-
cola servir como a base cconônuca principal da pruncira comunidade de
um sítio, o sustento também poderia Yir parcialmente do comércio. Rotas
comerciais, portanto, eram de grande valor para um poyoamcnto cm <le
scnvoh'imcnto (Pritchard 1967).
Outra consideração crucial no início de um povoamento era a <lc-
frsa .. \s primeiras cidades palestinas estavam localizadas cm l'Xtrl·mid:i
d,·s rnchosas por<.JUC a altura proporcion:wa uma bo:i posiçu11 dcÍl'll'-l\':1
(l,.1pp 197", 1 :\). i\ l'le,•aç~u também dava nn fH ,vundo uni,\ vnn1r1gl'111
Contos das EscaYações TcU 39

110 controle das tão importantes rotas comerciais adjacentes.. \lguns


1H1gerem que a elevação também proporcionava proteção contra en-
d1entcs (LaSor 1979, 237). Portanto, os povoamentos dos sítios palc.:s
tinos eram diferentes dos da l\lcsopot:imia, nos quais as vilas eram
l'rguidas diretamente.do nh-el do solo. 1\ fortificação das ci<la<les apare-
ceu cm primeiro lugar na Palestina durante o periodo Neolítico; desde
rntào, paredes, torres e portões passaram a ser erguidos no topo de
l'Xtremidadcs rochosas. A combma(_'.:io da elevação natural e o sistema
de defesa idealizado pelos homens foz com que os poYoamencos pales-
1tnos se tornassem. bem seguros,
Os pioneiros <le uma dcrcrnunadn área geralmente erigiam suas
nJades sobre uma colina. Eles cnnstruíam casas, edifícios públicos, ruas,
·,1\os, poços e, como já mencionado, 11s portões e muros da cidade. Os
materiais utilizados na construç~n l'111m tijolos de barro ou pedras, ou
uma combinação dos dois. Us l qnh is dl· barro são argila seca M> sol, à
t111al geralmente se ad1c1ona u111 tq111 de.• demento de aderência como
palha, fibras <lc palmeira, oss11s, lllt 1, 11H has do mar (Glucg 1940). Quan
do estes tijolos de bnrro sii11 fal11ic.:ad<1s adc1.1uac.lamcnte, bem secos e
l uidadosamcntc sobrC'postos, podc.·m dur:ir por séculos. Em adição à

clurabilidade, eles têm a \'antagc111 da fll'xibilidadc: suportam muito bem


ns desastres naturais, como tcrrL·motos. Chuvas torrc.·nciais parecem ter
pouco impacto <lesfa\'orán:l sohrl' as construç<>es l'm tijolos Jc barro.
< )s muros de fortificações feitos de tijolos de barro são bons especial-
mente no que diz respeito à proteçno, pois são mu110 resistentes. Na
ocorrência de cercos, os inimigos unham d1ficul<ladcs cm c.lcstruí los
, nm snas máquinas.
/\lesmo assim, as antigas cidades, vilarejos e nlas não duraram para
s,.mpre. I•oram destruídos de uma forma ou de outra. A maior causa de
dn,truição foi a guerra. Desastres naturais como sccns, terremotos e in-
' i'-i1dios também podiam acabar com um poYoac.lo. Doencas (pc.'Sl<.'S e
l'p1dem1:1s) podiam dcrnstar a população e lcYar ao abandono da cid:tdl·
< >ut ra parcela Je contribuição era dada pela deterioração nal urnl l' de-.

111ido, fazendo-se nccessána uma reconstrução. Na Pakstina :111ll~lí nlgu


11111~ cidades passaram por rl'construçóes de gra11dl' v11l1,1 , :i11.1-i , , 11

1'111· d1\'L·rsas Iazt,cs, <.JU:t!--1." todos os sít l!JS a1111grn; c.·,•c.•111 un lmn1ll e t, 11
11111,1111 dl':;01.: upa dos.
Figura 2
Corre Vertical de um pequeno Tell
(Adaptado e reproduzido de The Old Testament and the Archaelogist por H. Darrell Lance,
copyright© Fortress Press. Usado com permissão de Augsburg Fortress.)
Contos das Escavações Tel1 11

Depois que um sítio era destruído ou abandonado, os elementos na


n1rais entra,·am em cena mais ativamente. Os prevalecentes ventos ociden-
tais da Palestina, as chuvas de estação (às vezes torrenciais), e nuvens de
areia aceleravam o processo <le deterioração C\ lbrigbt 1949, 17). Estes ele
mentos naturais causavam erosão nas partes mfcriorcs laterais <la colma, e
os escombros preenchiam as valas abertas. Depois de décadas, ou mesmo
um século ou dois, a deterioração dos remanescentes de babitaçôcs huma-
nas seria totalmente drástica e dramática.
Na Palestina antiga novos colonos tinham a tendência de ocupar e
reconstruir sítios previamente habirnd, ,s. Suas razões eram as mesmas das
de seus ocupantes originais: água, negi'>cios e defesa. Os novos moradores
não rcmo\'cnam as ruínas <la ocupaçi"tu anterior, mas construmatn direta-
mente sobre elas. Esta prática aumcnt, ,u alguns dos itens do sítio. Pnmci-
rnmente, a defesa melhoraria, pois
a nova cidade seria erigida num m
Stratum: uma camada de
vd geográfico mais elevado. ,\
profundidade dos escombros so-
terra contendo os resquícios
bre os quais o novo povonc.lt> t:rn de um único período de
construido variava de poucos Cl'll • ocupação, durante o qual
tímetros a muitos metros (1'.cn)rnl não houve uma interrupção
l 970, 30). De qualquer forma, importante na arquitetura
l1u:1.se todas as elc,·ações da Pales-
ou cultura.
tt na antiga se tornaram mrus altas
com cada ocupação subseqüente.
11.m segundo lugar, as paredes remanescentes da ocupação anterior faziam
a reconstrução muito mais fácil. Paredes de pedra c.lcstruíc.las providencia
, ,1m materiais de construção para cidades subs1x1ücntes. Além disso, Lluan-
do paredes fortificadas eram construídas sobre outras previamente exis
1t·11tcs, a posição defensiva do sítio melhorava.
Após um período de habitação o segundo po,·oamento também era
d1·s1 ruído. Geralmente então seguia-se um terceiro. O ciclo povoamcnto-
1 k:;1 rniçào-vaga-novo povoamento podia repetir-se várias vezes no curso

,Lt l1istt',r1:1. de uma elevação. t\Iegido, por exemplo, continha mais de vinte.
11i, <'is de ocupação.
Cada uma das succssi,·as camadas de ocupação de uma ekv:1ç:i, 1 (.

, li1111111d:1 stratum (pl. strnta) . Uma série ele strata, uma soba· :1, ,111111, n•s11l1.1
l'l11 11111.1 ,·ln•aç~n tJllL' se patL'CC com "um cone c.:onad,1 1m p.11tt• 111Íe11r,1,
42 Arqueologia nas Terras Bíblicas

Glacís: uma longa fortificação com o topo reto e as laterais


oblíquas" (\lbright 1949, 16). 1
oblíqua começando na base da
Este formato tem sido campa
colina e indo até o topo da rado constantemente com um
parede de defesa. bolo ele vári.-is camadas.
A característica fisica mais
peculiar de uma elevação é seu topo teto. Depois da última habitação e des
truiçào, os elementos natur:us :qud:1,·11111 a cobrir a elevação com escombros.
Os muros da cidade ant1ga cnminham a maior parte dos escombros prcvc
nindo a erosão até certo ponto. Com o passnr do tempo, os escombros da
supcrfíae <lavam uma dcfini~·ão rt'ta :1 L"levaçào (hce 1992, 16-17).
,\ configuração íngrcnw da colma geralmente resultava da construção
de um glacis ao redor da cidade. l 'ma Ímt1ticação inclinada feita de pedrcgu
lho que se estende e.lo topo de uma plataforma <lc defesa até o nível do solo,
o glacis geralirn:ntt ci rcundava toda a col111a. St.:rvindo <le uma espécie de
cinta, ele scn·ta pnrn impec.lir erosão, mantendo a colina de pé. Conseqüente-
mente, as laterais <lo monte ocupacional eram muito mrus íngremes do que
um monte natural (Borowski
1981). E assim, quanto mais alto
Te//.· um outeiro consistindo
o monte humanamente
de ruínas de cídades construído se tornava, menor se
construídas umas sobre as tornava também a área para cons-
outras no mesmo local. trução. Daí o monte tomar sua tão
peculiar forma de cone.
Na Palestina um monte estratificado é chamado tcll.2 Este termo tal-
ve7. originado do acádio silllf ou do sumério d11/, que nas duas línguas signt
ficavam "monte; amontoado de ruínas; peito feminino." A palavra é usada
,·árias vezes na Bíblia para se referir a cidades construídas umas sobre as
outras. Por exemplo, cm Josué 11.13 lcmos: "Tão somente não queimaram
os israelitas as cidades que estavam sobre os outeiros lpl. do hebraico tel1,
exceto Hazot, a qual Josué queimou." 3 E em Jeremias 30.18 o profeta pro-
mete um retorno glorioso do exílio para o povo de Deus: ",\ssim diz o
Senhor: 'Eis que restaurarei a sorte das tendas de Jacó e me compadecerei
dns suas moradas; a cidade será reedificada sobre o seu montão de ruínas
!hebraico tcl]"'.
1.\ paisagem do Oriente Médio é salpicada de tdls. Ncb1111 <;Jut·ck,
p11r exemplo, ltst<>u muno mais de duzcnto!i otll<.'irns :1111tgos 110 V:1lt· d11
Contos das Escavações Tel1

Jordão entre os rios Jamurque e Jaboque, uma distâncía de apenas uns <-1u:1
r<~nta e cinco quilômetros. Pesquisas mais recentes têm descoberto alguns
sítios que Glueck omitiu. i\ maioria das cidades pré-helênicas na Palcstma
antiga foram erigidas sobre outeiros. Certamente outros tipos de po,oa-
mcntos são conhecidos - tais como habitações em cavernas pré-históricas
e acampamentos sc1mnômadcs - mas o fato é que a maioria <las pessoas da
Palestma morava sobre rells.
Não existe umformidadc no tamanho dos tclls na Palestma. O maior
é I la7.ot, ao norte do Mar da Galiléia. Ele ocupa cerca de 190 acrcs. Vários
tells pequeninos cobrem uma estreita faixa de solo de meio acre .. \ estima-
tiva do tamanho médio de um tel1 na Palestina t•i;r:í entre 7 e 20 acres (i\fazar
1990, 9). De fato os tells na Palestina são bem pn1ucoos cm relação aos do
resto do Oriente Próximo. Nippur, uma cidade mesopotâmica, foi
construída sobre três tclls, cobrindo cerca d1: 370 acres. ,\ssim, ela era duas
vezes maior que o maior tell ela Pnlcstma. Ninwc foi cngi<la sobre tells
gêmeos que tinham uma circunferência d1.· 12 <.Juilômetros! Apesar de mui-
to menores que seus correspon<ll·flll'S 11:t Mesopotâmia, os oute1ros pales-
tinos foram os mais significantl·s <.· (IS 1ip11s de povoamento mais comuns
naquela área durante a ant1gu1dadl•,

A Descoberta do Tell
Na ma10r parte do séculu '(I \:, a naturl'za dos outeiros e a estratigrafia
permaneceram um 1rustér10. Quand<,,, grande pioneiro Edward Robinson,
por volta de 1830, visitou o sítio cll· frll d-1 kst pela primeira vez, obser-
, ou: "A form:i do Tel1 é singular, um cone trnncado com um topo plano...
Considerando as informações de nossos guias e a aparência marcante des-
tl' l'cll isolado, nós esperávamos encontrar a<.1ui trnços ele ruínas ... Apesar
disso, não pudemos descobrir absolutamcntl' nenhum resquício <le antiga
u<ladc ou estrutura" (Robinson 1841, 390; l\loorcy 1981, 21).
Só em 1870, quando Hcinrich Schliemann (1822-90) escavou 'lróia,
l\llC está localizada na Turquia moderna, chegou-se à conclusão de que um
tl·II é e, acúmulo de camadas de sedimentos.{ Ele foi o primeiro a escavar
\llll t<:11 com o entendimento <lc que aquilo era uma cidade cm rumas sobre
, 1u t rn \' 111tc anos mais tarde um mglês excêntnco aplicou a descoberta Ul'
Schlil'mann à terra Palestina.
1~m 1890 foi fetta uma escavação na área <lc Tel1 d-Hcsi, um outt•i11J
d,· 111111:i 1· llu:1110 a{:l'l'S :w sul da Palestina. O ar<.Jlll'lllogo dl' 11,•st (111 11111
.\rqucologia nas Terras Bíblicas

homem chamado William i\1. Flinders Petric (1853- 1942). Pctne, um


egiptólogo por profissão, havia estado no Oriente t-.1é<lio desde 1880 quan.
do ,·e10 ao Egito para medir L' estudar as fabulosas pirâmides de Gizé.
Devido às inst:ÍYcis condições no Egito ao final daqueL'l década, Pctric
achou prudente dcb;ar o país. O Fundo Britânico para Exploração da Pa-
lestina imediatamente o apontou para dtrígir n primeira escavação arqueo-
lógica na Palestina. Pctric chegou cm Tdl cl-1 Ies1 na ptimavcra de 1890 e
conduziu uma escavação de.• sc.·is :,;c.·manas.
Pctrie suportou muita:; pro\':1çi>L'S e.· pcngos Lin Hcsi. As condições de
\·ida eram miscr:í,·e1s. Ele: dormia c.·m uma barraca, comia a comida local,
bebia a águn do local, e grande p:1rtc de seu tempo ciHCYe doente. Ele tc\'e
pouca companhrn, pois todos os seus u·abalhadorcs eram árabes, que não
se rclacionnv.1111 com c:lc. Seu t'1111co meio de transporte crn atra,·és de caYa-
lo ou camelo, e c.1ual9uer local decente para habitação ficava a dois ou três
dias de \'1:lgem. Ele também teve o problema dc não poder escan1r no topo
do outc1ro, <lc,·ido estar sendo culavado por um fazendeiro local! ~Ias ape-
sar das dificuldades Petric alcançou seu objetivo. I~m suas próptias pala-
vras, "Eu ti,·c seis semanas de trabalho lá, incluindo o mês inteiro de
Ramadan, quando o trabalho é muito difícil para os muçulmanos, que fa-
zcm jejuns de água e comida. Mas naquele tempo, e sem danificar a colhei-
ta, cu consegui dcs,·endat a históúa do lugar."
O trabalho <lc Petri consistiu em cortar seções ,·crticais nas escarpas
do outeiro. Sondando o tel1 desta maneira, ele dcs,·endou dezoito metros
de ocupação superposta, uma camada cobrindo ii outra. Ele dctcrnúnou
que haviam existido onze cidades durante a história de Tel1 cl-l lcs1, atra-
vessando um período de aproximadamente três mil anos. Quando uma
cidade era destruída, outra era construída exatamente no topo da anterior.
O princípio básico da estraúgrafia é a coluna dorsal da arqueologia
moderna: um tel1 é o acúmulo das núnas de uma cidade sobre outras, e o
c.1ue está na base elo outeiro deve set anterior cm data ao que cstá no topo
(1-rankcn e Franken-Battershill l 963, 6). '!oda escavação de outetros cm
Israel baseia suas pcsc1uisas e tesultados no método que Petrie introduziu
na Palcs11na. Seu trabalho precedeu uma época dourada da escm·açào ar-
queológica cm Israel. Como um resultado de seu sucesso em Hcs1, grandes
cxpcdiçc ic.·s foram rapidamente patrocinadas para explorai- muitos sítios is
rndc.·ns1·s, como J\Icgido, Jericó, Gczer e Samru:ia. Conscqücntcm<.·ntl:, o
trabalho inovador c.·m Tel1 cl-l lcs1 garantiu a Pctric o titulo lk P:11 d:1 ,\r-
lllll'I ,ln1•1,1 P,tll·stina.
Contos das Lscavaçôcs Tdl ICi

As Dificuldades na Investigação do Tell


Apesar do desem·olvimento de um tel1 parecer ser reto, na realidade sua
configuração é o resultado de processos bastante complicados. A seqüência
de depósitos, estruturas e escombros é completamente irregular. Assim, uma
camada ocupacional nunca está distribuída uniformemente através do outei-
ro, e suas ruínas nunca são encontradas numa profundidade uniforme. Como
resultado, a estratigrafia de um tcU pode ser C:\.tremamentc complexa. As
irregularidades de deposições do outeiro são dl'vidas a muitos fatores, pou-
cos dos quais consideraremos. (Para um estudo pormenorizado ver Kenyon
1971; Blakcly e Toombs 1981; D en:r L l..ann: 1978: Lance 1981.)
rossos. Em quase todas escavaçoes de tel1 na Palestina, os arqueólogos
têm encontrado um nümero cxtranrdin;iric, dt: fossos. Geralmente eles eram
construídos seguindo dois padrões h:isil'c ,s: cm forma de sino e em forma
cilíndrica. Uma variante do ültimo <.; :i ti ,rma de garrafa: uma abertura pe-
c.1uena e um pescoço estreito condl1zc.·111 a uma cavidade ou corpo maior. O
fosso cilíndrico pode atingir urna l:11gura de três metros e uma profundida-
de de quase cinco metros. () fosso l'lll forma de sino às ve7.es mede até
dois metros e meio d<.: larµ;um t· três lllt't ros e sessenta d<.: profundidade.
Figura 3
Fossos em forma de Cilindro e de Sino do Projeto Agrícola de Lahav
Fossos de Teste em forma c1llndnca e do g:umlil Fossos de Teste em fonna de sino

vaie de selante parede do loaso


de argila

sonda sonda
termômetro tem,ômetro

grãos

sonda
termômetro

g1aos
46 . \rqucologia nas Terras Bíblicas

Estes fossos eram escavados


Fossos ladrões/ valas: por uma rnrie<ladc de razões. C ma
depressões escavadas por delas era que os novos moradores
novos povoadores que procuravam materiais de construçào
removiam pedras de de períodos anteriores para usar cm
suas própi-ias construções. Estas de-
estruturas anteriores para pressões amficiais são às vezes cha-
usá-las em seus próprios madns de "fossos laruõcs." Outros
projetos de construção. fossos eram usados como latrinas, for-
ll< 1s para aluncntos, lugar de fazer adu
bo, recipiente de lixo e cist<.:rnas (Curnd e ( ;.-q~g 1988).. \ maioria dos fossos
nos outeu-os eram pro\'a\'dtnt·nte usados para <.:stocagem de grãos, tcot1a
confirmada por recentes 1,·sres l'l1l Lahav (I'd I lali() (Currid e Na..-on 1989).
Fossos causam gta\'t'S problemas cm an:íltse cstrat1gráfica porque eles
cortam strata :rntcriorcs. Sua cscaYaçào era não apenas uma intrusão, mas
também destruía matenats anteriores. E se o propósito era obter materiais
de construção, outro problema snrge: materiais de construção primitivos
podem ser encontrados em arquitetura mais recente. Este é o caso de
Cesaréia, onde construtores das Cmzadas levantaram um castelo que com-
binaYa blocos de construção Hcrodianos com suas próprias técnicas de
construção e pedras. Fica claro então que fossos podem levar a grande
estrago na estratigrafia ele um sítio. s
RnchiU1enlos. Entre as camadas
Enchimento: uma camada ele ocupação ele um tell há vários ní-
veis de escombros chamados enchi-
de escombros trazidos para mcntos. Alguns deles ocorreram na-
o sítio para nivelar uma turalmente, mas freqüentemente os
área para nova construção. escombros eram trazidos para nivc
lar uma área dcsni,·clada para cons
truções futmas (Wright 1962a, 34). Cm enchimento pode propor um gra-
ve problema na análise estratigráfica porque os escombros podem ter sido
tomados de outra parte do outeiro que predou o strntum sobre o qual
foram depositados como material de enchimento. Por exemplo, uma ocu-
pação da l\1édia Idade do Bronze hav:ia sido destruída, e um grupo da
Recente Idade do Bronze decidiu construir uma nova cidade diretamente
sobre suas ruínas. Os povoadores da fase recente, contudo, acharam t1uc
parte do tel1 era mtúto irregular para se construtr sobre.: o mL·snw, então
,·les t·,c:1\'ar:im em ou1ro lugar do outcu-o para const·guir e,:; 1•s1·11111hn,-;
Contos das Escavações Tel1

para o nivelamento da superficic. Este material c.Jc enchimento continha


cerâmica e outros objetos da Antiga I<lade do Bronze. Uma vez que os
escombros haviam sido depositados pelos construtores <la fase recente, os
materiais da fase antiga ficariam sobre os d:i f:1:-c média. Esta forma primi-
uva de compactação do solo pode ser um pnigo para as tcntatints arqueo-
lógicas de descobrir a história de wn tl'II,
Valas de Ji111dação. Outro pro-
blema que um arqueólogo encon -
Valas de fundação: uma
tra quando tenta deternunar a sc -
trincheira escavada por
tp.1ência <lc strata é a Yala de funda -
ção. Quando antigos construtores antigos construtores para a
levantavam uma parede, eles geral - fundação de uma parede.
mente inseriam sua base cm um:1
vala que cm escavada cm nÍ\'cÍo;
mais profundos. O escavador prt·r1s:i sl'r cuidadoso para identificar materi
ais em uma vala como pam: da p:ttl'dc 1• 11,111 da strata mais antiga. Deve se
evitar a todo custo a conrami1111ç:i,, d,• 111:11t·riais da ,·ala de fundação com
1úve1s contíguos (Blakcly t.' ·1i,, ,tnlis 1981, 22).
/l/1111iJo. A força da ngu,1 d,· d111v;1s 111rn:nciais, por exemplo, pode
criar camadas lavadas. Estas s:11, 1a111r11bs dt• escombros que têm sido mu-
c.Jadas pela água de uma pntte d" tt-111· 1h•posttadas cm outra. Como rcsul-
tndo, os escombros, ccrâmtc:1 t· 11111 n ,s 111:tll:ria1s de diferentes níveis <lc
ocupação se m.isturnm. ·1ais misturas s:w t 011n1ns especialmente nos decli-
ves que são suscctfrcis à crosào.
T1ít1111!os. Certos grupos scpultavnm Sl'll!'i mortos no topo de um tel1.
1~m Tel1 cl-Hcsi, por exemplo, várias sepultu1:1s muçulmanas foram desco-
bertas em uma camada de ocupação recente <lo outeiro. O problema para
a estratigrafia é o mesmo que o apresentado pelos fossos: sepulturas são
intrusos em camadas de habitação antiga. São buracos que povos anagus
cavaram para seu próprio uso, retirando material mais antigo. O arqueólo
go não pode confundir os restos dos túmulos com os matcría1s encontra
dos nas camadas vizinhas, porque muito ptO\' a\·elmcntc eles vêin de dife-
rentes períouos. Quando escavando túmulos, não tomar os devidos cuida
dos pode levar à deturpação de evidências valorosas.
R1·rll11.1tmções. Um tcll era f0t mado pela construção de uma cidadt· :;11
l>ll' :i outra. l~srns reconstruções assumiram diferentes formas n:i J>;1k·s11111
1111 ig.n. J\ s \'l'Zt·:-, t'<>IIH> tnl'l1ctona<lo anteriormente, trnzia ~S l' e, tt 1111111 111, 1
Arqueologia nas Terras Bíblicas

prov1denciar uma fundação à nova construção. Mas, ocasional.mente,


p:1 ra
camadas eram retiradas, para nivelar a superfície para a construção. , \ re-
moção de strata cm uma parte do outeiro e não cm outra resulta cm se-
qüências estratigráficas Jifcrcntes. Fscavadores devem estar intensamente
conscientes de tais práticas de construção.
Alguns outeiros eram numcntados durante a reconstrução, apesar de
ser uma tarefa de difícil cxccuçno. l lazor é um bom exemplo. No final da
Média Idade do Bronze, o:-- constt utorcs fizeram a cidade seis vezes maior
que o outeiro original. l~lcs l'sc:waram um fosso defensivo e então usaram
o material csca,·ado como enchimento pai-a levantar uma plataforma com
uma parede defensiva no topo (J,app 1975, 2). Na mesma época, cm Siquém
um grande enchimento foi incorporado no mterior de uma parede aumen-
tada da cidade. Tais expansões não eram comuns, mas o arqueólogo não
de,·c ser pego de surpresa quando elas aparecem.
A esta altura, a definição de tel1 e como ele aparece deve estar claro. (~
evidente também que cada outeiro, ou tcll, tem sua própria identidade e
história ocupacional. Alguns sítios têm um longo e complicado desenvol-
vimento: o outeiro de Bcte Seã, por exemplo, tem mais de vinte e um
metros de escombros ocupacionais. J\ estratigrafia de um outeiro assim
pode ser muito complexa, com fossos, enchimentos, erosões e reconstru-
ções, de tal forma que é difícil determinar a história do sítio. Outros sítios
são pequenos fortes que tem apenas uma camada ocupacional, caso no
qual é fácil de descobrir a história. De qualquer modo, cada outeiro conta
seu próprio conto. Não existem dois outeiros iguais. A tarefa do arqueólo-
go é escavar a história que está enterrada no outeiro.
1. Ao fundo, o tell de Sete Seã; ele tem 80 metros de altura com dezoito camadas sobrepostas.
Em primeiro plano estão as rulnas de uma cidade romana.
2. Estudante voluntário usando um instrumento para retirar os entulhos de
uma parede de pedra.

