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A Questão de Brexit e a Irlanda do Norte

No texto indicado a seguir, você conhecerá um pouco mais sobre a Irlanda do Norte, seu
surgimento, suas relações com a Inglaterra e os conflitos que lá ocorreram, especialmente, nos
anos 1970, envolvendo questões religiosas e de domínio político.

O texto apresenta a questão do Brexit, que é a saída do Reino Unido da União Europeia e de
que forma a Irlanda do Norte será afetada nesse processo.

A questão das fronteiras é um tema relevante neste século, especialmente, pois envolve mais
do que simples linhas que separam países. Envolve relações econômicas, políticas e sociais,
principalmente no caso da imigração.

Por anos, a Irlanda e a Irlanda do Norte não mantêm uma fronteira física que as divida, mas,
com a proposta do Brexit, essa questão vem à tona e a busca de uma solução para isso parece
ser bastante complicada.

Imagine que você pode circular livremente entre dois lugares distintos e num dado momento
será impedido de passar livremente, devendo para isso portar documentos e passar por um
trâmite burocrático de fronteira (como alfândega, por exemplo), que pode atrasar sua viagem.

No caso da Irlanda do Norte, do qual estamos tratando, a primeira-ministra Theresa May está
numa das maiores “sinucas de bico” da história britânica.

A reinstalação de uma fronteira entre as duas Irlanda é impraticável – e pode ser perigosa, ao
ressuscitar o espírito separatista dos católicos do Norte. Dessa forma, a questão desta
fronteira é um fato delicado em termos de imigração e ainda não se tem ideia de como será
resolvido.

Leia atentamente o texto indicado a seguir e, se desejar, aprofunde-se no assunto realizando


suas próprias pesquisas. Irlanda do Norte: entenda o calcanhar de Aquiles do Brexit.

Irlanda do Norte: entenda o calcanhar de Aquiles do Brexit

Por RFI Publicado em 01-03-2018 Modificado em 01-03-2018 em 18:59

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Theresa May: proposta da UE "ameaça a integridade constitucional do Reino Unido".


REUTERS/Francois Lenoir/File Photo

Na quarta-feira (28), a União Europeia apresentou a sua primeira minuta do contrato do Brexit.
Isto é, o acordo de saída do Reino Unido do bloco europeu. Os termos do acordo, porém,
foram imediatamente rechaçados pela primeira-ministra britânica Theresa May, criando uma
nova crise no polêmico processo de divórcio entre os britânicos e os europeus. Na raiz das
divergências está, mais uma vez, a questão da Irlanda do Norte.

O que é a Irlanda do Norte?

Quando a ilha da Irlanda se tornou independente do Reino Unido em 1922, formando a


República da Irlanda, o extremo norte da ilha, habitado maioritariamente por protestantes de
ascendência inglesa, permaneceu sob o controle do Reino Unido, com o nome de Irlanda do
Norte. Durante mais de setenta anos, essa província britânica na ilha da Irlanda foi fonte de
conflitos, guerras e terrorismo, provocados pela intolerância mútua entre protestantes (pró-
Reino Unido), conhecidos como Unionistas, e católicos de ascendência irlandesa, que se
consideravam colonizados pelos britânicos. Só em 1998, as duas partes se reconciliaram na
assinatura do Good Friday Agreement ou, em português, o Acordo da Sexta-Feira Santa, que
concedeu mais autonomia política à Irlanda do Norte e suspendeu a fronteira física com a
República da Irlanda. Foi esse acordo, negociado durante anos, que deu fim ao terrorismo do
IRA (Exército Republicano Irlandês), cujos membros, católicos, fundaram o partido político Sinn
Féin.

O que aconteceria com essa fronteira no caso do Brexit?

Quem está pedindo para sair da União Europeia é o Reino Unido, e não a República da Irlanda.
Logo, a solução simples e direta seria a reinstalação da fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do
Norte. Só que... Nos últimos 20 anos de paz entre as duas Irlanda, a fronteira foi
completamente esquecida pelas pessoas e empresas que puderam desfrutar das vantagens da
União Europeia. Cidades cresceram ultrapassando a antiga fronteira; propriedades foram
unificadas através da linha divisória; a indústria, a agricultura e o comércio prosperaram sem
as barreiras alfandegárias; e, sobretudo, 30 mil pessoas cruzam hoje a linha fronteiriça, sem o
perceber, para trabalhar de um lado ou de outro.

