Você está na página 1de 12

9

Mutações epistemológicas e o ensino da literatura:


Há exat
os 45 an
os Hans
o advento do sujeito leitor
é e por Robe
qu
viria a se e alguém estu rt Jauss aprese
r uma da da ntav
s mudan a história liter a a conferên
cia “O qu
literária ças de perspe ária?”, inaugu
contem
porâne
ctiva si
a: os es
ra
gnificativ ndo o que
tudos so a na crítica
e
Annie Rouxel 1
bre a le
itura.
Tradução de Samira Murad

Resumo:  O reconhecimento do sujeito leitor e de sua criatividade na elaboração do sentido foi acom- do pela in
vesti-
para, mais recentemente, culminar com a investigação as, passan (Stanley Fish)
es divers
panhado por importantes avanços teóricos com relação ao conhecimento dos leitores reais. Nosso in-
empírica sobre a leitura (David S. Miall),
s sobre a
leitura as su m iram feiçõ
nvenções
na leitu ra da literatura
pologia lit
erária” prop osta
atura.
os estudo pel das co tos de uma “antro e a leitura da liter
õe s do público, ve stiga ção do pa ru di m en çã o so br
aç in ga
teresse neste artigo é a leitura subjetiva, a forma pela qual os leitores investem-se no texto, reconfigu-
stória po
r meio da
s re
e Umberto
Eco), pela
sem men
atura e hi ra (Wolfgang Iser avid S. Miall), isso que decorre dire
os
cionarmos mente de sua inve
ta
sti

entre liter leitu ra (D rio e


s so bre a relação erário suscita a a so bre a leitu tício e O Imaginá
Dessa in
dagação
forma co
de Ja us
rando-o de modo a transformá-lo em um “texto do leitor”. A identificação, a reficcionalização do texto e
tura do te
xto
mo a estru lminar com a in
lit
vestigaçã
o empí ric
pelo próp
rio Iser em
O Fic

gação da ente, cu
recentem
para, mais
a interleitura, todos esses fenômenos intervêm na relação com o texto que se instaura durante a leitura,
sendo compreendidos como formas equivalentes de implicação. O ensino da literatura tira partido desses
saberes por meio da aceitação das leituras singulares, ponto de partida das interpretações, dando espaço
à intersubjetividade na sala de aula, compreendida agora como comunidade interpretativa.
Palavras-chave:  Sujeito leitor, leitura literária, subjetividade, implicação, texto do leitor, biblioteca interior.
Abstract:  The recognition of the reader as a subject and of her creativity in meaning elaboration have
Há exatos 45 anos Hans Robert Jauss
apresentava a conferência
been accompanied by important theoretical advances in the knowledge of real readers. Nowadays, we
take an interest in subjective reading; in the way the reader engages with the text she reads, reconfigur-
ing it in order to makeerit her own. Identification, refictionalization of the text and interreading, these phe-
ência nf
ntava a co
uss aprese
Há exatos
nomena
anos Hans
45 affect the relationship to the text that is established during the reading process, and are equally
Robert Ja

important forms of involvement.


passando
pela inve
stig   The teaching literature draws from this awareness and uses individual texts as starting points for interpreta-
suscita ação da form
a leitura a co
(Wolfgan mo a estrutur
tion, allowing space for intersubjectivity within the class, which is, in turn, seen as an interpretative community.
g Iser e a
Umbert do texto literár
o Eco), io

Keywords:  Reader as a subject, literary reading, subjectivity, involvement, reader’s text, internal library.
Résumé:  La reconnaissance du sujet lecteur et de sa créativité dans l’élaboration du sens s’accompagne
passando pela investigação
da forma como a estrutura
d’importantes avancées théoriques relatives à la connaissance des lecteurs réels. Désormais on s’intéresse
do texto literário suscita
a leitura (Wolfgang Iser e
Umberto Eco),
la lecture subjective, à la manière dont les lecteurs s’investissent dans le texte lu et le reconfigurent pour
en faire leur « texte de lecteur ». Identification, refictionnalisation du texte, interlecture, ces phénomènes
interviennent dans le rapport au texte qui s’instaure au cœur de la lecture et ils sont appréciés comme
autant de formes d’implication. L’enseignement de la littérature tire parti de ces savoirs en accueillant les
lectures singulières, points de départ des interprétations, et en donnant place à l’intersubjectivité au sein
de la classe conçue comme communauté interprétative.
isso sem mencionarmos os rudimentos de uma
“antropologia literária” proposta pelo próprio Iser em

Mots clés:  Sujet lecteur; lecture littéraire; subjectivité; implication; texte du lecteur; bibliothèque intérieure.
O Fictício e O Imaginário e que decorre diretamente de
sua investigação sobre a leitura da literatura.

É chegado o momento de dar o máximo de visibilidade ao engajamento do leitor em


u-
uma prática
o que vi
ria ativa.
sobre
(BELLEMIN-NOËL,
a das m
a ser um a leit ura. 2001, p. 21)
rando tudos
inaugu rânea: os es
ária?”,
ia liter ntempo
tu da a histór a literária co
ém es ic
na crít
que algu gnificativa
é e por si
“O que pectiva
de pers 1 
danças Professora Emérita de Língua e Literatura Francesa da Universidade Bordeaux 4. Sua pesquisa gira
em torno da teoria e do ensino da leitura literária. DessaAutora de Enseigner la lecture littéraire (1996), publi-
estud indagação
o d
do te s sobre a le e Jauss so
cou, em colaboração com Gérard
Dessa indagação de Jauss sobre a relação entre literatura e história por meio das reações do Langlade, Le sujet
na leit litelecteur
xto
u
it
rário ura assum
suscit
–birreLecture
a rela
ção
subjective et enseignement da la
público, os estudos sobre a leitura assumiram feições diversas, a leit ra da lite a a le am feiçõ entre lite
littérature (2004), cuja tradução em português, de pelo iniciativa
ura (D
pró
avid S tura (Stande
ra
.M
itura
le Neide ga
e
(Wolf s divers Luciaratu
as, p ra e h
da lite prio Iser iall), isso y Fish) pa ng Iser e U assando p ria por m
deistó Rezende, será lançado no
ratura em O se ra m e e
Fictíc m mencio , mais rece berto Eco la investig io das rea
Brasil em 2012. Annie Rouxel publicou também com Brigitte Luichon .
Imag armoDu
ntecorpus ), pela scolaire çõeàs dola bibliothèque

io e O n me ação
d
inário s os rudim nte, culm investiga a forma co público,
ex apre
at se

e que e in a çã m os
intérieure (2009). Contato : ani.rouxel@orange.fr decorr ntos de um r com a in o do pape o a estrutu
os n

ld
45 tav

e dire sh) a “an vestig ra


passando pela investigação
nley Fitame tropo ação as conven
an a a

ta nte d log em çõ
da forma como a estrutura atura (S sua in ia literári pírica sob es
os co

e
da liter vestig a” pro re
leitura
Ha nf

do texto literário suscita p


na ação
sobre osta
ns erê

a leitura (Wolfgang Iser e enções


s conv a leit
Ro nc

Umberto Eco), pel da ura


ão do pa
be ia

vestigaç
rt

pela in
Ja
ssu

13
9 ROUXEL, Annie. Mutações epistemológicas e o ensino da literatura: o advento do sujeito leitor
Tradução: Samira Murad

Em 2004, aconteceu em Rennes o colóquio “Sujeitos leitores e ensino de literatu-


ra”, que marca a entrada na noção de sujeito leitor no campo da didática da literatura.
Há exat
O contexto do momento era marcado pela crise da leitura... escolar. De fato, se os es-
os 45 an
tudos sociológicos estiverem corretos (BAUDELOT; CARTIER; DETREZ, 1999), a falta de
é e por os Hans
qu Robe
viria a se e alguém estu rt Jauss aprese
r uma da da ntav
s mudan a história liter a a conferên
cia “O qu
literária ças de perspe ária?”, inaugu
interesse dos jovens pela leitura merge na escola, no momento em que essa atividade
contem
porâne
ctiva si
a: os es
ra
gnificativ ndo o que
tudos so a na crítica
e

bre a le
torna-se um exercício escolar avaliado, tendo por objeto obras complexas – clássicas,
itura.

entre outras. A leitura exigida depende de uma série de observações formais que impe-
de qualquer investimento pessoal do leitor. O texto é quase sempre um pretexto para a do pela in
vesti-
para, mais recentemente, culminar com a investigação as, passan (Stanley Fish)
es divers
utilização de ferramentas de análise, sendo, portanto, uma rotina sem alma.
empírica sobre a leitura (David S. Miall),
s sobre a
leitura as su m iram feiçõ
nvenções
na leitu ra da literatura
pologia lit
erária” prop osta
atura.
os estudo pel das co tos de uma “antro e a leitura da liter
público, ção do pa en br
Na universidade, o excesso de formalismo gera uma leitura erudita e eficaz, mas
aç õe s do inve stiga os ru di m ga çã o so
s re Eco), pela sti
r meio da cionarmos mente de sua inve
stória po e Umberto sem men ta
atura e hi ra (Wolfgang Iser avid S. Miall), isso que decorre dire
entre liter leitu ra (D rio e
e a relação erário suscita a bre a leitu tício e O Imaginá
desencarnada. Michel Picard (1986, p. 96) e J. M. Delacomptée (2004, p. 48) denunciam a
us s so br lit ric a so
dagação
de Ja
tura do te
xto o empí O Fic
Dessa in mo a estru lminar com a in
vestigaçã rio Iser em
forma co pelo próp
gação da ente, cu
recentem
para, mais
aridez dessa tecnicidade brilhante, dessa “decodificação racionalista” que transforma
os estudantes em “primatas eruditos”... “um pouco menos de ciência e um pouco mais
de consciência” reclama J. M. Delacomptée. Em seu ensaio O demônio da teoria, Antoi-
ne Compagnon (1998, p. 164) constata igualmente que na leitura escolar e universitária
o leitor encontra-se “fora de jogo”.
Estabelecida a responsabilidade da leitura escolar (que se quer, ao mesmo tempo,
Há exatos 45 anos Hans Robert Jauss
apresentava a conferência
erudita, objetiva e neutra), devemos, então, transformar a relação com o texto, reintro-
duzindo a subjetividade na leitura, humanizando-a, retomando-lhe o sentido.
A observação dos grandes leitores – escritores, críticos literários, filósofos – mos-
erência
ava a conf
s apresent

Há exatos
tra que eles não renunciam a si mesmos quando leem e é seu investimento subjetivo
45 anos Hans
Ro bert Jaus

que garante o valor dessa leitura (Proust, Gide, Manguel, Dumayet, Serres, Tremblay,
passando
pela inve
stig etc). Isso nos convida a receber, na sala de aula, as “experiências de leitura” e, na pes-
suscita ação da form
a co
a leitura
(Wolfgan mo a estrutur
quisa, a observar leituras liberadas de protocolos e normas escolares.
g Iser e a
Umbert do texto literár
o Eco), io

Na obra citada, Compagnon descreve com lucidez e finura a complexidade da lei-


tura, lugar de tensões diversas entre o texto e o leitor:
passando pela investigação
da forma como a estrutura
do texto literário suscita
a leitura (Wolfgang Iser e
Umberto Eco),
a experiência de leitura, como toda experiência humana é sempre uma experiência
dúbia, ambígua, estilhaçada: entre compreender e amar, entre a filologia e a alegoria,
entre a liberdade e a restrição, entre a atenção ao outro e a preocupação consigo mes-
mo. (COMPAGNON, 1988, p. 194)

Constatando a irredutível singularidade das leituras efetuadas por leitores empíri-


isso sem mencionarmos os rudimentos de uma
“antropologia literária” proposta pelo próprio Iser em

cos, ele declara que uma teorização do leitor real é impossível.