3. Um típico quadrado de escavação.


4. Uma trincheira de escavação feita pela Universidade de Chicago nos anos 30.

5. Uma casa israelita comum de quatro cômodos em Berseba (o autor está explicando a estrutura).
6. Um antigo altar da Idade do Bronze em Megido.

7. Fundação do portão salomônico em Megido.


9. Um edifício de pilares tripartido em Hazor: provavelmente servia como depósito.
"=~---.z.~•• ••w~ ~..-.. llll-;.;:w
11,.
-t'
••
10. Edifícios com pilares tripartidos em Berseba pilhas de cerâmicas estavam depositadas em
alguns dos cômodos.

11. Um exemplo de construção de tijolos de barro em Berseba. Preste atenção à palha que
serviu como têmpera para os tijolos.
E
12. Uma casa de quatro cômodos em tijolos de barro em Berseba. A parede dos fundos da casa
também funcionava como parte da parede externa da cidade.

13. Um exemplo de uma parede com base de pedra e superestrutura em tijolos de barro (casa de
quatro cômodos em Berseba)
14. Uma parede de pedras do campo em Megido.

15. Construção em basalto em Corazim, na Galiléia.

r
16. Uma parede com partes proeminentes em Arade, do período dos reis de Judá.

17. Técnicas de construção romanas como usadas na Jericó Herodiana: opus reticulatum
(pequenas pedras quadradas assentadas de um ângulo de 45°) e opus quadratum (pedras
em forma de tijolos assentadas horizontalmente )
18. Camadas inferiores do monte do templo em Jerusalém; as rochas grandes com marginais
entalhadas são típicas da alvenaria de pedra Herodiana.

19. Caverna 4 em Qunran; os pergaminhos do Mar Morto, provavelmente os mais importantes


pequenos objetos já encontrados, foram achados aqui e em outras cavernas da área.
20. Um capitel em Cafamaum com uma réplica entalhada da Arca da Aliança.

21. Um cômodo longo de um depósito, dos remanescentes romanos em Massada.


22. Remanescentes de sinagoga em Massada; abaixo da linha preta na parede do fundo está o que os arqueólogos encontraram in situ; acima dela
está a reconstrução moderna.
r ...,...,....._ ,.,,,...,

23 A ooade de Arade no Bronz-e Antigo, observe o muro fortificado externo a,m suas torres proe111inentes.
24. Um fosso cilíndrico do
projeto agrícola de
Lahav; veja figura 3
(pg. 45).

25. Capitel de basalto


entalhado no topo
de uma coluna da
sinagoga em
Corazim.
26. Coluna em fonna de coração na sinagoga de Cafarnaum.
O Dia-a-Dia no Sítio
4
{Levantamento de Dados)

m arqueólogo tem alguma idc'.·1a a respeito do que pode existir cm


U um tel1 antes de csca\':t-lo? Ou ck o escava cegamente? A escavação
t .,penas uma parte, embora um:i grandl' partt\ e.lo trabalho arqueológico

d1 campo. Na realidade, grandt· palie do 1rabalho que pode revelar infor


111:1i,;ões a respeito do outeiro, sii:1 htstt'iria e seus arredores, pode ser feito
111tcs da escavação. Há muitas maneiras de conseguir tais dados, como por
•·..t·mplo estudar a Bíblia ou outros escritos anligos 9uc mencionem o sítio
••u a região. O método mais freqüentemeOLe utilizado é a pesquisa arquco-
l, 1g1ca, que pode ser definida como "o trabalho de descobrir atributos das
• ulturas humanas através de características e artefatos expostos na supcrfí-
1 11·" O<autz 1988, 209). Um trabalho preliminar à escavação, a pesqU1sa

11 rn o importante propósito de prever o que está embaixo, no intenor do


1J11ft•1ro. Este capítulo apresentará brevemente as técnicas, os alvos, as lum-
1.1 çi>es e tun exemplo de pesquisa e seu valor para o estudo arqueológico.

Métodos de Pesquisa
Em sua maioria, as pesquisas arqueológicas cm Israel se classiíic:1111
l 111 uma das categorias: exame de sítios indinduais e análise tk reg1t1es. 1
l 1, 11 a os propósitos <lc pesquisas, na primeira categoria, ",1u:1is11uc1 n11t•l:i
1, ,., ~tgnificantes que estejam bem próximos um do outn> sii• > t 011:;1dc1 1,I,,
11111 sítio. Então um ~ítin pode ~er rno pn1ut'l11J Cotnn 11111 (11111 o, 11,lflll~ ll11
d11 m:1tc·11 mtlh:ino, nu 1:in grnndl' t ·o1110 11111 tl'II mipt,111111,•" (IIJ,11 h l 1J r,
66 Arqueologia nas Terras Bíblicas

119). Na pesquisa de tells, as técnicas de campo compartilhadas por Charles


Redman e Patty J. Watson (1970) têm sido largamente empregadas. O mé-
todo deles foi colocado cm prática, por exemplo, no tel1 de Jalul na parte
central da Jordânia (Ibach 1978).
O primeiro passo dado em JaluJ foi o desenho de um mapa do contor-
no do tel1. Em segw<la uma grelha de 1O metros foi superposta sobre o
mapa, e "um quadrado dc: 1O m X 1Om, em cada bloco de nove, foi escolhi-
do por meio de uma tabda alcatótia de números. O resultado foi uma sele-
ção de 101 quadrados espalhados sobre o topo e encosta do tel1 e embaixo na
base, até uma distância cm que a densidade residual permanecia considerá-
vel" (Ibach 1978, 217). Um nono do outeiro, ou 10.100 metros quadrados,
foi então separado parn 1x·sc.1uisa.
Cada quadrado selecionado alea-
Mapa contorno/grelha: toriamente foi delimitado por estacas e
cordões. Então, os pesquisadores anda-
um plano que mostra a
ram sistematicamente através de cada
forma da superfície da quadrado, pegando todo fragmento
terra e as áreas a serem cerâmico que fosse maior que a unha
escavadas. de um polegar. Cada pedaço de cerâ-
mica era datado, registrado e descrito.
Desta maneira os arqueólogos foram capazes de datar as várias camadas do
tell de Jalul. Assim, esta pesquisa forneceu algumas informações úteis acer-
ca de quais resquícios poderiam ser esperados durante a escavação.
Uma pesquisa regional usa outros métodos que não os usados em um
sítio único (Kautz 1981). Este tipo de pesquisa começa pela procura e
localização de sítios antigos (Alon e Lcvy 1980, 140-41 ). Suas localizações
são delineadas num mapa regional que tenha uma grelha padrão. Este tra-
balho é então comparado com pesquisas e mapas anteriores (Ibrahim, Sauer,
e Yassine 1976, 44). Pesquisadores também conversam com os residentes
locais para aprender qualquer coisa que
puderem, tal como os nomes que os
Amostragem: seleção moradores locais dão aos sítios, os pro
de resquícios prietários, sua história, e assim por eh
representativos dos ante. Pequenos fragmentos <le ccrâm1
quais os arqueólogos ca e outros artefatos são colecionados
tiram conclusões gerais. sistematicamente de todas as partl'S dos
vár10s sí11os, estes ,1d1.1dc ,:; s:ic i sclad11~
O Dia-a-dia no Sítio (Levantamento de Dados) 67

cm sacos p lásticos, etiq uetados e, mais tar<le, "lidos" para propósitos cro-
nológicos. Também são feitas observações escritas para cada sítio; estas
podem incluir topografia, estruturas visíveis, fontes de água e elevação. Por
último, freqüentemente são tiradas fotografias <le cada sítio.
A pesquisa arqueológica é alta
mente dependente da técnica de Paleoecologia: o estudo
amostragem, ou seja, extrair conclu da vida animal e vegetal
sões gerais a partir de resquícios rc
do passado.
presentativos (Plog 1976; Mueller
1975). Apesar desta técnica sofrer cri
ticas de algumas partes (Bar-Yos<:Í e ( ;, 1rcn 1980, 1), quando feita adequa-
<lamente, tem mostrado ser um bom indirn<lor do que o arqueólogo irá
dcscobri.t embaixo da superficw :Hra,·t'·s d t: escavação.
Mais novas e sofisticadas tccrn ih 1gias prometem realçar a pesquisa de
nlmpo. Um magnetômetro de césio, pot exemplo, pode ser usado para
localizar características como ca\"cmas de sepultamento através da eficácia
do "contraste magnénco cxtstt·nt<: ent te o aspecto que se deseja detectar e
seu meio imediato" (McGovcrn 198 l ,
126). A disciplina da fotogramc tria é
também empregada extensivamente Fotogrametria: a ciência
no trabalho de pesquisa: fotografias de proporcionar medidas
nércas proporcionam mcdi<las de síti confiáveis através da
os antigos aos pesquisa<lorcs e fotografia.
mapeadores (Beale 1982) .

Alvos da Pesquisa
No nível regional, o principal alvo de uma pesquisa de campo é deter-
minar a história e padrões cios povoados (Shanks 1982, 41). Em outras
palavras, o objetivo básico é encontrar quais sítios foram ocupados durante
quais períodos. Pesquisas podem esclarecer a respeito da densidade
populacional de uma região em um período particular.
Lrm segundo propósito é identificar povoamentos que foram perma
1\l'lWts, e conseqüentemente têm grande potencial para futuras escavaçoc-.
(lbrahun, Sauer, e Yassine 1976, 44;Mcyers, Strange e Gtoh 1978, 1; G11ph11.1
, \\alem 1980, 147). Com respeito ao projeto regional de Yoqnl'':1111, n at
q11l·nlogo chefe ressaltou, "i',: essencial condu 'Ír uma pcsc.1u1sa t 0111ph.!IH tl,1
, l'gi:iP 11n c:--1:Ígto rn:us anúgo a firn de escolher os sítius a suem 1•s1 llt l.1d1 H, l'
d,•cid11 qu:111111 t•sl1111;11 dbpl·ntk·r l'tn cad:1 um dcks" (l\1·11 l; >t' l 11~11, , ~)
68 Arqueologia nas Terras Bíblicas

Pesquisas regionais proporcionam informações a respeito da topo-


grafia, recursos naturais e rotas de transporte (Kautz 1988, 215). Estes
dados ajudam a reconstruir a paleoecologia da região. Uma vez que a
região tenha sido analisada face a face com sua capacidade de sustentar a
vida, ela pode ser comparada ao ambien te e economia das regiões vizi-
nhas (Gophna 1977, 136).
A pesquisa regional também tenta descobrir novos sítios que tenham
escapado a investigações antenorcs (Miller 1979, 43) . E la então integrará
as informações previamente cokcionadas juntamente com os materiais que
ainda são encontrados na área.
1\ s vezes
a pesquisa regional
Arqueologia de scrYc para descrever, mapear e fo-
preservação: escavação de tografar sítios cm processo de des-
sítios sendo destruídos truição. Isto é, ela é usada com o ob-
por vandalismo ou para jetivo de preservação. Por exemplo,
dar lugar a novas no final dos anos 70 "a renovação
das Forças de Defesa de Israel no
construções.
Neguebe... fez necessário um proje-
to arqueológico de resgate
emcrgencial de grandes proporções, cujo alvo [era] registrar e salvar do
esquecimento sítios arqueológicos e informações históricas relacionadas
ao Ncguebe" (Cohen 1979, 250). Em pesquisas feitas no Neguebe entre
dezembro de 1978 e julho de 1979 foram descobertos e registrados apro-
ximadamente mil e trezentos sítios até então desconhecidos.
O objetivo principal das pesquisas de um único tel1 é determinar os
períodos durante os quais a cidade foi ocupada (Campbell 1968, 19). Tal
pesquisa pode indicar se o sítio foi ocupado durante os períodos Cananita,
Israelita, Romano, ou qualquer outro período na história antiga (e moderna).
1\lém disso, pode providenciar evidências das características arquitetônicas,
recursos naturais e até mesmo a função do sítio.

As Limitações da Pesquisa
Apesar da pesq uisa ser um componente padrão da investigação :ir-
t1ucológica, e poucos arqueólogos ousem não fazê-la, existem cn11c:1s a ela .
O pnnc1pal problema levantado é que "1\ pl'St(ttisa de supcrfícit• n:io podt·
,1 s pi1 :ir 11111:1 pru 1s:1n ah:mluL\. .. ,1 nusênc1:i dl' Cl' l":im1n , dt• u111 1w1 ind11
O Dia-a-clia no Sítio (Lenlntamento de Dados) (,•)

particular não prova que o sítio não fo1 ocupado durante aquele pcrÍ< ,d,,,
enquanto que a presença de fragmentos raros de um período cm parucular
pode significar somente que um pastor quebrou um jarro de água"
(Campbcll 1968, 21). Além disso, as pcsyuisas não podem levar cm consi -
deração mudanças geomorfológicas que destroem ou soterram sítios. Ero
são, areias movediças e outros elementos naturais escondem sítios elas pcs
quisas arqueológicas. Portanto, o trabalho de pesquisa e seus resultados
devem ser usados com grande atenção.
As conclusões extraídas de pcsqtusas estão sujeitas a serem corrigidas
por futuras pesquisas e escavações. \ p<.:s<.1wsa não é a palavra final da arque-
ologia. O trabalho de Nelson Glucck sen e como um ótimo exemplo (Levy
1995, 47). Nos anos 30 Glueck produziu uma pesquisa magnífica da Palesti-
na oriental. Com base cm suas descobertas ele supôs a existência de um
sistema de fortes Edomitas frontt·inços durante a Antiga Idade do Ferro
(séculos XIII a XX a.C.). O ponto de \'Ísta de Glueck foi amplamente aceito.
L1 m trabalho de pesquisa mais ITCt'lll<.·, porém, demonstrou que Glucck foi
unprcciso em sua cronologia ccr:imirn <lc Edom (MacDonald 1984, 11 G).
Na realidade, os sítios parecem datar do século IX e VIII a.C. Até mesmo a
natureza dos sítios, se eles realmente constituíam um sistema defensivo, tem
sido questionado. Apenas a csrnYa<,:âo pode responder a esta pergunta.

Um Exemplo
São abundantes os relatórios de pesquisa na literatura arqueológica.
(Ver, e.g., Beit-Arieh 1979; Cohen 1979; Gophna e Ayalon 1980; Meyers,
Si.range e Groh 1978). 1~lcs cobrem desde grandes regiões (r'vf illcr 1979) até
achados individuais como uma estrada romana (Watcrhouse e Ibach 1975).
\lgumas da pesquisas são muito intensas (Ibach 1978) e outras menos. 2
< >bviamente, os resultados obtidos por estas pesquisas variam em termos
dt· unportância. Consideraremos agora o que uma pesquisa pode nos for
ncccr e o que não pode.
Vànas pesquisas têm sido conduzidas na região do Scfelá de lsrncl
(Kochavt 1972; Saarisalo 1931). O Sefclá é uma região baixa, chcrn de
111orros, que se encontra entre a planície da costa sul e as monrnnhas d11
ll 11I <la.Judc:ia. ,\s pesquisas de superfície indicam que o padrão dl' p11,·,1

111m:ntn na área se tornou muito mais denso durante o período du ld;1dc


do h :no I do yue na Recente Idade do Bronze II. Na realidade, 1 1 11111111.:
111 dl• ~Ít ins 11:1 1da d 1: do !·erro l é lluase 50 por Cl'I 1111 m:1101. \ lc.•111 cli'l 1 ,,
70 . \rqueologia nas Terras Bíblicas

enquanto os sítios escavados no período da Recente Idade do Bronze se


localizavam às margens dos rios, os povoamentos da Idade do Ferro pe-
netraram em todas as partes da região.
Com base nos dados desta pesquisa parece que houve um afluxo de
novos imigrantes para toe.ln a região do Scfclá. Há pouca dúvida a respeito
desta conclusão. O (1ue a pcs4uisa não pode nos dizer é de onde os imi-
grantes vieram. Não i: claro se os povoadores vieram de fora da região do
Sefclá ou de cidades j:í c.\ lstentes da própria região. A única maneira de
chegar a uma resposta aprnpnada é escavar, e mesmo assim o problema
pode estar aberto par., dt·h:ttl',
, \ ar<.1UL·olog1.1 11:t P.1ll'sti11a collll'ÇOU "com pesquisas de campo feitas
sobre lombos dl' t:a\'alus, c:mwlos t ' hunos, na esperança de localizar cidades
rc:11s l' outros sítios tne11uo11ados na Bibha I kbraica" (Lcvy 1995, 45). Foi
assim <-1ue l ·'.dw:uJ Rohmso11, o pntnc1ro :m1ucólogo americano na Palestina,
conduziu sua pesqwsa por Yolta de 1810. Foi :-cguido pela pesquisa geográ-
fica de Condcr e Kitchcner no oeste paksw10 cm meados de 1870. Eles
registraram mais de dez mil sítios. A pesquisa deles, publicada cm quatro
volumes, incluía wn mapa que cobria aproximadamente nove mil e seiscen-
tos quilômetros quadrados. Entre 1932 e 1947 Nelson Glucck fez amplas
pesquisas da Palestina oriental (Transjordânia). Depois disso, fez uma série
de pesquisas no Neguebe entre 1952 e 1964. Pesquisas continuam sendo um
método útil para o trabalho arqueológico no Oriente Médio. De fato, a Pes-
quisa Arqueológica de Israel planeja pesquisar todo o território palestino.
Vários volumes desta pesquisa já têm sido impressos (Kochavi 1972; Ronco
e Olruru 1978).
Pesquisas de superfície são trabalhos arqueológicos úteis e necessá-
rios. Elas podem fornecer boas previsões. E elas ajudam a reconstruir a
paleoecologia de um sítio ou região. As limitações das pesquisas, comu -
do, devem ser devidamente reconhecidas. Elas são meramente um craba
lho preliminar, e quaisquer conclusões extraídas das mesmas devem ser
consideradas provisórias até que o trabalho mais definitivo de escavação
possa ser realizado.
Por que escavar alH
5
Erros e Acertos da
Identificação de Sítios

próximo passo para o arc.1ucólogo é identificar o sítio a ser


O escavado. Pode-se até pensar que esta é uma tarefa fácil, mas este
nao é sempre o caso. ;\ busca potk ser muito complexa e freqüentemente
.1r<lua. \ssim, muito tem sido cscnto a respeito da metodologia de iden-
11 ficação de sítios e e,·ic.lênci:ts materiais (Ben-Arieh 1972; Kallai 1986;

\liller 1983).
O problema fundamental é que na grande maioria dos casos existem
,•ários nomes possíveis para um síuo cm particular. Por outro lado, podem
h:n·er vários candidatos a um nome que tenha sido registrado historica-
mente. Por exemplo, a cidade bíblica de Ziclague tem sido colocada em
, a nas localizações, tais como Khirbet Zuheiliqah, Tell Halif e Tcll Sera'
(Scger 1984, 47). Os pesquisadores não chegaram a um consenso. Mas, há
tclb c.1ue podem ser as ruínas de vários sítios históricos. Tell Halif, na parte
11ort<: do Neguebe, tem sido identificada corno as cidades bíblicas de
<Jumatc Sefer, Saruém, Zíclague, Hormá, e Rirnom (Borowski 1988, 21).
l 1, 1uca concordância existe com relação a esta identificação.
i\icstc ponto, alguém pode perguntar por que é tão rmportantc c.iut·
um sítio scia identificado? Oded Borowski (1988, 220) ,·ai ao ccnl rn da
1111t•sl~<t lllmndo c.li'.I., "Correlacionar um sítto arqueológico com um n-gi..,
11 :1dn 1111m texto histórico possibilita um cntcndmwnto 111:1is pn'l' t'lt, d,·.
e11ttl' <H111as coisas, dclimitaç<>Cs políticas, esferas cult111,1i<J dl· 1tlll111:1111,1,
t11n\'IIIH't1tus dt· comércio<' mili1a1l:s. ,\ id1•11tilie:117:tci de• um sít111, 1.:111 m
72 Arqueologia nas Terras Bíblicas

decisiva para a reconstrução do mundo bíblico." Por exemplo, a identifica-


ção e subseqüente escavação de Masada permitiu aos estudiosos moder-
nos obter maior aprofundamento na compreensão dos registros históricos
<lc Josefa a respeito de l'Yl'ntos acontecidos lá. ldentificar sítios ajuda a
preencher lacunas, fornece Jctalhes ao quadro geral da história.
Então como fazer :i tckncificação de um sítio? Como um arqueólogo
dá um nome historicamente registrado a um monte de ruínas? Ou, por
outro lado, como um ,m1ueólogo associa um monte de ruínas a um nome
registrado histortcamentl'? E óbvio que deve-se começar com um nome
que tenha sido rcg1strado cm um documento histórico. Poderia ser um
nome encontrado na Bibha, ou cm rextos egípcios, ou nos escritos de Josefa,
ou em qualquer do:; escntos anngos. Por exemplo, Betc Seà parece ter sido
um importante sitio na anttgwcbdc, pois é mencionada na Bíblia Qs 17.11:
Jz 1.27; lSm 31.12), nos Textos das \bominações Egípcias (século XIX
a.C.), nas listas topográficas de Turmés !II e Sisaque cm Carnaquc, nas
Cartas de Amarna e outros. 1\s referências a estl' sítio nos períodos Helênico
e Romano são tantas que não se pode mencionar. Devido à freqüência
destas citações, a localização do sítio é de suprema importância. Temos
uma grande Yaricdade de recursos que pode ajudar-nos a identificá-lo.

