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INFORMATIVO Nº 16/10

recursal considerara o efeito devolutivo da apelação, embora


JULGADOS - STF interposta unicamente pela defesa, e estaria autorizada a
rever os critérios de individualização da pena, nos termos do
AÇÃO RESCISÓRIA E NECESSIDADE DE NOVA art. 59 do CP, limitada, tão-somente, pela prova produzida e
PROCURAÇÃO pelas alegações das partes. Após, pediu vista dos autos o Min.
A propositura de ação rescisória exige a juntada de Dias Toffoli. HC 99972/PR, rel. Min. Cármen Lúcia, 17.8.2010.
instrumento de mandato original assinado pelo outorgante, (HC-99972) (informativo 596 – 1ª Turma)
mesmo que a procuração concernente à ação subjacente
confira poderes específicos para a rescisória. Ao reafirmar IPTU: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA E
essa orientação, o Tribunal, por maioria, negou provimento a CESSÃO DE USO DE BEM PÚBLICO - 1
agravo regimental interposto contra decisão da Min. Ellen O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinário em que
Gracie que concedera prazo para que os agravantes se discute a possibilidade de cedente de imóvel público objeto
regularizassem sua representação processual na ação de contrato de cessão de uso para exploração de atividade
rescisória, da qual relatora, sob pena de inépcia. econômica estar sujeito, ou não, à tributação pelo imposto
Preliminarmente, o Tribunal, também por maioria, aplictou a sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU. Trata-
jurisprudência da Corte segundo a qual não cabem embargos se, na espécie, de recurso extraordinário interposto pelo
de declaração contra despacho monocrático do relator, e Município do Rio de Janeiro contra acórdão do tribunal de
conheceu de embargos como agravo regimental. Vencido o justiça local que entendera, consoante o disposto no art. 150,
Min. Marco Aurélio que não convertia os embargos e provia o VI, a, da CF (―Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias
recurso ao fundamento de que não se poderia limitar a asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
vigência do instrumento de mandato credenciado ao ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos
profissional da advocacia, tendo em conta que os poderes sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;‖), ser
teriam sido outorgados por prazo indeterminado. AR 2156 indevida a cobrança da aludida exação relativamente à
ED/SC, rel. Min. Ellen Gracie, 18.8.2010. (AR-2156) AR 2183 ED/SC,
empresa detentora da concessão de uso de imóvel situado em
rel. Min. Ellen Gracie, 18.8.2010. (AR-2183) AR 2202 ED/SC, rel. Min.
Ellen Gracie, 18.8.2010. (AR-2202) (informativo 596 – Plenário) aeroporto de propriedade da União. Alega a recorrente
violação ao art. 150, VI, a, e § 3º, da CF (―§ 3º - As vedações
do inciso VI, ‘a’, e do parágrafo anterior não se aplicam ao
APELAÇÃO: EFEITO DEVOLUTIVO E “REFORMATIO
patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com
IN PEJUS” - 1 exploração de atividades econômicas regidas pelas normas
A Turma iniciou julgamento de habeas corpus em que se aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja
discute eventual reformatio in pejus de sentença em virtude de contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo
julgamento de apelação, uma vez que tal recurso teria sido usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação
apresentado somente pela defesa. Na espécie, a paciente fora de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.‖), ao
condenada, pelo crime de evasão de divisas, à pena de 3 argumento de que a imunidade concedida aos entes
anos e 6 meses de reclusão. No julgamento do recurso de federados não poderia beneficiar a exploração privada de
apelação, embora reduzida a pena para 2 anos e 4 meses de atividades econômicas, pois tal hipótese seria expressamente
reclusão, a defesa alega que teriam sido consideradas excepcionada do campo da imunidade tributária recíproca. O
circunstâncias judiciais alheias às mencionadas na sentença Min. Joaquim Barbosa, relator, proveu o recurso. Inicialmente,
condenatória, o que vulneraria a voluntariedade recursal. rejeitou a preliminar de não conhecimento suscitada da
Sustenta que, se afastados esses fundamentos, a sentença tribuna, no sentido da incidência do Enunciado 283 da Súmula
fixar-se-ia no mínimo legal e operar-se-ia a prescrição. HC do STF (―É inadmissível o recurso extraordinário, quando a
99972/PR, rel. Min. Cármen Lúcia, 17.8.2010. (HC-99972) decisão recorrida assenta em mais de um fundamento
(informativo 596 – 1ª Turma) suficiente e o recurso não abrange todos eles.‖), uma vez que
o acórdão recorrido teria por base legislação
APELAÇÃO: EFEITO DEVOLUTIVO E “REFORMATIO infraconstitucional e o ora recorrente não interpusera recurso
IN PEJUS” - 2 especial. Asseverou que o mencionado acórdão adotara como
A Min. Cármen Lúcia, relatora, indeferiu o writ. Inicialmente, fundamento tanto a aplicabilidade da imunidade tributária à
considerou que a sentença de 1º grau assentara a existência propriedade imóvel em questão como a impossibilidade de a
de três circunstâncias judiciais desfavoráveis à paciente: a recorrida ser tida como sujeito passivo. RE 434251/RJ, rel.
culpabilidade, as circunstâncias e as conseqüências do crime. Min. Joaquim Barbosa, 26.8.2010. (RE-434251) (informativo
O acórdão de 2º grau, por sua vez, levara em conta apenas a 597 – Plenário)
culpabilidade e as circunstâncias do crime como
desabonadoras, de modo a reduzir a pena. Em seguida, IPTU: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA E
reputou que o grau de reprovabilidade da conduta, ínsito à CESSÃO DE USO DE BEM PÚBLICO - 2
culpabilidade, já fora ponderado pelo juízo monocrático, ainda Em seguida, o relator aduziu que o reconhecimento da
que com outras palavras. Asseverou, ademais, que a decisão imunidade tributária recíproca dependeria de aprovação nos
estágios aludidos no julgamento do RE 253472/SP, acima
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relatado. Tendo em conta que a atividade exercida pela quando o imóvel da União fosse destinado à exploração
recorrida seria alheia à administração aeroportuária — já que comercial, mas se a recorrida poderia, ou não, figurar no pólo
exploraria ―ramo do comércio de importação e exportação de passivo da obrigação tributária do IPTU. Na ocasião,
automóveis, caminhões, motores e quaisquer espécies de entendera-se que a empresa não preencheria nenhum dos
veículos automotores, inclusive peças, acessórios, oficina requisitos para ser contribuinte do imposto, pois detentora de
mecânica, reparos, pintura de quaisquer veículos e outras posse precária e desdobrada, decorrente de contrato de
atividades correlatas ao ramo automobilístico‖ —, entendeu concessão de uso. Após, pediu vista a Min. Cármen Lúcia. RE
que a pretensão de imunidade falharia nos estágios referidos. 434251/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, 26.8.2010. (RE-
Assim, a desoneração concedida teria como efeito colateral 434251) (informativo 597 – Plenário)
garantir vantagem competitiva artificial, na medida em que a
retirada de um custo permitiria o aumento do lucro ou a PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO E “EMENDATIO
formação de preços menores, desequilibrando as relações de LIBELLI” - 1
mercado. O relator consignou que seria o momento de revisão O Tribunal iniciou julgamento de terceiro agravo regimental
da jurisprudência da Corte, a fim de que fosse assentada a interposto contra decisão do Min. Ricardo Lewandowski que,
inaplicabilidade da imunidade tributária recíproca à dentre outras pretensões formuladas em ação penal da qual
propriedade imóvel desvinculada de finalidade estatal. RE relator, acolhera emendatio libelli (CPP, art. 383) proposta pela
434251/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, 26.8.2010. (RE- acusação, em suas alegações finais, e desclassificara a
434251) (informativo 597 – Plenário) imputação de lavagem de capitais (Lei 9.613/98, art. 1º) para o
delito previsto na parte final do parágrafo único do art. 22 da
IPTU: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA E Lei 7.492/86, que trata da manutenção de contas bancárias no
CESSÃO DE USO DE BEM PÚBLICO - 3 exterior, sem a devida comunicação às autoridades federais
No tocante à questão de a recorrida não poder ser competentes. Os agravantes sustentam, em síntese, que: a) a
considerada sujeito passivo da exação, visto que incabível sua decisão impugnada teria desrespeitado o art. 6º da Lei
qualificação como ―possuidora a qualquer título‖, o relator 8.038/90, uma vez que a manifestação do Plenário seria
superou orientação consolidada pela 2ª Turma para concluir exigida também nas hipóteses de posterior aditamento; b) a
que a matéria poderia ser objeto de apreciação em recurso defesa não pudera se manifestar a respeito da emendatio
extraordinário e afastou, em conseqüência, a aplicação dos libelli, porquanto produzida na fase de alegações finais; c) a
Verbetes 279 e 283 da Súmula do STF. Afirmou que a reabertura da instrução processual se imporia, em
definição do sujeito passivo do IPTU dependeria de homenagem aos princípios constitucionais da ampla defesa e
interpretação constitucional, pois seria com fundamento na do contraditório; d) a prova produzida pela defesa direcionara-
competência tributária que o ente federado cobraria se no sentido de afastar a imputação do delito de lavagem de
validamente o tributo. Destarte, salientou que o art. 34 do CTN dinheiro; e) a denúncia descrevera a mesma conduta de
(―Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular ocultação de patrimônio mantido no exterior, inicialmente,
do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título.‖) como um ato comissivo e, agora, como um comportamento
deveria ser lido à luz da Constituição, com ênfase em 3 omissivo e f) o retorno dos autos à Procuradoria Geral da
pontos: materialidade possível do IPTU, isonomia e livres República, após a apresentação das alegações finais da
iniciativa e concorrência. Mencionou que a sujeição passiva defesa, revelaria inversão na ordem processual. AP 461
também abarcaria a figura do responsável tributário, não Terceiro-AgR/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.8.2010.
podendo o tribunal de origem pura e simplesmente julgar ser a (AP-461) (informativo 597 – Plenário)
tributação inválida, porquanto direcionada a quem não seria
proprietário. Assinalou a existência de termo de PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO E “EMENDATIO
responsabilidade — em que firmada a responsabilidade do LIBELLI” - 2
concessionário pelo pagamento de tributos municipais — a O relator desproveu os agravos. Consignou que, embora o
compor o conjunto fático-probatório, o que tornaria aditamento carecesse de manifestação do Plenário (Lei
desnecessária a reabertura de instrução para se decidir esse 8.038/90, art. 6º), a emendatio libelli proposta não implicara
caso. Em arremate, destacou que o locatário empresarial com aditamento da denúncia sob a perspectiva material, uma vez
fins lucrativos também seria possuidor a qualquer título, para que os fatos imputados aos agravantes seriam os mesmos,
fins de incidência do IPTU, nos termos constitucionais. quais sejam, a manutenção de depósitos em dinheiro no
Resgatou, no ponto, a essência da Súmula 456 desta Corte exterior, sem a devida comunicação à autoridade competente.
(―O Supremo Tribunal Federal, conhecendo do recurso Aduziu que o sistema jurídico pátrio exige a correlação entre
