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DIETA NATURAL - MANUAL DO TUTOR

GUIA COMPLETO PARA ALIMENTAÇÃO NATURAL DE CÃES E GATOS

Fabíola Donadão e Dra. Jacquelyne Motta


Dieta Natural – Manual do Tutor

SUMÁRIO

Introdução ...................................................................................................................................................... 3
DIETA NATURAL ............................................................................................................................................ 7
O QUE OFERECER .......................................................................................................................................... 9
O que oferecer para garantir uma dieta natural completa e balanceada? .......................... 9
Ossos recreativos .................................................................................................................................... 10
Carne de miúdos ..................................................................................................................................... 11
Arroz e outros grãos .............................................................................................................................. 11
Tripas ........................................................................................................................................................... 11
Carne de músculo ................................................................................................................................... 12
Ovos ............................................................................................................................................................. 12
Frutas e vegetais...................................................................................................................................... 12
QUANDO ALIMENTAR .............................................................................................................................. 13
QUANTIDADES ............................................................................................................................................. 13
MODELO DE DIETA NATURAL ................................................................................................................ 14
Dicas ............................................................................................................................................................ 15
Na balança............................................................................................................................................. 15
Imite a presa ......................................................................................................................................... 15
Órgãos .................................................................................................................................................... 16
Vegetais .................................................................................................................................................. 16
Frutas ....................................................................................................................................................... 16
O dia da presa inteira ........................................................................................................................ 17
SUPLEMENTOS ............................................................................................................................................. 17
FILHOTES ........................................................................................................................................................ 18
RECEITAS ........................................................................................................................................................ 21
Mix de vegetais para cães e gatos .................................................................................................... 23
Mix de carnes para cães e gatos ....................................................................................................... 23

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Fabíola Donadão & Jacquelyne Motta
Canadá / Brasil. 1ª edição, 2017.
Dieta Natural – Manual do Tutor

O que você precisa saber sobre peixes........................................................................................... 25


Posso tirar os ossos da dieta? ............................................................................................................ 26
PERGUNTAS E RESPOSTAS ...................................................................................................................... 28
Qual a melhor maneira de iniciar meu animal na dieta natural? ...................................... 28
Ossos não são perigosos? ............................................................................................................... 29
O cocô do meu cachorro diminuiu. É normal? ........................................................................ 29
Minha família pode ficar doente com as bactérias da carne que meu gato come? .. 29
Posso dar um pedaço ou os restos da minha comida para meu animal de
estimação? ............................................................................................................................................. 30
Comida natural causa gases? ......................................................................................................... 31
Meu animal quase não bebe água, por quê? ........................................................................... 31
Meu bichinho tem alguns problemas de saúde, ele pode comer carne crua? ............ 31
Como faço para viajar com meu amigão na dieta natural? ................................................ 31
Esqueci de descongelar a comida, e agora? ............................................................................. 31
A dieta natural é muito protéica. O veterinário não recomenda para meu animal
com problemas renais. ...................................................................................................................... 32
O que fazer se meu animal de estimação apresentar fezes amolecidas? ...................... 32
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................ 35

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Canadá / Brasil. 1ª edição, 2017.
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Introdução
Dieta natural crua com ossos.

Há um movimento muito positivo na atualidade acerca desse assunto e nós fazemos


parte dele.

Ainda assim, você sabia que o Brasil é o segundo país, seguido dos EUA, que mais
oferece comida processada para seus animais de estimação?

Todos temos nossos medos quando o assunto é a oferta de alimentos frescos para
nossos animais. É compreensível.

Eu tive cães a minha vida inteira e minha mãe sempre os alimentou com restos da nossa
própria comida. Eles sempre viveram tanto!

Mais tarde, em minha vida adulta, adotei uma mascote e claro, a indústria da ração já
dominava o mundo e minha mini schnauzer passou a comer “a melhor ração”.

Não demorou muito para seu sistema imune ficar fraco, e em apenas quatro anos
destruí-la completamente. Silenciosamente o câncer se instalou no baço, no fígado e
quando percebi já era tarde demais.

Tive que dizer adeus para a minha Lolinha, enquanto ela me dizia que estava tudo bem
porque tinha me ensinado a viver um dia por vez e sabia que eu havia entendido a
mensagem.

Voltei para a escola, a Lola sempre em meu pensamento. E hoje sou uma louca
desvairada apoiadora da dieta natural para carnívoros. Tenho meus motivos e não estou
sozinha.

Dra Jacquelyne e eu somos a favor de um estilo de vida mais natural à espécie carnívora
de nossos animais de estimação e, entre outras coisas, defendemos uma alimentação
mais simples e apropriada. Você leu bem, eu disse “simples”.

Simples, porque a Natureza é assim. Desconfie dos pratos requintados. Não existe dieta
gourmet no mundo carnívora.

A dieta crua para carnívoros é defendida por diversos autores como a melhor e mais
completa. O balanço de nutrientes nesse tipo de dieta é tão perfeito que se feita de
modo ancestral, com a oferta de presas inteiras, a suplementação é praticamente
desnecessária.

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Mas, o que é essa dieta, afinal?

Para tornar as nomenclaturas mais fáceis de compreender, vamos, a partir de agora,


chamar simplesmente de dieta natural.

É dieta e é natural. Pronto.

Qual a composição?

Pense numa presa para o gato. Aposto que você pensou num rato.

Perfeito!

O rato é um mamífero roedor. Ele come praticamente de tudo, mas principalmente


grãos e restos de comida humana. Insetos, vegetação, fungos e sementes também
fazem parte de sua dieta. Um rato pode comer um terço do seu peso corporal por dia.

Ratos bebem muita água. E assim como acontece no nosso organismo,


aproximadamente 70% do seu corpo é composto por água, boa parte dela reservada
dentro das células. Ossos, músculos, órgãos, gordura, pele e pelos estão distribuídos
nos outros 30%.

Pois bem, o gato comeu o rato. Que delícia! Por favor não torça o nariz, o seu felino só
ganha com isso. Veja: refeição completa, além de fornecer carne de músculo, vísceras e
ossos, cujo balanço entre cálcio e fósforo é perfeito, seu bichano ainda se beneficia de
toda a umidade que a presa fornece. Pode ser que ele dispense o conteúdo das tripas,
chacoalhando-a de um lado para outro, mas, a depender do conteúdo, ele vai preferir
ingerir esse “alimento” processado riquíssimo em enzimas digestivas.

Já sei, você nunca vai deixar seu gato comer um rato. Tudo bem, apenas saiba que isso
não tira do seu felino a natureza dele de caçador e comedor de ratos por excelência.

Ainda estamos falando da composição da dieta natural. Você, a essa altura, já entendeu,
copie a presa que o seu animal poderia eventualmente caçar. Não tem erro.

Pense de modo simples. Lembra lá no começo quando disse que era simples?

Mas, como gosto de escrever, vou esmiuçar o assunto.

Já ouviu falar na dieta BARF?

BARF é o acrônimo em inglês para biological appropriate raw food (comida crua
biologicamente apropriada) ou seria bones and raw food (ossos e comida crua)?

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Seja qual for, quem já está acostumado com o termo, provavelmente acompanhou a
evolução desse modelo de dieta com o tempo.