Então, qual solução é proposta pela União Europeia?

Que o Reino Unido saia da União Europeia, mas a Irlanda do Norte fique! Claro que a proposta
não lança mão de termos tão diretos, mas sugere, entrelinhas, que:

Não se crie uma fronteira entra as duas Irlanda.


Todos os mecanismos comerciais intraeuropeus, como a livre circulação de serviços,
mercadorias e pessoas, sejam mantidos entre as duas Irlanda.

A Irlanda do Norte continue respeitando todos as leis, regras e procedimentos comerciais da


União Europeia.

Consequentemente, o Reino Unido seria obrigado a criar uma fronteira internacional com a
Irlanda do Norte, seu próprio território, para controlar a circulação de mercadorias e pessoas.

Em outras palavras, o Reino Unido estaria, virtualmente, aceitando perder a soberania sobre
aquela parte do seu território.

E qual a resposta do governo britânico para a proposta da UE?

Nesta quarta-feira (28), a primeira-ministra britânica perdeu o rebolado que nunca teve. “Nem
pensar”, foi a sua resposta à proposta de Bruxelas. Sobretudo porque, depois de uma eleição
desastrosa, na qual os conservadores perderam a maioria do parlamento, May só consegue se
manter no governo graças a uma coalizão estapafúrdia com um partido de protestantes,
ultraconservadores da Irlanda do Norte, o Partido Unionista Democrático (DUP). Por isso,
qualquer proposta europeia que tão-somente sugira uma fronteira entre o Reino Unido e a
província, isto é, fazendo com que a Irlanda do Norte esteja politicamente mais próxima de
Dublin do que de Londres, pode, simplesmente, derrubar o governo de Theresa May, com a
debandada do DUP.

Sinuca de bico

Assim, a primeira-ministra está numa das maiores sinucas de bico da história britânica. A
reinstalação de uma fronteira entre as duas Irlanda é impraticável – e pode ser perigosa, ao
ressuscitar o espírito separatista dos católicos do Norte. Por outro lado, a proposta da União
Europeia (fronteira entre a Irlanda do Norte e o Reino Unido) significaria a perda de soberania
britânica e, consequentemente, a inevitável queda do gabinete de Theresa May, que ainda
veria seu nome cair na lama da história.

Próximo capítulo

Nesta sexta-feira (2), Theresa May deve anunciar a solução proposta pela Grã-Bretanha para a
questão da Irlanda do Norte no contexto do Brexit.

Seus inimigos políticos não veem a hora.


Venezuelanos já são maior grupo a pedir asilo nos EUA

ECEstadão Conteúdo

postado em 29/08/2018 12:46

Um era oficial do Exército venezuelano que havia desertado e se juntado à oposição. O outro,
um ativista político que fugiu depois que forças pró-governo atacaram sua casa. Os dois
acabaram nos Estados Unidos, entre milhares de compatriotas em busca de asilo naquele que
parecia ser o lugar óbvio para fazê-lo. Mas os dois homens foram rejeitados e aprenderam
uma lição dura sobre os limites do refúgio nos EUA mesmo para pessoas vindas de um país em
colapso, cujo governo foi condenado pela administração do presidente Donald Trump.

Helegner Tijera Moreno, o ex-oficial do Exército, está em uma instalação para detenção de
imigrantes no Novo México, esperando uma ordem final de remoção ou uma suspensão de
última hora da decisão do juiz que rejeitou seu pedido de asilo. O outro homem, Marcos
Guada, foi repatriado à Venezuela em julho, mas fugiu para a República Dominicana. Eles ainda
estão surpresos - e um tanto amargurados - que os EUA tenham rejeitado seus pedidos de
asilo.

"Eu vim para cá porque pensei que os EUA eram o principal oponente do governo venezuelano
e porque achei que nós teríamos uma boa chance de conseguir ajuda", disse Tijera, de 39
anos, pelo telefone, direto do centro de detenção. "Infelizmente, eu estava errado."

