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POR UMA EDUCAÇÃO QUE PENSE A ÉTICA E A ESTÉTICA DA EXISTÊNCIA1

BARCELLOS, Adriana Pionttkovsky


RABELO, Denise Lima
RODRIGUES, Larissa Ferreira

RESUMO

Como se chega a ser quem se é? Segundo Foucault, a estética da existência não só abre a
possibilidade de um caminho singular capaz de conduzir a ação de um indivíduo, como também
produz mudanças neste indivíduo. O cuidado de si não é um convite a um tipo de inércia narcisista
ou à inação, mas pelo contrário, este possibilita nos constituirmos eticamente como o sujeito de
nossos atos. Larrosa propõe ainda pensar a educação a partir de um enfoque existencial e estético,
que ele chama de experiência, defendida como o que nos passa, ou o que nos toca, ou ainda o que
nos acontece.

PALAVRAS-CHAVES

Educação. Ética e Estética da Existência. Cuidado de si.

INTRODUÇÃO A escola é uma invenção moderna, que


se cristalizou no nosso imaginário como a
Educação não é tarefa. Se entendermos instituição onde se dá a Educação por excelência,
que tarefas são procedimentos possíveis de ainda que essa associação se faça levando em
serem padronizados, que podem se repetir com conta a transmissão de conteúdos. Dificilmente
regularidade, com a finalidade de se atingir pensamos na Educação como acontecimento ou
determinado fim tangível e identificável num como experiência.
determinado prazo, veremos que a transmissão
de conteúdos pode assim ser vista, e ainda que A educação pensada a partir das
estes conteúdos possam ser transmitidos das experiências está para além das relações
formas mais variadas e de acordo com as mais entre teoria e prática, ciência e técnica, pois
diversas tecnologias disponíveis em cada época, “a experiência é aquilo que nos passa, ou nos
esta transmissão de conhecimentos acumulados toca, ou nos acontece, e ao nos passar, nos
se dá apenas como um dos elementos da forma e transforma” (Larrosa, 2004 p.163);
Educação. é dar sentido ao que somos com palavras
que constituem o pensamento. “O sujeito da
Pensar na Educação como uma experiência é sobretudo o espaço onde tem lugar
possibilidade de ser quem se é, nos leva à os acontecimentos” (LARROSA, 2004, p.161).
imprevisibilidade dos tempos e espaços em que
ela pode ocorrer. Mas como se chega a ser quem se é?
Esta reflexão, feita por Nietzsche, hoje é uma
pergunta renovada que está para ser respondida,
1 Artigo apresentado ao Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade Federal do Espírito Santo, em e precisa de data para possíveis respostas, pois
agosto/2009, como exigência final da disciplina de Filosofia da ser acontece em espaço e tempo, e em relações.
Educação, sob a orientação da Professora Dra. Janete Magalhães
Carvalho.
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As três palavras juntas – Ética, Estética e possibilidades, quando falamos de Ética e


