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História Japonesa

O Palco da História: O Japão é um arquipélago formado por quatro ilhas principais:


Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kyushu e mais de três mil ilhas menores. Estende-se a Terra do Sol
Nascente de norte a sul, no Extremo Oriente, ao longo da costa do continente asiático, no
hemisfério setentrional. O arquipélago está separado do continente por um braço de mar, que tem a
denominação do mesmo país, e o lado oposto acha-se banhado pelo maior oceano do mundo: o
Pacifico. Esta separação colocou barreiras em torno do país, mantendo o Japão isolado, por muitos
séculos, da influência total dos povos e das culturas do continente. Pode-se dizer, portanto, que o
mar e o oceano participaram também na formação étnica e cultural do atual povo nipônico, pois
foram eles que o conservaram até os fins do século XIX, sem que nenhum povo viesse violar a sua
formação todo especial. Além disso, o mar e o oceano contribuíram decisivamente na alimentação
dos habitantes do arquipélago, suprindo-os, até hoje, com os seus produtos. Deve-se também
àquelas barreiras marítimas o desenvolvimento atual da construção naval, em que o Japão é a
primeira potência do mundo. O território nipônico mede, aproximadamente, 370 mil quilômetros
quadrados de superfície, porém apenas um quinto desse total é plano. Uma série de cordilheiras
estende-se de norte a sul, ao longo do território estreito, como uma espinha dorsal. Essas
cordilheiras consistem nos 250 montes com mais de 2.000 metros de altura, sendo o seu ponto
culminante o famoso Monte Fuji, que mede 3.776 metros. Tais acidentes geográficos são devidos
ao fato de ser o Japão um país vulcânico; existem 192 vulcões, 58 dos quais em atividade. Diante
desse fato, os japoneses tiveram de enfrentar o problema populacional, visto que a área cultivável é
muito limitada para a produção de víveres. Este aspecto acidentado do território pode oferecer
algumas vantagens aos habitantes, mas lhes causa constantemente danos e ameaças. Além de ser
acidentado, o território nipônico é também estreito. Por isso, seus rios, que são numerosos,
apresentam um percurso curto e de correnteza rápida. Contribuiu ele bastante no cultivo do arroz.
No entanto, por outro lado, causam periodicamente, inundações catastróficas, tragando vidas,
arrasando viveres e, muitas vezes, espalhando epidemias. Entretanto, nos dias de hoje, os rios
vieram oferecer aos japoneses uma fonte inestimável de riqueza: a energia elétrica. Em 1963,
contavam-se 1554 usinas hidroelétricas, que participavam no progresso do parque industrial
nipônico. O clima do Japão é ameno, sendo as quatro estações bem distintas. A primavera é o
descortinar das maravilhas da natureza: o desabrochar das flores, entre as quais a cerejeira, símbolo
da nação, o verde mimoso a brotar nos ramos despidos das árvores. O verão, quente e úmido,
começam após uma temporada de chuvas contínuas, em meados de junho. O outono é a estação
mais agradável; os céus límpidos, de um azul mais profundo, e as matas, após as primeiras geadas,
cobrem-se com o colorido vivo das folhagens, que estão destinadas a cair ao entrar o inverno. O
inverno, rigorosíssimo ao norte do território, é acompanhado de nevascas violentas; porém, nas
regiões sulinas, é mais suave e, muitas vezes, agradável, com os dias de sol a brilhar. As condições
climáticas são, em parte, favoráveis, mas, por outro lado, o povo vem sofrendo periodicamente os
castigos do sol abrasador, das chuvas excessivas, dos rígidos invernos, dos impiedosos tufões e de
outros fenômenos da natureza, que deixam a marca de suas garras sobre o País do Sol Nascente.
Todavia, essas condições climáticas não deixaram de oferecer também as suas vantagens: as
transformações das paisagens pitorescas, de acordo com a mudança das estações. Esta beleza
natural criou, no íntimo dos japoneses, a admiração, o amor, o bom gosto e a inspiração para com a
arte em geral. Estas condições geográficas criaram, naturalmente, no povo nipônico, um caráter
inteiramente especial.
Tempos Primordiais (100.00 D.C a 350 D.C)
Aspecto Geral: A evolução do homem pode ser dividida em quatro épocas, conforme os
instrumentos por ele usados:

     1. Idade da Pedra Lascada;

     2. Idade da Pedra Polida;

     3. Idade do Bronze;

     4. Idade do Ferro.

     O arquipélago nipônico, segundo os estudiosos, passou a ser habitado pelo homem após o inicio
da Idade da Pedra Polida. Naquela época, os primitivos habitantes viviam da caça, pesca, frutos e
plantas agrestes. A formação da sociedade era simples, pois não havia ricos e nem pobres; todos
trabalhavam juntos para poderem sobreviver. Os agrupamentos de famílias formavam pequenas
aldeias que se transferiam constantemente de um lugar para outro, em busca de melhores condições
alimentares. Procuravam as praias e as proximidades dos rios, onde construíam choupanas de sapé.
Usavam machados, lanças e pontas de flecha fabricada de sílex, agulhas de osso, recipientes de
barro, etc. Esta civilização rudimentar criada pelos primitivos é conhecida hoje como a “Civilização
Jômon-shiki”, que durou milhares de anos, sem apresentar progresso algum. Após longo tempo de
estagnação, muitas levas de imigrantes procedentes do Pacifico sul e do continente asiático
desembarcaram no Japão, trazendo consigo instrumentos metálicos e o cultivo do arroz. Com isso, o
nível de vida no arquipélago elevou-se rapidamente. Iniciou-se a produção de víveres, através da
transformação do sistema social primitivo em sociedade agrícola. Com a produção dos gêneros
alimentícios e o armazenamento de bens de consumo, pouco a pouco surgiu à diferenciação entre
ricos e pobres, como também, surgiram automaticamente, as classes sociais: a dominante e a
dominada. Esse foi o começo da formação de pequenos países em várias regiões do território.

Formação do Arquipélago Nipônico: Considera-se que, em tempos remotíssimos, o Japão


era ligado geologicamente ao continente asiático. O atual Mar do Japão, segundo alguns geólogos,
era um lago e o clima do território, bem quente. Chovia em abundância e havia densas florestas
habitadas por rinocerontes, elefantes, tigres e muitos outros animais tropicais, de tamanho maior
que os exemplares da fauna atual. No tempo da convulsão telúrica, o continente asiático também
sofreu uma grande transformação; uma enorme parte da terra afundou-se e o lago ali existente
tornou-se o mar que hoje separa o território nipônico do continente asiático. Com a chegada, da era
glacial, o Japão foi também coberto por grossas camadas de galo. Tempos depois, surgiram vulcões
em constantes explosões acompanhadas de chuvas torrenciais, o que, aos poucos, provocou o
desaparecimento dos animais gigantescos. Em seu lugar, mais tarde, apareceu o homem. Estes fatos
se passaram há milhares e milhares de anos, sendo, portanto, impossível determinar com exatidão a
seqüência dos acontecimentos, mas, dia a dia os estudos geológicos e arqueológicos estão
esclarecendo muitos aspectos daquele passado remoto.

A Origem dos Japoneses: Alguns antropólogos afirmam que o Japão foi habitado pela
primeira vez há 10.000 anos; outros supõem que o fenômeno seja mais recentes. Em 1949, um
jovem mascate, ao dirigir-se à província de Gunma, descobriu uma pequena lasca de pedra prata
(obsidiana) sobre uma rampa de terra vermelha: era uma ponta de lança. Como a camada de terra
vermelha era constituída de cinza vulcânica acumulada no período neolítico (Idade da Pedra
Polida), ficou esclarecido que nos tempos em que os vulcões se achavam em plena atividade o
Japão já era habitado pelo homem. Entretanto, ignora-se ainda a origem certa dos primeiros
moradores do arquipélago. Várias são as opiniões. Alguns dizem que os primeiros habitantes
vieram do continente sul-asiático, no decorrer de longos anos, carregados pelas correntes marítimas.
A seguir, outras levas de imigrantes, vindas do norte, alcançaram o arquipélago através da península
coreana. Estes últimos, segundo afirmam alguns especialistas no assunto, eram muito mais
inteligentes e audazes que os primeiros. Assim, com o encontro de dois ou mais grupos diferentes,
iniciou-se o cruzamento étnico de que resultou a determinação do povo tipicamente japonês.