O Fictício e O Imaginário e que decorre diretamente de
sua investigação sobre a leitura da literatura.

Entretanto, se o reconhecimento do sujeito leitor não conduz a uma teorização, ele


pode levar, ao menos, a importantes avanços teóricos em relação aos leitores reais. A
reflexão epistemológica se exerce em várias áreas – literatura, leitura, escrita – sob os
o o qu
e viria
a das m
u-
a ser um a leitura.
s sobre
ra nd es tu do
augu nea: os
olhares cruzados de pesquisadores advindos de diversos campos das ciências humanas
gu
da a hi
stória
ém estu va na crítica
literár
ia?”, in
literár
ia cont
emporâ

qu e al ti
é e por significa
“O que
danças
– letras, psicanálise, sociologia, antropologia cultura. O início do século XXI foi, de fato,
de pers
pectiva

marcado por importantes mutações epistemológicas, algumas dessas já anunciadas Dessa


estud indagação
o d
do te s sobre a le e Jauss so
no século anterior por uma profusão de pesquisas sobre leitores empíricos e por uma
Dessa indagação de Jauss sobre a relação entre literatura e história por meio das reações do
público, os estudos sobre a leitura assumiram feições diversas,
xto
u
a leit ra da lite
suscit
b
na leit literário itura assu re a relaç
mir ão
a a le am feiçõ entre lite
ura (D ra it e ra
avid S tura (Stan ura (Wolf s diversas, tura e h
grande criatividade conceitual. pelo
da lite
própri
o
.
. Miall
),
Fictíc
ley Fi
sh
e
gang
Ise passa
n
ratura Iser em O isso sem m ) para, ma r e Umbert do pela in r meio da
is rec o Eco
istóri
a po
ve s
), pela stigação d reações d

io e O nc io n e n
Imag armos os temente, a form o púb
ex apre

inário ru cu invest li
e que dimento lminar co igação do a como a co, os
at se
os n

decorr s de u m a in p est
e dire sh) ma “an vestig apel das c rutura
45 tav

passando pela investigação ação onven


ey Fitamente tropolo
an a a

da forma como a estrutura (Sta nl g e m ções


atura de su ia pír
os co

da liter a inve literária” ica sobre


leitura
Ha nf

do texto literário suscita stigaç p


ções na ão so roposta
ns erê

a leitura (Wolfgang Iser e co nv en b re a leit


pel das
Ro nc

Umberto Eco), ura


ão do pa
be ia

vestigaç
rt

pela in
Ja
ssu

14
9 ROUXEL, Annie. Mutações epistemológicas e o ensino da literatura: o advento do sujeito leitor
Tradução: Samira Murad

Antes de apresentar essas mutações, é preciso dizer que a clareza da apresentação


não deve nos iludir sobre a realidade. A constatação de uma mudança de paradigma não
Há exat
implica no desaparecimento da teoria anterior. Uma teoria não é imediatamente subs-
os 45 an
tituída por outra. Frequentemente, elas coexistem por um longo tempo antes que uma
é e por os Hans
qu Robe
viria a se e alguém estu rt Jauss aprese
r uma da da ntav
s mudan a história liter a a conferên
cia “O qu
literária ças de perspe ária?”, inaugu
domine a outra. Os fatores de resistência são diversos e de origem variada – ideológica,
contem
porâne
ctiva si
a: os es
ra
gnificativ ndo o que
tudos so a na crítica
e

bre a le
ética, etc. A reviravolta pode ser efetiva em um dado espaço e sua difusão é, em geral,
itura.

relativamente restrita ou lenta. E ela não é irreversível. Além disso, essas mutações
impactam diferentes níveis: algumas afetam o aparato teórico com o qual pensamos a do pela in
vesti-
para, mais recentemente, culminar com a investigação as, passan (Stanley Fish)
es divers
leitura literária, outras apresentam aspectos singulares que podem ser compreendidos
empírica sobre a leitura (David S. Miall),
s sobre a
leitura as su m iram feiçõ
nvenções
na leitu ra da literatura
pologia lit
erária” prop osta
atura.
os estudo pel das co tos de uma “antro e a leitura da liter
público, ção do pa en br
como efeitos das primeiras. aç õe s do inve stiga os ru di m ga çã o so
s re Eco), pela sti
r meio da cionarmos mente de sua inve
stória po e Umberto sem men ta
atura e hi ra (Wolfgang Iser avid S. Miall), isso que decorre dire
entre liter leitu ra (D rio e
us s so bre a relação erário suscita a ric a so bre a leitu tício e O Imaginá
de Ja xto lit o empí O Fic
dagação tura do te vestigaçã rio Iser em
Dessa in mo a estru lminar com a in pelo próp
forma co ente, cu
gação da recentem
para, mais
I . Mutações epistemológicas

A literatura como ato de comunicação: a importância da recepção

A primeira dessas mutações é ainda frágil e diz respeito à concepção de literatura


até então essencialmente definida por sua autorreferencialidade. De fato, a concepção
Há exatos 45 anos Hans Robert Jauss
apresentava a conferência
de literatura como um conjunto autônomo de textos com finalidade estética prevaleceu
por um longo tempo (e ainda prevalece) tanto no sistema escolar como na universidade.
Nessa concepção, a leitura literária relativamente erudita se apoia nas teorias contem-
erência
ava a conf
s apresent

Há exatos
porâneas de texto nas quais a poética ocupa um lugar privilegiado. É apenas na virada
45 anos Hans
Ro bert Jaus

dos anos 2000 que se generaliza na França a noção de comunicação literária presente,
passando
pela inve
stig entretanto, nos programas de segundo grau desde a década anterior e, na crítica uni-
suscita ação da form
a co
a leitura
(Wolfgan mo a estrutur
versitária, há mais tempo, uma vez que Todorov, já em 1984, em Critique de la critique,
g Iser e a
Umbert do texto literár
o Eco), io

defendia com veemência a transitividade da literatura:

passando pela investigação


da forma como a estrutura
Há duzentos anos, nos repetem que a literatura é uma linguagem que encontra sua fina-
do texto literário suscita
a leitura (Wolfgang Iser e
Umberto Eco),
lidade em si mesma. Já é tempo de revisitarmos as evidências que não deveriam ter sido
esquecidas: a literatura relaciona-se com a existência humana, ela é um discurso orientado
em direção à verdade e à moral […] a literatura é um ato de comunicação, o que implica dizer
que há uma possibilidade de compreensão devido a valores comuns. (TODOROV, 1984)

Na escola, essa mudança maior de perspectiva esteve relacionada à atenção dada às


isso sem mencionarmos os rudimentos de uma
“antropologia literária” proposta pelo próprio Iser em

teorias da recepção que destacavam o papel do leitor na atualização do texto. A leitura


O Fictício e O Imaginário e que decorre diretamente de
sua investigação sobre a leitura da literatura.

literária se inscreve, então, numa teoria do texto que postula o leitor implícito ou virtual
(ou Modelo) ao qual o leitor real, o aluno, deve esforçar-se para parecer. Ainda assim, ape-
sar desse reconhecimento institucional, a comunicação literária é continuamente negada
o o qu
e viria
a das m
u-
a ser um a leitura.
s sobre
ra nd es tu do
augu nea: os
nas práticas que continuam a destacar quase que exclusivamente a análise formal.
gu
da a hi
stória
ém estu va na crítica
literár
ia?”, in
literár
ia cont
emporâ

qu e al ti
é e por significa
“O que
danças
de pers É claro que dizer que a literatura é uma prática artística de comunicação é reco-
pectiva

nhecer a importância da recepção e isso já é um avanço importante, mas a recepção Dessa


estud indagação
o d
do te s sobre a le e Jauss so
ainda é pensada de uma maneira abstrata, conceitual, a partir do leitor inscrito no tex-
Dessa indagação de Jauss sobre a relação entre literatura e história por meio das reações do
público, os estudos sobre a leitura assumiram feições diversas,
xto
u
a leit ra da lite
suscit
b
na leit literário itura assu re a relaç
mir ão
a a le am feiçõ entre lite
ura (D ra it e ra
avid S tura (Stan ura (Wolf s diversas, tura e h
to, capaz de atualizar todas as suas virtualidades. pelo
da lite
própri
o
.
. Miall
),
Fictíc
ley Fi
sh
e
gang
Ise passa
n
ratura Iser em O isso sem m ) para, ma r e Umbert do pela in r meio da
is rec o Eco
istóri
a po
ve s
), pela stigação d reações d

io e O nc io n e n
Imag armos os temente, a form o púb
ex apre

inário ru cu invest li
e que dimento lminar co igação do a como a co, os
at se
os n

decorr s de u m a in p est
e dire sh) ma “an vestig apel das c rutura
45 tav

passando pela investigação ação onven


ey Fitamente tropolo
an a a

da forma como a estrutura (Sta nl g e m ções


atura de su ia pír
os co

da liter a inve literária” ica sobre


leitura
Ha nf

do texto literário suscita stigaç p


ções na ão so roposta
ns erê

a leitura (Wolfgang Iser e co nv en b re a leit


pel das
Ro nc

Umberto Eco), ura


ão do pa
be ia

vestigaç
rt

pela in
Ja
ssu

15
9 ROUXEL, Annie. Mutações epistemológicas e o ensino da literatura: o advento do sujeito leitor
Tradução: Samira Murad