Existência - emprestam uma à outra um pouco Estética da Existência no decorrer deste trabalho,
de si, criando uma expressão em que cada uma falamos também de possibilidades. Falamos
sai modificada, mudando a rota que fariam de diferentes racionalidades, que possibilitam
caso permanecessem sozinhas. Não precisamos tantas formas de conhecer, de ser, de ser e estar
de conceitos fechados em si mesmos, mas de junto com o Outro e falamos de integrar essas
compreensão. possibilidades à Educação. Da Ética e Estética
como possibilidade de “provocar perguntas,
Para compreender a Ética, é preciso saber sacudir inércias” (PERISSÉ, 2009, p. 26).
quem fala. Se for o mercado, ele possivelmente
a compreenderá como uma conduta em direção Em educação não se trata de caracterizar
a um bem maior (a riqueza, o desenvolvimento), de uma ou outra forma as diversas formas de
que se sobrepõe às suas consequências negativas expressão e diversidade, “mas de compreender
e inexoráveis, como o desemprego, a fome, a como as diferenças nos constituem como
exclusão. Dirá também que esse é o preço a pagar. humanos, como feitos de diferenças” (SKLIAR,
Se a fala for a de um, dentre tantos filósofos, a 2005, p. 59).
sua compreensão poderá ser a de Ética como uma
reflexão sobre o comportamento moral, que não
diz o que é certo ou errado em cada caso (isso seria
competência da moral) mas sim tira conclusões, APROXIMAÇÕES COM A IDÉIA DE
elaborando princípios sobre o comportamento ÉTICA E ESTÉTICA DA EXISTÊNCIA
moral (CORDI, et al., 1995, p. 46).
Ética e Estética é mais que desejo,
Estética, se falada pela sociedade de tornou-se possível na palavra. A segunda
consumo, tem a ver com o belo elitizado, ofereceu hospitalidade à primeira, no sentido
instituído, imposto, inclusive para os nossos mesmo de Derrida, com atenção e acolhida:
corpos! Estética pode ser compreendida pela Ética, a Estrangeira, falando uma outra língua,
origem etimológica da palavra: vem do grego recebeu o sim da outra. Que ética, então, recusa
aisthesis, com o significado de “faculdade hospitalidade à estética?
de sentir”, “compreensão pelos sentidos”
(ARANHA; MARTINS, 1986, p. 378). Em Nosso projeto quase comum de
filosofia, pode-se compreender a Estética como modernidade deveria ser uma construção
o estudo das formas de arte, do trabalho artístico indestrutível, erguida sobre dois pilares, como
(CHAUÍ, 1998, p. 55). explica Boaventura:
O pilar da regulação é constituído pelo
Caso a perspectiva seja a Filosofia princípio do Estado, cuja articulação se deve
Fenomenológica-Existencial de Heidegger, principalmente a Hobbes; pelo princípio do
pode-se falar da existência como a possibilidade mercado, dominante sobretudo na obra de
Locke; e pelo princípio da comunidade, cuja
do ser de abrir-se, exteriorizar-se, privilegiando formulação domina toda a filosofia política de
a função do poeta e do pensador que, possuídos Rousseau. Por sua vez, o pilar da emancipação
pela palavra, manifestam a presença do ser; é constituído por três lógicas de racionalidade:
ou, ainda, do ser sem porquê, em que a arte e a a racionalidade estético-expressiva da arte e
poesia são formas de se revelar (LACERDA, et da literatura; a racionalidade moral-prática da
ética e do direito, e a racionalidade congnitivo-
all, 2004, p. 22). instrumental da ciência e da técnica (apud
OLIVEIRA, 2008, p. 47).
Assim, com essas possibilidades
de compreensão, dentre inúmeras outras A modernidade, em busca da verdade que
gradativamente levaria o homem a um mundo
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perfeito, é mesmo um tempo de desigualdades, Para melhor nos aproximarmos da idéia