Quando seu autor, Dr Ian Billinghurst publicou seu primeiro livro, ele defendeu a oferta
de ossos exaustivamente.

Na América do Norte, é comum encontrar lojas de comida natural para cães, e a maioria
delas segue a ideia do Dr Ian, em triturar os ossos junto das outras partes da presa, em
proporções tais que imitem a presa.

Quando a Dora chegou, comecei assim, com a carne crua moída com os ossos. Depois,
fui introduzindo ossos de aves íntegros em pequenas quantidades.

Não sei se o volume de ossos na dieta ou apenas predisposição genética, o fato é: ela
tem as patas traseiras ligeiramente curvadas para dentro, provavelmente por algum
desajuste ósseo na formação de seus joelhos. Nunca saberei ao certo, mas tenho para
mim que alimentar um cão bebê com 85% de carne com ossos não foi a coisa mais
inteligente que fiz.

Eu estava e, sempre estarei, aprendendo. Eu tinha e tenho um ser único em minhas


mãos. Eu me sentia só.

Não se iludam com a ideia de que os EUA, Canadá ou mesmo Europa sejam melhores
nessa questão.

O melhor sempre será você. Porque você é quem conhece de fato o seu animal de
estimação.

Eu conhecia a minha cachorra! Mesmo assim, confesso que mudei o balanço da dieta
dela várias vezes até chegar num plano dietético que, acredito, seja o melhor para ela e
com o qual hoje me sinto super confortável.

Nunca vou esquecer a ansiedade e terror que senti na primeira vez que ofertei carne
crua com ossos.

Sei que as pessoas fazem a mesma pergunta que eu fazia: o que exatamente devo
oferecer?

A propaganda é danada, ela amendronta para vender. A Internet nem sempre ajuda e é
duro ganhar confiança sem muitas ferramentas para se apoiar. Por fim, se o estilo de
vida do tutor não for natural, por que o do seu cão ou gato seria?

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Canadá / Brasil. 1ª edição, 2017.
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Vejo com frequência e entusiasmo, uma mudança significativa no estilo de vida dos
tutores que adotam a dieta natural para seus animais.

Todos ganhamos com uma vida mais simples e mais próxima de nossa natureza. Sem
embalagens para abrir e poluir, com muita saúde.

Espero que o que vem adiante não seja encarado como uma receita a ser seguida à
risca, mas sim, como o que aprendemos com nossa experiência prática, estudo e
observação.

Essa é a maneira como eu escolhi alimentar a minha Dora e, por sorte, Dra Jacquelyne e
eu concordamos com essa forma. Certamente, não existe “jeito certo”. Novamente, cada
animal é único.

Você viverá as suas próprias experiências nessa jornada e, logo perceberá que, quanto
mais aprende, mais parece não saber. Exatamente por isso, por favor, não deixe de ser
curioso, de procurar boas fontes, de fazer sua própria pesquisa e o mais importante, de
colocar o seu coração nessa busca.

Nosso método não segue uma categoria ou autor específico.

Somos a favor da longevidade com qualidade de vida. Essa é a nossa meta.

Estamos aqui para melhorar a vida do seu animal de estimação e te dar uma mão
quando as pessoas o chamarem de maluco com essa mania de oferecer carne crua para
seu melhor amigo.

Queremos lhe dar a segurança necessária para que você trilhe esse maravilhoso
caminho natural sem receios e com muita confiança porque a Natureza nunca falha.

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Fabíola Donadão & Jacquelyne Motta
Canadá / Brasil. 1ª edição, 2017.
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DIETA NATURAL
Este guia traz a nossa experiência, juntamente com informações obtidas e
adaptadas de livros e publicações de autores estrangeiros.

Lembre-se sempre:

O balanço dos nutrientes é adquirido com o tempo.

Se um dia você ofertou mais carne do que osso, no outro pode oferecer mais carne com
ossos e se faltou um peixinho aqui ou ali, mas ele entrou no cardápio ao longo da
semana, está tudo bem. Desde que você saiba o que é necessário para seu amigão, e
faça a oferta com o tempo, o balanço vai se estabelecer, naturalmente.

• Calcio e fósforo precisam obedecer a relação 1:1. Carnes, em geral, têm bastante
fósforo, ossos têm bastante cálcio. Presas e peixes inteiros, ovos e tripas possuem
relação perfeita.
• Coração, língua e moela são considerados na porção de carne.
• As carnes de miúdos não devem exceder 15% do total da dieta. Ofereça fígado
uma vez por semana ou pequenas porções fracionadas durante a semana. A
porção diária deve contemplar 5% de fígado juntamente com 10% da oferta de
outro órgão. O fígado é um dos órgãos responsáveis por filtrar toxinas. Seja
criterioso na escolha.
• Sinta-se à vontade em alimentar seu carnívoro com o que chamo de “eca e
meleca”, como: pé de frango, traquéia, rabos, pulmão, testículos e pênis. A
traquéia do boi, assim como os pés das aves são fontes naturais de condroitina e
glucosamina, importantes na formação e manutenção das articulações.
• NUNCA ofereça ossos cozidos. O cozimento altera a consistência tornando-os
armas letais. Ossos crus são seguros, mesmo assim, esteja com seu cão ou gato
na hora da comida e supervisione sempre.
• Tente achar carnes de animais jovens ou que não receberam tratamento à base
de hormônios ou vacinas em excesso.
• Congele carnes de porco e peixe por 20 dias antes de oferecer. As demais podem
ser congeladas seguramente por 10 dias. Essa medida é necessária para reduzir o
risco de contaminação por parasitos.

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Um parêntese importante aqui. Veja, eu disse “reduz” e não elimina. Isso porque
microorganismos como vírus e bactérias, foram os primeiros habitantes do Planeta
Terra. A Nasa diz que eles estão até no espaço. Então, sejamos razoáveis, convivemos
com eles. O segredo aqui não é o extermínio, mas sim a convivência saudável como já
abordado no artigo Há males que vem para o bem. É essa convivência que prepara o
seu carnívoro para receber a alimentação natural como ela tem que ser.

Como saber se seu animal está preparado?

Cães, gatos e também ferrets, são equipados por natureza para lidarem com bactérias e
parasitos. A acidez de seus estômagos, cujo pH é menor que 3, garante à eles a ingestão
segura de qualquer microorganismo. A flora intestinal e também a bucal são equipadas
para dar conta do recado.

Ainda assim, a rotina humana a que são submetidos, como por exemplo, a oferta de
carboidratos contido nas rações ou nos grãos, como o arroz, muitas vezes contribui para
a elevação desse pH, tornando-o alcalino. Alimentar um animal saudável várias vezes ao
dia - e aqui vale ressaltar o péssimo hábito de ofertar petiscos sem restrição ou a ração
que passa o dia todo fermentando na vasilha -, também contribui com o aumento do
pH estomacal.

pH refere-se ao "potencial Hidrogeniônico", uma escala logarítmica que mede o grau


de acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma determinada solução.

Todo organismo e suas partes têm o seu pH característico. O pH do estômago de


nossos cães e gatos idealmente deve ser sempre menor do que 3, já o da pele deve
ser em torno de 6.5.

Por que esse número existe?

Graças à ele podemos controlar “ambientes” ácidos (<7), neutros (7) e alcalinos (>7).

