Você está na página 1de 76

FACULDADE DO PARÁ-FAP

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

LAURA EMANNUELA GUIMARÃES DE PINHO

VERÔNICA ALVES DA SILVA

OCIOSIDADE NO SISTEMA PENAL E SEUS EFEITOS JURÍDICOS NA


RESSOCIALIZAÇÃO DO CONDENADO.

A ineficiência do sistema de execução penal e sua repercussão na


ressocialização do condenado.

1
BELÉM-PA

2009

FACULDADE PARÁ-FAP
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

LAURA EMANNUELA GUIMARÃES DE PINHO


VERÔNICA ALVES DA SILVA

OCIOSIDADE NO SISTEMA PENAL E SEUS EFEITOS JURÍDICOS NA


RESSOCIALIZAÇÃO DO CONDENADO

Trabalho de Conclusão de Curso –TCC


apresentado à Faculdade do Pará,

2
como exigência parcial à obtenção do
título de Bacharel em Direito.

Orientador (a): Profª: Isabela


Figueiredo

BELÉM-PA

2009

FACULDADE PARÁ-FAP

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

LAURA EMANNUELA GUIMARÃES DE PINHO

VERÔNICA ALVES DA SILVA

OCIOSIDADE NO SISTEMA PENAL E SEUS EFEITOS JURÍDICOS NA


RESSOCIALIZAÇÃO DO CONDENADO

3
Monografia apresentada à Faculdade do Pará – FAP, como requisito
parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________

Orientador (a): Prof.ª Esp. Isabela Figueiredo

_________________________________________________

EXAMINADOR

__________________________________________________

EXAMINADOR

BELÉM, ______/de _______/de 2009.

4
Dedicamos esse trabalho primeiramente a Deus, base de tudo
em nossas vidas.

Aos nossos pais, por acreditarem que seriamos capazes.

A nossa família, por todo amor, apoio e compreensão.

Dedicamos também a todos que torceram pela finalização deste


trabalho.

Nossa sincera gratidão a Profª. Isabela Figueiredo pela


orientação e apoio para conclusão desta monografia e a Profª.
Marilene Pantoja que foi de fundamental importância para o
início deste projeto.

A todos, o nosso sincero agradecimento.

Laura Emannuela Guimarães de Pinho

Verônica Alves da Silva

AGRADECIMENTOS

Agradeço em especial a Deus.

5
Aos meus amados pais, Alfredo e Silvia, por todo apoio e
incentivo para realização deste projeto.

A minha Irmã Rosália, pelo carinho e amizade.

A toda minha família, aos meus amigos, ao meu


namorado e a todos que torceram para realização deste
projeto e para a conclusão deste sonho.

A todos vocês muito obrigado.

Laura Emannuela Guimarães de Pinho

Agradeço a Deus por ter me dado forças e iluminado os


meus pensamentos para a conclusão desta etapa da
minha vida.

Aos meus pais, João Bosco e Veralice Alves, pelo carinho


e amor a mim proporcionados.

E a todos que torceram por mim durante esses cinco


anos de curso para que tudo desse certo.

A vocês minha sincera gratidão!

Verônica Alves da Silva

6
“Uma vida ociosa é uma morte antecipada”

Johann Goethe

7
RESUMO

A pena é instituto jurídico proveniente do Direito Penal, que tem como


escopo primordial aplicar sanção ou punição aquele que se insurgir contra as
normas de ordem e manutenção da paz social. Tal finalidade consagrou-se em
tempos pretéritos, no entanto no momento atual vislumbramos a
ressocialização do apenado, a um só tempo, como requisito aliado da punição,
como também pretensão do Estado em reinserir o condenado dentro do
ambiente social, que é possibilitado através da aplicação de trabalho e estudo
no momento do encarceramento. Entretanto, muito embora sejam esses os
desdobramentos da pena, o sistema penitenciário enfrenta como força
contrária a efetivação da ressocialização do preso o ócio instalado no interior
das cadeias de nosso país, sendo, portanto esta problemática o enfoque desta
pesquisa, que se deterá a compreender como influi intrinsecamente no
processo de ressocialização o não oferecimento, ao condenado, de atividades
laborativas.

PALAVRAS CHAVE: ócio, ressocialização, execução penal, pena privativa de


liberdade.

8
ABSTRACT

The penalty is legal institution from criminal law, which has the finality of
applying sanctions or punishment who protested against the rules of order and
maintenance of social peace. That purpose was enshrined in past times,
however at the moment we saw the rehabilitation of the convict, at once, as a
prerequisite ally of punishment, but also claim the State reintegrate the offender
into the social environment, which is enabled through the scope of work and
study at the time of incarceration. However, although these are the ramifications
of the penalty, the prison system faces as a countervailing force to effect the
rehabilitation of the convicted the leisure that installed inside the jails of our
country and therefore this issue the focus of this research, which will have to
understand as intrinsically influence the rehabilitation process, not the offer, the
pay of their profession.

KEY - WORLD: leisure, rehabilitation, imprisonment, deprivation of liberty.

9
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

LEP : Lei de Execução Penal

CF : Constituição Federal

CPB : Código Penal Brasileiro

ONU : Organizações das Nações Unidas

ART. : Artigo

10
SUMÁRIO

Pag.

INTRODUÇÃO.......................................................................................12

1. CAPITULO I - A PENA

1. EVOLUÇÃO HISTORICA DA PENA.....................................................14

1.1.1 Período da vingança privada.................................................................................14

1.1.2 Período da vingança divina....................................................................................15

1.1.3 Período de vingança pública..................................................................................16

1.1.4 Período humanitário...............................................................................................17

1.2 SURGIMENTO DA PRISÃO COMO PENA..........................................................18

1.3 DEFINIÇÕES E FINALIDADE DA PENA..............................................................20

1.3.1 Teoria absoluta ou da retribuição...........................................................................21

1.3.2 Teoria relativa, finalista, utilitária ou prevenção.....................................................22

1.3.3 Teoria mista, eclética, intermediária ou conciliatória........................................ 23

1.4 DOS SISTEMAS PENITENCIÁRIOS....................................................................24

2. CAPITULO II - DA EXECUÇÃO PENAL

2.1 ASPECTOS GERAIS E FINALIDADES DA LEI DE EXECUÇÃO PENAIS........27

2.2 PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO PENAL.................................................................30

2.2.1 Individualização da pena.......................................................................................31

2.2.2 Legalidade da pena...............................................................................................32

2.2.3 Humanização da pena..........................................................................................33

2.2.4 Proporcionalidade da pena...................................................................................34

2.3 DOS DIREITOS DO CONDENADO......................................................................35

2.4 DOS DEVERES DO CONDENADO.....................................................................37

2.5 DA DISCIPLINA DO CONDENADO.....................................................................39

3. CAPITULO III- O SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO

11
3.1 DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE..............................................................42

3.2 DOS REGIMES DE CUMPRIMENTO DE PENA..................................................44

3.2.1 Regime fechado.....................................................................................................44

3.2.2 Regime semi aberto............................................................................................ 46

3.2.3 Regime aberto..................................................................................................... 48

3.3 CRISE NO ATUAL SISTEMA PENITENCIÁRIO............................................... 49

3.4 A OCIOSIDADE NO SISTEMA PENAL............................................... 51

3.4.1 Condições de combate ao ócio............................................................. 54

3.4.1.1 Atividade laborativa.............................................................................. 54

3.4.1.2 Educação............................................................................................. 57

3.5 A RESSOCIALIZAÇÃO DO CONDENADO NO SISTEMA PENAL.....59

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................. 63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... 65

12
INTRODUÇÃO

A presente monografia tem por objetivo entender o ócio como efeito


jurídico na ressocialização do condenado.

Primeiramente, buscou-se entender a evolução da aplicação da pena


nos períodos da vingança privada, divina e pública para que se chegasse à
compreensão do surgimento do período humanitário o qual propõe à pena
um caráter humano.

Nessa linha, enfocou-se a definição do conceito da pena bem como a


sua finalidade através das teorias absoluta, relativa e mista, demonstrando
a incidência da teoria mista no Código Penal Brasileiro.

Cumpre ainda salientar, que a aplicação da pena é um tema presente ao


longo da historia humana, onde a sua finalidade é questionada pela a
sociedade atual, pois, muitos entendem que o sistema penal não segue o
fim social da pena no tocante a ressocialização do condenado.

Também foi demonstrado nesse trabalho de conclusão de curso o


surgimento da pena como prisão, onde o indivíduo é submetido à privação
da liberdade. Deste modo, surgem os sistemas penitenciários, que é o local
designado para cumprimento de pena restritiva de liberdade.

Nessa conjuntura da pena privativa de liberdade, ocorre a fase da


execução da pena, a qual se denomina execução penal. Desse modo, no
âmbito da execução da sentença, tentou-se definir a finalidade da execução
penal, assim como a aplicação e a efetivação da lei de execuções penais
dentro do sistema penitenciário.

A análise da lei de execuções penais foi de extrema importância para o


contexto deste trabalho, pois a referida lei tem por fundamento tornar efetiva
13
a pretensão punitiva do Estado com propósito da integração social, de
modo que não ocorra somente a finalidade da punição, que seja inserido
dentro da aplicação da pena privativa de liberdade o respeito à integridade
física e mental do sentenciado.

Ademais, objetivou-se demonstrar o sistema penitenciário Brasileiro,


explicando os regimes de cumprimento de pena impostos ao condenado,
demonstrando o regime fechado, semi aberto e o aberto, assim como os
benefícios que o sentenciado pode adquirir ao longo do cumprimento da
pena no presídio.

Desse modo, para que se chegue a uma real compreensão desse tema,
é necessário entender desde a fase da aplicação da pena fixada pelo juiz
ao sentenciado, até a execução da sentença.

Contundo percebe-se que abordar o sistema penal dentro do Estado


Democrático de Direito e no tocante a eficácia dos direitos humanos se
torna uma tarefa árdua, pois, existe uma ampla discussão, seja pela
dificuldade na efetividade dos direitos do preso ou na falta de políticas
públicas dentro do sistema penal.

O objetivo deste trabalho é demonstrar que a opção pelo trabalho e


estudo dentro do sistema penal é de suma importância para a reintegração
do indivíduo à sociedade, pois com a prática de uma atividade laborativa o
condenado se afastará do cenário ocioso do cárcere.

14
CAPÍTULO I - A PENA

1.1. EVOLUÇÃO HISTORICA DA PENA

O homem no surgimento da sociedade vivia isolado com seres de


mesma espécie a qual não se percebia nenhuma presença de conflito. Assim
com o passar do tempo e a evolução das sociedades, passa a existir diversos
conflitos, pois os homens que antes freqüentavam um mesmo grupo social
passam hoje a se interagir com outras comunidades. Nesse tocante é que
surge a presença do Estado para solucionar os conflitos existentes e
proporcionar a todos uma segurança para viver em coletividade.

A aplicação da pena nos remete sempre a idéia de uma punição ,seja


esta punição imposta pelo ofendido no caso da vingança privada,seja pelo a
justificativa dos deuses como no período divino, ou por intermédio do Estado a
partir do período público até a atualidade.

Nessa perspectiva, a pena sempre teve em seu histórico o óbice de


punir, de modo que na antiguidade se tinha presente o objetivo da aflição ao
culpado e hoje se pretende a ressocialização do condenado.

1.2.1. PERÍODO DA VINGANÇA PRIVADA

Preliminarmente, vale dizer que durante o contexto histórico da vingança


privada, a pena não tinha embasamento em nenhum princípio penal, a punição
se dava pelo o caráter puro de vingança.

15
Nesse sentido do objetivo puramente vingativo Gilberto Ferreira 1
destaca:

“Vale a lei do mais forte, ficando sua extensão e forma de execução a


cargo do ofendido. O delinqüente tanto poderia ser morto,
escravizado ou banido. A pena ultrapassa de longe a pessoa do
infrator para se concentrar em sua família ou inteiramente em sua
tribo, com a total dizimação desta.”

Depreende-se deste argumento que nesta fase de aplicação da pena


não se pode falar na presença do Estado como solucionador de conflitos, já
que não ocorre à preocupação com o culpado, se afasta nesse momento
histórico qualquer readaptação do criminoso com o convívio social. O óbice da
pena é proporcionar ao culpado a dor pelo o mal cometido.

Diante disso, Roberto Lyra2 demonstra como se dava a aplicação da


pena durante esse contexto histórico:

“Se alguém tirar um olho de outro, perderá o seu igualmente: se


alguém quebrar um osso de outro, partir-se-lhe-a um também; se o
mestre de obras não construiu solidamente a casa e esta,caindo,mata
o proprietário, o construtor será morto e, se for morto o filho do
proprietário, será morto o filho do construtor.”

Ao analisar esta visão percebe-se nesse primeiro momento que a pena


incidia sobre os familiares dos agentes, recaindo a punição em terceiros que
não praticaram nenhum mal.

Nesse contexto, cabe destacar os artigos, 209 e 210 do Código de


Hamurabi o qual foi de grande influência para o período da vingança privada.

“Art. 209 – Se alguém bate numa mulher livre e a faz abortar, deverá
pagar dez ciclos pelo feto.
Art. 210 – Se essa mulher morre, então deverá matar o filho dele.”

É importante mencionarmos ainda nessa estrutura a Lei das Doze Tabuas, ao


qual incidia também:
“Tábua VII, 11 – Se alguém fere a outrem, que sofra a pena de Talião,
salvo se houver acordo.”

1FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

2LYRA. Roberto. Comentários do Código Penal, 2ª Ed., Rio de Janeiro: Forense, 1955.

16
1.2.2. PERÍODO DA VINGANÇA DIVINA

Preliminarmente, vale ressaltar que o contexto histórico vívido nessa


época, incidia sobre o Direito germânico. Com efeito, há de se ressaltar a nítida
influência e o poder da igreja católica na vida das pessoas, onde se utilizava
dessas prerrogativas para atribuir a pena o caráter divino.