A leitura literária e a consideração dos leitores reais: do texto do autor ao texto do leitor

Há exat
A reflexão sobre o sujeito leitor conduz a uma importante mudança de paradig-
os 45 an
ma. Passamos de uma concepção de leitura literária organizada em torno de um Leitor
é e por os Hans
qu Robe
viria a se e alguém estu rt Jauss aprese
r uma da da ntav
s mudan a história liter a a conferên
cia “O qu
literária ças de perspe ária?”, inaugu
Modelo a uma concepção de leitura literária mais liberal que se interessa pela reconfi-
contem
porâne
ctiva si
a: os es
ra
gnificativ ndo o que
tudos so a na crítica
e

bre a le
guração do texto pelo leitor real e apresenta modos de realização plurais. Trata-se de
itura.

uma ruptura epistemológica ainda mais profunda que a precedente, uma vez que ela se
dedica, de forma efetiva, a uma mudança de foco, da interpretação do texto à atividade do pela in
vesti-
para, mais recentemente, culminar com a investigação as, passan (Stanley Fish)
es divers
do leitor e à relação desse último com o objeto. Essa mudança apoia-se principalmente
empírica sobre a leitura (David S. Miall),
s sobre a
leitura as su m iram feiçõ
nvenções
na leitu ra da literatura
pologia lit
erária” prop osta
atura.
os estudo pel das co tos de uma “antro e a leitura da liter
público, ção do pa en br
nos trabalhos de Pierre Bayard, Bruno Clément, Jean Bellemin-Noël e Gérard Langlade
aç õe s do inve stiga os ru di m ga çã o so
s re Eco), pela sti
r meio da cionarmos mente de sua inve
stória po e Umberto sem men ta
atura e hi ra (Wolfgang Iser avid S. Miall), isso que decorre dire
entre liter leitu ra (D rio e
e a relação erário suscita a bre a leitu tício e O Imaginá
e também nos ensaios sempre “atuais” de Michel de Certeau e Italo Calvino.
us s so br lit ric a so
dagação
de Ja
tura do te
xto o empí O Fic
Dessa in mo a estru lminar com a in
vestigaçã rio Iser em
forma co pelo próp
gação da ente, cu
recentem
para, mais
A atividade do leitor, a maneira pela qual ele se investe no texto para elaborar o seu
“texto do leitor” (noção estabelecida por P. Bayard) reteve, de forma especial, a atenção
dos pesquisadores em didática da literatura. O texto reconfigurado pelo leitor assinala ao
mesmo tempo a apropriação do primeiro pelo segundo e a criatividade desse último. Ele é
resultado, de acordo com J. Bellemin-Noël2, de uma relação única e singular entre o texto
do autor e a vida do leitor. Ele é produto e marca de uma “experiência de leitura”.
Há exatos 45 anos Hans Robert Jauss
apresentava a conferência
A observação (por meio de diários de leitura) dos processos de singularização do
texto, as tentativas de descrição da forma (instável, provisória) que o texto toma na
consciência de quem o recebe, estão no centro das pesquisas atuais. A teorização de
erência
ava a conf
s apresent

Há exatos
G. Langlade (2004; 2006) sobre a atividade ficcionalizante do leitor durante o processo
45 anos Hans
Ro bert Jaus

de leitura e o colóquio internacional sobre o “texto do leitor” organizado em Toulouse


passando
pela inve
stig (2008) produziram alguns progressos em relação ao conhecimento do leitor real.
suscita ação da form
a co
a leitura
(Wolfgan mo a estrutur
g Iser e a
Umbert do texto literár
o Eco), io

De uma relação distanciada com o texto a uma distância implicada e flutuante: a


identificação reabilitada
passando pela investigação
da forma como a estrutura
do texto literário suscita
a leitura (Wolfgang Iser e
Umberto Eco),
O interesse pelas experiências de leitura nos convida a pensar sobre a experiência
primeira de leitura e o movimento de empatia que produz uma compreensão profunda
do texto. Na perspectiva didática, isso nos conduz a reconsiderar a leitura literária em
relação à leitura cotidiana, a entender essa relação como um continuum e não como
uma ruptura, a observar, em situações de leitura diversificadas (interpostas, situadas
entre esses dois polos), as formas que essa relação com o texto toma.
isso sem mencionarmos os rudimentos de uma
“antropologia literária” proposta pelo próprio Iser em

Essa mudança de perspectiva que recusa a clivagem entre leitura cotidiana e lei-
O Fictício e O Imaginário e que decorre diretamente de
sua investigação sobre a leitura da literatura.

tura literária, interessando-se, pelo contrário, pela complexidade fecunda de suas rela-
ções acompanha a reabilitação do fenômeno da identificação. Por muito tempo tratada
como uma conduta regressiva, a identificação é, hoje em dia, valorizada como uma
o o qu
e viria
a das m
u-
a ser um a leitura.
s sobre
ra nd es tu do
augu nea: os
experimentação complexa do vivido ficcional.
gu
da a hi
stória
ém estu va na crítica
literár
ia?”, in
literár
ia cont
emporâ

qu e al ti
é e por significa
“O que pectiva
de pers
danças

Dessa
estud indagação
2  os de
“o
Dessa indagação de Jauss sobre a relação entreque denomino
literatura texto
e história por meio das reações doé para mim, se quisermos
na leit literário que
do te
xto
u
sobre
a leit
Jauss
ura a so essa
bre a
re palavra tenha algum interesse, sempre
suscit ssumiram lação entr
público, os estudos sobre a leitura assumiram feições diversas, a leit ra da lite a a le feiçõe e lite
“meu texto”: uma versão da obra para meu usodpelopróprio, ura (D
pró
avid S turacom
ra
.M
(Sta
itura
nley vazios
(W olfga iversem
sd
n as, pa relação
ratura
e histó àquilo que não me diz
a lite prio Iser e iall), isso se Fish) para g Iser e U ssando pe ria por me
ratura mOF , m la io
respeito e destaques em relação àquilo que me fez sonhar, muitas .
vezes seguindo
ictício m mencio mais recen berto Eco), investiga das reaç
ção uma ões ordem que tem

narm
e O Im os os temente, pela d do
culm investiga a forma co público,
ex apre

aginá rudim
at se

rio e entos in a ção m os


pouco apelaver com a sequência explícita da intriga” (BELLEMIN-NOËL, 2001, que d
ecorr p.
e dire199).
de um r com a in do papel o a estrutu
os n
45 tav

passando investigação sh ) a “an vestig das c ra


nley Fitame tropo ação onven
an a a

ta nte d log em çõ
da forma como a estrutura atura (S sua in ia literári pírica sob es
os co

e
da liter vestig a” pro re
leitura
Ha nf

do texto literário suscita p


na ação
sobre osta
ns erê

a leitura (Wolfgang Iser e enções


s conv a leit
Ro nc

Umberto Eco), pel da ura


ão do pa
be ia

vestigaç
rt

pela in
Ja
ssu

16
9 ROUXEL, Annie. Mutações epistemológicas e o ensino da literatura: o advento do sujeito leitor
Tradução: Samira Murad

A identificação aparece ainda como a condição para o reencontro com a alterida-


de. Essa experiência é a de um sujeito ativo, como nos mostra H. R. Jauss em seu Petite
Há exat
apologie de l’expérience esthétique (1975) e V. Jouve em seu l’Effet personnage  (1992);
os 45 an
trata-se de uma experiência intensa cuja abordagem fenomenológica ilumina o fato de
é e por os Hans
qu Robe
viria a se e alguém estu rt Jauss aprese
r uma da da ntav
s mudan a história liter a a conferên
cia “O qu
literária ças de perspe ária?”, inaugu
que ela não depende apenas dos afetos, mas engaja todo o ser do leitor: seu psiquismo,
contem
porâne
ctiva si
a: os es
ra
gnificativ ndo o que
tudos so a na crítica
e

bre a le
seu corpo, seu intelecto. Trata-se, então, de uma identificação ativa no cerne mesmo da
itura.

leitura, uma identificação que não se limita ao gesto de adesão, podendo tomar a forma
de uma reação polêmica feita também de recusa. do pela in
vesti-
para, mais recentemente, culminar com a investigação as, passan (Stanley Fish)
es divers
No fim das contas, o que está em jogo na identificação, de forma mais ou menos
empírica sobre a leitura (David S. Miall),
s sobre a
leitura as su m iram feiçõ
nvenções
na leitu ra da literatura
pologia lit
erária” prop osta
atura.
os estudo pel das co tos de uma “antro e a leitura da liter
público, ção do pa en br
inconscientemente, é a própria identidade do sujeito. A leitura é sempre uma afirmação
aç õe s do inve stiga os ru di m ga çã o so
s re Eco), pela sti
r meio da cionarmos mente de sua inve
stória po e Umberto sem men ta
atura e hi ra (Wolfgang Iser avid S. Miall), isso que decorre dire
entre liter leitu ra (D rio e
e a relação erário suscita a bre a leitu tício e O Imaginá
de si diante do texto e cada leitura conduz a uma recomposição das representações e
us s so br lit ric a so
dagação
de Ja
tura do te
xto o empí O Fic
Dessa in mo a estru lminar com a in
vestigaçã rio Iser em
forma co pelo próp
gação da ente, cu
recentem
para, mais
do repertório de valores do leitor. Por meio da identificação, o sujeito descobre a alte-
ridade que está nele mesmo. Como escreve B. Clément: “para aquilo que pode haver em
mim de outro quem melhor que o Outro para manifestar?” (CLÉMENT, 1999, p. 16).
Esse mesmo movimento crítico pede uma revisão do valor atribuído à noção de
distanciamento, excessivamente ligada ao estudo formal e ao julgamento estético. A
distância existe em toda interpretação, sustentando o julgamento ético ou ideológico
Há exatos 45 anos Hans Robert Jauss
apresentava a conferência
sobre o universo representado. Trata-se da distância intelectual ligada à leitura como
forma de conhecimento e busca de sentido, uma distância necessária e que se encontra
tensionada com a noção de identificação. erência
ava a conf
s apresent

