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"O Brasil está fadado a ser, por tempo indefinido, um satélite dos Estados Unidos."
(Chanceler Raul Fernandes, 26/08/1954 a 12/11/1955)
"Eu sempre sonhei em libertar o Brasil da ideologia nefasta de esquerda (...). O Brasil não é um
terreno onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos é que desconstruir muita
coisa. Desfazer muita coisa. Para depois nós começarmos a fazer."
(Jair Bolsonaro, em Washington, 17/03/2019)
1 - O Governo do Presidente Jair Bolsonaro, de seu mentor espiritual e político, o Professor Olavo de
Carvalho, de seu Ministro do Exterior, Ernesto Araújo, do Super Ministro Paulo Guedes, economista
ultra neoliberal, de sua Eminência Parda, o Deputado Eduardo Bolsonaro, está disposto, entre outras
reformas, a reorientar radicalmente toda a política externa brasileira.
2 - Essa reorientação se daria pelo alinhamento de toda a política externa brasileira à política do
Governo de Donald Trump, a começar pelo apoio a Israel.
c) envolvido o Brasil em temas nos quais não teria interesse direto nem poder para influir;
5 - Com o Presidente Bolsonaro, o Brasil passou a ter não apenas uma política exterior, mas uma
política geral de governo que procura atender antecipadamente e, sem qualquer reciprocidade, às
reivindicações históricas dos Estados Unidos:
* privatização geral;
* redução da Petrobrás, maior empresa brasileira, a uma pequena empresa, não integrada, de
petróleo;
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d) estabelecer programas de cooperação com grandes Estados, como os Estados Unidos, a China, a
Rússia, a Índia, a França e a Alemanha;
f) participar ativamente de conferências sobre temas universais, como meio ambiente, pobreza, raça,
gênero, etc.
j) promover a revisão dos sistemas de decisão dos organismos internacionais para obter condições de
melhor participação do Brasil;
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7 - O Governo de Jair Bolsonaro tem contrariado frontalmente e feito justamente o contrário de tais
ações concretas.
9 - O Brasil está promovendo o Pro-Sul, que articula governos de direita, e o fim da UNASUL e passou
a privilegiar a OEA, organização onde a influência americana é tradicional.
11 - O Brasil tem participado de forma discreta de reuniões e conferências mundiais, com perfil baixo e
sem apresentar propostas importantes, e considera as Nações Unidas um instrumento nefasto do que
chama "globalismo" e de interferência externa nos assuntos nacionais, através da ação do que
chamam de "marxismo cultural".
12 - O Mercosul tem sido desprestigiado e advogada sua transformação (dissolução) em uma Zona de
Livre Comércio para poder o Brasil negociar acordos bilaterais com os EUA e outros países
desenvolvidos. O Brasil não se interessa em fortalecer a cooperação com a Argentina, nem mesmo
quando seu Governo é simpático ao Brasil, nem com a África.
13 - O Brasil tem se afastado deliberadamente de qualquer política de cooperação com os Estados
subdesenvolvidos, do que chamam Cooperação Sul-Sul que, a seu juízo, nenhum beneficio trouxe ao
Brasil.
16 - A luta pela redistribuição de quotas e de poder de voto no FMI e no Banco Mundial foi abandonada
devido à oposição americana e ao desejo de Bolsonaro de alinhamento incondicional com os interesses
americanos.
17 - O Presidente Bolsonaro nem o chanceler Araújo não atribuem qualquer importância ao objetivo
histórico da política exterior brasileira, e são até contrários, ao Brasil vir a ocupar um assento
permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, e à coordenação com o Japão, a Alemanha
e a Índia, para atingir este objetivo.
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* suas vulnerabilidades e
* seu potencial.
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20 - Por esta razão, o centro principal de sua política externa deve ser a América do Sul, o Atlântico e
a África Ocidental, mas a essas áreas não devem se limitar, de forma alguma, suas ações de política
externa.
21 - A América Central e o norte da América do Sul constituem área de influência dos Estados Unidos,
sua zona mais estratégica, reconhecida, desde quando a declarou, pelas Potências de então, e onde se
encontra o Canal do Panamá, ligação vital militar e comercial do país.
23 - Esta prioridade americana é ainda mais aguda e sensível em relação ao Caribe, à América Central
e ao Norte da América do Sul, como revelam as declarações americanas sobre a presença russa na
área.
24 - A política brasileira na América do Sul (e ainda mais na América Central e Caribe) deve ser em
consequência prudente, mas firme e ativa sem se deixar envolver e sem se alinhar com os interesses
hegemônicos dos Estados Unidos, centro do Império Americano.
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* aperfeiçoar a democracia;
* defender a soberania.
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29 - A influência dos interesses políticos e econômicos dos Impérios e de Potências sobre estes
processos políticos, exercida através dos tempos, foi e é notável, realizada muitas vezes através de
agentes internos e de seus vínculos com as classes hegemônicas do Império Americano.
31 - Cada Estado vizinho teve uma evolução política, econômica e social própria, decorrente das inter-
relações de forças internas e externas e não cabe ao Brasil julgar os seus méritos nem tomar partido,
sob pena de criar ressentimentos desnecessários e de difícil superação.
33 - Cabe à política externa estar atenta a qualquer iniciativa de interferência externa (que são
permanentes) em seus processos políticos internos e de iniciativas "multilaterais" neste sentido para
contra-arrestá-las.
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37 - Estes fatores históricos foram se transformando ao longo do tempo e assumindo novas formas,
mas permanecem até hoje, em novo contexto internacional, em que se verifica e age a política
externa.