Na fase da vingança privada começa-se a ter um poder de coesão social


capaz de estabelecer condutas sob pena de castigos. Aqui quem é ofendido
pelas atividades delituosas são os deuses. E os agentes responsáveis pela
punição são os sacerdotes3.

Dessa forma, pode-se verificar a pena com o objetivo puramente aflitivo


ao agente violador, ocorrendo assim à imposição da crueldade pelos
aplicadores da sanção punitiva.

Gilberto Ferreira4, com muita propriedade definiu o período da vingança


divina como que a punição existe para aplacar a ira divina e regenerar ou
purificar a alma do delinqüente, para que assim a paz na terra fosse mantida.

Em síntese, nota-se que este período caracterizou-se pela necessidade


de satisfação da divindade, onde a pena aplicada deveria ser tão cruel quanto
maior fosse o Deus, servindo a pena como forma de expiação da alma e de
busca do perdão junto à divindade cultuada 5.

3 CAPEL, Fábio Bergamin. Pseudo-evolução do Direito Penal. Disponível em:


http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2795. Acesso em 03 jun.2009.

4FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

5NOGUEIRA, Danielle Chistine . Principio da Humanidade da Pena. Informações adquiridas


em: http:// www.lfg.com.br. Data do acesso: 15 de jun. 2009.

17
Diante dos argumentos expostos, percebe-se nesse período que o
ambiente vívido é o de grande religiosidade, assim a prática de qualquer
desobediência que viesse configurar como delito estava sujeita a punição com
a justificativa dos deuses.

1.2.3. PERÍODO DA VINGANÇA PÚBLICA

Preliminarmente, é de fundamental importância relatar após a exposição


dos períodos acima, que o período da vingança pública está sobejamente
ligado a figura do Estado como agente sancionador.

Quanto à regulamentação do Estado nesse período Ferreira 6 definiu com


brilhantismo:

“A pena, pois passou a ser regulamentada pelo ente soberano e


aplicada de acordo com seus interesses. Naturalmente que, do ponto
de vista humanitário, muito pouco mudou. Conservaram-se o talião, a
composição e a própria vindita. Todavia, não mais ao critério e a
vontade do ofendido.”

Diante disso, constata-se aqui uma acentuada evolução da pena no


tocante a entrada do Estado para regular a aplicação da pena. Nessa
conjuntura existe a imposição de penas cruéis, pois o Estado utiliza-se do
poder que lhe é atribuído para repreender os avanços da criminalidade vívidos
nessa época.

1.2.4. PERÍODO HUMANITÁRIO

Pode-se aduzir primeiramente, que de acordo com a evolução das


sociedades, passaram a ocorrer de forma significativa à moderação na punição
dos agentes infratores das normas penais.

6FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

18
Com isso, o período humanitário, se diferencia dos períodos anteriores,
na medida em que é perceptível a imposição da pena revestida dos princípios
fundamentais.

O período humanitário justifica-se na visão de Michel Foucault 7 como:

“O povo reivindica seu direito de constatar o suplicio e quem é


supliciado. Tem direito também de tomar parte. O condenado, depois
de ter andado muito tempo, exposto, humilhado, varias lembrado do
horror de seu crime, é oferecido aos insultos, às vezes aos ataques
dos espectadores.”

Assim nota-se que desde a antiguidade até, basicamente, o século XVIII


as penas tinham uma característica extremamente aflitiva, uma vez que o
corpo do agente é que pagava pelo o mal por ele praticado. O período
iluminista, principalmente no século XVIII, foi um marco inicial para uma
mudança de mentalidade no que dizia respeito à cominação das penas 8.

Diante do exposto, pode-se entender que a partir da evolução da


sociedade e de pactos reguladores do direito como a declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão é que se aufere a pena o caráter humanitário.

Deste modo a declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão destaca:

“Art. 8º- A lei só deve estabelecer penas estrita e evidentemente


necessárias. Ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei
estabelecida e promulgada anteriormente ao delito e legalmente
aplicada.”

As práticas de penas cruéis, como a pena de morte foram abolidas ao


longo do contexto humanitário. Nessa conjuntura da abolição da pena de
morte, se tem previsto em nosso ordenamento jurídico vigente, a preocupação
com os preceitos fundamentais do respeito à integridade física e mental dos
condenados.

7FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1977. apud. FERREIRA, Gilberto.
Aplicação da Pena. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

8GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, ed. 10ª. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

19
Segundo Greco9, depois de uma longa evolução a Constituição Federal
de 1988, mencionada CF/88, visando proteger os direitos de todos aqueles que
temporariamente ou não estão em território nacional, proibiu a cominação de
uma serie de penas por entender que todas elas, em sentido amplo, ofendiam
a dignidade da pessoa humana.

1.3. SURGIMENTO DA PRISÃO COMO PENA

Preliminarmente, convém destacar algumas generalidades acerca da


prisão. Nota-se que a prisão passou por diversas alterações para que se
pudesse chegar à atual conjuntura do sistema carcerário Brasileiro.

Nesse diapasão Deocleciano10 define a prisão:

“Medida legal ou administrativa, de caráter punitivo, pela qual o


indivíduo tem restringida a sua liberdade de locomover-se por prática
de ilícito penal ou por ordem de autoridade competente, nos casos
previstos em lei. Designa também, o estabelecimento para aonde são
recolhidos os condenados a cumprirem pena ou local onde,
provisoriamente, aguardam julgamento ou resultado de averiguações
a seu respeito.”

O que se vislumbra sobre o surgimento da prisão como pena é que


antes as prisões eram vista como uma restrição passageira da liberdade do
indivíduo, já que os prisioneiros ficavam nesses lugares a espera da punição,
as penas eram tidas como caráter de vingança e não com a perspectiva de
privar a liberdade do indivíduo.

Na visão de Luiz Francisco Filho 11, o cárcere sempre existiu. Sua


finalidade, porém não era a de hoje. Destinava-se a guarda de escravos e

9 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, ed. 10ª. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

10GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Jurídico. São Paulo: Rideel, 2004.

11CARVALHO FILHO, Luiz Francisco. Historia das Prisões, ed. 1ª. São Paulo: Publifolha,
2002

20
prisioneiros de guerra. Em matéria penal, servia, basicamente, para a custódia
de infratores a espera da punição aplicada e do próprio julgamento.

Desse modo, evidencia-se que ocorre uma nova estrutura para a


punição do agente infrator da pena, a qual não é vista com a natureza
exclusiva do castigo, passando agora ocorrer à preocupação com o indivíduo
que tem a sua liberdade restrita, com aplicação da pena privativa de liberdade.

Assim a partir do século XVIII, a natureza da prisão se modifica, onde se


torna então a essência do sistema punitivo com a finalidade do encarceramento
passa a ser isolar e recuperar o infrator 12.

Diante do que se expôs pode-se aduzir, que a aplicação da pena


privativa de liberdade, surge com a principal característica de restringir a
liberdade do indivíduo para que se possa alcançar o objetivo da readaptação
do condenado ao convívio social.

Nessa linha Gilberto Ferreira13 registra:

“Em verdade quem deu início a pena privativa de liberdade foi à


igreja. Esta tinha o hábito de punir seus infiéis com a pena de
penitência realizada nas celas. Ali privado da liberdade e isolado de
qualquer contato humano, sofrendo e meditando a alma do homem se
depura se regenera e se penitencia. A esse tempo também deu-se
conta de que,por mais perverso que fosse,o delinqüente representava
força de trabalho e essa força estava sendo desperdiçada na medida
em que se aplicava a pena corporal.Por essa mesma razão,urgia
prender os vagabundos e mendigos para que compulsoriamente
abandonassem o ócio e passassem a produzir.”

Desse modo, pode-se concluir que a imposição da privação da


liberdade, tem por fundamento fornecer ao condenado a sua reabilitação. A
presença do trabalho como obrigatoriedade nas penas restritivas de liberdade
tem como finalidade principal proporcionar ao condenado a atribuição de uma
função dentro do sistema penal, ocorrendo dessa forma à busca pela sua
disciplina e cultura pelo trabalho.

12Idem.

13FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

21
1.4. DEFINIÇÕES E FINALIDADES DA PENA

Preliminarmente, vale definir que a pena surge quando se tem o


cometimento de um delito configurado como crime pelo o ordenamento jurídico.

De acordo com Mirabete14, a pena é definida como uma sanção aflitiva


imposta pelo o Estado, através da ação penal, ao autor de uma infração penal
como retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem
jurídico cujo fim é evitar novos delitos.

O conceito de pena comporta vários entendimentos em nosso


sistema legal.

Sob essa perspectiva, Guiseppe Bettiol 15 dispõe à pena como uma


conseqüência jurídica do crime. Isto é, a sanção prevista para a violação de um
preceito penal.

Jeremias Bentham16 destaca: A pena é um mal legal que deve recair


acompanhado das formalidades jurídicas, sobre indivíduos convencidos de
terem feito algum ato prejudicial, proibido por lei e com o fim de se prevenirem
semelhantes ações para o futuro.

Rogerio Greco17 enfatiza: A pena é a conseqüência natural imposta pelo


o Estado quando alguém pratica uma infração penal. Quando o agente comete
um fato típico, ilícito e culpável, abre-se a possibilidade para o Estado de fazer
valer o ius puniendi.

14MIRABETE, Julio Fabbini. Manual de Direito Penal, parte geral. São Paulo: Atlas, 2007.

15BETTIOL, Guisepp. Direito Penal. Coimbra: Coimbra Editora Ltda. 1977.p. 111. apud.
FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

16BENTHAM, Jeremias. Teoria das Penas Legais. São Paulo: livraria e ed. Logos, p. 17.
apud. FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

17GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, ed. 10ª. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

22
Desse modo, de acordo com as disposições doutrinárias exposta ocorre
à aplicação da pena sempre que se tem a prática de uma infração penal,o
Estado pune o agente infrator da lei penal com o óbice de lhe aplicar uma
punição para que venha a evitar futuras práticas de atos ilícitos, como também
proporcionar ao culpado a readaptação ao meio social.

Por fim sobre a definição da pena, Nucci 18 destaca que esta é uma
sanção que tem a finalidade de retribuição ao delito perpetrado e a prevenção
a novos crimes.

Diante deste fundamento, pode-se dizer que a toda pena é aplicada uma
finalidade seja ela de punir ou de coibir novos crimes. Diante desse contexto de
aplicação da pena, deve-se enfatizar a pena privativa de liberdade que é o
objeto de estudo dessa monografia.

Ademais, no tocante as finalidades da pena que passaremos a abordar


no tópico seguinte, pode-se adiantar que a primeira finalidade da pena se
enquadra na teoria absoluta a segunda na teoria relativa e por último a teoria
mista que é a adotada pelo o Código Penal Brasileiro, mencionado CPB.

1.4.1. TEORIA ABSOLUTA OU DA RETRIBUIÇÃO

A doutrina brasileira entende a teoria absoluta como sendo retribuitiva,


pois para essa teoria não se tem de fato a preocupação com a pessoa do
agente que cometeu o delito, ficando inteiramente preocupada em punir o
delinquente.

18NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. São Paulo: Revista dos Tribunais.
2008.

23
Nessa concepção doutrinaria Gilberto Ferreira 19 salienta que: A pena tem
um caráter exclusivamente retributivo. O mal pelo mal mais ou menos como no
talião: malum proter malum,bonum proter bonum.Nem por isso se pense que a
pena não alcançará outros objetivos defendidos por outras correntes.Punindo
com justiça o infrator com aplicação de um mal,não só ele se emendará,como
afastará dessa idéia,pelo o exemplo,outros membros da sociedade.O
importante é retribuir com o mal,o mal praticado.A preocupação pois é ética e
se volta para o passado20.

Diante do exposto acima, se pode entender que o fim primordial da


teoria da retribuição se define em proporcionar ao culpado a sua devida
punição nos moldes da infração aplicada, fornecendo ao agente um castigo
justificado pelo o ato ocasionado.

Na visão de Rogério Greco21:

“São teorias absolutas todas aquelas doutrinas que concebem a pena


como um fim em si próprio, ou seja, como castigo, reparação ou ainda
retribuição do crime ,justificada por seu intrínseco valor
axiológico.Vale dizer não um meio e tampouco um custo mas sim um
dever ser metajutidico que possui em si seu próprio fundamento.”

1.4.2. TEORIA RELATIVA, FINALISTA, UTILITÁRIA OU DA PREVENÇÃO

Para uma real compreensão do termo em análise, devemos observar


que a teoria relativa possui duas finalidades a prevenção geral e a prevenção
especial.

19FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

20FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

21GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, ed. 10ª. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

24
Sobre a primeira finalidade da teoria relativa, convém destacar a
prevenção geral, a qual é definida pela intimidação dirigida ao ambiente social,
onde as pessoas não deliquem por medo de receber a punição 22.

Diante do explanado, pode-se perceber que a prevenção geral tem como


finalidade atingir um ambiente total de modo que se faça para um grupo todo.

Nesse sentido, almeja-se que esse ambiente social não venha a


transgredir as normas pelo o receio da punição imposta pelo o aplicador da
sanção punitiva.

A segunda finalidade da teoria relativa se enquadra como prevenção


especial tendo esta como finalidade a readaptação do criminoso no meio
social, de modo que o impeça de voltar a delinqüir 23.

Pode-se evidenciar no tocante e prevenção especial que a transgressão


da norma já ocorreu, o que se pretende realizar nessa prevenção é que o
indivíduo não volte a persistir no mesmo erro.

Segundo Bitencourt24·, a prevenção especial não busca a intimidação do


grupo social nem a retribuição do fato praticado, visando apenas aquele
indivíduo que já delinquiu para fazer com que não volte a transgredir normas
jurídicas penais.

Diante do que foi exposto pelos autores supracitados, conclui-se que a


prevenção geral abarca a todos os indivíduos da sociedade, previne todo o
grupo social, diferenciando-se da prevenção especial que visa prevenir o
delinquente individualmente, com o objetivo de evitar futuros delitos.

Quanto ao conceito amplo da teoria relativa é de suma importância


destacar os ensinamentos de Gilberto Ferreira 25:

22CAPEZ, Fernando. Execução Penal, ed. 9ª. São Paulo: Damasio de Jesus, 2003.