extraordinário, julgará a causa, aplicando o direito à espécie.‖) os fatos descritos pela acusação e aqueles considerados pelo
para adequar o julgado às linhas essenciais que dariam juiz na sentença para a prolação de um veredicto de
sentido tanto à imunidade tributária como à atribuição de condenação, sob pena de ofensa aos princípios
sujeição passiva. RE 434251/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Desse
26.8.2010. (RE-434251) (informativo 597 – Plenário) modo, asseverou que o requisito essencial e intransponível
para a aplicação do que contido no art. 383 do CPP seria que
IPTU: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA E os fatos arrolados na inicial acusatória permanecessem
CESSÃO DE USO DE BEM PÚBLICO - 4 inalterados, tal como ocorrera na espécie, não sendo
Em divergência, o Min. Dias Toffoli desproveu o recurso e necessária a reabertura da instrução penal nem a
manteve a orientação firmada no julgamento do RE 451152/RJ complementação das defesas. Enfatizou inexistir prejuízo aos
(DJU de 27.4.2007), segundo a qual o cerne da controvérsia réus, haja vista que eles se defendem dos fatos que lhe são
não estaria em saber se haveria, ou não, imunidade recíproca irrogados, ainda que a capitulação jurídica se mostre
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eventualmente equivocada, o que não geraria inépcia da cumprimento do dever legal — fizera coisa julgada material, o
denúncia. Assinalou que defesa enfrentara a questão que impediria seu posterior desarquivamento. HC 87395/PR,
concernente ao crime contra o sistema financeiro nacional, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.8.2010. (HC-87395)
visto que tal delito seria antecedente à lavagem de dinheiro. (informativo 597 – Plenário)
Salientou, ademais, que a desclassificação referir-se-ia a
crime cuja pena cominada seria mais branda, o que, em DESARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO E
princípio, mostrar-se-ia mais benéfico aos réus. Destacou que EXCLUDENTE DE ILICITUDE - 4
o crime objeto do art. 22, parágrafo único, da Lei 7.492/86 não Enfatizou não vislumbrar diferença ontológica entre a decisão
decorreria exclusivamente de omissão decorrente da que arquiva o inquérito, quando comprovada a atipicidade do
abstenção em prestar informações às autoridades, mas fato, e aquela que o faz, quando reconhecida a legalidade e
também de ação consubstanciada no depósito e na mantença licitude desse, porquanto ambas estariam fundadas na
ilegal de recursos financeiros no exterior. O relator afirmou inexistência de crime e não na mera ausência ou insuficiência
que, diante da pluralidade de manifestações dos réus e em de provas para oferecimento de denúncia. Registrou
observância ao contraditório, abrira vista à Procuradoria Geral orientação da Corte no sentido de que, arquivado o inquérito
da República. Levando em conta que a instrução seria policial com base na inexistência do crime, produzir-se-ia coisa
essencialmente documental, ressaltou que sua reabertura julgada material. Aduziu, destarte, que, tal como não seria
ensejaria risco de prescrição, já que os réus contariam com admissível o desarquivamento do inquérito policial pelo
mais de setenta anos, o que reduziria o lapso prescricional surgimento de provas novas que revelassem a tipicidade de
pela metade. Por derradeiro, concluiu não haver obstáculo fato anteriormente considerado atípico pelas provas
para que se passasse à fase seguinte de realização do existentes, também seria inviável o desarquivamento na
julgamento. AP 461 Terceiro-AgR/SP, rel. Min. Ricardo hipótese de fato julgado lícito com apoio em provas
Lewandowski, 26.8.2010. (AP-461) (informativo 597 – sobejamente colhidas. Asseverou que, na situação dos autos,
Plenário) o Ministério Público, diante do acervo probatório apurado,
concluíra que o fato investigado não seria criminoso e, em
PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO E “EMENDATIO conseqüência, deixara de oferecer denúncia e requerera o
LIBELLI” - 3 acolhimento das mencionadas excludentes de ilicitude, o que
Em divergência, o Min. Marco Aurélio proveu os agravos por fora acatado pelo juízo de origem. Assim, o arquivamento não
reputar que a situação presente caracterizaria verdadeira decorrera de mero encerramento de investigações
mutatio libelli e que a inobservância do art. 384 do CPP improfícuas, mas sim de um pronunciamento de mérito,
implicaria a não viabilização do direito de defesa. Explicitou anterior ao oferecimento da denúncia e que corresponderia à
que os elementos configuradores dos dois crimes seriam absolvição sumária. Após o voto do Min. Cezar Peluso,
diversos: no tocante ao art. 22, parágrafo único, da Lei Presidente, que seguia a divergência, pediu vista dos autos o
7.492/86, exigir-se-ia que os valores depositados não tivessem Min. Ayres Britto. Por fim, o Tribunal determinou a suspensão
sido declarados no imposto de renda, enquanto que, do processo penal, até conclusão deste julgamento. HC
relativamente à lavagem, impor-se-ia a demonstração do 87395/PR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.8.2010. (HC-
crime antecedente, não apontado no caso. Após, pediu vista o 87395) (informativo 597 – Plenário)
Min. Dias Toffoli. AP 461 Terceiro-AgR/SP, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 26.8.2010. (AP-461) (informativo 597 – CONDENAÇÃO E ELEMENTOS COLIGIDOS EM
Plenário) INQUÉRITO POLICIAL - 2
Em conclusão de julgamento, a Turma, por maioria, concedeu
DESARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO E habeas corpus para restabelecer a decisão absolutória do
EXCLUDENTE DE ILICITUDE - 3 juízo processante. Tratava-se de writ em que se questionava
O Tribunal retomou julgamento de habeas corpus, remetido ao condenação fundada unicamente em elementos colhidos na
Pleno pela 1ª Turma, em que se discute a possibilidade de fase investigatória. No caso, o paciente, absolvido pelo juízo
desarquivamento de inquérito policial, com fundamento no art. monocrático, tivera sua sentença reformada pela Corte
18 do CPP (―Depois de ordenado o arquivamento do inquérito estadual — que o condenara a 27 anos de reclusão —, com
pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a base em depoimentos colhidos no inquérito, muito embora
autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de houvessem sido refutados em juízo — v. Informativo 594.
outras provas tiver notícia.‖), e posterior oferecimento de Inicialmente, superou-se a preliminar suscitada pelo Ministério
denúncia, quando o arquivamento decorre do reconhecimento Público Federal no sentido do não conhecimento da
da existência de excludente de ilicitude (CP, art. 23, II e III, 1ª impetração ante a necessidade de revisão dos elementos
parte). Na espécie, após o arquivamento do inquérito, o probatórios coligidos no processo. Asseverou-se, no ponto,
Ministério Público reinquirira testemunhas e concluíra que as que o não conhecimento do writ resultaria em violência ao
declarações destas, contidas naquele, teriam sido alteradas princípio do acesso ao Judiciário, o qual visa afastar lesão ou
por autoridade policial. Diante dessas novas provas, o parquet ameaça de lesão a direito. Em seguida, considerou-se que
oferecera denúncia contra os pacientes. Pretende-se o elementos reunidos em sede de inquérito policial, sem o
trancamento da ação penal — v. Informativos 446, 512 e 569. indispensável contraditório, esvaziados por completo em juízo,
O Min. Joaquim Barbosa, em voto-vista, acompanhando a não serviriam à condenação. Salientou-se que o paciente fora
divergência iniciada pelo Min. Marco Aurélio, deferiu o writ condenado sem que fosse apresentada contra si, em juízo,
para determinar o trancamento da ação penal, por reputar que prova de fato criminoso e demonstrada a culpa. Vencido o
o arquivamento do inquérito policial — realizado a partir do Min. Ricardo Lewandowski. HC 96356/RS, rel. Min. Marco
reconhecimento de que houvera legítima defesa e estrito Aurélio, 24.8.2010. (HC-96356) (informativo 597 – 1ª Turma)
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PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E USUÁRIO DE em toda e qualquer situação concreta. Reputou que a garantia
DROGAS da individualização da pena somente seria violada se o
A Turma iniciou julgamento de habeas corpus em que se legislador estivesse impedido por completo de realizar a
pretende o reconhecimento da atipicidade material da conduta individualização judicial nos crimes hediondos em pelo menos
do paciente — surpreendido na posse de cinco decigramas de um de seus dois momentos: o da aplicação da pena prevista
maconha — em face da aplicação do princípio da na lei pelo juiz sentenciante e o da execução e cumprimento
insignificância. O Min. Ricardo Lewandowski, relator, denegou da reprimenda pelo condenado. Assinalou, nesse sentido, que
a ordem. Enfatizou que decorreria a presunção de perigo do a proibição legal da substituição da pena no delito de tráfico,
delito da própria conduta do usuário, pois, ao adquirir a droga referir-se-ia apenas a uma diminuição da esfera de atuação
para seu consumo, realimentaria esse comércio, pondo em judicial na cominação da reprimenda e que não se extinguiria
risco a saúde pública. Ressaltou, ainda, a real possibilidade de a possibilidade de individualização judicial na fase de sua
o usuário vir a se tornar mais um traficante, em busca de aplicação. Aduziu que o legislador teria legitimidade para
recursos para sustentar seu vício. Observou, por fim, que — estabelecer limites mínimos e máximos à atuação judicial, na
por se tratar de crime no qual o perigo seria presumido — não imposição da pena em concreto, e que, por tal motivo, a lei
se poderia falar em ausência de periculosidade social da ação, penal poderia impor tanto as penas previstas no art. 5º, XLVI,
um dos requisitos cuja verificação seria necessária para a da CF — tais como, penas privativas de liberdade e restritivas
aplicação do princípio da insignificância. Após, pediu vista dos de direitos — quanto outras ali não abarcadas, à exceção das
autos o Min. Dias Toffoli.HC 102940/ES, rel. Min. Ricardo penas constitucionalmente proscritas (art. 5º, XLVII). Concluiu
Lewandowski, 24.8.2010. (HC-102940) (informativo 597 – 1ª que a garantia da individualização da pena não constituiria
Turma) impedimento a outras vedações legais e que, se abstraída em
demasia, culminaria em situação na qual o legislador não
TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E poderia instituir pena alguma, competindo ao juiz individualizar
a sanção penal de acordo com o seu julgamento no caso
SUBSTITUIÇÃO DE PENA PRIVATIVA DE
concreto dentre aquelas estabelecidas exclusivamente na
LIBERDADE POR RESTRITIVAS DE DIREITOS - 10 Constituição.HC 97256/RS, rel. Min. Ayres Britto, 26.8.2010.
O Tribunal retomou julgamento de habeas corpus, afetado ao (HC-97256) (informativo 597 – Plenário)
Pleno pela 1ª Turma, em que condenado à pena de 1 ano e 8
meses de reclusão pela prática do crime de tráfico ilícito de TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E
entorpecentes (Lei 11.343/2006, art. 33, § 4º) questiona a
constitucionalidade da vedação abstrata da substituição da
SUBSTITUIÇÃO DE PENA PRIVATIVA DE
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos disposta LIBERDADE POR RESTRITIVAS DE DIREITOS - 12
no art. 44 da citada Lei de Drogas (―Os crimes previstos nos Após os votos dos Ministros Dias Toffoli, Ricardo
arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e Lewandowski, Gilmar Mendes e Cezar Peluso, Presidente,
insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade que acompanhavam o Min. Ayres Britto, relator, no sentido de
provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas conceder parcialmente a ordem e declarar incidentalmente a
de direitos.‖). Sustenta a impetração que a proibição, nas inconstitucionalidade da expressão ―vedada a conversão em
hipóteses de tráfico de entorpecentes, da substituição penas restritivas de direitos‖, constante do § 4º do art. 33 da
pretendida ofende as garantias da individualização da pena Lei 11.343/2006, e da expressão ―vedada a conversão de suas
(CF, art. 5º, XLVI), bem como aquelas constantes dos incisos penas em restritivas de direitos‖, contida no também aludido
XXXV e LIV do mesmo preceito constitucional — v. art. 44 do mesmo diploma legal, e dos votos dos Ministros
Informativos 560 e 579. O Min. Joaquim Barbosa, em voto- Cármen Lúcia, Ellen Gracie e Marco Aurélio, que seguiam a
vista, iniciou a divergência e denegou o writ por considerar que divergência, o julgamento foi suspenso a fim de se colher o
a vedação à substituição da pena privativa de liberdade por voto do Min. Celso de Mello. Por derradeiro, concedeu-se
restritiva de direitos nos crimes de tráfico de drogas estaria de medida cautelar em favor do paciente para que ele aguarde
acordo com a Constituição e com a realidade social brasileira, em liberdade a conclusão deste julgamento.HC 97256/RS, rel.
não prejudicando a individualização justa, equânime e Min. Ayres Britto, 26.8.2010. (HC-97256) (informativo 597 –
adequada da pena cabível nesses crimes, de acordo com o Plenário)
caso concreto. HC 97256/RS, rel. Min. Ayres Britto, 26.8.2010.
(HC-97256) (informativo 597 – Plenário) IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: SOCIEDADE
DE ECONOMIA MISTA E SERVIÇOS DE SAÚDE - 1
TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinário em que
SUBSTITUIÇÃO DE PENA PRIVATIVA DE se discute a aplicação, ou não, da imunidade recíproca (CF,
LIBERDADE POR RESTRITIVAS DE DIREITOS - 11 art. 150, VI, a) a sociedade de economia mista que atua na
Asseverou que, no ordenamento pátrio, a substituição da pena área de prestação de serviços de saúde. O Min. Joaquim
não caberia em qualquer crime, sendo esta vedada em várias Barbosa, relator, negou provimento ao recurso, no que foi
situações (CP, art. 44). Salientou que o Código Penal, ao acompanhado pelos Ministros Cármen Lúcia, Ricardo
versar sobre a substituição da pena, fixara as diretrizes a Lewandowski e Marco Aurélio. O relator citou, inicialmente,
serem observadas pelo juiz no momento de sua aplicação. aspectos principais que deveriam ser observados no campo
Consignou, ademais, que o instituto em apreço não derivaria da imunidade tributária recíproca. Disse que a atividade
diretamente da garantia constitucional da individualização da protegida deveria estar vinculada às atividades essenciais da
pena, haja vista que o ordenamento não outorgaria ao juiz a entidade que haveria de atender diretamente a interesse
liberdade ampla da analisar se a substituição seria possível público primário e essencial. Para ele, a exploração de
atividades econômicas, ainda que sob regime de monopólio,
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não ensejaria a incidência da proteção constitucional, pois a assentou que o serviço público em questão estaria franqueado
função da imunidade tributária recíproca não seria conceder à iniciativa privada sob a forma de assistência à saúde, não
vantagem de custo ao Estado na contratação de serviços e na constituindo atividade econômica. Portanto, a iniciativa privada
aquisição de mercadorias, em detrimento do poder de tributar seria convocada para subsidiar o poder público, para se
de outro ente federado. A aplicação da imunidade não deveria emparceirar com ele, na prestação de serviço público que, ao
favorecer direta ou indiretamente particulares que tivessem mesmo tempo, seria direito fundamental, e, pela ótica do art.
interesses econômicos privados na atividade desenvolvida 196 da CF, direito de todos e dever do Estado. Tendo isso em
pelo Estado. Registrou que, de forma análoga, na área da conta, e considerando a heterodoxia do caso — porquanto,
saúde, o art. 199, § 2º, da CF vedaria a destinação de desde a década de 70, o Estado, por desapropriação, seria
recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições detentor do controle dessa ―empresa‖, se assenhoreando da
privadas com fins lucrativos. Por fim, observou que a atividade, prestando-a ininterruptamente, e controlando
imunidade tributária recíproca não deveria afetar intensamente 99,99% das ações, concluiu estar-se diante de hipótese que
o mercado ao trazer vantagens que pudessem desequilibrar a ensejaria a imunidade recíproca tributária. O Min. Gilmar
livre concorrência e a livre iniciativa. RE 580264/RS, rel. Min. Mendes também chamou atenção para a heterodoxia da
Joaquim Barbosa, 25.8.2010. (RE-580264) (informativo 597 – situação. Na mesma linha se expressou o Min. Cezar Peluso
Plenário) que reiterou que a União teria expropriado praticamente a
totalidade do capital social e, com isso, incorporado de fato ao
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: seu patrimônio jurídico o hospital, conservando, por razões
SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E SERVIÇOS desconhecidas, 0,01% do capital social em nome de
DE SAÚDE - 2 conselheiros antigos. Dessa forma, teria mantido a aparência
Em seguida, o Min. Joaquim Barbosa, tendo em conta esses de uma sociedade anônima que se submeteria, de regra, ao
aspectos, aduziu que, na espécie, a recorrente seria entidade regime jurídico de empresa privada. Afirmou que isso,
hospitalar que prestaria serviços públicos primários, sem entretanto, não seria suficiente, pois se trataria, na verdade,
intuito lucrativo, e sob controle acionário praticamente integral de uma entidade pública por ser pública praticamente a
de ente federado (99,99%, os quais decorrentes de totalidade do capital social, pública sua finalidade e pública, no
desapropriação de 51% das ações da entidade seguida de sentido de potencialidade de exercício de poder, a direção do
aquisição do restante das ações do espólio do seu fundador). hospital, haja vista que a União poderia decidir o que
Frisou que, apesar de os argumentos serem todos favoráveis quisesse, porque o 0,01% não significaria nada em termos de
à pretensão da parte recorrente, no entanto, seria imperioso votação. Após, pediu vista dos autos o Min. Dias Toffoli.RE
considerar o registro feito pela União no sentido de perceber a 580264/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 25.8.2010. (RE-
situação daquela como transitória. Ressaltou que a própria 580264) (informativo 597 – Plenário)
União, em memoriais, teria rejeitado a caracterização da parte
recorrente como instrumentalidade estatal na área da saúde. ATO INFRACIONAL E PRINCÍPIO DA
Essa postura, para o relator, geraria certa perplexidade, haja INSIGNIFICÂNCIA
vista que seria de se supor que a entidade detentora de A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que se
grande parte ou da maioria esmagadora do capital social da pretendia a extinção de procedimento judicial de aplicação de
recorrente pudesse, a tempo e modo, adequar a conduta da medida sócio-educativa de prestação de serviços à
contribuinte que controla, para aquiescer à cobrança dos comunidade a menor inimputável, instaurado em razão da
tributos, sem contestá-los administrativa ou judicialmente com prática de ato infracional equiparado ao crime de furto. Na
base na imunidade tributária recíproca. Acrescentou que, para espécie, o bem subtraído — uma bicicleta —, devidamente
a União, as decisões que justificariam a peculiar situação da restituído à vítima, havia sido avaliado em cento e vinte reais,
parte recorrente seriam efêmeras e que, a qualquer momento, o que, segundo a impetração, implicaria a incidência do
ela poderia deixar de atender exclusivamente pelo SUS e princípio da insignificância ao fato. Reputou-se necessário não
passar a atender convênios. Destacou que, nesse ponto, seria considerar, à luz do referido postulado, apenas o valor
relevante resgatar a responsabilidade que o ente federado pretendido à subtração, sob pena de deixar de existir a
teria na interpretação e aplicação da Constituição e da lei de modalidade tentada de vários delitos. Nesse sentido, aduziu-
modo que a previsível recondução da parte recorrente à se que não se poderia confundir o pequeno valor do objeto
competição no mercado deveria preponderar sobre o caráter material do delito com a irrelevância da conduta do agente.
transitório da situação vivenciada pela entidade hospitalar. Ressaltou-se, ademais, que o bem fora restituído por
Concluiu, diante disso, que o desprovimento do recurso seria circunstâncias alheias à vontade do paciente — abordado por
mais coerente com o sistema constitucional do que a prolação policiais na posse da bicicleta — e que ele possuiria
de uma decisão condicional do tipo ―enquanto perdurarem os envolvimento com drogas, utilizando-se da prática reiterada de
seus requisitos‖. RE 580264/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, atos contra o patrimônio para manter o vício. Destacou-se, por
25.8.2010. (RE-580264) (informativo 597 – Plenário) fim, que a medida sócio-educativa imposta seria proporcional
ao ato perpetrado e imperiosa à reintegração plena do menor
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: à sociedade. Vencido o Min. Gilmar Mendes, que deferia o
SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E SERVIÇOS writ. HC 101144/RS, rel. Min. Ellen Gracie, 24.8.2010. (HC-
DE SAÚDE - 3 101144) (informativo 597 – 2ª Turma)
Em divergência, o Min. Ayres Britto deu provimento ao
recurso, sendo seguido pelos Ministros Gilmar Mendes e Fonte: Site oficial do Supremo Tribunal Federal
Cezar Peluso, Presidente. O Min. Ayres Britto, ao iniciar a (informativo 596 e 597)
fundamentação de seu voto a partir do art. 197 da CF,
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excede os limites de tutela do interesse tributário do Estado,
JULGADOS - STJ atingindo o próprio interesse social que as entidades
filantrópicas visam promover. Ressalte-se que tais entidades,
por desenvolverem um trabalho de complementação das
NOVAS SÚMULAS atividades essenciais do Estado, possuem um patrimônio
Súmula 457 Os descontos incondicionais nas operações social com características públicas, uma vez que é de uso
mercantis não se incluem na base de cálculo do ICMS. Rel. comum, mas relacionado com o uso da própria sociedade.
Min. Eliana Calmon, em 25/8/2010. Assim, o patrimônio público investido na entidade assistencial,
decorrente da isenção tributária concedida, deve ser revertido
Súmula 458 A contribuição previdenciária incide sobre a em proveito das atividades assistenciais promovidas, dada a
comissão paga ao corretor de seguros. Rel. Min. Eliana nítida função social que a entidade propõe-se a prestar. O não
Calmon, em 25/8/2010. cumprimento dessas atividades, por desvio de finalidade,
caracterizaria agressão à moralidade administrativa, visto que
Súmula 459 A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a refletiria na consecução da própria finalidade social (no caso,
título de correção monetária, aos débitos com o FGTS na prestação dos serviços de educação aos seus respectivos
recolhidos pelo empregador mas não repassados ao fundo. alunos – que pagam uma mensalidade subsidiada em razão