um tempo de imperfeições! A racionalidade de ética e estética da existência, buscamos
cognitivo-instrumental condenou as demais ao conforme Gondra as palavras fortes, inquietantes
desmerecimento. Condenadas à invisibilidade, e difíceis de Paul-Michel Foucault (2005):
como o são todos os excluídos do projeto Palavras usadas como arma de sedução,
de modernidade, Ética e Estética não foram provocação e de combate. Seduzem à reflexão
reconhecidas como ricas oportunidades de ver, permanente, atraem para uma forma de pensar
sentir e conhecer. Na modernidade busca-se um móvel, encantam pelas possibilidades que
deixam entrever, fascinam pelos arranjos que
outro tipo de riqueza, e só adquire valor aquilo promovem, deslumbram pela proposição de
que pode ser medido e experimentado, por um um mundo heterogêneo e inacabado, do qual a
observador neutro. vida é derivada, ao mesmo tempo em que por
ele é responsável (p. 286).
O desmerecimento da racionalidade
Foucault é um pensador que propõe
estético-expressiva é muito antigo. Para
uma inversão ao nosso olhar, assim como o
Sócrates, poetas e profetas não possuíam uma
fez Certeau. Inversão aqui quer dizer ver de
arte ou ciência em geral – eram inspirados pelos
um outro e novo lugar, para ver o que ainda
deuses para realizar tarefas determinadas. Para
não foi propriamente pensado, ver o que é
Platão, a poesia era loucura sublime (PERISSÉ,
desconcertante e inesperado, embora estivesse
2009, p. 15-17).
sempre lá, presente, que não vimos porque
Já o desmerecimento da racionalidade vimos o mais imediato. Onde se viu somente a
moral-prática da ética e do direito pode-se estratégia do forte, que de seu lugar de querer e
entender como um esquecimento necessário, poder envia seus produtos a um consumidor que
para que haja supremacia do princípio do se pensa (e se deseja) passivo, Certeau viu a arte
mercado. Ou seja, os dois esquecimentos estão do fraco, que, sem um lugar próprio, inventa
imbricados. Para Boff (2005, p. 65), em Ética sua arte de fazer no cotidiano, fazendo piada da
da Vida, formalidade do forte. Onde se viu uma evolução
da humanidade – a criação de códigos de
Essa hegemonia [do logos] acabou por se
transformar numa espécie de ditadura do logos
conduta que todos deveriam obedecer, visando
sobre as demais dimensões da existência e o bem comum – Foucault viu a dominação, o
de sua compreensão, especialmente quando avesso do discurso da liberdade.
o logos foi afunilado numa compreensão
utilitarista e funcional, a assim chamada razão Conforme Nascimento, Foucault se
instrumental analítica, própria dos tempos opõe à tentativa contemporânea de encontrar
modernos. O pathos e o eros, o daimon
e o ethos foram colocados sob suspeita;
o fundamento para uma moral universal de
eram acolhidos somente na medida em que caráter normativo e avalia: “a busca de uma
passavam pelo crivo da razão questionadora. forma moral que seja aceitável para todos – no
Especialmente o pathos, como capacidade de sentido de que todos devam submeter-se a ela
sentimento profundo, de enternecimento e – parece-me catastrófica” (FOUCAULT apud
de com-paixão, foi acantonado no âmbito da
estrita subjetividade.
NASCIMENTO, 2001, p. 1).

A primazia da racionalidade cognitivo- Assim, segundo Nascimento (2001, p. 1),


instrumental foi concebida e consentida por a proposta de Foucault é a de
“sujeitos de querer e poder”. No entanto, artistas, Um modo de relacionamento do indivíduo
amantes, loucos, seres humanos apaixonados consigo mesmo (conf. FOCAULT, 1984, p.
pela vida, são mestres nas artes do fazer sem 219) [...] Não se trata de investigar o que, de
consentimento, e teimam em olhar com Ética e propor um fundamento que volte a legitimar
um código (ainda que mínimo); mas de
Estética, de modo diferente do planejado.
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perguntar-se pelo como, de como se constitui o existência não só abre a possibilidade de um