A Civilização Jômon-shiki:  Podemos conhecer a vida dos primitivos moradores do Japão,


por intermédio dos vestígios descobertos pelos arqueólogos. Os habitantes do arquipélago, há 6.000
anos aproximadamente, construíam suas toscas habitações cavando o solo em forma de um poço
raso, circular ou oval, e colocavam um esteio roliço no centro para suspender a armação do teto que
era coberto de sapé. Os homens procuravam víveres e fabricavam instrumentos de sílex, enquanto
as mulheres se ocupavam em preparar a comida e em fabricar recipientes e bonecos de barro. Como
viviam a mercê da natureza, muitas vazes o alimento lhes faltava, motivo pelo qual sofriam de
desnutrição e não raro morriam de fome. Era árdua a luta pela vida. Esses primitivos eram
individualistas, pois moravam separados, sem formar vilas e nem aldeias. Eram animistas,
acreditavam na existência de alma nos rios, nas árvores, nas pedras e em todos os seres da natureza.
Para acalmar a ira dessas almas, segundo alguns arqueólogos, fabricavam bonecos de barro e
ofereciam a elas como sacrifício.Foram eles que determinaram a primeira civilização japonesa,
denominada Jômon-shiki. Em escavações feitas em vários locais do país, encontraram-se os
trabalho, de barro que deram origem à designação: “Civilização Jômon-shiki”. Naqueles trabalhos
(vasos, potes, tigelas, etc.), notam-se ornamentações que eram feitas através de uma leve pressão de
corda na parte externa. Os recipientes são frágeis, mas apresentam traços rígidos e ásperos.

A Primeira Nação mais Poderosa:  A história do Japão, até o começo da Civilização Yayoi-
shiki, é esclarecia, somente através de estudos efetuado nas ruínas e vestígios pelos arqueólogos. No
início da Era Cristã, entretanto, o Japão começou a ser citado em anais históricos da China, com o
nome de “Wa”. Em um dos documentos do primeiro Império da dinastia Han, encontra-se
registrado que a Terra do Sol Nascente se achava dividida
em mais de cem países pequenos; o registro do segundo
Império da mesma dinastia, cita que um país nipônico,
chamado Na, enviava, constantemente, emissários para
prestar homenagem ao Soberano do Continente Celeste.
Porém, no início do século II, o nome do Japão desapareceu
para vir reaparecer no século seguinte. Há 1.700 anos,
imperava na China a dinastia Wei. Nos anais históricos
daquele país, encontra-se um capítulo referente à situação
política e aos costumes do Japão tais como haviam sido descritos por alguns diplomatas chineses
que visitaram a Terra do Sol Nascente.  O arquipélago nipônico, naquela época era dividido em
mais de 30 nações. Cada nação tinha o seu próprio, rei. A mais poderosa delas era a de Yamadai,
governada por uma rainha, chamada Himiko, que morava em um palácio, cercada por mil criadas e
protegida por soldado. Fortemente armados. Em 239 d.C., Himiko enviou um grupo de emissários à
capital de Wei e, no ano seguinte, foi agraciada pelo Imperador Ming com um selo de ouro, no qual
estava gravado o titulo honorário de “Rainha do Japão”, Simpatizante de Wei. Em sinal de gratidão,
outros representantes voltaram a Wei, para oferecer escravos e tributos ao soberano chinês.
Yamadai foi, portanto, a nação japonesa mais importante daqueles tempos. Porém, apesar das
referências dos documentos. De Wei, os estudiosos do assunto ainda não conseguiram determinar
onde se localizava aquele país.
Mito Sobre a Criação do Japão: Diz um mito do Kojiki, o mais antigo livro do Japão, que no
princípio do mundo o céu e a terra se separaram e, entre eles, surgiu Takama-no Hara, ou a “Terra
dos Deuses”. Ali, nasceram numerosas divindades que passaram a habitar o território sagrado. A
terra ainda não estava solidificada; mas parecia um pantanal de lodo, onde cresceram os caniços. Do
meio daqueles caniços também nasceram outros deuses e, entre eles, o casal Izanagui e Izanami,
criadores do arquipélago nipônico. Certa vez, Amatsugami (Deus do Céu) deu a Izanagui uma arma
enfeitada e confiou-lhe a tarefa de criar o Japão. Então, Izanagui e a esposa dirigiram-se para a
“Ponte do Céu” e no meio dela pararam para observar a terra viscosa lá em baixo. Logo, o jovem
marido esticou o braço e enfiou sua arma sagrada dentro da lama, remexendo-a. Quando a retirou,
caíram algumas gotas de lama da ponta, que logo se cristalizaram em sal, e por sua vez
transformaram-se em usa ilha. Vendo a ilha que acabaram de criar, Izanagui e a esposa
atravessaram a “Ponte do Céu” e desceram para lá, onde fizeram um acordo entre si para criar novas
ilhas e assim, deram origem ao arquipélago japonês.