Nomenclatura Moderna
Uma fonte importante de evidência para a idencificaçào de um sítio é
a preservação de vários nomes antigos na moderna nomenclatura árabe.
ªO conjunto de nomes geográficos em qualquer região consiste cm rica
fonte de informação lingüística, étnica, histórica e folclórica" (Rainey 1978,
1). Da mesma forma, modernos nomes árabes de lugares foram uma das
principais ferramentas empregadas pelos estudiosos mais antigos da geo-
grafia histórica na Palestina para identificar sítios antigos (Miller 1987, 34).
Edward Robinson descreve como a fluência de Eli Smith na liogua
árabe ajudou na identificação de sítios: "Como preparação para nossas jor-
nadas futuras na Palestina, meu companheiro havia despendido grande es-
forço para conseguir por várias fontes os nomes nativos de todos aqueles
lugares cujas partes esperávamos visitar ... haviam freqüentes oporrunt<la
<lcs de conhecer xeiques inteligentes e outras pessoas das cidades e , ilas
nalJuclc e cm outros distritos; e cm geral eles cstm·am prontos a comunicar
tudo o c.1uc sabiam com respeito a lugares de sua própna nz111h:111ç:1" ( t H(,X,
·l 15). R, 1hin~on l' Smtth Íor:tm capazes de conl'lncic 111ar dt'?: l't1,1 s dc· ~ÍI 11,s :1
Por
_
que escavar ali? Erros e Acertos da Identificação de Sítios
___.!,_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _.,:__ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
n
nomes antigos registrados na Bíblia, em Joscfo e em outras fontes. l\!uito
de seu trabalho tem vencido a prova <lo tempo.
Uma das grandes surpresas da geografia histórica é a consistência
com a qual nomes antigos têm sido preservados na moderna toponomia
da Pa]estina. Yohanan 1\haroni comenta a respeito deste fenômeno: "Ge
ralmente as cidades eram construídas em localizações fi'<as no decorrer de
longos períodos, e seus nomes têm s1<lo preservados com admirável con-
sistência ... quase sempre um novo povoa<lo era fundado sobre a mesma
colina antiga, preservando o velho nome apesar de todas as mudanças na
composição da população" (1967, 94 95). O nome continuava mesmo quan-
do o grupo sociológico ou culturnl lllle ocupava o sítio era trocado por
outro. Por exemplo, quando Israel expulsou os cananitas e se estabeleceu
nos sítios antigos, adotou muitos dos nomes cananitas (tais como Megido
e Hazor) (Richardson 1969, 104).
Geralmente novos nomes não
são bem sucedidos cm substituir , >~ Toponomía: o estudo
nntigos. No entanto, houn•rnm algu
sistemático de nomes de
mas poucas exceções. Por l'Xl'tnpl, ,,
cm Juízes 18 o escritor bfültrn fol:i lugares dentro de uma
sobre a destruição da cidade: cnnant'.·ia região geográfica.
de Laís pelos danitas: eles "clwgarnm
a Laís, a um povo cm paz e: confiado, e os feriram ao fio da espada, e
queimaram a cidade a fogo ... Reedificaram a cidade, e habitaram nela, e
lhe chamaram D ã, segundo o nome de Dã seu pai, que nascera a Israel;
porém, outrora o nome da cidade era J .aís" (vv. 27-29). Scmelhantemente,
cm Números 32:37-38 os nomes de algumas cidades ao leste elo Jordão,
tais como Baal-Meom, foram alterados. Tais exemplos, contudo, são pou-
cos e ocasionais.
\ transmissão de nomes antigos para o árabe moderno era
freqüentemente um processo complexo (Brinncr 1995). As complexidades
no processo logo foram reconhecidas na investigação da Pa]estina antiga.
1 .Jward Palmer, que fez um grande trabalho sobre as listas de nomes árn-
hcs compilada por Conder e K.itchencr, comentou:
Dctemunar o significado exato de nomes topográficos árabes niio 1.· Lm:fa
fácil. ,\lguns são descntivos de caracterísucas fis1cas, mas mesmo t·:,tn; ~:,o
freqüentemente palavras obsoletas ou ilistorctdas Ot1t111s s;111 tli-1 ,,·.,dos d,
111ntlcntc~ ll:i muito cst1ucl.1<los, ou propm:t.írios dos t111.11 ~ J.Í 11.,,, ,,t• lt: 111
lt111h1 ,111\ª • C)111ro ~ ,11ml.1 ,.io ,ol11i•,iv1 ntç~ do 11\Jt ; 1mt1gr11uh.1le \l, liLI,, uc, ,,
. \rqueologfa nas Terras Bíblicas

cananita, e outros nomes, que, ou são rotalmcntc dcsnruidos de s1g-niticado


cm árabe, ou têm uma forma árabe na qual o som ongi.nal se1a talvez mais
ou menos prescrn1do, mas o senado foi Inteiramente perdido. Ocasional
mente, nomes hclmucos, espec1almcntc bibucos e talmúdicos, pcrmanc
cem pouco alterados. [1881, W-1\']

As vezes um nome era retirado de seu sítio original e dado a outro na


mesma vizinhança. Isto foi o que ocorreu a Bctc Scâ. Conder e Kitchcncr
encontraram a vila árabe de lkisan numa elevação perto do tel1 original
(Rainey 1982, 219). Nrnm·s de lugan:s também podiam ser transferidos
para o túmulo de Xt'llJ\ll'S locai:-, ou para uma fonlc de água próxima, ou
para ruínas m:11s modnnas na :Í1<::1 (Ratncy 1976, 826).
t\hcrnçê1t:s hngu1st1cas oconcram com frcl1uência entre um nome an-
tigo t' um moderno.. \ssim a vila próxima ao anugo outeiro de Bete-Scã foi
chamada Be1san. Outro tipo de problema na transmissão de nomes é sugc-
mlo no caso da cidade bíblica de Ofra. Citações históricas levaram Edward
Robinson a localizar Ofra no outeiro de et-Taiyibeh. A correlação não foi
baseada em qualquer similaridade ou relacionamento entre os dois nomes.
Muitas décadas mais tarde, R.. Hartmann (1911) propôs que o princípio do
eufemismo se aplicava à situação. O nome Ofra soa muito similar ao árabe
ifrit, que significa "demôrúo". Assim, os habitantes árabes conscientemen-
te trocaram o nome para seu oposto, et-Taiyibeh, "o favorecido".
Mesmo com estes contratemp os, a média de perpetuação de nomes
antigos no período moderno é surpreendente. Um obstáculo adicional foi
que durante os tempos Romano-Bizantino, nomes semíticos eram
freqüentemente trocados por títulos gregos ou latinos. Bete Seà, por exem-
plo, foi chamada Citópolis. Mas, apesar da interrupção, o nome antigo so-
breviveu. Da mesma maneira a cidade do Velho Testamento Lode foi cha
mada D ióspolis durante o período romano, mas o nome Lodc (Ludd) res-
surgiu após a conquista árabe e repopulação do sítio (Rainey 1976, 826).

Textos
Outra forma de identificação de um sírio é através de materiais tcxtrnus
(\'<'ainwright 1962). Hoje possuímos muitas fontes escritas colaterais c1ue po
dem fornecer indícios históricos, geográficos e topográficos.
Fontes escn·tas antigas. É óbvio que fontes contc-mporânt·as ti'.'·111 um p;1
pl·l <.lcci:-ivo na identificação dos sítios.,\ Bíbh:1 foi o tn llt't-o 11•xtu:il p1in
Por que escavar ali? Erros e :\certos da Idennficaçào de Sítios

cipaJ para os antigos viajantes, tais como Edward Robinson e Eh Snuth. ,\


Bíblia continua a ser a mais valiosa ferramenta, apesar de apresentar algu11~
problemas como guia geográfico (Miller 1983). As pesquisas antigas fizc
ram uso também da literatura rabínica, cm particular, o ~!'almude (Neubauet
1868). Estes escritos são importantes porque "os topônimos bíblicos sao
discutidos freqüentemente em relação a suas contrapartes do segundo tem
pio" (Rainey 1978, 12). Investigadores do século X IX dispunham também
de antigas traduções da Bíblia, como a Scptuaginta, que reflete urna exegese
:intiga da topografia.
Em nossos dias, há um número muito maior de evidências textuais
disporúvel ao estudioso da geografia histórica. J\ ncigos escritos como os
textos Ugarícicos (Richardson 1969, 97), os rolos do Mar Morto, as Cartas
<le , \ rade, as Cartas de Láquis, os tahktcs de Ebla e várias inscrições egíp-
cias, proporctonam dados topogníficos sólidos para a Palestina antiga. Ci-
dades como Bete Seã, Meg1do l' 1bzor são freqüentemente mencionadas
cm itinerários militares e dl' \'i:t~cm no Egito. Uma inspeção cuidadosa
desses documentos pode a1uJar a dctcrminar localizações.
J:,smtos dos Primórrho.1 tio Cn.itia-
111Jmo. Os antigos pais da lgn:p tam - Dicionário Geográfico:
liém são importantes testemunhas uma relação a/fábétíca de
para a localização dos síttos antigo~. nomes geográficos
Nu topo da lista está o 0110111a.1lm111
t•scrito por Eusebio de Cesaréia. "O
mtercsse de Euseb10 no Velho e N°' o Testamentos e nos sítios neles men-
t tonados levaram-no à composição deste trabalho, que foi realçado por
~uas raízes palcstmas e conseqüente fanul1aridadc com a topografia local.
Para cada livro da Bíblia, Eusebio lista, alfabeticamente, os nomes das cida-
des, montanhas, nos, distritos, planícies e desertos que são mencionados...
1~k- freqüentemente relaciona o sítio antigo ao contemporâneo" (Borowski
11)H8, 22). ,\pesar de às vezes não ser acurada, o dicionário geográfico de
1~uzcb10 é importante para pesquisadores atuais porque está 1700 anos

111;1ts próximo da antigüidade do que nós. Vale a pena também consultar os


c:-1lldiosos <lc: geografia árabes do período medieval.
(h e.1r11dos da Pa/esli11a Ocidental. r\ expedição liderada pclc,s tcncntt•s
e' 11t1lkr l' l'utchcncr de 1871 a 1877 continua a dar grande contnhlliç~o :in
, n11hl•c·1muHo gcogr:ificn da Palcstma moderna e antiga De hto, :i m1111,
11, dus mapas ll!i:tdPs hnll' s:io hasl·adn, tm sua 1w~q111-.a V!lf'lll:il ~. 11
76 :\rqucolo19a nas Terras Bíblicas

relatórios incluíam um enorme mapa da Palestina dividido em vinte e seis


seções e, no texto, uma listn alfabética de dez mil sítios de acordo com seus
nomes árabes e translitcra<los para o inglês. Há que se consultar também,
quando tentando 1dent:1fic:u um sítio, vários dos antigos viajantes na Palesti-
na - pessoas como Rohins< ,n, Toblcr, Guérin - que catalogaram nomes e
descre,·eram sítios antes do "11uc10 das modernas mudanças poüticas e
populacionais" (Bnmwski 1988, 23).

Arqueologia

Um (il1i111n n·n1rs,, p:ir:1 a idl'nttficação de sítios se tornou disponível


apenas a parttt do :,;1.\:11!0 p;1ss:1do: a tnvcsttgaçào arqueológica. Escavações
podem d1:scolnir e\'idt.'.·nc1as i11su11as confüm:mdo o nome do sítio (de
\ ncs 199-i, 217). Por <.:Xl'tnplo, csca,·,1çcks no outetro de Bete Seâ desen-
terraram tunn ptlastra da época de S1.:u 1, a qual apresentava o nome da
antiga cidade. Da mesma maneira, a descoberta de um pedaço de pilastra
de Sisaque no próprio outeiro confirma que.: ·1 dl cl t\.1utesillim é o sítio de
Megido mencionado em um revezamento de tropa~ cm Carnaquc cele-
brando as façanhas do faraó Sisaque.
Alguns estudiosos sustentam que um estreito relacionamento entre a
estratigrafia de um outeiro e a histói-ia conhecida de uma cidade cm parti-
cular é uma evidência que confirma a identi~cação (Miller 1987, 35-36).
Isto porém é perigoso. O relacionamento pode ser acidental. Assim este
tipo de evidência não se sustenta: "Mesmo a presença de resquícios
estratigráficos correspondentes aos períodos históricos de uma cidade não
é evidência válida para identificação, a menos que a localização de eventos
e outros fatores se harmonizem com os textos" (Raincy 1976, 827). Por
outro lado, a ausência de correpondência entre a estratigrafia de um outei
ro e a história conhecida de uma determinada cidade não significa necessa
riamente que o outcuo não é o sítio. A arqueologia é, por natureza, seletiva;
ela pode proporcionar uma mera amostra dos resquícios de um sítio. \pc
sarda ausência de resquícios ele wn período ser sugestiva, não é conclusiva.

Um Exemplo: Ziclague

Temos visco até aqui que a identificação de sítios é um processo com


plexo. Normalmente requer o uso conjunto de Y:írios recursos para chl'ga1
,1 uma Cl)Utparaçào posith·a. Raramc.:ntc alcanç:i•Sl' :1 idt·1111lici1\.111 l 1,111 , ,
Por que escavar ali? Erros e .\certos da Identificação de Sítios

uso de apenas um recurso. Assim, quando um arqueólogo <.Jlll't d1·1c111111, 11


o nome de um sítio, todos os muitos aspectos da geografia hisr c',111 :i d1·\ 1 11,
ser levados em consideração. Mesmo assim não há garantia de.· s1111•sso ( 1
que ocorre mais freqüentemente é que a incerteza permanece, 1rn:s11ic, d\
pois de toda pesquisa e estudo.
Como exemplo da dúvida que permeia o processo de identificação tlP
sítios consideremos a cidade de Ziclague. Após a conquista de Canaã l'l:i
tornou-se parte do lote tribal de Simeão Qs 19.5), apesar de estar bem pn>xl
ma da área da tribo de Judá Os 15.21, 31). irais tarde parece ter caído na:s
mãos dos filisteus; J\qms ele Gatc, contudo, transferiu o sírio a Dan ( 1Sm
27.5,6). Pouco tempo depois, Z1clague foi destruída por saqueador<.:s
:unalequitas que levaram cativas suas mulheres e crianças ( 1Sm 30). Davi
perseguiu e fez guerra contra os amalequitas. O sítio, então, tinha considerá-
Ycl importância na história bíblica.
A questfo é, onde está Z1cL'lguc? Qual outeiro deve ser associado ao
nome Ziclague? Joe D. Scgcr comenta: "O problema da identificação do
atual loc:tl geográfico da o<ladc bíblica de Ziclague tem exercitado estudan-
tes da Bíblia e da arqueologia dc:s<lc o mício do século; contudo, apesar do
fato de que relatos bíblicos proporcionam vários indícios, e depois de guasc
um século inteiro de intensa e~ploraçào arqueológica e estudo, não se chc
gou a um firme consenso" (1984, 47). O próprio Seger conclui guc ela deve
na estar localizada no outeiro <lc Tcll l lalif. Outros discordam: Aharoni colo
ca Zidague em Tcll Sera', e William F Albnght propõe o sítio de Khirbet
/.uhciliqah (Aharoni 1967, 25).
Vejamos os três principais recmsos para a 1<lentificação de locais para
ver se conseguimos localizar Ziclague. 1\ntes de tudo, não há similaridade
t'nlrc o nome Ziclague e quaisquer outros nomes de lugares conhecidos na
Ítrcn geral onde supõe-se que o sítio esteja. O nome Ziclague simplesmente
não é usado mais cm nenhuma nomenclatura árabe moderna. 1\ssim, nosso
primeiro recurso mostra-se um beco sem saída.
Segundo, os registros históricos da Bíblia proporcionam uma locali -
1ação geral. Z1clague é mencionado quinze vezes na Bíblia. A prin1c.:1ra
1 l'fl't"l'nCÍa no sítto lista-o como uma elas "cidades na extretnidadc da tribo

dcis filhos de .Judá cm d1teçào à fronteira de Edom, no sul [Nq!,uclll'j" (l:.


15.2 1,31 ). Ziclague era também considerada parte da hc:ra11ç1 11ili:il d1·
S111wao (Is l 'J.5). yuc c.·sta\':l na parte norte do Nt'gU<:hc. < h11r.1 s p,,s ,:,gc 118
,n11t11m:1m lJlll' Zidagl11.· cst~ ne1 N(•g11chc (1Sm ~111,11) < h1.111do IJ1\I
78 .\cqueologia nas Terras Bíblicas

perseguiu os amalequitas que haviam destruído Ziclague, du7.entos de seus


homens "esra,·am muito cansados para cruzar o ribeiro de Bcsor" (v. l O),
que no árabe moderno e chamado Wacli csh-Shari'ah (Borowski 1988, 24).
Z1claguc deve estar localizada ao norte deste riacho porque os amalequicas
viviam nas áreas central e sul do Neguebe (Êx 17) e estavam retornando
para lá. ,\lém disso, :/1clngue estava situada numa área disputada por Israel
e pela hlistta (1 Sm 27.::, 7). bto parece situar Ziclague na parte sul de Sefclá
(região ao pé <la colma) frc 11llcmça à parte norte do Negucbc.
O número dt· 11utt·in ,s nesta área é limitado. De fato, as duas candidatas
mais prován:is s~11 'l'l 'll l l11lif t· Tdl Sera'. Mas mesmo esta conclusão é, de
algwna forma, du\'idc,sa , 11:í ,nitras possibilidades; por exemplo, Tel1 Haror,
Khirbet /.ulwlit1,al1, e 111{- ' t'c·II lk11 .l\l1rs1tn..\ssim ficamos com uma idéia
geral mas nada condusi\'11 t 0111 rtspl·tto à locabzaçào de Ziclague.
Nosso rern:tro H'lurso é a11:1hsa1· os rcsl1uict0s encontrados cm csca-
vaçocs das possíveis can<l1da1as. Sabemos pela Bíblia que o sítio de Ziclaguc
prndu7.irá evidências específicas:(!) rcs,1uic1os e.lo período dos juízes, An-
tiga-Média Idade do Ferro I; (2) resquícios da Recente Idade do Ferro I, a
era de Davi (o décimo século a.C.); (3) um nível de destruição do décimo
século a.C. (a incursão amalequita); (4) resquícios da Idade do Ferro fI
(1 Sm 27.6); e (5) resquícios do Período Persa (Nc 11.28).
Scger tem demonstrado que as escavações em Tel1 Halif têm encon-
trado materiais que preenchem todos os cinco requisitos históricos (1984,
48 52) . .t\ maior falha em correlacionar Ziclague a Tel1 Halif é a quantidade
mínima de resquícios da Idade do Ferro l no outeiro. Não foi encontrado
mais que uma mão cheia de matenais daquela época. Isto é curioso, dado
que os mais significantes registros de Ziclague cobrem aquele período.
Eliezer Orcn (1982), por outro lado, tem concluído que o sítio de Tel1
Sera' preenche melhor os requisitos históricos. Têm sido descobertos rcs
quíc1os significantes de todos os períodos históricos durante os quais sabe-
mos que houve atividade em Ziclague. O único problema mais grave, e
enorme, é que não há evidência de destruição do sítio no décimo século
a.C. Oren reporta que parece ter havido uma transição pacífica da Idade do
Ferro I para a Idade do Ferro II (p.163).
Então, onde está Ziclague? Num importante trabafüo Borowsk1 (1988)
argumenta convincencemente que o sítio bíblico de Rimam (f udá) dc\'c sn
localuado cm TcU Halif. Se ele está correto, então a primc.:ira ca11did:11a n:ic 1
p<>dl· 111a1s ser lcrnda cm consideração. En1áo, Zicl:tgm· cst:', ,•111 Tdl St·H,'?
Por que escavar ali? Erros e .\certos da Identificação de Sínos

Possivelmente. É a melhor candidata. Dizer mais do que isso seria Lr além


das evidências que temos. Nossos esforços para localizar Ziclaguc têm
mostrado claramente que a identificação de um sítio é qualquer coisa, me-
nos uma tarefa simples.
No Início:
6
Como Escavar um Tel1

N este ponto o argucólogo c11111plctou muito do trabalho prepara-


tório para a esca·vaçào. Ek 1:i estudou os registros históricos perti-
nentes ao sítio, fez o trabalho dL· 1dcntificaçào e completou uma pesquisa
arqueológica do próprio sítio. Ag, H a o cscarndor se coloca de pé sobre o
tell pronto para escavar milharl'S de anos de história na forma de uma
quebra-cabeça tridimcns10nal (l ,:111ce 1981, 22) Qual é o alvo do escavador?
l~ aprender a respeito do po\'n <.JllC: ocupou o tel1, sua história e cultura,
camada por camada. Para alcançar este alvo, o arqueólogo precisa desema-
ranhar o outeiro parte por parte. Este processo é, efetivamente, uma
metodologia de trás para diante - os últunos materiais a serem depositados
são os primeiros a serem escavados.
Os sistemas de escavação são quase tão numerosos quanto o número
de escavadores. E não há acordo quanto à maneira mais apropriada de se
escavar. Mortimer Whecler coloca desta forma: "Não há maneira correta
de se escavar mas há muitas erradas." O objetivo deste capítulo não é deba-
ter os vários sistemas de escavação, mas concentrar-se nos principais con-
ceitos envolvidos. Em outras palavras, este não é o lugar para nos atolarmos
cm detalhes ou diferenças sem importância. Consideraremos simplesmcn
te as técnicas básicas de escavações arqueológicas.

