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DISCO DE KLEIN-BELTRAMI
Ana Júlia Siqueira do Amorim
Julho, 2019
Resumo
1 INTRODUÇÃO
O surgimento da geometria Hiperbólica, juntamente com as outras geometria
não-euclidianas foi um capítulo importante da história da matemática, pois durante
muito tempo os conceitos da geometria euclidiana eram tomados como verdade
absoluta. Estas geometrias só foram ser aceitas como legítimas no século XIX.
A geometria euclidiana foi mostrada ao mundo por Euclides da Alexandria,
em suas treze obras "Os elementos", nestes livros Euclides organizou e formulou todo
conhecimento de geometria da sua época, embora não houvesse dúvidas da geometria
de Euclides, havia certa insatisfação com seus fundamentos por causa do caráter não
intuitivo do postulado das paralelas. E então foi diante da necessidade de provar
o quinto postulado que surgiu as geometrias não euclidianas, muitos matemáticos
tentaram provar por anos, muitos abdicavam do seu tempo para se dedicar á prova
desse quinto postulado, achavam que era impossível mostrá-lo.
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Playfair conseguiu substituir o postulado das paralelas, pelo seu próprio
postulado, e a partir disso os matemáticos Gauss, János Bolyai e Lobachevsky
conseguiram essa prova através da negação do postulado de Playfair, onde descobriram
uma nova geometria, a geometria hiperbólica. Onde na época, o primeiro a publicar
algo foi Lobachevsky, mas quem reconheceu primeiro essa geoemtria foi Gauss,
ao mesmo tempo que Bolyai. Como ainda surgia dúvida dessa geometria. Alguns
modelos foram desenvolvidos posteriormente por Beltrami, Poincaré e Klein„ para
garantir a consistência dessa nova geometria.
N1) Coisas que são iguais a uma mesma coisa são iguais entre si.
N2) Se iguais são adicionados a iguais, os resultados são iguais.
N3) Se iguais são subtraídos de iguais, os restos são iguais.
N4) Coisas que coincidem uma com a outra são iguais.
N5) O todo é maior do que qualquer de suas partes.
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Postulados de Euclides:
P1) Pode-se traçar uma (única) reta (segmento) por quaisquer dois pontos.
P5) Se uma reta corta duas outras retas formando ângulos colaterais internos
cuja soma é menor do que dois retos, então as duas retas, se continuadas
infinitamente, encontram-se no lado onde estão os ângulos cuja soma é menor
do que dois retos.
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Em 1795, o enunciado do quinto postulado de Euclides foi substituído por
um outro que é o mais conhecido, chamado atualmente de postulado das paralelas.
Tal formulação é devida ao geólogo e matemático escocês John Playfair(1748- 1819).
Axioma de Playfair. “Por um ponto fora de uma reta pode-se traçar uma única
paralela à reta dada.”
3 GEOMETRIA NÃO-EUCLIDIANAS
Como observamos anteriormente o quinto postulado de Euclides deixou em
dúvida inúmeros matemáticos que tentaram encontrar a prova do mesmo, após
observarem a independência do quinto postulado aos demais postulados conseguiram
chegar a conclusão que era impossível prová-lo como um teorema, e então perceberam
que com uso da negação do quinto postulado através da forma de Playfair, seria
possível assim descobrindo duas novas geometrias, nota-se que há duas maneiras
para negar o axioma de Playfair:
1. Por um ponto fora de uma reta não passa nenhuma paralela á reta dada.
2. Existe pelo menos duas retas paralelas passando por um ponto á reta dada.
Eu não temo um homem que se revelou a mim como uma mente matemá-
tica pensante, que ele poderia interpretar erroneamente o que é dado aqui
(uma breve descrição dos resultados e conjecturas de Gauss): todavia,
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para todos os efeitos, você deve considerar isso como uma informação
privada, a qual não deve, em hipótese alguma, usar de maneira pública
ou que leve à publicação. (SCHREIBER, 2015, p.427, apud, )
János não ficou satisfeito com a resposta de Gauss, suspeitando até que seu
pai já havia mostrado seus resultados a Gauss, János criou certa aversão de Gauss
e continuo seus estudos,as ideias de J. Bolyai foram revividas no livro Absolute
Geometrie, do matemático austríaco Johannes von Frischauf (1837 - 1924).
