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  • Cáp. 10 - A Personalidade Segundo As Abordagens de Aprendizagem

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    Carla Cruz
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    Capítulo 10 do livro Personalidade: teoria e pesquisa

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    CÁP. 10 - A PERSONALIDADE SEGUNDO AS ABORDAGENS DE APRENDIZAGEM

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    omportamental de pesquisa ABA 3 de anaingtio de signo e de amostra ie comportamento sTIMULO E RESPOSTA: Jpllard (1900-1980) e Neal E. Miller (1909-) de estimulo e resposta da personalidade ma escimento e desenvolvimento sicopatologia ‘Tipos de conflto 4 COMPARAGAO DE ABORDAGENS DA 7 APRENDIZAGEM COM VISOES ANTERIORES AVALIAGAO CRITICA ‘Vantagens das abordagens da aprendizagem Limitages das abordagens da aprendizagem PRINCIPAIS CONCEITOS REVISAO Personalidade: teoria e pratica QUESTOES ABORDADAS NESTE CAPITULO 1, Como um enfoque em pesquisas de laboratério e relagées de causa e efeito levam a observa- es diferentes e teorias diferentes daquelas as- sociadas 4 pesquisa clinica e & pesquisa correlacional? ‘Até que ponto os principios bésicos da apren- dizagem, freqiientemente baseados no estudo da aprendizagem em animais que nao os seres humanos, podem proporcionar as bases para ‘uma teoria da personalidade? Aié que ponto 0 nosso comportamento é con- trolado por elementos reforgadores (por exem- plo, recompensas e punigdes)? Os comporta- mentos anormais podem ser compreendidos segundo os principios da aprendizagem? Seo comportamento normal éaprendido ou ad- quirido como qualquer tipo de comportamen- to, pode ocorrer mudanca terapéutica como re-~ sultado da aplicagao de principios da aprendi- zagem? Até que ponto, entio, a psicopatologia émais uma questo de aprendizagem deficien- te do que uma doenca ou enfermidade? Neste capitulo, iremos discutir trés abordagens da aprendizagem: o condicionamento classico de Pavlov, o condicionamento operante de Skinner e a aprendizagem de estimulo e resposta de Hull. Elas possuem caracteristicas em comum, em particular a énfasena importancia da aprendizagem eno compro- ‘isso com uma metodologia rigorosa, Existem, con- tudo, muitas diferencas importantesna maneira como elas interpretam os principios da aprendizagem e en- tendem o comportamento. Durante o periodo compreendido entre as déca- das de 1950 ¢ 1970, essas abordagens influenciaram amplamente o pensamento na érea da personalidade e da psicologia clinica, Subseqiientemente, sua in- fluéncia foi substituida por outras abordagens geral- ‘mente mais cognitivas. Entretanto, é importante que elas sejam compreendidas em termos da histéria dos progressos ocorridos nesse campo. A PESSOA E A CIENCIA NA VISAO DA APRENDIZAGEM Para entendermos a abordagem que a teoria da aprendizagem faz da personalidade, devemos estar preparados para fazer algumas suposicées novas e considerar novas estratégias de pesquisa. A aborda- gem da teoria da aprendizagem a personalidade apre- senta dois pressupostos basicos, dos quais seguen-se diversos pontos crticos, O primeiro pressupasto éque ‘quase todo o comportamento é aprendido, ¢ 0 segun- Lawrence A. Pervin e Oliver P. John do que a objetividade e o rigor no teste de hipoteses formuladas de forma clara so ctuciais (Tabela 10.1). Enquanto Eysenck e Cattell consideravam a aprendizagem como sendo parte da area mais ampla da personalidade, as abordagens teéricas discutidas neste capitulo sugerem que o estudo da personalida- de é um ramo do campo geral da aprendizagem. Por exemplo, entende-se a psicopatologia em termos da aptendizagem de comportamentos mal-adaptativos ou do fracasso em aprender comportamentos adaptatives. Ao invés de falar da psicoterapia, 0s se- guidores da visio de aprendizagem-comportamental falam de modificagto do comportamento e de terapia do comportamento, Comportamentos especificos devem ser modificados ou mudados, a0 invés de contflitos, subjacentes resolvidos ou uma personalidade reorga- nizada, Como a maioria dos comportamentos proble- -iticos foram aprendidos, eles podem ser desapren- didos ou entio modificados através da aplicagio de procedimentos baseados