Quanto mais alcalina a flora intestinal, mais suscetível à entrada de bactérias


e parasitos. Quanto mais ácida, mais protegida.

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O QUE OFERECER
O que oferecer para garantir uma dieta natural completa e balanceada?
Nenhum tutor está livre de querer prover a melhor comida para seus animais.

O receio é tanto que a indústria de suplementação faz a festa e o que era simples ficou
confuso.

Vamos aos fatos. O que é balanço e o que faz de uma refeição completa?

Balanço é coerência e ele vem com o tempo. Não existe regra, percentual ou mágica
para isso.

Muitos autores sugerem percentuais e se você fizer sua pesquisa verá que todos eles,
sem exceção, em algum momento, concordam com a mesma ideia: refeição completa é
aquela que você oferece imitando a presa com simplicidade e carinho.

Pois bem, a maior parte da dieta da Dora é composta por carnes de músculo, miúdos e
carnes com ossos.

No prato dela entram pés, pescoços, pontas das asas, rabinho e costas de frango, pés
de pato, pescoço de peru, rabinhos de novilho, codornas e peixes inteiros.

Ossos de aves são, geralmente, mais seguros para cães pequenos e gatos. Cachorros
maiores, como bulls, huskies e pastores dão conta de costelas de boi, pescoço de porco
ou cordeiro, carcaças de aves inteiras, coelhos e pequenas presas.

A lista de carne com ossos é vasta.

Pense assim: um osso com bastante carne grudada. Essa é a carne com ossos. Nem
muito grande tampouco duro para o porte de seu animal, mas num tamanho seguro
para que seja triturado e não engolido inteiro. Um osso que tem que ser trabalhado.

Comece devagar, observando e, se preciso, segurando o pedaço até que o hábito de


triturar e engolir com calma seja desenvolvido. Pedaços serão engolidos com
frequência. É assim mesmo, mantenha a calma. O suco gástrico vai dar conta do recado.

Se preferir usar um triturador, sem problemas, escolha as porções e capriche.

Dica: uma presa inteira nunca terá mais da metade do seu corpo composto por ossos.

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Ossos recreativos
Ossos grandes, duros, às vezes com o tutano, são considerados recreativos, eles podem
lascar e machucar a gengiva ou até mesmo o aparelho digestivo. São ótimas distrações,
mas pedem cuidado. Às vezes, possuem articulações que podem escorregar goela
abaixo sem trituração causando obstrução.

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É preciso supervisão quando da oferta de ossos recreativos. Escolha sempre os grandes,


de preferência maiores que a cabeça do seu cão ou gato. Confesso que não ofereço
com frequência.

Carne com ossos são diferentes.


Carne de miúdos
Carne de míudos ou vísceras, incluindo fígado de presas variadas devem ser ofertadas
com frequência. Coração, por ser um músculo, entra na porção de carnes sem ossos,
mas isso não faz dele uma carne de pouca oferta. Ele precisa figurar no prato, pelo
menos uma vez na semana. Faz parte do balanço, lembra?

Nunca passo de 10% de miúdos (sendo metade da porção composta por carne de
fígado e a outra metade de outras vísceras, geralmente rins, baço ou pâncreas). Como
vísceras nem sempre são bem toleradas, prefiro dar diariamente. Se não tenho
variedade, acabo oferecendo apenas a pequena porção de fígado, aumentando a
quantidade quando a variedade surgir.
Arroz e outros grãos
Não ofereço, nem mesmo em petiscos. Prefiro usar aveia sem glúten, farinha de coco e
o meu favorito: bucho (pulmão) seco no forno.

Aprendi que grãos não fazem parte da dieta natural dos carnívoros. Compreendo que
cães podem digeri-los, entretanto, o excesso me preocupa porque acaba exigindo
demais de órgãos como pâncreas e fígado.
Tripas
Já falamos das tripas em outra ocasião no texto sobre a importância das enzimas.

Tripa é geralmente a primeira, das quatro cavidades que compõem o estômago dos
ruminantes. Quando falamos em tripas, não nos referimos às lavadas e tratadas para
consumo humano, referimo-nos às frescas. A tripa fresca tem o balanço perfeito entre
cálcio e fósforo, é rica em enzimas digestivas e Lactobacillus Acidophilus, vitamina B,
ácidos graxos, linoleico e linolênico na proporção adequada. Tripas de ruminantes
alimentados com capim são as mais nutritivas e atuam como probiótico natural.

Pelo menos três vezes por semana não falta no prato da Dora, mais ou menos uma
colher de sopa na porção de carne de músculo.

Não existe uma quantidade específica recomendada, alguns autores falam em 10% do
total da porção de carne de músculo.

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Carne de músculo
Variedade. Prefira peças pouco comuns para consumo humano como língua, moela,
coração, e outras, tomando o cuidado de balancear bem o prato com carnes de
músculo. Por exemplo, não exagere na oferta de corações, pois certamente seu
carnívoro não comeria mais do que sete, com muita sorte, numa semana.
Ovos
Ovos inteiros crus com casca possuem a proporção perfeita de fósforo e cálcio. Alguns
autores defendem a alimentação duas ou mais vezes por semana.

As gemas são uma excelente fonte de magnésio, cálcio, ferro, folato, vitaminas A, E e B6.

Ovos vendidos em supermercados são pulverizados com cera e outros produtos


químicos para melhorar sua aparência. Estes produtos químicos são prejudiciais, então,
se não conseguir encontrar ovos de fazenda, alimente com os ovos comerciais sem a
casca e conte-os na porção de carne.
Frutas e vegetais
Frutas e vegetais podem ser benéficos como alimentação suplementar.

Legumes devem ser processados ou ligeiramente cozidos no vapor. Gatos dispensam


frutas e vegetais, se aceitarem, melhor que sejam dados como petiscos, sem compor o
prato principal. Já para os cães, apesar de haver uma linha de autores defensores da
dieta extritamente carnívora, a oferta é aceitável desde que não ultrapasse 25% do total
do prato.

Vegetais precisam ser pré-digeridos (triturados, processados ou cozidos no vapor). Os


de folhas verde-escura são ricos em vitamina B. Frutos maduros são mais facilmente
digeridos por cães e também repletos de vitaminas.

Costumamos antropomorfizar nossos animais de estimação os distanciando de suas


raízes. Frutas e vegetais são extremamente saudáveis para nós, mas totalmente
dispensável para os nossos carnívoros, que, numa dieta natural apropriada para a
espécie são capazes de obter todos os nutrientes que precisam.

Cães e gatos dispensam alimentos ricos em açúcar porque ganham energia através das
gorduras da carne que comem. Eles são capazes até de produzir vitamina C, enquanto o
organismo humano não possui a mesma habilidade.

Vegetais podem ser misturados no prato. As frutas merecem atenção especial, porque
elas atravessam o sistema digestivo muito rapidamente e quando misturadas à carne

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acabam permanecendo no estômago por tempo demais (esperando a digestão da


carne) e fermentam. A oferta de fruta deve ser baixa, não mais do que 10% do total
diário e sempre com 3 horas de diferença da oferta de proteína.

QUANDO ALIMENTAR
Muitas pessoas alimentam seus cães duas vezes ao dia. A Dora costuma comer uma
única refeição. Tem dias que sirvo duas vezes e dias em que ela jejua.