História dos Métodos de Escavação


O desenvolvimento da metodologia arqueológica pode ser lh\'ididn
l'll1 três períodos (Toombs 1982, 90). \ fase anaga, antes da l'nmci1~, (;11l' I rn
~ lundul, fn1 caractcnza<.Lt pdo controle madl'llllad<, dos proccd11ncn111s
82 .-\rqueologrn nas Terras Bíblicas

de escavação. Vast'ls áreas foram abertas sem supervisão apropriada. Os


grupos de supervisão eram insuficientes; freqüentemente apenas uma ou
duas pessoas dmg:iam o trabalho. ,\ manutenção de arq~úvos era deficiente;
naqueles dias o arqueólogo principal guardava o único diário da escavação.
Freqüentemente, somente os artefatos mais sigrúficantes e características
arquitetôrúcas eram registradas. Quase todo o restante ficou perdido na
história. Além do mais, havia pouco interesse nas camadas do solo ou terra
nas quais os resquícios eram encontrn<los. O solo era considerado mera-
mente uma obstrução a ser lança<la para fora <lo sítio.
Como se não bastasse, hom·c o fato de qut: antes da "Segunda Guerra
Mw1dial a maiona tios arqueólogos cscarnr:nn arbitrariamente, por exem-
plo, recirando c:11na<las de ruínas de ,o
cm de espessura na área com
picaretas e enxadas grandes'' (\ an Beek 1988, 135-36). A profundidade
da escavação crn fre9úcntemcnl1: escolhida ao acaso; e, assim, misturar
materiais de uma camada com us de c.11tra era comum. Os escavadores
antigos simplesmente ignoravam a disposição natural das camadas da terra.
Conseqüentemente, os rclatórws de escavações desta fase inicial são de
valor mínimo: suas apontamentos dos resquícios em níveis e datas não
são digno:; de confiança.
No período entre as duas guerras mundiais, grandes passos foram
dados na metodologia arqueológica. O avanço mais importante foi o esta-
belecimento de uma estrutura geral cronológica para a história e a arqueo-
logia da Palestina. Baseada na tipologia cerâmica, esta estrutura foi delineada
por William F. . \lbright em Tel1 Beit Mirsim e escavações em Megido pela
Universidade de Chicago.
O principal método de escavação
O método de Reisner- naquele tempo era o arquitetôrúco. Seu
Fisher: um método objetivo era a exposição cm larga escala
arqueológico que de unjdades arquitetônicas. A análise
estratigráfica cuidadosa não era consi
enfatiza a ampla
dcrada tão válida; de fato, as camadas
exposição arquitetônica eram analisadas na base "da relação cn
tre os diferentes componentes
arquitetônicos, tais como paredes e pisos" (Ivlazar 1990, 21). Montões dl'
cerâmica encontrados no piso de uma construção eram especialmente 1111
portantes porque rcílcttam a última fase de sua ocupação. \s ,·e:t.<.·~ o mé
todo :m.Jtlllt.:tÚ111co é chamado :1 técmca de Rc.:is1wr l·tslll·I' por rnus:i de
No Início: Como Escavar wn Tel1 8\

G. A. Reisncr e C. S. Físher, que o aplicaram a suas escavações cm i\Jcgid,,


nas décadas de 20 e 30.
Após a Segunda Guerra Mundial duas metodologias opostas domina
ram a arqueologia da Palestina. J\ primeira foi o método arquitetônico. \
segunda foi o método Wheclcr Kenyon, chamado assim devido a dois ar-
queólogos influentes que promoveram o sistema.
Mortimer Wheeler foi um arque-
ólogo britânico (1890 1976) que pas- O método de Wheeler-
sou sua vida escavando grand<.'s sítios Kenyon: um método
na Grã Bretanha com cxcclentt preci-
arqueológico que
são. Sua melhor escavação foi a c:un-
enfatiza a identificação
paoha em Maiden Castle, Dorset, um
forte importante cuia complexa histó- das camadas do solo.
ria foi capaz de desvendar (FaKan
1996). Ele foi especialmente conhecido por treinar uma geração de ar-
queólogos com sua técnica de esc:wação, a qual ele expôs em seu clássico
estudo ArchaelogyJron, lhe ]!(Ir//, ( 1954).
Wheeler acreditava qm: a ch:ivc para a arqueologia era uma escarnçào
precisa, observação e registro d1 is níveis de ocupação. Sua tese básica era a
de que "a observação de camadas superpostas e as características e artefa-
tos nelas dariam uma cronologia acurada para se trabalhar, um esquema
essencial para estudar os numerosos fragmentos de panelas de barro e ou-
tros achados da escavação" (Fagan l 978, 17) ..\o uwés de adotar o método
arquitetônico, que se baseava nos registro::; <le pesquisadores e arquitetos,
Wheeler estava convencido ele que de,·ena se dar muito maior atenção à
interrelaçào entre as estruturas, objetos e escombros. Em seu sistema, a
1denuficação das camadas do solo era a atitude preponderante.
A arqueóloga britânica Kathleen Kenyon concordou plenamente com
Wheeler: "A ciência da escavação é dependente da interpretação da
estratificação do sítio, ou seja, das camadas do solo associadas a ele" (Kcn) on
1957, 69). Suas escavações em Jericó na década de 50 aplicou o enfoque de
Whecler a respeito das camadas de escombros à arqueologia da Palestina.
O sistema requer, antes de tudo, uma escavação cuidadosa de trtn
che1rns de teste com a finalidade de determinar precisamente a estratific:aç~, 1
do tel1 anteriormente à escavação completa (Albright 1971, 21). lst11 prn
pc ,n:inn:i um,1 pré· visão das caml'das do solo (JUC será l'llCc 11111 ode 1 111.11•,
1.11 dl' 1)1f1·n•nt1• dn mt"•tmlo attJllltctt'in1co, a csc:1vaçàu suhSclp 11:ntt· J Pt 1r,1
84 . \rqueologta nas Terras Bíblicas

pequenos quadrados ao invés de expor áreas inteiras (Moorey 1991, 95).


Seções verticais chamadas faixas são deL'-adas do nível da superfície para
baixo. 1\ faixa registra o relacionamento vertical de uma camada de solo
com a outra e o relacionamento da arquitetura com as várias camadas.
Assim, o sistema proporciona controle detalhado Ja área de escavação.
A maior fraqueza do mé-
Faixas: Seções verticais não todo Wheeler-K.enron é "a fal-
escavadas deixadas entre os ta de exposição horizontal con-
quadrados de uma escav,1çiio cisa" (rv1azar 1990, 25). Os qua-
drados escavados são freqüen-
arqueológica para registr,1r .1
trmente muito estreitos. Uma
relação das camadas do solo. cxpos1çiio mais ampla é neces-
s1íria, tal como a proporcionada
pelo método aa1uitl'ltJ11iu1. Um lil'gu11d11 pn,hkma com o método \'v'heeler-
Kenyon i.· uma co11scit·1H:1:1 11i:1dcl111ad:1 dos "processos de formação do
sitio," isto é, :is :11iv1d:1dl'!) <.:ulrurnis l' natwais c1uc formaram os depósitos
du tel1 (DcH·t t<J<J2, %1). O sistema é preciso cm relação às camadas do
solo l' sl'US rdacion:tmcntos 1:om a arquitetura e outros objetos, mas pouco
nos diz a respeito da lustória da tecnologta, comércio, e assim por diante.
1\mbos us problemas têm sido discutidos nos últimos anos. 1\ falta de
cxpos1çao ampla tem sido respondida pela íntegraçào dos dois sistemas
básicos: o método arc1uirctônico e o estratigráfico agora são empregados
conjuntamente. Foi alcançado um equilíbrio no sentido de que agota as
escayações expõem grandes áreas mas com controle estratigráfico aprop11-
ado e análise das camadas do solo (Dever 1974).
O segundo problema está
Nova Arqueologia: um sendo solucionado com a apli-
movimento recente que cação da chamada Nova Arque-
requer uma abordagem ologia para o estudo <la Palesti-
interdisciplinar na arqueologia. na. li.sta abordagem multi<lisc1-
plinar ínclui ciências naturais e
sociais. Os escavadores "come
çaram a prestar atenção aos resqtúcios da flora e fauna, traços de sistemas de
subsistência do passado, evidências para mudanças ambientais, e realmente
lor/(J.r os dados sobre as culturas materiais que por acaso haviam sido prcscr
,·ados nos registros arqurológicos" (Dever 1992, 355). Desta manctra, c:-tu
<1, >S n 1mu l.'cologia. etnologia, e teona geral <los sistemas tt·m !'il' tornnd,,
p.11 lc e p:m:1·b do tmbalho ele t·:-c:n·:1çiio na Palestina (De.•, c1, t<>H 1, 15).
No Início: Como Escavar um Tell

Escavações Hoje
Tem se escrito muito a respeito de teoria e procedimento de esc;n a
ções (Blakely e Toombs 1981; Chapman 1986; Dever e Lance 1978; J~ rankcn
e Franken-Battetshill 1963, 8-18). Nosso propósito aqui é dar uma olhada
rápida nos passos básicos utilizados na m:uona dos projetos de escavação
na Palestina: escavação, registro apropriado e publicação.

Escavação
Normalmente a escavação começa com o desenho de um sistema de
grelha sobre um mapa topográfico e.lo própno tell (Fritz 1994, 56). O pro
pósico desta demarcação é localizar precisamente as áreas selecionadas para
escavação e deixar outras áreas específicas não escavadas, de tal forma que
no futuro arqueólogos possam fiver trabalhos adicionais naquele sítio.
Depois das áreas de esc:waçào terem sido escolhidas, quadrados indi-
viduais (geralmente de 5 X 5 rrn:trc ,s) i;iio delimitados por postes de metal.
Esta grelha de quadrados é "a c~t rui urn para a escavação; faixas <leixadas
entre os quadrados formam sc1/1l'.!'> d:ts camadas de terra, e o exame destes
ní,·eis durante a escavação possibilita uma observação estratigráfica mais
precisa" (Mazar 1990, 24).
Anteriormente ao trabalho com força total, o arqueólogo freqüente-
mente sulcará uma trincheira tt·ste uu sondará para obter uma prévia do que
existe embaixo. Este buraco pode ser Úttl para antecipar a estracigrafia e cro-
nologia da área a ser escavada.
Uma vez começada a escantçào, o principal enfoque da mesma é o
controle tanto na dimensão vercical c1uanto na horizontal. Tal controle "é
exercido pela combinação de técnica e supernsào" (foombs 1982, 89).
Hoje, o número de pessoas trabalhando na supervisão é grande, com cada
quadrado debaixo da direção de um membro do corpo de assistentes. Cada
supervisor de quadrado mantém um diário do trabalho da escavação, ma-
terial encontrado e observações.
, \ escavação é feita a mão. Dependendo da situação, são empregadas
fcrrnmentas diferentes. Por exemplo, para remover escombros soltos, inú-
teis, uma picareta e uma enxada podem ser usadas. Para operações mab
delicadas, tais como o resgate de corpos sepultados, uma p1c:1rct:1
odontológica e uma pequena escova são mais apropriadas.
No prnccsso da cscaYaçào, o solo de uma cnmada l' retno\'Ído, ('( ,!11
1 ad11 l'll\ um h11kk t'S\ :1ziado t·m um carrinho dl.' m~11 l' dt'p11si1.11I, 1 e111
1
86 ,-\rqueologia nas Terras Bíblicas

uma área pré-designada para entulhos. Fragmentos de cerâmica são sepa-


rados da camada do solo e colecionados em cestas ou baldes numerados. ,\
cerâmica é "lida" mais t.'lrde de forma c1ue uma data geral possa ser atribu-
ída a sua camada de solo.
O aparecimento de uma nova cama<la deve ser observada; isto é
feito através do reconhecimento de mudanças na cor e composição da
terra. Os Munse// Soil CoforCharls !Gráficos ele Cores do Solo de Munselll
são m uito úteis no processo (Munsell l 9S4). Novas cestas são providen-
ciadas para cada camada, de tal forma c.1ue a cerâmica de cada camada
pode ser mantida separaclamentl·.
Se paredes de uma cstJ·uturn ou insrnlaçào começarem a emergir, são
escavadas cuidadosamente.: l' atllhlll Sl' a l'l:1s números de local. 1\ssim que as
paredes vão aparecendo, o arlJ\ll'oloí-',º f1<.::1 de olho aberto para o aparecimento
de um piso. Deve obscn ar se lllll' :t "prt·scnça de um piso é freqüentemente
anunciada por um auml·11t<, 110 mimem e tamanho e.los fragmentos cerâmicos"
(Fritz 1994, 57). Fragmtntos encontrados no piso <lc um cdificio geralmente
espelham a última data <lc sw1 ocupação.
As seções (ou faixas) de um quadrado requerem atenção especial. Por
revelarem quais camadas têm sido escavadas, elas precisam ser mantidas
retas e organizadas. Elas funcionam como um controle necessário face a
face com a seqüência estratigráfica.

Registro
Escavação é destruição. Uma vez removidos, os resquícios não po-
dem ser repostos. Assim sendo, é essencial que um projeto arqueológico
empregue um sistema de registros detalhado e conciso. Um sistema típico
consiste de quatro partes básicas:
1. As obseruações e desenhos dos snpervisores dos quadrados. As observações de
um quadrado de escavação devem ser narradas diariamente por um supervisor.
O diário de escavação inclui uma lista de materiais encontrados (lista de ces-
tas/baldes), uma lista de locais com um sumário ou descrição de cada local,
um plano p rincipal e desenhos das seções.
A figura 4 é um exemplo de uma
Seção: uma face vertical planta superior. Na planta são indicados
de uma faixa que mostra o campo e a área de escavaçno, a dara do
as camadas de solo desenho, a escala e n d1rl'ç:io. Na rl'ptT
Sl'ntaçiio do l)U:idrado dt· CM' ,1\'ll \ :IO os
No Início: Como Escavar um TeU 87

vários números de locais designando camadas específicas, paredes e 1ns1:1b1


ções são registrados e inseridos em um retângulo (e.g., 026). Tambérn s:1,,
registrados ao final de cada dia elevações em relação ao nível do mar (c.g., x
63,54 metros). As localizações precisas onde a cerâmica e outros materi:us
foram descobertos podem também ser indicados na planta superior.
O supervisor de um quadrado também providencia desenhos da seção.
Incluídos nestas representações das seções verticais das faixas estão os nú
meros dos locais de várias camadas, paredes e pisos (veja fig. 5).

Figura 4
Planta superior de uma Área de Escavação

FOSSO

1
6 JUNHO 1977
Figura 5
Seção Vertical de uma Área de Escavação

FOSSO

Campo 4 Área L78


No Inicio: Como Escavar um Tel1 89

2. Desenhos arquitetônicos. O
trabalho de um arquiteto projetista ln situ: a localização original
é desenhar todas as estruturas e de um objeto encontrado
instalações desenterradas durante em uma escavação.
a escavação. Cada pedra é medida
e desenhada em escala. Depois da escavação completa, o arquiteto dese-
nha um conjunto de planos representando a strata individual. Começa en-
tão a surgir uma idéia de c1 >m<, as construções c.la cic.lade se pareciam du-
rante períodos particulare-;. 1~11lJUanto as plantas dos supervisores arqueo-
lógicos se focalizam num c.1u,1drado, os desenhos arquitetônicos incluem a
área toda da escavação.
3. Fotogrqfia. Tudo que [.• d,:scoberto numa escavação, com exceção de
escombros e fragmentos do cmp() principal de um vaso (que oferece pou-
ca informação a respeito do cnigi11.1l), dew ser fotografado. Isto tem de ser
feito enquanto o objeto cst.i in si1u. A fotografia proporciona a documen-
tação visual de onde alguma coisa foi <.:ncontrada e como ela se relaciona
com outros materiais do tel1. 1isll! :m1ui\·o eleve ser muito bem feito, por-
que é a base do que será publicado mais tarde.
4. Índice de t11ateriai.r mm11/rfl(/o.r (i\.l111 m.-y 1981, 63). Para cada objeto
encontrado, exceto cerãmtca, designa-se um cartão de arquivo. No cartão
encontram-se informaç<lt·s signiíicantl'S tais como o local no qual o mate-
rial foi encontrado, a data e uma dcscriç:io geral dn 11bjeto (Ycja fig. 6). Mais
tarde estes objetos são limpos, desenhados e fotografados. Alguns achados
podem também necessitar trabalho de restauração e conservação.
Figura 6
Cartões de Arquivo Registrando a Descoberta de um Pequeno Objeto

AREA L SUPERVISOR JC

. SQUARE 78 _ LOCUS 027


_08J.E.CI.Q2-_ - J)AIE:_ 1.7/6
jiES.Õ.RlEl]QttÊ..Sl::lfBMAN'S NEEOLE. _ _;~i
~~ ~Na- -~~~:-:

·-----~- -7
90 Arqueologia nas Terras Bíblica~

Com a finalização do trabalho de escavação e registro, o escavador deve


ter bons e apropriados dados para reconstruir a história de um tel1. "Quando
o trabalho da temporada termina, o escavador tem um registro completo do
sítio. Ele tem plantas das paredes as quais ele pode provar serem contempo-
râneas com os mesmos pisos por sua associação. Ele tem cerâmica e objetos
de vários níveis, com seções medidas para prm"ar a quais dos vários períodos
de construção eles pertencem" (Kcnyon 1939, 35).

Publicação
O passo final é publicar os n:suhados da escavação. De fato, "o único
significado prático da rcconstruç.l<, da escavação de um tel1 é o relatório ou
publicação. Portanto, com·cm a toJos os arqueólogos escavar tão cuidadosa-
mente quanto poss1n:l, rda1a1 as t·scm·at,ot·s completamente, e publicar to-
dos os dados l' suas 111tc1pn:lac;i1cs d.1 m,111t·trn mais razoável que seu conhe-
cimento e imagin.,çiio pum1111cm" (\'an lkl'k 1988, 133-34). Este passo re-
quer análise e intcrprctaçào s1stcmát1cas dos escombros de uma escavação.
Tal análise e publicação são essenciais, porc.1uc a esc~waçào é apenas um meio
para uma finalidade: o entendimento do complexo e mutante relacionamen-
to da humanidade com o meio ambiente (Fagan 1978, 18).
Petrie, Cerâmica,
7
e Fragmentos de Potes

estudo da cerâmica é um aspecto fundamental de toda escavação


O na Palestina Q~app 1961, 1). lsto tem sido verdadeiro desde que William
U Flinders Pettie escavou cm Tell el-Hcsi em 1890. Convicto do imenso valor
do estudo da cerâmica, alegou: "Uma vez estabelecida a cerâmica de um país, a
chave para todas as explorações futuras estará cm nossas mãos. ,\ penas uma
olhada cm um outeiro de ruínas, mesmo sem estudá-lo, mostrru.-á a qualquer
conhecedor dos estilos de cerâmica tanto quanto semanas de trabalho possam
rc\·elar a um imciante" 0)etrie 1891, 40).
Arqueólogos que não dão mwta atenção à cerâmica de uma esowa-
ção subestimam o valor e a importância de qualquer cscravaçào que fize-
rem. A ignorância e ev1tação de Gottltcb Schumachcr com relação ao tra-
balho cerâmico cm Megido no início do século X.,~ fez com que seus acha-
dos fossem de pouco auxílio aos arqueólogos mais recentes (Albright 1971,
33). E, com relação a este assunto, ele não é o único culpado.

A Importância Cronológica da Cerâmica


O que existe na cerâmica que a faz tão preciosa para a arqueologia? Em
primeiro lugar, a cerâmica é a mais básica e útil ferramenta para desenvohTr
a cn mologia de um sítio. 1 Como G. Ernest
Wright disse, "Devido a quantJ.dades sufi- Fragmento de pote:
cientes de peças inte1tas ou quebradas de um pedaço de
uma dada camada, a data desta camada po-
cerâmica qucbr.1d1.
dl'11Í sei· t:stahclcc1da" (Wnght 196:?., 2,l;
.-\rqueologia nas Terras Bíblicas

, eia também Borowski 1982). Além disso, o arqueólogo pode comparar


Ct'râtrucas recoUudas de vários sítios chegando a uma seqüência de datas
relativas para uma área e até mesmo uma ordem cronológica para toda a
Palcscina (Mazar 1990, 28). Simplificando, cerâmica "é incotnparavclmence
a classe de objetos mais útil para definir daras" (Albright 1957, 49).
A grande importância da cerâmica para a datação seqüencial vem de
sua durabilidade. 1\pesar de vasos inteiros lfUcbrarem facilmente, fragmentos
de potes são virtualmente indestrutíveis. 1~lcs não se decompõem, t:nferru
1am, queimam, corroem, c,·aporam, ou derretem. Encontra-se cerâmica em
cada camada de um síoo porque é muito durável (Borowski 1988, 223).
A un portância da cerâmica
Fragmento Diagnóstico: um para a cronologia também resulta
pedaço de cerâmica que de sua mutabilidade. Isto significa
indica o estilo e data do lJUe as características dos potes
cerâmicos (t:us como estilo e for-
vaso original,· normalmente ma) eram notavelmente padroni-
um aro, alça, ou base. :ta<los durante qualquer dado pe-
ríodo cm uma região. Contudo,
estas peculiaridades mudarnm <le tempos em tempos. Em outras pa.Ja
vras, cada período teve sua própria cerâmica típica e distinta. Os arqueó-
logos são capazes de datar qualquer nível ou camada de um sítio pelo
tipo de cerâmica que aparece nele. Entre os elementos de cerâmica que
ajudam a d istinguir um período de outro estão as formas, decoração, ma-
téria-prima e método de manufatura (Crowfoot 1932; Gonen 1973;
Honeyman 1939).
Vmiações das.Jôm11u. Todo frag-
Polimento: envernizar a mento de pote apresenta caracte-
cerâmica para selar os rísticas do vaso original inteiro.
povos e criar um Existem dois tipos de fragmentos
de potes. Os pnmetros são chama-
acabamento lustroso.
dos indicadores ou fragmentos di .
agnósticos. Nesta categoria estão
incluídos aros, alças e bases. Estes são muito úteis na ident:Ificaçào da foi .
ma e utilidade de um vaso, porque sua aparênóa mudava em inten·alos
freqüen tes. ,\ segunda categoria são os fragmentos do corpo; e::;tcs sà1 >
imuto menos úteis na determinação da forma e finalidade de um Jarro.
\'arfaçõcs das formas dos aros, alças e bases são reprcsu1ta11vas dl'
dtkll'llll'S períodos. J\ Idade do Ferro fl, por exemplo, é ll'IH< 's1 ·11H1d.1 ptlt'
Petrie, Cerâmica, e Fragmentos de Potes 93

jar ros com aros duplos de entalhe Argila: reveste-se a


profundo, uma forma desconhecida peça com uma camada
na Recente Idade do Bronze. Alguns
fina de argHa
períodos são caracterizados por va-
sos com alças múltiplas (ele quatro a oito na Idade do Ferro I); outros não
(c.g., Recente Idade do Bronze). As tigelas de certas camadas têm predo
mínantcmeotc bases planas, e as de outras camadas têm fundos abaulados.
Assim as formas da cerâmica servem como um indicador chave da seqüên-
cia de datas de um sítio e de uma regi:10.
Decorarão. A cerâmica foi tam-
bém decorada de diferentes formas Revestimento com camada
cm diferentes períodos. Ltn vasu fina de tinta aguada.
poderia ser raspado, entalhado, ou
puncionado; poderia ser revestido com argila fina, camada fina de metal,
tinta, ou esmalte; e poderia ser L'l1\'l'rnizado ou polido. .Alguns períodos
usaram técnicas ornamentais mais tJlle outros, o que os leva a serem b ons
indicadores cronológicos. Por L'Xcmplo, os israelitas fizeram pouco uso
de decorações pintadas, mas na ccr;rnuca cananita da Recente ]dadc do
Bronze as mesmas eram ullhzadas fret1üentemente. As panelas utilizadas
para o cozimento de alimentos da t\ fédia Idade do Bronze (MB II A)
eram caraccenzadas por pcd\1rnçt1es e decorações externas parecidas com
cordas. As dos períodos seguintes (t\-1B 11 B C) eram adornadas de ma-
neira diferenle. , \s ,·a1-iações na dl'coraçào da cerâmica entre períodos
são <.Juase sem fim.
A cerâmica de alguns perío-
dos é recoberta com uma camada Louça: a combinação de
de argila bem fina, aplicada ao vaso argila e material não-
para fazê-lo mais duro, facilitando- plásdco para. fazer cerâmica
se assim a pintura e o polimento.
Esta camada de argila faz o pote menos permeável, e pode também
alterar sua cor. A argila usada com este objetivo é melhor e mais rab
l!Ue a utilizada no corpo do íarro. 2 Outros períodos preferiram rc,·estlr
a cerâmica com uma camada rala de tinta espalhada na parte externa do
\'aso. 1\lgumas vezes os Jarros eram polidos, ou seja, lustrados para fa;,{·
lo!- b nlhosos e lisos.

l..<111p1. , \ essência da arte cerâmica é sua louça, isto é, sua crnnhi11açau


p,1rt11; ular de mgila l makrial não -plástico. ,\s \'l?L'S chamridus 1111 l11so1•s,
94 Arqueologia nas Terras Bíblicas

Têmpera: uma substância os materiais não-plásticos são minerais


adicionada à argila para ou fósseis adicionados à argila para pro-
duzir ccrânuca. O produto cerâmico ma-
endurecer a louça,
nufaturado varia de acordo com a região
diminuir a retração e porque a matéria-prima geralmente di-
impedir rachaduras. fere de acordo com o local. A cerârmca
é também wna pista para a cronologia
Cerâmica triturada puryuc certos períodos preferiam alguns
usada como têmpera materiais não-plásticos a outros.
M,1111dúl11ra. i\ preparação da argila
Suspensão: misturar a pl·lo oleiro também mudou através dos
argila com água para séuilos. Na P ales tina, a cerâmica
retirar as impurezas Neolítica e Calcolítica era feita a mão; a
roda vaga rosa ícz sua primeira aparição
cm Tel1 cl l•arah e i\fegido cerca <lc 300 a.C.; e a roda rápida só entrou em
cena na l\lé<lia lda<lc <lo Bronze II.,\ maneira <lc queunar também evoluiu,
<la simples fogueira para o forno e às estufas mais aperfeiçoadas. Os oleiros
usavam uma variedade de técnicas que freqüentemente diferiam de um
pedodo para o próximo. Por exemplo, alguns artesãos empregavam o mé-
todo de misturar água à argila para aju-
Ostraca: fragmentos dar a purificar a porcelana (Lapp 1975,
cerâmicos contendo 35). Além disso, adicionavam uma Ya-
escritos riedade de materiais à argila para
endurecê-la, diminuir a retração, e pre-
venir trincamente. Este processo é cha-
mado têmpera. Na antigüidade, algumas das substâncias utilizadas p ara
se misturar à água eram: palha, esterco, areia, sal e potes triturados. Perí-
odos e locais específicos normalmente adotavam uma técnica cm detn
mento de outras. Por exemplo, a ?Orcelana polida de face escura do perí
odo Neolítico quase sempre possui têmpera de palha, enquanto que ou
tros períodos nunca a usaram.