Portanto, Lobatchevsky e Bolyai são ditos os fundadores dessa nova geometria
que até então só se conhecia a geometria euclidiana, essa nova geometria passou a
ser chamada em 1871, por Klein de Geometria Hiperbólica.
De acordo com Staib [9] após esta descoberta surgiram dúvidas á respeito da
consistência da geometria hiperbólica,ou seja, se possui contradições ou não. O ma-
temático italiano Eugenio Beltrami (1835-1900) sugeriu o teorema metamatemático:
"Se a geometria euclidiana é consistente, então a geometria hiperbólica também é"e
assim provou a consistência em 1868, usando artifícios da geometria diferencial.
Os matemáticos Beltrami, Klein e Poincaré também demonstram a consistên-
cia desta nova geometria pelo método dos modelos, onde continuaram os estudos
sobre a geometria Hipérbolica.
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5 GEOMETRIA HIPERBÓLICA
Como vimos na seção anterior, o axioma das paralelas de Playflair, é substi-
tuído na geometria hiperbólica pelo Postulado de Lobachevsky:
Postulado 5. (Postulado de Lobachevsky) "Por um ponto P não pertencente a uma
reta n, pode se traçar pelo menos duas retas m e m’ paralelas que não se encontram
a reta n dada.dada”.(BARBOSA, 1995, p. 47)
É necessário dizer que existe inúmeras retas paralelas que passam por esse
ponto P dentro do espaço hiperbólico, além disto o único postulado a qual se modifica
é o quinto postulado, os outros quatros postulados são validos para esta geometria.
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Proposição 1. Os ângulos do topo de um quadrilátero de Saccherri são congruentes.
Analisando 4ADN e 4BCN , temos que eles são congruentes pelo critério
LAL(lado, ângulo,lado):
4ADN ≡ 4BCN ⇒ DN ≡ N C.
Agora, observando 4DN M e 4CN M , temos que eles são congruentes pelo
critério LLL(lado,lado,lado):
4DN M ≡ 4CN M ⇒ N M ≡ DC.
Logo,
c ≡ B CN
ADN b e N DM
c ≡ N CM
b ⇒D
c ≡ C.
b
Chamamos ΩCE
b = δ e ΩAC
b = γ, temos que δ > γ, pois δ é ângulo externo
de 4ΩAC.
Como ABCD é um quadrilátero de Saccheri, então sabemos que os ângulos
do topo são congruentes pela proposição anterior, temos que Ab ≡ Cb ⇒ Cb = α + γ
Temos então α + γ + α + δ = 180◦ , sabendo que α + δ > α + γ ⇒ α + γ < 90◦ .
Logo Ab e Cb são ângulos agudos.
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Figura 5 – Quadrilátero para apoio da demonstração
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Proposição 4. A soma dos ângulos internos de qualquer triângulo retângulo ordi-
nário é menor do que 180◦ .
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5.2 Modelos da Geometria Hiperbólica
Com o intuito de verificar a consistência da nova geometria, vários modelos
foram desenvolvidos para poder visualizá-la:
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Figura 11 – Tractriz
.
Christian Felix Klein (25 de abril de 1849 - 22 de junho 1925) foi um alemão
matemático e educador matemático, reconhecido por seu trabalho com a teoria do
grupo , análise complexa , geometria não-euclidiana.
Klein buscava uma representação de maneira plana das retas dessa pseudo-
esfera denominadas geodésicas, obtendo assim este modelo considerando apenas o
interior de um círculo. As retas da pseudo-esfera formam cordas neste círculo. E assim,
foi descoberto as primeiras regras do que se chamaria de modelo de Klein-Beltrami.
O disco de Klein-Beltrami, possui algumas vantagens e desvantagens, que
estão listadas a seguir:
• este modelo não é conforme, ou seja, ângulos e áreas são distorcidos, onde se
torna mais difícil de se trabalhar e obter as métricas deste modelo.