Rel. Min. Eliana Calmon, em 25/8/2010. de concessão da isenção tributária – e na prestação de
atividades filantrópicas à comunidade). Dessarte, a emissão
Súmula 460 É incabível o mandado de segurança para indevida do certificado de entidade de fins filantrópicos poderia
convalidar a compensação tributária realizada pelo afetar o interesse social como um todo, ofendendo não só o
contribuinte. Rel. Min. Eliana Calmon, em 25/8/2010. patrimônio público, bem como a legítima expectativa de que a
entidade filantrópica reverteria em proveito da sociedade os
Súmula 461 O contribuinte pode optar por receber, por meio subsídios tributários concedidos, até porque eles caracterizam
de precatório ou por compensação, o indébito tributário investimento indireto do Estado. Dessa forma, à semelhança
certificado por sentença declaratória transitada em julgado. de recente entendimento do STF em repercussão geral (vide
Rel. Min. Eliana Calmon, em 25/8/2010. Informativo do STF n. 595) – o parquet possui legitimidade
ativa ad causam para propor a referida ACP, uma vez que
Súmula 462 Nas ações em que representa o FGTS, a CEF, configurada grave ofensa ao patrimônio público, ao interesse
quando sucumbente, não está isenta de reembolsar as custas social e à moralidade administrativa –, estando assim,
antecipadas pela parte vencedora. Rel. Min. Eliana Calmon, plenamente legitimado para atuar na defesa do interesse
em 25/8/2010. coletivo, por evitar que uma entidade que se apresente como
assistencial faça jus a uma isenção tributária indevida. Nesse
Súmula 463 Incide imposto de renda sobre os valores panorama, o Min. Teori Albino Zavascki destacou que a
percebidos a título de indenização por horas extraordinárias restrição estabelecida no art. 1º, parágrafo único, da Lei n.
trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo. Rel. 7.347/1985 não alcança ação visando à anulação de atos
Min. Eliana Calmon, em 25/8/2010. administrativos concessivos de benefícios fiscais,
alegadamente ilegítimos e prejudiciais ao patrimônio público,
Súmula 464 A regra de imputação de pagamentos cujo ajuizamento pelo MP decorre de sua função institucional
estabelecida no art. 354 do Código Civil não se aplica às estabelecida pelo art. 129, III, da CF/1988 e art. 5º, III, b, da
hipóteses de compensação tributária. Rel. Min. Eliana Calmon, LC n. 75/1993, de que trata a Súm. n. 329-STJ. Com essas
em 25/8/2010. considerações, a Turma conheceu parcialmente do recurso e,
nessa parte, negou-lhe provimento. Precedentes citados do
ACP. LEGITIMIDADE. MPF. ENTIDADE STF: RE 576.155-DF; do STJ: REsp 1.120.376-SP, DJe
21/10/2009; REsp 776.549-MG, DJ 31/5/2007; REsp 610.235-DF, DJ
FILANTRÓPICA. 23/4/2007, e REsp 417.804-PR, DJ 16/5/2005. REsp 1.101.808-SP,
Na hipótese dos autos, foi ajuizada ação civil pública (ACP) Rel. Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 17/8/2010. (informativo
pelo parquet federal (recorrido) contra associação educacional 443 – 1ª Turma)
(recorrente), objetivando, entre outros temas, a declaração
judicial de nulidade do registro do certificado de entidade CONCURSO PÚBLICO. DESISTÊNCIAS. OUTRAS
filantrópica, tendo em vista a suposta distribuição de lucros.
NOMEAÇÕES.
Liminarmente, foi determinada a suspensão da eficácia do
Trata-se de RMS no qual a questão cinge-se a saber se, em
referido certificado e de sua imunidade tributária. O primeiro
concursos públicos, as vagas não preenchidas em razão da
grau de jurisdição entendeu pela extinção do processo sem
julgamento de mérito, com base na ilegitimidade ativa ad desistência de candidatos convocados geram direito subjetivo
causam do Ministério Público Federal (MPF), em razão da aos outros seguintes na ordem de classificação. Para a Min.
Relatora, na hipótese dos autos, ficou devidamente
natureza fiscal do direito controvertido. Tal decisão foi
comprovado que os impetrantes, ora recorrentes, foram
reformada pelo tribunal a quo, o qual determinou o
aprovados no concurso para provimento do cargo de analista
prosseguimento da ACP. No REsp, a recorrente sustenta,
de administração pública – arquivista, sendo classificados nas
entre outras alegações, violação dos arts. 3º e 267, VI, do
posições 85º e 88º, bem como que foram convocados 37
CPC. Portanto, cinge-se a questão à análise da legitimidade
novos candidatos, alcançando a 83º colocação, e também
ativa ad causam do MPF e da existência de legítimo interesse
ficou comprovada, documentalmente, a desistência de, pelo
a justificar o ajuizamento da mencionada ACP. Nesta instância
menos, cinco candidatos convocados na segunda chamada,
especial, observou-se que, no caso, a pretensão recursal
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abarcando as colocações ocupadas pelos recorrentes. segurança. Logo, a Turma negou provimento ao recurso.
Evidenciou-se, assim, a presença do direito líquido e certo REsp 1.180.815-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
reclamado. Diante disso, a Turma deu provimento ao recurso, 19/8/2010. (informativo 443 – 3ª Turma)
visto que a atual jurisprudência deste Superior Tribunal tem
entendido que o desinteresse dos candidatos convocados, ou REPETITIVO. ICMS. FATO GERADOR.
mesmo sua desclassificação em razão do não preenchimento Ao julgar recurso repetitivo (art. 543-C do CPC e Res. n.
de determinados requisitos, gera, para os seguintes na ordem 8/2008-STJ), a Seção reiterou o entendimento de que o
de classificação, direito subjetivo à nomeação. Precedentes deslocamento de bens ou mercadorias entre estabelecimentos
citados: RMS 19.635-MT, DJ 26/11/2007; RMS 27.575-BA, DJe de uma mesma empresa não se subsume à hipótese de
14/9/2009, e RMS 26.426-AL, DJe 19/12/2008. RMS 32.105-DF, Rel. incidência do ICMS, porquanto, para a ocorrência do fato
Min. Eliana Calmon, julgado em 19/8/2010. (informativo 443 – 2ª imponível é imprescindível a circulação jurídica da mercadoria
Turma) com a transferência da propriedade. Assim, não constitui fato
gerador do referido tributo o simples deslocamento de
INDENIZAÇÃO. PERDA. CHANCE. ELEIÇÃO. mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo
O tribunal a quo deu parcial provimento à apelação interposta contribuinte (Súm. n. 166-STJ). Precedentes citados do STF:
pelos ora recorrentes para reduzir o valor da indenização AgRg no AI 618.947-MG, DJe 25/3/2010; AgRg no AI 693.714-
imposta pela sentença, que os condenou ao pagamento de RJ, DJe 21/8/2009; do STJ: AgRg nos EDcl no REsp
danos morais e materiais ao recorrido, por, às vésperas do dia 1.127.106-RJ, DJe 17/5/2010; AgRg no Ag 1.068.651-SC, DJe
da eleição municipal, haver veiculado falsa notícia referente à 2/4/2009; AgRg no AgRg no Ag 992.603-RJ, DJe 4/3/2009;
sua candidatura ao cargo de vereador, não tendo sido eleito AgRg no REsp 809.752-RJ, DJe 6/10/2008, e REsp 919.363-
por apenas oito votos. Assim, a Turma negou provimento ao DF, DJe 7/8/2008. REsp 1.125.133-SP, Rel. Min. Luiz Fux,
recurso, reiterando o entendimento de que é possível a julgado em 25/8/2010. (informativo 444 – 1ª Seção)
indenização pelo benefício cuja chance a parte prejudicada
tenha perdido a oportunidade de concretizar, segundo um ACP. DESCONSTITUIÇÃO. SENTENÇA. DANO.
critério de probabilidade. Não se trata de reparar a perda de ERÁRIO.
uma simples esperança subjetiva, em conferir ao lesado a Trata-se de imóvel discutido em ação reivindicatória que
integralidade do que esperava caso obtivesse êxito ao usufruir pertencia originariamente à companhia de desenvolvimento
plenamente sua chance. É necessário que tenha ocorrido um industrial estadual, e que foi vendido à firma individual dos
ato ilícito e, daí, decorresse a perda da chance de obter o recorridos e, em razão de sua inadimplência, o imóvel foi
resultado que beneficiaria o lesado. Precedentes citados: REsp retomado pela companhia. Sucede que, mesmo inadimplentes
1.104.665-RS, DJe 4/8/2009; REsp 965.758-RS, DJe 3/9/2008; REsp
com as prestações da compra e venda, um dos recorridos
1.079.185-MG, DJe 4/8/2009, e REsp 788.459-BA, DJ 13/3/2006.
REsp 821.004-MG, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 19/8/2010. firmou empréstimo com banco do Estado, por meio de outra
(informativo 443 – 3ª Turma) empresa da qual era sócio, dando em garantia o mesmo
imóvel. Posteriormente, deu-se novamente sua inadimplência
e o banco o executou, adjudicando o imóvel. Contudo, a
CIRURGIA ESTÉTICA. INDENIZAÇÃO. QUELOIDES. companhia estadual já havia retomado o bem e repassado a
Trata-se, na origem, de ação de indenização por danos morais
terceiros, não chegando o banco a tomar posse dele. Anotou-
e estéticos, ajuizada pela ora recorrente contra o recorrido, na
se que aquele recorrido propôs demanda para rescindir a carta
qual alega que foi submetida a uma cirurgia estética
de adjudicação, obtendo decisão favorável. Então, em
(mamoplastia de aumento e lipoaspiração), que resultou em
seguida, os dois recorridos promoveram ação reivindicatória
grandes lesões proliferativas – formadas por tecidos de
apenas contra o banco, pleiteando, como pedido principal, a
cicatrização – nos locais em que ocorreram os cortes da
restituição do bem ofertado em garantia e, subsidiariamente, a
operação. Ora, o fato de a obrigação ser de resultado, como o
condenação do banco ao pagamento de indenização em razão
caso de cirurgia plástica de cunho exclusivamente
da suposta perda da posse do imóvel, pretensão que foi
embelezador, não torna objetiva a responsabilidade do
acolhida pelo órgão julgador. Observou-se que a ação
médico, ao contrário do que alega a recorrente. Permanece
reivindicatória só foi ajuizada após a retomada e a alienação
subjetiva a responsabilidade do profissional de Medicina, mas
do imóvel pela companhia, no entanto ela não foi chamada
se transfere para o médico o ônus de demonstrar que os
para compor essa lide. Diante desses fatos é que o parquet
eventos danosos decorreram de fatores alheios à sua atuação
estadual pleiteou, via ação civil pública (ACP), desconstituir a
durante a cirurgia. Assim, conforme o acórdão recorrido, o
sentença proferida em ação reivindicatória, que condenou o
laudo pericial é suficientemente seguro para afirmar a
banco estadual a indenizar os recorridos em quase R$ 2
ausência de qualquer negligência do cirurgião. Ele não poderia
milhões. No entanto, o juiz extinguiu a ACP sem resolução de
prever ou evitar as intercorrências registradas no processo de
mérito (art. 267, VI, do CPC) e entendeu que o pedido de
cicatrização da recorrente. Assim, não é possível pretender
anulação não guardaria pertinência com o objetivo dessa
imputar ao recorrido a responsabilidade pelo surgimento de
ação. Por sua vez, o TJ negou provimento ao apelo do MP,
um evento absolutamente casual, para o qual não contribuiu.
entendendo que a eventual nulidade da sentença por ausência
A formação do chamado queloide decorreu de característica
de citação do litisconsorte passivo necessário deve ser
pessoal da recorrente, e não da má atuação do recorrido.
dirimido por meio de querela nullitatis insanabilis, visto ser a
Ademais, ao obter da recorrente, por escrito, o termo de
ACP via inadequada à declaração de nulidade de sentença já
consentimento, no qual explica todo o procedimento,
atingida pela coisa julgada. A Min. Relatora anotou que, no
informando-lhe sobre os possíveis riscos e complicações pós-
recurso, não há questionamento acerca do mérito da questão
cirúrgicos, o recorrido agiu com honestidade, cautela e
de fundo, ou seja, se a companhia era realmente litisconsorte