indivíduo como sujeito moral de suas ações. O caminho singular capaz de conduzir a ação de
como introduz a variabilidade, a transformação
possível, a diversidade. Investigar o como
um indivíduo, como também produz mudanças
conduz a encontrar-se com o fato de que o neste indivíduo, quando afirma que:
fundamento é móvel e altamente transformável As “artes da existência” devem ser entendidas
(FOUCAULT demonstrou essa tese tanto como as práticas racionais e voluntárias pelas
para o âmbito do conhecimento como para o quais os homens não apenas determinam para
político e moral nos seus livros mais célebres). si mesmos regras de conduta, como também
Perguntar pelo como em relação à constituição buscam transformar-se e modificar seu ser
do indivíduo como sujeito de suas ações supõe singular, e fazer de sua vida uma obra que
aceitar a variabilidade e a diversidade, pensar a seja portadora de certos valores estéticos e
ética como criação de e a partir da liberdade e que corresponda a certos critérios de estilo
pensar o sujeito como obra, obra de si mesmo, (FOUCAULT, 1983, p. 198-199).
obra de arte.
Assim, a estética da existência, sob o
Foucault fala da experiência estética como signo do cuidado de si e da transformação
uma possibilidade para essa moral individual: da existência em uma espécie de exercício
O que me surpreende é o fato de que, em nossa permanente, define os critérios estéticos e
sociedade, a arte tenha se transformado em algo também éticos do bem viver. Por isso, o tema
relacionado apenas a objetos e não a indivíduo
ou à vida; que a arte seja algo especializado
da estética da existência ganha ainda mais
ou feito por especialistas que são artistas. importância quando é destacada a sua dimensão
Entretanto, não poderia a vida de todos se ética. Para Foucault, o problema ético consiste
transformar numa obra de arte? Por que deveria em responder a questão de como se pode praticar
uma lâmpada ou uma casa ser um objeto de a liberdade. A ética seria a prática racional e
arte, e não a nossa vida? (FOUCAULT apud
NASCIMENTO, 2001, p.1).
refletida da liberdade e a liberdade a condição
ontológica da ética.
Segundo Foucault, para tantos limites que
sejam criados, haverá outras tantas possibilidades Logo, a ética do cuidado de si concerne
de transgressão (NASCIMENTO, 2001, p. 3) e, à maneira pela qual cada indivíduo constitui a
ainda, de acordo com o autor si mesmo como sujeito de sua própria conduta,
Uma estética da existência, tal como Foucault estando intimamente relacionada com os seus
a concebe, propiciaria uma maior possibilidade atos e suas ações para consigo e também para
de escolhas pessoais, convida a considerar a com os outros. O cuidado de si não é um convite
própria vida como uma obra de arte, propõe a um tipo de inércia narcisista ou à inação, mas
uma ética de estilo, o que se acha possibilitado e
limitado pelos domínios do saber e construções
pelo contrário, este possibilita nos constituirmos
normativas que constituem o indivíduo como eticamente como o sujeito de nossos atos. Antes
sujeito/objeto de determinados conhecimentos que nos isolar do mundo, é o que nos permite
e poderes. [...] Esta constatação converte a nele nos situar e agir.
estética da existência em um modo de ver a
ética [...] (NASCIMENTO, 2001, p. 2). Desta forma, a estética da existência
A estética da existência, que teve seu pensada como uma ética do cuidado de si,
apogeu durante a antiguidade greco-romana, que se efetua em atos e ações para consigo e
está diretamente relacionada com a criação de para com os outros, está implicada diretamente
um estilo próprio, através da prática de técnicas na produção inventiva de si (novas formas de
de cuidado de si, e visa a constituição de si subjetivação), fazendo da sua própria vida uma
mesmo como o artesão da beleza de sua própria obra de arte, assim como também está implicada
vida. na capacidade de transformação do mundo que
o cerca.
Segundo Foucault (1983), a estética da
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Nessa dimensão, Larrosa (1994) enfatiza que nos passa, o que nos acontece ou nos toca”.
que o sujeito, sua história e sua constituição
como objeto para si mesmo, seriam, então, No cotidiano escolar, aquilo que se sente
inseparáveis das tecnologias do eu, definidas por em comum quando se presta atenção à mesma
Foucault como aquelas nas quais um indivíduo coisa, é a experiência da pluralidade e do
estabelece uma relação consigo mesmo. Em infinito do sentido (LARROSA, 2006, p. 141).
suas próprias palavras, como aquelas práticas Esse comum, segundo Carvalho, não pode
ser reduzido a uma unidade homogeneizada.
que permitem ao indivíduo efetuar por conta
própria ou com a ajuda de outros, certo Ao contrário, é no infinito e na pluralidade
número de operações sobre seu corpo e sua presentes no interior da comunidade que está
alma, pensamentos, conduta, ou qualquer a potência para produzir os deslocamentos
outra forma de ser, obtendo assim uma coletivos. A autora lembra Derrida, que afirma
transformação de si mesmos com o fim de
que a unidade ou a aspiração à unidade se
alcançar certo estado de felicidade, pureza,
sabedoria ou imortalidade (FOUCAULT, constituem como o perigo a ser evitado e
1990, p. 48). que o hibridismo e a pluralidade seriam a sua
superação (CARVALHO, 2009, p. 144-145).