A Importância Epigráfica da Cerâmica


As vezes escavações descobrem fragmentos cerâmicos contendo ins-
crições. São chamados ostraca (ostracon no singular). Geralmente as inseri
c11L·s são curtas e feitas com tinta, variando de algumas poucas palavras a

, .ittas linhas. _\o <-JU<.: parece algumas delas foram cscntas l'l1l ll'lllP', dt· c 1tsl' ,
l1'1,1nde1 nutnis m;1t<:r1a1s dt· cscrc,cr nàn esta\'am disponÍH·is,
f) ,
Perrie, Cerânuca, e Fragmentos de Potes

Talvez a ostraca mais conhecida enconttada na Palestina sejam as Ca11:1s


de Láquis, descobertas no sítio de Tel1 ed-Duweir entre 1932 e 19 \8
(forczyner 1938, 11 -18). Vinte e uma ostraca foram descobertas, com apn,
ximadamente cem linhas entre completas e fragmentadas. Todas elas da
taro da última ocupação judaica em Laquis, antes de sua destruição nas
mãos de Nabucodonosor em 586 a.C., e assim têm grande importância
histórica (Oi Vito 1992). As numerosas ostraca de Samaria também são de
grande interesse. A esperança de descobertas similares é uma razão pela
qual na maioria das escavações de hoje todos os fragmentos cerâmicos são
lavados e examinados.

A Importância Sociológica da Cerâmica


Na década de 30 G. Erncst Wright fez um prognóstico com respeito
aos benefícios do estudo da cerâmica: "Sem sombra de dúvidas seu maior
valor no presente é cronológico; ainda que no futuro talvez permita a estu-
dantes de etnologia, comércio e assuntos correlatos fazer deduções multo
mais amplas das evidências cerâmicas, para as quais existe tão pouco terre-
no atualmente" (Wright 1937, 1). Seu prognóstico se confirmou. Arqueó-
logos hoje usam a análise cerâmica para entender melhor o contexto cultu-
ral no qual os vasos foram feitos (Shepard 1956; Nicklin 1971; Johnston
1974 e 1986). De fato, uma "abordagem abrangente da tecnologia cerâm1-
ca da Palcsttna pode proporcionar uma <limensãc viva aos registros arque
ológicos" (Glock 1975, 10). Este campo de pesquisa é chamado ecologia
cerâmica ~Iatson 1965).
1\ ecologia cerâmica pode nos proporcionar importantes cntérios cm
várias áreas da cultura antiga:
1. A natureza da indústria cerâmica em um sítio particular ou cm
uma região. r\ análise dos potes cerâmicos fornece informação a
respeito da tecnologia do artesão, a organização dos oleiros e o
tipo da oficina. Ela pode, por exemplo, nos dizer se os oleiros u!>a
vam uma úruca roda , uma roda dupla , ou nenhuma.
2. ,\ difusão de um estilo de cerâmica numa região. A ecologia cerâ-
mica procura explicar o mecanismo para esta difusão e sua t.mpli
cação no comércio.
.t 1\ função doméstica da cerâmica (Wood 1990).
Rcsunundo, o estudo sociológico da cerâmtca nos ajuda a rl' tc ,nst 11111

:i l ompkxid;tlk e.la tecnologia cerâmica antiga e entender o oleiro, Sl ' ll 11 , 1


li,1lh1), s u:i :,;r,cil'lladt:, ,ua família e sua c1d:idc.
96 Arqueologia nas Terras Bíb;icas

O contexto cultural da manu-


Análise de Ativação de
fatura cerâmica é uma área de in
Nêutrons: procedimento vestigação que ainda está
científico que estabelece o engatinhando. Duas formas de aná-
traço exato dos elementos lise cienúfica demonstram grande
da argila esperança nesta disciplina nascen-
te. 1\ primeira é a análise de ativa-
ção de nêutrons, que proporciona
a configuração exata do traço dos elementos da argila usada na cerâmica
(Kaplan 1976). Assim, pode-se determinar se a argila é de manufatura local
(Perlman e A saro 1969). A A tl\'ação Je Nêutrons foi usada, por exemplo,
em urnas de argila encontradas L"tn Deu cl Balach. Os esquifes pareciam
estar relacionndos aos sarc6f:tgos eg1pc1os; desta forma, alguns arqueólo-
gos pensaram que.: c.:les dc\'crtam ler \'llldo do Egito. Contudo, a análise por
ativação de nêutrons demonstrou yue a argib era de ongem local ao invés
de ter sido importada <lo Egito. Como resultado, os arqueólogos iniciaram
uma busca por uma instalação de manufatura de esquifes.
O segundo procedin1ento ci-
Análise Petrográfica: exame entífico é a análise petrográfica, que
microscópico que requer exame microscópico de se
proporciona dados sobre a ções finas, transparentes de cerâmi-
ca (Amiran e Vroman 1946). Este
composição física da argila. teste fornece dados da composição
física do utensílio cerâmico, isto é,
que tipo de argila foi usada, que tipo de têmpera e assim por diante. O pro-
cesso requer o corte dos fragmentos cerâmicos em seções, providenciando
amostras adequadas para análise microscópica.

Procedimentos para Escavação de Objetos Cerâmicos


Como temos visto, os arqueólogos utilizam a cerânúca para datar as
camadas de um outeiro e os artefatos descobertos no mesmo. Eles terão
sucesso, contudo, apenas se colecionarem os fragmentos e vasos inteiros
de maneira controlada e sistemáàca. Se feita casualmente, a coleção c.k
cerâmica é dei.."Xada aberta a intrusão, e quaisquer resultados são claramente
suspeitos. ,\ssim, a organização do colecionamento da ccrâ•,uca e os rcLt
rónos é críuca para uma boa técnica arqueológica (Blakcl) e Trn ,mb~ 19H 1:
l )cwr ,. Ln nn: 1978; Segcr 1971 ).
Figura 7
A Evolução das Panelas na Palestina

MB IIA MB li B-C

D f--
LBI

V
LB li FERRO 1

FERRO li A-B FERRO li C


98 .-\rqueologta nas Terras Bíblicas

O primeiro passo é escavar os fragmentos e colocá-los num balde.


Cma etiqueta no balde identifica o local onde a cerâmica foi encontrada.
Além disso, o arqueólogo aponta com exatidão a área da descoberta numa
planta principal, assegurando uma correlação apropriada da camada, o lo-
cal, e a cerâmica. Deve-se notar que a data de um local ou camada é deter-
minada pelo último fragmento cerâmico encontrado no mesmo (o terminus
ad quem).
Depois da escavação, a cerâmica é lavada e então examinada para ver
se possui inscrições. Inc.ltcac.lorcs t· grandes fragmentos de corpo de cerâ-
mica são pincelados c deixados a secar .\o final de cada dia de escavação, o
arqueólogo "lê" a ccrnnrn:a, piinwiramcntc os fragmentos indicadores, para
datar o local. Estcs f1agmn11os s:in marcados com o número do local.
No laboral!'irio de esc1va<;ào desenha se csboços dos fragmentos di-
agnósticos e dos vasos tntcir< ,s. l '.lcs são reprt·scntados de perfil. Para vasos
intcu·os, o lado csyucrdo da ,lustração retrata a aparência exterior do jarro,
enquanto que o lado direito representa o plrro cm seção. A comparação
dos desenhos de cerâmica de camadas diferentes serve para indicar como
as formas mudam através da história (veja fig. 7). Logicamente, se os mate-
riais cerâmicos são escavados, manuseados, registrados e ilustrados propri-
amente, eles podem ser de imenso valor para aumentar nosso conhecimen-
to dos tempos bíblicos. 3
Construções
8

e om o desenvo lvimento ela csca,·ação, as características


arquitetônicas ele um tell se destacam. Estas características são
comumente divididas cm duas categorias: construções e fortificações. r\
primeira é bastante ampla, incluindo todas as estruturas feitas pelo homem
exceto fortificações: domésticas, públicas e edifícios sagrados. f ortifi.caçõcs
incluem estruturas defensivas como paredes externas e portões. Nosso obje-
tivo neste capítulo é examinar o desemrolvunento destas duas categorias
arquitctôrúcas durante a história da Palestina antiga (Ben Tor 1992; Frankfort
1954; Fritz 1995; Kempinski e Reich 1992).
Na maioria, as formas
arquitetônicas da Palestina são dis- Temenos: uma área sagrada
tintas das áreas vizinhas. As vezes, anexa para práticas cúltícas
pode-se traçar paralelos entre a Pa-
lestina e a Mesopotâmia ou Egito, mas geralmente não. Em outras pala-
vras, existem algumas influências externas nas práticas arquitetônicas da
Palestina antiga, ainda que esta tenha desenvolvido uma tradição própria
de construção.
O maior problema cm tentar defirúr a tradição arquitetônica da Pa-
lestina antiga é que "realmente não existem edificações antigas que te-
nham permanecido acima do solo como monumentos" (Wright 1985,
1:2). Arqueólogos desenterram ruínas, freqüentemente tendo apenas a
fundação in situ. Devido aos prédios terem sido destruídos, nossas 1dc1as
:1 respeito de elementos tais como estilo de telhado são frcqucntcmcntl'

apu1,ts cspl·culaçào. Quase toda reconstrução de uma cc.lif1cnç,10 :11111~:1 (_,


ln llll :'\, b;1,t:;1da l'lll dt::,;l ros ns. Sq.1 como fw, :1111d;1 p1 idl'lllC IS Ili JS .1 sse
100 .\.rqueologia nas Terras Bíblicas

gurar de gue nossa compreensão a respeito da tradição arquitetônica da


PalestJ.na antiga é correta.

Antiga Idade do Bronze (3200-2200 a.C.)


Arcf'IÍ/elura doméstica. Começamos nosso estudo da arquitetura com a
Antiga Idade do Bronze porque é uda como o primeiro período de urbani-
zação na Palestina e c1uando os edis começaram a aparecer em larga escala.
No início deste período dom1na,·am casas curvilíneas. Contudo, na maior
parte do Bronze Antigo n p11nc1pal fnrma era a casa de cômodos amplos.
Entre suas características i.'SLl\'a uma ut11ca entrada cm uma das paredes
longas, bancos ao longo das parctks internas, e um pilar central de suporte
do telhado. ~foitas casas t1nha111 um p:Íllo nn fo.:nte. Exemplos excelentes
podem ser Yistos nn sítio de .\ rndc no Ncguebc.
lrquitet11ra J{lc'f'<l. l louvc gran<le din:rs1da<lc de arquiteturas de tem-
plos neste período. Por exemplo, templos de dois grandes compartimentos
do Bronze Antigo II têm sido descobertos em l\1cg1do. As salas eram inter-
ligadas e tinham um altar lateral. Uma parede circulava toda a área sagrada
(temenoJ). Estes templos foram seguidos no Bronze Antigo III por uma
série de santuários chamados de templos megaron, cada um deles com
uma antecâmara. Na Área T em Arade duas construções conectadas por
uma parede comum haviam sido apelidadas de Templos Gêmeos. Um dos
compartimentos continha uma plataforma elevada (bãmãh ) e uma bacia
forrada por pedra, ambas provavelmente utilizadas com propósitos cúlticos.
Um templo monumental com uma parede circundando o recinto sagrado
foi encontrado na acrópole de Ai
Arquitetura p,íblica. Poucos palá-
Bamah : uma cios têm sido descobertos, o mais no-
plataforma elevada ou tável deles é o elaborado Palácio 31 77
"alto" usado para em Megido. Outro dos mais intrigan-
tes prédios públicos do período foi a
adoração.
ossuário, exemplos da gual foram en-
contrados cm Megido e Bab edh Dhra.
Estas construções serviam como depósitos para ossos humanos enrcrra-
dos pela segunda vez. Seu estilo era similar ao das residências de cômo-
dos amplos da época. Existem, todavia, poucas amostras que eram c1rcu
lar<.", na planta.
Construções 101

Uma estrutura pública singular


era o armazém circular. Encontrados Ossuário: um cômodo
em grupos em K.hi.rbet Kerak e Arade, ou edifício usado como
estas construções tinham a forma de
depósito para enterros
casas de abelha e mediam cerca de três
metros e meio a sete metros de diâ-
secundários de ossos
metro. Presumivelmente os homens humanos.
despejavam os grãos no topo do pré-
dio através de um alçapão, e o grão
era extraído no fundo através de um alçrip~o smular (Currid 1985 e 1986).
'l:'011ijicafÕes. Os sistemas de defesa durante a .\ ntiga Idade do Bronze
eram maiores e mais fortes que <1un1st1ucr fortificações anteriores. O proje-
to de Arade é um exemplo notá\·el. ,\ prireJc externa que circundava o sítio
tinha cerca de d01s metros e meto de espessura e se estendia por cerca de
um quilômetro, fechando uma área de aproximadamente 9 hectares. A cada
dezoito a vinte e quatro metros (dependendo do contorno do sítio) foi
construído um baluarte semicircular no interior da parede externa. Estas
torres mediam de três a três metros e meio de diâmetro. Entrava-se no
baluarte através de um portal no muro da cidade. J\ entrada da cidade era
através de portões laterais que mediam não mais que noventa centímetros
a um metro e vinte de largura.
No Bronze Antigo houve uma
similaridade de estilo através de toda Portões laterais: uma
a Palestina. Os glacis, fortificações abertura estreita que
oblíquas feitas com o objetivo de
serve como uma entrada
proteger a base da parede externa da
fortificação do tel1, pode ter apareci-
subsidiária nos muros da
do pela primeira vez na Palestina cidade.
nesta época.

Média Idade do Bronze (2200 - 1550 a.C.)


A transição entre a Antiga e a l\1édia Idade do Bronze foi bastanll'
dramática. As principais regiões de ocupação se tornaram áridas, pnt11 1
paimente a área central do Neguebe e Sinai. A arquitetura na rr:1ns1c ,1n
foi pobre, demonstrando uma alteração radical com relação ns co11 s 1,,,
çocs cio Bron7c ,\ ntigo. Por exemplo, ao itwés das casris de amplqs e ( 1111 ~,
dos do Bronze . , \nugo, as moradias riµ;orn cons1st1:11n tk um:, ,',nica, 1 11111 1
102 Arqueología nas Terras Bíblica:.

arredondada, bem pequena, com um pilar central para suportar o telhado


de pedra. Somente na segunda metade da Média Idade do Bronze foi que
w11a tradição arquitetônica altamente desenvolvida emergiu (Da,·iau 1993).
,·-1tqllile/11ra doméstica. Como nmos, o estilo de cômodos amplos do
Bronze Antigo cedeu lugar a pequenas câmaras redondas. No meio desta
fase, contudo, as casas se tornaram complexos de vários cômodos
constnúdos ao redor de um salão ou pátio central A maioria também pos-
suía um segundo piso,
/Irquz/elura sacra. r\ tradiç:io dos tcmplos de cômodo amplo continuou
no Bronze Médio, exemplos dos tiuais incluem estruturas retangulares en-
contradas cm l lazor (Arca •\) l' un l ·'.bla (Mazar 1990, 212). A modificação
principal no estilo dos templos durante.· este período foi o surgimento de
templos de l\ligdol. Estc.·s eram c.·struturns c.1uadradas ou retangulares monu-
mentms com duas turr<:s mauças na entrada. Os mdhorcs exemplos têm
sido clcscntcrrnclos cm S1yuém e l\1eg1do.
lrquilel11ra plÍblira. Várias estruturas palacianas <lo Bronze Médio têm
si<lo escavadas (pelo menos parcialmente) na Palestina. Algumas, como os
exemplos de Mcgido, eram grandes complexos arquitetônicos. Um dos
edifícios cm Mcgido continha dois pátios e dez a vinte cômodos subsidiá-
rios. /1, pesar de não serem grandes para os padrões do antigo Oriente Pró-
ximo, tais estruturas eram Ín1pressionantcs no contexto da Palestina.
Além disso, o planejamento urbano se tornou mais definido do que no
Bronze Antigo. ''Pode-se aniscar que havia, no mínimo, um canunho coná
nuo ao redor da periferia do outeiro e que cada setor, bloco ou divisão era
servido por pelo menos uma rua que oferecia acesso direto a este caminho
periférico.,. Dentro dos termos de seu layout a diferença significante do
Bronze ,\ntigo, no aspecto geral da cidade, era que neste último período as
cidades eram muito mais densamente ocupadas e assin1 as construções esta-
vam mais próximas" (\'v'right 1985, 1:55).
Fortijicarões. Durante o Bronze Médio II, as defesas dos outeiros se
tornaram muito grandes e elaboradas. A maioria das cidades era agora
circundada por imensas e sólidas paredes externas. Em Gczcr, por cxem
pio, uma parede de três metros e meio circundava a cidade. ;\s entradas
da cidade através das paredes eram pro,•idenciadas por enormes port<1cs
de várias câmaras, uma inovação do Bronze Médio. O portão dt (;tzcr
111cluín <luas torres de tijolos de barro 9ue auxtl1:wam na dcfosa da cidadl·.
< )utrn cxunplo not:h-el era o portiio ,k tiJcilos d,· barro t·111 nlH'ili11da dt'
Construções

Tell Dan. O arco foi um aperfeiçoamento dos estilos prévios, os quais,


sendo retos e feitos na maioria de madeira, pod,am ser facilmenlc
destruídos. O portão, é claro, era a parte mais vulcerável numa cidadc
antiga e tinha que ser protegido. O portão de Tell Dan era mais seguro do
que a maioria porque uma pavimentação de pedraf conduzia a ele. Este
modelo impedia que carruagens, aríetes, e outros veículos de guerra ti-
vessem acesso ao portão.
O glacis foi largamente empregado nas fortifica;ões do Bronze Médio.
Hazor, o maior tcll da Palestina desta época (13 - 81 hectares) tinha um
glacis circundando a cidade mais baixa e outro ao t"dor de sua acrópole. O
portão de entrada em arco de Tel1 Dan crn unido a um glacis pelos dois lados.
Pela primeira vez também apareceram os fossos. Em Acco e Aczibe wn
glacis e um fosso foram usado~ conjuntamente.

Recente Idade do Bronze ( 1550-1200 a.C.)


Na primeira parte do Bronze Recente ocorreu um grande declinio
no número de sítios povoados. Parece não ter ha,·ido nenhuma quebra
populacional nesta época, mas muitos sítios foram abandonados. Algu-
mas cidades foram destruídas por invasões egípcias repentinas. Na úlu-
ma parte do Bronze Recente, contudo, muitos dos sítios que haviam sido
abandonados foram repovoados, t:us como Tel1 Beit Mirsim e Jericó. De-
vido à aparente continuidade da população do Bronze Médio para o Bron-
ze Recente, grande parte das formas arquitetônicas permaneceram as mes-
mas ou eram similares.
/1.rq11itel11ra doméstica. i\ casa comum do Bronze Recente consistia de um
pátio central cu·cundado de cômodos por vários lados. O estilo e proporções
dos cômodos parecem ter variado. Este estilo de casa, visto primeiramente
no Bronze Médio, continuou durame e dominou o Bronze Recente. Têm
sido descobertas grandes casas nobres cm Megido, Taanaque, e A fequc (1\lazar
1990, 246). Elas consistiam de um pátio central amplo, circundado por ct,
modos <lc bom tamanho e corredores.
·1rq11itel11ra sacra. Tal como nas residências, verifica-se uma associa\'ª',
bem próxima entre os estilos do Bron7e 11éd10 e Recente nas cst, 111111 n
<los templos. ,\lguns dos maiores templos foram construídos orig1111tl111111
tt· no Bronze Médio e então reconstruídos ou reformados no lh1111;,,• H,
u:ntt·. Bons exemplos foram encomrac.los cm I Iazm ( l cmplc, 11) t 1 111
L\kgido (I't·mplo dn 'lmrc). O últ11no foi construído no lhe ,117c t,.,lt, h,, l l 1
l (H
•\.cqueologta nas Terras Bíblicas

não dei.'<ou de ser usado até o século XII a.C., cobrindo um período de
aproxunadamente quinhentos anos.
Houve uma grande variedade no estilo dos templos do Bronze Re-
cente. Parece que o tipo principal foi uma estrutura monumental de cômo-
do amplo. A entrada guiava de um vestfüulo ao salão principal. A parte
mais sagrada do templo ficava localizado no salão principal oposto à entra-
da. O projeto da construção era simétrico. O Templo II em Hazor e o
Templo da Torre cm Megido seguem o mesmo padrão.
Exemplos de projetos de tem
Entrada Curva: uma pios irregulares são numerosos. Os
entrada próxima ao final templos <le fosso de Láguis foram
de uma das longas construt<los de fora do tel1, dentro
paredes de um cômodo do ~1nt1gn fosso do Bronze Médio
tJtll.: hm·ia circundado a cidade. To-
retangular ou edifício.
dos l'Stl':- tt:mplos tinham uma entra-
da curva <.1uc ficava próxima ao final
de uma <las longas paredes e lcva\'a a uma snl:"io prmcipal. No salão prin-
cipal havia um altar e bancos. O telhado era sustentado por uma série de
colunas de madeira.
Arq11itet11ra ptíblica. Sem dúvida o mais notável complexo palaciano <lo
Bronze Recente estava em Megido. Em essência seu projeto era como o
velho palácio do Bronze Médio no sítio: uma série de cômodos ao redor de
um pátio central. O complexo de Megido evoluiu gradualmente de uma
estrutura quadrada no século 1-.·vr para uma retangular no século XIV: A
principal diferença entre este prédio e os palácios elo Bronze l\lédio era
suas paredes sólidas. O prédio foi destruído no século XIII.
Fo,tijicafÕe.r. Curiosamente, os sítios do Bronze Recente unham uma
carência quase total de sistemas de defesa. Não foi descoberto qualquer
muro de cidade nos tells mais importantes como Mcgido e Láquis. Cidades
que tinham alguma fortificação, como Hazor, simplesmente copiaram o
proieco de sistemas anteriores do Bronze Médio.