23Idem.

24BITENCOURT, Cezar Roberto. Manual de Direito Penal-parte geral, p. 81. apud. GRECO,
Rogério. Curso de Direito Penal, ed. 10ª. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

25
“Muito ao contrario das teorias absolutas que fundamentam a punição
como questão ética, baseada na retribuição do mal pelo mal, e,
portanto, voltadas ao passado, as teorias relativas se voltam para o
futuro atingindo o delinqüente não para lhe imprimir um mal, mas para
evitar que volte a delinqüir ou que incentive outros a fazê-lo, pelo seu
mau exemplo. A punição visa à prevenção, como meio de segurança
social e defesa da sociedade. A pena, pois, não é retribuição, e sim
um instrumento útil capaz de evitar o crime, pelo o temor que impõe.”

1.4.3. TEORIA MISTA, ECLETICA, INTERMEDIÁRIA OU CONCILIATÓRIA.

Para melhor se entender a teoria mista, deve-se observar a incidência


da teoria absoluta e a teoria relativa. Assim como já salientado, cabe ressaltar
que para a teoria relativa a pena possui uma finalidade de prevenção e a teoria
absoluta o caráter de retribuição.

De acordo com os ensinamentos de Gilberto Ferreira 26


·, A pena tem
duas razoes: a retribuição manifestada através do castigo; e a prevenção,
como instrumento de defesa da sociedade.

Percebe-se a incidência da teoria mista no presente ordenamento


jurídico, quando o juiz ao fixar à pena deverá obedecer aos requisitos
preceituados em lei.

Nesse liame, o requisito previsto em lei que o juiz deve observa refere-
se aos expostos no artigo 59 do CPB. O qual preleciona, o juiz deverá atender
a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente,
os motivos, as circunstâncias e conseqüências do crime,bem como ao
comportamento da vítima,estabelecerão, conforme seja necessário e suficiente
para reprovação e prevenção do crime.

Na visão de Rogério Greco27:

25FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

26Idem.

27GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, ed. 10ª. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

26
“O artigo 59 do código penal conjuga a necessidade de reprovação
com a prevenção do crime, fazendo, assim, com que se unifiquem as
teorias absoluta e relativa, que se pautam, respectivamente, pelos
critérios da retribuição e da prevenção.”

Segundo Mirabete28, a teoria mista é conceituada como uma junção das


duas correntes, a corrente absoluta e a relativa, onde através do caráter da
retribuição a pena tem o seu aspecto moral e com a prevenção tem a
característica da educação e correção.

Como se observa o juiz ao fixar à pena estabelecerá o grau de


reprovação da conduta do agente, assim como o relacionamento que o
condenado possuía com a sua família e a sociedade antes de cometer o ato
ilícito.

Como já salientado o juiz deve atribuir à pena a finalidade preventiva e


retribuitiva, ao proporcionar essas condições à pena o juiz estará alcançado à
finalidade da teoria mista.

1.5. DOS SISTEMAS PENITENCIÁRIOS

Como vimos anteriormente no surgimento da pena como prisão, o


sistema penitenciário surge com o fundamento de ocasionar aos
transgressores das normas uma reconciliação com o seu próprio ser com o
objetivo de buscar o arrependimento pela falta cometida.

Dessa forma é de suma importância analisar o contexto histórico vívido


pelas primeiras penitenciárias, para que se possa entender o sistema
penitenciário Brasileiro atual.

Logo, cabe citar como sistemas prisionais pioneiros desse tema, as


penitenciárias de Filadélfia, Auburn e o Sistema Progressivo.

28MIRABETE, Julio Fabbini. Manual de Direito Penal, parte geral. São Paulo: Atlas, 2007.

27
Segundo Greco29 o sistema de Filadélfia era também conhecido como
celular onde o preso era recolhido a sua cela isolada dos demais não podendo
trabalhar nem receber visitas.

Pode-se perceber diante do exposto, que o sistema penitenciário


Filadélfia era baseado em uma estrutura rígida, que tinha por finalidade o
enclausuramento do preso de modo que ficasse isolado sem que viesse a
manter contato com o mundo exterior.

Nesse âmbito Luiz Francisco Filho30 leciona:

“Pretendia-se estimular o remorso o arrependimento, a meditação, a


oração. Os presos estavam afastados do mundo exterior e separados
uns dos outros- livres, portanto, de influências maléficas. A única
leitura possível era a bíblia.”

O sistema de Auburn por sua vez surgiu com o propósito de manter o


isolamento noturno onde era permitido o trabalho dos presos em sua cela e
posteriormente em comum. Nesse sistema penitenciário era exigido dos
condenados que fizesses silêncio absoluto 31.

Com efeito, leva-nos a perceber uma acentuada ascensão dos sistemas


penitenciários com o sistema Aurburn, já que se permite a presença do trabalho
entre os condenados, o que não se via no regime de Filadélfia.

Percebe-se essa ascensão nas palavras de Luiz Francisco Filho 32:

“A vantagem do sistema de Aurburn em relação ao Sistema Filadélfia


estava na possibilidade de adaptar o preso a rotina industrial: O
trabalho em oficinas, durante oito ou dez horas diárias, compensava
custos do investimento e dava perfil mais racional ao presídio. Na

29GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, ed. 10ª. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

30CARVALHO FILHO, Luiz Francisco. Historia das Prisões, ed. 1ª. São Paulo: Publifolha,
2002.

31MIRABETE, Julio Fabbini. Manual de Direito Penal, parte geral. São Paulo: Atlas, 2007.

32CARVALHO FILHO, Luiz Francisco. Historia das Prisões, ed. 1ª. São Paulo: Publifolha,
2002.

28
Filadélfia, o trabalho era artesanal e não remunerado; em Aurburn, a
organização do trabalho tava entregue as empresas.”

Pedro Pimentel33 entende que o sistema de Aurbun teve um ponto de


vulnerabilidade em relação da regra desumana do silencio, da qual se originou
o costume dos presos em se comunicarem com as mãos. Ressalta ainda o
referido autor que esta pratica de comunicação entre os presos é notória nas
prisões até os dias de hoje.

A evolução dos sistemas penitenciários não se esgota tão somente com


o sistema de Filadélfia e o Aurburniano. Nessa linha, deve-se enfatizar o
sistema progressivo que surge na perspectiva de se alavancar as prisões no
ordenamento jurídico.

Em síntese, o sistema progressivo surge na segunda metade do século


19, na perspectiva de evoluir os sistemas prisionais que nessa época já
estavam entrando em crise devido às prisões existentes não comportarem o
aumento da criminalidade34.

Nesse contexto, recorrendo mais uma vez aos pensamentos de Pedro


Pimentel35 pode-se definir que:

“O sistema progressivo obedecia à ordem de três estágios, onde


primeiro era o período de provas onde se mantinha o preso isolado,
depois em segundo plano era permitido o trabalho comum conforme se
percebia no sistema Aurburniano e por ultimo passava para o estágio
de vantagem maior que se dava o benefício do livramento condicional.”

Cumpre ainda salientar, que no sistema progressivo ocorre a evolução


do sistema prisional, pois passa a ocorrer a imposição do trabalho por parte da

33PIMENTEL, Manoel Pedro. Ob.cit.p.134. apud. MIRABETE, Julio Fabbini. Manual de Direito
Penal.

34CARVALHO FILHO, Luiz Francisco. Historia das Prisões, ed. 1ª. São Paulo: Publifolha,
2002.

35 PIMENTEL, Manoel Pedro. O Crime e a Pena na Atualidade, p.140. apud. GRECO,


Rogério. Curso de Direito Penal, ed. 10ª. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

29
administração do presídio, assim como a oportunidade de adquirir benefícios
devido o tempo e o comportamento dentro da penitenciaria.

Depreende-se assim, que os sistemas penitenciários descritos foram de


grande contribuição para o sistema penal porque introduziu no seio da
sociedade, o sistema de cumprimento de pena de acordo com as suas
condições pessoais se diferenciado a penitenciária masculina, feminina e
também quanto ao grau de periculosidade do indivíduo, situação que não se
percebia nos sistemas penitenciários arcaicos.

CAPÍTULO II - DA EXECUÇÃO PENAL

2.1. ASPECTOS GERAIS E FINALIDADES DA LEI DE EXECUÇÕES PENAIS

Preliminarmente, convêm destacar que ao longo do contexto histórico da


execução penal no Brasil, houve por parte dos legisladores e doutrinadores a
preocupação em se estipular regras que versassem acerca do Direito
penitenciário no Brasil.

30
É por esta razão, que surge para execução penal a propositura da
criação de uma lei que viesse a regulamentar a situação do sentenciado dentro
do contexto penitenciário.

Diante do contexto histórico Rafael Damasceno 36leciona que houve


diversas tentativas para se estabelecer normas que postulassem a cerca do
direito penitenciário no Brasil, como o código penitenciário da república de
1933. Assim somente em 1983 é aprovado o Projeto de Lei do Ministro da
Justiça Ibrahim Abi Hackel, no qual se converte na lei 7.210 de 11 de julho de
1984, com efeito, ha de se ressaltar que a referida lei faz parte da legislação
vigente atualmente no ordenamento Jurídico Brasileiro.

Cabe mencionar, que antes da entrada em vigor da lei de execuções


penais, mencionada LEP, a execução penal não possuía normas que
versassem sobre as condições sociais do condenado. Deste modo a LEP, atua
na prática da efetivação da sentença penal.

Nesta linha de raciocínio, Luiz Francisco Filho 37explica que:

“A lei em questão determina que os condenados sejam classificados


segundos os seus antecedentes e personalidades para orientar a
individualização da execução penal.”

A LEP foi de fundamental importância para a proteção aos direitos e


deveres do preso, em consonância com o respeito à dignidade da pessoa
humana.

Na visão de Rafael Damasceno38:

“A execução penal é definitivamente erigida à categoria de ciência


jurídica e o principio da legalidade domina o espírito do projeto como
forma de impedir que o excesso ou o desvio da execução penal

36ASSIS, Rafael Damaceno. As Prisões e o Direito Penitenciário no Brasil. Informações


Adquiridas em: http:// jusvi.com/artigos/24913, data do acesso: 10 de agosto de 2009.

37CARVALHO FILHO, Luiz Francisco. Historia das Prisões, ed. 1ª. São Paulo: Publifolha,2002.

38ASSIS, Rafael Damaceno. As Prisões e o Direito Penitenciário no Brasil. Informações


Adquiridas em: http:// jusvi.com/artigos/24913, data do acesso: 10 de agosto de 2009.

31
venha a comprometer a dignidade ou a humanidade na aplicação da
pena.”
Desta forma, o Estado ao aplicar a sentença condenatória deverá
proporcionar ao condenado subsídios necessários para o cumprimento da
sanção imposta, e que não sujeite ao sentenciado a situações que ponham em
risco o seu bem estar social.

Quanto à necessidade, da existência da LEP, Mirabete 39definiu com


muita propriedade:
“É uma necessidade em nosso ordenamento jurídico, pois foi posta em
relevo pela doutrina, por não constituírem o Código Penal e o Código
de Processo Penal lugares adequados para regulamento da execução
das penas e medidas privativas de liberdade.”

Pode-se dizer que a referida lei, é de grande importância para a


execução penal, pois veio conter os excessos penitenciários ocorridos
anteriormente a vigência da LEP.

A LEP expôs em seu artigo 1° o objetivo da execução penal.


“Art. 1°- A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de
sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para harmônica
integração social do condenado e do internado.”

De acordo com Rafael Damasceno40 o artigo 1º baseia-se em dois


fundamentos, sendo eles, os estritos cumprimentos dos mandamentos
existentes na sentença e a instrumentalização de condições que propiciem a
reintegração social do condenado.
Sendo assim, o artigo em epigrafe dispõe em seu escopo o caráter da
punição através da sentença e a humanização através da integração social do
condenado.

39MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução Penal. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

40ASSIS, Rafael Damaceno. As Prisões e o Direito Penitenciário no Brasil. Informações


Adquiridas em: http:// jusvi.com/artigos/24913, data do acesso: 10 de agosto de 2009.

32
Destaca-se, segundo Mirabete 41que: A execução da pena consiste em
dar a cada preso as oportunidades e os elementos necessários para ocorrer a
sua reinserção social, isto quer sinalizar que ocorrerá a individualização do
sentenciado de acordo com a sua personalidade e os seus antecedentes.

Nas palavras de Ada Pelegrini 42


a dupla atividade que a execução penal
possui, consegue desenvolver de uma forma totalmente entrosada o direito
jurisdicional e administrativo não deixando de reconhecer a importância dos
poderes judiciários e o executivo através dos órgãos jurisdicionais e
estabelecimentos penais.

De acordo com os ensinamentos de Renato Marcão 43:

“A execução penal deve objetivar a integração social do condenado ou


do internado, já que adotada a teoria mista ou eclética, segundo a qual
a natureza retributiva da pena não busca apenas a prevenção, mas
também a humanização.”

Ainda sobre este entendimento Fernando Capez 44


destaca:

“A execução aproxima-se da doutrina mista, tendo a finalidade


precipuamente utilitária e preventiva, embora conservem o seu
caráter afetivo, por meio da efetivação da sanção imposta na
sentença condenatória. Puni-se o delinqüente, ao mesmo tempo em
que se busca a sua recuperação.”
.
Logo se depreende dos argumentos expostos, que a LEP traz em seu
corpo constitucional subsídios necessários ao condenado para que possa
cumprir a sentença a qual foi imposta.

41MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução Penal. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

42GRINOVER, Ada Pellegrini. Execução Penal, p.7. apud. MARCÃO, Renato, Curso de
Execução Penal. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

43MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5ª ed. São Paulo: Saraiva 2007.

44CAPEZ, Fernando. Execução Penal, ed. 9ª. São Paulo: Damásio de Jesus,2003.

33
Dessa forma se tem a preocupação na lei em fazer a reintegração do
indivíduo ao meio social quando inseriu a obrigatoriedade do trabalho e a
assistência educacional ao condenado.