Amaterassu Omikami, a "Deusa do Sol”: Amaterassu Omikami é considerada a mais


importante entre todos os deuses da mitologia japonesa porque, além de ser a “Deusa do Sol”, é
também a “Progenitora da Família Imperial do Japão”. A “Deusa do Sol nasceu do olho esquerdo
de Izanagui, o criador do arquipélago nipônico, e reinou sobre Takama-no Hara, a Terra dos
Deuses. Tinha ela um irmão perverso, Sussano-o, que ganhara do pai o reino dos mares. Mas,
Sussano-o estava insatisfeito com esse reino e vivia a cobiçar o da irmã.Um dia, com a desculpa de
visitar a irmã, Sussano-o foi a Takama-no Hara onde, alguns dias depois, começou a tomar atitudes
grosseiras, para se desabafar de suas frustrações. Naquela ocasião, Amaterassu Omikami,
acompanhada de muitas donzelas, tecia uma linda fazenda para oferecer à Divindade Suprema.
Sussano-o planejou fazer urna surpresa desagradável à irmã. Correu ao campo, trouxe um cavalo
malhado e matou-o. Em seguida, tirou o couro do animal e atirou o cadáver no interior da cabana
onde a irmã trabalhava. Não podendo suportar a maldade do irmão, Amaterassu Omikami correu
par; a “Caverna do Céu” e fechou-se lá dentro. Subitamente, o céu e a terra mergulharam numa
densa escuridão. Apavorados com o acontecimento, os deuses procuraram acender uma fogueira
para quebrar aquela treva. O pânico ia se intensificando, pois imaginavam que houvesse chegado o
fim do mundo.Os líderes dos deuses se reuniram para procurar uma solução. Foi quando Omoikane,
o Deus da Sabedoria, apresentou uma idéia que foi logo posta em ação. Todos os deuses se
ajuntaram em frente à “Caverna do Céu”, onde fizeram uma enorme fogueira e começaram a cantar
e a dançar ruidosamente. A certa altura, Ame-no Uzume, a deusa cômica, subiu em cima de uma
dorna e começou a dançar em gestos provocantes, ora balançando os seios, ora batendo o ventre
como se fosse um tamborim. Todos aplaudiram e soltaram gargalhadas. Amaterassu Omikami,
ouvindo as vozes alegres de seu povo, ficou indignada, pois sua ausência devia causar tristeza e não
alegria dentro do território sagrado. Então, abrindo um vão na porta de rochedo, perguntou a Ame-
no Uzume o que estava se passando fora da caverna. Esta, conforme o plano, respondeu-lhe que os
deuses havia escolhido uma outra deusa para substitui-la no reino de Takama-no Hara, e que
estavam festejando o acontecimento. Curiosa para ver quem tomara seu trono, Amaterassu
Omikami abriu um pouco mais a porta e foi então que aproveitando-se da oportunidade os deuses
aproximaram à abertura um arbusto no qual haviam perdurado um lindo colar e um espelho de
bronze, enquanto os outros faziam os galos cantarem o alvorecer. A “Deusa do Sol” ficou encantada
quando viu o seu próprio semblante no espelho; nesse mesmo momento, Tajikarao, o deus hérculeo,
abriu a porta de rocha e a luz voltou a iluminar o céu e a terra. (mito do Kojiki).

