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Contextualização da investigação:
Resumo do artigo:
O objetivo central do artigo “Why do mountains support so many species of birds?” é
analisar a riqueza específica das aves que habitam as montanhas entre latitudes tropicais e
temperadas do Novo Mundo, isto é, a área que compreende a América do Norte e do Sul,
desde o Alasca à Terra do Fogo e, verificar a relação que existe entre esta riqueza específica e
as variáveis: heterogeneidade topográfica e gradientes climáticos que variam com a altitude.
Para obterem a gama de temperatura em cada célula, esta foi estimada a partir da
média anual de temperatura, desenvolvida por Hijmans et al. (2005), disponível na base de
dados do WorldClim em http://www.worldclim.org/current. htm. Assim, foi possível estimar o
gradiente de temperatura em cada célula após a correção das posições latitudinais.
Uma vez que as variáveis água-energia apresentam relações fortes com os padrões de
riqueza específica, foi estimado o valor máximo de evapotranspiração (AET) para cada célula a
partir da base de dados desenvolvida por Ahn and Tateishi (1994) disponível em http://
gcmd.gsfc.nasa.gov/.
Tendo em conta que análises estatísticas prévias sugerem que uma interação entre o
macroclima e os efeitos topográficos podem conduzir à variação da riqueza específica do
Equador aos pólos, testaram ainda os efeitos indiretos da topografia mediados pelo efeito da
AET.
Os autores utilizaram o software PROC CALIS em SAS 9.1 para testar a existência de
relações casuais entre as variáveis. De modo a perceber se os efeitos da topografia na riqueza
específica diferem entre as aves de montanha (de distribuição pontual/estreita) e as aves de
planícies (de distribuição ampla), o modelo foi testado para: todas as espécies, só para as
espécies de montanha, só para as espécies de planície e, para a proporção em cada célula de
espécies de montanha.
Os autores concluem que a riqueza das espécies amplamente distribuídas define mais
intensamente a riqueza global existente na área de estudo do que a riqueza de espécies de
distribuição pontual/estreita. Este facto é comprovado pela forte correlação existente entre as
espécies de planície e a riqueza específica global.
Apreciação Crítica:
O título da obra “Why do mountains support so many species of birds?” embora reflita
o objetivo essencial do estudo, foca-se somente em perceber a explicação do número elevado
de espécies nas montanhas, enquanto que a íntegra do estudo aborda as variáveis que
influenciam a riqueza específica existente tanto nas montanhas como nas planícies,
comparando estas hipóteses.
Relativamente aos resultados obtidos, verificámos que nos gráficos da figura 2 existe
um lapso correspondente à legenda, observando-se uma não correspondência entre a
descrição acima de cada imagem e a respetiva legenda, nos gráficos b) e c). Respetivamente ao
texto na sua íntegra constatamos que este está bem estruturado, com os títulos e conteúdos
bem associados. Ao longo deste artigo, os valores dos resultados (ex: R2) referidos no texto ou
nas tabelas ou nos gráficos não são simultaneamente mencionados em mais do que um destes
elementos, no entanto no texto que acompanha as respetivas figuras ou tabelas está presente
uma descrição complementar destes mesmos valores. Lendo o artigo e focando-nos no seu
objetivo inicial, concluímos que os autores respondem concretamente à pergunta formulada.
Este estudo é suportado por Janzen (1967) que originalmente defendeu que a
associação entre a escala de elevações, a diversidade climática e o isolamento de populações
podem promover o aumento da riqueza específica em regiões de relevo topográfico
acentuado. Janzen (1967) defende ainda que a riqueza específica é fortemente influenciada
pelo gradiente de temperatura verificado ao longo de uma montanha. As análises realizadas
recentemente sobre os padrões da riqueza específica de aves reforçam a hipótese defendida
pelos autores do artigo, de que a variação latitudinal da riqueza de espécies terrestres é
influenciada pela interação observada entre o clima e a topografia.
Significância do artigo:
Este artigo foi citado por vários outros artigos, uma vez que adicionou informação
pertinente e desconhecida à ciência, sendo por isso muito importante para outros
investigadores e outros problemas biogeográficos semelhantes. As conclusões adquiridas por
Ruggiero e Hawkins permitiram a obtenção de novos conceitos que se tornaram fulcrais para o
estabelecimento de novas teorias por parte de outros autores. Isto pode ser verificado através
da leitura do artigo “Historical Legacies in World Amphibian Diversity Revealed by the Turnover
and Nestedness Components of Beta Diversity” (Baselga et al., 2012) cujos autores afirmam
que o papel da variação altitudinal deve ser visto como um efeito indireto do clima,
possibilitando o cálculo da heterogeneidade climática ou ambiental e favorecendo a
diversidade de espécies em pequena escala. Sendo assim, Baselga et al. (2012) concluem que
as formações montanhosas podem influenciar mais a composição das populações de anfíbios
estudadas, do que a presente temperatura verificada na área de estudo.
Os autores do artigo “Tropical niche conservatism and the species richness gradient of
North American butterflies.” (Hawkins e DeVries, 2009) concordam com Ruggiero e Hawkins
quando afirmam que a utilização da variação da temperatura para o cálculo da variabilidade
dentro de cada célula representa uma medida mais direta da forma como o gradiente
climático se altera com a altitude ao longo das montanhas, ao invés de utilizar para este efeito
a escala de elevação per se. A ideia supra referida, ao ser mencionada por Hawkins e DeVries
(2009), prova que os fundamentos alcançados pelos autores do artigo alvo de crítica foram
aceites pela comunidade científica, sendo por isso utilizados em outras investigações.
Aragón et al. (2009) afirmam que a escala de elevação acaba por ser um substituto da
heterogeneidade do habitat, uma vez que esta é intrínseca à variação da elevação, sendo
frequentemente associada ao aumento da riqueza específica, referindo ainda que as variáveis
topográficas podem influenciar a diversidade de espécies espacialmente, concordando assim
com Ruggiero e Hawkins.
Referências Bibliográficas:
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Baselga, A., Gómez-Rodríguez, C., & Lobo, J. M. (2012). Historical Legacies in World Amphibian
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Hawkins, B. A., & DeVries, P. J. (2009). Tropical niche conservatism and the species richness
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Hijmans, R. J. et al. (2005). Very high resolution interpolated climate surfaces for global land
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