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passiva necessária, mas tão-somente sobre a viabilidade de realizada com base no Piso Nacional de Salários, devendo o
ajuizamento de ACP pelo MP com objetivo de obter a salário-mínimo de referência ser utilizado apenas no período
desconstituição de sentença nula ou inexistente que tenha de setembro de 1987 até março de 1989, ou seja, durante a
causado dano ao patrimônio público. Por outro lado, assevera vigência do DL n. 2.351/1987. AR 3.718-SP, Rel. Min. Felix
que a citação do litisconsorte passivo necessário, no caso a Fischer, julgada em 25/8/2010. (informativo 444 – 3ª Seção)
companhia estadual, constitui pressuposto processual
indispensável à regular formação do contraditório. Assim, a CITAÇÃO. GREVE. PROCURAÇÃO. CÓPIA.
sentença proferida em processo que tramitou sem a citação de A citação promovida durante greve do Judiciário é válida.
litisconsorte necessário está impregnada de vício insanável Assim, cabe ao advogado da parte acompanhar o desenrolar
que pode ser impugnado por meio de qualquer ação autônoma do movimento grevista e se cientificar do início da contagem
declaratória, seja ela individual ou coletiva, mesmo após o dos prazos processuais. Quanto à representação processual
transcurso do prazo decadencial para ajuizamento da ação da recorrida, anote-se que este Superior Tribunal tem
rescisória. Segundo a Min. Relatora, não há justificativa para jurisprudência de que se presume verdadeira a procuração
negar a legitimidade ao MP para, por meio de ACP, impugnar juntada por cópia aos autos e que cabe à parte contrária
sentença com vício transrescisório. Nesses casos, explica que impugnar sua autenticidade. Na hipótese, houve a revelia do
o parquet age como substituto processual da coletividade recorrente, que não promoveu a referida impugnação, a
lesada e tem interesse na anulação do ato lesivo ainda que o consolidar a presunção de validade do documento.
ato seja judicial. Diante do exposto, a Turma deu provimento Precedentes citados: EREsp 1.015.275-RS, DJe 6/8/2009, e
ao recurso, determinando o retorno dos autos ao juízo de 1º AgRg no Ag 563.189-SP, DJ 16/11/2004. REsp 1.153.218-SP,
grau para que examine o mérito da demanda. Precedentes Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/8/2010. (informativo
citados: REsp 1.015.133-MT, DJe 23/4/2010; REsp 622.405-SP, DJ 444 – 3ª Turma)
20/9/2007; REsp 1.162.074-MG, DJe 26/3/2010; REsp 12.586-SP, DJ
4/11/1991; REsp 194.029-SP, DJ 2/4/2007, e REsp 1.009.246-RN,
ALIMENTOS TRANSITÓRIOS.
DJe 11/9/2008. REsp 445.664-AC, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado
em 24/8/2010. (informativo 444 – 2ª Turma)
A estipulação de alimentos transitórios (por tempo certo) é
possível quando o alimentando ainda possua idade, condição
e formação profissional compatíveis com sua provável
ALIMENTOS. LEGITIMIDADE. MP.
inserção no mercado de trabalho. Assim, a necessidade de
O menor que necessita dos alimentos em questão reside com
alimentos perdura apenas até que se atinja a aguardada
sua genitora em comarca não provida de defensoria pública.
autonomia financeira, pois, nesse momento, não mais
Contudo, é certo que o MP tem legitimidade para propor ações
necessitará da tutela do alimentante, então, liberado da
de alimentos em favor de criança ou adolescente,
obrigação (que se extinguirá automaticamente). REsp
independentemente da situação em que se encontra ou
1.025.769-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
mesmo se há representação por tutores ou genitores (art. 201, 24/8/2010. (informativo 444 – 3ª Turma)
III, da Lei n. 8.069/1990 – ECA). Já o art. 141 desse mesmo
diploma legal é expresso ao garantir o acesso da criança ou
MONITÓRIA. DECISÃO. CONVERSÃO.
adolescente à defensoria, ao MP e ao Judiciário, o que leva à
A decisão que converte o mandado monitório em título
conclusão de que o MP, se não ajuizasse a ação,
executivo judicial tem a natureza de sentença (art. 1.102-C do
descumpriria uma de suas funções institucionais (a curadoria
CPC), pois pressupõe uma decisão com resolução de mérito
da infância e juventude). Anote-se que a Lei de Alimentos
(art. 269 do mesmo codice). Por outro lado, essa decisão não
aceita a postulação verbal pela própria parte, por termo ou
confere executividade ao documento que acompanha a inicial
advogado constituído nos autos (art. 3º, § 1º, da Lei n.
da monitória. Ela reconhece, sim, que é devida a obrigação
5.478/1968), o que demonstra a preocupação do legislador em
nele subscrita, na forma em que foi apresentado na inicial da
garantir aos necessitados a via judiciária. A legitimação do
monitória (quantum), constituindo, dessa forma, o título
MP, na hipótese, também decorre do direito fundamental de
executivo judicial. Assim, não há como dar contornos de
acesso ao Judiciário (art. 5º, LXXIV, da CF/1988) ou mesmo
cobrança à ação monitória. Precedente citado: REsp 712.575-
do disposto no art. 201 do ECA, pois, ao admitir legitimação de
DF, DJe 2/5/2006. REsp 1.120.051-PA, Rel. Min. Massami
terceiros para as ações cíveis em defesa dos direitos dos
Uyeda, julgado em 24/8/2010. (informativo 444 – 3ª Turma)
infantes, reafirma a legitimidade do MP para a proposição
dessas mesmas medidas judiciais, quanto mais se vistas as
incumbências dadas ao parquet pelo art. 127 da CF/1988. A DANOS MORAIS. EXECUÇÃO INDEVIDA.
alegação sobre a indisponibilidade do direito aos alimentos Trata-se de REsp em que se discute a responsabilidade da
não toma relevo, visto não se tratar de interesses meramente recorrida e a consequente indenização por danos morais à
patrimoniais, mas, sim, de direito fundamental de extrema recorrente pela negativação de seu nome efetuada por órgão
importância. Precedentes citados: REsp 510.969-PR, DJ de proteção ao crédito, tendo em vista que tal negativação
6/3/2006, e RHC 3.716-PR, DJ 15/8/1994. REsp 1.113.590- deu-se em decorrência de ação de execução indevidamente
MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/8/2010. ajuizada pela recorrida em desfavor da recorrente. A Turma
(informativo 444 – 3ª Turma) conheceu parcialmente do recurso, mas lhe negou provimento,
por entender que a responsabilidade da recorrida não se
REVISÃO. BENEFÍCIO. PISO NACIONAL. SALÁRIOS. afigura na espécie, pois seu direito de ação não pode ser
interpretado como gerador do pretenso dano moral, haja vista
A Seção julgou procedente a ação e reiterou a jurisprudência
que faz parte dos direitos constitucionalmente garantidos o
assente, ao entender que a revisão de benefícios
acionamento da máquina judiciária. Ressaltou-se que,
previdenciários, estabelecida no art. 58 do ADCT, deve ser
somente na hipótese de comprovada má-fé da recorrida em
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provocar a prestação jurisdicional do Estado em lide para a realização dos exames médicos. Como o recorrente
evidentemente temerária, poder-se-ia perquirir sobre os danos classificou-se em 116º lugar, não tem direito líquido e certo a
invocados. No caso, o tribunal a quo expressamente não participar do curso de formação profissional, mas mera
reconheceu tal ocorrência. Ademais, pelo princípio da expectativa de direito. Precedentes citados: AgRg no REsp
publicidade imanente, o qual se reconhece hígido no STJ, o 768.539-RJ, DJe 1º/12/2008; RMS 24.971-BA, DJe 22/9/2008,
próprio banco de dados autonomamente procede à inscrição, e RMS 25.394-BA, DJe 5/5/2008. RMS 21.528-MA, Rel. Min.
pois se cuida de informação constante do cartório de Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 24/8/2010.
distribuição de feitos judiciais, de ampla publicidade. REsp (informativo 444 – 6ª Turma)
780.583-DF, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em
24/8/2010. (informativo 444 – 4ª Turma) Fonte: Site oficial do Superior Tribunal de Justiça
(informativo 443 e 444)
HC. FICHA LIMPA.
A Turma não conheceu de habeas corpus impetrado com o
intuito de anular condenação pelo delito de uso de documento NOVIDADES LEGISLATIVAS
falso, cuja punibilidade já foi extinta pela prescrição. Segundo
a Min. Relatora, o referido remédio constitucional não é a via LEI Nº 12.321, DE 08 DE SETEMBRO DE 2010.
adequada para afastar as consequências eleitorais Dispõe sobre a criação de cargos e funções nos Quadros de
estabelecidas pela LC n. 135/2010 (Lei da ―Ficha Limpa‖), Pessoal dos ramos do Ministério Público da União.
porquanto inexistente, em tais hipóteses, ameaça ao direito de
locomoção do paciente. Precedentes citados do STF: do STJ: LEI Nº 12.322, DE 09 DE SETEMBRO DE 2010.
/2007, e HC 117.231-RS, DJe 19/4/2010. HC 166.977-MG, Rel. Min. Transforma o agravo de instrumento interposto contra decisão
Laurita Vaz, julgado em 26/8/2010. (informativo 444 – 5ª Turma) que não admite recurso extraordinário ou especial em agravo
nos próprios autos, alterando dispositivos da Lei no 5.869, de
VENCIMENTOS. JUIZ SUBSTITUTO. 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
A Turma deu provimento ao recurso especial para estabelecer
que o art. 124 da LC n. 35/1979 (Loman), o qual dispõe acerca
do recebimento de diferença de vencimentos, não se aplica às
hipóteses em que juiz substituto é designado para o exercício NOTÍCIAS JURÍDICAS
das atribuições do cargo em comarca onde não haja juiz
titular. Segundo a Min. Relatora, além de a substituição ser CIRCULAÇÃO DE MERCADORIA ENTRE FILIAIS
condição inerente ao cargo de magistrado substituto, o aludido NÃO GERA ICMS
dispositivo é direcionado aos juízes que, já titulares de Não constitui fato gerador de Imposto sobre Circulação de
instância inferior, são convocados em substituição aos de Mercadorias e Serviços (ICMS) o simples deslocamento de
instância superior, motivo pelo qual não há de se falar em mercadoria de um estabelecimento para outro do mesmo
ocorrência de desvio de função. Precedente citado do STF: contribuinte em estados diferentes. O entendimento é da 1ª
RE 110.357-SP, DJ 10/10/1986. REsp 839.317-PB, Rel. Min. Seção do Superior Tribunal de Justiça, a que chegou em
Laurita Vaz, julgado em 26/8/2010. (informativo 444 – 5ª julgamento de Recurso Representativo de Controvérsia,
Turma) seguindo o rito do artigo 543-C do Código de Processo Civil,
criado pela Lei de Recursos Repetitivos.
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. FRAUDE. O relator foi o ministro Luiz Fux. A posição foi unânime na
SEQUESTRO. Seção e levou em conta diversos precedentes sobre a
A Turma deu provimento a recurso especial interposto por questão, não só do STJ, mas também do Supremo Tribunal
beneficiária de pensão por morte, denunciada pela suposta Federal. O ministro ainda citou em seu voto a Súmula
prática do delito tipificado no art. 171, § 3º, do CP (obtenção 166/STJ. Agora, o mesmo entendimento deve ser aplicado em
fraudulenta de benefício previdenciário). Segundo o Min. julgamentos similares em tribunais de todo o país.
Relator, mostra-se inviável, na hipótese dos autos, o sequestro O recurso analisado é da IBM Brasil Indústria, Máquinas e
da importância percebida pela recorrente, tendo em vista o Serviços Ltda. A empresa contestava uma execução fiscal do
seu caráter alimentar e a inexistência de decisão judicial que fisco paulista quanto à incidência de ICMS sobre operação de
tenha declarado a ilegalidade de seu pagamento, ato transferência de equipamentos do seu ativo permanente em
administrativo dotado da presunção de legitimidade. REsp São Paulo para outro estabelecimento, situado no Rio de
1.158.411-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 26/8/2010. Janeiro. A IBM teria emitido nota fiscal regularmente,
(informativo 444 – 5ª Turma) informando sobre a isenção que beneficiava a referida
operação.
CONCURSO PÚBLICO. CONVOCAÇÃO. LIMITE. Em primeiro grau, a IBM teve êxito. Foi reconhecida a
inexistência de fato gerador do ICMS. Mas a fazenda estadual
VAGAS.
apelou, e o Tribunal de Justiça de São Paulo reformou o
A Turma reiterou o entendimento de que os candidatos
entendimento. A empresa, então, recorreu ao STJ.
aprovados em determinada fase do concurso público que não
O ministro Fux explicou que a chamada ―circulação de
se classificaram dentro do limite de vagas previsto no edital
mercadorias‖ de que fala o artigo 155 da Constituição Federal
têm mera expectativa de direito de participarem da etapa
refere-se à circulação jurídica, que pressupõe efetivo ato
subsequente do certame. No caso, o edital previa que
mercantil, com a finalidade de obter lucro, transferindo-se a
somente os candidatos habilitados até o 95º lugar nas provas
titularidade.
objetivas e de conhecimentos específicos seriam convocados
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Assim, o deslocamento de bens ou mercadorias entre a diligência, nós estaríamos processando um processo em
estabelecimentos de uma mesma empresa, por si, não implica nome de alguém já falecido‖.
incidência do ICMS, porque para ocorrer o fato gerador é O presidente do Supremo finaliza dizendo que ―não custa
imprescindível a circulação jurídica da mercadoria com a nada juntar uma nova procuração ao processo se a parte
transferência da propriedade. estiver viva‖. Por fim, os ministros negaram provimento aos
Durante o trâmite do recurso, a IBM depositou o valor cobrado Embargos de Declaração na Ação Rescisória.
pela fazenda estadual, para que fosse suspensa a [1] MARIANA GHIRELLO é repórter da revista Consultor
exigibilidade do crédito tributário, ―unicamente em virtude de Jurídico.
iminente participação em concorrências públicas‖. Agora, com Fonte: Revista Consultor Jurídico – 03/09/10
a decisão do STJ, a empresa deverá ingressar com pedido
para reaver o valor. Com informações da Assessoria de INCIDE IR SOBRE INDENIZAÇÃO POR HORAS
Imprensa do STJ. REsp 1.125.133 EXTRAS
Fonte: Revista Consultor Jurídico – 03/09/10 A 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula
463, pacificando o entendimento da Corte sobre a incidência
STF EXIGE NOVA PROCURAÇÃO EM AÇÃO do Imposto de Renda sobre os valores recebidos a título de
RESCISÓRIA indenização por horas extraordinárias trabalhadas, ainda que
por MARIANA GHIRELLO [1] decorrentes de acordo coletivo.
A Ação Rescisória exige nova procuração, mesmo quando Aprovada por unanimidade, a súmula tem como referência
aquela que consta nos autos principais dá poderes amplos ao decisões de Recursos Especiais submetidos ao rito dos
advogado. O entendimento foi definido pela maioria do recursos repetitivos, em que um caso é selecionado como
Plenário do Supremo Tribunal Federal na sessão do dia 18 de paradigmático para análise dos outros que tratam da mesma
agosto. O ministro Marco Aurélio ficou vencido, se disse temática.
perplexo com a decisão dos colegas e questionou: No julgamento dos Embargos em Recurso Especial 670.514, a
―outorgados os poderes por prazo indeterminado, vamos 1ª Seção entendeu que a indenização paga pela Caixa
limitar no tempo o instrumento que é a procuração?‖. Econômica Federal a advogados da própria instituição, por
Para o ministro Marco Aurélio, exigir nova procuração é uma força de acordo coletivo, tem caráter remuneratório e gera
forma de ―prejudicar aquele que o princípio visa proteger — o aumento patrimonial e, portanto, está sujeita à incidência de
recorrente‖. "Fico vencido na conversão e, na matéria de Imposto de Renda. O acordo estabeleceu, para os advogados
fundo, ainda estou aqui com a minha perplexidade, no que da Caixa, jornada de trabalho de oito horas diárias. A
jurisprudencialmente se limita a vigência do instrumento de indenização, no valor de R$ 62.443, foi paga para compensá-
mandato, credenciando o profissional da advocacia", los pelo não cumprimento da Lei 8.906/1994, que estabelece
lamentou. A corte rejeitou a Ação Rescisória porque não havia jornada diária de quatro horas.
nova procuração. Para o relator do caso, ministro Herman Benjamin, a
Na discussão sobre a exigência de uma nova procuração em indenização recebida pelos advogados da CEF não é para
Ação Rescisória, o ministro Ayres Britto afirmou que seu recompor redução em seu patrimônio. Segundo ele, o caso se
entendimento é no sentido de que é necessário o novo equiparava a lucros cessantes, pois a indenização se refere ao
documento. Marco Aurélio argumentou que o documento pagamento de eventuais horas extras, constituindo acréscimo
anterior não é específico para uma ação apenas, mas para patrimonial para os advogados que a receberam. Assim, o
todas. pagamento está sujeito ao Imposto de Renda.
O presidente da Corte, ministro Cezar Peluso disse que a Também foram usados para a fundamentação da súmula os
renovação do documento é importante, visto que se trata de artigos 43 do CNT e 543-C do CPC e a Resolução 8 do STJ, e
uma nova ação. ―A rescisória é uma outra causa, portanto, os Eresps 666.288, 670.514, 979.765 e 939.974 e o Resp
pede outro contrato de mandato‖, ressaltou. A relatora do 1.049.748. Com informações da Assessoria de Imprensa do
processo, ministra Ellen Gracie, também destacou que embora STJ.
a procuração dê poderes amplos, ela não atinge a Ação Fonte: Revista Consultor Jurídico – 06/09/10
Rescisória.
Ao acompanhar o voto da ministra relatora, o ministro Dias BANCA PODERÁ TER UM MEMBRO DA PRIMEIRA
Toffoli lembrou de um caso concreto que justificaria a INSTÂNCIA
exigência da nova procuração. Segundo o ministro, a Ação A comissão organizadora de concurso público para investidura
Rescisória que ia julgar trazia nos autos uma cópia de uma no cargo de juiz federal substituto pode, a partir de agora, ser
procuração de mais de 15 anos. Quando ele solicitou que o integrada por um juiz federal de primeira instância. O
advogado regularizasse a documentação, ficou sabendo que a Conselho da Justiça Federal, por maioria, decidiu alterar a
parte tinha morrido. Resolução 67/2009, que estabelece normas para a realização
Para Toffoli, a Ação Rescisória é uma nova ação e, portanto, a desses concursos no âmbito da Justiça Federal de primeiro e
procuração antiga não legitima para a nova. ―Até porque ela segundo graus.
traz consequências à parte‖, reforça. Na mesma linha, a No mesmo processo, o CJF decidiu ainda alterar outros
ministra Cármen Lúcia acrescenta que a parte poderia até dispositivos da mesma Resolução no sentido de permitir que
querer outro advogado, ―como normalmente acontece, já que os valores arrecadados com a taxa de inscrição no concurso
ele perdeu‖. possam ser repassados ao tribunal regional federal, no caso
O ministro Toffoli completa: ―eu só trouxe isso como exemplo deste ser o realizador do certame. A sessão do CJF foi
de um caso em que, se não tivesse dado o despacho pedindo realizada em 31 de agosto, na nova sede do órgão.

