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Conservação da quantidade de movimento angular

Aqui, como na postagem sobre conservação da quantidade de movimento linear,

vamos considerar um sistema cosistindo de N partículas de massas mk , com


k = 1, 2, . . . , N. O momentum angular da k -ésima partícula, com relação à
origem, é dado por

drk
Lk = mk rk × .
dt
Mas quando temos um sistema de partículas, pode ser que seja mais interessante

calcular o momentum angular com relação a um ponto P do próprio sistema,


que pode ser móvel. Seja rP o vetor posição desse ponto P. Então, com relação
a P, o momentum angular da k -ésima partícula é escrito como

(P ) d
Lk = mk (rk − rP ) × (rk − rP ) .
dt
O momentum angular total, com relação ao ponto P, denotado L(P ) , é a soma

desses momenta angulares das N partículas e, portanto,

N N
X (P )
X d
L(P ) = Lk = mk (rk − rP ) × (rk − rP ) .
dt
k=1 k=1

Vamos ver agora se a derivada do momentum angular total dá o torque

devido à força externa? Será? Para saber, façamos a derivada temporal de

L(P ) :
N
dL(P )
   
X d d
= mk (rk − rP ) × (rk − rP )
dt dt dt
k=1
N
X d2
+ mk (rk − rP ) × (rk − rP ) .
dt2
k=1

Mas,

   
d d
(rk − rP ) × (rk − rP ) = 0
dt dt
e, portanto,

N
dL(P ) X d2
= mk (rk − rP ) × (rk − rP ) ,
dt dt2
k=1

isto é,

N N
dL(P ) X d2 r k X d2 rP
= mk (rk − rP ) × − mk (r k − r P ) × .
dt dt2 dt2
k=1 k=1

1
Como na postagem sobre conservação da quantidade de movimento linear vimos

que

dpk (ext) (int)


= Fk + Fk
dt
e

dpk d2 rk
= mk ,
dt dt2
segue que

N N
dL(P ) X 
(ext) (int)
 X d2 r P
= (rk − rP ) × Fk + Fk − mk (rk − rP ) × ,
dt dt2
k=1 k=1

isto é,

N N
dL(P ) X (ext)
X (int)
= (rk − rP ) × Fk + (rk − rP ) × Fk
dt
k=1 k=1
N N
!
X X d2 r P
− mk rk − mk rP × .
dt2
k=1 k=1

Como vimos na postagem sobre conservação da quantidade de movimento linear,

N
X
mk rk = M R,
k=1

N
X
M = mk
k=1

N
(int)
X
Fk = Fl→k .
l=1

Logo,

N N N
dL(P ) X (ext)
X X d2 rP
= (rk − rP ) × Fk + (rk − rP ) × Fl→k − M (R − rP ) × .
dt dt2
k=1 k=1 l=1

Mas,

N
X N
X N X
X N
(rk − rP ) × Fl→k = (rk − rP ) × Fl→k . (∗)
k=1 l=1 k=1 l=1

2
Veja que, como os índices k e l dessas somas são mudos, podemos trocá-los um

pelo outro e escrever

N
X N
X N X
X N
(rk − rP ) × Fl→k = (rl − rP ) × Fk→l .
k=1 l=1 l=1 k=1

Como a ordem das somas não muda o resultado, podemos também escrever

N
X N
X N X
X N
(rk − rP ) × Fl→k = (rl − rP ) × Fk→l . (∗∗)
k=1 l=1 k=1 l=1

Somando membro a membro (∗) com (∗∗) e dividindo ambos os membros por

2, dá

N N N N N N
X X 1 XX 1 XX
(rk − rP ) × Fl→k = (rk − rP ) × Fl→k + (rl − rP ) × Fk→l ,
2 2
k=1 l=1 k=1 l=1 k=1 l=1

isto é,

N N N N
X X 1 XX
(rk − rP ) × Fl→k = [(rk − rP ) × Fl→k + (rl − rP ) × Fk→l ] .
2
k=1 l=1 k=1 l=1

Da terceira lei de Newton decorre que

Fk→l = −Fl→k
e, portanto,

N N N N
X X 1 XX
(rk − rP ) × Fl→k = [(rk − rP ) × Fl→k − (rl − rP ) × Fl→k ] ,
2
k=1 l=1 k=1 l=1

ou seja,

N N N N
X X 1 XX
(rk − rP ) × Fl→k = (rk − rl ) × Fl→k .
2
k=1 l=1 k=1 l=1

Agora a suposição que pode ser feita é a de que a força entre duas partículas

tem a direção do vetor que liga uma à outra, isto é,

Fl→k ∝ (rk − rl ) .
Com essa suposição, segue que

(rk − rl ) × Fl→k = 0,
para todos os índices l, k = 1, 2, . . . , N. Consequentemente,

N
X N
X
(rk − rP ) × Fl→k = 0
k=1 l=1

3
e

N
dL(P ) X (ext) d2 r P
= (rk − rP ) × Fk − M (R − rP ) × .
dt dt2
k=1

Seja

N
(ext)
X
N(P ) = (rk − rP ) × Fk
k=1

o torque total das forças externas sobre o sistema, com relação ao ponto P.
Então,

dL(P ) d2 r P
= N(P ) − M (R − rP ) × .
dt dt2
Veja que quando P é um ponto escolhido de forma a não sofrer aceleração ou

no caso em que escolhemos o ponto P como sendo o centro de massa, temos

dL(P )
= N(P ) ,
dt
que mostra a conservação do momentum angular do sistema, com relação ao

ponto P, quando não há torque externo. Você vê como é conveniente escolher o


ponto P como o centro de massa? Observe que com essa escolha, não importa
se o centro de massa seja acelerado ou não, o termo

d2 rP
M (R − rP ) ×
dt2
é nulo porque rP = R.

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