Os sujeitos da experiência que queremos


A EXPERIÊNCIA PARA UMA ÉTICA visualizar, compartilhar, narrar e potencializar
E ESTÉTICA DA EXISTÊNCIA NOS podem ser movidos por experiências éticas e
CONTEXTOS ESCOLARES estéticas, capazes de trazer um outro brilho
para a expressividade da escola. Pensamos
O cenário escolar é atravessado por na constituição do indivíduo como sujeito de
fatores históricos, políticos, sócio-econômicos suas ações, que aceitam a variabilidade e a
e culturais, que se enredam e legitimam esse diversidade; pensamos a ética como criação
espaço. Esses atravessamentos fazem da de e a partir da liberdade; como Foucault,
escola um lugar praticado, cheio de vida, de pensamos o sujeito como obra, obra de si
encantamentos e de desafios, e ela se torna mesmo, obra de arte (NASCIMENTO, 2001);
cada vez mais significativa quando se permite por fim, acreditamos que as experiências éticas
reconhecer o emaranhado de cheiros, sons, e estéticas como práticas de liberdade, tem
cores, saberes, sabores e afetos que emergem em potência para fazer acontecer o cuidado de si, e
seus cotidianos. O cenário escolar é espaço de o cuidado com o outro.
criação, de inventividade. Seu cotidiano é muito
mais do que o que está nas linhas formais que Na busca por visibilizar outros/novos
pretendem conformá-lo – ele é, principalmente, modos de se compreender a expressividade
entrelinha, viva e dinâmica. humana pelo viés das experiências éticas e
estéticas, se torna fundamental analisá-las a
Concebemos o cotidiano escolar e partir das concepções de Larrosa (2001; 2004)
as relações que são estabelecidas entre os sobre a experiência como uma possibilidade para
seus sujeitos como lócus para experiências uma a dialógica da transmissão. Essa dialógica
incomuns, aquelas que possam ser ampliadas se configura, para Larrosa, como uma forma
e que ultrapassem as fronteiras da aquisição de dar contornos às palavras, que são dadas e
de conteúdos, de normalização e de controle, tomadas, criando lugares de possibilidades do
ou seja, a concepção de experiência em que outro, da descontinuidade e da diferença, em
acreditamos está pautada, assim como para nossas escolas.
Larrosa (2004, p. 154), no que “nos passa, ou o
que nos acontece, ou o que nos toca. Não o que Essas possibilidades a que nos referimos,
passa ou o que acontece, ou o que toca, mas o
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perpassam por uma concepção de experiências e estéticos que constituem uma pessoa e sua
éticas e estéticas que superem o modelo expressividade humana. O acontecimento
de pensamento implementado pela ciência expresso por Larrosa, nos faz acreditar que este
moderna, que se apresenta como único, linear, nasça na experiência, pois aquela que nos passa,
eurocêntrico e discriminatório. É imprescindível nos afeta, nos transforma e nos acontece só pode
problematizar as relações que ocorrem nas ser plural, sem começo, meio e fim, inventiva e
escolas que ainda se pautam nesta forma de criativa, que é nova e que se renova.
conceber o mundo, que mantém invisibilizadas
e silenciadas as expressividades do “outro”. A pluralidade do acontecimento como
experiência nos faz questionar as concepções de
Desta maneira, a educação que criança que circulam nas escolas e na sociedade,
vislumbramos só pode de fato ter significado se associadas à inocência e a de matéria prima para
estiver ancorada na existência de um pluralismo, fabricação de um mundo novo. Larrosa (2001)
tanto no sentido das linguagens quanto no âmbito aponta que esses entendimentos parecem surgir
cultural, permitindo que a descontinuidade e as de um cansaço do homem moderno com sua
diferenças possam ser dialogadas e instituídas própria história e cultura, com o assédio por
no sistema educativo. qualquer forma de pensamento e de expressão
artística que acaba por perceber a infância como
Não podemos negar que as experiências figura da recuperação, “meramente passado”,
ocorram nas escolas, mas em muitos casos ou de progresso, “meramente futuro”.
se dão de maneira superficial ou não são
valorizadas e compartilhadas, representando, Larrosa (2006, p. 183) nos pergunta: o
conforme Benjamin (apud LARROSA, 2004b) que sabemos nós sobre as crianças, “esses seres
“pobreza de experiências”. estranhos dos quais não se sabe nada, esses seres
selvagens que não entendem a nossa língua? E
Neste sentido, nos indagamos, como, afirma:
em meio ao “conteudismo”, a violência, a
Assim, a alteridade da infância não significa
desmotivação dos professores, as exigências que as crianças ainda resistam a serem
sociais e tantas outras dificuldades, poderemos plenamente capturáveis por nossos saberes,
promover experiências éticas e estéticas nas nossas práticas e nossas instituições; nem
escolas? sequer significa que essa apropriação talvez
nunca poderá realizar-se completamente.
A alteridade da infância é algo muito mais
Na tentativa, não de responder a este
radical: nada mais, nada menos, que sua
questionamento, mas de contorná-lo com absoluta heterogeneidade em relação a nós e
possibilidades de reflexões, nos reportamos ao nosso mundo, sua absoluta diferença. E se
à infância, como uma etapa de explosão a presença enigmática da infância é a presença
de experiências, que vão constituindo as de algo radical e irredutivelmente outro, ter-
se-á de pensá-la na medida em que sempre
expressividades humanas, os acontecimentos.
nos escapa: na medida em que inquieta o
A infância que convidamos a refletir é a que se que sabemos (e inquieta a soberba da nossa
estabelece como figura de acontecimento, pois vontade de saber), na medida em que suspende
para Larrosa (2001, p. 282) “acontecimentos o que podemos (e a arrogância de nossa
são, por exemplo, interrupção, novidade, vontade de poder) e na medida em que coloca
em questão os lugares que construímos para
catástrofe, surpresa, começo, nascimento,
ela (e a presunção de nossa vontade de abarcá-
milagre, revolução, criação, liberdade”. la). Aí está a vertigem: no como a alteridade
da infância nos leva a uma região em que não
Essa compreensão de acontecimento em comandam as medidas de nosso saber e de
relação à infância possibilita o vislumbrá-lo nosso poder (LARROSA, 2006, p. 185).
como um dos vários atravessamentos éticos
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Desta forma, a ética e a estética da O conceito de futuro que se estabelece