39 - Essas "propostas" defendem que o Brasil deve ter uma política econômica de total integração no
comércio e no sistema financeiro mundial, com a abolição de qualquer barreira ao comércio (acordos
de livre comércio etc.), de liberdade total para os fluxos de capital; de total liberdade para
investimentos estrangeiros; de equilíbrio fiscal absoluto; de redução do Estado ao mínimo como se
estas tivessem sido as políticas que tivessem levado os Estados, hoje desenvolvidos, a seu estágio de
desenvolvimento atual ou que eles as praticassem no momento.
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42 - Exemplos de situações restritivas do chamado policy space são os acordos de livre comércio
(sempre desiguais) com países altamente desenvolvidos; os acordos de promoção e proteção de
investimentos estrangeiros; a OCDE e seus códigos etc.
43 - O segundo objetivo econômico da política externa deve ser a diversificação da pauta exportadora
do Brasil em termos de produtos e de mercados de destino. Assim como a diversificação de sua pauta
de fornecedores, em termos de empréstimos, de investimento de capital e de transferência (e
absorção) de tecnologia.
44 - Este objetivo é essencial para evitar os efeitos da flutuação especulativa dos preços de produtos
primários, enfrentar o surgimento de concorrentes, de substitutos etc. e as pressões políticas externas
a que estão sujeitos países que tem suas relações externas concentradas em poucos produtos e
parceiros.
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45 - O objetivo nacional de reduzir as injustiças sociais deve receber o apoio da política externa pela
defesa de políticas sociais inclusivas, patrocinadas por organismos das Nações Unidas, pela
condenação, na Assembleia Geral da ONU, de práticas discriminatórias contra minorias, de defesa do
não uso político dos direitos humanos, pelos direitos dos imigrantes e dos refugiados.
46 - O objetivo de reduzir as injustiças sociais não deve em nenhum momento levar a julgamentos
unilaterais pelo Brasil dessas injustiças em outros países que, muitas vezes como o Brasil, lutam
contra elas com pequeno êxito. O princípio da autodeterminação e de não intervenção devem guiar
sempre a política externa brasileira no que diz respeito a situações de injustiças sociais e de direitos
humanos em terceiros Estados, tema muitas vezes manipulado pelos interesses das Grandes Potências
e do Império Americano.
47 - Assim, o Brasil deve rejeitar e condenar a aplicação de sanções unilaterais de Grandes Potências
contra Estados subdesenvolvidos a pretexto de corrigir situações humanitárias, mas que, às vezes, as
agravam e levam a justificar "intervenções humanitárias", justamente das Potências e do Império que
provocam aquelas crises humanitárias.
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48 - O objetivo nacional de defender a soberania deve ser procurado em duas esferas de ação da
política externa.
49 - A primeira esfera é a de ação nos organismos internacionais, a começar pelas Nações Unidas e
seu Conselho de Segurança, que detêm o monopólio da força na esfera internacional e que, sozinho,
pode autorizar o uso de qualquer medida de força (embargos, sanções, força etc.) contra qualquer
Estado que não seja membro permanente do Conselho.
51 - A reforma da Carta da ONU, para permitir a ampliação do Conselho, depende do voto de 129
membros (2/3 dos 194 membros) e da aprovação dos cinco membros permanentes atuais. Este
resultado depende de uma ação permanente e presença política do Brasil em todos os Estados para
obter seu apoio.
52 - Esta presença brasileira será de extrema importância para obter apoio para as teses e as
propostas apresentadas pelo Brasil nas discussões em conferências e reuniões internacionais,
regionais, multilaterais ou temáticas (clima, floresta, etc.).
54 - Essas políticas são de longo prazo, dependem de permanência para ter êxito e não podem estar
sujeitas a flutuações anuais de constrangimento orçamentário que se revelaram no passado a forma
política mais eficaz de "matá-las".
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56 - Ademais, essa disputa se verifica em um momento em que o Império Americano empreende uma
verdadeira política de "reorganização" em grande escala do sistema internacional que criou após a
Segunda Guerra Mundial e em que se verificam fenômenos transnacionais, como prolongada
estagnação econômica, degradação do meio ambiente, transformação tecnológica na economia civil e
na guerra, a financerização da economia mundial e nacionais, as ações de organizações criminosas
internacionais, as migrações em grande escala.
58 - O alinhamento da política externa brasileira com os objetivos seja do Império Americano, seja
com os objetivos dos Estados Adversários do Império será extremamente prejudicial ao Brasil.
59 - As relações do Brasil com a China e a Rússia, Estados que o Governo dos Estados Unidos classifica
como "malignos" e "inimigos" devem ser cautelosas, mas diversificadas e firmes assim como com
Estados como o Irã, classificados de "rebeldes" e "párias".
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60 - A política externa executada pelo Governo de Jair Bolsonaro contraria todos os princípios que
devem orientar a política externa brasileira para que esta pudesse contribuir para alcançar os objetivos
nacionais, isto é, da maioria do povo brasileiro, de democracia, desenvolvimento, justiça social e
soberania.
62 - Por outro lado, as declarações de ultra-direita do Governo Bolsonaro sobre certos temas provocam
o repúdio de Governos de Direita, como os do Chile e da Argentina, como de lideres de extrema
direita, como Marine Le Pen, na França.
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64 - As contradições internas que geram e o ridículo das declarações torna cada vez mais ineficaz a
ação externa e cada vez maior o desprestígio do Governo do Brasil no mundo.
65 - Parece que a realidade não consegue se impor às visões de fundo religioso e de Cruzada que
imbuem a alma e inebriam o cérebro desses personagens.