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A Consciência e os Ciclos da Vida

Walter S. Barbosa 1
Segundo a filosofia esotérica, evolução significa expansão de consciência,
dominando o Espírito cada vez mais a realidade da Matéria. Assim, o processo
evolucional se baseia num permanente movimento de “tomar consciência”. Esse
movimento é real, apesar de interno, pois movimento é vida. Sem movimento, numa
relação “sujeito-objeto”, não há tomada de consciência. Por isso mesmo é que as
pessoas de raciocínio mais moroso – lidando com a “dura” matéria de seus corpos
mentais – têm mais demorada percepção das coisas.

A mente funciona como plataforma ou veículo da consciência, sendo um de seus


aspectos. Daí ser essencial a purificação da mente no processo de expansão da
consciência, não significando tal processo, contudo, que a consciência vai ocupar um
“lugar maior”, ainda que vibratoriamente ela possa se expandir em seus corpos. Daí
falarmos da “aura de muitos quilômetros” de determinado Ser, na condição de um
Buda ou Mestre de Compaixão.

Na verdade, quando de repente tomamos consciência de alguma coisa, percebemos


que aquilo esteve sempre ali, bem embaixo de nosso nariz. A consciência de vigília
apenas estava noutro lugar, fascinada talvez por brinquedos mais atraentes. Em
geral quando estes se quebram, mostrando sua transitoriedade, a realidade aparece
e aí “lamentamos o tempo perdido”.

Tudo no universo é cíclico e, cada volta para o mesmo ponto – em níveis (ou
degraus) sempre mais elevados – traz pequenos acréscimos conscienciais,
aumentando nossa capacidade de saber a diferença entre o falso e o verdadeiro,
entre o Real e o Irreal. Essa capacidade é chamada discernimento por Taimni2

Essas “voltas ao mesmo ponto” podem acontecer na presente vida física, quando
lições que não geraram consciência - isto é, que não foram aprendidas - voltam a
bater em nossa porta, oferecendo novas oportunidades de escolha. Também nas
reencarnações essas oportunidades estão sendo reoferecidas, quando a tomada de
novos corpos - em termos de físico, emoção e mente - deixa para trás as memórias e
preconceitos da vida anterior e abre caminho para que novas experiências e
entendimentos aconteçam.

Essa possibilidade extraordinária de se poder “começar tudo de novo”, pela


reencarnação - partindo do que se aprendeu anteriormente, mas sem a limitação dos
preconceitos - é, entre todas, a nossa maior chance de mudar. Por isso, só se pode
explicar como ignorância (no sentido de desconhecimento) o comportamento de
certas pessoas, agarrando-se a um corpo terrivelmente gasto, como se toda a sua
possibilidade de vida se resumisse ali.

Pearson3, ao dividir a vida física humana em dez ciclos de 7 anos, diz que no oitavo
ciclo - dos 49 aos 56 - ocorre o amadurecimento mental, transformando-se o
conhecimento em discernimento. A mente então deverá estar mais aberta e mais
tranqüila, sendo capaz de analisar os acontecimentos sob todos os pontos de vista e
chegar a decisões mais sábias.

Porém, o contrário também pode ocorrer, tornando a mente fechada às idéias novas.
Em vez de aproximar-se cada vez mais da verdade das coisas – diz Pearson – uma
sólida convicção no indivíduo impede sua estrutura mental de aceitar “quaisquer
idéias que desafiem as conclusões a que já chegou”. Aí o ciclo do progresso mental
termina e começa o da “cadeira de balanços”, com a possibilidade de que, para
alguns – conforme sua rigidez mental – esse ciclo comece bem antes.
_________________________
1
Membro da Sociedade Teosófica e da Universidade Livre para a Consciência.
2
TAIMNI, I. K. A Ciência do Yoga, Editora Teosófica.
3
PEARSON. O Espaço, o Tempo e o Eu, editora Teosófica.

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