Idade do Fe rro (1200-586 a.C.)


Dt·,ido à vasta quantidade de material da Idade do Ferro, faz se ne -
<,;(':; ... a1111 dt\ldt-la em duas partes: a Idade do Ferro I (1200-1000 a.C.) e.:

l, l.11 li• d(I 1:crm IT (1000-586 a.C.). De uma perspectiva sócio política esta
cl1\ 1s,1,, í• :ip1tlp.-iada porque no primeiro período Israel era uma confcdera-
'i 1t1 11il,nl lt, 1t· t', 11;1 11l111na, uma 111onarqu1a,
1
Construções

idade do Ferro I (1200-1000 a.C.) Casa de quatro


lrquilel11m doméstica. Um tipo distinto
cômodos: uma
de residência se tornou comum na Idade do
!•erro l . , \ casa de quatro cômodos era um
residência retangular
projeto retangular com uma entrada cm um com três longos
dos lados menores. Dentro haYtam lJUatro cômodos paralelos e
cômodos, três dos quais longos e paralelos um amplo cômodo
e um cômod o amplo aos fundos (Shiloh nos fundos
1970). Filctras de pilares dividiam a casa cm
cômodos e provavelmente sustcnt:\\':u11 o te·
lhado. Enquanto que estas cslrutt1ras s~o chamadas freqüentemente de casas
israelitas de quatro cômodos, esta i: uma designação limitada porque tam-
bém foram encontradas no co1111.·xt1, lilistcu durante a Idade do !•erro. Além
disso, o proieto Jc LfUatto ci>1n11dos parece ter udo antecedentes na Idade
do Bronze antes da ocupação da tcna por Israel.
Arq11itet11ra sacra. Dcsco11li1.·Cl··:-1.· respeito de templos no contexto
a
israelita da Idade do ferro l. Contudo, algtms estudiosos acreditam terdes-
coberto os destroços de santu,ínm, 1clig1osos (não templos). Adam Zertal
(1985), por exemplo, prnpt,s lJlll' um s:mt1.1ário israelita existiu no Monte
l •'.bal. Sua proposição não tem 1:tK< ,1111~1d< >grande aceitação (Kempinski 1986).
Complexos de templos mais importantes foram descobertos cm Tel1
Qasile, que estaYa sob o controle filisteu na «'.:poca. Entre 1150 e 1000 a.C.
três templos foram succssi,·amcnte construídos no mesmo sítio. Outro san-
tuário foi encontrado cm Sarcpta, um porto fonício próximo da fronteira
norte de Israel.
/1rq11ilet11m j>IÍblica/jàrtijica(Ões. Quase não se encontram construções
monumentais como palácios nos povoados israelitas deste período. O ópi-
co sítio israelita era uma vila pequena contendo uma grande quantidade de
casas de quatro cômodos e pouco mais que isso. "1\ imagem 9ue temos
<lestas primitivas ,·ilas campestres é de uma cultura muito simples, certa-
mente empobrecida, de alguma forma isolada sem grandes tradições arás
ucns ou nrqu1tctônicas" (Dever 1992, 42). ;\ maioria destas vilas não cm
fn rttficada e não tinha muros externos em volta da cidade. As únicas cxc1:
çoes parecem ter sido I lar 1\dir e Giloh, onde descobriu-se, respcct1va-
1ncntc, uma fortaleza quadrada e uma torre alta fortificada .. \s casas ele
vem tl.'r sido agrupadas cm alguns sítios, tal como lzbet Sartah, par,1 pos~i
li1litar proll'1,'.:t<1 parn toda :i comurndadc (F1nkclstun 11)88, 76).
106 Arqueologja nas Terras Bíblicas

'\Jos sítios sob o controle filisteu as circunstâncias eram muito dife-


rences. Por exemplo, grandes palácios foram encontrados cm 1cll Miqnc e
tahez cm Tel1 Qasile. Muitas cidades filistéias eram intensamente forúficadas.
Em Asdode e Ecrom foram revelados sólidos muros das cidades. O plane-
jamento e desenvolvimento urbanos nas cidades filistéias eram muito mais
avançados do que nas israelitas.
Caracletislicas diversas. Foi durante a Idade do Ferro I que a prática
agrícola cm terraços iniciou-se nas áreas montanhosas da Palestina (de Gcus
1975; Ron 1966; Stager 1982). Esta nova técmca permitiu ao fazendeiro
cultivar solo anteriormente intocado. Um hum exemplo ocorreu em Khirbet
Racldanah (Callaway e Cooley 1971).
Durante a Idade do Ferro l os fossos dc cstoc.1uc tlc grãos eram nume-
rosos (Currid e Na,·on 1989). Em T:1am1l)llC, por exemplo, "somente em
SW 1-9 havia evidência c.lc 17 fossos, a maio11a <los quais bastante profun-
dos, feitos no século X I 1~1.C." (Lnpp 1969, 34). Condições similares existi-
am nos tclls de S1c.1uém c I l:wor.

Idade do Ferro II (1000-586 a.C.)


/lrq11ilett11'0 doméstica. 1\s casas continuaram a seguir o padrão de qua-
tro cômodos que apareceram fargamcntc na Idade do Ferro I (Shiloh 1970
e 1987). Algumas das casas, contudo, continham apenas três cômodos, apesar
de serem claramente uma variação do projeto de quatro cômodos. Muitas
das casas eram em dois pavimentos (Stager 1985).
Arquilet11ra sacra. Não há remanescentes do templo de Salomão em
Jerusalém. Muitos estudiosos acreditam que estava localizado no sítio da
plataforma que hoje abriga a Mesquita de El-.\qsa e a Cúpula da Rocha.
Em 1 Reis 6 e 2 Crônicas 3-4 temos registros em detalhe das dimensões e
projetos do templo hebreu. A planta do santuário sagrado era bastante
parecida com um templo mais recente (século VIII a.C.) em Tel1 Tamat
no norte da Síria.
Em Tell Dan foi descoberto um centro de rituais do nono século a.C.
O mesmo consiste de um cercado quadrado com um pódium dentro (pos
sivelmentc para um templo no alto) e um altar de sacrifícios. Esta área
sagrada é provavelmente o que permanece do que Jeroboào erigiu no :;ÍtH>
de Dan (1 Reis 12). Na outra extremidade da Palestina foi dcsrnhctto, em
lh:rscba, um altar quadrado em pedra talhada do final do oitavo ou come
ço dn sé1imn sC.:·culo a.C.
Construções Ili

O único templo da Idade do Ferro encontrado em Juda fo1 dl'stc11,1


do em Arade (na fortaleza da Idade do Ferro). Ele tem tres scçoc!i: u111
pátio, um cômodo amplo e um santuário interno. Duas pedras eretas e d,11s
altares de incenso levando ao santuário sugerem que algum tipo de n:ligi:io
hebraica desvirtuada era praticada ali.
Arquitel11ra pública. A arquitetura monumental da Idade do Ferro II é
abundante em Israel. Em Megido, por exemplo, dois palácios foram idcn
tificados (1723 e 6000). O estilo deles é sinular à estrutura bzt hi!at1i Sito-
Hitita que consiste de uma entrada com pifares, pátio central e cômodos
retangulares circundando. Um palácio recentemente descoberto em Betsaida
tem estilo semelhante.
Em Láquis um pód1um maciço (o maior bloco de alvenana da Pales-
tina) sustentava dois grandes palácios. Não existem remanescentes dos pa-
lácios, apesar de seu projeto ser c\'ldente pela fundação. Um deles é seme-
lhante aos palácios de Mcg1do, tendo um pátio central e cômodos de depó-
sitos circundando.
Um palác10 que lembra a "casa de marfun" de Acabe (1 Reis 22.39)
foi encontrado em Samaria. Numerosos e valiosos artigos de marfim fo-
ram achados nos destroços do edifício. Um pequeno palácio em Ramate
Rahcl consistia de dois prédios circundados por cômodos de depósito.
Construções com três lon-
gos cômodos divididos por duas Construção tripartida com
fileiras de pilares (daí o termo pilares: uma estrutura pública
"construção tripartida com pila- que tem três longos
res") aparecem em vários tells
cômodos divididos por duas
tmportantes: Megi<lo, Hazor e
fileiras de pilares.
Berseba. O propósito destas es-
truturas tem sido debatido am-
piamente. Alguns acreditam que eram estábulos, outros, depósitos de manti-
mentos, e a.inda outros mercados (Currid 1993).
Cm grande silo público do oitavo ou sétimo século foi descoberto na
Arca A em l\legido. Com um diâmetro de onze metros no topo e sete metros
na base, o silo tinha sete metros de profundidade. Um par de escadas em espi
ral (uma característica peculiar dos silos da Idade do Ferro) presumivelmente
permitiam que os grãos fossem depositados e extraídos manualmente.
\lguns argüem que uma grande estrutura com <legraus de pedra tJUt'
f, ,i dt·s<..obcita cm cscarnçôcs recentes cm jerusalém Í.: o 111il/11 (lilt·r.1lmcntc
l08 Arqueologia nas Terras Bíblicas

"enchimento") mencionado cm 1 Reis 9 .15. Outros insistem que mil/o era


um terraço cm pedra na Colina de Ofcl (Stager 1982).
J•ortijicafÕes.
Sistemas defensivos eram muito variados na Idade do
h·rrn II. Por exemplo, não havia esulo predominante na construção de
muros das cidades. No décimo século, paredes com cômodos internos
protegiam Gczer e Hazor, mas uma parede sólida circundava Cinercte.
Durante o nono e oitavo séculos lktc Scmes tinha uma parede com cô-
modos internos, Láquis uma parede sólida, Tell en-Nasbeh uma parede
offset-inset,NT e Rabud uma parede cm z1g zag. Esta grande diversidade
durou até o sexto século a.C (1!crr 1')97, 126, 144, 157-58).
1\ maioria dos pmtcH.'S da Idade do Ferro II tinha seis câma-
11<1 lllÍl'lo

ras; os do meio do pl·nrnln fnr:1111 c1111s1niídos menores e continham so-


mente c1uatro câmaras. :-.tas 11:io fni Sl'mpn.: assun: durante a maior parte da
Idade do Ferro Ir os portt>l's lk- Ga<.'r unham duns câmaras, Berseba qua-
tro, e 'lra seis.
Poucos povoados eram estritamente fortalezas (Aharon.i 1967; Cohen
1979). O melhor exemplo foi Arade. Em Jezreel um fosso e uma muralha
foram construídos ao redor do tel1. Ao longo do topo do tell havia uma
grande parede com cômodos internos. Tais fortificações pesadas parecem
ter sido uma raridade na Idade do Ferro II.

Materiais de Construção e Estilos


Um fator chave no desenvolvimento da arquitetura é o tipo de mate-
riais de construção disponíveis (Rapoport 1969, 24-28). As pessoas usam o
que é acessível. No sudoeste dos Estados Unidos, por exemplo, o principal
material de construção tem sido o adôbe (tijolo secado ao sol) .. \pesar de
outros fatores influenciarem, tais como tradição, religião e clima, a dispo-
nibilidade dos materiais de construção figura no topo da lista.
Um dos materiais de construção
Tijolo de Barro: um em maior disponibilidade na Palestina
material de construção é o tijolo de barro. Tem sido emprega
feito de barro e palha do lá através da história, n,csmo atual
(ou outro material) mente. Freqüentemente a argua natu -
ral era misturada com um clcm1:n to

1
N11t.t d" t1~1dutor- p.irnlc o,D"ut-i11ul s1:ria uma parnlc com JlMlls pml·111111, ntl'~ i1 11lll'1 wl" l
,,·v.111.11,·~
Construções 109

como palha, colocado cm um a fo rma, e então deixado para secar e endure-


cer ao sol. ,\lguns tijolos parecem ter sido cozidos para fortalecê-los e fazê -
los à prova de fogo.
As mais antigas estruturas de ti-
jolos de barro na Palestina foram le- Tijolos assados como
vantadas em Jericó no período pré- leitões: tijolos de
cerâmico do Neolítico A (oitavo milê barro com a base
nio a.C.). Refere-se freqüentemente aos plana e a superfície
tijolos assados como leitões devido a
superior curva
terem uma superfície superior curva e
a base plana. No período pré ccrâmicu
Neolítico B (7000 a.C.) subscc.1ücntc, a forma dos tÍ.Jolos cm Jericó mudou:
agora eles têm a forma de charuto. No Bronze Antigo os tijolos de barro
tomaram as formas retangular e quadrada que se tornaram padronizadas
no restante da história <la Palcstma.
1\s construções em tijolos de barro foram praticadas concomitante
mente com outras técrucas de construção. Durante o Bronze :\ntigo era
comum a fundação ou base de uma parede consistir de poucas fileiras de
sei.xos unidos uns aos o utros com argamassa. Sobre estes eram colocadas
camadas de tijolos de barro, uma carreira sobrepondo a outra. Argamassa
era freqüentemente u tilizada também com os tijolos de barro.
Muitas estruturas fo ram
construídas com pedras. Na maior par Alvenaria Ashlar com
te da Palestina dispunha-se livremente pedras: blocos bem
de boas pedras para construção, em aparados, cortados
particular, pedra calcárea e basalto. Al-
retangularmente e que
guns prédios e muros foram levanta-
dos simplesmente com pedras do cam-
podem ser assentados
po que haviam sido recolhidas ao re- com argamassa
li< >t do sítio. Outras instalações foram
constnúdas com pedras que haviam sido cortadas e trabalhadas com prc
cisão. Uma técnica de construção de muros era colocar seixos do campn,
grandes e não lavrados, nos lugares, e então preencher as lacuna:; c11111
JWtJlH.:nas pedras do campo. ,\s vezes os muros eram construídrn; 1·111
í1l<.'1rns d uplas com cascalho colocado entre as mesmas.

l Tma das técnicas de construção características e.la Idade do h 1111 ,•1,


., al\'t>ll:tl"l!I com pl'(lt-a tJWHlrnd:1 lanada. Est:1 pl'dt:i ap:11.1d I c 1 1
110 Arqueologia nas Terras Bíbltcas

frequentemente arrumada em estilo tijolo travado-pedra de comprido. Isto


é, porções de pedras cuias extremidades mais curtas eram expostas (tijolos-
travados) alternavam com porções de pedras cujas extremidades mais lon-
gas eram expostas (pedras de comprido). Nos tempos helênicos havia,
freqüentemente, uma face não aparada, levantada (almofada).
Haviam muitos outros estilos de construção de muros. É importante
notar que a forma e o estilo dos muros não são bons indicadores da crono-
logia. Muitos dos métodos de construção foram empregados por vários
grupos numa larga área e período de tempo. Portanto, é preciso ser cuida-
doso em designar uma técnica particular a um período de tempo determi-
nado. É melhor utilizar a cerâmica para resolver assuntos cronológicos.
Pequenos Achados
9

m dos grandes momentos na vida de um escavador é a descoberta


U de um objeto anugo que possa segurar em suas mãos. Imagine en
contrar um denário, o tipo de moeda que Jesus usou em seu confronto
com os lideres religiosos em Marcos 12.13-17, num sítio do Novo Testa-
mento como Cafaroaum ou Betsaida. Ou descobrir uma cabeça de lança
de ferro usada pela Babilônia na destruição de Jerusalém em 586 a.C. Ou
ser o primeiro a ver escritos hebraicos cm cerâmica ou pergaminho que
estava escondido por milhares de anos. Estes são apenas poucos exem-
plos de pequenos achados - eles são clcscobertos quase toe.los os dias
numa escavação e portanto constituem partes importantes do quebra-
cabeça arqueológico.
Vamos começar definindo o ter
mo "pequenos achados". Um peque- Pequenos achados:
no achado é qualquer objeto manufa- qualquer objeto
turado descoberto em um tel1, exceto manufaturado descoberto
arquitetura e ccrânúca. Freqüentcmcn- numa escavação, exceto
te a cerâmica é considerada um peque- arquitetura ou cerâmica
no achado, mas nós a tratamos sepa-
radamente por causa principalmente
de seu valor cronológico. 1~ claro que os tipos de pequenos achados variam
de sítio para sítio, dependendo de fatores como a base de subsistência Ju
síuo, os recursos naturais da área, o comércio, e assim por diante. Nossa
tliscussào categorizará pequenos achados de acordo com a matérrn pttma
do qual fot feito. \s cinco catcgonas básica_; são metal, pedra, osso, mad,·1
ra t' vidrn
112 .\rqueolog1a nas Terras Bíblicas

Trabalhos em Metal
A história da metalurgia no anogo Oriente Próximo é bastante comple-
xa e obstruída por numerosas dificuldades cronológicas. Portanto o que apre-
sentamos aqui é apenas um esboço do dcscnvolv1mcnto <los trabalhos em
metal no Crescente Fértil. O primeiro metal a ser usado parece ter sido o
cobre nativo. Durante o período Ncohuco (oitavo milênio a.C.) era "modela-
do cm pec.1uenos pinos e pingentes ckcoraüvos, uma fase que tem sido cha-
mada apropriadamcnt~ de metalurgrn dt: bugingangas" (Craddock 1996, 461).
As indústrias de mineração t· fundtç:w não apareceram em cena até o
quinto e quarto milênios a.C. (Lt'\) 1987, 357 71; 1990, 27). Nesta época
começou-se n usar ouro e prata, ambos prnncu·amcme cm jóias. O bronze,
uma liga <lc cobre e estanho, só fo, usada cornumcnte no início do terceiro
milênio a.C. () frrro foi dcscoberlO au final do terceiro milênio, mas não
foi bem u11l1zadn scnao nos úlumos cst~g1os do segundo. O bronze e o
ferro foram usados de nírias maneiras através dn história da Palestina.
1. C.i111hrw111 d1• 1\foerla.r (kindler e Srcin 1987; K.reitzer 1996; Meshorer
1982). t\1ocdas podem ser dcfmidas como metal cunhado que serve como
dinheiro ou meio de troca. É provável gue as primeiras moedas tenham
sido cunhadas no final do sétimo e princípio do sexto séculos a.C. no oeste
da 1\sia t\Ienor (Bcclyon 1992, 1078). Não foram encontradas muitas moe-
das da Idade do Ferro Palestina. J\ cunhagem de moedas e sua circulação
realmente tomaram lugar somente após a queda de Jerusalém. Moedas dos
últimos estágios do período Persa utilizavam o nome Yeb11d (i.e., Judéia).
Provavelmente foram cunhadas em Jerusalém ou nas proximidades.
2. /'1rmas (Yadin 1963). Durante o Bronze Antigo armas de metal
eram raras na Palestina. Todas as que foram descobertas, tal como o tesou-
ro oculto de Kfar Monash, eram de cobre. .Apesar de escassas, as armas
básicas - adagas, machados e lanças - são bem representadas.
Os mesmos tipos de armas apareceram na transição para o Bronze
Médio, somente agora eram feitas de bronze. O armamento do Bronze
Médio II era quase todo de bronze, e foram produzidos poucos tipos dife-
rentes. Estes incluíam cabeças de machado tipo ornitorrinco e adagas com
sulcos. As armas do Bronze Recente eram semelhantes às do Bronze Mé
c.110, apesar de seu uso aumentar consideravelmente. Durante a Idade do
Ferro I, enquanto o estilo básico continuou praticamente o mesmo, foi
ft:tt.t a trnns1çiio de bronze para ferro como o principal ml·t:,I cm arnrns
(t\l11hl)' 11)82).
Pequenos:\chados 11 \

3. Ferramentas. As ferramentas mais primitivas do antigo Onc11tl' 1'1n>:1


mo eram instrumentos de corte feitos de pedra (Braidwood 1975, 50) S,,
mente ao período Calcolicico foi que os instrumentos de cobre aparece 111111,
e somente bem depois disso que se tornaram comuns. Em Berscba (i\liu
Matar) uma espécie de machado foi descoberto dos níveis do Calcc,htico.
Além disso, vinte cinzéis estavam entre os quatrocentos objetos de cobre
descobertos na Caverna do Tesouro em Nahal Mishmar.
Apesar de ferramentas de metal
(cobre e bronze) da Idade do Bronze Caverna do Tesouro: um
terem sido encontradas em muitos sí- esconderijo de artefatos
tios, foi apenas na Idade do Ferro que de cobre e marfim do
estas ferramentas, parúcularmente Ca/colítico encontrados
importantes na agricultura, foram uni-
em Nahal Mishmar
versalmente utilizadas. A introdução
do ferro fez as ferramentas mais for-
tes; por exemplo, enxadas de bronze quebravam facilmente no solo, mas as
de ferro, não. Por outro lado, a substituição de foices de pedra por outras
de metal foi um progresso relativamente tardio na Palestina. Mesmo nas
primeiras partes da Idade do Ferro, fazendeiros palestinos continuavam a
ceifar suas colheitas com foices de pederneira, como seus predecessores
do Neolítico (Gonen 1979,30). É importante mencionar também que era
comum o equipamento de pescar consistir de base de metal. De particular
importância são os acessórios descobertos em Betsaida, vila pesqueira do
Novo Testamento.
No período Romano o uso de ferramentas de metal se expandiu con-
sideravelmente. Encontradas em todos os campos de trabalho, as ferra-
mentas romanas eram tão bem manufaturadas que é difícil distingui-las de
muitas ferramentas modernas.
4. Jóias. Um dos mais antigos usos do metal na Palestina foi para ador-
no humano. As contas de cobre do período Calcolitico parecem ter sido o
uso mais antigo de metal em Tel1 Abu Matar. Braceletes de cobre e o que
dc\·c ter sido uma coroa eram parte da horda de Nahal Mishmar (Caverna
do Tesouro) do mesmo período. Provavelmente estes objetos de metal eram
pata uso cerimonial e não secular.
O exemplo de jóia de ouro mais antigo, que se conhece, foi clescobertP
l'm uma tumba na Galiléia no Bronze Antigo II. Era uma placa rc:dond:1 dl•

nuro com uma perfuração no centro e decoração cm relevo. Contndo, f111


114 Arqueologia nas Terras Bíbhcas

somente no Bronze Recente que as jóias de metal se difundiram pela Pales-


tina. A mais impressionante é a coleção de jóias de ouro descobertas em
Tel1 el-Ajjul no início do Bronze Recente. Incluindo brincos de ouro e
prata, pulseiras, uma estrela de oito pontas e vários amuletos. Pingentes
com representações da deusa Astnmtc são também parte da coleção. Em
contraste, jóias de metal da Idade do Ferro são raras e manufaturadas de
forma simples ou mesmo toscamente.