Há exatos
45 De fato, a relação com o texto não se deixa apreender pelas dicotomias de distância/
anos Hans
Ro bert Jaus

proximidade ou empatia/distanciamento que designam posturas excludentes. A realida-


passando
pela inve
stig de é mais complexa: durante uma mesma leitura, o investimento psicoafetivo pode ser
suscita ação da form
a co
a leitura
(Wolfgan mo a estrutur
alternado ou combinar-se com o distanciamento crítico num trançado singular. A rela-
g Iser e a
Umbert do texto literár
o Eco), io

ção com o texto (que é também um jogo de forças – dominação/submissão) é flutuante,


descontínua, colocando em cena facetas diversas da identidade do leitor. O colóquio de
passando pela investigação
da forma como a estrutura
Rennes sublinhou inúmeras vezes a existência e pertinência dessas camadas identitárias.
do texto literário suscita
a leitura (Wolfgang Iser e
Umberto Eco),

Da interpretação hermenêutica à atividade interpretativa guiada pelos


movimentos da subjetividade

Na escola, como na universidade, por muito tempo, distinguimos e hierarquizamos


as duas operações mentais da compreensão e da interpretação. Elas corresponderiam
isso sem mencionarmos os rudimentos de uma
“antropologia literária” proposta pelo próprio Iser em

a dois níveis de leitura, sendo que compreensão literal seria anterior a qualquer inter-
O Fictício e O Imaginário e que decorre diretamente de
sua investigação sobre a leitura da literatura.

pretação. Essa escolha teórica levou a um modelo de leitura escolar em dois tempos,
organizando-a linearmente numa lógica que levaria do simples ao complexo. Se a com-
preensão precisa apenas do texto, a interpretação erudita supõe o aporte iluminado das
o o qu
e viria
a das m
u-
a ser um a leitura.
s sobre
ra nd es tu do
augu nea: os
ciências humanas na produção de significados mais ricos.
gu
da a hi
stória
ém estu va na crítica
literár
ia?”, in
literár
ia cont
emporâ

qu e al ti
é e por significa
“O que
danças
de pers Ora, as pesquisas contemporâneas em teoria literária e em didática (P. Ricoeur; C.
pectiva

Tauveron) contestam essa hierarquia e mostram que durante o processo de elaboração Dessa
estud indagação
o d
do te s sobre a le e Jauss so
do sentido, compreensão e interpretação se alternam e que a interpretação ocorre em
Dessa indagação de Jauss sobre a relação entre literatura e história por meio das reações do
público, os estudos sobre a leitura assumiram feições diversas,
xto
u
a leit ra da lite
suscit
b
na leit literário itura assu re a relaç
mir ão
a a le am feiçõ entre lite
ura (D ra it e ra
avid S tura (Stan ura (Wolf s diversas, tura e h
geral em primeiro lugar, servindo de guia à compreensão. pelo
da lite
própri
o
.
. Miall
),
Fictíc
ley Fi
sh
e
gang
Ise passa
n
ratura Iser em O isso sem m ) para, ma r e Umbert do pela in r meio da
is rec o Eco
istóri
a po
ve s
), pela stigação d reações d

io e O nc io n e n
Imag armos os temente, a form o púb
ex apre

inário ru cu invest li
e que dimento lminar co igação do a como a co, os
at se
os n

decorr s de u m a in p est
e dire sh) ma “an vestig apel das c rutura
45 tav

passando pela investigação ação onven


ey Fitamente tropolo
an a a

da forma como a estrutura (Sta nl g e m ções


atura de su ia pír
os co

da liter a inve literária” ica sobre


leitura
Ha nf

do texto literário suscita stigaç p


ções na ão so roposta
ns erê

a leitura (Wolfgang Iser e co nv en b re a leit


pel das
Ro nc

Umberto Eco), ura


ão do pa
be ia

vestigaç
rt

pela in
Ja
ssu

17
9 ROUXEL, Annie. Mutações epistemológicas e o ensino da literatura: o advento do sujeito leitor
Tradução: Samira Murad

De fato, os caminhos que conduzem à significação são diversos e confusos (com-


plexos): os movimentos da subjetividade durante a atividade leitora reforçam a concep-
Há exat
ção não linearizada do processo de compreensão/interpretação.
os 45 an
Mas, nas experiências de leitura, a subjetividade intervém ainda de outra maneira:
é e por os Hans
qu Robe
viria a se e alguém estu rt Jauss aprese
r uma da da ntav
s mudan a história liter a a conferên
cia “O qu
literária ças de perspe ária?”, inaugu
frequentemente o leitor se apropria do texto, utilizando-o e interpretando-o ao mesmo
contem
porâne
ctiva si
a: os es
ra
gnificativ ndo o que
tudos so a na crítica
e

bre a le
tempo. Em sua obra Seis passeios no bosque da ficção, U. Eco distingue essas duas ope-
itura.

rações e descarta a “utilização” por ser uma atividade mais pessoal. Mas, no dia a dia, na
realidade das leituras, principalmente a dos alunos, essas duas operações são raramente do pela in
vesti-
para, mais recentemente, culminar com a investigação as, passan (Stanley Fish)
es divers
separadas. Além disso, se nos referirmos ao Diário de um leitor, de A. Manguel (2004),
empírica sobre a leitura (David S. Miall),
s sobre a
leitura as su m iram feiçõ
nvenções
na leitu ra da literatura
pologia lit
erária” prop osta
atura.
os estudo pel das co tos de uma “antro e a leitura da liter
público, ção do pa en br
perceberemos que esse grande leitor utiliza as obras que leu: elas as desvia, conforme
aç õe s do inve stiga os ru di m ga çã o so
s re Eco), pela sti
r meio da cionarmos mente de sua inve
stória po e Umberto sem men ta
atura e hi ra (Wolfgang Iser avid S. Miall), isso que decorre dire
entre liter leitu ra (D rio e
e a relação erário suscita a bre a leitu tício e O Imaginá
seu humor, para um uso pessoal. Seu diário ilumina um aspecto essencial da atividade
us s so br lit ric a so
dagação
de Ja
tura do te
xto o empí O Fic
Dessa in mo a estru lminar com a in
vestigaçã rio Iser em
forma co pelo próp
gação da ente, cu
recentem
para, mais
leitora que podemos definir como a atividade de reliance (E. Morin): ela desnuda o jogo
de associações e reminiscências estimulado pela leitura. Destaca-se assim a ideia de que
toda a leitura é associativa, que o pensamento está sempre em movimento, que há um ir
e vir caótico (e acidentado!), indisciplinado entre o mundo do texto e o mundo do leitor.

Da cultura literária à biblioteca interior


Há exatos 45 anos Hans Robert Jauss
apresentava a conferência

Ainda mais aberta e mais próxima da realidade, a cultura literária que se deseja en-
corajar é esse espaço simbólico composto ao mesmo tempo de referências pessoais e de
erência
ava a conf
s apresent

Há exatos
referências comuns reconfiguradas pela subjetividade do leitor. Mais liberal e mais em-
45 anos Hans
Ro bert Jaus

pírica, essa concepção de cultura literária não pode ser avaliada por meio de referências
passando
pela inve
stig legítimas e quantificáveis; ela releva um olhar menos exterior, estando assentada em três
suscita ação da form
a co
a leitura
(Wolfgan mo a estrutur
noções teorizadas recentemente: o texto do leitor3, a interleitura e a biblioteca interior.
g Iser e a
Umbert do texto literár
o Eco), io

Sobre a noção de “texto do leitor”, como vimos, cada texto lido é reconfigurado
pelo leitor. “Como cada leitor constitui sua própria rede de indícios, não é o mesmo
passando pela investigação
da forma como a estrutura
texto que é lido”, escreve Pierre Bayard (1998, p. 90), de tal forma que é ilusório acreditar
do texto literário suscita
a leitura (Wolfgang Iser e
Umberto Eco),
que referências comuns construam uma cultura idêntica.
Já a “interleitura”, noção criada por Jean Bellemin-Noël, designa a rede de relações
que um leitor estabelece entre textos “mesmo se o texto em questão não fornece explicita
e textualmente as indicações que permitem a construção dessa rede” (BELLEMIN-NOËL,
2001, p. 12). Para o leitor, o texto adquire uma significação mais complexa, amplificada ou
nuançada pelos ecos dos textos lidos anteriormente. Além disso, e de forma mais imedia-
isso sem mencionarmos os rudimentos de uma
“antropologia literária” proposta pelo próprio Iser em

ta, o texto é lido em relação a outros objetos culturais e à experiência vivida – presente ou
O Fictício e O Imaginário e que decorre diretamente de
sua investigação sobre a leitura da literatura.

passada – do leitor4. A leitura interpela ou se conforma à experiência de mundo do leitor.


Enfim, a noção de biblioteca interior é definida por P. Bayard como:
u-
a das m
a ser um a leitura.
e viria
ra nd o o qu tu do s sobre
augu es
ia?”, in nea: os
da a hi
stória
ém estu va na crítica
literár
literár o conjunto de livros […] a partir dos quais qualquer personalidade se constrói, or-
ia cont
emporâ

qu e algu ti
é e por significa
pectiva
“O que
danças
de pers ganizando sua relação com os textos e com os outros. Uma biblioteca na qual figuram
Dessa
estud indagação
3  os de
Ver
Dessa indagação de Jauss sobre a relação os anais
entre literatura do
e história por meiocolóquio
das reações do organizado emndaoleToulouse
texto bre a leitu uem
itu
so
literá
Ja ss
sobre 2008 baseado na noção proposta por P.
rio su ra assumir a relação
público, os estudos sobre a leitura assumiram feições diversas, a leit ra da lite scita a e
a leit m feições ntre litera
Bayard: C. Mazauric, M.-J. Fourtanier, G. Langlade pelo
pró (org.),
ura (D ra
avid S tura
.M Le(Sta Texte
nle
ura (W
olfga du
divers lecteur
as, p ra e histó (volume 1) et Le Texte du
tu
da lite prio Iser iall), isso y Fish) pa ng Iser e U assando p ria por m
ra, m
ratura em O sem m ais re mberto E ela invest eio das re
lecteur en formation (volume 2), Peter Lang, 2011. . Fictíc e

nc io c e co), p ig a
io e O n
Imag armos os temente,
n ela in ação da fo ções do p
ex apre

inário ru cu vest rm úbli


e que dimento lminar co igação do a como a co, os
at se

4 
passandoFenômeno discutido por R. Ingarden em L’Œuvre d’art littéraire (1983).
os n

decorr s de u m a in papel estru


e dire sh) ma “an tura
45 tav

v d
pela investigação
nley Fitame tropo estigação as conven
an a a

ta nte d log em çõ
da forma como a estrutura atura (S sua in ia literári pírica sob es
os co

e
da liter vestig a” pro re
leitura
Ha nf

do texto literário suscita p


na ação
sobre osta
ns erê

a leitura (Wolfgang Iser e enções


s conv a leit
Ro nc

Umberto Eco), pel da ura


ão do pa
be ia

vestigaç
rt

pela in
Ja
ssu

18
9 ROUXEL, Annie. Mutações epistemológicas e o ensino da literatura: o advento do sujeito leitor
Tradução: Samira Murad

certos títulos específicos, mas que é principalmente constituída de fragmentos de livros


esquecidos e de livros imaginários por meio dos quais apreendemos o mundo […] Não