Definição 1. Duas retas são paralelas no espaço hiperbólico, se estas retas encontram-
se em um ponto no infinito(ponto ideal).
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Após a definição de paralelismo, conseguimos mostrar o quinto postulado
dentro deste modelo, que será dado da seguinte maneira:
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6.2 Pontos
De maneira geral na geometria hiperbólica exitem dois pontos:
6.3 Retas
Definição 5. Neste modelo as retas têm uma dimensão infinita dentro de uma área
limita, sob o ponto de vista euclidiano e têm comprimento infinito, tendo em vista o
espaço hiperbólico. As retas neste modelo são cordas do círculo limitante, sendo o
diâmetro também uma reta.
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Figura 17 – retas
6.4 Triângulos
Na geometria hiperbólica possui dois tipos de triângulos.
Definição 6 (Triângulos generalizados). Pelo menos um dos três vértices são pontos
ideais:
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Figura 19 – Três triângulos ideais
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Figura 22 – Triângulo Ordinário
6.5 Quadriláteros
6.5.1 Ângulo reto
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6.5.2 Quadrilátero de Saccheri
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conseguimos mostrar facilmente o quadrilátero de Lambert neste modelo
←→
através da figura 24, pois sabemos que M
c=B b = 90◦ , como N ∈ ΨΣ e N ∈ u que
←→
c = 90◦
passa por o ponto polar W da reta ΨΣ, logo pela definição 8, temos que N
6.6 Círculo
Definição 11. Uma figura geométrica limitada por uma circunferência, conjunto de
todos os pontos do plano hiperbólico equidista do centro. E está contido no disco, na
área limitante.
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Figura 26 – Círculo centrado na origem
6.7 Horocírculos
É a curva limite que é obtida a partir de circunferências, cujo o centro tende
ao infinito.
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Figura 29 – Horocírculo
d(B, A) −→ ∞
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Figura 31 – A métrica do modelo de Klein
7 CURIOSIDADES
Nas pesquisas deste artigo, foi encontrado um ladrilho de uma esfera de Klein
em formato de pentágonos onde a representaram de forma artística, é interessante
ressaltar aqui que para um ser do ambiente do espaço hiperbólico o pentágonos
possuem o mesmo tamanho mas sob o nosso ponto de vista euclidiano não conseguimos
visualizar.
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Figura 33 – Professora Daiana Taimina, Universidade de Cornell
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a leitura do texto, vemos que a geometria euclidiana é usada para
garantir a consistência da geometria hiperbólica, utilizando muitos teoremas e
definições da geometria euclidiana, afim também de facilitar a leitura.E que a
geometria hiperbólica ainda há muito que ser estudada, pois o processo de aceitação
dessa geometria foi lento, e principalmente aqui no Brasil pela falta de trabalhos
na língua nativa sobre esta geometria e no modelo do Disco de Klein-Beltrami.
Os artigos encontrados para essa pesquisa não eram de fácil acesso á um leitor
leigo, ou um aluno do ensino fundamental e médio, necessitado de uma matemática
mais avançada. O objetivo neste texto, é facilitar a leitura para todos, utilizando a
geometria euclidiana para verificarmos alguns conceitos da geometria hiperbólica.
Neste trabalho, foi apresentado de maneira objetiva e resumida a história da
geometria hiperbólica, bem como algumas de suas consequências, aprofundando mais
no modelo do Disco de Klein-Beltrami. Quando iniciamos um estudo da geometria
hiperbólica, usualmente recorre-se a um dos modelos para ganhar alguma intuição
do que se está acontecendo, por isso utilizamos um dos modelos principais dessa
geometria para obtenção de resultados, mas existem muitos outros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Inedio Arcari et al. Um texto de geometria hiperbólica. 2008.
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[3] Fernanda Martins BRAZ. História da geometria hiperbólica. Geometria Hiperbó-
lica, Belo Horizonte: UFMG, 2009.
[9] Armando Staib et al. Geometria hiperbólica= uma proposta para o desenvolvi-
mento de atividades utilizando o software livre noneuclid. 2010.
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