existência que procuramos em nossas escolas diariamente nas ações dos cotidianos escolares,
deve pensar a infância não como colonização se associa a antecipação, projeção, fabricação,
do homem por seu passado inocente ou futuro como bem resume Larrosa (2001, p. 286) é
próspero, seguindo o tempo linear e evolutivo. “aquilo que depende de nosso saber, de nosso
O acontecimento que ressaltamos é o que não se poder e de nossa vontade”. Obedecendo a esta
pode prever ou compreender, é o caracteriza a lógica, muitas possibilidades de experiências
infância como uma temporalidade descontínua. são negadas aos alunos: a preocupação maior
é oferecer o maior número de aulas, é esmiuçar
Essa descontinuidade não é só os conteúdos curriculares para atender as
representada pela ruptura com a linearidade de exigências de um mercado de trabalho cada vez
um tempo, mas com a descontinuidade cultural mais mutante e seletivo.
que possibilita que os modos de conhecer o
mundo que as crianças trazem de casa, de Desta forma, as experiências artísticas,
suas comunidades, seus conhecimentos, suas corporais e culturais dos sujeitos que compõe
experiências tanto cognitivas quanto corporais e que dão vida as escolas estão a cada dia
possam se fazer presentes, marcantes e sendo deixadas de lado; as possibilidades
valorizadas, ou seja, que crie abertura para um de convivência ética são por muitas vezes
porvir diferente nas escolas. substituídas pela competição entre alunos e
entre professores. As possibilidades estéticas
Essa infância-acontecimento traz a idéia de estão sendo negligenciadas e a expressividade
uma educação como figura de descontinuidade, humana nas escolas muitas vezes só ganha
visto que permite a transmissão educativa espaço em dias de exposição cultural e
como um acontecimento que produz intervalo, apresentações como festa junina, dias das mães
diferença, descontinuidade e abertura do porvir. e outras datas comemorativas, sendo, no dia a
dia, silenciadas e imobilizadas pela exigência
Pensar uma educação voltada para uma
de “ordem e progresso”.
ética e uma estética da existência é ressaltar
a descontinuidade como outra forma de Por muitas vezes, impregnados em um
experiências possíveis, é propor assim como lema positivista, dizemos que um aluno vai
Larrosa (2001), um pensamento que perturbe “longe” ou que “tem futuro” damos-lhe a
a totalização temporal humanista, que se fixa responsabilidade e a capacidade de formar-se
em figuras demasiado seguras e asseguradas sozinho, como ressalta Larrosa (2001, p. 286)
a história da tradição, a comunicação como “dizemos que ele é capaz de “fabricar-se a si
construção comum e o diálogo enquanto mesmo”, “fazer-se a si mesmo”, de “chegar a
compreensão da mediação entre passado e o ser alguém””. Desta forma, implanta-se uma
futuro. meritocracia, ou seja, que basta aproveitar as
oportunidades de forma racional e tecnicamente
Sendo assim, a educação soa
calculada para se obter sucesso e dar
descontinuidade e acontecimento, não como
continuidade ao tempo.
determinação, mas tem que ver como liberdade,
experiências libertadoras da história humana, Contrário a isto, percebemos que as
libertação do passado e abertura do porvir. O possibilidades de experiências na perspectiva
porvir e o futuro são dois conceitos relevantes do porvir na educação se expandem e que
para auxiliar na compreensão da educação como se caracterizam por sua abertura. O porvir
uma das modalidades de relação com a infância reconhece um aluno do tempo receptivo, que
e com a experiência. não é nem passivo, nem passional, constitui o