Há exat
nos contentamos de abrigar essas bibliotecas, nós somos também a totalidade desses
os 45 an
os Hans
é e por
qu Robe
viria a se e alguém estu rt Jauss aprese
r uma da da ntav
livros acumulados que nos produziram também. (BAYARD, 2007, p. 74)
s mudan a história liter a a conferên
cia “O qu
literária ças de perspe ária?”, inaugu e
contem ctiva si ra
porâne gnificativ ndo o que
a: os es
tudos so a na crítica
bre a le
Essa é a versão interiorizada da cultura literária, um conjunto limitado e móvel de
itura.

dados concretos e imaginários, marcados pela singularidade do sujeito e dando-lhe for-


ma, ao mesmo tempo. Se, de fato, durante a leitura, o leitor altera o texto para fazer o “seu do pela in
vesti-
para, mais recentemente, culminar com a investigação as, passan (Stanley Fish)
es divers
texto”5, cada leitura reconfigura essa identidade do leitor. A obra de Brigitte Louichon, La
empírica sobre a leitura (David S. Miall),
s sobre a
leitura as su m iram feiçõ
nvenções
na leitu ra da literatura
pologia lit
erária” prop osta
atura.
os estudo pel das co tos de uma “antro e a leitura da liter
público, ção do pa en br
Littérature après coup (2009), testemunha essa contínua construção identitária.
aç õe s do inve stiga os ru di m ga çã o so
s re Eco), pela sti
r meio da cionarmos mente de sua inve
stória po e Umberto sem men ta
atura e hi ra (Wolfgang Iser avid S. Miall), isso que decorre dire
entre liter leitu ra (D rio e
e a relação erário suscita a bre a leitu tício e O Imaginá
Assim concebida, a cultura literária é evidenciada pelas associações livres, pelas
us s so br lit ric a so
dagação
de Ja
tura do te
xto o empí O Fic
Dessa in mo a estru lminar com a in
vestigaçã rio Iser em
forma co pelo próp
gação da ente, cu
recentem
para, mais
relações, pelos ecos mais ou menos longínquos que o leitor estabelece entre suas leitu-
ras e o mundo (o que transparece na escrita livre dos diários de leitura).

II. Consequências para o ensino da literatura

Essa reflexão teórica nos convida a repensar o ensino da literatura de forma a me-
Há exatos 45 anos Hans Robert Jauss
apresentava a conferência
lhor conjugar o procedimento crítico e a abordagem subjetiva dos textos. Isso pode ser
traduzido nas três seguintes prioridades:
1. Preferir, em sala, uma abordagem menos formal, mais sensível. No sistema es-
erência
ava a conf
s apresent

Há exatos
45 colar francês, essa é uma das funções dadas à “leitura cursiva”, leitura prescrita
anos Hans
Ro bert Jaus

pelo professor e efetuada no espaço privado de modo que o leitor possa ser en-
passando
pela inve
stig
suscita ação da form
volvido pelo imaginário do texto, sonhar e colher no texto aquilo que lhe convém.
a co
a leitura
(Wolfgan mo a estrutur
Mas essa abordagem sensível também deveria ter igualmente lugar no ensino bá-
g Iser e a
Umbert do texto literár
o Eco), io

sico de modo a dar sentido à atividade da leitura literária. Ela diz respeito, então,
também à leitura analítica realizada em aula. Ora, como sabemos por nossa ex-
passando pela investigação
da forma como a estrutura
periência, a leitura literária em sala é um lugar de aprendizagens múltiplas e “o
do texto literário suscita
a leitura (Wolfgang Iser e
Umberto Eco),
gesto de ler desaparece sob o ato de aprendizado” (BARTHES, 1984, p. 40-41).
Essa tensão entre a transmissão de saberes e leitura propriamente dita faz parte da
leitura escolar que tende a assimilar estudo e leitura. E ela é mais acentuada quando o
ensino da literatura depende de trechos curtos e até curtíssimos, como é o caso do ensi-
no de FLS e FLE6. É preciso criar, então, qualquer que seja a heterogeneidade cultural, so-
cial e cognitiva dos alunos, uma relação feliz entre leitura e literatura. Experiências reali-
isso sem mencionarmos os rudimentos de uma
“antropologia literária” proposta pelo próprio Iser em

zadas em “zonas sensíveis” mostram que isso é possível. Filmes7 realizados recentemente
O Fictício e O Imaginário e que decorre diretamente de
sua investigação sobre a leitura da literatura.

mostram como alunos de classes multiculturais, engajados em um projeto, apaixonam-


-se pelos grandes clássicos estudados em sala e como essas leituras os transformam.
u-
a das m
a ser um a leitura.
e viria
5  o o qu s sobre
Eco de Jean Bellemin-Noël. Ver nota 2.
ia liter
ária?”,
ra nd
inaugu rânea: os es
ntempo
tu do

a histór ária co
6 
estuda na crítica liter
é e po r qu e algu
a
Français Langue Seconde (FLS) [Francês Segunda Língua] e Français Langue Etrangère (FLE)
ém
sign ifica tiva
“O que pectiv
de pers
danças [Francês Língua Estrangeira].
7 
L’Esquive, de Abdellatif Kechiche (2002), apresenta Dessa
estud indagação
estudantes de um subúrbio parisiense envol-
o d
do te s sobre a le e Jauss so
vidos no ensaio da peça Les jeux
Dessa indagação de Jauss sobre a relação entre literatura e história por meio das reações do de l’amour et du
na leit
xto lihasard
u
te rário
it u ra a de
bre aMarivaux; Nous Princesse de Clèves, de
re
suscit ssumiram lação entr
público, os estudos sobre a leitura assumiram feições diversas, a leit ra da lite a a le feiçõe e
Régis Sauder (2011), mostra como os alunos de duma pelo
ura (D
própri classe
avid S tura (Smulticultural
o
ra
. Miall
),
ta
itura
sh
s div literatura
nley Fi (Wolfgang ersas, pass
Ise
eman
e hisumtória
po
colégio em Marselha se
a lite
ratura Iser em O isso sem m ) para, ma r e Umbert do pela in r meio da
apropriam, junto com seus pais, do romance de Madame deio eLa . Fictíc
O Ima Fayette,
e is rec
ntempraticando
o vestig
ação sem
s reaç
ões d saber a leitura

n c io narm e E c o), pe
ginári os os rud ente, culm la investig da forma o púb
ex apre

lico, o
at se

o e qu im inar c aç co
e dec entos de om a ão do pap mo a estru s
atualizadora preconizada Yves Citton (2007).
os n

orre d uma invest el das tu


45 tav

passando pela investigação ir sh ) “a n ig conve ra


nleyeFitame tropo ação
an a a

ta nte d n
log em çõ
da forma como a estrutura atura (S sua in ia literári pírica sob es
os co

e
da liter vestig a” pro re
leitura
Ha nf

do texto literário suscita p


na ação
sobre osta
ns erê

a leitura (Wolfgang Iser e enções


s conv a leit
Ro nc

Umberto Eco), pel da ura


ão do pa
be ia

vestigaç
rt

pela in
Ja
ssu

19
9 ROUXEL, Annie. Mutações epistemológicas e o ensino da literatura: o advento do sujeito leitor
Tradução: Samira Murad

De forma concreta, isso significa que é preciso dar espaço em sala aos textos dos
leitores. Isso não significa que precisamos encorajar todas as derivas ou delírios ou toda
Há exat
forma de solipsismo e nem renunciar ao rigor e ao conhecimento. Trata-se de suscitar
os 45 an
e acolher elaborações semânticas diferentes e aceitar a ideia do mal-entendido como
é e por os Hans
qu Robe
viria a se e alguém estu rt Jauss aprese
r uma da da ntav
s mudan a história liter a a conferên
cia “O qu
literária ças de perspe ária?”, inaugu
um elemento constitutivo de qualquer procedimento interpretativo. No ensino médio e
contem
porâne
ctiva si
a: os es
ra
gnificativ ndo o que
tudos so a na crítica
e

bre a le
também na universidade, trata-se de instituir a subjetividade, de encorajar o leitor a ir
itura.

mais a fundo em si mesmo de modo a descobrir seu próprio pensamento; na aventura


interpretativa, é preciso ter a coragem de se aventurar não apenas no desconhecido do pela in
vesti-
para, mais recentemente, culminar com a investigação as, passan (Stanley Fish)
es divers
do texto, mas no desconhecido que está em nós mesmos. Para o leitor, o texto é uma
empírica sobre a leitura (David S. Miall),
s sobre a
leitura as su m iram feiçõ
nvenções
na leitu ra da literatura
pologia lit
erária” prop osta
atura.
os estudo pel das co tos de uma “antro e a leitura da liter
público, ção do pa en br
oportunidade de conhecer, de ler a si mesmo. aç õe s do inve stiga os ru di m ga çã o so
s re Eco), pela sti
r meio da cionarmos mente de sua inve
stória po e Umberto sem men ta
atura e hi ra (Wolfgang Iser avid S. Miall), isso que decorre dire
entre liter leitu ra (D rio e
e a relação erário suscita a bre a leitu tício e O Imaginá
2. Privilegiar a leitura em ato ao invés do resultado da leitura. É a atenção dada
us s so br lit ric a so
dagação
de Ja
tura do te
xto o empí O Fic
Dessa in mo a estru lminar com a in
vestigaçã rio Iser em
forma co pelo próp
gação da ente, cu
recentem
para, mais
ao processo, pelo professor e pelos alunos, que faz a formação do leitor. A prática
dos diários de leitura é uma forma privilegiada de explorar o processo de leitura,
observar como se dá a lógica associativa (intertextualidade e interleitura), como
se elabora, por afirmação de si ou por questionamentos, a construção identitária.
Esses escritos, nos quais se pode observar a complexidade irredutível da relação
Há exatos 45 anos Hans Robert Jauss
com o texto na leitura, são também um objeto privilegiado para os pesquisadores:
apresentava a conferência
atualmente8, na França, muitos colóquios e jornadas de estudos estão sendo a ele
dedicados. A leitura em ato também pode ser percebida a partir das trocas em
classe. É possível suscitar nos alunos certos procedimentos metacognitivos que
erência
ava a conf
s apresent

Há exatos
45 os conscientizem de seus caminhos interpretativos. Isso é particularmente impor-
anos Hans
Ro bert Jaus

tante no caso de erros de leitura, quando é necessário refazer os movimentos do


passando
pela inve
stig
suscita ação da form
pensamento e compreender de onde vem a interpretação errada.
a co
a leitura
(Wolfgan mo a estrutur
3. Enfim, em relação à questão da norma e do estatuto das leituras singulares em clas-
g Iser e a
Umbert do texto literár
o Eco), io

se, me parece que seria dar concretude à legitimidade teórica do conflito de in-
terpretações, trabalhar com as leituras contraditórias, preferir a noção de espaço
passando pela investigação
da forma como a estrutura
intersubjetivo ao conceito de arquileitor (que é, com efeito, a representação de
do texto literário suscita
a leitura (Wolfgang Iser e
Umberto Eco),
um leitor omnisciente). A busca de uma compreensão mútua mais aberta e menos
consensual destaca uma formação intelectual na qual a recusa das certezas e a ma-
nutenção da polissemia (de uma polissemia aceitável) são valores a serem buscados.

