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CEFORTE – CENTRO DE FORMAÇÃO TEOLOGICA

Curso Livre em Teologia

TRABALHO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA I

CAP 3- MILAGRES O PRESSUPOSTO SOBRENATURAL

Elaborado por Jefferson Soares de Almeida

RIO DE JANEIRO

2019

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CAP 3 - MILAGRES O PRESSUPOSTO SOBRENATURAL

Resenha descritiva

Norman Geisler, Teologia Sistemática I: Rio de Janeiro editora CPAD 2017

Norman L. Geisler (n.1932) é um apologista cristão e cofundador do Southern


Evangelical Seminary localizado em Charlotte, Carolina do Norte. Ele foi
professor universitário por cinquenta anos é Ph.D. em filosofia pela Loyola
University Chicago.

Geisler é mais conhecido pelas suas contribuições para os assuntos acadêmicos


de apologética cristã, filosofia e Arminianismo e é autor, coautor, ou editor de
mais de sessenta livros e centenas de artigos. É considerado por alguns como
um dos principais apologistas protestantes da atualidade.

O referido capitulo hora em estudo, apresenta uma introdução aos Milagres,


passando por suas definições históricas mais aceita a definição rígida e a
definição moderada.

Onde na definição Moderada, o autor explora a definição de Agostinho (354-


430), onde alguns descrevem o Milagre como sendo “ um prodígio que não é
contrário a natureza, mas contrário ao nosso conhecimento da natureza”. Esta
visão moderada, tem como problema principal que afirmação que o Milagre não
poderá ser nunca um evento sobrenatural, e certamente este tipo de visão não
apresenta valor apologético, do tipo que se atribui aos Milagres bíblicos tendo o
autor citado algumas referências como (MT 12:39,40. MC 2.10,11 e outras).

Como comentário pessoal sobre o tema, penso ser claro que com o passar dos
anos e da inserção de tecnologias no mundo, muitos milagres acabaram por ser
registrados ou ter um volume grande de espectadores, que segundo as suas
discrições, não se poderá nunca inserir estas ocorrências em fenômenos
naturais conhecidos ou desconhecidos por serem antinatural.

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Quanto ao contexto da definição rígida, defendida por Tomás de Aquino, que
defini o milagre como “sendo um evento que vai além dos poderes da natureza
e que somente poderia ser produzido por uma força sobrenatural (DEUS).

Na visão rígida os milagres passam a ter um valor apologético pois permitem o


atuar de Deus, pois a lei Natural descreve as “regularidades” causadas de forma
natural; Um Milagre se trata de uma “singularidade” causada de forma
sobrenatural.

Desta forma o autor coloca que o Milagre são sobre naturais mais não
antinaturais, apoiando-se na declaração do grande físico Sir George Stokes,
formulador de grandes estudos na Área de eletromagnetismo e da viscosidade
em fluidos através das leis de Stokes que defende:” pode ser que um evento que
chamamos de Milagre, tenha ocorrido não pela suspensão das leis naturais, mas
pela superadição de algo, que normalmente não entra em operação.

Uso Verotestamentário das palavras SINAL, MARAVILHA E PODER

Neste ponto o autor Faz uma abordagem das palavras “Sinal, Maravilha e Poder”
geralmente associadas aos milagres no livro eterno (Bíblia Sagrada), fazendo
uma análise do uso destas palavras no contexto Verotestamentário quanto no
contexto neotestamentário.

No contexto Verotestamentário, o autor diz que o primeiro uso da palavra Sinal,


pode ser encontrado na previsão divina entregue a Moises a respeito da
libertação de Israel do julgo Egípcio(Êx.3.12), Deus também a pedido de Moisés
estabeleceu sinais para que o povo cresce que ele foi enviado por Deus para tal
Missão o sinal era transformar sua vara numa serpente e colocar lepra na , mão.

Nos relatos bíblicos muitas vezes o sinal e dado aos profetas como confirmação
do seu chamado divino, houveram diversos sinais ou milagres pelo velho
testamento como por exemplo: Nas pragas do Egito (Êx.7.3), as provisões no
deserto (jo 6.30), a vitória sobre os inimigos (1 Sm14.10) e outras.