Cães são totalmente adaptados para períodos de jejum. Eles se beneficiam e alguns
chegam até a jejuar por conta. O jejum ajuda na limpeza de toxinas e no balanço
saudável das bactérias do trato intestinal, pois ele favorece um ambiente mais ácido.

Gosto do jejum pelo menos uma vez ao mês, porque sei que o sistema imune ganha
muito com esse hábito. Essa “folga” é extremamente saudável.

Filhotes e gatos não podem jejuar de forma alguma.

O osso recreativo pode ser uma boa pedida no dia do jejum. A ideia é manter o trabalho
digestivo menos intenso, não significa, no entanto, que seu amigão não pode se divertir.

QUANTIDADES
Como ponto de partida, tenha em mente as seguintes quantidades diárias de comida
para um animal adulto saudável.

Cães de médio e grande porte florescem com 3% do total de seu peso, alimentados
uma vez ao dia. Os miniaturas comem 3 a 4% do total de seus pesos e, se não
acostumados desde cedo, por terem um metabolismo mais acelerado, podem exigir
duas refeições ao dia.

Gatos se dão bem com duas a três refeições diárias contendo 3 a 4% do total de seu
peso.

Filhotes e idosos exigem cuidado especial na formulação de suas dietas.

Ambos necessitam ter suas refeições fracionadas. Filhotes comem mais, idosos,
geralmente, comem menos.

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MODELO DE DIETA NATURAL


Dora pesa 6,9 kg. Ela tem comido 3.5% do seu peso, ou seja, 240 g por dia.

Lembro que ela é ativa, super ativa. E portanto, usa bem a energia que consome. Você
tem que começar aos poucos e ir percebendo a silhueta do seu amigão. As costelas
precisam ser percebidas ao toque com facilidade, e a cintura, quando olhando seu cão
por cima, tem que figurar de alguma forma.

Se você gosta de números, aqui vai a composição aproximada da dieta dela hoje:

• 50% carne de músculo


• 30% carnes com ossos
• 5% fígado
• 5% outro órgão
• 10% vegetais

A oferta de ossos crus é crucial para o desenvolvimento e manutenção da saúde de seu


animal. Ossos garantem o balanço ideal entre fósforo e cálcio, além de magnésio e
manganês.

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Pelo menos 10% da dieta de um animal adulto deve ser composta por ossos.

Como saber esse percentual quando não se pode pesar apenas os ossos?

De uma maneira geral, para ter certeza de que a dieta inclui entre 10% a 25% de ossos,
basta oferecer entre 25% a 60% de carne com ossos. Isso significa que a proporção
sugerida aqui pode ser aumentada, pois ela irá sofrer oscilações de acordo com a carne
com ossos escolhida.

Mais importante do que seguir à risca números percentuais, é entender alguns limites.
Com isso em mente, tudo fica mais fácil.

Alimento Mínino Máximo

Miúdos 5% 15%

Carne com ossos 25% 60%

Vegetais Não estabelecido 25%

É o seu cão ou gato quem vai dizer, por meio da digestão bem feita, fezes durinhas e
sem cheiro, disposição e aceitação dos alimentos oferecidos, qual o melhor balanço
para ele. O seu papel é conhecer os limites para cuidar do equilíbrio.
Dicas

Na balança

Se ainda não tem uma balança na sua cozinha, por favor, considere adquirir uma. No
começo é bom pesar os alimentos, apenas para garantir boas proporções.

Com o tempo, desenvolverá o olhar.

Imite a presa

Considere sempre o porte de seu animal.

Por exemplo, um cão pequeno é capaz de comer uma galinha inteira? Talvez, pois bem,
galinhas não têm quatro patas, dois pescoços, nem cinco corações.

Imite a presa... Esse será seu mantra daqui para a frente.

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Órgãos

Se tenho variedade, oferto 10%, se só tenho fígado, fico com os 5% dessa carne.

Vegetais

Meus favoritos são folhas de couve manteiga, espinafre, brócolis, couve-flor, beterraba e
outras refogados ou no vapor, abobrinha, chuchu, pimentão amarelo, brócolis,
aspargos, couve-flor e couve de bruxelas bem triturados ou cozidos no vapor.

E a cenoura, a madioquinha e a beterraba? São horliças com índice calórico mais alto,
precisam ser oferecidas com cautela. A digestão dessa turma é mais pesada para nossos
bichos, a prova são os pedaços inteiros que aparecem nas fezes.

Embora também calóricos, purê de batata-doce e abóbora são excelentes para


indigestão.

Não deixo faltar ervas bem picadinhas, e aqui tem uma infinidade: salsinha, cilantro,
manjericão, sálvia, menta, hortelã, alecrim, camomila, agrião de trigo (wheatgrass),
dentes de leão, brotinhos diversos e por aí vai.

Se não vou compor o prato com vegetais, aumento a porção de carne de músculo.

Frutas

Considero fruta um petisco.

Ofereço bem pouco, tão pouco que nem considero no volume total
de comida. Diria que não passo de 10% do total de comida em
frutas diariamente, o que, em outras palavras seriam mais ou
menos 25g de acordo com o peso de minha cachorra, traduzindo:
três a cinco mirtilos ou um morango grande inteiro ou, ainda, um
bom pedaço de melância e pronto.

Nem todo dia é dia de fruta e eu prefiro frutas vermelhas, porque


são mais selvagens, a lista inclui: mirtilo, framboesa, morango
(cuidado, alguns cães podem apresentar alergia), amora, cranberry,
kiwi, romã, melão e melancia.

Posso oferecer maçã, mamão e banana? Pode. São seguras e... doces. Você já entendeu.
Modere na oferta de frutas muito doces.

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Coco e abacate são excelentes opções por serem ricos em gorduras saudáveis. Adicione
pequenas porções gradualmente na dieta, se o cão apresentar diarreia diminua a
quantidade.

Cítricas são bem toleradas pela maioria dos cães. Não ofereça para gatos.

Carambola e uva são tóxicas, estão proibidas.

O dia da presa inteira

Peixe, codorna ou galeto (geralmente sem a coxas), no caso da Dora. Um cachorro


grande dá conta de um coelho inteiro tranquilamente.

Se conseguir a peça com os miúdos, perfeito. Se não, ofereça um pedacinho de fígado


ou outro órgão e pronto.

Esse dia dispensa vegetais.

SUPLEMENTOS
São realmente necessários?

Se estivéssemos falando de uma alimentação orgânica, com apenas presas inteiras,


íntegras e preferencialmente selvagens, a resposta seria não.

Alguns nutrientes, infelizmente, ficam deficientes na dieta, e é por isso que a variação é
importante.

Ômega-3 é um óleo essencial e altamente volátil. Peixes de cativeiro não oferecem


quantidades suficientes desse óleo. Além disso, peixe certamente não será a única fonte
de proteína da dieta, por isso, é importante complementar o prato com um bom óleo
de peixe rico em ômega-3 por, pelo menos, três vezes por semana.