III. A formação dos professores, lugar de reflexão, de experimentação e de pesquisa


isso sem mencionarmos os rudimentos de uma
“antropologia literária” proposta pelo próprio Iser em
O Fictício e O Imaginário e que decorre diretamente de
sua investigação sobre a leitura da literatura.

As mudanças profundas implicadas nas importantes transformações epistemológi-


cas descritas no início deste artigo correm o risco de transformarem-se em letra morta
na ausência da difusão dos avanços da pesquisa. Sem esperar pela institucionalização
o o qu
e viria
a das m
u-
a ser um a leitura.
s sobre
ra nd es tu do
augu nea: os
desse conhecimento, isto é, seu reconhecimento oficial atestado por sua presença nos
gu
da a hi
stória
ém estu va na crítica
literár
ia?”, in
literár
ia cont
emporâ

qu e al ti
é e por significa
“O que
danças
textos que regulam a política educativa de um país, é possível dar início a sua execução
de pers
pectiva

e enriquecer a reflexão corrente. Dessa


estud indagação
o d
do te s sobre a le e Jauss so
A formação dos professores é frequentemente apresentada como a interface entre
Dessa indagação de Jauss sobre a relação entre literatura e história por meio das reações do
público, os estudos sobre a leitura assumiram feições diversas,
xto
u
a leit ra da lite
suscit
b
na leit literário itura assu re a relaç
mir ão
a a le am feiçõ entre lite
ura (D ra it e ra
avid S tura (Stan ura (Wolf s diversas, tura e h
a pesquisa e a classe. Os professores iniciantes experimentam em suas classes os novos pelo
da lite
própri
o
.
. Miall
),
Fictíc
ley Fi
sh
e
gang
Ise passa
n
ratura Iser em O isso sem m ) para, ma r e Umbert do pela in r meio da
is rec o Eco
istóri
a po
ve s
), pela stigação d reações d

io e O nc io n e n
Imag armos os temente, a form o púb
ex apre

inário ru cu invest li
e que dimento lminar co igação do a como a co, os
at se

8 
Jornada de Estudos (23 de maio) em Gennevilliers; Colóquio de Grenoble (6 e 7 de julho de 2012).
os n

decorr s de u m a in p est
e dire sh) ma “an vestig apel das c rutura
45 tav

passando pela investigação ação onven


ey Fitamente tropolo
an a a

da forma como a estrutura (Sta nl g e m ções


atura de su ia pír
os co

da liter a inve literária” ica sobre


leitura
Ha nf

do texto literário suscita stigaç p


ções na ão so roposta
ns erê

a leitura (Wolfgang Iser e co nv en b re a leit


pel das
Ro nc

Umberto Eco), ura


ão do pa
be ia

vestigaç
rt

pela in
Ja
ssu

20
9 ROUXEL, Annie. Mutações epistemológicas e o ensino da literatura: o advento do sujeito leitor
Tradução: Samira Murad

saberes provenientes da pesquisa podendo também, de certa maneira, enriquecê-la.


Parece-me importante, como já havia afirmado ano passado em Rabat, no 12° Encontro
Há exat
de Pesquisadores em Didática da Literatura, integrar a pesquisa ao ato didático. É sem
os 45 an
dúvida o melhor meio de lutar contra o dogmatismo e o aplicacionismo que reificam as
é e por os Hans
qu Robe
viria a se e alguém estu rt Jauss aprese
r uma da da ntav
s mudan a história liter a a conferên
cia “O qu
literária ças de perspe ária?”, inaugu
práticas, privando-as de sentido.
contem
porâne
ctiva si
a: os es
ra
gnificativ ndo o que
tudos so a na crítica
e

bre a le
1. Formar-se como leitor: uma das prioridades dessa formação é formar leitores. É
itura.

preciso que os professores em formação adquiram para si e para os alunos uma


cultura literária, refletindo sobre suas experiências de leitura e construindo sua do pela in
vesti-
para, mais recentemente, culminar com a investigação as, passan (Stanley Fish)
es divers
identidade de leitor9. Essa necessidade é ainda mais premente no caso dos pro-
empírica sobre a leitura (David S. Miall),
s sobre a
leitura as su m iram feiçõ
nvenções
na leitu ra da literatura
pologia lit
erária” prop osta
atura.
os estudo pel das co tos de uma “antro e a leitura da liter
público, ção do pa en br
fessores dos primeiros ciclos do ensino fundamental que não são especialistas e
aç õe s do inve stiga os ru di m ga çã o so
s re Eco), pela sti
r meio da cionarmos mente de sua inve
stória po e Umberto sem men ta
atura e hi ra (Wolfgang Iser avid S. Miall), isso que decorre dire
entre liter leitu ra (D rio e
e a relação erário suscita a bre a leitu tício e O Imaginá
descobrem, às vezes, e até frequentemente, a literatura antes de começarem a
us s so br lit ric a so
dagação
de Ja
tura do te
xto o empí O Fic
Dessa in mo a estru lminar com a in
vestigaçã rio Iser em
forma co pelo próp
gação da ente, cu
recentem
para, mais
ensinar (em particular a literatura infanto-juvenil que é um campo novo, em pleno
desenvolvimento). Os questionamentos que podem ter sobre sua própria relação
com a literatura, sobre sua própria prática de leitura literária de certo modo pre-
figura a reflexão a ser feita em relação às experiências de leitura de seus alunos.
Essa refletividade que produz conhecimento metalexical é parte integrante tanto
de sua cultura literária quanto de sua cultura profissional.
Há exatos 45 anos Hans Robert Jauss
apresentava a conferência
2. Escutar os leitores reais em suas comunidades interpretativas: entre os gestos
profissionais que os professores em formação devem aprender – estimular a ati-
vidade dos alunos, gerenciar o tempo de fala de cada um, ficar em segundo plano
erência
ava a conf
s apresent

Há exatos
45 no momento oportuno, etc. – há um que condiciona a implicação dos alunos: é
anos Hans
Ro bert Jaus

a escuta (escuta pelo professor, escuta mútua entre os alunos). A relação com a
passando
pela inve
stig
suscita ação da form
literatura que se instaura pela leitura em sala depende muito das relações que se
a co
a leitura
(Wolfgan mo a estrutur
estabelecem na “comunidade interpretativa”. É importante que os textos dos lei-
g Iser e a
Umbert do texto literár
o Eco), io

tores, em suas singularidades, sejam legitimamente admitidos em classe e possam


ser submetidos à reflexão coletiva. Isso supõe o estabelecimento de um clima de
passando pela investigação
da forma como a estrutura
confiança de modo que a distância em relação àquilo que o texto postula ou impli-
do texto literário suscita
a leitura (Wolfgang Iser e
Umberto Eco),
ca ou simplesmente em relação a uma significação mais consensual derivada da
intersubjetividade não seja estigmatizada. As interpretações divergentes, as leitu-
ras que não correspondem à “cooperação interpretativa” esperada – aquelas que
rompem o equilíbrio harmonioso entre os “direitos do texto” e os “direitos do lei-
tor” – são interessantes na medida em que refratam a imagem dos leitores reais,
nos informando sobre os obstáculos encontrados. Querendo ou não, o professor
isso sem mencionarmos os rudimentos de uma
“antropologia literária” proposta pelo próprio Iser em

em formação é confrontado com autênticos problemas de pesquisa.


O Fictício e O Imaginário e que decorre diretamente de
sua investigação sobre a leitura da literatura.