Portanto a LEP é definidora dos direitos e deveres do condenado, porém


se não acontece à efetividade desses direitos no sistema penal Brasileiro este
se enquadra em um problema de políticas públicas que precisam passar por
reformulações para garantir a efetividade desses direitos aos condenados.

Para melhor compreender a efetividade dos direitos inerentes a pessoa


do condenado, deve-se mencionar que os direitos fundamentais, não serão
atingidos pela execução da sentença, sofrendo lesão somente os direitos que
forem atingidos pela sentença condenatória.

Com isso, deve-se destacar o artigo 3° da LEP: Ao condenado e ao


internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou
pela lei.

Noutro passo é importante destacar o artigo 5° da LEP o qual define:

Art.- 5° “Os condenados serão classificados, segundo os seus


antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da
execução penal.”

De acordo com a leitura deste artigo, entende-se que a execução penal


tem por finalidade obedecer aos princípios basilares da pena, os quais vão ser
de fundamental importância para proporcionar ao condenado a individualização
necessária para o cumprimento da execução penal.
Nesse liame, para uma melhor compreensão acerca da finalidade da
execução penal é que se faz necessário entender os princípios que regem o
cumprimento da pena privativa de liberdade.

2.2. PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO PENAL

34
Ao adentramos neste tópico devemos destacar as sábias palavras de
Guilherme Souza Nucci45:

“O principio jurídico quer dizer um postulado que se irradia por todo o


sistema de normas, fornecendo um padrão de interpretação,
integração, conhecimento e aplicação do direito positivo,
estabelecendo uma meta maior a seguir, podendo esta
expressamente previstos em lei ou ser implícitos, isto é, resultar da
conjugação de vários dispositivos legais, de acordo com a cultura
jurídica formada com o passar dos anos de estudo de determinada
matéria.”

Diante do exposto vale dizer que, tanto os princípios fundamentais


previstos na CF/88, quanto os princípios da execução penal vão ser de
fundamental importância para o cumprimento da pena. Onde os aplicadores
das normas irão seguir um parâmetro comum para a execução da sentença,
para que não venha a ocorrer desigualdade entres os condenados ou que
nenhum ato seja praticado irregularmente dentro da execução penal.

2.3.1. INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA

A cerca do princípio da individualização da pena merece destaque os


ensinamentos de Joaquim Canuto46:

“A individualização da pena, no sentido restrito, é a tarefa do juiz


consistente em que, de acordo com as regras da lei, proporcionar a
pena dentro de certo arbítrio, não só ao fato e as circunstâncias
objetivas do fato, mas, sobretudo e principalmente as condições, as
qualidades aos característicos da personalidade do agente.”

A esse respeito deve-se ressaltar que a lei irá regular a individualização


da pena. De modo que obedeça aos requisitos de culpabilidade do condenado

45NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal, 4ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2008.

46ALMEIDA, Joaquim Canuto Mendes. A Individualização da Pena e o Direito Judiciário, in


RF, vol 90, p.337. apud. FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro: Forense,
2004.

35
e sua personalidade. Conforme preceitua o artigo 5º, XLVI, caput da CF/88
onde a lei regulará a individualização da pena e adotará entre outras.

Nesse tocante convém mencionar os ensinamentos de Carmem Silva de


Moraes47:

“A individualização no processo de execução visa propiciar


oportunidade para o livre desenvolvimento presente e efetivar a
mínima desocialização possível. Dai caber a autoridade judicial
adequar à pena as condições pessoais do sentenciado.”

É importante evidenciar, que o juiz ao aplicar a sanção imposta deverá


estabelecer a individualização da pena, para que ocorra a delimitação da pena
de modo que não ocorra o exagero da punição. Sendo assim a pena não pode
ir além da conduta criminosa praticada.

Ademais, é nesse sentido que surge também a aplicação da


personalidade a execução da pena, onde esta não pode incidir em terceiros
devendo recair sobre aquele que praticou o delito.

Mirabete48 com muita propriedade definiu que: A característica da


personalidade refere-se à impossibilidade de estender-se a terceiros a
imposição de pena.

2.3.2. LEGALIDADE DA PENA

Preliminarmente, é valido vislumbrar o artigo 1° do CPB, o qual define


que não haverá crime sem lei anterior que o defina e não há pena sem previa
cominação legal.

Vale dizer de forma inicial, que para a ocorrência da aplicação da sanção


punitiva deve à pena está prevista em ato normativo, pois se a sanção aplicada

47MORAES, Carmen Silva. A individualização da pena na execução penal, p.23. apud.


MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5ª ed. São Paulo: Saraiva 2007.

48MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução Penal. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

36
pelo o juiz não estiver definida como crime o sujeito não poderá ser punido em
razão de não se existir o crime.

O crime segundo Deocleciano 49 em sentido amplo é a conduta humana,


por ação ou omissão, dolosa ou culposa que infringe norma legal; mais
restritamente, é a infração a que a lei comina pena.

Portanto, a pena só ira ser aplicada se houver previsão legal dentro do


ordenamento jurídico.

Segundo Capez50 a pena deve esta prevista em lei vigente, não se


admitindo que seja cominada em regulamento ou ato normativo infralegal.

2.3.3. HUMANIZAÇÃO DA PENA

O princípio da humanização da pena surge na execução penal, com o


objetivo de auferir a pena caráter humanitário que não venha a ocorrer dentro
do sistema penitenciário situações que coloquem em risco a dignidade da
pessoa humana, ou que afrontem os preceitos normativos dispostos em nossa
carta magna.

O artigo 5º XLVII da CF/88 dispõe que não haverá penas tais como a
pena de morte; prisão perpétua; trabalhos forçado; penas cruéis.

Dessa forma pode-se perceber na exposição deste artigo o Caráter


humanitário atribuído a pena, onde só serão admitidas penas previstas no
CPB.

49GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Jurídico. São Paulo: Rideel, 2004.

50CAPEZ, Fernando. Execução Penal, ed. 9ª. São Paulo: Damasio de Jesus,2003.

37
Sobre esta questão Paulo Lucio Nogueira 51 enfatiza:

“Em particular, deve-se observar o princípio da humanização da pena,


pelo qual se deve entender que o condenado é sujeito de direitos e
deveres, que devem ser respeitados, sem que haja excesso de
regalias, o que tornaria a punição desprovida da sua finalidade.”

Diante de tais considerações, o princípio da humanização da pena, traz


como principal característica a proteção aos direitos dos condenados. Dessa
forma pode-se dizer que o sentenciado não pode ficar exposto a situações
humilhantes dentro do cárcere por se encontrar em uma situação jurídica
inferior a de qualquer cidadão comum.

É importante aduzir também, que a situação de condenado não lhe retira


os direitos básicos fornecidos pelo o Estado, os direitos próprios do cidadão
devem ser respeitados dentro do sistema penal, pois se não ocorrer à proteção
dos direitos necessários do preso fica configurado uma violação tanto a nossa
carta magna quanto a LEP.

Nesse âmbito, o artigo 38 do CPB, assegura que o preso conserva


todos os direitos não atingidos pela liberdade, impondo-se a todas as
autoridades o respeito a sua integridade física e mental.

Assim, o princípio da humanização da pena surge para garantir que


dentro do sistema penal os direitos humanos sejam respeitados. Há
controvérsias sobre a efetividade da aplicação da humanização da pena no
sistema penal atual.

Sobre esta questão da não eficácia ao principio da humanização nos


presídios Nucci 52destaca:

“Na prática o Estado tem dado pouca atenção ao sistema carcerário,


nas ultimas décadas, deixando de lado a necessária humanização do
cumprimento da pena, em especial no tocante a pena privativa de
liberdade, permitindo que muitos presídios se tenham transformado
em autenticas masmorras, bem distantes do respeito da integridade
física e moral dos presos, direito constitucionalmente imposto.”

51NOGUEIRA, Paulo Lucio. Comentários de Execução Penal, p.7. apud. MARCÃO, Renato.
Curso de Execução Penal. 5ª Ed. São Paulo: Saraiva 2007.

52NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal, Ed 4ª. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.

38
Cumpre ainda salientar, que os condenados possuem o amparo legal
aos seus direitos expostos no corpo normativo da LEP e na CF/88 e nas
demais legislações que versem sobre os direitos fundamentais do preso.

2.3.4. PROPORCIONALIDADE DA PENA

Preliminarmente, convém destacar que para a perfeita normalidade da


aplicação da pena, é necessário que esta ocorra dentro dos limites legais,
devendo seguir as regras dos princípios da execução da pena, limites estes
que se referem a não atribuir a pena um caráter fora do que impõe a sentença
condenatória.

De acordo com os ensinamentos de Nucci53:

“As penas devem ser harmônicas com a gravidade da infração penal


cometida, não tendo cabimento o exagero, nem tampouco a extrema
liberalidade na cominação das penas nos tipos penais incriminadores,
não teria sentido punir um furto simples com elevada pena privativa
de liberdade como também não seria admissível punir um homicídio
qualificado com pena de multa.”

Assim, o juiz deve aplicar a pena de modo proporcional ao crime


cometido pelo o culpado.
Nessa perspectiva, o princípio da proporcionalidade é de suma
importância para o contexto da execução penal porque proporcionará ao
condenado o quantum de pena realmente merecido.

2.4. DOS DIREITOS DO CONDENADO

A fase da execução penal é o momento do processo, onde ao culpado é


atribuída uma sentença condenatória, assim é de suma importância para esta

53Idem.

39
fase processual que se tenha uma lei específica que verse sobre os direitos do
condenado.

A LEP expôs em seu artigo 41 os direitos do condenado como:

Art. 41- constituem direitos do condenado:

I - alimentação suficiente e vestuário;

II - atribuição de trabalho e sua remuneração;

III - previdência social;

IV - constituição de pecúlio;

V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o


trabalho, o descanso e a recreação;

VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais,


artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis
com a execução da pena;

VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional,


social e religiosa;

VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;

IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;

X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos


em dias determinados;

XI - chamamento nominal;

XII - igualdade de tratamento, salvo quanto às exigências da


individualização da pena;

XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;

XIV - representação e petição a qualquer autoridade em


defesa de direito;

XV - contato com o mundo exterior por meio de


correspondência escrita, da leitura e de outros meios de
informação que não comprometam a moral e os bons
costumes.

Percebe-se no artigo acima, que a referida lei procurou proporcionar


aos condenados durante a execução penal uma gama de direitos que fossem
suficientes para o cumprimento da pena.

A esse respeito Mirabete54 preleciona:

“A lei de execução penal, impedindo o excesso ou o desvio da


execução que possa comprometer a dignidade e a humanidade da
54MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução Penal. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

40
execução, torna expressa a extensão de direitos constitucionais aos
presos e internos.”

Dentre os direitos preceituados na CF/88 como indispensáveis a


qualquer cidadão e assegurados também ao preso, podemos salientar alguns
de extrema importância para o contexto penitenciário.

Tal como os direitos previstos no artigo 5º, caput da CF/88 como o direito
a vida. Além do inciso III do mesmo artigo, o qual destaca que nenhuma
pessoa será submetida à tortura nem a tratamento desumano degradante.

Desse modo, pode-se dizer que ao condenado serão auferidos os


direitos preceituados pela CF/88, o preso não será exposto a situações que
ponham em risco a sua condição de pessoa humana.

É importante mencionar que tanto os direitos previstos na LEP, quanto


na constituição federal devem ser respeitados, pois se houver qualquer
violação aos preceitos normativos explanados, o juiz da execução poderá
interferir com o objetivo de sanar as violações da lei ou dos regulamentos da
prisão com óbice de preservar os princípios da legalidade e da execução
penal55.

Luiz Garrido registra56:

“Definem-se estes como os direitos que naturalmente correspondam


a cada pessoa pelo o simples fato de serem seres humanos e em
razão da dignidade a tal condição e as liberdades, segurança,
igualdade, justiça e paz em que toda pessoa deve viver atuar.”

Assim, esses direitos são de fato pertencentes a qualquer cidadão na


medida em que fazem parte da sociedade e são sujeitos de direitos e
obrigações.

Nessa linha é que a LEP fornece aos presidiários que estão sujeito a
uma sentença condenatória a proteção aos direitos próprios intactos.

55Idem.

56GUZMAN, Luiz Garrido. Ob. Cit. p.204. apud. MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal.
11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

41
É o que se vislumbra nos ensinamentos de Mirabete 57:

“Por estar privado da liberdade, o preso encontra-se em uma situação


especial que condiciona uma limitação dos direitos previstos na
constituição federal e nas leis, mas isso não quer dizer que perde
além da liberdade sua condição de pessoa humana e a titularidade
dos direitos não atingidos pela condenação.”

Nessa perspectiva pode-se dizer que é necessário na conjuntura do


sistema penitenciário, que os direitos previstos na LEP sejam respeitados para
que os objetivos da pena venham a ser alcançados.

2.5. DOS DEVERES DO CONDENADO

De forma inicial vale dizer, que o indivíduo sob a condição da pena


privativa de liberdade tem que cumprir no sistema penal um rol de
deveres dispostos pela LEP.

Antes de adentrarmos no artigo referente aos deveres do condenado no


cárcere, é importante conceituarmos a palavra dever em um sentido amplo.
Assim o dicionário técnico jurídico define dever como imperativo moral, jurídico
ou de consciência. Aquilo que a lei ou a convenção, positiva ou negativamente, exige
da pessoa. Determinação de vontade imposta pela lei, pela razão58.
O artigo 39 da LEP destaca como deveres dos condenados:

Art. 39. Constituem deveres dos condenados


I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da
sentença;
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com
quem deva relacionar-se;
III - urbanidade e respeito no trato com os demais
condenados;
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos
de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;

57MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução Penal. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

58GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Jurídico. 6ª ed. São Paulo: Rideel, 2004.

42
VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
VII - indenização à vítima ou aos seus sucessores;
Vlll - indenização ao Estado, quando possível, das despesas
realizadas com a sua manutenção, mediante desconto
proporcional da remuneração do trabalho;
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
X - conservação dos objetos de uso pessoal.