Trabalhos em Pedra
Os mais antigos pequenos acha-
Lasca: um pequeno dos rdacionados à cultura humana são
pedaço ou fragmento fl'rr:uncntas de pedra usadas para co-
removido de um grande letar ou p reparar alimento. Rochas em
pedaço de p edra, ou seu estado natural eram modificadas
parn uso como implementes. "A mo-
outro material natural,
dificação de um pedaço de pedra ori-
para produzir ginal, não ti-abalhado, que produz qual-
ferramenta quer tipo de ferramenta de pedra las-
cada é feita sempre através de golpes,
retirando pedaços menores do pedaço maior otiginal. O termo geral para
os fragmentos menores removidos é lasca; o pedaço maior é normalmente
chamado de mídeo" (Braidwood 1975, 41). Entre as várias ferramentas feitas
de pedras estão talhadeiras, raspadeiras, martelos, machados, cutelos e facas.
Outros artefatos antigos como
Núcleo: uma grande estatuetas, utensílios de cozinha, fornos
pedra de outro material e implementos de moagem (e.g., bacias
e pilões) também eram normalmente
natural do qual foram
feitos de pedra. Além disso, as pedras
retiradas lascas para eram usadas para jóias. Em Beidha uma
fazer ferramentas fábrica do Neolítico (7000 a.C.) produ-
zia contas de pedra, concha e osso.
Naturalmente o trabalho em pedra diminuiu quando o metal se tor
nou disponível para os antigos durante a Idade do Bronze. Na arqueologia
pré-histórica o trabalho em pedra tem um importante papel. Durante a
Idade do Ferro, contudo, os implementos de pedra, apesar de ainda 11tiliza-
d1 ,s. não mais dominavam a cultura física.
Pequenos Achados 115

Trabalhos com ossos


Trabalhos com ossos apareceram depois dos em pedra. Os antigos
usavam ossos para uma grande variedade de ferramentas. "Há facas, pinos,
agulhas, e poucas barras de ossos retas com pontas duplas, chamadas go,jas,
que provavelmente eram usadas para pegar peixes" (Braidwood 1975, 76).
Picaretas feitas de ossos estão entre as descober tas nos sítios mais antigos
como Jisr Banat Yaaquv e El Wad.
Outro uso dos ossos era nas jóias.
Têm sido encontrados cont'ls, pingen- Dentalium: uma espécie
tes e colares. Pulseiras e colares ele de molusco com uma
dentalium têm sido recuperadas. Ossos concha em forma de
eram usados também para estatuetas e cone aberto usado como
ídolos. Escavações recentes cm J\scalom
contas de colar.
têm revelado uma extensa indústria de
ossos no sítio (Wapnish 1991).

Trabalhos em Madeira
,\ importância da madeira no desenvolvimento das sociedades <lo
antigo Oriente Próximo não deve ser desprezada. Como fonte primária de
combustível na antigüidade (como madeira ou carvão), era essencial para o
desenvolvimento de muitas artes, comércio e artesanato (Taylor 1996, 758).
O cozimento dos alimentos, a metalurgia e a cerâmica requeriam madeira
como combustível. Várias ferramentas tinham alças de madeira: martelos,
machados e enxadas.
Para a arqueologia, o maior problema da madeira é seu apodrecimen-
to. Na Palestina nota-se sua sobrevivência quase que exclusivamente na
atmosfera árida da área do Mar Morto, tais como em uns poucos túmulos
cm Jericó "onde até mesmo juntas dissecadas de carne ainda permanecem
nos pratos originais de madeira. Estes sepulcros eram cortados cm pedra
calcárea e então murados depois dos sepultamentos terem sido feitos. Gás
metano e monóxido de carbono penetrando vagarosamente nos túmulos
fechados através de pequenas rachaduras na rocha substituíram o ar nor-
mal que permitiria a vida de bactérias. Conseqüentemente, materiais orgâ-
111cos sobreviveram" (t\foorey 1981, 98).
f\fadei.ra pode também ser conservada em condições de cxtr<:ma t11111
d:1d(.:. 1 .:-ca\'açõc:s cm Cartago (runísia), por exemplo, parcc~m tl'r til•:,1t·1
116 Arqueologia nas Terras Bíblicas

rado um fragmento de um tronco de madeira da ensecadei.raNT usada na


construção do cais da cidade. Semelhantemente, um barco submerso na
bacia lamacenta do Mar da Galiléia fot preservado por dois mil anos
(Wachsmann 1988).

Trabalhos em vidro
O vidro teve sua primeira aparição na Palestina em seu estado natural
chamado obsidiana. Obsidiana é um vtdro natural resultante do resfriamento
rápido de lava vulcânica. Os exemplos t:ncontrados dos períodos Neolítico
e Calcolítico não eram naturais da Palcst111a, mas provavelmente importa-
dos do norte, da Aoatoha.
O vidro manufaturado cm pto<luzi<l<J pela fusão de vários mateoais
crus, normalmente inclumclo s1hcatos, srn.lns e cal. Freqüentemente tam-
bém contmha pomssa t' ÓxH.lo de chumbo. O mais antigo vidro artificial,
que estava na forma de contas para jóias, apareceu simultaneamente no
Egito e na Mesopotâmia no começo do terceiro nulênio a.C.
O primeiro vaso de vidro só foi produzido no meio do segundo milê-
nio (1600 a.C.), e isto também aconteceu em ambos: Egito e Mesopotâmia.
Vários sítios palestinos, notavelmente Láquis e Bete Seà, têm fornecido va-
sos de vidro do décimo quarto e décimo terceiro séculos a.C.
A técnica de soprar o vidro só iniciou-se no período Romano. Com
esta inovação os objetos de vidro se tornaram onipresentes nos sítios
romanos. Jerusalém tinha uma grande fábrica de vidro naquele tempo
(Avigad 1983).
Muitos dos tópicos que examinamos brevemente requerem estudos
por especialistas. Profissionais das áreas da paleosteologia, palcobotânica,
paleoetnologia, geologia, geografia e muitos outros campos de pesquisa,
são agora partes necessárias do projeto arqueológico. O arqueólogo de
campo não pode simplesmente ser especialista em todas as disciplinas. Es
tão bem distantes os dias em que o arqueólogo fazia todo o trabalho soz1
nho. Com a grande explosão de informações devemos confiar naqueles
que se especializam em áreas particulares de pesquisas.

,;r N~>t.1 dn 'l'r:nlutor: parede: nu c.uxa 9uc: permite: fazer íund.1ç,,c:~ dd1.1ix11 do ,11vd do úi:11~
Arqueologia em Vso: 10
A Recuperação de Betsaida

osso capítulo final apresenta um exemplo do processo arqueoló-


N gico em um sítio, de seu início até o fim. Apesar de podermos anali-
sar vários sítios, selecionamos o de Betsaida como foco de nosso estudo.
As razões para a escolha deste tel1 são três:
1. A escavação de Betsaida oferece exemplos concretos, espccífi
cos de cada um dos procedimentos arqueológicos examinados
neste livro.
2. A escavação integral do tel1 só começou em 1988, e continua
vigorosamente até hoje. Emprega os métodos e técnicas de esca-
vação e análise mais atuais.
3. O autor tem conhecimento do sítio em primeira mão, tendo esca-
vado lá três vezes, incluindo trabalho como arqueólogo de campo
em 1997 (Campo A).

Identificação do Sítio
Betsaida é freqüentemente mencionada nos relatos dos evangelhos
do 1\Jm•o Testamento. Estes registros indicam que ela era uma cidade por
tuána na costa norte do Mar da Galiléia (l\farco!> 6.45). Que estava localiza
da no disU1to da Galiléia é confirmado por seu nome: "Betsaida da GaWcia"
(l oào 12.21 ). Betsaida foi a cidade natal de pelo menos três discípulos
.,\ ndré, Pedro e Filipe Qoào 1.44), todos aparentemente pc-scac.lorL·s Pº"
pmliss~o. lktsaida tcYc um papel importante no mm1,té1io dt· 1l'Slls 1111
118 Arqueologia nas Terras Bíblicas

Galiléia. Lá ele curou um homem cego (Marcos 8.22-25) e realizou \rácios


outros milagres (l'vfateus 11.21 ). Talvez o milagre da multiplicação dos pães,
alimentando cinco mil pessoas tenha ocorrido nas redondezas (Lc 9.10-
17). Junto a Corazim,Jesus amaldiçoou Betsaida como uma cidade de des-
crença e falta de arrependimento (Lc 10.13).
O historiador judeu Flávio Joscfo menciona Betsaida algumas vezes
em seus escritos do primeiro século AD. (Rousseau e Arav 1995, 20). Josefo
relata que após a morte de I lcrodes o Grande cm 4 a.C., Bctsaida estava
subalterna ao tetrarca Filipe, filho de l lcrotlcs (Ant1güidades 17.189). Em
30 A.D. Filipe honrou a ci<lac.le proclamando-a polisNT e dando-lhe o novo
nome de Julias: Filipe clc\'OU a \'ila de ''Betsruda no Lago de Genesaré
lGaliléia) ao status de ctdadc atra\'c:s do aumento dos residentes e melho-
rando as fmtificaçôcs. Flc rolrn:,iu este nome por causa de Júlia, a filha do
imperador" (Ant1güi<ladcs l 8.2. J128l). (b H.lências mostram que, na \rerda-
dc, o nome foi Jado pot causa 1.k LiYrn Julrn, mãe do imperador Tibério
lKuhn e Arnv 1991, 87-90j.) l·inalmcntc,Joscfo <lcscrcve·uma batalha mui-
to importante da Guerra Judaica (66-73 A.D.) que ocorreu próxima a
Betsaida. Lá os rebeldes judeus lutaram contra as forças de .\gripa II, apa-
rentemente chegando a um empate.
Muito pouco é encontrado a respeito de Betsaida em fontes rabínicas
do primeiro e terceiro séculos AD. (Freund 1995, 302). Sabemos, porém,
que o sítio era um lugar de peregrinações para a igreja primitiva. Em 530
A.D. Teodósio comentou: "De Sete Primaveras (fabgha) a Cafarnaum são
três quilômetros. De Cafarnaum a Betsaida são nove quilômetros, onde os
apóstolos Pedro, André, Filipe, e os filhos de Zebedeu nasceram. De Bctsaida
a Panias são oitenta quilômetros: lá é o lugar onde o Jordão se origina de
dois lugares Ior e Dan" (Wilkinson 1977, 63). O peregrino Willibald visitou
Betsaida em 725 "Dali [Cafarnaum, Willibald e se\!s companheiros] foram a
Betsaida, a cidade de Pedro e André: agora existe uma igreja lá no lugar onde
era a casa deles" (\Vilkinson 1977, 128; Pi_xner 1985, 208).
Através do tempo, a exata localização de Betsaida foi perdida. Surgiu
uma disputa a este respeito no ano 1590 (Rousseau e Arav 1995, 20). O
erudito holandês Adrichomius argumentou que Julias e Bctsaida eram dois
síllns dtfcrcntes, uma localizada ao leste e outra ao oeste do Rio Jordão.
j\l~um apoio para esta interpretação surgiu durante a próxima mctadt" dt•
1 No1,1 du l 1,ulutoi pqlJs i.• 11111 11om1 d.1Jo à cid.1Jc i.:um insl1tuíço1·s urlun.1 ,; t,us , 0111<1 tnln111:11~.
IL ,110, pJl.,rn,, r1111,,a]h,,,;, 111..i, ,tolo~• .,r11'11vos, banco, anlit~~""'· csddi1,, ·"l'lt:!111111, cll
.\rqueolog1a cm Uso:_\ Recuperação de Betsaida 119

século. 1 Outros, contudo, tais como John Lightfoot, se apegaram à posição


de que os Evangcfüos e Josefo se referem à mesma cidade (Rousseau e
Arav 1995, 20).
Com o aumento da moderna pesquisa arqueológica, a questão a res-
peito da localização de Betsaida se acentuou. O pesquisador americano
Edward Robinson visitou a área cm 1838, e ele também afumou que havi-
am duas Betsaidas: a Betsaida Julia estava no síuo chamado cr-Tell, e a
Betsaida da Galiléia estava localizada cm Tabgha (Smith 1993, 5). Meio
século mais tarde, o arqueólogo alemão Gottlicb Schumacher discordou
de Robinson porque ct-Tell fica a 2,0 quilômetros ao norte do Mar da
Galiléia. Como poderia ser uma vila pesqueira, se não estava à beira mar?
~\ssim ele considerou dois outros :-ítios: cl-,\raj e tvlesadiyc, ambos locali-
zados no i\lar da Galiléia ao leste do Rio Jordão.
No século nnte, a atenção se focalizou cm dois sítios, ct-Tell e cl-
Araj. El-Araj é um outeiro baixo medindo dez mil metros quadrados e
localizado um quilômetro e meio ao leste do Rio Jordão de onde ele corre
para o Mar da Galiléia. Vários estudiosos modernos o têm identificado
como Bctsaida (Avi-Yonah 1977,105). O sítio de et-Tell é muito mais alto e
maior que el-Araj: cobre cerca de oitenta mil metros quadrados e eleva-se
vinte e cinco metros acima da planície ao redor. Poucos eruditos têm iden-
tificado et-Tell com Betsaida por causa de sua distância do Mar da Galiléia.
Com a finalidade de resolver o problema, Rami Arav colocou sondas
nos dois sítios cm 1987. O teste da vala revelou em el-Araj somente um
nível de ocupação, que provavelmente era do quarto ao sexto séculos A.D.
(1\rav 1988, 187). Poucos fragmentos cerâmicos helênicos e medievais fo-
ram encontrados, mas não se revelou nenhuma cidade helênica ou romana.
J\ sonda cm et-Tell, por outro lado, descobriu níveis dos períodos Bronze
Antigo, Ferro e I Ielênico Recente/Romano Antigo e Medieval. Arav con
cluiu: ",\ luz dos achados da csca,raçào com sonda, parece mais razohcl
identificar a Betsaida antiga com et-Tell do que com cl-Araj" (1988, 188).
O problema de et-Tell estar a 2,0 quilômetros do Mar da Galilém
parece ter sido solucionado através de estudos geológicos da região (Shmdc1
e lnbar 1995). Uma combinação de processos serviu para rcmon·r ct '1'1'11
para longe da praia atual do ~lar da Galiléia: (1) uma recessão d< 1 nh c·I d1•
água para longe do sítio; (2) atividade sísmica resultante de folh:1 tn·ti'1111c.11
l)llC clc,·ou o síuo, dci..'i:an<lo o mais distante do mar; e (-') a 1•xt1' l1 !Wi ,11
c11st:1 prbxuna ao sítio C()mo um resultado de :;cdinwnt:iç:io d,·,·111.1 u111u11
120 ,-\rqueologia nas Terras Bíblicas

dação repentina do Jordão e outros rios próximos. Não é evidente qual dos
três processos foi a causa principal da separação; o que é claro é que et-Tell
ficava à beira do Mar da Galiléia nos tempos do Novo Testamento.

Escavação em et-Tell/Betsaida
Devido à probabilidade de et-Tell ser o sítio de Bctsaida, empreen-
deu-se uma escavação abrangente 1988 (Arav 1989). Duas conclusões im-
portantes foram tiradas da primeira seção de escavação. Primeiramente, a
base estratigráfica do sítio foi estabelecida: o povoamento original foi fun-
dado no Bronze Antigo; seguido por uma ocupação na Idade do Ferro e
uma cidade mais importante no período I fclên.ico/Romano. Em segundo
lugar, alguns achados feitos na prnnetrn seção confirmaram a identificação
do sítio como Betsaida: em parttcular, instrumentos de pesca (c.g., anzóis e
chumbadas) indicavam que o prtnc1pal negócio da vila era a pesca.
Desde a primeu·a temporada cm 1988 escavações anuais têm continu-
ado no sítio sem intcrrupçào (.\rnv 1991, 1992, e 1995). Três áreas (A,B,C)
foram demarcadas para escavação. Naquelas áreas tem se descoberto sete
níveis de habitação (,\r:w 1995, 6). Cada nível contém uma ou mais cama-
das ocupacionais. Os níveis são numerados I-VII do topo para a base, na
seqüência em que foram expostos.
O nível J cobre o periodo do início da Idade Média (500 AD.) até o pre-
sente. Apesar de não terem sido descobertos povoamentos no próprio tel1,
fragmentos de cerâmica e moedas medievais foram encontrados no decurso
da escavação. O achado mais significante do período foi um tambor Mamluk
descoberto no pé do outeiro durante a temporada de 1989 (Arav 1993).
O nível II encerra quatro camadas de ocupação dos períodos Helênico
e Romano Antigo (quarto século a.C. ao primeiro século A.D.). Betsaida
era um sítio importante na GaWéia durante esta época, e remanescentes
dela têm sido encontrados por todo o tell. O sítio foi destruído pelos ro-
manos provavelmente durante a Guerra Judaica de 66-73 A.D.
O nível III estende-se do período Babilônico ao Persa (586-332 a.C.).
Muito pouco tem sido encontrado desta época. De alguma importância
são umas poucas moedas do quinto e quarto séculos, incluindo uma moe
da ele prata de Tiro (1\rav 1995, 33).
Os 11íJ1eis !V-VI consistem destrata da Idade do Ferro Jí (1000-58(1
., <..) UurarHe esta época Bctsaida era parte da t('rra de Cl'sur, um 1wq111•
.-\rqueologta em Uso:.-\ Recuperação de Betsaida l2l

no reinado ao norte de Israel. No décimo século, o rei Davi de Israel t:.,


sou-se com a filha de Talmai, o rei de Gesur (2Sm 3.2,3). Um dm filhc ,s
desta união, que provavelmente era um casamento por interesses, foi
Absalão, que mais tarde procurou refúgio cm Gesur depois de matar seu
meio-irmão Amnom (2Sm 13.37).
Devido a seu tamanho e localização, Betsaida deve ter sido a capital
de Gcsur. Assim, Betsaida deve ter sido o lugar para onde Absalão fugiu e
viveu por três anos. De qualquer forma, um grande conjunto desta época -
incluindo um templo, uma praça e um palácio - foram encontrados no
sítio (Arav 1992, 253).
O nível VIJ, o mais antigo de Bctsaida, é do Bronze Antigo. Aqui
parece ter havido ocupação mintcrrupta do Bronze Antigo I (3200-2800
a.C.) até o Bronze Antigo II (2800-2600 a.C.). O povoado era fortificado
por um muro feito de enormes sci.."<os. A altura do muro tem sobrevi,·ido
cm alguns lugares a 1,30 metro (Rousseau e Arav 1995, 21).

Evidências Cerâmicas
A strata de Betsaida tem sido datada pelos resquícios encontrados ali.
Apesar dos achados cerâmicos não terem sido publicados ainda, pode-se
ter uma visão geral dos relatos preliminares (r\rav 1995). Alguns períodos,
contudo, têm sido tratados superficialmente. Portanto, nosso trabalho está
limitado aos níveis mais importantes do sítio: a Idade do Ferro e os perío-
dos Helênico/Romano Antigo.
A cerâmica descoberta nas camadas da Idade do Ferro é típica. Jarros
característicos, botijas, panelas, talhas, bacias e candeeiros têm sido desen
tcrrados datando a strata com segurança. A maioria destes utensílios se
assemelha a formas encontradas cm outros povoados da Idade do Ferro II,
tais como Megido, Hazor, Tel1 Beit Mirsim e Jemmch (Amiran 1970, 191-
293). A única diferença entre os utensílios de Betsaida e os de outros sítios
é que alguns dos vasos têm uma textura distinta (Arav 1995, 25). A argila é
escura porque contém grandes quantidades de areia basáltica.
Geralmente divide-se as cerâmicas dos períodos Helênico/ Romano
Antigo em duas categorias: artigos finos e comuns. As mais antigas ccràmi~
cas l lclênicas descobertas no sítio são louças atenienses negra~ da metadt·
do yuarto século a.C. As mais recentes são lampannas l lcwd1anas a (,lt-11
ttuc datam do primeiro século a.C (Arnv 1995, 19).
1 ....
...,..,
:\.rqueologia nas Terras Bíbhcas

Os utensílios finos encontrados em Betsaida são predonúnantemente


1Idêrucos do segundo século a.C. "Os fragmentos de Betsaida se compa-
ram favoravelmente com os paralelos das camadas Helênica e Romana em
clifcrentes sítios" (Fortner 199 5, 106). Há poucas coisas incomuns ou raras.
Os artigos comuns de Betsaida são também bastante semelhantes aos
encontrados em outros sítios com resquícios Helênicos/Romanos Antigos.
Um estudo das panelas confirma os paralelos (fessaro 1995). Por exemplo,
uma panela de pescoço curto e tampa encontrada em Betsaida "tem seme-
lhantes em toda a Galiléia, onde este é o tipo de panela mais comum do final
do primeiro século a.C. e primeiro século A.D." (Berhn 1988, 61 -62).

Remanescentes Arquitetônicos
Como seria de se esperar, os principais rcs9uíc10s de construção vêm
dos níveis IV-VI (Idade do Ferro II) e nível 11 (l lcl~111co/Romano Antigo).
Os achados arquitetônicos mats importantes para a Idade do Ferro emergi-
ram nas Areas .\ e B, onde, no topo <lo tel1, l'tn tempos remotos existia um
grande complexo de construções. Nn .\rca A fu1 descoberta uma estrutura
monumental que talvez scn tssc como templo. Em frente ao portão desta
construção havia uma fileira de pedras de basalto eretas (m~f?ebôt), pro-
vavelmente usadas para o culto. Também em frente ao enorme prédio esta-
va uma grande praça pavimentada aparentemente conectada à soleira.
Na .\rca B foi encontrado um palácio ela Idade do Ferro II. E le foi
construído de acordo com o estilo Assírio-Aramaico chamado bit hi/ani.
Aparentemente em frente à praça, ao sul, o palácio continha uma sala do
trono e despensas. A estrutura "é uma construção maciça com grandes
seixos e paredes espessas. Alguns dos seixos pesam mais ele uma tonelada,
e a média da espessura das paredes é de 1,4 metro. O palácio ainda não está
totalmente escavado; até agui uma área medindo 27,5 por 25 metros foi
escavada" (.Arav l 995, 24).
Uma residência característica do período Helênico/Romano Antigo
foi também escavada na Área B. Uma grande construção (18 por 27 metros),
foi levantada ao redor de um pátio central de maneira típica da época. Os
proprietários provavelmente eram pescadores, como fica evidente atra\'és
de numerosos implementes de pesca, tais como agulhas e chumbadas, dcs
cobertas no interior da casa 0lousseau e Arav 1995, 22). E portanto su1
nome - a Casa do Pescador (1\rav 1992, 254).
.-\rqucologia em Uso:.\ Recuperação de Betsaida 123

Na Área A foi encontrada uma estrutura oval construída com sci.xos


maciços. Medindo 7 por S,S metros, a instalação provavelmente servrn d1:
silo durante o período Helênico/Romano Antigo.
Um magnífico portão foi encontrado no lado leste do tel1 na tempo
rada ele 1997. O caminho de entrada era pavimentado com ma$$êbôt pró
ximo à entrada. Os próximos trabalhos de escavação determinarão a data e
a forma precisa do portão.