O governo da Venezuela tem se tornado cada vez mais autoritário e o país vive um colapso
econômico. Pelo critério de país de origem, os venezuelanos hoje compõem o maior grupo de
pessoas em busca de asilo nos EUA. Apesar disso, são mais rejeitados a cada dia e obrigados a
retornar ao país ou se juntar aos mais de 2 milhões que se tornaram refugiados em outros
países.

"Eu estava tentando salvar minha vida", relembra Guada, sobre sua decisão de sair.

Cerca de 28 mil pedidos de asilo venezuelanos, alguns para mais de uma pessoa, foram
submetidos em 2017 por pessoas dentro ou fora do território americano. Foi 50% a mais do
que no ano anterior e cinco vezes mais do que em 2015. Milhares mais têm feito alegações
"defensivas" para evitar a deportação, depois que seus vistos expiram que suas petições
iniciais são rejeitadas.

Pedidos de asilo normalmente demoram até quatro anos para ser finalizados, embora a
administração Trump tenha acelerado o processo como parte de uma política ampla de
aumento da fiscalização sobre a imigração. No ano passado, ao menos 250 venezuelanos
foram deportados, 36% a mais em relação ao ano anterior. Neste ano, ao menos 258 foram
deportados no primeiro semestre e outros 265 estão detidos como Tijera, aguardando a
deportação.

Funcionários da imigração não dizem quantos tiveram seus pedidos de asilo negados, mas
advogados e outros especialistas dizem que este é o caso da maioria. A Transactional Records
Access Clearinghouse, organização de pesquisa de dados da Universidade de Syracuse,
descobriu que quase metade das petições de asilo venezuelanos que chegaram a juízes de
imigração nos últimos cinco anos foram negadas. Em comparação, quase 90% dos pedidos
vindos do Haiti e do México têm o mesmo destino, 20% dos pedidos da Síria e cerca de 10%
dos pedidos da Bielorrúsia.

Para se qualificarem para o asilo, os migrantes devem provar que enfrentam ameaça iminente
caso retornem ao país e sofrerão perseguição motivada por raça, religião, nacionalidade,
opinião política ou participação em algum grupo social. "A violência geral, o caos e a economia
não são suficientes", disse Juan Carlos Gomez, advogado de imigração que administra uma
clínica legal na Universidade Internacional da Flórida, em Miami.

"Muitos venezuelanos solicitam asilo político pensando que estão saindo do inferno e alguém
vai protegê-los, mas, infelizmente, essas não é a lei." Muitos dos requerentes de asilo
originários da Venezuela acreditam que terão permissão para reivindicar asilo porque os EUA
têm sido críticos firmes do governo do presidente Nicolás Maduro e seu predecessor, Hugo
Chávez.

"O governo americano tem duas caras", disse Guada. "Eles dizem uma coisa e fazem outra."
Defensores de imigrantes dizem que requerentes de asilo entendem mal o sistema por esse
motivo. "É uma contradição na política de imigração dos EUA que nós muitas vezes
condenamos as condições em um país estrangeiro e depois deportamos as pessoas para essas
condições", disse a diretora de políticas Royce Murray, do Conselho de Imigração Americano.

O departamento de Serviços de Imigração e Cidadania dos EUA não comenta casos individuais,
mas diz que está protegendo as leis de asilo quando são violadas. "A verdade é que os pedidos
têm aumentado muito na fronteira nos anos recentes, porque os migrantes sabem que podem
explorar um sistema falho para entrar nos EUA, evitar remoção e continuar no país", disse o
porta-voz da agência, Michael Bars.

Tijera parecia ter uma motivação sólida, já que era tenente do exército, e o apoio dos militares
é visto como a chave para Maduro poder continuar no poder. Dois membros das Forças
Armadas da Venezuela foram presos neste mês por terem supostamente participado da
tentativa de assassinato contra o presidente e Tijera acredita que pode ser preso e torturado
caso retorne ao país. Ele fugiu da Venezuela em janeiro de 2015, cruzando a fronteira para a
Colômbia.

Então, procurou asilo na Itália, mas foi rejeitado. Em seguida, seguiu para o México e buscou
asilo nos EUA, em um posto na fronteira com o Texas. "Se eu voltasse (para a Venezuela), eles
me acusariam por qualquer motivo. Eles sabem que sou um traidor do país", disse.