Partindo da compreensão do artigo mencionado acima, os condenados terão


que obedecer às normas impostas pela LEP para que não venha a ocorrer entre a
administração da penitenciária e o preso uma relação conflituosa.
Dessa forma excelente é a definição de Renato Marcão59 a cerca dos
deveres do preso:
“Os deveres do preso são definidos como um código de
postura do condenado perante a administração e o Estado,
pressupondo formação ética social muitas das vezes não
condizente com a própria realidade do preso.”

Diante de tais considerações, merece ser evidenciado que o condenado antes


de entrar para a população carcerária possuía com a sua família e com a sociedade
regras diferentes das quais vai encontrar no âmbito do sistema prisional.
Nesse sentido, ao se integrar no presídio, o condenado passa a ter os
costumes dessa nova comunidade a qual foi inserido de modo que deverá respeitar a
todas as normas legais ditadas pela penitenciária

Diante disso Manoel Pedro Pimentel 60 salienta que:


“Ingressando no meio carcerário o sentenciado se adapta,
paulatinamente, aos padrões da prisão. Seu aprendizado
nesse mundo novo peculiar é estimulado pela necessidade de
se manter vivo, e se possível, ser aceito no grupo. Portanto,
longe de estar sendo ressocializado para a vida livre, esta, na
verdade, sendo socializado para viver na prisão. É claro que o
preso aprende rapidamente as regras disciplinares na prisão,
pois está interessado em não sofrer punições.”

Conforme esta definição, o dever do condenado é visto como de extrema


importância para a relação amigável entre a administração do presídio e os
condenados.

59MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5ª ed. São Paulo: Saraiva 2007.

60PIMENTEL, Manoel Pedro. O crime e a pena na atualidade, p. 158. apud .MARCÃO,


Renato. Curso de Execução Penal. 5ª ed. São Paulo: Saraiva 2007.

43
Diante disso é que compete ao preso respeitar as normas prelecionadas no
texto da execução penal, para que o objetivo de cumprimento da pena ocorra na mais
perfeita normalidade.
Nessa perspectiva, torna-se necessário que por parte do interno haja respeito
às normas proferidas na execução da sentença, pois ao contrario disso pode ocorrer
no âmbito do presídio um ambiente tenso, propício a revoltas e brigas constantes.

2.6. DA DISCIPLINA DO CONDENADO

O artigo 44 da LEP destaca que, a disciplina consiste na colaboração com a


ordem, na obediência as determinações das autoridades e seus agentes e no
desempenho do trabalho.
Na abordagem da disciplina do condenado, Renato Marcão61define que:
“Em sentido amplo, observar a disciplina é comportar-se em
conformidade com normas, delas se distanciando, o preso estará
cometendo falta disciplinar. A lei de execução penal está submetida
aos ditames dos princípios da reserva legal e da anterioridade da
norma de maneira que não pode haver falta ou sanção disciplinar
sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar. São vedadas
as sanções que possam colocar em perigo a integridade física e
moral do condenado.”

Diante do que se expôs, observa-se que a disciplina e de suma importância no


sistema penitenciário, pois a mesma tem papel de manter a ordem e a obediência dos
condenados em relação às autoridades.
Contudo a disciplina e exercida na execução da pena, de forma individual para
cada condenado, estabelecendo assim a punição necessária e a compensação de
modo que ajude na readaptação social do indivíduo.
Dessa forma, o regime disciplinar deve fundamentar-se em um jogo equilibrado
estimulando a boa conduta dos internos e uma serie de sanções para aqueles que
realizam ações que ponham em perigo a convivência ordenada que ser requer o
regime penitenciário62
61MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5ª ed. São Paulo: Saraiva 2007.

62GUZMAN, Luis Garrido. Ob. Cit. p. 379. apud. MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução Penal.
11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

44
As Regras Mínimas da ONU destacam que a ordem e a disciplina serão
mantidas com firmeza, mais sem impor maiores restrições que as necessárias para
manter a segurança e boa organização da vida comum.
Armida Bergamini Miotto63 salienta que:
“Procura-se propiciar boas condições psicológicas, para o condenado
reconhecer sua culpabilidade pela infração penal que cometeu e
dispor-se a não reincidir, já por que a vivência da disciplina suscita,
desenvolve e consolida bons hábitos a respeito das normas de
conduta ou hábitos de boa conduta para com as pessoas na mesma
categoria e hierárquica, assim como para com as de diversa (inferior
ou superior) categoria, o que, conforme o caso contribuiu para
educação ou reeducação, ou então para a não – degeneração, não
degradação, e, pois, para o futuro ajustamento ou reajustamento
familiar, comunitário e social.”

O artigo 45 da LEP destaca que, não haverá falta nem sanção disciplinar sem
expressa e anterior previsão legal ou regulamentada.
Nesse âmbito, para melhor entender a disciplina do condenado, Renato
Marcão64 define que a LEP está submetida aos ditames dos princípios da reserva legal
e da anterioridade da norma, de maneira que não pode haver falta ou sanção
disciplinar em expressa e anterior previsão legal ou regulamentada.
Depreende-se assim, que para a ocorrência de falta considerada leve ou grave
pelo o condenado, deverão existir normas expressas que venham a conter as regras
de disciplina que serão cumpridas pelos os condenados no sistema prisional.
Cumpre ainda salientar, que cada penitenciária terá o seu conjunto de normas
necessárias para conter os ânimos dos sentenciados, porém deve ser mencionado
que estas normas deverão esta de acordo com os princípios da execução da pena.
Outro aspecto relevante no tocante a disciplina do condenado diz
respeito às faltas disciplinares cometidas pelos os apenados.
O artigo 47 da LEP determina que, o poder disciplinar na execução da
pena privativa de liberdade, será exercido pela autoridade administrativa
conforme as disposições regulamentares.

63MIOTTO, Armida Bergamini. Ob. Cit. p. 351. apud. MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução
Penal. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

64MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5ª ed. São Paulo: Saraiva 2007.

45
Isto sinaliza que, a autoridade administrativa onde o preso se encontra
custodiado tem autonomia para estabelecer as normas disciplinares de acordo
com a LEP.
Recorrendo mais uma vez aos ensinamentos de Renato Marcão 65 tem-se
que:
“A punição por faltas leves e medias se resolve nos limites da
administração carcerária, pois não há imposição legal alguma no
sentido de que as sanções aplicadas, nesses casos, sejam
comunicadas ao juiz da execução para qualquer providencia. Elas não
repercutem na execução da pena, no seu aspecto judicial propriamente
dito. Entretanto, uma vez aplicada sanção disciplinar pelo o
cometimento de falta grave deverá obrigatoriamente ao juiz da
execução.”

Sob este prisma, importante ater-se que a disciplina do condenado tem


ligação direta com a postura do indivíduo, após o cumprimento de sua pena.
Desse modo se o indivíduo ao longo de tempo que se encontra custodiado na
casa penal, tende a ser um preso que respeita as regras do sistema, poderá ao
sair da prisão criar o hábito pela boa disciplina, ocorrendo assim a sua
readaptação social.
Nessa perspectiva, pode-se mencionar que se diferencia do preso que
ao longo do cumprimento da pena teve como característica principal a revolta
em se encontrar na prisão e que procura transgredir a todas as normas
impostas pelo o sistema.

CAPÍTULO III – O SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO

65MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5ª ed. São Paulo: Saraiva 2007.

46
3.1. DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

De forma inicial, convém fazer uma alusão ao nosso primeiro capítulo,


onde se enfocou o surgimento da pena como prisão.

O surgimento da pena privativa de liberdade se dá de acordo com a


evolução histórica da pena. Assim pode-se dizer que na fase arcaica da pena
não tínhamos a finalidade da pena vista como uma privação do indivíduo da
sua liberdade, não se tinha presente no mundo jurídico à noção da punição
com a objeção de cercear a liberdade do culpado, ocorria em grande escala à
imposição da vingança ao delinquente .

Nesse diapasão a professora Irene Batista Muakad 66 registra:


“A privação de liberdade já representou algum freio do
comportamento humano, sendo vista com respeito ou, pelo menos,
conseguindo, em uma determinada época da história, fazer surtirem
os efeitos da política criminal. Enfim, olhando-se para o passado,
verificar-se-á que as penas privativas de liberdade, mesmo cumpridas
em regime fechado, representaram um progresso no sistema
penitenciário vigente até então.”

Nesse sentido, a pena privativa de liberdade encontra amparo legal no


art. 33 do CPB o qual destaca que a pena de reclusão deve ser cumprida em
regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção em regime semi aberto,
ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.

De acordo com o CPB, as penas privativas de liberdade se subdividem


em reclusão e detenção.

Desse modo, com base no artigo exposto, a incidência da reclusão


ocorre sempre que o regime aplicado ao condenado recair em fechado, semi
aberto ou aberto, já a de detenção pode ser entendida como pena de privativa
de liberdade que ocorre a fixação da pena em regime de cumprimento semi
aberto ou aberto

66MUAKAD, Irene Batista. As Penas Privativas de Liberdade: funções e execuções.


Informações obtidas em: www.webartigos.com/articles/2459/1/as-penas-privativas-de-
liberdade-funcoes-e-execucao/pagina1.html. Acesso em 02 de out. 2009.

47
Segundo Rogério Greco67, a pena privativa de liberdade vem prevista no
preceito secundário de cada tipo penal incriminador, servindo a sua
individualização, que permitirá a aferição da proporcionalidade entre a sanção
que é cominada em comparação com o bem jurídico por ele protegido.

Depreende do exposto, que ao fixar a pena privativa de liberdade o juiz


está auferindo ao condenado a individualização e a proporção da pena, de
modo que fixada essa estrutura o judiciário definirá o regime de cumprimento
de sentença ao qual será submetido.

O artigo 33§ 2° do CPB menciona que as penas privativas de liberdade


deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do
condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas a hipótese de
transferência a regime mais rigoroso.

Ainda recorrendo aos ensinamentos de Greco 68 é de suma importância


destacar que se vier a ocorrer à transferência para regime mais rigoroso,
conforme destacado no artigo anterior, o juiz deverá explicitar os motivos pelos
quais está determinando ao sentenciado regime mais rigoroso do que aquele
previsto para a quantidade de pena a ele aplicada.

Nessa linha, a Súmula 719 do Supremo Tribunal Federal expõe que a


imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada
exige motivação idônea.

Diante de tais considerações, a pena privativa de liberdade é aplicada


com o objetivo de retirar o indivíduo do convívio social para que seja submetido
a regras disciplinares, com a imposição obrigatória do trabalho pela
administração do presídio, para que após o cumprimento de sua pena ocorra o
segundo objetivo da pena que é a reintegração do indivíduo a sociedade

67GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, ed. 10ª. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

68Idem.

48
3.2. DOS REGIMES DE CUMPRIMENTO DE PENA

Preliminarmente, convém mencionar que ao aplicar a pena privativa de


liberdade, o juiz definirá o regime inicial de cumprimento de pena imposta ao
condenado, a qual incidem em regime fechado, semi aberto e aberto previsto
no artigo 33 do CPB.

3.2.1.REGIME FECHADO

De forma inicial, convém destacar que o regime fechado é definido pelo


o CPB no artigo 33 § 1º alínea a, como regime de execução da pena em
estabelecimento de segurança máxima ou media e ainda que a pena aplicada
seja superior a oito (8) anos.

Um ponto que merece ser enfatizado é em relação ao exame


criminológico, por qual passará o acusado para que se possa dar início à
individualização da execução da pena.

Nesse contexto o artigo 34, caput do CPB destaca:

“O condenado será submetido, no inicio do cumprimento da pena, a


exame criminológico de classificação para individualização da
execução.”
Sobre este artigo Capez69 registra:

“Instrumento importante para buscar a individualização da execução


da pena é a prévia classificação dos criminosos de acordo com seus
antecedentes e personalidade. Ela será feita pela comissão técnica
de classificação, a quem incumbirá, no início da pena, submeter o
condenado a exame criminológico estabelecer seu perfil psicológico e
classificá-lo de acordo com sua personalidade, bem como com seus
antecedentes.”

69CAPEZ, Fernando. Codigo Penal Comentado, ed. 2ª. Porto Alegre: Verbo Juridico, 2008.

49
A LEP em relação a classificação do condenado,destaca em seu artigo
5° que a classificação do condenado ocorrerá de acordo com seus
antecedentes e a sua personalidade.

Diante de tais classificações o preso durante o regime fechado fica


sujeito as regras da execução da pena, terão que se sujeitar ao trabalho
durante o dia e ficar isolado durante o repouso noturno, conforme preleciona o
artigo 34 § 1° do CPB.

Segundo Greco, 70 sendo viabilizado o trabalho, este será comum dentro


do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do
condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.

Assim, pode-se entender que a penitenciária fornecerá o trabalho ao


condenado respeitando os seus limites para que não ocorra a imposição de
trabalhos forçados de acordo com o disposto na CF/88 artigo 5º, XLVII, c.

Sob outro prisma há de se destacar que o condenado poderá progredir


de regime se cumprir as regras estipuladas em lei em consonância com a casa
penal.

Diante disso, é que a pena privativa de liberdade será executada em


forma progressiva com transferência para o regime menos rigoroso a ser
determinada pelo o juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos 1/6 da pena
em regime anterior. É o que destaca o artigo 112 da LEP.

Nesse contexto Greco71explica que:

“Deve ser ressaltado que a progressão também não poderá ser


realizada por saltos, ou seja, deverá sempre obedecer ao regime
legal imediatamente seguinte ao qual o condenado vem cumprindo
sua pena. Assim não há possibilidade de no exemplo, progredir-se
diretamente do regime fechado para o regime aberto, deixando-se de
lado o regime aberto.”

70GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, ed. 10. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

71Idem.

50
Desse modo, para que o condenado tenha direito ao benefício da
progressão de regime é necessário obedecer aos ditames do artigo 123 da
LEP.