Na abordagem Verotestamentário da palavra Maravilha, o autor afirma que


geralmente a palavra Sinal e Maravilha são usadas para descrever o mesmo
evento no mesmo versículo. A bíblia descreve de maravilha os mesmos eventos

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que em outras partes são chamados de sinais, em resumo a palavra maravilha
assume um significado especial sobre natural.

E por temos a abordagem da palavra poder no âmbito Verotestamentário, onde


é comum ver a palavra poder associada ao poder de Deus, às vezes ao seu
poder criador. Segundo o autor pode-se observar que o Poder está normalmente
associado aos eventos chamados de “Sinais” e “Maravilhas” ou a ambos.

Uso Neotestamentário das palavras SINAL, MARAVILHA E PODER

No novo testamento, a palavra sinal (gr semeion) é utilizada setenta e sete


vezes, sendo quarenta e oito delas nos evangelhos, ela ocasionalmente se refere
a eventos corriqueiros tais como a circuncisão, mas frequentemente se refere
aos milagres realizados por Jesus.

A palavra Sinal também e utilizada para se referir ao milagre mais significativo


do novo testamento que foi a ressureição de Jesus Cristo, as pessoas pediram
a Jesus em Mateus 16, e naquela ocasião ele simplesmente repetiu a certeza
que tinha da sua ressureição.

Já a palavra Maravilha (gr teras) aparece dezesseis vezes no novo testamento


e quase sempre se refere a milagre e quase sempre é utilizada combinada com
a palavra sinal o próprio significado da palavra grega teras que seria um sinal
miraculoso, um prodígio, está palavra traz consigo algo que é tremendo e
estonteante.

Já a palavra poder na via Neotestamentário é utilizada em várias ocasiões no


novo testamento o termo neotestamentário para palavra poder normalmente é
traduzido como Milagre e utilizada em combinação com as palavras sinais e
maravilhas para se referir aos milagres de Cristo (MT 13:58).

A ênfase da palavra poder está no aspecto da energização divina que envolve


um evento miraculoso

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A natureza teológica do Milagres

O autor descreve que cada uma destas três palavras que se referem a eventos
sobrenaturais (sinal, maravilha e poder) delinear um aspecto do milagre, ou seja,
o Milagre é um evento incomum (Maravilha), que transmite e confirma uma
mensagem incomum(sinal)por intermédio de uma habilidade incomum(poder).
Do ponto de vista Divino privilegiado, o milagre é um ato de Deus (Poder), que
atrai a atenção do povo de Deus(maravilha), para a palavra de Deus (por meio
de um sinal). Desta forma estas palavras designam:

- A fonte – O poder de Deus.

- A natureza – Maravilhosa Incomum

- O propósito – Sinalizar algo que vai além do fato em si

Desta forma o autor faz uma definição de Milagre como sendo:

Uma interrupção divina, ou uma interrupção no curso regular do mundo


que produz um evento com um objetivo definido, o qual apesar de
incomum, não ocorreria (ou não poderia ocorrer) de outra forma

Desta forma ele conclui que os Milagre não violam as leis da natureza da “causa
e efeito” eles simplesmente tem uma causa que transcendem a natureza.

Quanto aos propósitos do Milagres a Bíblia nos informa três causas a saber:

- Glorificar a natureza de Deus (jo 2.11,11.40);

- Confirmar as credenciais de certas pessoas na posição de porta vozes de deus


(At2.22)

- Propiciar evidencias para que haja fé em Deus (jo 6.2.14;20.30,31)

Desta forma a descrença no Milagre já constitui uma condenação para o


incrédulo (cf jo 12.31,37).