Guada era um empresário na Venezuela, ativo nas campanhas de oposição do Estado de


Carabobo, no norte do país. Ele fugiu em 2010, depois que partidários do governo atacaram
sua casa com pedras e arrombaram a porta, eventualmente indo para Laredo, no Texas. Lá,
ficou detido por quase três meses e foi libertado depois de pagar US$ 13 mil.

Sua mulher tinha residência legal no país, e seus dois filhos têm cidadania americana desde o
nascimento, mas mesmo assim ele não conseguiu convencer as autoridades da imigração de
que enfrentava perigo iminente em casa. Eventualmente, seus recursos judiciais esgotaram e
Guada foi deportado em julho. "Estou frustrado", disse. "Não mereço isso."

Tijera também foi incapaz de convencer o juiz que enfrentaria prisão imediata caso voltasse
para casa. Ele pode ser deportado a qualquer momento e teme o pior na Venezuela. De volta à
Venezuela, Guada, não tentou correr riscos novamente com um juiz de imigração nos EUA.
Depois de três dias no território venezuelano, ele embarcou em um avião e voou para a
República Dominicana, onde está morando com o filho. "Fiquei apavorado, porque qualquer
um que fale contra o regime pode ser silenciado", disse. (AP)

Refúgio e asilo, ainda que guardem algumas características comuns, não são institutos que se
equivalem, sendo incorreto utilizar um termo pelo outro.

A norma que, basicamente, trata do refúgio é a Convenção das Nações Unidas sobre o
Estatuto dos Refugiados, de 28 de julho de 1951, criada, especificamente, para tratar dos
milhões de pessoas que foram obrigadas a se deslocar para outras regiões em razão dos
combates e das perseguições que ocorreram na Segunda Guerra Mundial.

Essa convenção apresenta uma série de importantes características, e entre elas podemos
listar as seguintes:

Ela teve a função de consolidar diversos outros instrumentos de Direito Internacional


anteriormente existentes relativos aos refugiados, buscando estabelecer, de forma mais
compreensível e sistematizada, os direitos internacionais das pessoas que estão nessa situação
de risco;
Ela estabelece padrões básicos para o tratamento dos refugiados pelos diversos Estados
Nacionais, contudo, não tem o poder de obrigar estes a adotarem, na íntegra, as práticas
recomendadas.

Dessa forma, não há como impor a um país que receba refugiados ou que tenha uma
determinada forma de tratamento para as pessoas que solicitam a entrada e permanência em
seu território em razão dessas situações de risco. Em nome de sua soberania, um país tem
amplos poderes de regular a entrada e permanência de estrangeiros em seu território, o que
acaba por englobar a questão dos refugiados.

Considerando essas informações e as disposições da Convenção, podemos falar que o refúgio


é uma forma de proteção que um país concede a um estrangeiro que ingressa em seu
território, em razão de fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião,
nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas. Essa proteção garante que, enquanto estiver
em trâmite o processo de refúgio, não pode ocorrer a expulsão ou extradição do estrangeiro.

Pouco antes da elaboração dessa convenção foi criado um órgão da ONU, o ACNUR - Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados que, igualmente, deveria ter atuação
focada nos refugiados na mencionada Guerra Mundial. Seu inicial mandato foi de três anos,
contudo, com as crises humanitárias nas décadas seguintes, se verificou a necessidade de que
essa organização internacional passasse a ser permanente, com a ampliação de seu escopo de
atuação, não mais limitado à Europa, podendo agir, obedecidas as regras de Direito
Internacional, em qualquer parte no globo onde houver necessidade.

Se por um lado há todo um esforço da ACNUR, da ONU e de outros atores no cenário


internacional sobre a dramática situação dos refugiados nos dias atuais, o que se observa é
que há, com maior ou menor transparência, uma grande resistência de alguns países em
receber essas pessoas.

Ao mesmo tempo em que guerras e perseguições de todo tipo causem um crescimento do


fluxo de refugiados em todos os cantos do mundo - tal como na América Latina em razão da
crise política e humanitária que vive a Venezuela - há um latente aumento da pressão de
grupos sociais para que as autoridades de seus países limitem e até mesmo impeçam a
entrada de estrangeiros nessas condições.