3. Contribuir com a pesquisa em andamento sobre atitudes e emoções: observa-


mos que hoje em dia é menos a análise do texto (ou da obra) em si, o resultado da
leitura, que interessa os pesquisadores e mais a relação que se tece entre o leitor
o o qu
e viria
a das m
u-
a ser um a leitura.
s sobre
ra nd es tu do
augu nea: os
e o texto, o processo de leitura em si.
gu
da a hi
stória
ém estu va na crítica
literár
ia?”, in
literár
ia cont
emporâ

qu e al ti
é e por significa
“O que
danças
de pers É verdade que há competências incontornáveis a serem desenvolvidas por todo e
pectiva

qualquer leitor, como a atenção ao texto – à superfície do texto, à sua matéria e ao texto Dessa
estud indagação
o d
do te s sobre a le e Jauss so
em sua globalidade – ou como a capacidade de selecionar indícios textuais para justificar
Dessa indagação de Jauss sobre a relação entre literatura e história por meio das reações do
público, os estudos sobre a leitura assumiram feições diversas,
xto
u
a leit ra da lite
suscit
b
na leit literário itura assu re a relaç
mir ão
a a le am feiçõ entre lite
ura (D ra it e ra
pelo avid S tura (Stan ura (Wolf s diversas, tura e h
própri . Miall ley Fi gang passa istóri
da lite o ), sh Ise n a po
9  ratura Iser em O isso sem m ) para, ma r e Umbert do pela in r meio da
A prática dos autorretratos ou de autobiografias de leitores permite construir uma imagem de si . Fictíc e is rec o Eco ve s
), pela stigação d reações d

io e O nc io n e n
Imag armos os temente, a form o púb
ex apre

inário ru cu invest li
e que dimento lminar co igação do a como a co, os
at se

próprios,
passando pela provisória, frágil, parcial, funcionando, principalmente, como espaço de questionamento.
os n

decorr s de u m a in p est
e dire sh) ma “an vestig apel das c rutura
45 tav

investigação ação onven


ey Fitamente tropolo
an a a

da forma como a estrutura (Sta nl g e m ções


atura de su ia pír
os co

da liter a inve literária” ica sobre


leitura
Ha nf

do texto literário suscita stigaç p


ções na ão so roposta
ns erê

a leitura (Wolfgang Iser e co nv en b re a leit


pel das
Ro nc

Umberto Eco), ura


ão do pa
be ia

vestigaç
rt

pela in
Ja
ssu

21
9 ROUXEL, Annie. Mutações epistemológicas e o ensino da literatura: o advento do sujeito leitor
Tradução: Samira Murad

uma interpretação. Há outras mais sutis ainda, que são fruto da experiência, como admi-
tir que possam existir zonas de sombras e de incertezas no texto (isso acontece muito na
Há exat
literatura contemporânea) ou que uma interpretação não esgota o texto (ela não pode
os 45 an
ser exaustiva). Mas, para que o encontro com a obra possa tornar-se um evento para o
é e por os Hans
qu Robe
viria a se e alguém estu rt Jauss aprese
r uma da da ntav
s mudan a história liter a a conferên
cia “O qu
literária ças de perspe ária?”, inaugu
leitor, para que ele aceite confrontar-se com a alteridade, certas condições (ou compe-
contem
porâne
ctiva si
a: os es
ra
gnificativ ndo o que
tudos so a na crítica
e

bre a le
tências ou atitudes) são necessárias. Um determinado número de pesquisadores (tais
itura.

como Chabanne, 2009) tem precisamente explorado esse campo de atitudes que condi-
ciona a recepção estética, tanto na esfera afetiva como cognitiva. Essas atitudes podem do pela in
vesti-
para, mais recentemente, culminar com a investigação as, passan (Stanley Fish)
es divers
ser ensinadas e cultivadas. É o caso da disponibilidade necessária ao encontro com uma
empírica sobre a leitura (David S. Miall),
s sobre a
leitura as su m iram feiçõ
nvenções
na leitu ra da literatura
pologia lit
erária” prop osta
atura.
os estudo pel das co tos de uma “antro e a leitura da liter
público, ção do pa en br
obra: lendo, o sujeito expõe-se, renuncia a suas preocupações, abre-se ao universo tex-
aç õe s do inve stiga os ru di m ga çã o so
s re Eco), pela sti
r meio da cionarmos mente de sua inve
stória po e Umberto sem men ta
atura e hi ra (Wolfgang Iser avid S. Miall), isso que decorre dire
entre liter leitu ra (D rio e
e a relação erário suscita a bre a leitu tício e O Imaginá
tual, a sua axiologia, a seus valores e aceita transformar-se. É o que vemos no desejo
us s so br lit ric a so
dagação
de Ja
tura do te
xto o empí O Fic
Dessa in mo a estru lminar com a in
vestigaçã rio Iser em
forma co pelo próp
gação da ente, cu
recentem
para, mais
de literatura, como mostra Carol Battistini em sua tese dedicada à iniciação literária de
crianças no ensino fundamental. Isso também é verdade para o julgamento de gosto cuja
relatividade histórica, social, cultural e, em uma palavra, contextual não ignoramos hoje.
Enfim, as pesquisas recentes sobre o “texto do leitor”, sobre aquilo que constitui
sua textura – fragmentos verbais, imagens mentais – tem se concentrado em aborda-
gens fenomenológicas de modo a observar os efeitos do texto sobre o eu leitor. Primei-
Há exatos 45 anos Hans Robert Jauss
apresentava a conferência
ramente nas salas do ensino médio, mas também na universidade, foram inventados
dispositivos para captar a “escuta flutuante” dos alunos, para ensiná-los a identificar as
sensações e as emoções que os atravessam ou que abrigam durante a leitura. O fluxo de
erência
ava a conf
s apresent

Há exatos
imagens mentais surgidas durante a leitura deu igualmente lugar a análises que desta-
45 anos Hans
Ro bert Jaus

cam a singularidade irredutível da leitura. De fato, com a postura da escuta flutuante e


passando
pela inve
stig da disponibilidade para si e para o texto, trata-se de ampliar a receptividade dos leito-
suscita ação da form
a co
a leitura
(Wolfgan mo a estrutur
res, de incitá-los a estarem atentos a seus corpos para que possam sentir, de maneira
g Iser e a
Umbert do texto literár
o Eco), io

mais intensa, os efeitos da obra em si, aprendendo a “ler com o corpo”10, a descobrir,
identificar e nomear as sensações e emoções experimentadas durante a leitura; de fato,
passando pela investigação
da forma como a estrutura
é importante captá-las, colocá-las em palavras para que não desapareçam. Só assim
do texto literário suscita
a leitura (Wolfgang Iser e
Umberto Eco),
elas podem tornar-se o terreno da experiência estética.
A reflexão atual sobre o papel fundamental das emoções na recepção das obras lite-
rárias não é propriamente uma novidade... Já no começo do século XX, Kafka destacava a
importância da recepção emotiva com a imagem do “machado que rompe o mar gelado
em nós”11, mas, por anos, as práticas da leitura escolar esqueceram-se dessas evidências.
É tempo então de recolocar o sujeito leitor no centro da leitura, de lembrar que
isso sem mencionarmos os rudimentos de uma
“antropologia literária” proposta pelo próprio Iser em

cognição e emoção têm relações fecundas. Para os professores, trata-se de encorajar


O Fictício e O Imaginário e que decorre diretamente de
sua investigação sobre a leitura da literatura.

os alunos a experimentar uma leitura sensível, sensual, na qual eles consigam engajar
todo o seu ser. Como escreveu J. Leenhardt : “Na atividade leitora concreta, o trabalho
imaginário ultrapassa constantemente os limites determinados pelas modalidades do
o o qu
e viria
a das m
u-
a ser um a leitura.
s sobre
ra nd es tu do
augu nea: os
funcionamento da inteligência humana. Se ele as ultrapassa, é porque a leitura, como
gu
da a hi
stória
ém estu va na crítica
literár
ia?”, in
literár
ia cont
emporâ

qu e al ti
é e por significa
“O que pectiva
de pers
danças

10 
A expressão não é nova. Em 1989, em Lire eDle essatemps, M. Picard escreveu : « O verdadeiro leitor tem
in
studo dagação
d
do te s sobre a le e Jauss so
um corpo, ele lê com ele ». Ver
Dessa indagação de Jauss sobre a relação entre literatura e história por meio das reações do em MAZAURIC, C.;
na leit
xFOURTANIER,
to lite
u
rário ura assum re a reM.J.;
it
suscit
b
iram lação entr
e LANGLADE, G. (2011, p. 144-147) o
a leit ra da lite
público, os estudos sobre a leitura assumiram feições diversas, ra ra a a leitura feições div e literatu
protocolo imaginado por Nathalie Brillant-Rannou pelo
pró para
ura (D
avid S tu
.Mauxiliar
(Sta nle (Woos
lfga alunos
e rs as, p ra a
da lite prio Iser iall), isso y Fish) pa ng Iser e U assando p ria por m
e hisexprimir
tó sua recepção após
ratura em O se ra m e e
Fictíc m mencio , mais rece berto Eco la investig io das rea
a leitura de poemas. .

io e O n n ), pela açã çõe


Imag armos os temente, invest o da form s do públi
ex apre

inário ru cu
e que dimento lminar co igação do a como a co, os
at se

11 
passando Carta a Oscar Pollack, de janeiro de 1904.
os n

decorr s de m pa est
e dire shu) ma “an a investig pel das co rutura
45 tav

pela investigação tropo ação


nley Fitame nven
an a a

ta nte d log em çõ
da forma como a estrutura atura (S sua in ia literári pírica sob es
os co

e
da liter vestig a” pro re
leitura
Ha nf

do texto literário suscita p


na ação
sobre osta
ns erê

a leitura (Wolfgang Iser e enções


s conv a leit
Ro nc

Umberto Eco), pel da ura


ão do pa
be ia

vestigaç
rt

pela in
Ja
ssu

22
9 atividade especificamente humana, coloca em jogo a totalidade de nossas aptidões. Po-
demos, consequentemente, dizer que é o corpo humano em sua totalidade que sedia o
Há exat
processo de leitura” (LEENHARDT, 1987, p. 310).
os 45 an
é e por os Hans
qu Robe
viria a se e alguém estu rt Jauss aprese
r uma da da ntav
s mudan a história liter a a conferên
cia “O qu
Referências Bibliográficas
literária ças de perspe ária?”, inaugu
contem
porâne
ctiva si
a: os es
ra
gnificativ ndo o que
tudos so a na crítica
e

bre a le
itura.

BARTHES, R. “Sur la lecture”. In: Le Bruissement de la langue. Paris: Seuil, 1984.