Probiótico é fundamental para o balanço saudável das bactérias no trato intestinal. Se


estiver oferecendo tripas alguns dias da semana, não precisa completar o prato com
probióticos. Caso não esteja oferecendo tripas, tente incluir kefir ou queijo cottage
algumas vezes na semana. Iogurte é a minha última escolha como alimento probiótico
porque a pasteurização mata quase que a totalidade das bactérias boas.

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Sal, de preferência o rosa do Himalaia é fonte de minerais. Minerais contribuem para o


bom funcionamento da glândula tireóide e, por conseguinte, para o equilíbrio das
funções hormonais. Uma pitada na primeira refeição e só. Simples assim.

Óleo de coco e azeite extra virgem. Apesar de serem produtos de origem vegetal, são
dois óleos reconhecidamente potentes e saudáveis para nossos bichos. Um fiozinho
opera milagres na composição da dieta.

Suplementos vitamínicos e minerais merecem atenção. Somente usaria em caso de


recomendação médica para terapia e de modo pontual.

O metabolismo de nossos animais é diferente do nosso, eles assimilam as vitaminas e


minerais dos alimentos com uma rapidez incrível. Confie na variação dos aliementos
frescos.

FILHOTES
Filhotes devem comer mais vezes ao dia em proporções adequadas mês a mês, porque
estão e desenvolvendo. Você pode calcular a quantidade de acordo com o peso ideal da
raça, mas eu acho arriscado, porque nem sempre dá para garantir que seu filhote vai
seguir o padrão. Prefiro seguir a regrinha 10% do peso do desmame aos três meses, 8%
dos quatro aos seis meses, 6% dos seis aos oito meses, 4% dos nove meses a um ano
aproximadamente e 3% a partir de um ano e meio em diante.

Cada filhote é um filhote. Cada raça, uma raça.

Prefira ter acompanhamento profissional, pois não somente as porções, mas os


alimentos (carnes) a serem ofertados precisam garantir excelentes balanços entre
vitaminas e minerais. Nessa fase, o cálcio precisa ser cuidadosamente calculado (cerca
de 60% de carnes com ossos), porque se faltar na dieta, o corpo acaba tirando dos
ossos em crescimento.

Uma boa dica é observar a largura dos pulsos de seu filhote, que devem sempre
acompanhar o comprimento da perna. O ângulo também deve seguir o desenho das
pernas, quando aumentados podem ser indicativo de deficiência de cálcio.

Filhotes podem ser apresentados à carne crua logo que desmamarem, a oferta de ossos,
no entanto, pede assistência contínua dos tutores. Alguns autores indicam a introdução
de carne com ossos somente após os dentes permanentes, mais ou menos aos seis
meses, a depender da raça e do porte. Saiba mais aqui.

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A primeira carne com ossos que ofereci para a Dora foi pescoço de frango, aos quatro
meses, ainda com os dentinhos de leite.

Com o tempo, você vai ganhando confiança, seu animal vai demonstrando interesses,
mostrando o que é melhor para ele. Você vai ver fezes mais firmes, com menos cheiro,
pelos brilhantes, dentes brancos e hálito saudável, e o mais importante, muita
disposição e um apetite voraz.

Fatores genéticos sempre existirão, não estamos livres deles, ou mesmo livres da
depreciação que os nossos solos sofreram e ainda sofrem. Todos vivemos as
consequência dessa “destruição”, mas as nossas escolhas ainda falam mais alto.

Escolha a Natureza.

Confie e não olhe para trás. A sua vida e a vida de seu animal de estimação estão
prestes a mudar e nós temos certeza de que essa será uma experiência incrível.

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RECEITAS

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RECEITAS
As receitas a seguir são apenas sugestões. Elas foram compiladas dos pratos da Dora e
de artigos de autores especialistas internacionais.

Por favor, lembre sempre que elas foram adaptadas para a maioria dos animais
saudáveis. Se o seu cão ou gato tem alguma necessidade específica, consulte o
veterinário nutrólogo ou zootecnista de sua confiança.

Você pode escolher os ingredientes com antecedência e prepará-los para o mês ou para
a semana. Pode mantê-los congelados em porções ou separar a quantidade para três
dias, por exemplo, mantendo o restante dos alimentos frescos no freezer.

Embora pratique e recomende a porção de 10% do total de comida diário em vegetais,


autores como a conceituada Dra Karen Becker aceitam bem 25% diários para cães. Se
você optar por mais vegetais, tire esse percentual da carne de músculo.

Para os cães, com a proporção de 25% de vegetais, as proporções ficariam mais ou


menos assim (3 partes de carne para 1 de vegetais):

• 35% carne de músculo


• 30% carne com ossos
• 10% vísceras (5% fígado e 5% outro órgão)
• 25% vegetais

Como saber se estará ofertando ossos demais?

Observe o cocô. Ele é tão importante nessa fase de adaptação, e quer saber? Todos nós
devemos reconhecer fezes saudáveis. Se estiverem brancas e muito duras, é sinal de
muito osso. Melhor reduzir um pouco a oferta.

Essa preciosidade será o seu parâmetro. Confie nela!

E os gatos?

Gatos dispensam vegetais, mas se o seu for adepto, sugiro manter-se firme na
proporção de 10% (7 partes de carne para 1 de vegetais), como eu faço com a Dora:

• 50% carne de músculo


• 30% carne com ossos
• 10% vísceras (5% fígado e 5% outro órgão)
• 10% vegetais

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Se decidir seguir sem vegetais, distribua o percentual destes, aumentando a oferta de


vísceras e carnes de músculo. Procure ofertar carnes em pedaços, porque a taurina,
amino ácido essencial para gatos presentes nas moléculas da carne é praticamente
destruída quando a carne é moída ou processada.

É por isso que a indústria de ração adiciona taurina sintética às suas fórmulas. A
deficiência pode causar degeneração retinal, cegueira, queda de pelos e cáries.

Outro ponto importantíssimo quanto aos gatos: Ômega-3 (EPA e DHA) e Ômega-6 não
podem faltar de maneira alguma em suas dietas.

Diferentemente dos cães, gatos não são capazes de produzir ácido araquidônico
(Ômega-6 poliinsaturado) a partir do ácido linoleico, e requerem, portanto, esse óleo
em suas dietas.

A relação deve ser sempre próxima de 1:1, ou seja, para 1 g de Ômega-6, 1 g de


Ômega-3.

Acontece que essa relação só perfeita na carne de peixe. Todas as outras apresentam
grande quantidade de Ômega-6. O frango é a campeã, contendo, em média, 19 g de
Ômega-6 para 1 g de Ômega-3.

Por isso, é fundamental complementar a refeições, que não contemplam peixe no


cardápio, com um bom óleo de peixe.

O que você merece saber sobre Ômega-3

Dosagem: 500 mg de Ômega-3 para cada 10 kg

Escolha os de origem animal. Ômegas de origem vegetal não são assimilados da


mesma forma pelo organismo de nossos bichos.

Sardinhas, arenque e salmão do Oceano Atlântico costumam ser boas fontes. O krill,
um pequeno crustráceo encontrado principalmente no Oceano Antártico também
tem sido bastante usado na fabricação de óleos de boa qualidade.

Fique de olho na procedência.

Vitamina E faz parte da composição de alguns óleos para prevenir oxidação.