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aluno desde sua ignorância até a compreensão porvir na educação é potente por permitir que
de sua mortalidade, ou seja, se constitui como experiências éticas e estéticas sejam lançadas
figura da descontinuidade do tempo. ao encontro do outro, para a vida do outro; nos
mostram uma possibilidade nova de ética e
A experiência estética pode ser estética da existência da vida e da liberdade do
acontecimento quando travamos contato outro. A fecundidade da educação é promover
com o inesperado que uma obra de arte nos a capacidade de destinos diferentes, é ser capaz
traz, vendo em nós mesmos algo do que foi de outra vida diferente da que possuo.
“dito” ali. Perissé (2009, p.36) nos convida a
[...] a educação tem a ver com o talvez de uma
“pensar a experiência estética não tanto ou não vida que nunca poderemos possuir, com o
só pela ótica do prazer e da distração, ou do talvez de um tempo no qual nunca poderemos
entretenimento, mas como fonte de descobertas permanecer, com o talvez de uma palavra
existenciais, de aprendizado. que não compreenderemos, com o talvez
de um pensamento que nunca poderemos
pensar, com o talvez de um homem que não
Assim, quando pensamos as relações
será um de nós. Mas que, ao mesmo tempo,
entre o porvir e a infância-acontecimento nos para que sua possibilidade surja, talvez, do
sistemas escolares, somos remetidos a um interior do impossível, precisam de nossa
mundo de possibilidades impossíveis, neste vida, de nosso tempo, de nossas palavras, de
caso, o mundo do talvez. O talvez nos leva a nossos pensamentos e de nossa humanidade
(LARROSA, 2001, p. 289).
pensar nos acontecimentos, nas experiências
produzidas pelas crianças, como engrenagens No sentido de dar o que não temos,
que movem, potencializam e que proporcionam como pensamentos, palavras, experiências e
descontinuidades e interrupções, abrindo humanidade, buscamos uma ética e uma estética
brechas no interior do impossível. Larrosa da existência construída pela experiência da
(2001, p. 288) acredita no talvez, pois: descontinuidade e da fecundidade entre o dom e
[...] leva a pensar a vinda do porvir, do que a tomada da palavra, pois as palavras carregam
não se sabe e não se espera, do que não se sentidos múltiplos e diferentes.
pode projetar, nem antecipar, nem prever, nem
planificar, ou em outras palavras, do que não Desta forma, dar a palavra é propiciar
depende do nosso saber, nem do nosso poder, o porvir, que não se instaura em um sentido
nem da nossa vontade.
piedoso ou tolerante. Dar a palavra é buscar
Mesmo cientes de que a educação as interrupções, as novidades, as catástrofes,
mantém um paradoxo entre a continuidade a revolução e a liberdade. Dar a palavra nas
e descontinuidade, em outras palavras, entre escolas, assim como para Larrosa (2004, p.
futuro e porvir, destacamos a importância de se 69) precisa ganhar o sentido de uma condição
refletir sobre uma educação capaz de promover babélica, pois, “Babel significa que não existe
experiências e de ser acontecimento, a educação tal coisa como linguagem. A linguagem, assim
do possível porvir e não meramente do futuro. no singular e com maiúscula”, ou seja, a palavra
E é neste sentido que a educação, articulada do porvir é dada para ultrapassar as fronteiras
com a figura do porvir, é altamente fecunda, e os limites da linguagem hegemônica da
pois se apresenta como outra possibilidade de modernidade, é dada para ganhar as diversas
se promover experiências éticas e estéticas nas vozes, as vozes do negro, do índio, do
escolas, permite pensar em dar uma vida que homossexual, do obeso e de tantos “outros”.
não é a continuação da nossa vida, que foge da
continuidade.