“Art. 123- A autorização será concedida por ato motivado do juiz da


execução, ouvidos o ministério publico e a administração
penitenciaria, é dependerá da satisfação dos seguintes requisitos:
I- Comportamento adequado
II - Cumprimento mínimo de um sexto da pena se o condenado for
primário, e um quarto, se reincidente.
III- Compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.”

Por fim, é importante salientar que o preso em regime fechado poderá


obter a permissão de saída, desde que ocorra um dos fatos relatados pela lei.

A LEP expôs em seu artigo 120 os seguintes fatos:

“Art.120 – os condenados que cumprem pena em regime fechado ou


semi aberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair
do estabelecimento mediante escolta, quando ocorrer um dos
seguintes fatos:

I-Falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente,


descendente ou irmão;

II - Necessidade de tratamento médico.”

3.2.2. REGIME SEMI ABERTO

O artigo 35 do CPB, define como regime semi aberto o regime de


cumprimento da pena onde o condenado executa a sentença em colônia
agrícola, industrial ou comercial.

51
Destaca Capez72, que o trabalho interno segue as mesmas regras do
regime fechado, dando direito também a remição de pena, com a diferença de
que é desenvolvido no interior da colônia penal com mais liberdade do que no
estabelecimento carcerário.

Nesse sentido, tem-se que o trabalho externo é admissível no regime


semi aberto,assim como também a participação do sentenciado em cursos
profissionalizantes, conforme registra o artigo 35,§ 2° do CPB.

De acordo com o artigo 122 da LEP os condenados que cumprem a


pena em regime semi aberto poderão ter o direito a saídas temporárias para a
visita da família e até mesmo para freqüentar curso profissionalizante.

Nessa linha de observação Silva73 registra:

“Toda e qualquer atividade que possa no retorno harmonioso e


saudável do condenado ao meio social, seja contribuindo na sua
formação social, intelectual, profissional, moral ou espiritual e
havendo compatibilidade dessa atividade com as características do
regime prisional, não deve ser limitada a saída temporária do
condenado para atividades ressocializadoras.”

Diante do que se expôs, cogita-se que as saídas temporárias


proporcionadas ao condenado ajuda a combater o ócio no regime de pena a
qual se encontra inserido.

Assim, pode-se dizer que com o estudo profissionalizante, o condenado


passa a ter mais chances no mercado de trabalho. Desse modo quando tiver
de volta a sua liberdade poderá exercer a profissão ao qual aprendeu enquanto
se encontrava preso.

72CAPEZ, Fernando. Código Penal Comentado, ed. 2ª. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008.

73SILVA, Haroldo Caetano. Manual de Execuções Penal. Campinas: Bookseller, 2001.

52
A saída temporária segundo Marcão 74, visa o fortalecimento de valores
ético-sociais, de sentimentos nobres, o estreitamento dos laços afetivos e de
convívio social harmônico pautado por responsabilidade, imprescindíveis para
a ressocialização do sentenciado.

É de suma importância destacar, que a autorização será concedida por


prazo não superior a sete dias, podendo ser renovada por mais quatro vezes
durante o ano, conforme menciona o artigo 124 da LEP.

Diante desse contexto, vale reproduzir expressivo pensamento do


ministro Costa Lima75:

“As saídas temporárias restritas aos condenados que se encontram


cumprindo a pena no regime semi aberto, consistem na permissão
para visitar a família sem vigilância direta, freqüentar cursos
funcionando na comarca da execução ou participação em atividades
que concorram para a harmônica integração do condenado.”
Depreende-se do exposto, que objetiva-se com as saídas temporárias,
que o condenado possua a relação com o mundo exterior, que conviva durante
o tempo autorizado com a sua família e com a sociedade, obedecendo aos
limites legais da sua autorização.

3.2.3. REGIME ABERTO

O regime aberto é a terceira espécie de regime de cumprimento de pena


prevista no ordenamento jurídico Brasileiro.

Tem-se que o regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de


responsabilidade do condenado. É o que destaca o artigo 36 do CPB.

74CAPEZ, Fernando. Código Penal Comentado, ed. 2ª. Porto Alegre: Verbo Juridico, 2008.

75Idem.

53
Segundo Nucci76, o condenado deve recolher-se durante o repouso
noturno, a casa do albergado, ou estabelecimento similar, sem rigorismo de
uma prisão desenvolvendo atividades laborativas externas durante o dia. Nos
dias de folga deve ficar recolhido.

Em suma, nota-se que no regime aberto o sentenciado cumpre a


execução da pena em casa do albergado, no qual o prédio deverá situar-se em
centro urbano conforme sinaliza o artigo 94 da LEP.

Marcão77 registra que a casa do albergado imprime idéia de local sem as


características de cárcere, próprio para o cumprimento de penas em regime
fechado ou semi aberto.

Outro ponto que merece destaque, em relação ao trabalho no regime


aberto é que nessa fase de cumprimento de pena, o condenado não é obrigado
a trabalhar, pois não cumpre a sua pena em penitenciária, com a progressão
do regime o condenado passa a cumprir a sua pena em casa de albergado.

Sobre esta questão Greco78 considera:

“A peculiaridade do regime aberto, que difere dos regimes anteriores,


diz respeito ao trabalho. Nos regimes anteriores- fechado e semi
aberto, o trabalho do preso faz com que tenha direito a remição. Aqui,
no regime aberto, não há previsão legal para a remição da pena, uma
vez que somente poderá ingressar nesse regime o condenado que
estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo
imediatamente.”

Portanto, é de suma importância que em cada regime do cumprimento


de pena, o preso tenha de fato os seus direitos respeitados, pois, com o
respeito à integridade física e mental, poderá ser criado nesse âmbito à idéia

76CAPEZ, Fernando. Código Penal Comentado, ed. 2ª. Porto Alegre: Verbo Juridico, 2008.

77MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5ª ed. São Paulo: Saraiva 2007.

78GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, ed. 10ª. Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

54
de respeito entre os presos. Assim, a valorização do indivíduo no sistema penal
é de fundamental relevância para a reintegração do condenado a sociedade.

Logo o Estado deverá proteger os princípios constitucionais inerentes a


pessoa humana dentro do sistema penal, ocorrendo nesse sentido o acesso
dos presos a saúde, educação e ao trabalho, sendo estes os instrumentos
capazes de combater o ócio nas penitenciárias.

3.3. CRISE NO ATUAL SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO.

Preliminarmente, antes de adentrarmos sobre o tema em questão, é


necessário fazermos um breve entendimento sobre o conceito do sistema
penal.

De acordo com José Henrique e Eugenio Raul 79 o sistema penal é o


controle social punitivo institucionalizado, que, na prática, abarca a partir de
quando se detecta ou supõe detectar-se uma suspeita de delito até que se
impõe e executa uma pena.

O Brasil, ao longo dos anos teve um aumento acentuado em relação à


criminalidade. Desta forma, poderíamos tecer inúmeros fatores que estão
diretamente ligados a essa elevação da criminalidade, como, por exemplo, o
aumento do desemprego e da pobreza generalizada.

Porém, pode-se aduzir que com o aumento das práticas de infrações


penais, conseqüentemente, surge para o Estado o direito de punir. Assim,
convém mencionar que, com a incidência cada vez maior de crimes, as
penitenciárias não foram estruturadas para que comportassem esse aumento
exacerbado da criminalidade.

Nesse sentido, pode-se perceber no cotidiano do sistema penal a


presença constante das rebeliões em quase todos os Estados do Brasil,

79ZAFFARONI, Eugênio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal


Brasileiro, volume 1: Parte Geral, 7ª Ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007, pág.
65.

55
fundamentadas pelos presos pela falta de estrutura das penitenciárias e na
ausência de assistência correta.

Nesse âmbito, é de suma importância registramos os pensamentos de


Coelho80:
“Para recuperar o sistema prisional existente o governo deveria
destinar uma grande verba para construção de novos presídios para
fornecer aos presos programas destinados a sua recuperação.”

Do exposto, deduz-se que o sistema penal Brasileiro precisa passar por


reformulações para que forneçam condições essenciais ao condenado dentro
do cárcere.

Nesse liame da configuração da crise no sistema penal atual, é


importante mencionar as palavras do ministro Tarso Genro 81:

“Mesmo diante da gravidade do problema, alguns estados têm


demorado aplicar os recursos, enquanto outros têm sido mais ágeis.
O Estado de Espírito Santo é um dos estados que têm agilidade nas
respostas dos oferecimentos de financiamento que nós estamos
fazendo. Mas o problema lá é grave, como em vários pontos do país”.

Diante de tais considerações, pode-se dizer que vem ocorrendo diversas


tentativas para sanar os incidentes da execução penal em todo o Brasil. Dessa
forma, deve-se citar o papel da Defensoria Pública no combate à violação dos
direitos humanos na assistência jurídica aos condenados, que não possuem
advogados particulares, assim almeja-se com tal estrutura fornecer
atendimentos jurídicos aos condenados dentro dos presídios na tentativa de
diminuir a gama de processos pendentes e sem resoluções no tocante a
execução penal.

Na visão de Bitencourt82:

80COELHO, Daniel Vasconcelos. A Crise no Sistema Penitenciário Brasileiro. Informações


obtidas em: www.neofito.com.br. Acesso em 05 de out. 2009.

81GENRO, Tarso. Sistema Penitenciário Brasileiro. Informações obtidas em:


http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/05/21/materia.2009-05-
21.6270232766/view.Acesso em 05 de out. 2009.

82BITENCOURT, Roberto. Pena de prisão perpetua. Informações obtidas em


www.cjf.gov/revista/painel IIv-2htm. Acesso em 19 nov. 2007. apud. DA SILVA, Haroldo
Caetano. Ensaio Sobre a Pena de Prisão. Curitiba: Juruá, 2009.

56
“Quando a prisão se converteu na principal resposta penologica,
especialmente a partir do século XIX, acreditou-se que poderia ser um
meio adequado para conseguir a reforma do delinqüente. Durante
muitos anos, imperou um ambiente otimista, predominando a firme
convicção de que a prisão poderia ser um meio idôneo para realizar
todas as finalidades da pena e que, dentro de certas condições, seria
impossível ressocializar o delinqüente. Esse otimismo inicial
desapareceu e, atualmente, predomina uma certa atitude
pessimista,não há muitas esperanças sobre os resultados que se
possa conseguir com a prisão tradicional.A critica tem sido tão
persistente que se pode afirmar,sem exagero,que a prisão está em
crise.Essa crise abrange também o objetivo ressocializador na pena
privativa de liberdade.”

Frente à falta de estrutura na maioria dos presídios, temos uma


divergência doutrinaria extensiva e não chegaríamos de fato a uma opinião
comum sobre o assunto.

Desse modo deve-se mencionar que a sociedade se modifica


constantemente. O nosso ordenamento jurídico tem grande dificuldade em
sanar todos os acontecimentos existentes em relação ao sistema penitenciário
no Brasil. Assim o que se espera é que as normas inseridas busquem sempre
criar um ordenamento jurídico justo e de acordo com o aumento da população
carcerária.

Nesse sentido o que deve ser enfatizado é que o sistema penal não
deve ser omisso em relação aos direitos humanos que compõem um Estado
Democrático de Direito, de modo que forneça aos condenados subsídios
necessários para o cumprimento da pena.

3.4. OCIOSIDADE NO SISTEMA PENAL

Como já salientado o sistema penal Brasileiro passa por um momento


difícil no tocante ao cumprimento da pena privativa de liberdade.

Assim, com base neste fundamento, almeja-se entender a presença do


ócio no sistema penal.

Primeiramente, vale conceituar a palavra ociosidade, segundo o


dicionário técnico jurídico, entende-se o ócio como ausência de atividade útil;

57
vicio de pessoa, apta para o trabalho, que não tem ocupação honesta ou se
abstém de procurá-la83.

Nessa perspectiva, é que o ócio se configura no contexto penitenciário,


quando ao condenado não lhe é fornecida atividade laborativa ou este não tem
iniciativa de procurar um meio para ocupar a sua mente.

Destarte, para que se possa chegar a uma real compreensão do ócio


entranhado no sistema penal é de suma importância entender a situação vívida
por este indivíduo antes da privação da liberdade.

Nesse liame, excelente é a síntese de Louk Hulsman 84:

“Perdendo a liberdade, aquele que vivia de salário e tinha um


emprego, imediatamente, perde este emprego. Ao mesmo tempo,
perde a possibilidade de manter a sua casa e assumir aos encargos
de família. Se vê separado desta família, com todos os problemas
morais que isso acarreta.”

Diante desses fatores expostos é que se pode entender a presença do


ócio no sistema penal, pois o indivíduo que chega a esse sistema se encontra
sem a sua liberdade, ficando, desse modo, desnorteado frente ao
enclausuramento, pois perde a sua auto estima em viver, já que passa a fazer
parte de uma nova comunidade.

Segundo Alvino Augusto85, a vida carcerária é uma vida em massa,


sobretudo para os presos, o que lhes acarreta, conforme o tempo de duração
da pena, uma verdadeira desorganização da personalidade, ingrediente central
do processo de prisionização que, entre outros efeitos, provoca: perda da

83GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Jurídico. 6ª ed. São Paulo: Rideel, 2004.

84HULSMAN. Louk. Penas Perdidas, p 62-63. apud. DA SILVA, Haroldo Caetano. Ensaio
Sobre a Pena de Prisão. Curitiba: Juruá, 2009.

85ALVINO, Augusto. Programa de apoio a reintegração social de encarceramento. Revista


Brasileira de Ciências Criminais, n 38 p 215. apud. DA SILVA, Haroldo Caetano. Ensaio Sobre
a Pena de Prisão. Curitiba: Juruá, 2009, p. 51.

58
identidade e aquisição de nova identidade; sentimento de inferioridade;
empobrecimento psíquico; infantilização e regressão.

Do exposto, cogita-se que poderão ocorrer duas situações dentro do


sistema penal, a primeira delas é a do indivíduo optar pela sua reintegração ao
convívio social, para que volte para o seio da sua família, na tentativa de
recuperar tudo o que foi perdido com a prática do delito. Ou, em contrapartida,
optar pela segunda situação que se configura em não querer se submeter às
imposições de trabalho e também as regras de disciplina fornecidas pelo o
presídio.