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Mix de vegetais para cães e gatos


Pode servir cru bem picado (triturado) ou cozido levemente no vapor. Todas as receitas
vão bem com brotos e folhas bem picadinhos de de cilantro, estragão, tomilho, cheiro-
verde e por aí vai. Capriche nas ervas.

Receita n. 1 – Brócolis

• 3 partes de brócolis com folhas e talos


• ½ parte de salsão com folhas e talos
• ½ parte de pimentão laranja pequeno

Receita n. 2 - Abobrinha

• 2 partes de abobrinha italiana com casca


• 1 parte de couve manteiga
• 1 parte de couve-flor com folhas e talos

Receita n. 3 – Batata doce

• 2 partes de batata doce cozida no vapor


• 1 ½ partes de chuchu com casca
• ½ parte de aspargos

Batata doce pode ser substituída por abóbora ou mandioquinha, sempre cozidas.
Espinafre refogado pode entrar no lugar da couve e coração de alcachofra cozido
substitui bem os aspargos. Brócolis e couve-flor podem ser substituídos por couve de
bruxelas. Cenoura e beterraba (cozidas) vão bem com chuchu e abobrinha italiana.
Pimentões vermelhos ou laranjas são seguros e nutritivos.

O aspargo cru é bem duro e o cão pode apresentar dificuldade para digerí-lo, portanto
cozinhe um pouco (não use óleo ou manteiga, apenas água).
Faltou um dos ingredientes? Tudo bem, prepare a receita com dois deles ou faça
substituições. Seja criativo.
Mix de carnes para cães e gatos
Você não precisa preparar o cardápio com uma proteína apenas. Se não estiver
oferecendo uma presa inteira, capriche nas combinações.

Qualquer carne é carne! Vale até rã.

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Lembre de incluir ovos (galinha, pata, codorna etc.) e peixes em pelo menos duas
refeições semanais.

Acrescente os vegetais aos pratos nas proporções adequadas ao peso do seu animal.

Galinha com boi

• Língua de boi e moela de galinha


• Rins e fígado de boi
• Ponta das asas e pescoço de galinha para cães pequenos ou asas e costas para
cães grandes.

Cordeiro com coelho (evite cordeiro para gatos com sensibilidade gástrica)

• Coração de cordeiro e qualquer corte de coelho


• Baço e fígado (cordeiro ou coelho)
• Costelas de cordeiro (mais adequada para cães de médio e grande porte). Para
cães pequenos, substitua por pés de galinha.

Porco com codorna

• Qualquer peça de carne de porco


• Pâncreas e fígado de porco
• Uma codorna inteira. Se o seu gato ou cachorro não der conta da codorna
inteira, tire as peças mais complicadas como coxas e asas.

Peru com boi

• Tripa verde, coração e carne de boi.


• Fígado de peru e cérebro de boi
• Rabo e pescoço de peru (cães miúdos e gatos dão-se melhor com pescoço de
galinha)

Boi e galinha com ovo

• Cochão duro, ovo de galinha, pata ou codorna com ou sem casca e tripa verde
• Rins e fígado de boi
• Ponta dos rabos de novilho e asas de galinha para cães pequenos. Rabos e asas
inteiras para cães grandes. Considere moer as carnes com ossos para o seu gato
nesse caso.

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Pato e peru com ovo (mais adequado para cães)

• Carne de pato, ovo de galinha, pata ou codorna com ou sem casca


• Fígado de pato
• Ossos de patos são densos. Prefira pescoço de galinha para cães pequenos e
pescoço de peru para os maiores.

Peixe

• Peixe
• Fígado de boi
• Se estiver oferecendo peixe inteiro, dispense a carne com ossos. Caso contrário,
escolha o osso carnudo que o seu amigão adora e faça a combinação necessária.

Importante:

Nunca cozinhe carne com ossos. Ossos de boi e porco não são recomendados na
porção de ossos com carne. Prefira ossos de aves ou animais pequenos, pois são mais
macios.

A veterinária Lew Olson, autora do livro Raw and Natural Nutrition for dogs, recomenda
a oferta de até 25% da porção de carne de músculo em tripa verde duas vezes por
semana.
O que você precisa saber sobre peixes
Peixe. O alimento que deveria ser dos mais simples, acabou ganhando um espaço só
para ele.

Isso porque é impossível, hoje em dia, fechar os olhos para a contaminação de mercúrio
nos mares e para os problemas que envolvem a produção em cativeiro, onde os peixes
comem ração, nada natural para eles e ainda, muitas delas geneticamente modificadas.
Esses peixes, sem uma alimentação natural, sequer produzem Ômega-3.

Mesmo assim, peixe ainda é crucial no cardápio de nossos carnívoros, para garantir
ácidos graxos e vitamina D. Salmão e sardinhas são campeões em vitamina D.

Você pode oferecer sardinha em lata. Verifique a procedência e escolha as conservadas


em água. Sardinhas são selvagens e pequenas, duas boas vantagens sobre
contaminação e criadouros. Podem ser servidas diretamente da lata. Os ossos desse
peixinho não representam perigo.

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Se oferecer salmão, cozinhe-o.

O salmão carrega um parasita (Nanophyetus salmincola), que por sua vez carrega uma
bactéria (Neorickettsia helminthoeca) fatal para cães. O congelamento mata o parasito,
mas não a bactéria, que sobrevive às baixas temperaturas. É ela o problema.

Esse parasita é mais encontrado no salmão das águas do Pacífico, mas não dá para ter
certeza. Então, melhor cozinhar todos eles.

Nada de mais em misturar o peixe cozido às carnes cruas no prato. Capriche!


Posso tirar os ossos da dieta?
Sem ossos é necessário suplementar com cálcio e é aí que mora o perigo.

Somente o alimento completo em seu estado natural oferece nutrição perfeita. A


variedade de nutrientes que compõe os alimentos nunca será substituída por um
suplemento sintético.

Ossos crus fornecem cálcio, fósforo, magnésio e uma variedade de outros nutrientes em
perfeito balanço. Suplementos à base de cálcio carecem desses nutrientes.

Optar apenas pela suplementação de cálcio, desconsiderando os ossos na dieta, pode


gerar problemas no longo prazo e afetar até a saúde do sistema musculo-esquelético
de seu animal.

Mas e a casca de ovo moída?

Segundo padrões estabelecidos pela Associação Americana dos Oficiais de Controle de


Comida Animal, a AAFCO, a relação entre cálcio e fósforo deve ser 1:1 ou 2:1. No pó da
casca do ovo essa relação é de 5,2:1, ou seja, muito alta em cálcio e deficiente em
fósforo.

Vitaminas e minerais trabalham em sinergia. O excesso de cálcio pode interferir na


absorção de ferro, zinco e magnésio. Já o excesso de zinco pode interferir na absorção
de ferro e cobre. Algumas vitaminas como as vitaminas A e D podem se acumular nos
tecidos corporais causando doenças quando administradas em excesso.

Todo cuidado é pouco na hora de administrar vitaminas e minerais.

Em outras palavras, o melhor sempre será a oferta da carne com ossos, pois dificilmente
conseguiremos substituir todos os nutrientes dos ossos crus. Mas, se o seu cão ou gato

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não se der bem com a oferta ou tiver dificuldade em rasgar a carne e triturar os ossos,
não desista, procure pelo próprio osso moído, ou bone meal em inglês.