Sussano-o, o Deus Renegado: Sussano-o, o irmão da “Deusa do Sol”, também é um dos


deuses mais importantes da mitologia japonesa, porque seus descendentes muito contribuíram para
o desenvolvimento do país e colaboraram para a formação do Império nipônico.Sussano-o foi preso
pelos atos que cometera na “Terra dos Deuses”; para castigá-lo, arrancaram-lhe as unhas e
expulsaram-no para o abandonado território criado por seu pai.  Solitário e triste, o rebelde deus
embrenhou-se na densa floresta onde fora desterrado.
Caminhou por longo tempo e chegou às margens de um
rio, onde se sentou para descansar. Nisto, avistou um
pedacinho de madeira trabalhada, que vinha sendo
carregada pela correnteza. Era um “hashi”, pauzinhos
usados para comer arroz, que indicava a existência de
moradores nas proximidades. Contente com a
descoberta, o jovem seguiu rio acima e, depois de ter
andado algumas léguas, encontrou um casal de velhos e
uma jovem que estavam chorando.Sussano-o perguntou
por que choravam e o velho contou o que se passava. O
casal criara oito filhas, mas sete delas tinham sido devoradas por uma serpente monstruosa que
aparecia todos os anos para devorar uma delas. Restava agora somente a caçula, que também ia ser
devorada dentro de alguns dias. O réptil, segundo a descrição do velho, tinha oito cabeças e oito
caudas num só corpo, e seu comprimento ia além de oito montanhas: seu nome era Yamata-no
Orochi. Compadecendo-se da sorte do velho casal e da linda moça, o destemido deus decidiu ajudá-
los. Com a permissão do velho, Sussano-o fez uso de suas forças mágicas e transformou a moça em
um pente, que enfiou entre seus cabelos, a fim de protegê-la. Em seguida, mandou preparar oito
domas de “sake” com teor fortíssimo de álcool e colocou-as na direção em que a serpente
costumava aparecer. O monstro não demorou a surgir; aproximando-se das domas, atraído pelo
cheiro forte, logo enfiou cada uma de suas cabeças em cada vasilhame e tomou toda a bebida.
Imediatamente o álcool fez efeito; o réptil diabólico caiu embriagado, ficando inerte. Aproveitando-
se da ocasião, Sussano-o avançou de espada em punho e começou a esquartejá-lo. Rios de sangue
jorravam do corpo do monstro. Ao cortar a ponta de uma das caudas, o deus vitorioso encontrou
uma belíssima espada, que passou a ser chamada “Ame-no Murakumo-no Tsurugui”. Esta espada,
conforme diz uma das lendas do Kojiki, passou a pertencer à Família Imperial do Japão, como uma
das relíquias divinas. (mito do Kojiki).

Período de Yamato (350 a 710)


Aspecto Geral: Até o século III, aproximadamente, o Japão se achava dividido em numerosos
países. Destacou-se, entre eles, o de Yamato, que no século IV acabou conquistando quase todo o
território do arquipélago. Yamato superou as outras nações porque possuía instrumentos de ferro,
enquanto as demais ainda estavam na fase da pedra e do bronze. As suas terras planas e férteis, e
sua localização topográfica, que impedia a entrada de invasores, contribuíram também para o seu
progresso. Havia também, naquela época, outras nações fortes que, aos poucos, foram dominadas.
Muitas lendas japonesas contam as façanhas dessas grandes conquistas, nas quais surgem o
primeiro Imperador, Jinmu, e o Yamato Takeru, o maior herói da antiguidade. O governo de
Yamato adotou o sistema de clã para administrar o país. Clãs eram grupos de famílias
consangüíneas que formavam a classe dominante. Cada clã tinha um chefe que representava seu
grupo na Corte Imperial, recebendo do Imperador um sobrenome equivalente a um título e um
cargo ministerial que era transmitido de pai para filho. O Império Yamato, com esse sistema
político-social estabeleceu a sua força até a península coreana, de onde importou numerosos
elementos culturais, como o ideograma chinês, o Confucionismo, o Budismo e as técnicas de
artesanato. No fim do IV século, o sistema de clã começou a causar conflitos políticos e sociais. Foi
nessa ocasião que o Príncipe Shotoku tornou-se regente da Imperatriz Shiko, e decidiu abolir esse
regime. Estabeleceu, ele 12 categorias de graduação para classificar os méritos e, como base moral
dos políticos, decretou um regulamento, conseguindo assim reformar a administração do país. Meio
século depois, surgiu o clã dos Sogas, o mais poderoso, e novos problemas vieram a ameaçar o
trono imperial. Todavia, Nakano-oe, o Príncipe herdeiro, e Nakatomi-no Kamatari, seu
companheiro, acabaram por aniquilar os Sogas e fizeram a Reforma de Taika. Desde essa época, o
Japão passou a ser governado por uma constituição que determinava a coexistência de dois poderes:
o executivo e o legislativo.