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Em sua redação original, a Resolução 67 estabelecia que a
comissão do concurso deve ser composta por cinco titulares, PASSOU A PROVA.....O QUE FAZER???
sendo três membros do tribunal regional federal, um professor
da faculdade de Direito oficial ou reconhecida, e um advogado Passou a Prova do Concurso Público: O QUE
indicado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Com a
mudança aprovada, em vez de três membros do tribunal FAZER?
regional, passam a ser dois membros do tribunal e um juiz por Rogerio Neiva [1]
federal de primeira instância. Ao longo do processo de busca da aprovação no concurso
O pedido de alteração da Resolução foi feito pela Associação público, havendo uma intensa mobilização e implementação
dos Juízes Federais do Rio Grande do Sul (Ajufergs) e pela de esforços para determinada prova, principalmente sendo
Associação dos Juízes Federais do Rio de Janeiro e Espírito uma prova em relação à qual há grandes expectativas, é
Santo (Ajuferjes). O relator do processo no CJF, natural que muitos candidatos fiquem em dúvida em relação
desembargador federal Luiz Alberto Gurgel de Faria, ao rumo a seguir posteriormente. O objetivo do presente texto
presidente do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, votou é tecer algumas ponderações acerca deste tema.
pelo indeferimento do primeiro pedido, tendo sido vencido O caso do concurso público do MPU é emblemático.
neste ponto. Foram mais de 750 mil candidatos inscritos. E, inegavelmente,
O segundo pedido foi encaminhado ao CJF pelo Tribunal houve uma intensa e significativa mobilização. Porém, esta
Regional Federal da 4ª Região. O tribunal argumentou que a mesma dinâmica pode ser aplicada ao comportamento de
Resolução 94/2009 alterou a Resolução 67, passando a candidatos a diversos outros concursos públicos, para várias
permitir que a primeira etapa do concurso seja executada outras carreiras.
tanto por instituição especializada — neste caso contratada Mas um primeiro aspecto relevante, a ser considerado
pelo CJF — ou pela própria comissão do concurso — ficando inicialmente, é que, em tese, ao longo da trajetória de
a realização do concurso, neste último caso, sob a candidatos a concursos públicos, podemos estar numa
responsabilidade do tribunal regional respectivo. situação na qual, por um lado, estamos empenhados na
―A fim de racionalizar e desburocratizar a movimentação de preparação para algum ou alguns concursos públicos que
tais recursos financeiros, deve ser acolhido o pleito do TRF-4, ocorrem de forma cíclica. Por outro lado, podemos nos
passando as quantias apuradas com a taxa de inscrição, em mobilizar em torno de determinado concurso específico, numa
tal caso, a serem vertidas diretamente aos regionais ocasião específica.
responsáveis pela realização integral do certame‖, justifica o No primeiro caso, o candidato acaba por ter uma postura
relator. Com informações da Assessoria de Imprensa do CJF. que tende a se enquadrar num perfil de longo prazo. Seria a
Fonte: Revista Consultor Jurídico – 07/09/10 situação, por exemplo, de um candidato que busca a carreira
fiscal e presta concurso para cargos desta natureza em
EMPRESA NÃO AGIU EM CONLUIO EM CONTRATO, diversas unidades da federação. Ou seja, este candidato não
DECIDE STJ promove uma mobilização de ocasião única. O mesmo poderia
É indispensável a demonstração de má-intenção para que o ocorrer com aquele que pretende um cargo de carreira policial,
ato ilegal e ímprobo adquira status de improbidade. O almejando como objetivo maior a Polícia Federal, mas se
entendimento é da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça e mobiliza e acompanha os concursos públicos da Polícia Civil
foi firmado em julgamento que restabeleceu decisão do de alguns Estados da Federação. No caso daqueles que
Tribunal de Justiça de São Paulo. A segunda instância almejam a Magistratura da União (Juiz do Trabalho ou Juiz
entendeu que não há comprovação de que a empresa Federal) ou o Ministério Público Estadual (Promotor de
contratada agiu em conluio com o representante da Justiça), este comportamento é muito comum. No universo do
administração. pessoal que presta concurso público para Juiz do Trabalho, há
O relator dos Embargos de Divergência foi o ministro Teori uma expressão criada em tom de brincadeira de que haveria o
Albino Zavascki. O caso diz respeito a uma empresa de São ―TRTur‖, na medida em que, dada a uniformidade de programa
Paulo condenada pela 2ª Turma em ação de improbidade e regras do edital, muitos candidatos prestam concursos em
administrativa por ter firmado com a administração pública diversas Regiões.
contrato para fornecimento de medicamento sem licitação. Noutro sentido, no caso dos candidatos que se mobilizam
Justificativa: emergência. em torno de um concurso público específico, é natural que
O ministro Teori afirmou que o elemento subjetivo é essencial esta mobilização tenha um foco de ocasião única. Por
à configuração da improbidade. Ele explicou que se exige dolo exemplo, vamos imaginar um candidato que se mobilizou em
para que se configurem as hipóteses típicas do artigo 9º e torno do concurso público do MPU, a partir da publicação do
artigo 11 da Lei 8.429/1992. E exige-se pelo menos culpa, nas edital ou da sua iminência, não tendo imaginado que teria que
hipóteses do artigo 10 da mesma lei. se mobilizar para outro concurso público. Traduzindo, em
No caso analisado, o TJ de São Paulo entendeu que não outras palavras: elege aquele concurso como a oportunidade
havia comprovação de que a empresa contratada agiu em única de busca de uma carreira pública. Obviamente que este
conluio com o representante da administração, com dolo ou candidato tende a trabalhar com uma perspectiva de curto
culpa, que houve superfaturamento e que a contratada foi prazo. Ainda que conscientemente não reconheça tal
tratada com protecionismo. Com informações da Assessoria compreensão.
de Imprensa do STJ. Eresp 479.812º. Diante destas possibilidades, a primeira ponderação que
Fonte: Revista Consultor Jurídico – 08/09/10 levanto é de que o concurso público precisa ser encarado
como um objetivo de longo prazo. E sustento tal tese não
apenas por uma questão de viabilidade, mas também de