Com a facilidade da Internet, já é possível importar esse suplemento, caso não o


encontre no Brasil. Tome o cuidado de escolher o de consumo humano ou especial para
animais de estimação. Esse é um produto muito usado em jardinagem, nesse caso, não
apropriado por conter contaminantes e metais pesados.

Faça a sua pesquisa e discuta com o seu veterinário nutricionista ou especialista em


nutrição animal os ajustes necessários na dieta com a utilização do pó de osso.

Geralmente, a substituição é simples, mas ainda dependerá das necessidades individuais


de seu amigão.

Agora, se você ficar sem carne com ossos, não faça disso um pesadelo, nada de mais
pular uma, ou até duas, refeições com ossos na semana.

O dia da oferta de peixe ou ovos podem ser boas opções para isso. Com a Dora, faço
assim quando não tenho carne com ossos:

• No dia do peixe. Se não acho um peixe inteiro, cozinho o que tiver, ofereço uma
porção maior de carne, que pode ser do próprio peixe ou outra para completar o
prato, sem esquecer os miúdos, e aumento um pouco a oferta dos vegetais com
o acréscimo de purê de batata doce ou abóbora;
• No dia do ovo. Ofereço carne, miúdos, um ovo cru inteiro com casca (nesse caso,
a casca acompanha o ovo sem arruinar o balanço dos minerais), e novamente
aumento um pouco a oferta dos vegetais com o acréscimo de purê de batata
doce ou abóbora.

Nota: não uso suplementação de cálcio nesses dias porque a Dora tem uma variedade
grande de carne com ossos na semana e o balanço se estabelece. Se optar por fazer
mais refeições sem ossos, então vale o que já foi dito: “discuta com o profissional de sua
confiança e considere acrescentar o pó de osso”.

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PERGUNTAS E RESPOSTAS
Qual a melhor maneira de iniciar meu animal na dieta natural?

O jejum é a melhor maneira de dar um tempo para o organismo e prepará-lo para uma
nova dieta.

O animal saudável transiciona bem dessa forma. Um ou dois dias de jejum, acredite, fará
muito bem. É como se você estivesse de mudança, a casa vazia está limpa e preparada
para receber os moradores novos.

Animais maduros que sempre comeram ração podem apresentar fezes amolecidas no
início. É preciso observar para gerenciar essas situações. A oferta de vegetais como
batata doce e abóbora ajudam a aliviar desconfortos, além de adicionar fibras à
digestão. Mais refeições ao dia, em porções menores também podem ajudar durante a
fase de adaptação.

O jejum não é recomedado para animais idosos, filhotes e gatos. Nesse caso, o melhor
caminho a seguir é fracionar uma parte da nova comida pela manhã, seguida de duas
partes da comida antiga à tarde e à noite nos dois primeiros dias. Do terceiro dia em
diante, duas refeições, a crua no almoço e a antiga no jantar por uma semana até que se
consiga fazer duas refeições cruas completas.

Probióticos e enzimas, além de Ômega-3 são fundamentais durante a transição.

Se o seu gato resiste firmemente, por favor, não desista. Existe um estudo falando que
gatos desenvolvem um senso de segurança com a comida e, por isso, resistem às
mudanças com todas as suas forças. Talvez você fique um tempo maior do que o
esperado nesse processo, não há nada de errado nisso.

Gatos acostumados à comida seca são mais resistentes. Nesse caso, você pode começar
adicionando apenas água sobre a ração, para que ele se acostume com a umidade. Aos
poucos, pode colocar um pedacinho muito pequeno de carne sem osso misturada à
ração. Se ele comer, mantenha a proporção por um tempo e considere-se vitorioso. Aos
poucos, vá colocando mais pedaços até que ele aceite a carne crua. Carnes mais úmidas
e em temperatura ambiente são mais aceitas. Tripas e miúdos são boas pedidas.

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Ossos não são perigosos?

Não vamos fantasiar, cães e gatos podem sim se engasgar com ossos, assim como você
pode se engasgar com água! O segredo é a correta introdução desses alimentos. Prefira
carnes com ossos que podem ser trabalhados e não engolidos, porque o seu amigão
não foi feito para mastigar e sim morder e engolir, portanto, já viu, se o pedaço couber
na goela, é para lá que vai. Siga as orientações contidas nesse manual. Segure as carnes
nos primeiros dias e esteja presente durante as refeições.

Cães são seres super sociais, por que acha que o seu amigão te espera para comer? Eles
apreciam a nossa companhia. Não é demais?

Nunca, em hipótese alguma, ofereça ossos cozidos. Somente ossos crus são macios o
suficiente para digestão de nossos carnívoros.

Salvo sob condições extremas de saúde, como cirurgia de estômago, determinados


tratamentos e doenças, cães e gatos são naturalmente equipados para comerem carne
com ossos e carcaças tranquilamente.

Além de promover dentes mais limpos, o exercício da trituração ajuda a musculatura da


mandíbula e proporciona tranquilidade para os animais.

O cocô do meu cachorro diminuiu. É normal?

Sim. Completamente normal e esperado. Deve estar mais durinho também. Isso é sinal
de que ele está aproveitando muito mais a sua alimentação e, portanto, não tem mais
tanto “lixo” para dispensar.

Se notar muito esforço na hora de ir ao banheiro, talvez a glândula anal de seu bichinho
esteja sobrecarregada. Seu veterinário pode ajudar a aliviar esse desconforto,
comprimindo-a corretamente. Com o tempo e a passagem de fezes com uma textura
mais adequada, o problema se resolve.

Minha família pode ficar doente com as bactérias da carne que meu gato come?

Higiene é a palavra. Assim como você prepara as carnes para sua família, prepare a do
seu animal de estimação. Depois que tiver as porções, leve tudo para o congelador para
o período de profilaxia. Descongele sempre na prateleira da geladeira.

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Você pode ter utensílios separados apenas para a preparação da dieta natural. Seja
como for, lave tudo com água morna e sabão. Se preferir uma desinfecção mais
completa, enxague com um pouco de vinagre.

A vasilha do seu amigão vai ter que ser lavada a cada refeição, assim como você faz com
o seu prato.

Nada fica fermentando. Não comeu, retira e reserva na geladeira. Se ele tocou na
comida, mas parece não querer mais, depois de um tempo, melhor descartar.

Com esses cuidados básicos não há o que temer.

Você pode estar pensando: “mas e se ele me lamber?”

Já falamos da importância do equilíbrio das bactérias. Pois bem, a boca (a sua também!),
assim como o estômago, é um micro-ambiente de bactérias. Esse ambiente é protegido
pelo conjunto de microorganismos responsáveis por manter o pH ideal da saliva e,
assim, impedir a invasão de microorganismos nocivos.

Lambidas não farão mal à sua saúde.

Posso dar um pedaço ou os restos da minha comida para meu animal de estimação?

Não. E não me faça debater a questão, por favor.

Está bem, vou dar uma chance. Se você preparou


uma carne apenas com sal e ervas (sem cebola!
Cebolas são tóxicas), e não quer comê-la no dia
seguinte, faça cubinhos bem pequenos e reserve
na geladeira para ofertar um ou outro, como
petisco. Repetindo: “um ou outro, não o pote
inteiro!”. Combinado?