na aprendizagem. A énfase na cbjetividade e no rigor, em hipéteses testdveis e no controle experimental de varidveis, tal vez. seja ainda mais significativa. Isso levou a se enfatizaro leboratério como o local para estudar 0 com- portamento, a se enfatizar o comportamento simples, a0 invés de complexo, co uso de animais, como ratos ¢ pombos, na condicio de sujeitos, Além disso, a énfase na manipulagéo cuidadosa de varidveis definidas de forma objetiva levou a uma énfase em forgas exterms 0 organismo, ao invés de forgas internas a cle. Segundoa abordagem de aprendizagem-compor- tamental, o individuo manipula varidveis no ambiente e observa as conseqiiéncias dessas manipulagées no comportamento. Enquanto as teorias psicodinamicas enfatizam causas do comportamento que estio dentro ‘Tabela 10.1 Pontos de énfase bésicos em abordagens da aprendizagem a personalidade 1. A pesquisa empiica 6a pedra fundamental da teoria e da pratica 2. A teotia de personalidade e a pritica apicada deve se basear em principios da eprendizagem. 3. 0 comportamento reeponde 2 vars de refergamerto ro abient ed mals espectica de uma dada situa do fue & sugerido por outs totes da personalidad (por ‘exemple, aos, pscanatica). 4. A tejeicgo da visio médica de sintoma-doengs da psicopatologiae, ao invés disso, uma énfase nos princi (0s bésicos da aprenizagem e da mudanga de comporta- mento, do organismo (por exemplo, instintos, defesas, autoconceito), as teorias da aprendizagem enfatizam causas que estdo no ambiente externo. Séo enfatizados estimulos presentes no ambiente que possam ser ma- nipulados experimentalmente, como recompensas com alimento, a0 invés de conceitos quenéo possam ser mie- nipulados, como o self, 0 ego e 0 inconsciente. ‘A énfase comportamental em determinantes ambientais externos também tem sido associada a uma énfase em especificidadesituacional em comportamen- to, Ao contrério da énfase em teorias psicodinamicas e de tracos sobre caractersticas questo expressasem uma variedade de situag6es, a teoria comportamental suge- re que qualquer consisténcia verificada no comporta- mento resulta da similaridade de condiges ambientais que evocam esses comportamentos. ‘Antes de considerarmos as trés ebordagens aprendizagem, devemos dizer uma palavra sobre ohn Watson, cujas idéias influenciaram tanto 0 rumo da psicologia americana e o progresso em certas partes do campo da personalidade, O BEHAVIORISMO DE WATSON John B. Watson (1878-1958) foi o fundador daabor- dagem a psicologia conhecida como behaviorismo. Ele comegou seus estudos de pés-graduacio em filosofia na University of Chicago, mucando depois para psicolo- gia. Durante esses anos, ele cursou disciplinas em neu- rologia e fisiologia e comegow a realizar uma quantida- de considerdvel de pesquisas com animais. Parte de suas pesquisas dizia respeito ao aumento da complexidade do comportamento nos ratos e a0 desenvolvimento as- sociado do sistema nervoso central. Durante 0 ano em que concluiu o seu doutorado, Watson teve um esgota- mento nervoso e passou nites insones por semanas. Fle descreveu esse periodo fs como muito ‘til para pre- paré-lo para aceitar uma grande parte da obra de Freud (Watson, 1936,p.274) trabalho de pos-gradua- fo em Chicago culminou com o desenvolvimento de uma importante posigio com relagio a0 uso de ani: mais como sujeitos. c John 8. Watson Bm Chicago, comecei pela primeira vez uma formulagéo ia do men ponto de vista posterior. Eu nunca is utdizar sujeitos humanos, Bu detestava servir como Hieto, Eu no goslava das instrugSes artfcais e enfa- ones dadas 20s sueitos. Bu estava sempre desconfor tive e agia de forma anti-natural. Com os animais, eu sme sentia em casa. Eu sentia que, 20 estudé-los, eu esta- va préximo da biologia, com meus pés no chao. Cada ‘yez mais, se apresentave o pensamento: seré que eu ndo descobrir, observando oseu comportamento, tudo Jqoilo que os outros estucantes estao descobrindo usan- do sueltos humanos? Fonte: Watson, 1936, p. 276. Watson deixou Chicago em 1908, para ser pro- fessor na Johns Hopkins University, onde fez parte do corpo docente até 1919, Durante sua estada lé, que foi interrompida por um periodo de servigo militar du- rante a primeira guerra mundial, Waison desenvol- veu