Formação do Império Yamato: A unificação dos pequenos países em um grande império se


deve aos esforços dos antepassados do atual Imperador. O Império Yamato, como se chamou
primeiramente, foi governado pelo soberano Jinmu, que nasceu em Kyushu, de onde se transferiu
para a ilha Honshu, para estabelecer o seu domínio. Para realizar tamanha conquista, o próprio
Imperador teve que enfrentar muitas batalhas, O lendário herói Yamato Takeru, citado também nos
antigos documentos, prestou memoráveis serviço, a Corte para expandir o seu território. O vale de
Nara, onde se achava estabelecido o Império Yamato, era favorecido pela existência de vias fluviais
e pelo seu clima agradável. A terra era fértil e a produção, abundante. Ali o povo do Jinmu
aumentou seu poder econômico e militar, motivo que levou a conquistar aos poucos o território
principal. Após dominar todos os pequenos estados, tornou-se necessário estabelecer-se um
eficiente sistema administrativo. Então, reunindo-se os homens mais poderosos de todas as regiões,
foi formada a corte de Yamato, com o poder absoluto nas mãos do Imperador, que a lenda diz ter
sido o soberano Jinmu, cuja existência, porém, não pode ser provada como fato histórico.

Expansão Territorial do Império Yamato: Depois de conquistar a maioria do território


nipônico, o Império Yamato procurou expandir-se no além mar, invadindo a península coreana. Na
Coréia, em fins do século IV d.C., havia três reinados, com os quais Yamato entrou em
entendimentos diplomático para tomar posse de Mimana, pequeno estado do sul da península, que
ocupou entre 391 a 562. Através dessa base avançada, os japoneses procuraram importar as novas
culturas do continente, a fim de melhorar as condições de vida do arquipélago. Muitos técnicos
coreanos vieram para a “Terra das Cerejeiras”. Yamato acolheu fraternalmente esses homens,
naturalizando-os e dando-lhes privilégios. Eles muito contribuíram para o desenvolvimento da
agricultura, da tecelagem e das manufaturas em geral. Além desses técnicos, muitos intelectuais
também vieram beneficiar a política e a sociedade japonesa.

A Cultura do Período de Yamato: Em várias regiões do Japão encontram-se sepulturas da