Observando os reflexos desse tema sob o ângulo da ociosidade nas


penitenciárias, denota-se a seguinte informação encontrada na tese de
Elionaldo Fernandes86:

“(...) O trabalho de condenados nas prisões brasileiras está longe de


ser uma realidade no país. Segundo aponta tese de doutorado da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), que compila diversos
dados sobre o sistema carcerário brasileiro, cerca de 76% dos presos
estão ociosos nas cadeias do país.
O Ceará é o Estado onde os presos têm o maior percentual de
ociosidade, com apenas 2,74% desses exercendo alguma atividade.
Na outra ponta está Santa Catarina, onde 58,14% dos presos
trabalham (...). O objetivo do estudo era demonstrar de que forma o
trabalho e a educação influem na reinserção social do preso - e,
conseqüentemente, nas chances que terá de reincidência no crime.
De reincidência no crime. De acordo com a tese, trabalhar na prisão
diminui as chances de reincidência em 48%. Quando o preso estuda
na cadeia, as chances de voltar ao crime diminuem 39%.(...).”

É de grande relevância destacar, que a falta de atividade laborativa no


interior das prisões é um problema constante, que afeta a ressocialização do
indivíduo. Dessa forma, pode-se evidenciar que a presença excessiva do ócio
no sistema penitenciário ocasiona para os sentenciados que fazem parte deste
circulo do ócio, a crença de que tudo está perdido e que não existe mais motivo
para viver fora do cárcere.

No pensamento de Boschi 87:

86JULIÃO, Elionaldo Fernandes. Ociosidade dos Presos no Brasil. Informações retiradas


em: http://achcavalcanti.blogspot.com/2009/09/ociosidade-dos-presos-no-brasil.html. Acesso
em 06 out. 2009.

59
“Todo ser humano, uma vez capacitado à atividade laboral para a
manutenção de sua própria subsistência e sua perfeita integração na
sociedade, de onde é produto, tem necessidade de fugir à ociosidade
através do trabalho, cujo trabalho, como dever social e condição da
dignidade humana, terão finalidade educativa e produtiva. Educativa
porque, na hipótese de ser o condenado pessoa sem qualquer
habilitação profissional, a atividade desenvolvida no estabelecimento
prisional conduzi-lo-á ante a filosofia da Lei de Execução Penal, ao
aprendizado de uma profissão. Produtiva porque, ao mesmo tempo
em que impede a ociosidade, gera ao condenado recursos financeiros
para o atendimento das obrigações decorrentes da responsabilidade
civil, assistência à família, despesas pessoais. O trabalho durante a
execução da pena restritiva da liberdade, além dessas finalidades,
impede que o preso venha produto da ociosidade, desviar-se dos
objetivos da pena, de caráter eminentemente ressocializador,
embrenhando-se, cada vez mais nos túneis submersos do crime,
corrompendo-se ou corrompendo seus companheiros de infortúnio.”

Nessa perspectiva, se pode evidenciar que a presença de atividades


laborativas dentro do cárcere, pode ser um dos principais fatores para que
ocorra a reintegração do individuo a sociedade, pois, com a mente focada no
trabalho e no estudo o indivíduo passa a ter uma nova visão da sociedade,
passando a ter esperança de que poderá se enquadrar em outro meio de vida
ao sair da prisão.

3.4.1. CONDIÇÕES DE COMBATE AO ÓCIO

É necessário no âmbito penitenciário, que sejam inseridas condições ao


condenado para que levem a sua libertação de pensamentos que muitas das
vezes afastam da sua reintegração social.

Desse modo é que se torna de suma importância entender a atividade


laborativa e o estudo como condições de combate ao ócio no sistema penal
Brasileiro.

3.4.1.1.ATIVIDADE LABORATIVA

87BOSCHI, José Antonio Pagamella. Lei de Execução Penal. São Paulo: Aidê, 1986.

60
O que se observa quanto ao trabalho penitenciário, é que este alcança a
esfera do direito e do dever do preso previsto na LEP.

É importante saber quanto ao trabalho penitenciário que este passou por


uma evolução histórica, pois no início do surgimento da pena, o trabalho estava
vinculado à idéia de vingança e castigo com a finalidade de ocasionar a pena o
Caráter aflitivo88.

Percebe-se, que com o advento da evolução da pena no nosso


ordenamento jurídico, o contexto penitenciário passa a inserir a presença da
atividade laborativa, com o intuito de proporcionar ao apenado uma nova vida
social, de modo que, com a estrutura do trabalho dentro do cárcere o indivíduo
passe a ter a sua reintegração à sociedade.

Sob esta questão Mirabete89 registra que:

“Entende-se hoje por trabalho penitenciário a atividade dos presos e


internados, no estabelecimento penal ou fora dele, com remuneração
equitativa e equiparada aos das pessoas livres no concernente a
segurança, higiene e direitos previdenciários sociais.”

Diante disso é que o Estado deverá proporcionar ao condenado o


trabalho, já que é um direito social previsto no artigo 6º da CF/88.

Dessa forma é que Armida Bergamini 90 registra que em cumprimento de


pena privativa de liberdade ou medida de segurança detentiva, o cidadão não
pode exercer o direito social, assim o Estado tem o dever de dar-lhe o trabalho.

Com efeito, verifica-se este fundamento do artigo 6º da CF/88 na LEP


em seu artigo 28, que, destaca o trabalho do condenado como dever social e
condição de dignidade humana, com a finalidade educativa e produtiva.

88MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução Penal. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

89Idem.

90MIOTTO, Armida Bergamini. Ob. Cit.p.365. apud. MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução


Penal. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

61
Diante dessa estrutura da concepção do trabalho na prisão como um
direito do preso, vale registrar as palavras de Francisco Bueno 91, onde para
este trabalho, do ponto de vista disciplinar, evita os efeitos corruptores do ócio
e contribui para manter a ordem, sendo necessário para conservar o equilíbrio
orgânico e psíquico do homem.

A esse respeito Alfredo Issa Assaly92 dispõe:

“O trabalho presidiário, consagrado em todas as legislações


hordienas,constitui uma das pedras fundamentais dos sistemas
penitenciários vigentes e um dos elementos básicos da política
criminal.”

Nesses termos, leva nos a pensar que o trabalho dentro do sistema


penitenciário é de extrema importância para a contribuição da ressocialização
do preso. Haja vista, que com o cotidiano do trabalho inserido pelo Estado o
apenado passa a ter hábitos da atividade laborativa.

Sobre esta questão, pode-se dizer que quando o sentenciado tiver de


volta a liberdade passará a ter hábitos de ofícios produtivos.

Colaborando com a importância do trabalho no sistema penitenciário


pode-se destacar os seguintes entendimentos:

Armida Bergamini Mioto93 entende que se o condenado já tinha o hábito


de trabalho, depois de recolhido ao estabelecimento penal seu labor, irá manter
aquele hábito, impedindo que degenere se não o tinha. O exercício regular do
trabalho contribuirá para ir gradativamente disciplinando-lhe a conduta,
instalando-se em sua personalidade o hábito de atividade disciplinadora.

91 ARUS, Francisco Bueno. Art. Cit. p. 307. apud. MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal.
11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

92ASSALY, Alfredo Issa. O Trabalho Penitenciario, p. 15. a


pud. MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5ª ed. São Paulo: Saraiva 2007.

93MIOTTO, Armida Bergamini. Ob. Cit. p. 495. apud. MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução
Penal. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

62
Ariovaldo Figueiredo94 expõe que a aquisição de ofício ou profissão, fator
decisivo a reincorporarão social do preso, contribuirá para facilitar-lhe a
estabilidade econômica assim que alcançar a liberdade. É preparando o
indivíduo pela profissionalização (mão-de-obra qualificada), pela segurança
econômica que vai adquirindo, pela ocupação integral de seu tempo em coisa
útil e produtiva e, conseqüentemente, pelo nascer da razão de viver, pelo
reconhecimento dos direitos e deveres, das responsabilidades e da dignidade
humana que se obterá o ajustamento ou reajustamento desejado.

Michel Focuault95comenta que o trabalho penal deve ser concebido como


sendo uma maquinaria que transforma o prisioneiro violento, agindo em uma
peça que desempenha seu papel com perfeita regularidade.

Depreende-se dos argumentos expostos, que a falta de atividades


inseridas pelo Estado dentro do sistema penitenciário ocasiona a não
ressocialização do condenado. O que nos remete nesse momento a relembrar
o conceito de pena, empregado no capítulo anterior, onde se define como uma
sanção imposta ao condenado com um caráter de castigo e retribuição.

Desse modo, pode-se dizer que quando o Estado deixa de proporcionar


condições de trabalho e estudo dentro da prisão estará fomentando
sobejamente o ócio dentro do cárcere.

Ademais, outro ponto que precisa ser enfatizado em relação ao contexto


do trabalho penitenciário é o instituto da remição de pena.

Mirabete96 expõe com muita propriedade que:

94FIGUEIREDO, Ariovaldo. Comentários do Código Penal. São Paulo: Saraiva, 1985. P. 135.
apud. MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução Penal. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

95FOUOCAULT, Michel. Vigiar e Punir Historia da Violência nas Prisões.São Paulo: Vozes,
2001.

96MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução Penal. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

63
“A remição trata-se de um instituto completo, pois reeduca o
delinqüente e prepara-o para sua reincorporaração a sociedade,
proporciona-lhe meios para reabilitar-se diante de si mesmo e da
sociedade, disciplina sua vontade, favorece a sua família e, sobretudo
abrevia a condenação, condicionando esta ao próprio esforço do
apenado”.

É o que se observa nos termos do artigo 126 caput da LEP onde o


condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semi-aberto poderá
remir, pelo o trabalho, parte do tempo da execução da pena.

De acordo com Marcão97 a remição tem o objetivo de abreviar a


condenação através do trabalho, descontando-se um dia de pena, sendo certo
que o tempo remido deverá ser observado para o efeito de se conceder
livramento condicional e indulto.

Partindo da compreensão da atribuição de trabalho dentro do sistema


penal, deve-se evidenciar que a remição de pena foi uma forma que o
legislador encontrou para beneficiar aquele condenado que exerce trabalho na
penitenciária, atribuindo-lhe a recompensa da diminuição da pena.

Dessa forma, pode-se dizer que através da atividade laborativa inserida


na penitenciária, com o óbice de diminuir a pena do condenado, ocorre em
contrapartida a ocupação da mente do indivíduo, ocorrendo dessa forma o
desapego pelo ócio.

3.4.1.2. EDUCAÇÃO

A assistência educacional ao preso encontra respaldo legal no artigo 17


da LEP, a assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a
formação profissional do preso e do internado.

Nessa linha excelente é a observação de Armida Bergamini 98:

97MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5ª ed. São Paulo: Saraiva 2007.

98MIOTTO, Armida Bergamini. Ob. Cit. p. 403. apud. MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução
Penal. 11ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

64
“A assistência educacional deve ser uma das prestações básicas
mais importantes não só para o homem livre, mas também aquele
que está preso, constituindo-se neste caso em um elemento de
tratamento penitenciário como meio para reinserção social.”

Diante disso, cabe enfatizar que o sentenciado também tem direito a


educação como qualquer cidadão comum, pois esse direito está previsto
constitucionalmente no artigo 205 da CF/88, o qual dispõe que a educação é
um direito de todos e dever do Estado, visando o pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.

Pode-se evidenciar que o Estado, ao proporcionar a educação ao


cidadão comum que é o preso, estará ajudando no seu desenvolvimento. É de
suma importância analisar a assistência educacional dentro do presídio, porque
esse meio nos remete a idéia de que é uma das principais formas de se
combater ao ócio configurado no cárcere.

Sob esta questão, cabe enfatizar os ensinamentos de Manoel Rodrigues


Português99:

“A contradição entre a educação e a reabilitação penitenciária incide


preponderantemente neste aspecto. A primeira almeja a formação dos
sujeitos, a ampliação de sua leitura de mundo, o despertar da
criatividade e da participação para a construção de conhecimento, a
transformação e a superação de sua condição. “Já a segunda, atribui
a absoluta primazia na anulação da pessoa, na sua mortificação
enquanto sujeito, aceitando sua situação e condição como imutáveis
ou, ao menos, cujas possibilidades para modificá-las estão fora de
seu alcance”, quando demonstra a necessidade da estruturação do
processo educativo do preso fundamentalmente “no diálogo,
pressuposto para que os homens tornem-se humanos.”

Compreende-se que a educação é uma fonte que proporciona ao preso


a manutenção dos seus direitos como cidadão comum, já que a sentença
condenatória não restringe os direitos inerentes à condição da pessoa humana.

É oportuno salientar o dispositivo preceituado no artigo 206 da


Declaração Universal dos Direitos do Homem, onde todos têm direito a

99PORTUGUES, Manoel Rodrigues. Educação de Adultos Presos. Informações obtidas em:


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022001000200011. Acesso em:
10 ago. 2009.

65
instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e
fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnica
profissional será acessível a todos,bem como a instrução superior,está
baseada no mérito.

Partindo da compreensão da Declaração dos Direitos Universal do


Homem Renato Marcão100 assevera:

“A assistência educacional tem por escopo proporcionar ao executado


melhores condições de readaptação social, preparando-o para o
retorno à vida em liberdade de maneira mais ajustada, conhecendo
ou aprimorando certos valores de interesse comum. É inegável,
ainda, sua influência positiva na manutenção da disciplina do
estabelecimento prisional.”

3.5. RESSOCIALIZAÇÃO DO CONDENADO NO SISTEMA PENAL

Primeiramente, para que se possa entender a idéia de ressocialização


do condenado, se faz necessário relembrar o primeiro capítulo, desta
monografia, onde foram definidas as finalidades da pena através da teoria
absoluta, relativa e mista. Nessa incidência da finalidade da pena é que se
pode entender o contexto da ressocialização do condenado.

A idéia de ressocialização comporta muitos entendimentos em nosso


ordenamento jurídico.