BAUDELOT, C.; CARTIER, M.; DETREZ, C. Et pourtant ils lisent. Paris: Seuil, 1999. do pela in
vesti-
para, mais recentemente, culminar com a investigação as, passan (Stanley Fish)
es divers
BAYARD, P. Comment parler des livres qu’on n’a pas lus. Paris:Minuit, 2007.
empírica sobre a leitura (David S. Miall),
s sobre a
leitura as su m iram feiçõ
nvenções
na leitu ra da literatura
pologia lit
erária” prop osta
atura.
os estudo pel das co tos de uma “antro e a leitura da liter
público, ção do pa en br
BELLEMIN-NOËL, J. Plaisirs de vampire. Paris: PUF, 2001. aç õe s do inve stiga os ru di m ga çã o so
s re Eco), pela sti
r meio da cionarmos mente de sua inve
stória po e Umberto sem men ta
atura e hi ra (Wolfgang Iser avid S. Miall), isso que decorre dire
entre liter leitu ra (D rio e
e a relação erário suscita a bre a leitu tício e O Imaginá
CALVINO, I. Pourquoi lire les classiques? Paris: Points, 1991/1996.
us s so br lit ric a so
dagação
de Ja
tura do te
xto o empí O Fic
Dessa in mo a estru lminar com a in
vestigaçã rio Iser em
forma co pelo próp
gação da ente, cu
recentem
para, mais
CHABANNE, J. C. “Enseigner des attitudes ? Une notion omniprésente mais problémati-
que pour la littérature et les disciplines culturelles et artistiques”. In: DUBOIS-MAR-
COIN, D. (org.), Français/littérature, socle commun: quelle culture pour les élèves,
quelle professionnalité pour les enseignants? Lyon: INRP, 2009, p. 49-70.
CLÉMENT, B. Le Lecteur et son modèle. Paris: PUF, 1999.
COMPAGNON, A. Le Démon de la théorie. Paris: Seuil, 1998.
Há exatos 45 anos Hans Robert Jauss
apresentava a conferência
DELACOMPTÉE, J. M. «Un peu moins de science, un peu plus de conscience». Le Français
aujourd’hui, n°145, Le littéraire et le social, 2004.
ECO, U. Lector in fabula. Paris: Grasset,1985. erência
ava a conf
s apresent

Há exatos
______. Les Limites de l’interprétation.Paris: Grasset, 1992.
45 anos Hans
Ro bert Jaus

______. Six promenades dans les bois du roman et d’ailleurs. Paris: Grasset- Fasquelle, 1996.
passando
pela inve
stig FISH, S. (1980). Quand lire c’est faire. L’autorité des communautés interprétatives. Paris:
suscita ação da form
a co
a leitura
(Wolfgan mo a estrutur
Les Prairies ordinaires, 2007
g Iser e a
Umbert do texto literár
o Eco), io

INGARDEN, R. L’Œuvre d’art littéraire. Lausanne: L’âge d’homme, 1983.


GENETTE, G. L’Œuvre de l’art, la relation esthétique. Paris: Seuil, 1997.
passando pela investigação
da forma como a estrutura
ISER, W. L’Acte de lecture: Théorie de l’effet esthétique. Bruxelles: Mardaga, 1985.
do texto literário suscita
a leitura (Wolfgang Iser e
Umberto Eco),
JAUSS, H.R. Pour une esthétique de la réception. Paris : Gallimard, 1978.
JOUVE, V. (1992) : L’Effet-personnage dans le roman. Paris: PUF, 1992.
______. “La lecture comme retour sur soi. De l’intérêt pédagogique des lectures subjecti-
ves”. In : ROUXEL, A.; LANGLADE, G. Le sujet lecteur. Lecture subjective et enseigne-
ment de la littérature, PUR, 2004.
LANGLADE, G. L’activité fictionnalisante du lecteur. In: BRAUD, M.; LAVILLE, B.; LOUICHON,
isso sem mencionarmos os rudimentos de uma
“antropologia literária” proposta pelo próprio Iser em

B. (org). Les Enseignements de la fiction. Bordeaux: Modernités n° 23, PUB, 2006.


O Fictício e O Imaginário e que decorre diretamente de
sua investigação sobre a leitura da literatura.

______. “Le sujet lecteur auteur de la singularité de l’œuvre”. In: ROUXEL, A.; LANGLADE,
G. Le Sujet lecteur. Lecture subjective et enseignement de la littérature. PUR, 2004.
LANGLADE, G. & ROUXEL, A. Des références critiques pour quoi faire?. Le Français
o o qu
e viria
a das m
u-
a ser um a leitura.
s sobre
ra nd es tu do
augu nea: os
Aujourd’hui 160. La critique pour quoi faire? 2008, p. 53-59.
gu
da a hi
stória
ém estu va na crítica
literár
ia?”, in
literár
ia cont
emporâ

qu e al ti
é e por significa
“O que
danças
LEENHARDT, J. Les instances de la compétence dans l’activité lectrice. In : PICARD, M.
de pers
pectiva

(ed.) La Lecture littéraire. Paris: Clancier-Guénaud, 1987. Dessa


estud indagação
o d
do te s sobre a le e Jauss so
LOUICHON, B. La Littérature après coup. Rennes: PUR, 2009.
Dessa indagação de Jauss sobre a relação entre literatura e história por meio das reações do
público, os estudos sobre a leitura assumiram feições diversas,
xto
u
a leit ra da lite
suscit
b
na leit literário itura assu re a relaç
mir ão
a a le am feiçõ entre lite
ura (D ra it e ra
avid S tura (Stan ura (Wolf s diversas, tura e h
MANGUEL, A. Journal d’un lecteur. Arles: Actes Sud, 2004. pelo
da lite
própri
o
.
. Miall
),
Fictíc
ley Fi
sh
e
gang
Ise passa
n
ratura Iser em O isso sem m ) para, ma r e Umbert do pela in r meio da
is rec o Eco
istóri
a po
ve s
), pela stigação d reações d

io e O nc io n e n
Imag armos os temente, a form o púb
ex apre

inário ru cu invest li
e que dimento lminar co igação do a como a co, os
at se
os n

decorr s de u m a in p est
e dire sh) ma “an vestig apel das c rutura
45 tav

passando pela investigação ação onven


ey Fitamente tropolo
an a a

da forma como a estrutura (Sta nl g e m ções


atura de su ia pír
os co

da liter a inve literária” ica sobre


leitura
Ha nf

do texto literário suscita stigaç p


ções na ão so roposta
ns erê

a leitura (Wolfgang Iser e co nv en b re a leit


pel das
Ro nc

Umberto Eco), ura


ão do pa
be ia

vestigaç
rt

pela in
Ja
ssu

23
9 MAZAURIC, C.; FOURTANIER, M. J.; LANGLADE G. (org.). Le Texte du lecteur. Berne: Peter
Lang, 2011a.
Há exat
______. Le Texte du lecteur en formation. Berne: Peter Lang, 2011b.
os 45 an
PETIT, M. Éloge de la lecture. Paris: Belin, 2002.
é e por os Hans
qu Robe
viria a se e alguém estu rt Jauss aprese
r uma da da ntav
s mudan a história liter a a conferên
cia “O qu
literária ças de perspe ária?”, inaugu
______. L’Art de lire ou comment résister à l’adversité. Paris: Belin, 2008.
contem
porâne
ctiva si
a: os es
ra
gnificativ ndo o que
tudos so a na crítica
e

bre a le
PICARD, M. La Lecture comme jeu. Paris: Minuit, 1986.
itura.

RICOEUR, P. Temps et récit en débat. Paris: Le cerf, 1990.


ROUXEL, A.; LANGLADE, G. (org.) Le Sujet lecteur. Lecture subjective et enseignement de do pela in
vesti-
para, mais recentemente, culminar com a investigação as, passan (Stanley Fish)
es divers
la littérature. Paris: PUR, 2004.
empírica sobre a leitura (David S. Miall),
s sobre a
leitura as su m iram feiçõ
nvenções
na leitu ra da literatura
pologia lit
erária” prop osta
atura.
os estudo pel das co tos de uma “antro e a leitura da liter
público, ção do pa en br
ROUXEL, A. Enseigner la lecture littéraire. Paris: PUR, 1996. aç õe s do inve stiga os ru di m ga çã o so
s re Eco), pela sti
r meio da cionarmos mente de sua inve
stória po e Umberto sem men ta
atura e hi ra (Wolfgang Iser avid S. Miall), isso que decorre dire
entre liter leitu ra (D rio e
e a relação erário suscita a bre a leitu tício e O Imaginá
TODOROV, T. Critique de la critique. Paris: Seuil, 1984.
us s so br lit ric a so
dagação
de Ja
tura do te
xto o empí O Fic
Dessa in mo a estru lminar com a in
vestigaçã rio Iser em
forma co pelo próp
gação da ente, cu
recentem
para, mais
______. La Littérature en péril. Paris: Flammarion, 2007.

Há exatos 45 anos Hans Robert Jauss


apresentava a conferência

erência
ava a conf
s apresent
Ro bert Jaus
45 anos Hans
Há exatos

passando
pela inve
stig
suscita ação da form
a leitura a co
(Wolfgan mo a estrutur
g Iser e a
Umbert do texto literár
o Eco), io

passando pela investigação


da forma como a estrutura
do texto literário suscita
a leitura (Wolfgang Iser e
Umberto Eco),

isso sem mencionarmos os rudimentos de uma


“antropologia literária” proposta pelo próprio Iser em
O Fictício e O Imaginário e que decorre diretamente de
sua investigação sobre a leitura da literatura.

u-
a das m
a ser um a leitura.
e viria
ra nd o o qu tu do s sobre
augu es
Artigo recebido em:  01 jul. 2012
gu
da a hi
stória
ém estu va na crítica
literár
ia?”, in
literár
ia cont
emporâ
nea: os

qu e al ti
é e por significa
“O que
danças
Artigo aceito em:  20 jul. 2012
de pers
pectiva

Referência eletrônica:  ROUXEL, Annie. Mutações epistemológicas e o ensino da literatura: o advento Dessa
estud indagação
o d
do te s sobre a le e Jauss so
do sujeito leitor. Tradução de Samira Murad. Revista Criação & Crítica, n. 9, p. 13-24, nov. 2012. Disponível
Dessa indagação de Jauss sobre a relação entre literatura e história por meio das reações do
xto
u suscit mir
b
na leit literário itura assu re a relaç
ão
público, os estudos sobre a leitura assumiram feições diversas, a leit ra da lite a a le am feiçõ entre lite
ura (D ra it e ra
pelo avid S tura (Stan ura (Wolf s diversas, tura e h
em: <http://www.revistas.usp.br/criacaoecritica>. Acesso em dd mmm aaaa. da lite
própri
o
. Miall
),
ley Fi
sh
gang
Ise passa
n
ratura Iser em O isso sem m ) para, ma r e Umbert do pela in r meio da
is rec
istóri
a po
ve
. Fictíc e o Eco s
), pela stigação d reações d

io e O nc io n e n
Imag armos os temente, a form o púb
ex apre

inário ru cu invest li
e que dimento lminar co igação do a como a co, os
at se
os n

decorr s de u m a in p est
e dire sh) ma “an vestig apel das c rutura
45 tav

passando pela investigação ação onven


ey Fitamente tropolo
an a a

da forma como a estrutura (Sta nl g e m ções


atura de su ia pír
os co

da liter a inve literária” ica sobre


leitura
Ha nf

do texto literário suscita stigaç p


ções na ão so roposta
ns erê

a leitura (Wolfgang Iser e co nv en b re a leit


pel das
Ro nc

Umberto Eco), ura


ão do pa
be ia

vestigaç
rt

pela in
Ja
ssu

24

Você também pode gostar