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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS
LET E42 – OFICINA DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS – II
PROF. DR. JEFFERSON F. VOSS DOS SANTOS
OS DESAFIOS DAS POLÍTICAS AFIRMATIVAS ETNORRACIAIS FRENTE AO
COLORISMO BRASILEIRO.

Najib Ribeiro da Silva Júnior

O colorismo, é uma termologia criada na década de oitenta pela


escritora e ativista Alice Walker, trazendo uma análise a respeito da quantidade
de privilégios ligados a uma pessoa afrodescendente em relação a tonalidade de
pele ser mais clara em comparação ao preto retinto.
No Brasil, um dos países mais miscigenados do planeta, a raça é uma
construção social com padrões diferenciados por conta, em sua maior parte, de
sua história escravocrata. A mistura de povos trouxe uma diversidade étnica
bastante vasta e, por isso, em relação a miscigenação, o que chamamos de
“branco” aqui não seria chamado em outros lugares do mundo. Porém discutir
sobre a questão racial no Brasil já é uma questão mais que urgente.
Por se parecer mais com o caucasiano (em relação a caraterísticas
fenotípicas: lábios finos, nariz reto, cabelos mais lisos), principalmente no Brasil
que é tão carente de características precisas do que é ou não é ser enquadrado
de determinado padrão étnico, o negro de pele mais clara frequentemente passa
por um processo de deslocamento desde o nascimento.
Tal deslocamento traz uma problemática: negros de pele mais clara são
mais ou menos merecedoras de políticas publicas raciais? Qual o padrão
fenotípico que deve ser padronizado para viabilizar acesso a tais políticas?
Quem deve definir tais aspectos?
É um período para uma análise mais detalhada sobre a construção
social da raça e suas nuances, no sentido de evitar a possibilidade de abuso em
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questão de uso deturpado como prática recorrente (exemplo na questão das


fraudes nas cotas raciais) e também trazer visibilidade para visões que
menosprezam e invisibilizam identidades indígenas (o Brasil cujos primeiros e
verdadeiros proprietários são os povos indígenas, parecem só existir pretos ou
brancos!)
Pessoas miscigenadas e que se definem negras, pardas não criaram a
perspectiva chamada branqueamento. Mas tem o poder de combater em
respeito a si mesmo e seus semelhantes e a ancestralidade com a qual dizem se
identificar. Assim, a liberdade de autodeclaração deve ser mantida, pois não há
autoridade legal que possa definir o conceito individual étnica com o qual o
indivíduo se identifica tratando-se somente de uma questão pessoal.

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