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gestão das condições emocionais. Ou seja, encarar a de preparação, com a estruturação de um planejamento de
preparação para o concurso público como uma meta de curto longo prazo. Já para aqueles que contam com uma
prazo é inviável e traz uma série de conseqüências em termos perspectiva de longo prazo, que assim se mantenham, sendo
de frustrações ao candidato. que a idéia das fases da preparação, envolvendo a etapa da
Não custa lembrar que, conforme tenho sustentado, a apropriação intelectual primária e depois secundária, conforme
preparação para o concurso público deve ser encarada como a metodologia que venho propondo, pode ser de grande
um verdadeiro empreendimento. Um empreendimento de utilidade.
natureza cognitiva e intelectual. Isto é, qual é o objetivo da Mas o fundamental mesmo é ter o foco no processo,
preparação para o concurso público? No plano mediato e entendendo que a aprovação no concurso público consiste
finalístico maior trata-se, obviamente, da aprovação. Mas no numa conseqüência mais do que natural de uma preparação
plano imediato, o objetivo consiste na apropriação intelectual empreendida de maneira adequada, estratégica e eficiente.
de um conjunto de informações passíveis de cobrança no Conforme venho sustentando, uma preparação de alto
momento da prova. rendimento.
E esta necessidade de compreensão de longo prazo Para os interessados em tomarem mais contato com estes
decorre não apenas do tamanho do objeto de conhecimento a conceitos, relacionados à estruturação e execução do
ser intelectualmente apropriado, ou seja, a quantidade de planejamento da preparação para o concurso público, o livro
matérias e conteúdos a serem estudados, mas também que lancei recentemente pela Editora Método, ―Como se
considerando a complexidade dos processos cognitivos a Preparar para Concursos Públicos com Alto Rendimento‖
serem desenvolvidos, para a efetiva apropriação intelectual. traz informações de grande relevância. Tais informações
Não tenho dúvida de que a fórmula mágica que vai garantir conceituais e metodológicas são importantes para que aqueles
resultados de curto prazo e sem o esforço necessário não que ainda não começaram a se preparar saibam como iniciar
existe. de forma correta, bem como para os que estão se preparando
Faço tal afirmação com base em fundamentos científicos, avaliarem a todo momento as atitudes que estão sendo
avaliando o processo cognitivo, mas principalmente empíricos. adotadas.
Faz mais de uma década que vivo o universo da preparação
Bons estudos!
para concursos públicos, seja considerando a fase de
candidato, seja no âmbito do trabalho de professor de cursos [1] Rogerio Neiva Pinheiro. Juiz do Trabalho desde 2002,
preparatórios. atuante em Brasília/DF. Professor de curso preparatório para
Como venho reiteradamente sustentado, não há ―almoço concursos e exame da OAB, contando com centenas de
grátis‖. No mesmo sentido, não acredito no êxito do candidato alunos aprovados nestes certames. Responsável pela criação
microondas. O candidato microondas é aquele que quer do Sistema Tuctor – o gerenciador de estudos.
aprovação de forma rápida, fácil e sem esforço. É o que se Fonte: Blog do professor Rogerio Neiva – dia 14/09/10
ilude com as fórmulas mágicas e fáceis. É o que vai para o
curso de revisão ou de exercícios dois meses antes da prova,
achando que será a solução milagrosa. É aquele que só se
mobiliza e se empolga apenas com a publicação do edital.
O fenômeno do concurso público é algo cíclico. Por mais
que vozes conservadoras do passado digam o contrário, com
o discurso fácil e inconsistente de acusação de inchaço da
máquina pública, o país não vai parar de crescer, as
demandas da sociedade não vão parar de aumentar e o
Estado, enquanto ente responsável pelo atendimento de tais
demandas, também não irá se estagnar. Se os governos
querem arrecadar mais, precisão contratar mais Auditores
Fiscais. Se querem promover execuções fiscais de tributos
lançados e inscritos na dívida, terão que contratar
Procuradores. Se querem que o processo de execução fiscal
ande na Justiça, terão que contratar servidores do Judiciário.
Este raciocínio é um pequeno exemplo, pegando apenas uma
faceta da atuação estatal. saiba mais!
E vale lembrar que o texto constitucional, bem como a sua
interpretação, está cada vez mais contando com a ampliação
dos direitos de caráter positivo e prestacionistas, também Recentemente o Professor Rogerio Neiva esteve em São
chamados de direitos de segunda dimensão, assim previstos Paulo e ministrou palestra no Curso FMB sobre ―Preparação
principalmente no art. 6º da Constituição Federal. A recente Estratégica, Eficiente e Racional‖ nos concursos públicos e
Emenda Constitucional 64, que inseriu o direito à alimentação OAB.
no mencionado dispositivo, é apenas um exemplo desta A Palestra foi um sucesso entre os alunos dos cursos
compreensão. presencias e unidades satelitárias.
Portanto, passada a prova, para aqueles que trabalharam
com uma perspectiva de mobilização de ocasião única, Tenho certeza que o livro terá o mesmo sucesso!!
valorizando de forma intensa um único concurso e adotando Eu já li e Recomendo!!!
uma visão de curto prazo, é hora de pensar um novo modelo