A fecundidade promovida pelos ideais do

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POR UMA EDUCAÇÃO MOVIDA PELA mais devagar, suspender a opinião, o juízo.
ÉTICA E ESTÉTICA DA EXISTÊNCIA – Escutar os outros, cultivar a arte do encontro
NOSSAS TENTATIVAS DE CONCLUSÃO e da paciência. O sujeito da experiência é um
sujeito tombado, derrubado de suas certezas, de
A concepção de pluralidade nas escolas seus sucessos e poderes para ser interpelado,
não pode estar atrelada apenas a tolerar o que transformado pela experiência/acontecimento e
se diferente e não moldado, mas precisa se dominado pela paixão.
constituir na diferença, nas diferentes pessoas,
em suas diferentes linguagens, diferentes No ato de se fazer entender, o sentido
histórias e diferentes culturas. Nas palavras de se dá multiplicado, transportado, traduzido
Gadamer a pluralidade: pela “minha” compreensão e interpretação e
[...] não deve se burocratizar ou racionalizar- assim é possível que se apague ou invisibilize a
se, mas deve manter-se viva. A pluralidade das diferença, a pluralidade e o lugar do outro.
línguas não é irracional, mas o elemento de
uma razão dialógica e mediadora, de uma razãoInspirados em Larrosa, surgem várias
viva, de uma razão de mil caras. E a pluralidade
interrogações que nos remetem a pensar a
não é tampouco um problema que se deva
experiência ética e estética na educação, mais
administrar politicamente, mas é a vida mesma
especificamente nas salas de aula. Os processos
do homem e da linguagem em seu estado de
de saberesfazeres são movidos, interpelados e
dispersão. (apud LARROSA, 2004, p. 82).
atravessados pela experiência e pela paixão? A
Para Carvalho (2008), são necessárias
leitura/tradução pode ser comparada à colheita,
experiências educativas de possibilidade de
ao transporte e à condução do saber de um
estabelecimento real de trocas, intercâmbios,
lugar para outro, num movimento de confusão
redes de relações e compartilhamentos. É
e desconstrução para enfim, criar processos de
preciso reconhecer que o outro é diferente, sem
deslocamentos da prática educativa?
desqualificá-lo; é necessária, ainda, a passagem
do multiculturalismo para uma perspectiva Posto isto, entendemos que promover
fundada em processos dialógicos baseados no experiências éticas e estéticas na educação
reconhecimento das incompletudes mútuas das perpassa primeiramente pela forma
culturas, de todas as culturas. apaixonada de educar e de perceber a vida,
pois concordamos com Larrosa (2004, p.163)
Larrosa propõe ainda pensar a educação
quando diz que “experiência é paixão”, paixão
a partir de um enfoque existencial e estético,
em potencializar e ampliar os acontecimentos,
que ele chama de experiência. Experiência
as descontinuidades, o porvir, o talvez e a
defendida como o que nos passa, ou o que
pluralidade nas escolas.
nos toca, ou ainda o que nos acontece. Trata a
experiência não como o resultado daquilo que Almejamos uma ética e uma estética
fazemos repetidamente ou por um longo tempo, presente na educação que não se limite aos
mas como o que se dá em determinado momento dons da palavra e da vida que temos, que não
e nos move, nos desloca, nos arremete como seja apenas fabricada, mas que nasça, que
nunca antes havíamos percebido. fecunde a vida, que aceita a sua morte para
dar outra vida, para dar outras palavras, para
Afirma que o excesso de informação,
ter responsabilidade com a diferença, com
de opinião, de trabalho e a falta de tempo são
as possibilidades e também para dar outra
inimigos da experiência porque ela se dá no
humanidade.
encontro, em algo que se experimenta e se
prova. Alerta para a necessidade de parar. Parar
para olhar, para observar, para escutar. Sentir
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