Dessa forma, para alguns doutrinadores, é impossível que ocorra a


readaptação do delinquente ao meio social, pois a prisão por si consiste em ato
de violência que retira do sujeito da liberdade, um de seus mais importantes
atributos da pessoa humana. E não se educa o homem com violência, da
mesma forma que não ensina a vida em liberdade retirando-se justamente a
liberdade da pessoa101.

100MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5ª ed. São Paulo: Saraiva 2007.

101DA SILVA, Haroldo Caetano. Ensaio Sobre a Pena de Prisão. Curitiba: Juruá, 2009.

66
Segundo Bittencourt102, a prisão não regenera, tampouco serve para
educar o homem. Pelo o contrario, aqui, como em outros países,avilta,
desmoraliza, denigre e embrutece o apenado.

Depreende-se dos argumentos expostos acima, que a prisão não atinge


a finalidade da reeducação do indivíduo, com o fato de ocorrer à restrição da
liberdade ou impondo o poder da violência sobre o condenado.

Cabe esclarecer que para estes doutrinadores a reintegração ao


convívio social encontra-se, hoje, em nosso ordenamento jurídico, longe de
acontecer. Justificam tal posicionamento na retirada da liberdade do indivíduo
de forma violenta.

Assim, partindo-se desse pressuposto de que a reeducação do indivíduo


no cárcere inexiste, não podemos esquecer a dupla finalidade da pena prevista
em nosso sistema penal cujo objetivo é punir, mas também ressocializar o
delinqüente, para que não ocasione a sua reincidência.

Nesse âmbito, pode-se mencionar que a prisão não deve ser vista
somente sob a ótica da punição do indivíduo, deve ser enfocada como uma via
que irá facilitar a reintegração do indivíduo ao meio social.

Sobre esta árdua questão da presença da ressocialização no cárcere


Molina103 ensina que:

“O modelo ressocializador propugna, portanto pela neutralização na


medida do possível, dos efeitos nocivos inerentes ao castigo por meio
de uma melhora substancial ao seu regime de cumprimento e de
execução e, sobretudo sugere uma intervenção positiva no
condenado que longe de estigmatizá-lo com uma marca indelével o
habilite para integrar-se e participar da sociedade de forma digna e
ativa, sem traumas, limitações ou condicionantes especiais.”

O indivíduo, quando é condenado, tem por sua vez restrita a sua


liberdade, nessa via passa a conviver com um mundo de novas regras e

102BITENCOUR, Roberto. Pena de Prisão Perpetua. Revista cej,n 11 ago 2000.disponível em


www.cjf.gov/revista/painel IIv-2htm acesso em 19 Nov 2007. apud. DA SILVA, Haroldo Caetano.
Ensaio Sobre a Pena de Prisão. Curitiba: Juruá, 2009.

103MOLINA, Antonio Garcia. Criminologia, p. 24. São Paulo: Revista dos Tribunais: 2008.

67
pessoas estranhas a sua realidade. Pode-se mencionar nessa estrutura que a
ocorrência da ressocialização irá depender do cenário vívido pelo sentenciado.

De um modo geral, o indivíduo possui hábitos e costumes que fazem


parte da vida normal de cada ser humano. No cenário do cárcere não podia ser
diferente. O indivíduo, ao se deparar com essa nova situação, poderá seguir o
propósito de se reintegrar novamente à sociedade ou entrar de vez para o
mundo do crime.

Neste sentido é que o trabalho e a educação, devem ser as principais


fontes para a reintegração do indivíduo à sociedade, pois com estes meios
estará ocorrendo à valorização e o respeito ao ser humano.

Comungando com este pensamento, Oswaldo Henrique 104:

“Não resta duvida de que o ensino escolar e a profissionalização são


indispensáveis a reinserção social do egresso, principalmente porque
são meios aptos a garantir seu sustento e o de sua família. Entretanto
em alguns casos é preciso que o condenado seja efetivamente
reeducado isto é que amadureça e se torne consciente de si próprio e
de suas responsabilidades, o que só pode ser atingido pelo o
processo de individualização. Com efeito, esse processo traduz toda
a caminhada do individuo em busca de tornar-se pessoa integrada
com seu momento histórico, com atitudes e pontos que traduzem o
potencial intrínseco do ser humano.”

Haroldo Silva105, com muita propriedade, registrou que a implementação


de atividades no ambiente das prisões voltadas para a assistência jurídica,
social e religiosa a educação e ao trabalho objetivam, pois, a garantia dos
inalienáveis direitos do preso e ao respeito à dignidade de pessoa humana.

Em suma, o Estado, com o objetivo de alcançar a ressocialização do


indivíduo deve respeitar os direitos fundamentais inerentes ao condenado.

O Brasil é um Estado Democrático e Social de Direito onde tem a função


principal de agir para solucionar conflitos existentes, aplicando desta forma, a

104DURK, Oswaldo Henrique. Fundamentos da Pena, p. 80. São Paulo: Juarez de Oliveira,
2000.

105DA SILVA, Haroldo Caetano. Ensaio Sobre a Pena de Prisão. Curitiba: Juruá, 2009.

68
punição, buscando uma solução justa, favorecendo o bem comum. Contudo
não basta apenas que o Estado postule sobre os direitos fundamentais, tendo o
mesmo que garantir a eficácia de tais direitos.

Portanto, o Estado deve programar políticas públicas nas penitenciárias


capazes de combater o ócio, proporcionando aos condenados uma estrutura
adequada para o cumprimento da pena. De modo que com esta estrutura
fornecida aos presos possa ocorrer de fato a ressocialização do indivíduo.

Portanto, tanto o Direito quanto o Estado, devem evoluir para fornecer


uma melhor aplicabilidade das normas em prol dos indivíduos que compõem a
sociedade.

69
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aplicação da pena sempre foi polêmica ao longo da história da


humanidade. Com o avanço da criminalidade, essa discussão tornou-se
constante em nosso ordenamento jurídico.

Atualmente, a pena privativa de liberdade deve ser cumprida em regime


progressivo, obedecendo aos regimes previstos no CPB, os quais são regime
fechado, semi aberto e aberto.

A restrição da pena privativa de liberdade, surge com a dupla finalidade;


a de punir o agente que cometeu o ato ilícito e reeducar o indivíduo. Em
decorrência disto, a privação da liberdade ocasiona diversos efeitos para o
condenado, podendo este se enquadrar em fatores positivos ou negativos.

70
Sabe-se que o sistema prisional no Brasil, é um tema que se
encontra em discussão em modo contínuo, pois se busca sempre a proteção
dos direitos fundamentais inerentes aos indivíduos que fazem parte da
população carcerária.

Como visto, o sistema penitenciário brasileiro encontra-se em crise,


onde se pode perceber a falta de estruturas nos presídios que ocasiona as
rebeliões e as revoltas dos presos.

No tocante à lei de execuções penais, esta surge com a finalidade


de respeitar os direitos e deveres dos condenados como também proporcionar
ao indivíduo o retorno ao meio social.

Contudo, mesmo tendo em evidência a proteção aos princípios


basilares da execução penal e o respeito à dignidade da pessoa humana, o
cárcere pode proporcionar ao sentenciado a quebra da sua identidade social e
moral, de modo que o não aproveitamento do apenado em atividades
laborativas acaba por propiciar ao condenado o vício da ociosidade.

Constatou-se que a presença do ócio nas penitenciarias, tem efeito


direto na ressocialização do indivíduo, pois o condenado que vive com a
ausência de estudo e do trabalho pode, ao sair do cárcere, adquirir o hábito
pelo ócio, podendo ocorrer a sua reincidência penal.

Diferentemente do preso que insere em seu cotidiano a presença de


atividades, que pode aprender novas técnicas de trabalho e até mesmo adquirir
uma nova profissão.

A sociedade, encontra-se em transformação constante, acarretando a


necessidade da implementação de políticas públicas no sistema penitenciário
capazes de ocasionar à reintegração do indivíduo a sociedade.

É necessário, ainda, que o tratamento penal seja pautado na


valorização do indivíduo e no respeito à integridade física e mental do
sentenciado. Nesta via, deve-se atribuir um ofício ao preso, assim como
também a transmissão de conhecimentos suficientes para a sua ressocilização.

71
Portanto, chega-se a conclusão de que o ócio instaurado nas
penitenciárias, de um modo geral, impede a ressocialização do condenado,
ocasionando a reincidência penal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA apud FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro:


Forense, 2004.

ALVINO apud DA SILVA, Haroldo Caetano. Ensaio Sobre a Pena de Prisão.


Curitiba: Juruá, 2009.
ARUS apud MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal. 11ª ed. São Paulo:
Atlas, 2004.

ASSALY apud MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5° edição. São


Paulo: Saraiva, 2007.

72
ASSIS, Rafael Damaceno. As Prisões e o Direito Penitenciário no Brasil.
Informações Adquiridas em: http:// jusvi.com/artigos/24913, data do acesso: 10
de agosto de 2009.

BENTHAM apud FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro:


Forense, 2004.

BETTIOL apud. FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro:


Forense, 2004.

BITENCOUR apud Haroldo Caetano. Ensaio Sobre a Pena de Prisão.


Curitiba: Juruá, 2009.

BITENCOURT apud GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 10° edição.


Rio de Janeiro: Impetus, 2008.

BITENCOURT apud DA SILVA, Haroldo Caetano. Ensaio Sobre a Pena de


Prisão. Curitiba: Juruá, 2009.

BOSCHI, José Antonio Pagamella. Lei de Execução Penal. São Paulo: Aidê,
1986.

CAPEL, Fábio Bergamin. Pseudo-evolução do Direito Penal. Jus Navigandi,


Teresina, ano 6, n. 55, mar. 2002. Disponível em:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2795. Acesso em 03
jun.2009.

CAPEZ, Fernando. Execução Penal. 9° edição. São Paulo: Damásio de Jesus,


2003.

CAPEZ, Fernando. Código Penal Comentado. 2° edição. Porto Alegre: Verbo


Jurídico, 2008.

CARVALHO FILHO, Luiz Francisco. Historia das Prisões. 1ª edição. São


Paulo: Publifolha, 2002.

COELHO, Daniel Vasconcelos. A Crise no Sistema Penitenciário Brasileiro.


Informações obtidas em: www.neofito.com.br. Acesso em 05 de out. 2009.

DA SILVA, Haroldo Caetano. Manual de Execuções Penal. Campinas:


Bookseller, 2001.

DA SILVA, Haroldo Caetano. Ensaio Sobre a Pena de Prisão. Curitiba: Juruá,


2009.

DURK, Oswaldo Henrique. Fundamentos da Pena. São Paulo: Juarez de


Oliveira, 2000.

73
FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro: Forense, 2004.

FIGUEIREDO apud MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução Penal. 11ª ed. São


Paulo: Atlas, 2004.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir Historia da Violência nas Prisões.São


Paulo: Vozes, 2001.

FOUCAULT apud. FERREIRA, Gilberto. Aplicação da Pena. Rio de Janeiro:


Forense, 2004.

GENRO, Tarso. Sistema Penitenciário Brasileiro. Agencia Brasil, Brasília,


ano 9, 21 maio de 2009. Informações obtidas em:
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/05/21/materia.2009-05-
21.6270232766/view.Acesso em 05 de out. 2009.

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 10° edição. Rio de Janeiro:


Impetus, 2008.

GRINOVER apud MARCÃO, Renato, Curso de Execução Penal. 5° ed. São


Paulo: Saraiva, 2007.

GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Jurídico. 6° edição. São Paulo:


Rideel, 2004.

GUZMAN apud MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução Penal. 11° edição. São


Paulo: Atlas, 2004.

HULSMAN apud DA SILVA, Haroldo Caetano. Ensaio Sobre a Pena de


Prisão. Curitiba: Juruá, 2009.
JULIÃO, Elionaldo Fernandes. Ociosidade dos Presos no Brasil.
Informações retiradas em:
http://achcavalcanti.blogspot.com/2009/09/ociosidade-dos-presos-no-
brasil.html. Acesso em 06 out. 2009.

LYRA. Roberto. Comentários do Código Penal, 2ª Ed., Rio de Janeiro:


Forense, 1955.

MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5° edição. São Paulo: Saraiva


2007.

MIOTTO apud MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução Penal. 11° edição. São


Paulo: Atlas, 2004.

MIRABETE, Julio Fabbrini.Execução Penal. 11ª edição. São Paulo: Atlas,


2004.
74
MIRABETE, Julio Fabbini. Manual de Direito Penal. Parte Geral. São Paulo:
Atlas, 2007.

MOLINA, Antonio Garcia. Criminologia. São Paulo: Revista dos Tribunais:


2008.

MORAES apud MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5° edição. São


Paulo: Saraiva 2007.

MUAKAD, Irene Batista. As Penas Privativas de Liberdade: funções e


execuções. Informações obtidas em: www.webartigos.com/articles/2459/1/as-
penas-privativas-de-liberdade-funcoes-e-execucao/pagina1.html. Acesso em 02
de out. 2009.

NOGUEIRA apud MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5° Ed. São


Paulo: Saraiva 2007.

NOGUEIRA, Danielle Chistine. Principio da Humanidade da Pena. LFG, São


Paulo, ano 8, dez. 2008. Informações adquiridas em: http:// www.lfg.com.br.
Data do acesso: 15 de jun. 2009.

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal.


4° edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 4° edição. São Paulo:


Revista dos Tribunais. 2008.

PIMENTEL apud. MIRABETE, Julio Fabbini. Manual de Direito Penal. Parte


Geral. São Paulo: Atlas, 2007.

PIMENTEL apud. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 10° edição. Rio
de Janeiro: Impetus, 2008.

PIMENTEL apud MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. 5° edição.


São Paulo: Saraiva 2007.

PORTUGUES, Manoel Rodrigues. Educação de Adultos Presos. Informações


obtidas em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
97022001000200011. Acesso em: 10 ago. 2009.

ZAFFARONI, Eugênio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito


Penal Brasileiro. Parte Geral. 7° edição. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2007.

75
76

Você também pode gostar