Não é proibido dar pedacinhos de carne cozida


como petisco. Eu faço isso quando preciso treinar
a Dora nos passeios. Não posso carregar carne
crua, quer dizer, eu já fiz isso, mas não é muito
seguro.

Só não faça disso uma rotina porque senão esse


alimento cozido vai começar a interferir na digestão. Não queremos isso, certo?

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Comida natural causa gases?

Gases são muito mais comuns em animais alimentados com ração. O tempo da
alimentação diz muito nesse caso. A ração é praticamente aspirada. Por ser um alimento
seco, acaba permitindo a passagem de ar durante a ingestão. Cai no estômago e estufa.

Já a comida crua leva um tempo para ser processada, pois ela é trabalhada antes de ser
engolida. Lembre-se que seu amigão terá ossos para triturar.

Esse tempo permite ao corpo preparar-se naturalmente, produzindo enzimas e acidez


necessárias para a digestão. Pouco ar é ingerido junto do alimento e ele não estufa
quando chega no estômago.

Meu animal quase não bebe água, por quê?

Por que a comida dele tem muita água! Falo mais adiante*.

Meu bichinho tem alguns problemas de saúde, ele pode comer carne crua?

Na maioria dos casos, sim. Na verdade, Dra Jacquelyne e eu, pessoalmente, acreditamos
que muitos desses problemas desaparecem com a introdução da dieta natural.

Na dúvida, por favor, converse com o veterinário nutricionista de sua confiança.

Como faço para viajar com meu amigão na dieta natural?

Se tiver uma geladeira portátil, basta carregá-la com as porções congeladas. Se não
puder levar esse tipo de bagagem, tente comprar carnes congeladas no local e preparar
as refeições em casa. Ovos e peixes são excelentes opções para os dois primeiros dias
em que a carne deverá descongelar.

Se não for viável dessa forma, procure por comidas desidratadas. São opções melhores
do que a ração.

Esqueci de descongelar a comida, e agora?

Faça desse o dia do jejum! Pode ser também o dia do peixe, do ovo ou do osso
recreativo.

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Por favor, não use microondas. Além da radiação, as microondas destroem as moléculas
do alimento e ainda podem cozinhar os ossos, tornando-os perigosos.

A dieta natural é muito protéica. O veterinário não recomenda para meu animal com
problemas renais.

É um tremendo equívoco achar que a dieta natural é altamente protéica. Isso não é
verdade.

*Lembra quando falamos da composição de uma presa? Cerca de 60% a 70% do corpo
da presa é composto por água. Oxigênio, hidrogênio, carbono e uma porção enorme de
outros elementos químicos, além da gordura e dos ossos, ajudam a formar os seres
vivos. No balanço final de todos esses elementos, uma presa oferece cerca de 15% a
22% de proteína.

Para informações sobre os nutrientes da dieta natural, você pode acessar a tabela de
composição química de alimentos da Escola Paulista de Medicina, criada com base na
tabela norte-americana do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

O que fazer se meu animal de estimação apresentar fezes amolecidas?

Primeiro é preciso entender que fezes são essas. Ele começou a dieta e está com as
fezes amolecidas? Ele já está acostumado com a dieta e vez ou outra apresenta fezes
amolecidas? Ou ele está claramente passando por uma crise com sintomas intestinais?

No primeiro caso, a dieta acabou de ser introduzida. Fezes amolecidas são esperadas
por conta da mudança. Toda a flora intestinal está sendo reconstruída com a introdução
de novos alimentos, e é por isso que nessa fase não podem faltar tripas e probióticos.

Se conseguir alimentar seu amigão com pequenas porções de pâncreas algumas vezes
na semana, não se intimide. A carne do pâncreas das presas fornece enzimas naturais
benéficas para os carnívoros. Mas é uma carne de difícil manuseio e nem sempre fácil
de encontrar. Neste caso, o seu veterinário pode indicar um suplemento enzimático.

Fezes amolecidas esporadicamente. Pode ter sido algum alimento na composição da


dieta? Pode ter sido um petisco fora de hora? Uma situação de estresse?

De uma maneira geral, nem sempre fezes amolecidas é sinal de doença. Na Natureza,
esse é um mecanismo de defesa importantíssimo.

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Todas as toxinas expostas ao corpo são processadas no fígado. O fígado as joga nos
rins para que sejam filtradas e depois transportadas pelo sistema linfático para a
corrente sanguínea até serem expelidas pelas fezes.

Se vez ou outra este trabalho está sendo feito sem sinais de desconforto ou doença,
ajude seu animal oferecendo uma folga entre as refeições, com algumas horas de jejum,
afinal a digestão é um trabalho intenso para o organismo.

Não descarte a água. Dê preferência à filtrada.

Esse “descanso” vai aliviar a passagem das toxinas, e ele estará pronto para a próxima
refeição com mais disposição.

Deixei de jejum, as fezes continuam amolecidas e agora meu bichinho está vomitando.

Se a quantidade de toxinas for grande demais para ser eliminada através das fezes, o
corpo tem que procurar outra forma para se livrar da sujeira.

Na medicina natural esse processo de limpeza é chamado de “crise da cura”. Essa “crise”
é passageira, mas vivenciá-la pode ser desesperador.

Você pode monitorar os sintomas da seguinte forma:

1. Suspenda a alimentação. Lá vem jejum de 12 ou 24h! Se os sintomas cessarem,


siga adiante. Caso contrário, é hora de conversar com seu médico veterinário
para eliminar a hipótese de alguma doença;
2. Depois de 12 ou 24h ofereça um caldinho de carne. Somente o líquido bem
coado. Seu animal precisa de hidratação e nutrientes, mas pode não estar
preparado para a introdução de alimento sólido;
3. Mantenha-o hidratado. Ofereça água e o caldo pelo menos três vezes no dia.
Monitore as fezes e a presença de vômito. Se pararem por completo, desfie a
carne, cuidando para que não contenham nenhum pedaço de osso (esse osso
tem que ser descartado no lixo, pois foi cozido e não é seguro), e ofereça o caldo
com a carne.
4. Continue monitorando. Conforme for melhorando, mantenha a sopinha com os
pedaços de carne e comece introduzir a alimentação crua em refeições
alternadas. Não dê junto. Prefira duas ou três refeições distintas.

Probiótico e Ômega-3 são sempre bons adjuvantes nesses casos. Aqui também podem
entrar as enzimas e as tripas.

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Preparando o caldo de carne.

Lembra da canja de galinha da vovó?

Pois é isso mesmo. Você pode usar um peito inteiro de galinha com ossos ou pedaços
de carne de vaca com ossos.

Cubra a carne com água, uma colher de vinagre de maçã e leve ao fogo brando por
algumas horas. Isso vai fazer com que os minerais e nutrientes contidos nos ossos e
carnes sejam incorporados ao caldo. Junte duas ou três raízes de gengibre, um punhado
de mangericão e alecrim, excelentes digestivos com ação anti-inflamatória.

Coe o caldo nas primeiras vezes que servir. As ervas e o gengibre picadinhos podem ser
oferecidos junto dos pedaços de carne desfiada sem ossos nas refeições seguintes.

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Fabíola Donadão & Jacquelyne Motta
Canadá / Brasil. 1ª edição, 2017.
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