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DESAFIOS EM DIREITO PENAL INFORMÁTICA & CONCURSOS

Caros leitores, Olá pessoal do informativo!!


É com grande satisfação que inicio a coluna Desafios em Hoje vou tratar do tema ―Vírus de Macro‖, ressaltando que
Direito Penal. este tema é muito explorado nas provas da Polícia Civil de SP.
Este espaço tem como objetivo principal a reflexão e a VÍRUS DE MACRO
aplicação do Direito Penal através de indagações e questões
práticas. Uma macro em um pacote Office é um conjunto de
A questão será disponibilizada quinzenalmente no comandos que são armazenados em alguns aplicativos, e
informativo e a resposta inserida no informativo subseqüente. utilizados para automatizar algumas tarefas repetitivas. Um
O destaque de hoje é para o tema Princípios em Direito exemplo seria, em um editor de textos, definir uma macro que
Penal, tema de grande relevância e muito exigido nos contenha a seqüência de passos necessários para imprimir
concursos públicos. um documento com a orientação de retrato e utilizando a
escala de cores em tons de cinza.
Pergunta 1 - O princípio da intervenção mínima colide com
Um vírus de macro é desenvolvido de forma a explorar
a ínfima gravidade das contravenções penais?
esta facilidade de automatização e é parte de um arquivo que
Um abraço, e até o próximo informativo! normalmente é manipulado por algum aplicativo que utiliza
macros, do tipo MS Office ou BR Office. Para que o vírus
Paulo Murilo Galvão
possa ser executado, o arquivo que o contém precisa ser
contato: pmgg@terra.com.br
aberto e, a partir dai, o vírus pode executar uma série de
comandos automaticamente e infectar outros arquivos no
O professor Paulo Murilo Galvão é advogado criminalista,
computador.
autor do livro Aulas em Direito Penal – Editora Método – GEN,
Existem alguns aplicativos que possuem arquivos base
professor de Direito Penal do IMES (Instituto Municipal de
(modelos) que são abertos sempre que o aplicativo é
Ensino) de Catanduva-SP.
executado. Caso este arquivo base seja infectado pelo vírus
de macro, toda vez que o aplicativo for executado, o vírus
Desejo boas vindas ao Prof. Paulo e tenho certeza que a sua
também será, o que poderá trazer algum tipo de dano nos
coluna será um sucesso entre os nossos leitores!!!
programas instalados no seu computador.
Arquivos nos formatos gerados pelo aplicativos Microsoft
Word, Excel, Power Point e Access são os mais suscetíveis a
PROMOÇÃO – DOMINE A JURISPRUDÊNCIA este tipo de vírus. Arquivos nos formatos RTF, PDF e PS são
menos suscetíveis, mas isso não significa que não possam
Você não pode deixar de participar da Promoção “DOMINE conter vírus.
A JURISPRUDÊNCIA” e concorrer a 5 coleções do meu livro
“Julgamentos e Súmulas do STF e STJ”. Até a próxima!

Prof. Idankas.

Rodney José Idankas é professor de informática do curso


FMB, autor do Livro de Informática para Concursos, publicado
pela Editora Método. É servidor público estadual concursado
desde 1989, trabalhando ao longo desse período com diversos
projetos ligados à Tecnologia da Informação (Informática)
junto à Administração Direta do Estado de São Paulo. Exerce,
atualmente, as atividades de auditoria externa junto ao
Tribunal de Contas de SP.
Blog - http://informaticadeconcursos.blogspot.com/

Acesse o regulamento pelo site:


www.editorametodo.com.br/julgamentos

RESPONDA E PARTICIPE!!!!

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foge à lei universal da entropia e uma hora ela irá acabar ... e
OTIMISMO & MOTIVAÇÃO só depende de você continuar lutando e resistir com
determinação e coragem para que ela acabe muito bem.
“SORRY” [1] Charles Dias é o concurseiro solitário.
por Charles Dias [1] Fonte: Blog Concurseiro Solitário – 24/06/10
Você está cansado, concurseiro? Não aguenta mais as
cobranças e falta de compreensão alheia? Está preocupado Você conhece o blog do Concurseiro Solitário?
porque parece que a vida está passando e você está O Blog tem um conteúdo excelente, muitos artigos, resenhas
perdendo o bonde da história? Sente-se deprimido, de livros, sorteios, enquetes.
desanimado, desmotivado por tudo isso? Enfim, o lugar ideal para troca de informações sobre material
de estudo, técnicas de estudo, experiências em provas, etc.
Sorry mas sua vida não vai parar só porque você ainda
Afinal, só um concurseiro é capaz de entender o outro, não é
não passou ou mesmo não foi empossado em um cargo
mesmo?
público. Lamento dizer que para o mundo, mesmo que você já
tenha algumas ótimas classificações no bolso e a tão falada
"mera expectativa de posse", enquanto você não for Não deixem de acessar!!!
empossado para o mundo isso vale o mesmo que nada vezes http://concurseirosolitario.blogspot.com/
nada.
A realidade é dura, meus amigos, e também cruel e
fria. A vida nunca foi e nunca será fácil. As pessoas cobram
mesmo, e não vão parar depois que você já for um "feliz"
servidor público. A vida vai continuar andando e a sensação
de correr atrás do bonde da história vai continuar após a
posse, com menos intensidade, que fique dito, mas
continuará. Motivos não faltarão para você se sentir deprimido, BONS ESTUDOS!!!
desanimado, desmotivado.
Digo tudo isso, desnudando ainda mais a dita
"realidade nua e crua" porque vejo muitos concurseiros se
enganarem achando que a posse em cargo público será a
panacéia para todos os problemas, a cura para todos os
males, a chave e a porta para uma vida de eterna felicidade e
contentamento. Só que não é bem assim que as coisas
funcionam, muito pelo contrário. VOCÊ PERDEU ALGUM INFORMATIVO?
Quando eu era um vestibulando, o fui por dois anos, Basta acessar nosso site www.cursofmb.com.br, clicar em
achava que ver meu nome na lista de aprovados do curso de carreiras jurídicas e em seguida em informativos.
Economia da USP seria algo assim mágico, três pedidos
realizados de uma vez só pelo gênio da lâmpada. Ralei muito,
estudei muito, emagreci uns dez quilos (essa parte é boa, não
sei por que não funciona agora que sou concurseiro ... droga),
mas consegui ... lá estava meu nome, dias depois eu estava
matriculado em tal curso. por longos sete anos enfrentei toda
sorte de problemas, contratempos, frustrações, desmotivações
... e alegrias, vitórias e blá blá blá. Ou seja, a vida continuou
como sempre, nada ficou tão bom quanto eu imaginava, só
diferente.
Diferente, essa é a palavra chave. Sua vida será
diferente com a posse. Não, você não se tornará um magnata
ganhando cinco ou dez mil reais por mês, mas poderá fazer e
comprar muito mais coisas que pode hoje com a dureza
financeira que lhe é inerente enquanto concurseiro. Mas os
problemas continuarão a existir, e também as alegrias, assim
como as vitórias e as derrotas, as motivações e sua gêmea
má desmotivação. A vida continuará, apenas será diferente de Responsável pelo conteúdo e elaboração do Informativo
hoje. FMB - Tânia Faga Advogada, Pós-Graduada em Direito
Resumo da ópera - Quero dizer com tudo isso que Público pela Escola Paulista de Direito e Organizadora do livro
você não está vivendo no inferno, no purgatório ou algo que o Julgamentos e Súmulas STF e STJ – GEN - Editora Método
valha enquanto é concurseiro, você está apenas vivendo uma Será um prazer tê-lo como meu seguidor clique aqui!
outra fase da sua vida, das mais duras, sim, mas, acredite,
nada tão mais extraordinariamente duro que outras fases Comentários, Críticas & Sugestões:
duras. Portanto, concurseiro, alegre-se porque essa fase não tania@cursofmb.com.br

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