Em vários países essa questão foi tratada de forma bastante incisiva em diversas campanhas
eleitorais recentes, fazendo com que, em muitos deles, somente candidatos alinhados com
esse tipo de restrições fossem eleitos.
As pressões internas e externas sobre a forma como os refugiados devam ser tratados faz com
que haja, em muitos casos, uma dualidade de discursos. Por um lado, para a comunidade
internacional, há demonstrações de colaboração com essa questão; contudo, internamente,
há uma política restritiva que dá grande ênfase ao controle de entrada de estrangeiros em
geral, com especial foco no estabelecimento de severos critérios para que o refúgio seja
concedido.

No final, os perseguidos continuam sendo pouco respeitados em seus direitos humanos.


Apesar dos discursos, nem sempre demonstram a grande tragédia humana que estamos
vivendo.

A Cidadania Europeia em cheque

O final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, iniciou uma profunda reflexão que envolveu
diversas pessoas em vários países sobre formas de prevenir a ocorrência de novos conflitos.
Essa guerra e a Primeira Guerra Mundial mostraram que havia uma clara necessidade de
estabelecer mecanismos para uma paz duradoura.

Esse esforço global para a prevenção de novos conflitos armados culminou com a criação da
Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Carta das Nações Unidas, que foi firmada
por diversos países em São Francisco, em 26 de junho de 1945, sendo que nesse mesmo
documento foi estabelecido o Estatuto da Corte Internacional de Justiça, órgão jurisdicional
ligado à ONU que até hoje busca resolver conflitos entre países evitando que as tensões
evoluam e possam gerar guerras.

Além de participarem da criação da ONU, os países europeus buscaram, pela via da integração
regional, a diminuição das tensões e a prevenção de novos conflitos em seus territórios. Esse
esforço se iniciou com a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, estabelecida em Paris em
1951, sendo composta por França, Bélgica, Alemanha Ocidental, Itália, Luxemburgo e Holanda.
Essa foi a primeira organização supranacional europeia, sendo que as bases que a
estabeleceram evoluíram e serviram para a criação da União Europeia – UE, sendo integrados
diversos países daquele continente.

Uma das bases jurídicas de formação da União Europeia foi o Tratado de Maastricht, que
recebeu o nome da cidade dos Países Baixos onde foi assinado em 7 de fevereiro de 1992. Este
e outros tratados formaram o conceito de “Cidadania Europeia” que confere a quem a detém
uma série de direitos e prerrogativas, em especial, a de poder livremente circular nos países
que fazem parte dessa União, o que inclui o acesso ao mercado de trabalho. Para ser cidadão
europeu basta ter nacionalidade reconhecida por algum dos países que integram a União
Europeia.
Somente em 1973 o Reino Unido ingressou na Comunidade Econômica Europeia (nome que na
época era o utilizado) passando a se integrar na formação do bloco continental. Contudo,
sempre houve uma severa resistência dos britânicos para duas questões que envolviam essa
adesão: a diminuição da sua soberania e a livre circulação de cidadãos europeus em seu
território, particularmente, quando estes passaram a se fixar de forma definitiva e a disputar
postos no mercado de trabalho.

O descontentamento de parte da população com essas e outras questões levou o Partidor


Conservador a formular, em 2015, um pedido ao Parlamento do Reino Unido que, depois de
aprovado, gerou a convocação de um plebiscito que consultava os cidadãos sobre a
permanência na União Europeia, tendo sido esta consulta popular realizada em 23 de junho de
2016.

Por apertada margem foi aprovada saída do Reino Unido do Bloco Continental, naquilo que foi
batizado de “Brexit”, uma palavra formada pela junção dos termos, em inglês, “britânico”
(British) e “saída” (exit).

Muito embora essa saída não represente um rompimento com várias posturas europeias que
buscam preservar a paz e a prosperidade, é certo que as tensões internas no Reino Unido
mostram que a questão dos estrangeiros em seu território – particularmente no que se refere
à inserção no mercado de trabalho – é um dos mais importantes temas de fundo dessa
decisão.

Dessa forma, com a saída do Reino Unido da União Europeia, o governo daquele país já
anunciou que serão estabelecidas novas regras sobre o trato com os estrangeiros, europeus ou
não, em uma clara restrição ao livre trânsito de cidadãos europeus em seu território. Sem
dúvida, o conceito de cidadania europeia começa a perder força.

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