suas idéias sobre o behaviorismo como aborda- ‘gem psicologia. Essas idéias, que enfatizavam o es- tudo do comportamento observavel e que exclufam estudo da auto-observacao ou introspecco, foram apresentadas em palestras ptblicas em 1912 e foram publicadas em 1914 em um livro de Watson, sob 0 titulo de Behavior. O convite de Watson ao uso de mé- UMA VISAO DO TEORICO Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936) foi um fisiologista russo que, pesquisando sobre o processo digestivo, desenvolveu um procedimento para estu- dar o comportamento e um prinefpio de aprendiza- gem que afetou profundamente o campo da psicolo- gia. Por volta do comego do século XX, Paviov estava envolvido com o estudo de secregdes géstricas em cachorros. Como parte de sua pesquisa, ele colocava alguns alimentos em pé dentro da boca de cachorros emedia a quantidade de salivacao resultante, Coinci- dentemente, ele notou que apés um certo miimero de testes, o cachorro comesava a salivar antes mesmo da comida ser colocada em sua boca. Essa salivagio ocor- tia em resposta a pistas, como a visdo do prato de comida ou a aproximagao da pessoa que normalmen- te trazia a comida. Em outras palavras, os estimulos ATEORIA DO CONDICIONAMENTO CLASSICO DE PAVLOV Personalidade: teoria e prética todos objetivos e o fim da especulacio a respeito do que ocorre dentro da pessoa foi recebido com entusi- smo, ¢ele foi eleito presidente da American Psychalo- ‘gical Association para o ano de 1915, Suas idéias foram desenvolvidas, incluindo o trabalho do fisiologista rus- 80 Pavlov, cujas idéias podem ser encontradas em seu trabalho mais importante, Psychology from the standpoint of a behaviorist (1919). ‘Watson divorciou-se em 1919, casando-se ime- diatamente com sua aluna Rosalie Rayner, ¢ foi obri- gadoa deixara universidade de Hopkins. As circuns- tAncias de sua partida de Johns Hopkins levaram-no a buscar sustento no mundo dos negécios. Embora ele jé tivesse estabelecido uma reputagao considers vel como psiaSlogo, ele agora era obrigado a reali- zar estudos do potencial dos mercados de vendas. Ele observou, contudo, “que pode ser 40 emocio- nante observar o crescimento de uma curva de ven- das de um novo produto quanto observar a curva de aprendizagem de animais ou homens” (Watson, 1936, p. 280). Apés 1920, Watson escreveu alguns artigos populares e publicou seu livro Behaviorismo (1924), mas sua carreira como ta6rico e experimen- tador produtivo terminou com a saida da Johns Hopkins University. que anteriormente nao le- vavam a essa resposta (cha- mados de estimuls neutros) agora conseguiam eliciar a resposta de salivagdo, devi- do & sua associacao com 0 alimento em pé, que auto- maticamente fazia com que © cachorro salivasse. Para donos de animais, essa ob- servagao néo parece ser t4o surpreendente. Entretan- to, isso fez com que Pavlov realizasse pesquisas sig- nificativas a respeito do processo conhecido como con- dicionamento classico. Pavlov era muito produtivoeestudou uma varie- dade notavelmente ampla de questdes. Além do traba- Iho sobre o sistema nervoso, Paviov estudou diferen- gasindividuais entre 0s seus cies, estimulando um novo Ivan Petrovich Pavlov | | Lawrence A. Pervin e Oliver P. John. campo de pesquisa do temperamento (Strelau, 1997). Além disso, ele fez importantes contribuigdes para 0 entendimento do comportamento anormal, usando experimentos com animais para estudar o comporta- mento desorganizado em ces e pacientes humancs, para estudar neuroses e psicoses, proporcionando os fundamentos para formas de terapia baseadas nos prin- pics do condicionamento cléssico. Em 1904, ele rece- beu o Prémio Nobel por seu trabalho sobre os proces- 08 digestivos, e seus métodos e conceitos permane- cem centrais para a psicologia modema. Conforme observado em uma recente celebragao de sua obra, as contribuigdes de Pavlov estio entre as mais importan- tes da hist6ria da psicologia (Dewsbury, 1997). PRINCIPIOS DO CONDICIONAMENTO CLASSICO Accaracteristica essencial docondicionamento clis- sico € que um estimulo que era anteriormente neutro tora-se capaz de eliciar uma resposta por causa de sua associago com um estimulo que automaticamente pro-

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