antiguidade. São túmulos de pessoas nobres, como as pirâmides do Egito. Antes da formação do
Império Yamato não havia separação das classes sociais. Por isso, todos trabalhavam unidos é os
mortos também eram sepultados em igualdade. As classes sociais começaram a surgir após o
estabelecimento do Império e o seu desenvolvimento. A partir dessa época, os homens foram
divididos em duas categorias: a dominante e a subordinada. Essa discriminação passou também,
automaticamente, ao culto dos mortos; os que viviam sob o jugo eram esquecidos para sempre
depois de enterrados; mesmo após a morte, os nobres eram lembrados através de túmulos
monumentais, onde se oficiavam rituais fúnebres. Desta data em diante, quanto mais nobre e
poderoso era o falecido, maior o túmulo onde era sepultado com seus objetos de uso quotidiano.
Esse costume durou até o século VI, quando foi substituído pelo da cremação, de origem budista.
Na província de Osaka, encontra-se o maior entre os muitos túmulos descobertos até hoje: o do
Imperador Nintoku, que foi construído no 3º século da era cristã. É um amontoado de terra, que
forma uma colina artificial, cercado por três canais de largura considerável. O sepulcro é
monumental, pois mede 30 metros de altura e ocupa uma área de 150 mil metros quadrados.
Segundo o cálculo dos especialistas, 1.000 homens trabalhando diariamente levariam quatro anos
para construí-lo.
Introdução do Budismo: O Budismo doutrina pregada na Índia por Gothama Shakyamuni,
chegou ao Japão através da China e da península coreana. A introdução oficial do Budismo no
Japão data de 538 d.C., quando o rei San Ming, de Pêkché, pequena nação peninsular, enviou uma
estátua de Buda e algumas “Sutras” (escrita sagrada do Budismo) ao imperador nipônico, como
sinal de confraternização. Entretanto, já antes disso, o Budismo havia se infiltrado através dos
imigrantes coreanos, que o praticavam regularmente. Mas o ato
de boa vontade do soberano de Pêkché veio provocar
conflitos entre os ministros do Império, pois o Japão possuía já
sua religião desde os tempos remotos: o Shintoismo. Embora este
fosse politeísta, isto é, acreditasse na existência de
numerosos deuses, muitos não queriam trocá-la pela religião
budista. Contudo, um outro grupo, de mentalidade mais
avançada, queria adotar a religião procedente da Índia por achá-
la mais moderna. Esta foi à origem do choque entre os clãs
Soga e Mononobe. Enquanto os Soga eram a favor da
aceitação da nova doutrina, os Mononobe se opunham a isso, o
que foi causa de sangrentas lutas entre ambos. Dentro dessa
confusão, os “sutras” foram destruídos e a imagem de Buda atirada dentro de um rio. Enquanto esse
conflito se desenrolava, na corte a família imperial e seus afilhados também discutiam o caso e,
finalmente, chegaram à decisão unânime de aceitar o Budismo, que foi considerado uma doutrina
benéfica à evolução, sendo superior ao Shintoismo em todos os pontos. Essa decisão imperial e a
vitória dos Sogas contribuíram para a implantação do Budismo, religião de Shakyamuni, no “País
do Sol Nascente”.

O Príncipe Shotoku: O Príncipe Shotoku é considerado um dos


maiores vultos políticos da história japonesa, pois, além de ser um
estadista revolucionário, foi também um homem amante da cultura e da
filosofia budista.  Era filho do 31º soberano nipônico, e tomou-se
regente no governo de sua tia, a Imperatriz Suiko, nos fins do século VI.
Sua atuação política foi o fator determinante do destino do Império
nipônico. Até essa época, a corte de Yamato vinha adotando o sistema de
clã para administrar o país. Porém, com o decorrer do tempo, haviam
surgido obstáculos dentro da política nacional, causando conflitos e
choques. A decadência administrativa impedia o progresso da nação e,
naturalmente, a tenção política havia chegado a ponto de explodir. Foi
quando surgiu o Príncipe regente. A primeira providência do Príncipe, ao
tomar posse do cargo, foi abolir o sistema de clã, que transmitia
cargos oficiais hereditariamente e no lugar deste, adotou um outro regime estabelecendo 12
categorias de graduação oficial, distribuindo-as conforme os méritos e a capacidade de cada
indivíduo realmente merecedor, sem nenhuma discriminação familiar. Na segunda fase, Shotoku
elaborou uma constituição a fim de determinar o princípio moral na política e na vida social. A
Constituição baseava-se no Confucionismo e no Budismo, cujo fundo moral se resume em: união,
harmonia, justiça e dedicação absoluta ao Imperador. Além da administração interna, o Príncipe não
se esqueceu também da política externa. Enviou grupos de emissários à corte chinesa, a fim de
estreitar laços de amizade e de lá importar novos elementos culturais. Foi naquela ocasião que
muitos monges e intelectuais levaram ao Império Yamato a técnica de fabricação de papéis e tintas,
contribuindo para a alfabetização do país. O Príncipe Shotoku não foi apenas estadista genial. Foi
também amante da cultura e profundo seguidor do Budismo. Mandou construir vários templos,
entre eles o Horyu-ji, que é considerado o mais antigo do Japão, datando de 607. Graças ao talento e
ao esforço do Príncipe, o desenvolvimento da política e da cultura japonesa tiveram grande impulso.
A Reforma de Taika: Com a morte do Príncipe Shotoku, o poder do clã Soga elevou-se
rapidamente, chegando a ameaçar até o trono imperial. Notando esse perigo, o Príncipe herdeiro
Nakano-oe planejou um golpe contra aquele clã, no qual tomaram parte Nakatomi-no Kamatari e
mais alguns fiéis companheiros, que conseguiram eliminar o chefe dos Soga, quando este apareceu
à corte. Com a morte do seu líder, o clã poderoso dissolveu-se rapidamente. Para evitar que
novamente algum outro clã ameaçasse o poder imperial, o Príncipe retirou dos clãs o direito de
posse de qualquer propriedade e de gente, reservando-o, com exclusividade, ao Imperador. Este fato
se passou em 645 e é conhecido como a Reforma de Taika. Com o novo regime, as terras e o povo
passaram a pertencer ao Imperador. Este, por sua vez, distribuía para cada súdito, as terras antes
pertencentes aos clãs. O território nacional foi dividido em várias circunscrições, comarcas e vilas.
Foi também promulgada uma legislação tributária.