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Dentro das dimensões do milagre podemos ter o seguinte esquema abaixo;

C.S. Lewis, acertadamente escreveu:

Se admitirmos a existência de Deus, não devemos também admitir a existência


de milagres? Na verdade, ninguém está totalmente seguro contra eles. Aí está a
proposta [....] A teologia diz para você objetivamente “Admita a existência de
Deus e com ele o risco de aceitar alguns milagres também, e em troca disto
ratificarei sua Fé em uniformidade, com relação a maioria esmagadora dos
eventos” (Lewis, M,109)

O autor refere-se as cosmovisões a respeito do milagre da seguinte forma. Os


milagres no sentido mais rígido da palavra somente são possíveis no mundo
Teísta, pois nenhuma outra cosmovisão, admite haver um poder infinito,
sobrenatural e pessoal que transcende o mundo natural, sendo a exceção o
Deísmo que por sua vez nega a capacidade de Deus realizar milagres. Desta
forma o Teísmo se apresenta com a única Cosmovisão capaz de fazer isto

Resposta as objeções contra os milagres

Poucos foram os filósofos que tentaram demostrar a impossibilidade dos


milagres. O Panteísta bento Spinoza, o agnóstico David Hume, e o ateísta
Antony Flew são notáveis exceções.

- Bento Spinoza (1632-1677), argumentava a partir de uma visão fechada do


universo, a qual para nós parece um tanto antiquada. Ele insistia numa lei natural
universal e sem exceções, e a partir desta concepção, chegou à conclusão que

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os milagres não são possíveis. Um resumo dos argumentos de Spinoza nos
levas aos seguintes intens.:

1- Os milagres são violações das leis naturais

2- As leis naturais são imutáveis

3- É impossível violar leis imutáveis

4- Portanto, os milagres são impossíveis

O autor observa que a visão que Spinoza tinha de deus era panteísta, ele
acreditava que Deus e o Universo era uma coisa só ao mesmo tempo, e conceito
de lei natural utilizado por ele encara a natureza como um sistema fechado. Para
a maioria dos cientistas da nossa época, o universo é um sistema Aberto, onde
as leis naturais são meramente médias estatísticas ou probabilidade ades a
respeito da maneira como funcionam. As evidencias atuais de que o universo de
espaço tempo tenha tido um único começo nos leva a pensar que houve um
grande Milagre no seu início pois não podemos admitir o surgimento de matéria
do nada.

Tivemos outro filosofo o David Hume que no seu famoso livro investigação sobre
o entendimento humano (1711-1776), apresenta seu argumento nas seguintes
palavras:

Ouso dizer que descobri um argumento[...] que, se justo, servirá, entre os sábios
e estudados, como uma verificação perene para todos os tipos de enganos
supersticiosos e consequentemente será útil pelo tempo que o mundo existir
(Hume, ECHU,10.1.18).

Existem 10 linhas de raciocino que Hume levantou, mas que podem ser
resumidas como

1- Um milagre é uma violação das leis da natureza; experiências firmes e


inalteráveis estabeleceram estas leis.
2- Um homem sábio [....], coloca sua fé em evidências.
3- [Portanto], a prova contra um milagre é tão completa quanto se poderia
imaginar que um argumento a partir da experimentação poderia ser

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O autor explora que o conceito de Hume de acumular evidências tende a eliminar
qualquer evidência incomum ou qualquer evento singular, no passado sem se
quer mencionarmos os milagres. Richard Whately satirizou a tese de Hume no
seu famoso panfleto intitulado a história a respeito da existência de napoleão
Bonaparte. Como as explorações de napoleão foram tão singulares, nenhum ser
inteligente deveria acreditar que estes eventos, de fato ocorreram.

Obviamente existem outras objeções aos milagres, porem nenhuma delas é


efetiva na sua tentativa, de eliminar as possibilidades de milagre, na verdade a
única maneira de refutar os milagres seria refutar a existência de Deus. Ele
destaca três pontos finais.

1- O Teísmo torna possível a existência de milagres


2- Não se consegui provar que o Teísmo é impossível
3- Portanto, não se consegui provar a impossibilidade dos milagres

Sendo este o caso, o pressuposto sobrenatural da teologia evangélica é ´solido

Jefferson Soares de Almeida

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