Pequenos Achados
Pequenos achados variam de acordo com o sítio. Um povoado basi-
camente agrícola fornecerá foices, enxadas e coisas do gênero; uma vila de
pescadores fornecerá âncoras, agulhas e chumbadas de redes. Os tells que
foram ocupados somente na Idade do Bronze não têm moedas, ao passo
que sítios ocupados durante os tempos Romanos têm uma porção.
Considerando estes princípios, não foram encontradas moedas nos
níveis da Idade do Ferro em Betsaida (IV-VI). Por outro lado, muitas moe-
das foram descobertas nas camadas do período Helênico/Romano Antigo
e seguinte. "Desde que as escavações começaram em 1987, setenta e seis
moedas têm sido descobertas, cobrindo larga faixa da história, desde uma
antiga moeda de prata de Tiro (obol) do século cinqüenta a.C. a moedas do
império Otomano dos séculos dezenove e vinte" (Strickert 1995, 165).
Os níveis da Idade do Ferro têm fornecido achados raros. Um deles é
um ostracon aramruco com o nome ".t\q1ba" gravado no mesmo. Também,
uma estatueta de argila moldada, que parece ser um homem com uma co-
roa, foi encontrada numa grande estrutura pública (Arav 1995, 17).
As camadas do Helênico/Romano Antigo têm fornecido muito mais
pequenos achados do que qualquer outro período. Um selo de argila, mos-
trando um barco com dois homens em pé no mesmo, foi encontrado na
Area A Da mesma área veio uma estatueta de argila de uma mulher com
cabelo encaracolado e véu. Da Area C vieram vários pequenos achados,
tais como foices de ferro, um brinco de ouro e um strigil. NT E, é claro,
como já mencionado, a escavação do nível II trouxe à luz instrumentos de
pesca (agulhas de costura, chumbadas de redes e anzóis) em várias áreas do
sítio. Estes pequenos achados deram peso à teoria de que et-Tell é o sítio
da vtla/ cidade pesqueira de Betsaida.

" " Stn~1l" t·r,, um inst11nnl'nto us.ulo pdos ,1t1ttgos coma~ os par;t rnspJ~ su., pele .1pi',1 um
l VCIIII, 1111,'. lll fl 1111 Ulll lunhn
124 Arqueologia nas Terras Bíblicas

Temos visto que todos os métodos da arqueologia discutidos em ca-


pítulos anteriores são relevantes para a escavação de Betsaida. Todos eles
são necessários, e todos eles trabalham juntos para providenciar material
para a reconstrução da história do sítio. Betsaida está voltando à vida atra-
vés da arqueologia. Nossa esperança é de que este breve estudo tenha
dado ao leitor um gostinho de como a arqueologia trabalha e talvez o
desperte a fazer algum trabalho no campo.
Notas
Notas do Capítulo 3: "Contos das EscaV".ições Tell"
1. Joc D. Scgcr, cm sua pnmc11.1 visita a Tel1 l laltf (o qual ele cscavana mais tarde), explicou como
soube que era uma colma povo:H.la- ",\s configurações identificadoras foram a superficic plana do
topo da colma e suas l.1ter.us inclin:tdas. , \ planície mdicava camadas sucessivas de construção; os
lados íngremes, paredes uc fortificações anllgas dcbaLxo da superficie" (Cole 1977, 32).
2.Te/1 é uma palavra :írabe yue significa "colina>' Seu plural é 111/i,I. ,\ palavra hebraica moucrna
equivalente é te/, como cm 'J'cl .\viv. Publicações britânicas antigas usavam /oi/para uma colina de
ocupação, mas esta grafia hoje é obsoleta.
3. ,\ntigos tradutores da Bíblta não estavam cientes uc yue o hcbrmco te/ rcfena-sc a uma colma
ocupada. Elt:s acrcuitavam que era uma palavra para "força" (Wrighr 1962b, 23).• \ssim, a versão
King James traduz: "Mas para as ciuades que permaneceram em sua força, Israel não queimou
nenhuma delas, com exceção apenas ue JIazor." O ICJtor pode também consider-.ir Dt 13.16; Js
8.28; eJr 49.2.
4. William Stiebing (1981) sugere provocativamcntc que Thomas Jefferson foi o pnmcico a reconhe-
cer strata cm uma colina.
5. Paul Lapp registrou l!UC havia ucscobcrto dezL-ssete fossos numa única área de escavação cm TeU
Ta'annek Foi também dito n:ccntcmcntc a mtm ym: um pro1cto de rccupcmção cm 'Ji:1 Mor1.a fora
de Jcrusalém descobriu cinqücnta fossos de depósito numa área dc cerca de 100 por 40 mt:tros.

Notas do capítulo 4: "O Dia-a-Dia no Sírio (Levantamento de Dados)


1. Para uma discussão geral da metot.lologia no lcvantamcnto dt: dados arqucológícus vci:i Sh1ffcr,
Sullivan c Klinger 1978, e Ruppe 1966.
2. Exemple,, o último trabalho de Glucck rcve menos profundidade que suas pcsquisas mais antigas:
"G randc parte de seu último trabalho foi feito a partir de um Jccp, sem a invcsagaçào a pé. metro
por metro, requerida de pesquisas arqueológicas de campo atualmente." 0.cvy 1995, 47).

Notas do capítulo 7: "Petrie, Cerâmica e Fragmentos de Potes"


1 \ pnmcica publicação a lidar com a tmportáncia cronológica da cerâmica pintada foi •\ . Furtwãngk,
c U. Locschckc, !lykmisrhe Tlx111gefam (Berlim: ,\sher, 1879). O valor da cerâmica pintada, ou 11
c1ue algumas vczes é chamado de louça uc cozinha, foi primciramtntc dedu1.ida por Petrie cm Ti:11
cl-1lcsi em 1890.
2 Pode-se também produ1.ir um revestimento com camada fina de ar!,rila quando a cerâm1c;1 t;
cozida: as partículas sobem à supcrfiete e modificam a cor do vaso.
3 Pa,a um estudo de palavras bíblicas e idéias rdacionadas a cerâmica, ver Kclso 19-18

Notas do Capítulo 10: "Arqueologia em Uso: A Recuperação de Bclsaida"


1 \li ·,111<1 rnum·mc111,· .,lguns <:ruduos tlm JCltto esta po,,1ção \q,t l'l\lll'í l'Jll'i
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,
lndice de Assuntos
A Mound ofMany cities (Bfiss), 29 Arqueologia Clássica, 18
Abordagem científica e estudos bíblicos, Arqueologia de Resgate, 34, 68
35 Arqueologia Histórica, 18
Abordagem multidisciplinar, 33, 84, 116 Arqueologia industrial, 18
Abordagem regional, 34 Arqueologia no Oeste, 37-38
Absalão, 121 Arqueologia Palestina, história da. 23-35
Acabe, 107 Arqueologia Pré-Clássica, 18. 20
Acco, 103 Arqueologia Pré-Histórica, 18
Aczibe, 103 Arqueologia Siro Palestina, 20
Adrichomius, 118 Arqueologia sistemática, 30-31
Agricultura em terraços, 106 Arqueologia: idéia popular de, 15;
Agricultura, 21 definição de, 15-16; história da, 17;
Água como fator no povoamento, 38, 41 como ciência social, 17; divisões da,
Aharoni, Yohanan, 33, 34, 73, 77 18; início da, 18-20; história da
Albríght, William F. , 31, 35, 73, 82 Palestina, 23-36; revolução na, 23, 32-
Alt, Albrecht, 25, 30 35; sistemática, 30-32; era moderna da,
Alterações lingüísticas em nomes de 33-35; estudos bíblicos e, 34-35; e
lugares, 74 identificação de sítios, 76, 78
Alvenaria Ashlar, 109 Arqueólogo Bíblico, 32
Amiran, Ruth, 33 Arqueólogosjudeus,31,33
Amostragem, 66 Arquitetura doméstica, 100, 102, 103,
Análise de Ativação de Neutrons, 96 105,106
Análise Petrográfica, 96 Arquitetura pública, 100, 102, 104, 105,
Antiga Idade do Bronze, 20; construções, 107
100-101; armas, 112-113 Arquitetura sacra, 100, 102, 103, 105, 106
Antropologia, 17 Ascalom, 34, 115
Afeque, 103 Asdode, 106
Arade. 100, 101, 107, 108; cartas, 75 Avigad, Nahman, 31
Arav, Rami, 121 Avi-Yonah, Michael, 31
Arco de Robinson, 25 Baal Meom, 73
Argamassa, 109 Bab edh Dhra, 100
Arma-;, 112 Bamah, 100
Arqueologia Bíhlica, 20-22 Barco galileu. 116
140 Arqueologia nas Terras Bíblicas

Beidha, 114 Cor do solo, 86


Beisan, 74 Corazirn, 118
Berseba, 34, 107, 108, 113 Cronologia da Palestina antiga, 29, 30, 31,
Bete Seã, 30, 49, 72, 74, 75, 76, 116 82
Bete Semes, 29, 30, 108 Cultura cananéia, 21
Betsaida, 107, 113, 117-124 Custo, 34
Bíblia e identificação de sítios, 75 Dã, 73
Biblical Researches in Palestine and in the Davi, 121
Adjacent Regions (Robinson e Smith), Decoração de cerâmica, 93
25 Defesa como fator no povoamento, 38-39,
Bit hilani, 107, 122 41
Bliss, F. J., 29 Deir cl-Balach, 96
Boletim das Escolas Americanas de Denário, 11 1
Pesquisas Orientais, 32 Dentalium, 115
Borowski, Oded, 71 Dcscription de l' Egypte, 19
Bronze, Era, 20-21; 114 Desenhos arquitetônicos, 89
Câmara arredondada, 1O1-102 Destruição de sítios antigos, 39, 41
Canaã, conquista de, 21 Deutschcr Palastina-Verein, 28
Cananitas, nomes, 73 Dever, William G., 33
Cartago, 116 Dióspolís, 74
Casa de cômodos amplos, 100 Dothan, Moshe e Trude, 33
Casa de marfim, 107 Ebla, 1O1; tabletes, 75
Casa de quatro cômodos, 105-106 Ecole Biblique, 28, 30
Casa do pescador, 124 Ecologia cerâmica, 95
Casa mortuária, 100 Ecrom, 106
Casas curvilíneas, 100 Egito, 19, 21
Caverna do tesouro, 113 EI Wad, 115
Cerâmica, 28, 31, 32-33, 66, 82, 86, 91-98, El-Araj, 119
111, 121-122; significância cronológica Enchimentos, 47
da, 91-94, 98; durabilidade, 92; Entrada curva, 104
manufatura, 94; significância epigráfica, Era moderna da arqueologia, 33-35
95; significância sociológica, 95-97; Erosão, 48
procedimento para escavação, 98; Escavação, 18, 26, 27, 32, 81-90, 120-121 ;
esboços, 98; triturada, 90 motivação para, 34-35; ferramentas,
Cesaréia, 34, 47 37, 86; métodos, história da, 81-84;
Champollion, Jean-François, 19 diário de, 86-87
Cinerete, 108 Escola Americana de Pesquisa Oriental,
Citópolis, 74 30
Clermont-Ganneau, Charles, 28 Escola Britânica de Arqueologia, 30
Cobre, 112; ferramentas, 113 Escola Evangélica Alemã, 30
Comércio, 21; rotas como fator de Estatuetas, 124
povoamento, 38, 39 Estirador, 11O
Cond~r. Claude, 27, 28-29, 70, 73-74, 76 Estratigrafia, 28, 29, 32, 45, 83-84: e
Cunstruçilo tripartida com pi lares, 107 identificação de sítio, 76
C,111st111,·c'l~s. 99-100. 122-123 Estudos Bíblicos e Arqueologia, 34-J'i
Índice de .-\ssuntos 111

Et-Taiyibeh, 74 Herculaneum, 18
Et-Tell, 119-120, 124 Herzog, Ze'cv, 34
Eusébius, 75 Hidrologia, 25
Êxodo,21 Hieróglifos, 19
Exploração, 18. Ver também Pesquisa. Hormá, 71
Faixas, 32, 84, 85, 86 ldade do Bronze Médio, 21; Construções,
Ferramentas de escavação, 37, 88; metal, 101-103; armas, 112-113
113; pedra, 114; ossos, 115; madeira, Idade do Bronze Recente, 21 ; construções,
115 103-104;jóias, 119
Ferro, 112; ferramentas, 113 Idade do Ferro, 21; construções, 106-108;
Filipe, 118 armas, 112; ferramentas, 1 1 3;
Filisteus, 105, 106 cerâmica, 121
Fisher, C. S., 30, 83 Identificação, sitio, 26, 71-79, 117-120
Fortes Edomitas fronteiriços, 69 Igreja do Santo Sepulcro, 26
Fortificações, 39, 99, 101, 102-106, 108 Inclusões, 94
Fossos em forma cilíndrica, 45-47 Indicadores, 92, 98
Fossos em forma de garrafa, 46 Índice de Materiais encontrados, 89
Fossos em forma de sino, 45-47 ln fluência estrangeira, 21-22
Fossos ladrões, 46-47 Inscrições, 76, 95
Fossos, 103, 108 Instituições e-m Jerusalém, arqueológicas
Fossos, 45-47, 119 estrangeiras, 30
Fotografia aérea, 3 1, 67 Instrumentos de pescaria, 113, 120, 123,
Fotografia, 89 124
Fotogrametria, 67 Investigação individual, 23-26
Fragmentos cerâmicos, 86, 92 Investigação pela sociedade, 27-28
Fragmentos de corpo, 92, 98 ' Ira, 108
Fragmentos diagnósticos, 92, 98 lzbet Sartah, 106
Fundo para Exploração da Palestina, 28, Jalul, 66
44 Jericó, 29, 31, 32, 84, 103, 109, 115
Geography of Palestine (Guérin), 26 Jeroboão 1, 107
Gesur, 121 Jerusalém, 32, 116
Gezer,29,33, 102,103 Jesreel, 108
Giloh, 105-106 J isr Barrat Yaaquv, 115
Glacis,42, 101,103 Jóias, 113-l14;ossos, 115;vidro, 116
Gluek, Nelson, 31, 35, 43, 69, 70 Josephus, 72, 118
Golan, 28 Julias (Betsaida), 118-120
Granários,47, 101,106, 107-109, 123 Kenyon, Kathleen, 32, 83
Grelhas, 66, 85 Kfar Monash, 112
Guérin, Victor, 26 Khirbet Kerak, 1O1
Guy, P. L. O., 31 Khirbet Raddanah, 106
Har Adir, 105 KhirbetZuheiliqah, 71, 77-78
Haram esh-Sharif, 27 Kitchener, H. H., 28, 68, 73, 74, 76
Hartmann, R., 74 Laís, 73
Hazor, 33, 43, 49, 73, 75, l 02-104, 106, Láquis, 34, 104. 107, 108, 116; cartas, 75,
107, 109 95
142 .-\rqueologta nas Terras Bíblicas

Lasca, 114 também Estratigrafia.


Later Biblical Researches (Robinson e Nomes árabes de lugares, 24, 73-75, 77
Smith), 25 Nomes modernos de lugares, 24, 72-74,
Lightfoot, John, 119 77
Locus,30,86,98 Nova Arqueologia, 84
Lode, 74 Núcleo, 112
Louça comum, 124 Obsidian, 116
Louça, 93-94 Ofi-a, 74
Loud, Gordon, 31 Onomasticom (E11sébi11s), 75
Lynch, W. F., 25 Oren, Eliezer, 99
Lyon, D. G., 29 Oriente Médio, arqueologia no, 37
Macalister, R. A. S., 29 Ostraca, 94, 123-124
Mackenzie, Duncan, 29 Ouro, l 12;jóias, 113-114
Magnetômetro de césio, 67 Outeiro. Veja te/Is.
Manufatura da cerâmica, 94 Paine, John A., 28
Mapa contorno, 66 Pais da igreja e identificação de sítios, 75
Mar Morto, 25, 28, 115; pergaminhos, 75 Palácios. 100, 102, 104, 105, 106, 107,
Masada, 72 122
Massebot, 122-123 Paleoecologia, 67, 68
Materiais de construção, 108-11 O; na Palmer, Edward, 73
arquitetura recente, antiga, 47 Panelas, 93, 121
Mazar, Benjamim, 31 Parede com cômodos internos, 108
Megido 11, 31 Paredes,41,48,86, 101,102,108,109
Megido, 29, 30, 37, 38, 41, 73, 75, 76, Pátio, 100, 103, 123
83, 91, 100, 102, 103, 104, 107 Patriarcas, 2 l
Megulho, 11 O Pedra (material de construção), 109
Mesadiye, 119 Pequenos achados, 111-116, 123-124
Metalurgia de bugingangas, 112 Período calcolltico, 113
Método arquitetônico, 33, 34, 82, 83, 84 Período helênico, 21; cerâmica, 122
Método Reisner-Fisher, 82 Período persa, 21-22
Método Wheeler-Kenyon, 32, 33, 83-84 Período Romano, 21 ; ferramentas, 113
Millo, 108 Pesquisa Arqueológica de Israel, 70
Mineração, 112 Pesquisa regional, 66-68
Moedas, 112,123 Pesquisa, 23, 26, 27, 65-71; métodos, 65-
Monte Ebal, 105 67; de sítios individuais, 65. 68; alvos,
Motivação para escavação, 34-35 67-68; limitações da, 69
Muhly, James, 34 Petrie, William M. Flinders, 29-29, 44-45,
Munsell Soil Color Charts, 86 91
Museu da Arqueologia Palestina, 32 Pisga, 28
Nahal Mishmar, 113 Planejamento urbano, 102, 106
Napoleão, 19 Planta principal, 87, 98
Neguebe,68,61, 101 Polimento, 92-93
Nínive, 43 Pompéia, 18
Nippur, 43 Porcelana fina, 122
Nfre1'í de ncupaçüo, 28. 83. 120. Ver Portão cm arco. 103
Índice de .\ssuntos

Portões com várias câmaras, 102-108 Significância epigráfica da cerâmica, l)'i


Portões laterais, 1O1 Significância sociológica da cerâmica, 95-
Portões, 102-103, 108,123 96
Povoamento: fatores no inicio, 38; Significância sociológica da çerâmica, 95-
história, 67-68 97
Prata, 112 Silo, 107
Presença hebraica na Palestina, 21 Sinai, 101
Projetos israelenses/americanos, 34 Siquém, 32, 49, 102, 108
Projetos israelenses-americanos, 34 Sítios de um período, 37
Publicação, 90; falta de, 34 Sítios individuais, Pesquisa de, 65, 68
Quadrados, 32, 66, 83, 85 Smith, Eli, 24-25, 72-73, 75
Quiriate-Sepher, 71 Sociedade Americana para Exploração da
Rabud, 108 Palestina, 28
Ramal Rahel, 107 Sondagem, 85
Reconstrução de sitios antigos, 41-43, 47 Stanhope, Hester Lucy, 26
Redrnan, Charles, 66 Stratum, 41
Registro, 87-88 Sukenik, E. L., 3 l
Registros escritos e identificação de sítios, Survey ofEastern Palestine (Conder), 28
75-76, 77, 80 Survey ofthe Eastern Palestine (Conder).
Reisner, G. A., 29, 83 28
Revestimento fino de argila, 93 Suspensão, 96
Revolução em arqueologia, 23, 32-33 Taanach,29, 103,106
Rimmon, 72, 77 Tabgha, 119
Rio Yarmuk, 28 Talmud e identificação de sítios, 75
Robinson, Edward, 23-25, 26, 29, 44, 70, Tell Abu Matar, 113
72-75, 119 Tell Beit M irsim, ou, Oebir, 3 1, 78, 103
Rockefeller, John D., Jr., 32 Tel1 Dan, 103 , 105
Roda rápida, 94 Tel1 el-Ajjul, 114
Roda vagarosa, 94 Tell el-Hesi, 28,29, 34, 38, 44-45, 49, 91
Rosetta Stone, 19 Tell el-Mutesillim, 76
Salomão, templo de, 106 Tel1 en-Nasbeh, 3 1
Samaria, 29, 107 Tel1 Halif, 71, 77-79
Sarepta, 1OS Tell Michal, 34
Saulay, Fréderic de, 26 Tel1 Miqne, 106
Schliemann, Heirinch, 28, 44 Tell Motza, 126
Schumacher. Gotlieb, 28, 29, 91, 121 Tell Qasile, 1OS, 106
Seção, 87 Tel1 Sera' 71, 77-79
Seger, Joe D., 33, 77-78 Tell Ta'annek, 126
Sellin, Emest, 29 Tells em forma de cone, 42
Sepultamentos, 48, 115 Tells, 28-30, 37-49, 66; o termo, 42-43;
Sharuhen, 71 tamanho, 43; descoberta, 44-45;
Sefelá, 68 dificuldades da investigação, 45-49
Sisaque, 76 Temenos, 99
Significância cronológica da cerâmica, 71- Têmpera, 94
94. 98 Templo da Torre. 104
144 ,-\rqueologia nas Terras Bíblicas

Templo de cômodos amplos, 100, 102, Trabalhos em Metal, 112-114


104 Trabalhos em vidro, 116
Templo, 122; monte, 27; H, 103-104: de Trincheiras teste, 83-85
Salomãr:, 106. VertambémArquitetura Tróia, 28, 44
Sacra. Tumbas dos reis, 26
Templos de Migdol, 102 Tumbas, 48, 115; dos Reis, 26
Templos de trincheiras, 104 Túnel de Siloé, 25
Templos Gêmeos, 100 Urbanização, 20, 21, 100
Templos megaron, 100 Valas de fundação, 48
Terra rica para agricultura como fator no Valas: fundação, 46-47; teste, 83-85
povoamento, 38 Variações na forma da cerâmica, 92-93
Terraços, prática agrlcola em, 106 Warren, Charles, 27
Texto~ e identificação de sítios, 75-79 Watson, Patty J ., 66
Textos Ugaríticos, 7 5 Watzinger, Carl, 29
Theodosius, 118 Weber, Karl, 18
Tijolos assados como leitões, 109 Wheeler, Mortimer, 32, 81, 83
Tijolos de barro, 39, 109 Willibald, 118
Tobler, Titus, 25 Wilson, Charles, 27
Topo reto dos tells, 41 Wright, G. Ernest, 31, 32, 33, 35, 95
Topografia, 24 Yadin, Yigael, 33
Toponomia, 73 Young, Thomas, 19
Trabalho em madeira, 115-116 Zertal, Adam, 105
Trabalho em pedra, 114 Zertal, Adam, 105
Trabalhos com ossos, 115 Ziclague, 71, 77-79

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