A Lenda do Primeiro Imperador: Amaterassu-Omikami, lá da “Terra dos Deuses”, gostava


de admirar a terra de Mizuho, que mais tarde seria conhecida como Japão. Certo dia, Amaterassu-
Omikami resolveu enviar o seu primogênito para administrar aquela terra querida. Este, porém,
aconselhou a mãe que nomeasse seu próprio filho Ninigui, mais capacitado para exercer tal missão.
Concordando com a sugestão do primogênito, a “Deusa do Sol” chamou o neto, e lhe deu a seguinte
ordem: - “Mizuho” é a terra que deve ser governada pelos nossos descendentes. Ide, pois, e
governai. Procurai prosperar e fazei dela a terra da felicidade porque, enquanto o céu e a terra
existirem, Mizuho há de progredir. Ninigui, acompanhado por um grupo de guerreiros, atravessou
a “Ponte do Céu” e desceu sobre o pico do monte Takachiho, na ilha de Kyushu. Ali estabeleceu o
seu domínio, casou-se com urna encantadora princesa da região, que, com o decorrer do tempo, teve
três filhos. Na segunda geração da linhagem principal da família de Nuagui, nasceram quatro
rapazes. Dois deles, desde cedo, saíram para percorrer o mundo, enquanto Itsusse, o primogênito e
Waka-mikenu, o caçula planejava, a conquista de um novo território com melhores condições. Após
cuidadosos preparativos, os dois irmãos atravessaram o braço de mar Sedo e, com suas tropas,
penetraram na zona central da ilha Honshu, onde travaram lutas com os nativos. Num desses
combates, Itsusse foi morto, atingido por uma flecha inimiga. A partir daí o caçula tomou a
liderança. Em certa ocasião, segundo a lenda, quando a peleja estava completamente desfavorável a
Waka-mikenu, houve um milagre: como um raio de luz, uma águia desceu das alturas e pousou
sobre o arco do bravo comandante. O raio de luz, emanado da ave milagrosa, cegou a visão do
exército inimigo que vinha avançando vitoriosamente e que foi finalmente derrotado. Por isso, a
imagem da “Águia Sagrada” foi muito usada para representar a Nação, assim como o crisântemo
simboliza a família imperial. Após longo período de batalhas, Waka-mikenu conquistou todo o
território de Yamato. Ergueu o palácio de Kashihara, e aí subiu ao trono como Imperador do Japão,
assumindo o nome de JINMU. (Mito do Kojiki).

Yamato Takeru, o Príncipe Herói:


http://angelopapim.sites.uol.com.br/quadro_palcodahistoria.htm

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